RESUMO BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares – estratégias para a
educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília,
MEC/SEF/SEESP, 1999.
ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS - 1998, PUBLICADO EM 1999
Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados procurando, de um lado, respeitar
diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e, de outro, considerar a
necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as
regiões brasileiras. Com isso, pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos
nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e
reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania.
OBJETIVOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que
os alunos sejam capazes de:
1. compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício
de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de
solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo
para si o mesmo respeito;
2. posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações
sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões
coletivas;
3. conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e
culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional
e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;
4. conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como
aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de
sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;
5. perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente
para a melhoria do meio ambiente;
6. desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em
suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e
de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no
exercício da cidadania;
7. conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis
como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade
em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
8. utilizar as diferentes linguagens — verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e
corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar
e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a
diferentes intenções e situações de comunicação;
9. saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e
construir conhecimentos;
10. questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando
para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise
crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.
APRESENTAÇÃO
Considerar a diversidade que se verifica entre os educandos nas instituições escolares
requer medidas de flexibilização e dinamização do currículo para atender, efetivamente, às
necessidades educacionais especiais dos que apresentam deficiência(s), altas habilidades
(superdotação), condutas típicas de síndromes ou condições outras que venham a
diferenciar a demanda de determinados alunos com relação aos demais colegas. Essas
condições exigem a atenção da comunidade escolar para viabilizar a todos os alunos,
indiscriminadamente, o acesso à aprendizagem, ao conhecimento e ao conjunto de
experiências curriculares disponibilizadas ao ambiente educacional, a despeito de
necessidades diferenciadas que possam apresentar.
“... a não-garantia de acesso à escola na idade própria, seja por incúria do Poder Público ou
por omissão da família e da sociedade, é a forma mais perversa e irremediável de exclusão
social, pois nega o direito elementar de cidadania”
Com base no reconhecimento da diversidade existente na população escolar e na
necessidade de respeitar e atender a essa diversidade, o presente trabalho focaliza o
currículo como ferramenta básica da escolarização; busca dimensionar o sentido e o
alcance que se pretende dar às adaptações curriculares como estratégias e critérios de
atuação docente; e admite decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às
maneiras peculiares de os alunos aprenderem, considerando que o processo de
ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades dos alunos na
escola.
O presente trabalho focaliza as necessidades educacionais especiais, os alunos que as
apresentam e oferece aos educadores referências para a identificação dos que podem
necessitar.
de adaptações curriculares, bem como os tipos de adaptações possivelmente necessárias e
o que se pretende obter com a utilização dessas medidas. Essas adaptações resguardam o
caráter de flexibilidade e dinamicidade que o currículo escolar deve ter, ou seja, a
convergência com as condições do aluno e a correspondência com as finalidades da
educação na dialética de ensino e aprendizagem.
Não se colocam, portanto, como soluções remediativas para “males diagnosticados” nos
alunos, nem justificam a cristalização do ato pedagógico igualmente produzido para todos
na sala de aula.
Do mesmo modo, não defendem a concepção de que a escola dispõe sempre de uma
estrutura apropriada ou realiza um fazer pedagógico adequado a que o educando deve se
adaptar. Implica, sim, a convicção de que o aluno e a escola devem se aprimorar para
alcançar a eficiência da educação a partir da interatividade entre esses dois atores.
EDUCAÇÃO PARA TODOS
O movimento nacional para incluir todas as crianças na escola e o ideal de uma escola para
todos vêm dando novo rumo às expectativas educacionais para os alunos com
necessidades especiais.
Esses movimentos evidenciam grande impulso desde a década de 90 no que se refere à
colocação de alunos com deficiência na rede regular de ensino e têm avançado
aceleradamente em alguns países desenvolvidos, constatando-se que a inclusão
bem-sucedida desses educandos requer um sistema educacional diferente do atualmente
disponível. Implicam a inserção de todos, sem distinção de condições lingüísticas,
sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas, socioeconômicas ou outras e requer
sistemas educacionais planejados e organizados que dêem conta da diversidade dos
alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e necessidades.
O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstáculos impostos
pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se com dificuldades
operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos humanos, pedagógicos e
físicos ainda não contemplados.
A FALTA dos recursos humanos, especificamente dos professores das classes regulares,
que precisam ser efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa. A
formação e a capacitação docente impõem-se como meta principal a ser alcançada na
concretização do sistema educacional que inclua a todos, verdadeiramente.
Observe-se a legislação atual. Quando se preconiza, para o aluno com necessidades
especiais, o atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de
ensino, evidencia-se uma clara opção pela política de integração no texto da lei, não
devendo a integração – seja como política ou como princípio norteador – ser penalizada em
decorrência dos erros que têm sido identificados na sua operacionalização nas últimas
décadas.
Como atender a essa diversidade? Sem pretender respostas conclusivas, sugere-se estas,
dentre outra medidas:
● elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos, desde a
concepção dos objetivos;
● reconhecer todos os tipos de capacidades presentes na escola;
● sequenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de aprendizagem dos
educandos;
● adotar metodologias diversas e motivadoras;
● avaliar os educandos numa abordagem processual e emancipadora, em função do
seu progresso e do que poderá vir a conquistar.
