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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO- PPG


COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO – CPG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS – PPGLETRAS

THAYS ANDRESSA PINHEIRO COELHO

FORMAÇÃO LEITORA E LITERATURA MARANHENSE: ESTUDANDO


GÊNEROS LITERÁRIOS DO 9º ANO DO COLÉGIO MILITAR 2 DE JULHO –
UNIDADE XXVI

SÃO LUÍS -MA

2023
2

THAYS ANDRESSA PINHEIRO COELHO

FORMAÇÃO LEITORA E LITERATURA MARANHENSE: ESTUDANDO


GÊNEROS LITERÁRIOS DO 9º ANO DO COLÉGIO MILITAR 2 DE JULHO –
UNIDADE XXVI

LINHA DE PESQUISA: LITERATURA, MEMÓRIA E CULTURA

Profa. Dra. Fabíola de Jesus Soares Santana


Profa. Dra. Solange Santana Guimarães Morais
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1. JUSTIFICATIVA

A Base Nacional Curricular (BNCC), homologada em 2017, documento normativo


elaborado pelo Ministério de Educação (MEC), define e norteia as aprendizagens essenciais
que devem ser desenvolvidas ao longo da Educação Básica, estabelecendo conhecimentos,
competências e habilidades a fim de direcionar uma formação integral humana e construção
de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Nesse documento, as práticas de linguagem são exploradas através de diferentes eixos


temáticos que fomentam ações conscientes e participativas caracterizadas e alinhadas ao
processo de construção de competências linguístico-discursivas como instrumentos de
inclusão, interação e transformação social, sempre orientadas pelos princípios éticos, políticos
e estéticos.

Nesse sentido, o texto assume a centralidade no ensino da Língua portuguesa,


conferindo à leitura uma importância na aquisição, processamento e dominação de
conhecimentos. A essencialidade da oralidade, leitura, escuta, produção escrita e análise
linguística devem estar aliadas à aprendizagem do educando, a fim de que que o aluno possa
desenvolver habilidades e competências que possibilitem sua participação na sociedade de
forma crítica e criativa.

Partindo desse pressuposto, é necessário adotar, no ensino da língua, o uso de


metodologias que estimulem uma prática de ensino que priorize a construção de competências
para o multiletramento social. A leitura, pois, além de envolver o pensamento e a linguagem,
a envolve outros aspectos cognitivos do leitor e pode ser entendida como uma prática social e
interativa, pois todos esses aspectos funcionam através de uma interação entre o texto e o
leitor.

Através de suas diferentes competências para a linguagem, a BNCC (2017) conjectura


também a compreensão da língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável,
heterogêneo e sensível aos contextos de uso, de modo que seus usuários a reconheçam como
meio de construção de identidades e da comunidade à qual pertencem. Além disso, a
competência de número 09, orienta:

Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do


senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-
culturais como forma de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e
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encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da


experiência com a literatura. (BNCC, 2017, p.85)

Nesse sentido, cabe à língua portuguesa proporcionar o contato com o texto literário,
despertando esse mundo lúdico e maravilhoso que a literatura nos proporciona. E quanto mais
cedo esse contato, mais eficaz ele se torna. Porém, o ensino da literatura, muitas vezes, é
deixado de lado no ensino fundamental, em detrimento do estudo da gramática, e passa a ser
trabalhado apenas no ensino médio, ainda assim, de uma forma obrigatória.

Leahy-Dyos (2000, pág 189) afirma que “os problemas examinados se concentram [...]
na microestrutura das salas de aula em que literatura é ensinada e estudada como matéria
compulsória para [...] os exames pós ensino médio, [...] para o ingresso no domínio acadêmico
das universidades”. Esse processo faz com que a literatura não seja interessante para o aluno,
pois quando chegam ao ensino médio, já não sentem prazer no ato de ler, muitas vezes porque
a leitura já não lhes desperta seu imaginário e suas emoções.

