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BULA DE PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU ORDINÁRIO DE 2025 + Perguntas

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Trechos da

BULA DE PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU ORDINÁRIO DE 2025


Spes non confundit

1. «Spes non confundit – a esperança não engana» (Rm 5, 5). Sob o sinal da
esperança, o apóstolo Paulo infunde coragem à comunidade cristã de Roma. A
esperança é também a mensagem central do próximo Jubileu, que, segundo uma
antiga tradição, o Papa proclama de vinte e cinco em vinte e cinco anos. Penso
em todos os peregrinos de esperança, que chegarão a Roma para viver o Ano
Santo e em quantos, não podendo vir à Cidade dos apóstolos Pedro e Paulo, vão
celebrá-lo nas Igrejas particulares. Possa ser, para todos, um momento de
encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, «porta» de salvação (cf. Jo 10, 7.9);
com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a
todos, como sendo a «nossa esperança» (1 Tm 1, 1).
(...)

3. Com efeito, a esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do


Coração de Jesus trespassado na cruz: «Se de facto, quando éramos inimigos de
Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais
razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida» (Rm 5, 10). E a
sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo,
desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela
esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo.

Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja,


que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha
que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida. Com efeito a esperança
cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e
ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino: «Quem poderá separar-nos
do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o
perigo, a espada? (…) Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças
Àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os
anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades,
nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» ( Rm 8, 35.37-39). Por
isso mesmo esta esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é
alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida. A propósito escreve
Santo Agostinho: «Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três
propensões da alma: crer, esperar, amar». [1]

(...)

Não é por acaso que a peregrinação representa um elemento fundamental de


todo o evento jubilar. Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do
sentido da vida. A peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do
silêncio, do esforço, da essencialidade. Também no próximo ano, os peregrinos
de esperança não deixarão de percorrer caminhos antigos e modernos para viver
intensamente a experiência jubilar. Além disso, na própria cidade de Roma,
haverá itinerários de fé que se juntarão aos tradicionais das catacumbas e das
Sete Igrejas. Deslocar-se dum país ao outro como se as fronteiras estivessem
superadas, passar duma cidade a outra contemplando a criação e as obras de
arte, permitirá acumular experiências e culturas diferentes e levar dentro de si,
harmonizada pela oração, a beleza que faz agradecer a Deus as maravilhas que
Ele realizou.As igrejas jubilares, ao longo dos percursos e em Roma, poderão ser
oásis de espiritualidade onde é possível restaurar o caminho da fé e
dessedentar-se nas fontes da esperança, a começar pelo sacramento da
Reconciliação, ponto de partida insubstituível dum verdadeiro caminho de
conversão. Nas Igrejas particulares, deve ser dada uma atenção especial à
preparação dos sacerdotes e dos fiéis para as Confissões e para o acesso a este
sacramento na sua forma individual.

(...)

6. O Ano Santo de 2025 está em continuidade com os anteriores eventos de


graça. No último Jubileu ordinário, atravessou-se o limiar dos dois mil anos do
nascimento de Jesus Cristo. Em seguida, no dia 13 de março de 2015, proclamei
um Jubileu extraordinário com o objetivo de manifestar e permitir encontrar o
«Rosto da misericórdia» de Deus, [3] anúncio central do Evangelho para toda a
pessoa e em cada época. Agora chegou o momento dum novo Jubileu, em que se
abre novamente de par em par a Porta Santa para oferecer a experiência viva do
amor de Deus, que desperta no coração a esperança segura da salvação em
Cristo. Ao mesmo tempo, este Ano Santo orientará o caminho rumo a outra data
fundamental para todos os cristãos: de facto, em 2033, celebrar-se-ão os dois
mil anos da Redenção, realizada por meio da paixão, morte e ressurreição do
Senhor Jesus. Abre-se, assim, diante de nós um percurso marcado por grandes
etapas, nas quais a graça de Deus precede e acompanha o povo que caminha
zeloso na fé, diligente na caridade e perseverante na esperança (cf. 1 Ts 1, 3).