O processo de inclusão é gradual, interativo e culturalmente determinado, requerendo a
participação do próprio aluno na construção do ambiente escolar que lhe seja favorável.
Embora os sistemas educacionais tenham a intenção de realizar intervenções pedagógicas
que propiciem às pessoas com necessidades especiais uma melhor educação, sabe-se que
a própria sociedade ainda não alcançou níveis de integração que favoreçam essa
expectativa. Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada.
A educação tem se destacado como um meio privilegiado de favorecer o processo de
inclusão social dos cidadãos
Concepção médicopsicopedagógica quanto à identificação e ao atendimento de alunos
com necessidades especiais. Focaliza a deficiência como condição individual e minimiza a
importância do fator social na origem e manutenção do estigma que cerca essa população
específica. Essa visão está na base de expectativas massificadas de desempenho escolar
dos alunos, sem flexibilidade curricular que contemple as diferenças individuais.
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma perspectiva mais ampla, que
ultrapassa a simples concepção de atendimentos especializados tal como vinha sendo a
sua marca nos últimos tempos. Conforme define a nova LDB, trata-se de uma modalidade
de educação escolar, voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da
cidadania.
Como elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se transversalmente,
em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo projeto, organização e prática
pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos, a exigir diferenciações nos atos
pedagógicos que contemplem as necessidades educacionais de todos.
Os serviços educacionais especiais devem ter estratégia global de educação e visar suas
finalidades gerais.
Sua ação transversal permeia todos os níveis – educação infantil, ensino fundamental,
ensino médio e educação superior, bem como as demais modalidades – educação de
jovens e adultos e educação profissional.
Necessidades educacionais especiais
A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à melhoria da
qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem como as perspectivas
de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa perspectiva, busca consolidar o
respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade.
A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimensão de
características de condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos:
● crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais
diferenciadas;
● crianças com deficiência e bem dotadas;
● crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;
● crianças de populações distantes ou nômades;
● crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais;
● crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados.
A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada para referir-se a
crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas
dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não
necessariamente vinculada a deficiência(s).
O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto
educacional – deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados,
incapacitados etc. – para referir-se aos alunos com altas habilidades/superdotação, aos
portadores de deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de
deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles requerem,
evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem interferir na sua
aprendizagem e escolarização.
” A classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional
especializado (preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá
ênfase a:
• portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla;
• portadores de condutas típicas (problemas de conduta);
• portadores de superdotação
Superdotação
Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos
isolados ou combinados:
• capacidade intelectual geral;
• aptidão acadêmica específica;
• pensamento criativo ou produtivo;
• capacidade de liderança;
• talento especial para artes;
• capacidade psicomotora.
Condutas típicas
Manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes e quadros
psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e
prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional
especializado.
Deficiência auditiva
Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala por
intermédio do ouvido.
Manifesta-se como:
• surdez leve / moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, mas não impede o
indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana, com ou sem a
utilização de um aparelho auditivo;
• surdez severa / profunda: perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de
entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem como de adquirir,
naturalmente, o código da língua oral.
Deficiência física
Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de
coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas,
neuromusculares e ortopédicas, ou, ainda, de malformações congênitas ou adquiridas.
Deficiência mental
Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da
média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a
duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder
adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos:
• comunicação;
• cuidados pessoais;
• habilidades sociais;
• desempenho na família e comunidade;
• independência na locomoção;
• saúde e segurança;
• desempenho escolar;
• lazer e trabalho.
Deficiência visual
É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor
correção ótica.
Manifesta-se como:
• cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho após
correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor
olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira
representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do
método braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e
equipamentos especiais para a sua educação;
• visão reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção máxima.
Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando ler
impressos a tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais.
Deficiência múltipla
É a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (mental/
visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento
global e na capacidade adaptativa. As classificações costumam ser adotadas para dar
dinamicidade aos procedimentos e facilitar o trabalho educacional, conquanto isso não
atenue os efeitos negativos do seu uso.
É importante enfatizar, primeiramente, as necessidades de aprendizagem e as respostas
educacionais requeridas pelos alunos na interação dinâmica do processo de
ensino-aprendizagem.
Não se pode negar os condicionantes orgânicos, socioculturais e psíquicos que estão
associados a vários tipos de deficiências ou a influência que esses fatores podem exercer
no sucesso ou insucesso escolar do educando, mas não se pode advogar sua hegemonia
como determinantes na causalidade do fracasso escolar, ou como modo de justificar uma
ação escolar pouco eficaz.
O esforço empreendido para mudar essa concepção de educação especial baseia-se em
pressupostos atualmente defendidos ao se focalizarem as dificuldades para aprender ou a
não aprendizagem na escola.
Dentre eles:
• o caráter de interatividade, que implica a relação do aluno como aprendente e da escola
como ensinante e estabelece uma associação entre o ato de ensinar e o de aprender, tendo
a considerar a mediação dos múltiplos fatores interligados que interferem nessas dinâmicas
e que apontam para a multicausalidade do fracasso escolar;
• o caráter de relatividade, que focaliza a possível transitoriedade das dificuldades de
aprendizagem, ao considerar as particularidades do aluno em dado momento e as
alterações nos elementos que compõem o contexto escolar e social, que são dinâmicos e
passíveis de mudança.