Talvez um dos maiores problemas da leitura literária na escola – que vejo, insisto,
como possibilidade – não se encontre na resistência dos alunos à leitura, mas na falta
de espaço-tempo na escola para esse conteúdo que insere fruição, reflexão e
elaboração, ou seja, uma perspectiva de formação não prevista no currículo, não
cabível no ritmo da cultura escolar, contemporaneamente aparentada ao ritmo veloz
da cultura de massa. (REZENDE, 2013, p. 111)

Bordini (1989) explicita que o papel da Literatura na escola não alcança seu sentido
porque ela “não permite a entrada no mundo dos livros de forma completa[...]. Ensina-se
Literatura para aprender gramática, [...]. Tornando-se matéria para adornar outras ciências, o
texto literário se descaracteriza e afasta de si o leitor” (BORDINI, 1989, p. 9).

Nas palavras de Rubem Alves (1994),

O prazer gratuito da experiência estética e lúdica foi banido das nossas escolas. E se
alguém duvida, que olhe para os rostos amedrontados dos nossos moços,
assombrados, pelo fantasma do vestibular, atormentados pela exigência da eficácia,
fazendo coisas sem entender e sem rir (RUBEM ALVES, 1994, p.13).

A ineficiência da competência leitora promove o fracasso escolar na Educação Básica,


já que o aluno não é capaz de interpretar e compreender aquilo que lê, e interagir com as
questões propostas pela educação formal.

Os desafios de formar leitores são muitos, porém é necessário ir em busca desse


processo e ampliá-lo, desenvolver atividades eficazes e criativas para ensinar a ler e mais
ainda, fazer isso através da literatura, e o professor exerce um importante papel nessa
formação. Como mediador, o discente pode despertar a curiosidade e o prazer nos educandos,
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ofertar textos que proporcionem uma reflexão e análise, estimular a expressão artística através
dos mesmos, trabalhar diferentes gêneros textuais possibilitando uma experiência dinâmica,
divertida e relaxada.

Cabe ao professor conduzir o caminho, construindo uma sensibilidade imprescindível


para a leitura eficaz dos textos, proporcionando múltiplos sentidos, já que possibilita

[...] fazer crescer o letramento dos alunos e ampliar as competências


mais significativas para as atividades sociais, interativas e de encantamento relativas
aos usos literários ou não das línguas (atividades de fala, escuta, leitura, escrita e
análise). (ANTUNES, 2009, p. 15).

Nesse sentido, repensa-se o papel do professor nesse processo da formação literária,


principalmente na seleção e elaboração das obras que virão a ser lidas e exploradas em sala de
aula. É a partir desse princípio que MARTINS (2011) analisa a inserção da literatura
maranhense no currículo escolar, que, segundo ela, tem sido relegada a segundo plano,
marginalizada, e excluída, justificado “o ocultamento deste ensino” pelo “esvaziamento da
formação docente”. (2011,pág 13).

Partindo desse pressuposto, pensa-se na literatura maranhense como um importante


instrumento na formação leitora e o quanto ela pode agregar na prática educativa, tanto na
formação integral do aluno, quanto no desenvolvimento da capacidade crítica que ela
proporciona. Nesse contexto, explicita MARTINS (2011, pág 14 ):

A maior atenção à maneira de se ler e se problematizar esta leitura garantirá uma


visão de mundo muito mais ampla e crítica aos alunos; principalmente se as obras
literárias forem assinadas por conterrâneos seus, e nas suas páginas, a história
narrada for repleta de modos, costumes, e críticas sobre sua cidade, sobre seu
Estado, sobre sua terra.

A leitura, como ferramenta essencial, tem o poder de proporcionar aos indivíduos a


criticidade, a reflexão, o posicionamento, a formulação de suas próprias opiniões. Uma vez
que:

Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas
respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita,
significa construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já
se é. (FOUCAMBERT, 1994, p.5).

Nessa perspectiva, KUENZER (2002, p. 101), salienta que “ler significa em


primeiro lugar, ler criticamente, o que quer dizer perder a ingenuidade diante do texto dos
outros, percebendo que atrás de cada texto há um sujeito, com uma prática histórica, uma
visão de mundo (um universo de valores), uma intenção”. Assim sendo, pensar em formar
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leitores de literatura sob a luz de textos literários maranhenses, constitui-se na prática da


leitura e interpretação textual em si, como também na compreensão da obra, assimilação,
reflexão sobre seus valores e sentidos, estudo dos respectivos autores, impactos que essa obra
pode ter gerado na sociedade da época e análises críticas da mesma, despertando e
estimulando o sentimento de pertencimento de sua terra e formando leitores conscientes na
escola.