Sustentado por tão longa tradição e certo de que este Ano Jubilar poderá ser,
para toda a Igreja, uma intensa experiência de graça e de esperança, estabeleço
que a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, seja aberta a 24 de
dezembro do corrente ano de 2024, iniciando-se assim o Jubileu Ordinário. No
domingo seguinte, 29 de dezembro de 2024, abrirei a Porta Santa da minha
catedral de São João de Latrão, que celebrará, no dia 9 de novembro deste ano,
1700 anos da sua dedicação. Posteriormente, no dia 1 de janeiro de 2025,
Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, será aberta a Porta Santa da Basílica
Papal de Santa Maria Maior. Por fim, no domingo 5 de janeiro de 2025, será
aberta a Porta Santa da Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros. Estas últimas
três Portas Santas serão fechadas no domingo 28 de dezembro do mesmo ano.

Estabeleço ainda que, no domingo 29 de dezembro de 2024, em todas as


catedrais e concatedrais, os Bispos diocesanos celebrem a Santa Missa como
abertura solene do Ano Jubilar, segundo o Ritual que será preparado para a
ocasião. Quanto à celebração na igreja concatedral, o Bispo poderá ser
substituído por um Delegado, propositadamente designado. A peregrinação,
desde a igreja escolhida para a concentração até à catedral, seja o sinal do
caminho de esperança que, iluminado pela Palavra de Deus, une os crentes.
Durante o percurso, leiam-se algumas passagens deste Documento e anuncie-se
ao povo a Indulgência Jubilar, que poderá ser obtida segundo as prescrições
contidas no mesmo Ritual para a celebração do Jubileu nas Igrejas particulares.
Durante o Ano Santo, que terminará nas Igrejas particulares no domingo 28 de
dezembro de 2025, zele-se para que o Povo de Deus possa acolher, com plena
participação, tanto o anúncio de esperança da graça de Deus, como os sinais que
atestam a sua eficácia.

O Jubileu Ordinário terminará com o encerramento da Porta Santa da Basílica


Papal de São Pedro, no Vaticano, na solenidade da Epifania do Senhor, dia 6 de
janeiro de 2026. Que a luz da esperança cristã chegue a cada pessoa, como
mensagem do amor de Deus dirigida a todos. E que a Igreja seja testemunha fiel
deste anúncio em todas as partes do mundo.

(...)

8. Que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma
vez imerso na tragédia da guerra. Esquecida dos dramas do passado, a
humanidade encontra-se de novo submetida a uma difícil prova que vê muitas
populações oprimidas pela brutalidade da violência. Faltará ainda a esses povos
algo que não tenham já sofrido? Como é possível que o seu desesperado grito de
ajuda não impulsione os responsáveis das Nações a querer pôr fim aos
demasiados conflitos regionais, cientes das consequências que daí podem
derivar a nível mundial? Será excessivo sonhar que as armas se calem e deixem
de difundir destruição e morte? O Jubileu recorde que serão «chamados filhos
de Deus» todos aqueles que se fazem «obreiros de paz» (Mt 5, 9). A necessidade
da paz interpela a todos e impõe a prossecução de projetos concretos. Que não
falte o empenho da diplomacia para se construírem, de forma corajosa e criativa,
espaços de negociação em vista duma paz duradoura.