Nesse quadro, é necessário um novo olhar sobre a identificação de alunos como portadores
de necessidades especiais, bem como sobre as necessidades especiais que alguns alunos
possam apresentar.
IMPORTANTE RESSALTAR o papel desempenhado pelo professor da sala de aula. Não se
pode substituir a sua competência pela ação de apoio exercida pelo professor especializado
ou pelo trabalho das equipes interdisciplinares quando se trata da educação dos alunos.
Reconhecer a possibilidade de recorrer eventualmente ao apoio de professores
especializados e de outros profissionais (psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta etc.), não
significa abdicar e transferir para eles a responsabilidade do professor regente como
condutor da ação docente.
Currículo escolar
Contém as experiências, bem como a sua planificação no âmbito da escola, colocada à
disposição dos alunos visando a potencializar o seu desenvolvimento integral, a sua
aprendizagem e a capacidade de conviver de forma produtiva e construtiva na sociedade.
Essas experiências representam, em sentido mais amplo, o que o currículo exprime e
buscam concretizar as intenções dos sistemas educacionais e o plano cultural que eles
personalizam (no âmbito das instituições escolares) como modelo ideal de escola defendido
pela sociedade.
Nessa concepção, o currículo é construído a partir do projeto pedagógico da escola e
viabiliza a sua operacionalização, orientando as atividades educativas, as formas de
executá-las e definindo suas finalidades. Assim, pode ser visto como um guia sugerido
sobre o que, quando e como ensinar; o que, como e quando avaliar.
A concepção de currículo inclui, portanto, desde os aspectos básicos que envolvem os
fundamentos filosóficos e sociopolíticos da educação até os marcos teóricos e referenciais
técnicos e tecnológicos que a concretizam na sala de aula. Relaciona princípios e
operacionalização, teoria e prática, planejamento e ação.
O projeto pedagógico tem um caráter político e cultural e reflete os interesses, as
aspirações, as dúvidas e as expectativas da comunidade escolar.
A escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permita ajustar o fazer
pedagógico às necessidades dos alunos.
O projeto pedagógico da escola, como ponto de referência para definir a prática escolar,
deve orientar a operacionalização do currículo, como um recurso para promover o
desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, considerando-se os seguintes aspectos:
• a atitude favorável da escola para diversificar e flexibilizar o processo de
ensino-aprendizagem, de modo a atender às diferenças individuais dos alunos;
• a identificação das necessidades educacionais especiais para justificar a priorização de
recursos e meios favoráveis à sua educação;
• a adoção de currículos abertos e propostas curriculares diversificadas, em lugar de uma
concepção uniforme e homogeneizadora de currículo;
• a flexibilidade quanto à organização e ao funcionamento da escola, para atender à
demanda diversificada dos alunos;
• a possibilidade de incluir professores especializados, serviços de apoio e outros, não
convencionais, para favorecer o processo educacional.
Adaptações curriculares
Atender a esse contínuo de dificuldades requer respostas educacionais adequadas
envolvendo graduais e progressivas adaptações do currículo.
As adaptações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais de atuar frente às
dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do
currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos
com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável,
passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. Nessas
circunstâncias, as adaptações curriculares implicam a planificação pedagógica e a ações
docentes fundamentadas em critérios que definem:
• o que o aluno deve aprender;
• como e quando aprender;
• que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de
aprendizagem;
• como e quando avaliar o aluno.
Para que alunos com necessidades educacionais especiais possam participar integralmente
em um ambiente rico de oportunidades educacionais com resultados favoráveis, alguns
aspectos precisam ser considerados, destacando-se entre eles:
• a preparação e a dedicação da equipe educacional e dos professores;
• o apoio adequado e recursos especializados, quando forem necessários;
• as adaptações curriculares e de acesso ao currículo.
Algumas características curriculares facilitam o atendimento às necessidades educacionais
especiais dos alunos, dentre elas:
• atinjam o mesmo grau de abstração ou de conhecimento, num tempo determinado;
• desenvolvidas pelos demais colegas, embora não o façam com a mesma intensidade, em
necessariamente de igual modo ou com a mesma ação e grau de abstração.
Estão entre as necessidades do educando e as respostas educacionais a serem
propiciadas.
Destinadas aos que necessitam de serviços e/ou situações especiais de educação,
realizando-se, preferencialmente, em ambiente menos restritivo e pelo menor período de
tempo, de modo a favorecer a promoção do aluno a formas cada vez mais comuns de
ensino.
As necessidades especiais revelam que tipos de ajuda, diferentes das usuais, são
requeridas, de modo a cumprir as finalidades da educação. As respostas a essas
necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto pedagógico da escola, não
por meio de um currículo novo, mas, da adaptação progressiva do regular, buscando
garantir que os alunos com necessidades especiais participem de uma programação tão
normal quanto possível, mas considere as especificidades que as suas necessidades
possam requerer.
O currículo, é um instrumento útil, uma ferramenta que pode ser alterada para beneficiar o
desenvolvimento pessoal e social dos alunos, resultando em alterações que podem ser de
maior ou menor expressividade.