Por conseguinte, percebe-se que a leitura vai muito mais além do que o puro ato de ler,
mas configura-se em utilizar estratégias que favorecem a qualidade e a profundidade da
leitura, como explana Paulo Freire: “Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A
compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações
entre o texto e o contexto”.

Além disso, o projeto também suscita o ensino da literatura maranhense no Colégio


Militar 2 de Julho, mais especificamente no Ensino Fundamental II, com o intuito de fazer o
jovem conhecer a literatura regional através do estudo de cada gênero proposto pela série,
desenvolvendo as competências e habilidades leitoras, bem como formar leitores, como
afirma ASSIS E SOUSA (2019), autônomos, capazes de selecionar suas próprias leituras,
movidos pelo prazer estético da linguagem literária, produzindo diálogos com o texto e
entendendo que esse universo é imprescindível para sua formação humana e social.

COSSON (2007) preconiza que a leitura literária é uma prática social, e como tal, é
responsabilidade da escola, sendo indispensável a leitura efetiva dos textos como centro das
práticas literárias.

na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não apenas
porque possibilita a criação do hábito de leitura ou porque seja prazerosa, mas sim,
e, sobretudo, porque nos fornece, como nenhum outro tipo de leitura faz, os
instrumentos necessários para conhecer e articular com proficiência o mundo feito
linguagem. (COSSON, 2007, p.30)

Como agente socializador do conhecimento, a escola tem a função de formar leitores


literários críticos e autônomos, incentivando o contato com a leitura literária, formando
cidadãos mais críticos e conscientes.

O exercício dessa função [...] é delegado à escola, cuja competência precisa tornar-
se mais abrangente, ultrapassando a tarefa usual de transmissão de um saber
socialmente reconhecido e herdado do passado. Eis porque se amalgamam os
problemas relativos à educação, introdução à leitura, com sua consequente
valorização, e ensino da literatura, concentrando-se todos na escola, local de
formação do público leitor (ZILBERMAN, 1991, p.16).
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Assim, o projeto visa estudar diferentes metodologias que envolvem diferentes


estratégias de leitura de mais variados textos de autores maranhenses, estudo dos gêneros
textuais, atividades de leitura, análise e interpretação textual, refletindo as múltiplas
possibilidades que o texto literário nos oferece, pensando em contribuir para a formação de
leitores.

Um dos papéis fundamentais da escola é o incentivo à leitura. Como primeiro espaço


regularizado de produção da leitura e da escrita de forma consciente, ela deve promover
estratégias e condições para formar um leitor competente.

Na expectativa de alcançar os objetivos propostos foi escolhido o Colégio Militar 2


de Julho, unidade XXVI, em São Luís do Maranhão. Localizado na Av. dos Franceses, S/N -
Vila Palmeira, São Luís - MA, 65036-283, a escola é uma das mais procuradas do Estado do
Maranhão quando se trata de ensino público. Referência de ensino, a escola prima pela
excelência de uma formação integral alicerçada num Projeto Educativo que priorize os
valores permanentes da identidade nacional e das Virtudes Militares. A escola mantém como
principal objetivo formar cidadãos solidários, com plena consciência dos seus direitos e
deveres, respeitadores da pessoa e do meio ambiente, defensores do património cultural e
histórico da sua Pátria, intervenientes e participativos nas suas responsabilidades sociais e de
cidadania.

A escola referida foi escolhida pois dispõe de uma carga horária de 6 horas
semanais de Língua portuguesa, facilitando o desenvolvimento do projeto. Além disso,
desenvolve inúmeros projetos voltados para a prática leitora e é sempre muito solícita à
novos.