9. Olhar para o futuro com esperança equivale a ter também uma visão da vida
carregada de entusiasmo para transmitir. Infelizmente, em muitas situações,
temos de constatar que falta esta perspetiva. A primeira consequência é a perda
do desejo de transmitir a vida. Por causa dos ritmos frenéticos da vida, dos
receios face ao futuro, da falta de garantias laborais e de adequada proteção
social, de modelos sociais ditados mais pela procura do lucro do que pelo
cuidado das relações humanas, assiste-se em vários países a uma preocupante
queda da natalidade. Já noutros contextos, «culpar o incremento demográfico em
vez do consumismo exacerbado e seletivo de alguns é uma forma de não
enfrentar os problemas». [5]
A abertura à vida, com uma maternidade e uma paternidade responsáveis, é o
projeto que o Criador inscreveu no coração e no corpo dos homens e das
mulheres, uma missão que o Senhor confia aos cônjuges e ao seu amor. Além do
empenho legislativo dos Estados, é urgente que não lhes falte o apoio convicto
das comunidades crentes e da inteira comunidade civil em todas as suas
componentes, porque o desejo dos jovens de gerar novos filhos e filhas, como
fruto da fecundidade do seu amor, dá futuro a toda a sociedade e é uma questão
de esperança: depende da esperança e gera esperança.

(...)

10. No Ano Jubilar, seremos chamados a ser sinais palpáveis de esperança para
muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade. Penso nos presos
que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o
vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito.
Proponho aos Governos que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que lhes
restituam esperança: formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as
pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de
reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de
cumprir as leis.

Trata-se de um apelo antigo que, provindo da Palavra de Deus, permanece com


todo o seu valor sapiencial ao invocar atos de clemência e libertação que
permitam recomeçar: «Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando na vossa
terra a libertação de todos os que a habitam» ( Lv 25, 10). O que está estabelecido
na Lei mosaica é retomado pelo profeta Isaías: «O Senhor (…) enviou-me para
levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a
libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros, para proclamar um ano da
graça do Senhor» ( Is 61, 1-2). São palavras que Jesus fez suas no início do seu
ministério, declarando em Si mesmo o cumprimento do «ano favorável da parte
do Senhor» ( Lc 4, 19). Em todos os cantos da terra, os crentes, especialmente os
Pastores, façam-se intérpretes destes pedidos, formando uma só voz que peça
corajosamente condições dignas para quem está recluso, respeito pelos direitos
humanos e sobretudo a abolição da pena de morte, uma medida inadmissível
para a fé cristã que aniquila qualquer esperança de perdão e renovação. [6] A fim
de oferecer aos presos um sinal concreto de proximidade, eu mesmo desejo
abrir uma Porta Santa numa prisão, para que seja para eles um símbolo que os
convida a olhar o futuro com esperança e renovado compromisso de vida.

11. Sinais de esperança hão de ser oferecidos aos doentes, que se encontram em
casa ou no hospital. Que os seus sofrimentos encontrem alívio na proximidade
de pessoas que os visitem e no carinho que recebem! As obras de misericórdia
são também obras de esperança, que despertam nos corações sentimentos de
gratidão. E que a gratidão chegue a todos os profissionais de saúde que, em
condições tantas vezes difíceis, desempenham a sua missão com solícito cuidado
pelas pessoas doentes e mais frágeis.
(...)

12. E de sinais de esperança também têm necessidade aqueles que, em si


mesmos, a representam: os jovens. Muitas vezes, infelizmente, veem
desmoronar-se os seus sonhos. Não os podemos dececionar: o futuro funda-se
no seu entusiasmo. Como é belo vê-los irradiar energia, por exemplo, quando
voluntariamente arregaçam as mangas e se comprometem nas situações de
calamidade e mal-estar social! Já é triste ver jovens sem esperança; se bem que
se torna inevitável viver o presente na melancolia e no tédio quando o futuro é
incerto e impermeável aos sonhos, o estudo não oferece saídas e a falta de
emprego ou dum trabalho suficientemente estável corre o risco de suprimir os
desejos. A ilusão das drogas, o risco da transgressão e a busca do efémero criam
nos jovens, mais do que nos outros, confusão e escondem-lhes a beleza e o
sentido da vida, fazendo-os escorregar para abismos escuros e impelindo-os a
gestos autodestrutivos. Por isso, que o Jubileu seja, na Igreja, ocasião para um
impulso a favor deles: com renovada paixão, cuidemos dos adolescentes, dos
estudantes, dos namorados, das gerações jovens! Mantenhamo-nos próximo dos
jovens, alegria e esperança da Igreja e do mundo!

