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Legislação da Língua

Brasileira de Sinais
Rosiani Teresinha Soares Machado
Legislação da Língua
Brasileira de Sinais

Introdução
Os critérios legais estabelecidos pelo Brasil que dão conta do indivíduo surdo são
recentes, se considerarmos o tempo histórico. No entanto, estes já conquistaram
inúmeros avanços, proporcionando, atualmente, as condições para que o surdo possa
conviver socialmente de acordo com as necessidades que suas limitações exigem.

Desse modo, as políticas educacionais voltadas para o sujeito surdo vêm criando
condições para que ele se ambiente em escolas regulares com a acessibilidade
necessária e o uso de metodologias específicas para o desenvolvimento de seu
conhecimento. Nesse quadro, o profissional tradutor e intérprete de Libras tem papel
fundamental, pois será o mediador entre a língua de sinais, L1 dos surdos, e a Língua
Portuguesa oralizada.

A inclusão, assim, pode ser realizada de modo efetivo, em seu conceito mais amplo,
o de incluir alguém que, não fosse uma legislação atuante, as políticas educacionais
existentes e o tradutor e intérprete de Libras, continuaria sendo excluído e vivendo
à margem da sociedade. É sobre esses temas que vamos tratar neste conteúdo,
começando pela legislação que ampara os direitos do indivíduo surdo.

Objetivos da Aprendizagem
• Problematizar o conceito de surdez e analisar as políticas públicas voltadas
para essa temática;
• Incluir alunos com surdez durante o processo de ensino-aprendizagem;
• Propiciar momentos coletivos de reflexão acerca de adequações curriculares
necessárias;
• Difundir a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e do tradutor e
intérprete de Libras na sociedade;
• Promover a formação continuada dos profissionais da Libras e da comunida-
de surda.

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Legislação
No Brasil, a primeira lei que contempla de forma mais pontual a educação dos surdos
é a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, ao garantir que (BRASIL, 2000):

O Poder Público tem como missão promover a comunicação e estabelecer


ferramentas alternativas que possibilitem às pessoas portadoras de deficiência
sensorial e com dificuldade de comunicação ter acesso aos sistemas de
comunicação e sinalização.
O Poder Público irá implementar a formação de intérpretes de escrita em
braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, com o intuito de garantir
a comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com
dificuldade de comunicação.
Os serviços de rádio e TV devem adotar medidas que permitam o uso da
linguagem de sinais ou outra subtitulação a fim de garantir que todos tenham
acesso à informação, inclusive as pessoas portadoras de deficiência auditiva.

Como podemos perceber, a lei pretende estabelecer e dar condições para que o
indivíduo surdo possa ser incluído na sociedade de modo a atuar, de forma praticamente
independente, na sociedade da qual participa. Para tanto, a acessibilidade prevista
na lei, como os facilitadores na comunicação, são indispensáveis.

No entanto, é importante lembrar que há pouco tempo dava-se um primeiro passo


nesse sentido, tanto que, se pensarmos nas nomenclaturas, ainda se lê o termo
“linguagem de sinais”, isso porque a Libras não existia oficialmente como língua.
Somente com a sanção da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, é que esta foi
reconhecida como meio legal de comunicação e expressão dos sujeitos surdos.

Art. 1º - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a


Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela
associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras


a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de
natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem
um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Art. 2º - Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o
uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação
objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.

3
Art. 3º - As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços
públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento
adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as
normas legais em vigor.

Art. 4º - O sistema educacional federal e os sistemas educacionais


estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão
nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de
Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira
de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares
Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir


a modalidade escrita da língua portuguesa. (BRASIL, 2002).

Vale lembrar que essa lei foi regulamentada somente três anos depois, por meio do Decreto
nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005), indo além do reconhecimento
da Libras como uma língua oficial e garantindo a seus usuários a condição de
pertencimento à sociedade brasileira de uma população até então marginalizada pela
sua diferença linguística. Além disso, o acesso à escola regular só é possível mediante
essa regulamentação, a qual subentende a interação entre indivíduos surdos e ouvintes,
além do contato efetivo com a escrita e a leitura em Língua Portuguesa.