As adaptações organizativas têm um caráter facilitador do processo de ensino
aprendizagem e dizem respeito:
• ao tipo de agrupamento de alunos para a realização das atividades de
ensino-aprendizagem;
• à organização didática da aula – propõe conteúdos e objetivos de interesse do aluno ou
diversificados, para atender às suas necessidades especiais, bem como disposição física
de mobiliários, de materiais didáticos e de espaço disponíveis para trabalhos diversos;
• à organização dos períodos definidos para o desenvolvimento das atividades previstas –
propõe previsão de tempo diversificada para desenvolver os diferentes elementos do
currículo na sala de aula.
As adaptações relativas aos objetivos e conteúdos dizem respeito:
• à priorização de áreas ou unidades de conteúdos que garantam funcionalidade e que
sejam essenciais e instrumentais para as aprendizagens posteriores. Ex: habilidades de
leitura e escrita, cálculos etc.;
• à priorização de objetivos que enfatizam capacidades e habilidades básicas de atenção,
participação e adaptabilidade do aluno. Ex: desenvolvimento de habilidades sociais, de
trabalho em equipe, de persistência na tarefa etc.;
• à sequência pormenorizada de conteúdos que requeiram processos gradativos de menor à
maior complexidade das tarefas, atendendo à sequência de passos, à ordenação da
aprendizagem etc.;
• ao reforço da aprendizagem e à retomada de determinados conteúdos para garantir o seu
domínio e a sua consolidação;
• à eliminação de conteúdos menos relevantes, secundários para dar enfoque mais
intensivo e prolongado a conteúdos considerados básicos e essenciais no currículo.
As adaptações avaliativas dizem respeito:
• à seleção das técnicas e instrumentos utilizados para avaliar o aluno. Propõem
modificações sensíveis na forma de apresentação das técnicas e dos instrumentos de
avaliação, a sua linguagem, de um modo diferente dos demais alunos de modo que atenda
às peculiaridades dos que apresentam necessidades especiais.
As adaptações nos procedimentos didáticos e nas atividades de
ensino-aprendizagem referem-se ao como ensinar os componentes curriculares.
Dizem respeito:
• à alteração nos métodos definidos para o ensino dos conteúdos curriculares;
• à seleção de um método mais acessível para o aluno;
• à introdução de atividades complementares que requeiram habilidades diferentes ou a
fixação e consolidação de conhecimentos já ministrados – utilizadas para reforçar ou apoiar
o aluno, oferecer oportunidades de prática suplementar ou aprofundamento. São facilitadas
pelos trabalhos diversificados, que se realizam no mesmo segmento temporal;
• à introdução de atividades prévias que preparam o aluno para novas aprendizagens;
• à introdução de atividades alternativas além das planejadas para a turma, enquanto os
demais colegas realizam outras atividades. É indicada nas atividades mais complexas que
exigem uma seqüenciação de tarefas;
• à alteração do nível de abstração de uma atividade oferecendo recursos de apoio, sejam
visuais, auditivos, gráficos, materiais manipulativos etc.;
• à alteração do nível de complexidade das atividades por meio de recursos do tipo: eliminar
partes de seus componentes (simplificar um problema matemático, excluindo a necessidade
de alguns cálculos, é um exemplo); ou explicitar os passos que devem ser seguidos para
orientar a solução da tarefa, ou seja, oferecer apoio, especificando passo a passo a sua
realização;
• à alteração na seleção de materiais e adaptação de materiais – uso de máquina braille
para o aluno cego, calculadoras científicas para alunos com altas habilidades/superdotados
etc.
As adaptações na temporalidade dizem respeito:
• à alteração no tempo previsto para a realização das atividades ou conteúdos;
• ao período para alcançar determinados objetivos.
O que se almeja é a busca de soluções para as necessidades específicas do aluno e, não,
o fracasso na viabilização do processo de ensino-aprendizagem. As demandas escolares
precisam ser ajustadas, para favorecer a inclusão do aluno. É importante observar que as
adaptações focalizam as capacidades, o potencial, a zona de desenvolvimento proximal
(nos termos de Vygotsky) e não se centralizam nas deficiências e limitações do aluno, como
tradicionalmente ocorria.
Adaptações curriculares significativas.
As adaptações relativas aos objetivos sugerem decisões que modificam significativamente o
planejamento quanto aos objetivos definidos, adotando uma ou mais das seguintes
alternativas:
• eliminação de objetivos básicos – quando extrapolam as condições do aluno para atingi-lo,
temporária ou permanentemente;
• introdução de objetivos específicos alternativos – não previstos para os demais alunos,
mas que podem ser incluídos em substituição a outros que não podem ser alcançados,
temporária ou permanentemente;
• introdução de objetivos específicos complementares – não previstos para os demais
alunos, mas acrescidos na programação pedagógica para suplementar necessidades
específicas.
As adaptações relativas aos conteúdos incidem sobre conteúdos básicos e
essenciais do currículo e requerem uma avaliação criteriosa para serem adotados.