13. Não poderão faltar sinais de esperança em relação aos migrantes, que deixam
a sua terra à procura duma vida melhor para si próprios e suas famílias. Que as
suas expetativas não sejam frustradas por preconceitos e isolamentos! Ao
acolhimento, que no respeito pela sua dignidade abre os braços a cada um deles,
junte-se a responsabilidade, de modo que a ninguém seja negado o direito de
construir um futuro melhor. A tantos exilados, deslocados e refugiados que, por
acontecimentos internacionais controversos, são forçados a fugir para evitar
guerras, violência e discriminação, sejam garantidos a segurança e o acesso ao
trabalho e à instrução, instrumentos necessários para a sua inserção no novo
contexto social.

(...)

14. Sinais de esperança merecem-nos os idosos, que muitas vezes experimentam


a solidão e o sentimento de abandono. Valorizar o tesouro que eles são, a sua
experiência de vida, a sabedoria que trazem consigo e o contributo que podem
dar, é um empenho da comunidade cristã e da sociedade civil, chamadas a
trabalhar em conjunto em prol da aliança entre as gerações.
(...)

15. E sentidamente, invoco a esperança para os milhares de milhões de pobres, a


quem muitas vezes falta o necessário para viver. Face à sucessão de renovadas
vagas de empobrecimento, corre-se o risco de nos habituarmos e resignarmos.
Mas não podemos desviar o olhar de situações tão dramáticas, que se veem já
por todo o lado, e não apenas em certas zonas do mundo. Todos os dias
encontramos pessoas pobres ou empobrecidas e, por vezes, podem ser nossas
vizinhas de casa. Frequentemente, não têm uma habitação nem alimentação
suficiente para o dia. Sofrem a exclusão e a indiferença de muitos. É escandaloso
que, num mundo dotado de enormes recursos destinados em grande parte para
armas, os pobres sejam «a maioria (…), milhares de milhões de pessoas. Hoje são
mencionados nos debates políticos e económicos internacionais, mas com
frequência parece que os seus problemas se coloquem como um apêndice, como
uma questão que se acrescenta quase por obrigação ou perifericamente, quando
não são considerados meros danos colaterais. Com efeito, na hora da
implementação concreta, permanecem frequentemente no último lugar». [7]
Não esqueçamos: os pobres são quase sempre vítimas, não os culpados.

(...)

17. Durante o próximo Jubileu, ocorrerá um aniversário muito significativo para


todos os cristãos: completar-se-ão 1700 anos da celebração do primeiro grande
Concílio ecuménico, o de Niceia. É bom lembrar que já em diversas ocasiões,
desde os tempos apostólicos, os Pastores se reuniram em assembleia com a
finalidade de tratar temáticas doutrinais e questões disciplinares. Nos primeiros
séculos da fé, multiplicaram-se os Sínodos tanto no Oriente como no Ocidente
cristão, mostrando como era importante guardar a unidade do Povo de Deus e o
anúncio fiel do Evangelho. O Ano Jubilar poderá ser uma importante
oportunidade para tornar concreto este modo sinodal, que hoje a comunidade
cristã sente como expressão cada vez mais necessária para melhor corresponder
à urgência da evangelização: todos os batizados, cada qual com o próprio
carisma e ministério, se sintam corresponsáveis pela mesma a fim de que muitos
sinais de esperança deem testemunho da presença de Deus no mundo.

(...)

23. De facto, a indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a


misericórdia de Deus. Não é por acaso que, na antiguidade, o termo
«misericórdia» era cambiável com o de «indulgência», precisamente porque
pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites.

O sacramento da Penitência assegura-nos que Deus apaga os nossos pecados.