Ademais, a escola conta com uma midiateca escolar bem estruturada e um


profissional bibliotecário capacitado a direcionar o trabalho de disseminação da informação,
de forma dinâmica e criativa, certamente favorecendo a obtenção de resultados satisfatórios
quanto aos objetivos almejados para o desenvolvimento das práticas leitoras.

2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Formação de leitores literários no 9º ano do ensino fundamental II do Colégio


Militar 2 de Julho, Unidade XXVI, em São Luís do Maranhão, estudando os gêneros
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textuais sob a luz da literatura maranhense com foco nas metodologias de ensino que
estimulem esse processo nas aulas de Língua portuguesa.

2.2 Específicos

 Compreender como está sendo trabalhada a leitura nas aulas de Língua Portuguesa na
série final do Ensino Fundamental II, do Colégio Militar 2 de Julho, unidade XXVI,
em São Luís – MA;
 Realizar uma pesquisa sobre o contato com o texto literário e com a literatura
maranhense, com os alunos e com os professores da escola.
 Reunir material de apoio que contenham textos da literatura maranhense, alinhados
aos gêneros propostos pelo currículo da referida série.
 Reconhecer os gêneros textuais da literatura maranhense junto aos alunos do 9º ano do
Ensino Fundamental II do Colégio Militar 2 de julho, fomentando uma identidade
cultural.
 Incentivar a incorporação do hábito da leitura literária como fonte de conhecimento e
de prazer estético;
 Promover situações de leitura e de escuta, que desenvolvam o hábito e o gosto pela
literatura local.

3 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Como podemos trabalhar a literatura maranhense nas escolas a partir da


perspectiva do ensino dos gêneros textuais, despertando o gosto pela leitura, o
pensamento crítico e o sentimento de pertencimento à terra?

Através da literatura podemos compreender e reconhecer o mundo em que vivemos. A


leitura é um importante instrumento social e cultural, além de promover a reflexão crítica e a
memória individual e coletiva. Quando lemos, reconhecemos nossa língua, nossa cultura,
nossos hábitos, nossa história, nosso povo. Além de ser um importante instrumento de
comunicação, o texto literário tem o poder de transmitir conhecimentos, relatar fatos,
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promover a formação integral do indivíduo e ampliar sua visão de mundo, daí a importância
de se ter acesso a esse conhecimento desde cedo.

A literatura maranhense não é trabalhada em nenhuma série do Ensino Fundamental,


nem mesmo na hora de incentivar a leitura, a não ser que o professor da série opte por esse
caminho. Faz-se necessário incentivar os alunos a conhecer a sua história, desenvolver o
pensamento crítico, refletir sobre sua cultura, sobre seu povo. Quando entendemos cultura
como representação de um povo, como herança histórica, como um importante instrumento de
construção da identidade, entendemos a necessidade de se conhecer a escrita de sua terra. O
intuito desse trabalho é desenvolver a leitura literária para o 9° ano do Ensino Fundamental do
Colégio Militar 2 de Julho, em São Luís no Maranhão, utilizando apenas textos de autores
maranhenses, a fim de tornar as aulas de Língua Portuguesa mais dinâmicas e lúdicas,
partindo do texto como objeto de estudo, promovendo a reflexão crítica, incentivando a
leitura, promovendo debates, a fim de formar cidadãos mais atuantes e críticos na sociedade,
partindo da função social que o texto possui.

Além disso, é importante mostrar aos nossos alunos o quão a escrita pode revelar
traços de identidade e caráter cultural de um povo, através do olhar mais analítico e
interpretativo de textos.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É preciso entender a literatura como um importante instrumento de construção da


identidade, de humanização, de educação. Nesse sentido, o processo da formação humana está
diretamente relacionado ao seu contato com a literatura, pois ela desperta e desenvolve o
senso crítico, ético e estético.

Ao ler literatura e escrever a partir dela, o estudante aprenderá a ler e escrever a


existência humana, atribuindo-lhe sentido, reconhecendo-lhe conteúdo e forma
individual. Ela manifesta, através de cada escritor, em cada obra ou em cada ato de
leitura, múltiplas significações e diversas ordens de significados, mas, acima de
tudo, possui uma supersignificação, que se refaz a cada leitura. E não é estática; está
em permanente desenvolvimento, no tempo e/ou no espaço. (FILIPOUSKI, 2005, p.
225).