Dizem respeito:
• à introdução de novos conteúdos não-revistos para os demais alunos, mas essenciais
para alguns, em particular;
• eliminação de conteúdos que, embora essenciais no currículo, sejam inviáveis de
aquisição por parte do aluno. Geralmente estão associados a objetivos que também tiveram
de ser eliminados.
As adaptações relativas à metodologia são consideradas significativas quando implicam
uma modificação expressiva no planejamento e na atuação docente. Dizem respeito:
• à introdução de métodos muito específicos para atender às necessidades particulares do
aluno. De um modo geral, são orientados por professor especializado;
• às alterações nos procedimentos didáticos usualmente adotados pelo professor;
• à organização significativamente diferenciada da sala de aula para atender às
necessidades específicas do aluno.
As adaptações significativas na avaliação estão vinculadas às alterações nos objetivos e
conteúdos que foram acrescidos ou eliminados.
Desse modo, influenciam os resultados que levam, ou não, à promoção do aluno e evitam a
“cobrança” de conteúdos e habilidades que possam estar além de suas atuais
possibilidades de aprendizagem e aquisição. As adaptações significativas na temporalidade
referem-se ao ajuste temporal possível para que o aluno adquira conhecimentos e
habilidades que estão ao seu alcance, mas que dependem do ritmo próprio ou do
desenvolvimento de um repertório anterior que seja indispensável para novas
aprendizagens.
Desse modo, requerem uma criteriosa avaliação do aluno e do contexto escolar e familiar,
porque podem resultar em um prolongamento significativo do tempo de escolarização do
aluno, ou seja, em sua retenção. Não caracteriza reprovação, mas parcelamento e
sequenciação de objetivos e conteúdos.
Níveis de Adaptações Curriculares
As adaptações curriculares não devem ser entendidas como um processo exclusivamente
individual ou uma decisão que envolve apenas o professor e o aluno. Realizam-se em três
níveis:
• no âmbito do projeto pedagógico (currículo escolar);
• no currículo desenvolvido na sala de aula;
• no nível individual.
ADAPTAÇÕES NO NÍVEL DO PROJETO PEDAGÓGICO (CURRÍCULO ESCOLAR)
Referem-se a medidas de ajuste do currículo em geral, que nem sempre precisam resultar
em adaptações individualizadas.
Essas medidas podem se concretizar nas seguintes situações ilustrativas:
• a escola flexibiliza os critérios e os procedimentos pedagógicos levando em conta a
diversidade dos seus alunos;
• o contexto escolar permite discussões e propicia medidas diferenciadas metodológicas e
de avaliação e promoção que contemplam as diferenças individuais dos alunos;
• a escola favorece e estimula a diversificação de técnicas, procedimentos e estratégias de
ensino, de modo que ajuste o processo de ensino e aprendizagem às características,
potencialidades e capacidades dos alunos;
• a comunidade escolar realiza avaliações do contexto que interferem no processo
pedagógico;
• a escola assume a responsabilidade na identificação e avaliação diagnóstica dos alunos
que apresentam necessidades educacionais especiais, com o apoio dos setores do sistema
e outras articulações;
• a escola elabora documentos informativos mais completos e elucidativos;
• a escola define objetivos gerais levando em conta a diversidade dos alunos;
• O currículo escolar flexibiliza a priorização, a sequenciação e a eliminação de objetivos
específicos, para atender às diferenças individuais.
ABSURDO… As decisões curriculares devem envolver a equipe da escola para realizar a
avaliação, a identificação das necessidades especiais e providenciar o apoio
correspondente para o professor e o aluno. Devem reduzir ao mínimo, transferir as
responsabilidades de atendimento para profissionais fora do âmbito escolar ou exigir
recursos externos à escola.
ADAPTAÇÕES RELATIVAS AO CURRÍCULO DA CLASSE
As medidas adaptativas desse nível são realizadas pelo professor e destinam-se,
principalmente, à programação das atividades da sala de aula.
Focalizam a organização e os procedimentos didático-pedagógicos e destacam o como
fazer, a organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares e a
coordenação das atividades docentes, de modo que favoreça a efetiva participação e
integração do aluno, bem como a sua aprendizagem.
Os procedimentos de adaptação curricular destinados à classe devem constar na
programação de aula do professor e podem ser exemplificados nos seguintes exemplos
ilustrativos:
• a relação professor/aluno considera as dificuldades de comunicação do aluno, inclusive a
necessidade que alguns têm de utilizar sistemas alternativos (língua de sinais, sistema
braille, sistema bliss ou similares etc.);
• a relação entre colegas é marcada por atitudes positivas;
• os alunos são agrupados de modo que favoreça as relações sociais e o processo de
ensino e aprendizagem;
• o trabalho do professor da sala de aula e dos professores de apoio ou outros profissionais
envolvidos é realizado de forma cooperativa, interativa e bem definida do ponto de vista de
papéis, competência e coordenação;
• a organização do espaço e dos aspectos físicos da sala de aula considera a
funcionalidade, a boa utilização e a otimização desses recursos;
• a seleção, a adaptação e a utilização dos recursos materiais, equipamentos e mobiliários
realizam-se de modo que favoreça a aprendizagem de todos os alunos;
• a organização do tempo é feita considerando os serviços de apoio ao aluno e o respeito ao
ritmo próprio de aprendizagem e desempenho de cada um;
• a avaliação é flexível de modo que considere a diversificação de critérios, de instrumentos,
procedimentos e leve em conta diferentes situações de ensino e aprendizagem e condições
individuais dos alunos;
• as metodologias, as atividades e procedimentos de ensino são organizados e realizados
levando-se em conta o nível de compreensão e a motivação dos alunos; os sistemas de
comunicação que utilizam, favorecendo a experiência, a participação e o estímulo à
expressão;
• o planejamento é organizado de modo que contenha atividades amplas com diferentes
níveis de dificuldades e de realização;
• as atividades são realizadas de várias formas, com diferentes tipos de execução,
envolvendo situações individuais e grupais, cooperativamente, favorecendo
comportamentos de ajuda mútua;
• os objetivos são acrescentados, eliminados ou adaptados de modo que atenda às
peculiaridades individuais e grupais na sala de aula.