Vêm à mente, com toda a sua carga de consolação, estas palavras do Salmo: «É
Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É Ele quem
resgata a tua vida do túmulo e te enche de graça e de ternura. (…) O Senhor é
misericordioso e compassivo, é paciente e cheio de amor. (…) Não nos tratou
segundo os nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas. Como é
grande a distância dos céus à terra, assim são grandes os seus favores para os
que O temem. Como o Oriente está afastado do Ocidente, assim Ele afasta de
nós os nossos pecados» (Sal 103, 3-4.8.10-12). A Reconciliação sacramental não é
apenas uma estupenda oportunidade espiritual, mas representa um passo
decisivo, essencial e indispensável no caminho de fé de cada um. Ali permitimos
ao Senhor que destrua os nossos pecados, sare o nosso coração, nos levante e
abrace, nos faça conhecer o seu rosto terno e compassivo. Na verdade, não há
modo melhor de conhecer a Deus do que deixar-se reconciliar por Ele (cf. 2 Cor
5, 20), saboreando o seu perdão. Por isso, não renunciemos à Confissão, mas
descubramos a beleza do Sacramento da cura e da alegria, a beleza do perdão
dos pecados.

Todavia o pecado, como sabemos por experiência pessoal, «deixa a sua marca»,
traz consigo consequências: não só exteriores, como consequências do mal
cometido, mas também interiores, pois «todo o pecado, mesmo venial, traz
consigo um apego desordenado às criaturas, o qual precisa de ser purificado,
quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório». [18]
Assim, na nossa débil humanidade atraída pelo mal, permanecem «efeitos
residuais do pecado». São tirados pela indulgência, sempre por graça de Cristo, o
Qual, como escreveu São Paulo VI, é «a nossa “indulgência”». [19] A Penitenciaria
Apostólica providenciará à emanação das disposições necessárias para poder
obter e tornar efetiva a prática da Indulgência Jubilar.

Uma tal experiência repleta de perdão não pode deixar de abrir o coração e a
mente para perdoar. Perdoar não muda o passado, não pode modificar o que já
aconteceu; no entanto, o perdão pode-nos permitir mudar o futuro e viver de
forma diferente, sem rancor, ódio e vingança. O futuro iluminado pelo perdão
permite ler o passado com olhos diversos, mais serenos, mesmo que ainda
banhados de lágrimas.

No passado Jubileu extraordinário, instituí os Missionários da Misericórdia, que


continuam a desempenhar uma missão importante. Que eles exerçam o seu
ministério também durante o próximo Jubileu, restituindo esperança e
perdoando todas as vezes que um pecador se dirija a eles de coração aberto e
espírito arrependido. Continuem a ser instrumentos de reconciliação, e ajudem
a olhar para o futuro com a esperança do coração que provém da misericórdia
do Pai. Espero que os Bispos possam valer-se do seu precioso serviço, sobretudo
enviando-os onde a esperança está posta a dura prova, como nas prisões, nos
hospitais e nos lugares onde a dignidade da pessoa é espezinhada, nas situações
mais desfavorecidas e nos contextos de maior degradação, para que ninguém
fique privado da possibilidade de receber o perdão e a consolação de Deus.

24. A esperança encontra, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais elevada. N’Ela
vemos como a esperança não seja um efémero otimismo, mas dom de graça no
realismo da vida. Como todas as mães, cada vez que olhava para o Filho pensava
no seu futuro, e certamente no coração trazia gravadas aquelas palavras que
Simeão Lhe dirigira no templo: «Este menino está aqui para queda e
ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição; uma espada
trespassará a tua alma» (Lc 2, 34-35). E aos pés da cruz, enquanto via Jesus
inocente sofrer e morrer, embora atravessada por terrível angústia, repetia o seu
«sim», sem perder a esperança e a confiança no Senhor. Desta forma, cooperava
em nosso favor no cumprimento do que dissera seu Filho ao anunciar que Ele
teria de «sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e
pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias» (Mc 8, 31), e
no parto daquela dor oferecida por amor tornava-Se nossa Mãe, Mãe da
esperança. Não é por acaso que a piedade popular continua a invocar a Virgem
Santa como Stella Maris, um título expressivo da esperança segura de que, nas
tempestuosas vicissitudes da vida, a Mãe de Deus vem em nosso auxílio,
apoia-nos e convida-nos a ter fé e a continuar a esperar.