Neste sentido, podemos entender a humanização, dentre outros aspectos,

Como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o


próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da
vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
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cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida


em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o
semelhante. (CANDIDO, 2004, p 180)

Em outras palavras, a leitura literária tem o poder de desenvolver a criticidade, a


afetividade, a cognição, a racionalidade, a reflexão, o senso estético, bem como o
enriquecimento cultural, linguístico e social. A literatura tem sido um importante instrumento
de instrução e educação, por isso é indispensável à formação humana, pois confirma no
homem a sua humanidade, atuando no seu consciente e no seu subconsciente:

A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a


possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. Por isso é indispensável
tanto a literatura sancionada quanto a literatura proscrita; a que os poderes sugerem
e a que nasce dos movimentos de negação do estado de coisas predominante. A
literatura não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que
chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque
faz viver. (CANDIDO, pág 177 – 178)

Ademais, CANDIDO (2011) assegura que “[…] a literatura corresponde a uma


necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, porque
pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do
caos e, portanto, nos humaniza” (p. 122). E assevera que “a literatura pode ser um instrumento
consciente de desmascaramento, pelo fato de focalizar as situações de restrição dos direitos,
ou de negação deles, como a miséria, a servidão, a mutilação espiritual.” (p. 122), e devido a
isso, a literatura está relacionada com a luta pelos direitos humanos.

Nessa perspectiva, a literatura é entendida como “uma manifestação universal a todos


os homens em todos os tempos”, pois satisfaz as necessidades básicas do homem, enriquece
nossa percepção e visão de mundo. Assim, constitui um direito: “Não há povo e não há
homem que possa viver sem ela”.

ASSIS E CORREIA (2019) defende que, o ensino da literatura através dos mais
variados gêneros textuais é de suma importância, pois possibilita a formação leitura, contribui
para o aprendizado do aluno, evolução do conhecimento, capacidade crítica e reflexiva,
garantindo ao mesmo uma aprendizagem significativa.

Como afirma ASSIS E SOUSA (2019):

É necessário promover práticas leitoras no sentido de orientar a formação do leitor.


Por isso, faz-se necessário também trabalhar a literatura no processo de formação
leitora, através de ações metodológicas eficazes para o aperfeiçoamento do ensino
da leitura de forma contextualizada, interdisciplinar, humanizadora e
conscientizadora.
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Ademais, a literatura traz importantes reflexões acerca da função sociocultural e


histórica, como sendo determinantes na construção de uma identidade, de legitimidade e de
pertencimento de um povo.

Como informa o MAGALHÃES (1836):

A literatura de um povo é o desenvolvimento do que ele tem de mais sublime nas


ideias, de mais filosófico no pensamento, de mais heroico na moral e de mais belo
na natureza; é o quadro animado de suas virtudes e de suas paixões, o despertador de
sua glória e o reflexo progressivo de sua inteligência. E, quando esse povo, ou essa
geração, desaparece da superfície da terra, com todas as suas instituições, crenças e
costumes, escapa a literatura aos rigores do tempo para anunciar às gerações futuras
qual fora o caráter e a importância do povo, do qual é ela o único representante na
posteridade.

Nesse sentido, percebemos o quanto a literatura é relevante tanto para a formação


leitora quanto como instrumento de reflexão crítica, de construção da formação social,
cultural, linguística, política, educacional e humanística do indivíduo.