As adaptações no nível da sala de aula visam a tornar possível a real participação do aluno
e a sua aprendizagem eficiente no ambiente da escola regular. Consideram, inclusive, a
organização do tempo de modo a incluir as atividades destinadas ao atendimento
especializado fora do horário normal de aula, muitas vezes necessários e indispensáveis ao
aluno.
ADAPTAÇÕES INDIVIDUALIZADAS DO CURRÍCULO
As modalidades adaptativas, nesse nível, focalizam a atuação do professor na avaliação e
no atendimento do aluno.
As adaptações têm o currículo regular como referência básica, adotam formas progressivas
de adequá-lo, norteando a organização do trabalho consoante com as necessidades do
aluno (adaptação processual).
Alguns aspectos devem ser previamente considerados para se identificar a necessidade
das adaptações curriculares, em qualquer nível:
• a real necessidade dessas adaptações;
• a avaliação do nível de competência curricular do aluno, tendo como referência o currículo
regular;
• o respeito ao seu caráter processual, de modo que permita alterações constantes e
graduais nas tomadas de decisão.
É importante ressaltar que as adaptações curriculares, seja para atender alunos nas classes
comuns ou em classes especiais, não se aplicam exclusivamente à escola regular, devendo
ser utilizadas para os que estudam em escolas especializadas, quando a inclusão não for
possível.
Além da classificação, por níveis, as medidas adaptativas podem se distinguir em 2
categorias:
1. adaptações de acesso ao currículo e
2. nos elementos curriculares.
ADAPTAÇÕES DE ACESSO AO CURRÍCULO
Correspondem ao conjunto de modificações nos elementos físicos e materiais do ensino,
bem como aos recursos pessoais do professor quanto ao seu preparo para trabalhar com
os alunos.
As seguintes medidas constituem adaptações de acesso ao currículo:
• criar condições físicas, ambientais e materiais para o aluno na sua unidade escolar de
atendimento;
• propiciar os melhores níveis de comunicação e interação com as pessoas com as quais
convive na comunidade escolar;
• favorecer a participação nas atividades escolares;
• propiciar o mobiliário específico necessário;
• fornecer ou atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais específicos
necessários;
• adaptar materiais de uso comum em sala de aula;
• adotar sistemas de comunicação alternativos para os alunos impedidos de comunicação
oral (no processo de ensino aprendizagem e na avaliação).
Sugestões que favorecem o acesso ao currículo:
• agrupar os alunos de uma maneira que facilite a realização de atividades em grupo e
incentive a comunicação e as relações interpessoais;
• propiciar ambientes com adequada luminosidade, sonoridade e movimentação;
• encorajar, estimular e reforçar a comunicação, a participação, o sucesso, a iniciativa e o
desempenho do aluno;
• adaptar materiais escritos de uso comum: destacar alguns aspectos que necessitam ser
apreendidos com cores, desenhos, traços; cobrir partes que podem desviar a atenção do
aluno; incluir desenhos, gráficos que ajudem na compreensão; destacar imagens; modificar
conteúdos de material escrito de modo a torná-lo mais acessível à compreensão etc.;
• providenciar adaptação de instrumentos de avaliação e de ensino aprendizagem;
• favorecer o processo comunicativo entre aluno-professor, aluno aluno, aluno-adultos;
• providenciar softwares educativos específicos;
• despertar a motivação, a atenção e o interesse do aluno;
• apoiar o uso dos materiais de ensino-aprendizagem de uso comum;
• atuar para eliminar sentimentos de inferioridade, menos valia e fracasso.