Figura 1: Conversa entre duas pessoas na Língua de Sinais


Fonte: Plataforma Deduca (2018).

A lei que determina a Libras como segunda língua, aliada ao português, dá condições
de acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização, sendo, portanto, um
passo importante que a legislação brasileira deu para que o surdo possa se sentir
sujeito na sociedade em que vive.

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Políticas Educacionais
As políticas públicas voltadas para a área da educação e da educação especial no
Brasil foram fortemente influenciadas pelas conferências internacionais em prol
da inclusão, como a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência
de Jomtien, 1990) e a Declaração de Salamanca (Conferência Mundial sobre
Necessidades Educacionais Especiais, 1994).

Nesse contexto, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva (2008) determina:

Para o ingresso dos estudantes surdos nas escolas comuns, a educação


bilíngue – Língua Portuguesa/Libras desenvolve o ensino escolar na
Língua Portuguesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Portuguesa
como segunda língua na modalidade escrita para estudantes surdos, os
serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino de
Libras para os demais estudantes da escola. O atendimento educacional
especializado para esses estudantes é ofertado tanto na modalidade oral
e escrita quanto na língua de sinais. Devido à diferença linguística, orienta-
se que o aluno surdo esteja com outros surdos em turmas comuns na
escola regular. (BRASIL, 2008, p. 12).

Assim, a partir da oficialização da Libras, compreende-se o sujeito surdo não mais


pelo viés da deficiência, mas pelo da diferença. Isto porque, em 1º de setembro de
2010, foi reconhecida oficialmente a profissão de tradutor e intérprete da Libras, com
a promulgação da Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. (BRASIL, 2010). Já o
Decreto nº 5.626 (2005) afirma, em seu art. 2º, que se considera surda toda pessoa
“[...] que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais - Libras”.

Percebemos, com isso, a validação da situação do indivíduo surdo como alguém que
se expressa por meio de uma língua própria, a Libras. Além disso, o decreto também
dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular. Em seu art. 3º, apresenta
o seguinte texto:

A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos
de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio
e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino,
públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (BRASIL, 2005).

5
Parágrafo 1º

“Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o


curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia
e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de
professores e profissionais da educação para o exercício do magistério”.

Parágrafo 2º

“A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de


educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação
deste Decreto”. (BRASIL, 2005).

A partir desse decreto, percebemos que abriu-se um leque de possibilidades tanto


para a educação dos surdos quanto para a divulgação da Libras. Guedes (2009, p.
34), ao problematizar as políticas públicas voltadas para os surdos, afirma que:

Podem-se apontar importantes conquistas no campo da Educação


ocorridas na década de 1990, tais como a oficialização da Língua Brasileira
de Sinais, o fortalecimento da comunidade surda, a oferta de cursos de
formação de professores, de instrutores e de intérpretes, o aumento da
produção de pesquisas na área da educação de surdos, a implantação da
Libras na educação de surdos e a revisão do currículo escolar.

Desse modo, é possível pensarmos que o sujeito surdo passa a ser reconhecido,
legalmente, como um sujeito ativo na sociedade em que vive, capaz de participar
dela de modo efetivo e atuar nela de maneira a conceber sua identidade surda.

Para que o trabalho com o surdo seja efetivado de modo a obter resultados
satisfatórios e coerentes com sua necessidade, é importante o conhecimento e o
aprofundamento sobre as leis que amparam esse sujeito em nossa sociedade.

O Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, em seu capítulo IV, dispõe


sobre o uso e a difusão da Libras e da Língua Portuguesa para o acesso das
pessoas surdas à educação.
Dispõe que “[...] as instituições federais de ensino devem garantir,
obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à
educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares
desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a
educação infantil até a superior" (BRASIL, 2005).