Como cita CÂNDIDO (1995):

Entendo aqui por humanização (já que tenho falado tanto nela) o processo que
confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais como o exercício da
reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento
das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a
percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura
desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (CÂNDIDO,
1995, p. 180)

O contato com a literatura desperta nos leitores diferentes visões de mundo e os leva a
questionar, refletir e ressignificar seus valores e convicções. “É por possuir essa função maior
de tornar o mundo compreensível transformando sua materialidade em palavras de cores,
odores, sabores e formas intensamente humanas que a literatura tem e precisa manter um
lugar especial nas escolas” (COSSON, 2007, p. 17). A aproximação do aluno com o texto
literário também deve ser pensada como exercício de cidadania, já que:

Lidar com a literatura é, portanto, uma maneira de compreender melhor e mais a


fundo uma espécie de instrumento capaz de desautomatizar nossa percepção do
cotidiano, agindo no sentido contrário à padronização de nossa apreensão da
realidade; de desenvolver nossa sensibilidade e inteligência, habilitando-as
plenamente para uma leitura mais abrangente do mundo; de despertar nossa
capacidade de indignação, criando em cada um de nós uma consciência crítica da
realidade circundante; de alicerçar nossa conduta ética no trato social, a fim de
aperfeiçoar nossas inter-relações humanas; e de desenvolver nossa capacidade de
compreensão e absorção da atividade estética, a partir de uma prática hermenêutica
consistente. (SILVA, 2013, p. 308)

Assim, a leitura faz a mediação entre o homem e o mundo, pois é através dela que o
homem consegue entender o mundo em que vive. Nesse sentido, o ato de ler não torna algo
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sem sentido, ou apenas uma decodificação de símbolos e letras, mas um instrumento poderoso
de ressignificação e entendimento do mundo que nos rodeia. Ler é captar a realidade objetiva
e transformá-la por meio da capacidade criativa num fato subjetivo, imaginário, representativo
e simbólico. E através disso o homem passa a ocupar um lugar na sociedade.

Segundo Silva (1991), a leitura é um ato de conhecimento, pois ler significa perceber
e compreender as relações existentes no mundo. “A leitura é uma atividade ao mesmo tempo
individual e social.

É individual porque nela se manifestam particularidades do leitor: suas


características intelectuais, sua memória, sua história e é social porque está sujeita às
convenções linguísticas, ao contexto social, à política”. (NUNES, 1994, p.14).

Em vista disso, Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros demonstram que é preciso “fazer da


leitura literária uma sedução, um desafio, um prazer, uma conquista, um hábito: para isso,
incorporá-la ao cotidiano escolar” (2013, p.81).

Seguindo essa linha de pensamento, Silva evidencia que:

[...] esse contato com a obra literária necessita ser conduzida de forma prazerosa e
encantadora, pois, pela forma coercitiva como muitas vezes ela é introduzida no
ambiente escolar, perde sua função fruitiva, condição essencial para deflagrar o
processo de formação de leitores (SILVA, 2008, p 22 e 23).

Promover o estudo da literatura maranhense nas aulas de Língua Portuguesa se faz


importante, pois ao mesmo tempo que atua na formação do leitor literário ajuda a propagar a
cultura, proporcionando uma memória coletiva e um processo de identificação sociocultural.

A literatura afirma Antônio Candido (1985)

É um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só


vivem na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a.
[...] a obra de arte só está acabada no momento em que se repercute e atua, porque
sociologicamente, a arte é um sistema simbólico de comunicação inter-humana. Ora,
todo processo de comunicação pressupõe um comunicante, no caso o artista; um
comunicado, ou seja, a obra; um comunicando, que é o público a que se dirige;
graças a isso define-se o quarto elemento do seu processo, isto é, o seu efeito
(CANDIDO, 1985, p.25).

A literatura como arte reflete as representações da cultura de um povo e a língua,


obviamente, é uma das formas de manifestar a cultura. A dissociação entre língua e cultura é
uma das problemáticas que precisa ser desmistificada.
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Estudar as contribuições literárias de um povo é construir sua própria identidade, é


entender sua cultura, sua história. Quando falamos em identidade, estamos falando do
sentimento de existência, de representação que temos de nós mesmos.

A literatura traduz particularidades locais, expressando traços da realidade social e do


momento histórico, pois através dela o ser humano percebe o mundo que está ao seu redor.
“Assim como arte não é algo destacado da prática social, as visões de mundo veiculadas por
meio da criação literária não são elaborações de um indivíduo isolado. Elas são
compartilhadas e também referidas a grupos sociais mais amplos e, nesse sentido, são
coletivas” (FACINA, 2004, p. 32).”