Sugestões de recursos de acesso ao currículo para alunos com necessidades
especiais, segundo necessidades específicas:
Para alunos com deficiência visual
• materiais desportivos adaptados: bola de guizo e outros;
• sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno: sistema braille,
tipos escritos ampliados;
• textos escritos com outros elementos (ilustrações táteis) para melhorar a compreensão;
• posicionamento do aluno na sala de aula de modo que favoreça sua possibilidade de ouvir
o professor;
• deslocamento do aluno na sala de aula para obter materiais ou informações, facilitado pela
disposição do mobiliário;
• explicações verbais sobre todo o material apresentado em aula, de maneira visual;
• boa postura do aluno, evitando-se os maneirismos comumente exibidos pelos que são
cegos;
• adaptação de materiais escritos de uso comum: tamanho das letras, relevo, softwares
educativos em tipo ampliado, textura modificada etc.;
• máquina braille, reglete, sorobã, bengala longa, livro falado etc.;
• Organização espacial para facilitar a mobilidade e evitar acidentes: colocação de
extintores de incêndio em posição mais alta, pistas olfativas para orientar na localização de
ambientes, espaço entre as carteiras para facilitar o deslocamento, corrimão nas escadas
etc.;
• material didático e de avaliação em tipo ampliado para os alunos com baixa visão e em
braille e relevo para os cegos;
• braille para alunos e professores videntes que desejarem conhecer o referido sistema;
• materiais de ensino-aprendizagem de uso comum: pranchas ou presilhas para não
deslizar o papel, lupas, computador com sintetizador de vozes e periféricos adaptados etc.;
• recursos ópticos;
• apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e mobilidade, visando à
locomoção independente do aluno.
Para alunos com deficiência auditiva
• materiais e equipamentos específicos: prótese auditiva, treinadores de fala, tablado,
softwares educativos específicos etc.;
• textos escritos complementados com elementos que favoreçam a sua compreensão:
linguagem gestual, língua de sinais e outros;
• sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno: leitura orofacial,
linguagem gestual e de sinais;
• salas-ambiente para treinamento auditivo, de fala, rítmico etc.;
• posicionamento do aluno na sala de tal modo que possa ver os movimentos orofaciais do
professor e dos colegas;
• material visual e outros de apoio, para favorecer a apreensão das informações expostas
verbalmente; Para alunos com deficiência mental
• ambientes de aula que favoreçam a aprendizagem, tais como: atelier, cantinhos, oficinas
etc.;
• desenvolvimento de habilidades adaptativas: sociais, de comunicação, cuidado pessoal e
autonomia.
Para alunos com deficiência física
• sistemas aumentativos ou alternativos de comunicação adaptado às possibilidades do
aluno impedido de falar: sistemas de símbolos (baseados em elementos representativos,
em desenhos lineares, sistemas que combinam símbolos pictográficos, ideográficos e
arbitrários, sistemas baseados na ortografia tradicional, linguagem codificada), auxílios
físicos ou técnicos (tabuleiros de comunicação ou sinalizadores mecânicos, tecnologia
microeletrônica), comunicação total e outros;
• adaptação dos elementos materiais: edifício escolar (rampa deslizante, elevador, banheiro,
pátio de recreio, barras de apoio, alargamento de portas etc.); mobiliário (cadeiras, mesas e
carteiras); materiais de apoio (andador, coletes, abdutor de pernas, faixas restringidoras
etc.); materiais de apoio pedagógico (tesoura, ponteiras, computadores que funcionam por
contato, por pressão ou outros tipos de adaptação etc.);
• deslocamento de alunos que usam cadeira de rodas ou outros equipamentos, facilitado
pela remoção de barreiras arquitetônicas;
• utilização de pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, suporte para lápis, presilha
de braço, cobertura de teclado etc.;
textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e sistemas de
comunicação.
Para alunos com superdotação
• evitar sentimentos de superioridade, rejeição dos demais colegas, sentimentos de
isolamento etc.;
• pesquisa, de persistência na tarefa e o engajamento em atividades cooperativas;
• materiais, equipamentos e mobiliários que facilitem os trabalhos educativos;
• ambientes favoráveis de aprendizagem como: ateliê, laboratórios, bibliotecas etc.;
• materiais escritos de modo que estimule a criatividade: lâminas, pôsteres, murais; inclusão
de figuras, gráficos, imagens etc., e de elementos que despertam novas possibilidades.
Para alunos com deficiências múltiplas
As adaptações de acesso para esses alunos devem considerar as deficiências que se
apresentam distintamente e a associação de deficiências agrupadas: surdez-cegueira,
deficiência visual-mental, deficiência física-auditiva etc. As adaptações de acesso devem
contemplar a funcionalidade e as condições individuais do aluno:
• ambientes de aula que favoreça a aprendizagem, como: ateliê, cantinhos, oficinas;
• acesso à atenção do professor;
• materiais de aula: mostrar os objetos, entregá-los, brincar com eles, estimulando os alunos
a utilizá-los;
• apoio para que o aluno perceba os objetos, demonstrem interesse e tenham acesso a
eles.
Para alunos com condutas típicas de síndromes e quadros clínicos (Chamamos hoje
de TGDs, casos como autismo, que hoje é tido como deficiência)
O comportamento desses alunos não se manifesta por igual nem parece ter o mesmo
significado e expressão nas diferentes etapas de suas vidas. Existem importantes
diferenças entre as síndromes e quadros clínicos que caracterizam as condições individuais
e apresentam efeitos mais ou menos limitantes. As seguintes sugestões favorecem o
acesso ao currículo:
• encorajar o estabelecimento de relações com o ambiente físico e social;
• oportunizar e exercitar o desenvolvimento de suas competências;
• estimular a atenção do aluno para as atividades escolares;
• utilizar instruções e sinais claros, simples e contingentes com as atividades realizadas;
• oferecer modelos adequados e corretos de aprendizagem (evitar alternativas do tipo
“aprendizagem por ensaio e erro”);
• favorecer o bem-estar emocional.