6
Tradutor e Intérprete de Libras
A história dos profissionais que atuam como intérpretes teve seu começo na Grécia
Antiga e no Império Romano. Já o trabalho em conferências, de modo semelhante
ao que é realizado atualmente, iniciou apenas no século XX, em eventos relativos
à Primeira Guerra Mundial, pela necessidade de se usar a língua francesa, que era
falada entre os diplomatas da época. Ao final da Segunda Guerra Mundial, eram
quatro as línguas faladas nesse ambiente diplomático: inglês, russo, alemão e francês
(PAGURA, 2003 apud LACERDA, 2014).

Tradutor e intérprete de Língua de Sinais.

Atualmente, é comum encontrarmos, no Brasil, tradutores intérpretes de várias


línguas faladas, mas esse profissional para a tradução e interpretação da
Língua Brasileira de Sinais ainda é escasso.

Aula de Libras para tradutor e intérprete de Língua de Sinais.

Apenas em 2002, com o reconhecimento da Libras como a Língua de Sinais da


comunidade surda, é que surgiu a necessidade de formar pessoas para serem
tradutoras e intérpretes dessa língua.

No entanto, foi somente a partir do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que


foram atendidos os anseios da comunidade surda, pois essa legislação afirma o direito
dos surdos ao acesso às informações em Libras. Esse decreto dedica seu Capítulo V
para tratar da “formação do tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa”.

A profissão de tradutor e intérprete da Libras (TILS) está regulamentada pela Lei


nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. A atuação e a formação desse profissional,
indicadas na lei, conforme estabelecem os artigos a seguir, presumem uma postura
ética profissional compromissada e consciente de seu papel.

Art. 1º. Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e


Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - Libras.

Art. 2º. O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação


das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência
em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. [...]

Art. 4º. A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua


Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de:

7
I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os
credenciou;

II - cursos de extensão universitária; e

III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino


superior e instituições credenciadas por Secretarias de Educação.

Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode


ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da
comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das
instituições referidas no inciso III. (BRASIL, 2010).

De acordo com Quadros (2004), o tradutor intérprete de Libras e Língua Portuguesa é


a pessoa que tem a competência, em tempo real ou em um pequeno espaço de tempo,
de traduzir de uma língua para outra, ou seja, da Libras para a Língua Portuguesa e
desta para a Libras. A tradução diz respeito à modalidade escrita de pelo menos uma
das línguas envolvidas no processo:

Modalidades de tradução-interpretação - língua brasileira de sinais para


português oral, sinais para escrita, português para a língua de sinais oral,
escrita para sinais - Uma tradução sempre envolve uma língua escrita.
Assim, poder-se-á ter uma tradução de uma língua de sinais para a língua
escrita de uma língua falada, da língua escrita de sinais para a língua
falada, da escrita da língua falada para a língua de sinais, da língua de
sinais para a escrita da língua falada, da escrita da língua de sinais para
a escrita da língua falada e da escrita da língua falada para a escrita da
língua de sinais. A interpretação sempre envolve as línguas faladas/
sinalizadas, ou seja, nas modalidades orais-auditivas e visuais-espaciais.
Assim, poder-se-á ter a interpretação da língua de sinais para a língua
falada e vice-versa, da língua falada para a língua de sinais. Vale destacar
que o termo tradutor é usado de forma mais generalizada e inclui o termo
interpretação. (QUADROS, 2004, p. 9).

Existe uma postura ética que norteia o trabalho do tradutor intérprete de Libras, já
que um dos aspectos principais de sua função está relacionado à sociabilidade.

AFINIDADE SOCIAL

Esse profissional deve ter afinidade social com as pessoas surdas e, desse modo,
apresentar satisfação em desenvolver a comunicação com elas. Seu papel é também
de interlocutor, mediador e facilitador na aprendizagem do estudante surdo.