Nesse sentido, o uso da literatura maranhense no processo de ensino-aprendizagem


representa um instrumento poderoso, tanto na formação leitora, quanto na reflexão crítica,
aproximando o aluno de sua cultura e despertando seu sentimento de pertencimento de sua
terra.

5 METODOLOGIA

Propõe-se com esse projeto estudar os gêneros literários de diversas esferas


discursivas, através da análise de textos da literatura maranhense, afim de formar leitores
críticos, conscientes e atuantes no mundo. Acrescido a este intento, discutir a importância da
leitura e tornar as aulas de Língua portuguesa mais dinâmicas e atrativas.

O ensino da Língua portuguesa, por meio da leitura literária, promove a educação


com vista a ampliação de seus limites culturais e sociais, o que acentua a responsabilidade
do professor diante do aluno, no sentido de incentivá-lo e capacitá-lo para uma leitura
mais ativa e competente.

O projeto, realizado na forma descritiva, será realizado com base em elementos da


abordagem qualitativa, considerando a necessidade de compreensão dos fenômenos existentes
no processo a partir de prismas diferenciados. Preliminarmente, será realizada pesquisa
bibliográfica e documental com o intuito de refinar a discussão teórica e das metodologias a
serem utilizadas nas etapas subsequentes, bem como para produção de material didático,
sendo utilizadas como fontes biografias, títulos de obras e fragmentos de textos da Literatura
14

do Maranhão, associados ao ensino dos gêneros textuais da Língua portuguesas com o intuito
de socializar esses textos em sala de aula através de leituras e comentários.

Após esse momento, serão feitas entrevistas com professores e alunos, com o intuito
de levantar dados relacionados a conhecimento que estes têm a respeito da literatura de seu
Estado, o contato com o texto literário, e sobre sua formação leitora, além da influência desta
na construção individual e social de cada um dos envolvidos. Com o processamento das
informações das entrevistas e pesquisas anteriores, serão arrolados os gêneros textuais
estudados em cada bimestre, e textos em prosa e em verso da Literatura maranhense que
exemplifiquem e caracterizem as tipologias textuais trabalhadas, bem como a análise desses
textos, enfocando o contexto histórico em que foi produzido, sua influência social, política,
religiosa e cultural, além da ênfase nos autores maranhenses, conhecendo um pouco sobre
biografia dos mesmos.

6 CRONOGRAMA

ATIVIDADES ANO/SEMESTRE

2024.1 2024.2 2025.1 2025.2

PARTICIPAÇÃO NAS DISCIPLINAS X X

ELABORAÇÃO DO PROJETO X

APROFUNDAMENTO TEÓRICO X X X X

PESQUISA DE CAMPO X

ENTREVISTAS/QUESTIONÁRIOS X

CONSTRUÇÃO E TRANSCRIÇÃO DE
DADOS X X

ANÁLISE DE DADOS X X

ELABORAÇÃO DO MATERIAL DO X X
15

EXAME DE QUALIFICAÇÃO

EXAME DE QUALIFICAÇÃO X

REDAÇÃO E REVISÃO DA DISSERTAÇÃO X X

DEFESA X

6 REFERÊNCIAS

ANTUNES, I. Língua, Texto e Ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009.
ASSIS, Emanoel Cesar Pires; CORREIRA, Marcus Vinicius Sousa. A leitura literária como
auxílio pedagógico: o processo ensino- aprendizagem em foco. In: GOMES, Angela Maria
(Organizadora). Notas sobre a literatura, leitura e linguagens. Ponta Grossa: Atena Editora,
2019.
ASSIS, Emanoel Cesar Pires; SOUSA, Leydiane Maria. Letramento literário e mediação de
leitura: uma proposta a partir do conto O cavalo imaginário, de Moacyr Scliar. In:
Diálogos Pertinentes - Revista científica de Letras. Vol 15, n 2, p. 65- 68, 2019.
BORGES, Valdeci Rezende. História e Literatura: algumas considerações. Revista de
Teoria da História. Ano 1, número 3/junh, 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum
curricular.,DF2016.Dispem:<https://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio>Aces em:
03 de setebro de 2023.
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