ADAPTAÇÕES NOS ELEMENTOS CURRICULARES
Focalizam as formas de ensinar e avaliar, bem como os conteúdos a serem ministrados,
considerando a temporalidade. São definidas como alterações realizadas nos objetivos,
conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para atender
às diferenças individuais dos alunos. Medidas adotadas para as adaptações nos elementos
curriculares:
Adaptações metodológicas e didáticas
Realizam-se por meio de procedimentos técnicos e metodológicos, estratégias de ensino e
aprendizagem, procedimentos avaliativos e atividades programadas para os alunos. São
exemplos de adaptações metodológicas e didáticas:
• situar o aluno nos grupos com os quais melhor possa trabalhar;
• adotar métodos e técnicas de ensino e aprendizagem específicas para o aluno, na
operacionalização dos conteúdos curriculares, sem prejuízo para as atividades docentes;
• utilizar técnicas, procedimentos e instrumentos de avaliação distintos da classe, quando
necessário, sem alterar os objetivos da avaliação e seu conteúdo;
• propiciar apoio físico, visual, verbal e outros ao aluno impedido em suas capacidades,
temporária ou permanentemente, de modo que permita a realização das atividades
escolares e do processo avaliativo. O apoio pode ser oferecido pelo professor regente,
professor especializado ou pelos próprios colegas;
• introduzir atividades individuais complementares para o aluno alcançar os objetivos
comuns aos demais colegas. Essas atividades podem realizar-se na própria sala de aula ou
em atendimentos de apoio;
• introduzir atividades complementares específicas para o aluno, individualmente ou em
grupo;
• eliminar atividades que não beneficiem o aluno ou lhe restrinja uma participação ativa e
real ou, ainda, que esteja impossibilitado de executar;
• suprimir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser alcançados pelo aluno em
razão de sua(s) deficiência(s); substituílos por objetivos e conteúdos acessíveis,
significativos e básicos, para o aluno.
Adaptações dos conteúdos curriculares e no processo avaliativo
Consistem em adaptações individuais dentro da programação regular, considerando-se os
objetivos, os conteúdos e os critérios de avaliação para responder às necessidades de cada
aluno. São exemplos dessas estratégias adaptativas:
• adequar os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, o que implica modificar os
objetivos, considerando as condições do aluno em relação aos demais colegas da turma;
• priorizar determinados objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, para dar ênfase aos
objetivos que contemplem as deficiências do aluno, suas condutas típicas ou altas
habilidades. Essa priorização não implica abandonar os objetivos definidos para o seu
grupo, mas acrescentar outros, concernentes com suas necessidades educacionais
especiais;
• mudar a temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, isto é, considerar
que o aluno com necessidades especiais pode alcançar os objetivos comuns ao grupo,
mesmo que possa requerer um período mais longo de tempo. De igual modo, poderá
necessitar de período variável para o processo de ensino aprendizagem e o
desenvolvimento de suas habilidades;
• mudar a temporalidade das disciplinas do curso, série ou ciclo, ou seja, cursar menos
disciplinas durante o ano letivo e, desse modo, estender o período de duração do curso,
série ou ciclo que freqüenta;
• introduzir conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, o que implica considerar a
possibilidade de acréscimo desses elementos na ação educativa caso necessário à
educação do aluno com necessidades especiais. É o caso da ampliação dos componentes
curriculares específicos destinados aos portadores de deficiências e de condutas típicas, e
dos programas de aprofundamento/enriquecimento curricular propostos para os alunos com
superdotação. O acréscimo de objetivos, conteúdos e critérios de avaliação não pressupõe
a eliminação ou redução dos elementos constantes do currículo regular desenvolvido pelo
aluno;
• eliminar conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, definidos para o grupo de referência
do aluno, em razão de suas deficiências ou limitações pessoais. A supressão desses
conteúdos e objetivos da programação educacional regular não deve causar prejuízo para a
sua escolarização e promoção acadêmica. Deve considerar, rigorosamente, o significado
dos conteúdos, ou seja, se são básicos, fundamentais e pré-requisitos para aprendizagens
posteriores.
As medidas de adaptações curriculares devem considerar os seguintes aspectos, dentre
outros:
• ser precedida de uma criteriosa avaliação do aluno, considerando a sua competência
acadêmica;
• fundamentar-se na análise do contexto escolar e familiar, que favoreça a identificação dos
elementos adaptativos necessários que possibilitem as alterações indicadas;
• contar com a participação da equipe docente e técnica da escola e com o apoio de uma
equipe psicopedagógica (integrada por psicólogo, fonoaudiólogo, médico e outros) quando
possível e necessário;
• promover o registro documental das medidas adaptativas adotadas, para integrar o acervo
documental do aluno;
• evitar que as programações individuais sejam definidas, organizadas e realizadas com
prejuízo para o aluno, ou seja, para o seu desempenho, promoção escolar e socialização;
• adotar critérios para evitar adaptações curriculares muito significativas, que impliquem
supressões de conteúdos expressivos (quantitativa e qualitativamente), bem como a
eliminação de disciplinas ou de áreas curriculares completas.