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INTERAÇÃO

A tarefa desse profissional consiste em interagir com outras pessoas, como


professores ouvintes, surdos, colegas de classe, pais e outros, exercendo,
também, seu papel de mediador e facilitador da comunicação.

ÉTICA

Contudo, ao mediar a comunicação entre surdos e ouvintes e vice-versa,


esse profissional deve observar princípios éticos na execução de sua tarefa,
percebendo que não poderá interagir na relação estabelecida entre a pessoa
com surdez e a pessoa ouvinte. Isso apenas poderá ocorrer se for convidado.

Conforme estabelecido no código de ética da atuação do tradutor intérprete de


Libras, compete a esse profissional agir sigilosamente, com discrição, sendo fiel à
mensagem interpretada, à intenção e ao espírito do locutor da mensagem. (QUADROS,
2004). Desse modo, o papel do TILS fica caracterizado da forma como se apresenta
no quadro a seguir.

Atuação Função

Atuação do tradutor intérprete e professor Traduzir as aulas do professor surdo aos


de Libras alunos ouvintes.

Atuação do tradutor intérprete com o Não há necessidade de TILS para auxiliar


professor proficiente em Libras em aula.

Traduzir as falas do professor ouvinte e não


Atuação do tradutor intérprete em sala comum proficiente em Libras para o aluno surdo
com o professor sem fluência em Libras e promover a interação entre professor e
colegas ouvintes com o aluno surdo.

Traduzir as falas nos eventos e promover a


Atuação do tradutor intérprete em palestras,
interação entre os envolvidos nos eventos
debates, discussões, reuniões e outros eventos
com o surdo.

Quadro 1: Atuação e função do TILS


Fonte: Elaborado pelas autoras (2018).

9
Podemos compreender, com esses preceitos, que a ética, como em todas as profissões,
deve ser vista como fundamental para um bom trabalho de interpretação. É muito
importante pensar que o indivíduo surdo tem certa dependência desses profissionais
para se comunicar, mas que, em nenhum momento, corre o risco de ter sua liberdade
controlada. Os momentos em que são necessários o uso de interpretação são aqueles
que se restringem ao âmbito de que se tem necessidade naquele momento. Em uma
palestra, por exemplo, o TILS fará seu trabalho durante os momentos de fala; se houver
a previsão de um intervalo, nesse momento, o surdo e o TILS não precisam estar juntos,
a não ser que esteja envolvida uma situação de continuidade sobre o tema da palestra.

O que podemos perceber é que há uma linha muito tênue entre o profissionalismo
do TILS e sua conduta como amigo ou conhecido do surdo. É importante que essa
distinção fique bem clara entre ambos, como um contrato de prestação de serviço.

Inclusão
O uso do termo “inclusão” é bem recente, dada sua extensão legal. A própria Lei
de Diretrizes e Bases (LDB), de 20 de dezembro de 1961, ou seja, a primeira LDB, já
recomendava a integração da educação especial no Sistema Nacional de Educação.

Com a promulgação da Constituição de 1988 e da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990


(Estatuto da Criança e do Adolescente), os sujeitos com deficiência passaram a ser
reconhecidos como sujeitos de direitos, inclusive no que se refere à educação.

No ano de 1996, mais especificamente em 20 de dezembro, com a segunda Lei de


Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN) – Lei nº 9.394 –, a educação especial é
contemplada com um artigo específico. Capítulo V – Da Educação Especial, artigo
58: “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais". (BRASIL, 1996).

Caso a escola regular não possua condições de atender esses alunos: “O atendimento
educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que,
em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração
nas classes comuns de ensino regular”. (BRASIL, 1996).

Para saber mais sobre essa relação do surdo e a escola, obtenha, a seguir, outras
informações.