(...)

25. No caminho rumo ao Jubileu, voltemos à Sagrada Escritura e sintamos,


dirigidas a nós, estas palavras: «Nós que procuramos refúgio n’Ele, encontramos
grande estímulo agarrando-nos à esperança proposta. Nessa esperança, temos
como que uma âncora segura e firme da alma, que penetra até ao interior do véu,
onde Jesus entrou como nosso precursor» (Heb 6, 18-20). É um forte convite a
nunca perder a esperança que nos foi dada, a mantê-la firme, encontrando
refúgio em Deus.

A imagem da âncora é sugestiva para compreender a estabilidade e a segurança


que possuímos no meio das águas agitadas da vida, se nos confiarmos ao Senhor
Jesus. As tempestades nunca poderão prevalecer, porque estamos ancorados na
esperança da graça, capaz de nos fazer viver em Cristo, superando o pecado, o
medo e a morte. Esta esperança, muito maior do que as satisfações quotidianas e
as melhorias nas condições de vida, transporta-nos para além das provações e
exorta-nos a caminhar sem perder de vista a grandeza da meta a que somos
chamados: o Céu.

Portanto, o próximo Jubileu há de ser um Ano Santo caraterizado pela esperança


que não conhece ocaso, a esperança em Deus. Que nos ajude também a
reencontrar a confiança necessária, tanto na Igreja como na sociedade, no
relacionamento interpessoal, nas relações internacionais, na promoção da
dignidade de cada pessoa e no respeito pela criação. Que o testemunho crente
seja fermento de esperança genuína no mundo, anúncio de novos céus e nova
terra (cf. 2 Ped 3, 13), onde habite a justiça e a harmonia entre os povos, visando a
realização da promessa do Senhor.

Deixemo-nos, desde já, atrair pela esperança, consentindo-lhe que, por nosso
intermédio, se torne contagiosa para quantos a desejam. Possa a nossa vida
dizer-lhes: «Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor» (Sal 27,
14). Que a força da esperança encha o nosso presente, aguardando com
confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a Quem é devido o louvor e a glória
agora e nos séculos futuros.

Dado em Roma, junto de São João de Latrão, na Solenidade da Ascensão de Nosso


Senhor Jesus Cristo, 9 de maio do ano 2024, décimo segundo de Pontificado.
Perguntas:

1) Com que frequência se celebra um jubileu?

a)A cada 5 anos


b)A cada 25 anos
c)A cada 50 anos
d)A cada 100 anos

2) Qual a mensagem central do Jubileu de 2025?

a)A misericórdia
b)A fé
c)A caridade
d)A esperança

3) O que faz a esperança manter-se acesa no coração?

a) Boas leituras
a) Se esforçar para ver o lado bom das coisas
b) O Espírito Santo
c) Ser mais positivo

4) Que dia começa o Jubileu de 2025?

a) 24 de dezembro de 2024
b) 1º de janeiro de 2025
c) 13 de maio de 2025
d) 28 de novembro de 2024

5)Marque com V (verdadeiro) ou F (falso)

( ) no ano jubilar o Papa pretende abrir uma porta Santa em uma prisão.
( ) Uma das atividades que será animada no Jubileu será a peregrinação à pé.
( ) A virtude da paciência pode ser considerada filha e suporte da esperança.
( ) A queda da natalidade na sociedade atual está ligada ao crescimento da
esperança nos corações.
( ) As obras de misericórdia estavam ligadas apenas ao Jubileu da Misericórdia.
( ) O Papa nos convida a mantermo-nos próximo aos jovens no Jubileu.
( ) Acolher os migrantes é uma atitude importante, mas não tem a ver com o
jubileu.

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