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No Brasil e no mundo, grande parte dos surdos tem baixa escolaridade e
problemas de alfabetização, o que acontece porque normalmente os surdos
não têm uma boa fundamentação da Língua Portuguesa. Fonte: Federação
Mundial dos Surdos (WFD).
Você sabia que grande parte dos tradutores de Libras tornam-se profissionais nessa
especialidade por situações de convívio com o surdo? Leia a reportagem "Tradutor
e intérprete de Libras têm amplo mercado a ser explorado", disponível no link.
Você sabia que a inclusão do surdo nas escolas regulares está ocorrendo em
conformidade com aquilo que é disposto nas leis brasileiras? Será que os
surdos conseguem uma educação inclusiva conforme suas necessidades?
Vamos refletir sobre isso.

É importante ressaltar que uma das maiores conquistas em relação à inclusão é o


acesso à escola regular e, por meio dela, o acesso à escrita e à leitura em Língua
Portuguesa. Isto porque esta é a língua de contato com a sociedade letrada em
que o surdo vive. É ela quem garantirá ao sujeito surdo seu pertencimento a uma
sociedade de forma ampla, em que poderá interagir com outras pessoas, seja por
meio da escrita, seja por meio da Libras.

Sua condição de sujeito bilíngue vai lhe dar o espaço necessário para seu crescimento
individual. Isto porque, de acordo com Pereira (2011, p. 14), “[...] nesse modelo, a primeira
língua é a de sinais [...], que dá o arcabouço para o aprendizado da segunda língua”.

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Conclusão
A legitimação do sujeito surdo data de pouco tempo, tanto em nível mundial quanto
em nível nacional. Até ser reconhecido pelas leis brasileiras como sujeito capaz, o
surdo passou por várias denominações, sendo a maioria delas excludentes.

Na atualidade, leis como a que dispõe sobre os direitos de comunicação e de


expressão do surdo e a que determina a Libras como língua oficial da comunidade
surda e língua oficial do Brasil, ao lado da Língua Portuguesa, vêm trazendo maior
possibilidade de inclusão desses indivíduos na sociedade brasileira.

A partir da regulamentação dessas leis, várias atitudes foram tomadas para a


acessibilidade do surdo em ambientes como a escola, um dos maiores e mais
importantes acessos desse sujeito. Para tanto, o trabalho dos profissionais
encarregados da interpretação da Libras foi fundamental para a efetividade dessa
situação. Os TILS são de extrema importância para o surdo em um mundo de
interação com a comunidade ouvinte.

Este conteúdo tratou desses assuntos e, por meio deles, esperamos ter levado a você
conhecimentos importantes, como:

• A importância da inclusão do aluno surdo durante o processo de ensino-


-aprendizagem;
• O modo de propiciar aos alunos surdos uma situação de real inclusão
nesse processo;
• A importância de uma legislação voltada ao indivíduo surdo, que estabeleça
critérios amplos de acessibilidade;
• O movimento de políticas públicas voltadas à educação de surdos no brasil;
• O trabalho dos tradutores e intérpretes da língua de sinais como fator pre-
ponderante no acesso do sujeito surdo às atividades diversas, sobretudo à
educação regular.

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Saiba mais
Para o surdo, o mercado de trabalho nem sempre foi tão acessível.
Mas, com algumas alterações legislativas, a realidade vem
mudando. De acordo com o Ministério do Trabalho, trabalhadores
com algum nível de surdez totalizam 79.389 pessoas nas diversas
atividades profissionais formais, segundo a Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS, 2015).

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Referências
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 18 jul. 2018.

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ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 23 jun. 2018.

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ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm. Acesso em: 23 jun. 2018.

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______. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436,


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18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: http://www.planalto.
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______. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de


Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm. Acesso em:
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______. ______. Marcos Político-Legais da Educação Especial na Perspectiva da
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LACERDA, C. B. F. Intérprete de Libras: em atuação na educação infantil e no ensino


fundamental. 6. ed. Porto Alegre: Mediação, 2014.

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portuguesa. Secretaria de Educação Especial. Programa Nacional de Apoio à
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gov.br/seesp/arquivos/pdf/tradutorlibras.pdf. Acesso em: 26 jun. 2018.

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