Especialização em TEA –
Transtorno do Espectro
Autista
Profª Ms. Rosana רחלPonomavenco
[email protected]
- Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
- Pós-Graduada em ABA – Análise do Comportamento Aplicada ao TEA e
Desenvolvimento Atípico (Centro Paradigma Ciências do Comportamento)
Inclusão é uma coisa que nós fazemos no coletivo!
É remover todas as barreiras possíveis de prever e resolver os desafios que vão
aparecendo durante o processo!
É entender que as pessoas não tem obrigação de saber... É preciso sensibilizar o
máximo de pessoas no processo da inclusão!
É olhar para a pessoa com TEA e entender que com o suporte adequado... É possível
resultados incríveis e inesperados.
Rosana Raquel Ponomavenco
Agradecimento Especial:
@salomao.schwartzman – Neurologista da Infância e Adolescência, professor do
programa de Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
@draraqueldelmonde – Médica especialista em autismo e demais transtornos do
neurodesenvolvimento.
@paulo_liberalesso – Neuropediatra. Mestre em Neurociência. Doutor em Distúrbios
da Comunicação. Diretor Técnico do CERENA. @tea.cerena
@lucelmo.lacerda – Cientista; Professor e Psicopedagogo. Doutor em Educação. Pós-
Doc. em Psicologia e Pesquisador em Autismo e Inclusão
Temas aula 1
- Breve Histórico do TEA
- Prevalência
- Hereditariedade (fatores genéticos e fatores ambientais)
- Características do TEA
- Níveis de Suporte
- Mudanças da CID-11
- Escala de Rastreio
- Centros de Referência para TEA
Rosana Raquel Ponomavenco
Antigamente não existiam pessoas
com TEA?
É verdade que hoje existe uma
epidemia de autismo?
“Nada existe até que tenha um
nome.”
Lorna Wing 1928 – 2014
Psiquiatra Inglesa
Enquanto uma condição não foi identificada, ela não existe na prática,
por mais que seja uma realidade na vida das pessoas.
✔ Não tem definição ou base para fazer diagnóstico;
✔ Não tem como propor estudos e pesquisas;
✔ Não tem como saber a prevalência;
✔ Não tem como oferecer suporte eficiente;
✔ Não tem base científica para planejar políticas públicas;
✔ Esquizofrenia, “Retardo Mental”, Neuroses;
✔ Considerados Excêntricos ou de Temperamento difícil.
No início do Sec. XX médicos de vários lugares haviam feito descrições do
que é hoje considerado o transtorno do espectro do autismo.
✔ Déc. 30 – descrições eram tão abundantes, tudo indicava que
estávamos próximos de uma condição específica diferente da
esquizofrenia e de outras condições.
✔ Não é possível desvincular a produção científica do momento histórico,
contexto social e político.
✔ Uma “nova ciência” TEORIA DA EUGENIA ganhava defensores entre
pessoas influentes e poderosas.
✔ Era uma época muito perigosa para pessoas com deficiência.
✔ Descobertas sobre a evolução e a genética levavam muitas pessoas a
entender os indivíduos doentes e mentalmente prejudicados eram um
fardo financeiro para o Estado e atrasavam evolução da humanidade..
✔ Pessoas muito influentes estavam defendendo a TEORIA DA EUGENIA.
(Adolf Hitler 1889-1945)
✔ 2ª Guerra Mundial (1939 – 1945).
✔ A História da Humanidade estava entrando em um dos períodos mais
sombrios de todos os tempos.
✔ Esterilização forçada era uma proposta considerada razoável para que a
humanidade fosse aperfeiçoada. Chegou a ser lei em alguns estados dos
EUA.
Dr. Hans Asperger (1938) em Viena trabalhava em uma clínica de
educação terapêutica apresentou trabalho com mais de 200 pacientes.
✔ Preocupações em comum;
✔ Apego as regras;
✔ Movimentos repetitivos,
✔ Alterações linguísticas, motoras e sensoriais.
✔ Ele usou a palavra autismo pela primeira vez fora
do contexto da esquizofrenia.
Hans Asperger 1906 – 1980
Psiquiatra e Pesquisador Austríaco Esta Foto de Autor Desconhecido está
licenciado em CC BY-SA-NC
✔ Na mesma época do outro lado do Atlântico, um médico ucraniano, Dr.
Leo Kanner, começava a descrever crianças com características diferentes
do que havia descrito na literatura psiquiátrica.
✔ Possuíam dificuldade intrínseca de relacionar com os outros e que
aparentemente não tinha nada haver com prejuízo intelectual ou com
esquizofrenia.
✔ 1943 MARCO ZERO DO AUTISMO
Dr. Leo Kanner (1943) em The Nervous Child:
✔ Inabilidade de se relacionar com pessoas e situações;
✔ Solidão autista extrema;
✔ Falha em assumir uma postura antecipatória;
✔ Dificuldade em adquirir fala comunicativa;
✔ Excelente memória em bloco,
Leo Kanner 1894 – 1981
Psiquiatra Infantil Austríaco erradicado EUA
✔ A publicação do Hans Asperger (alemão) passou despercebida em meio
aos horrores da guerra e permaneceu esquecida por três décadas.
✔ Kanner ficou conhecido como o PAI DO AUTISMO.
✔ Comunidade científica assimilou bem o diagnóstico proposto por Kanner.
✔ 1948 a revista TIMES publica matéria CRIANÇAS CONGELADAS.
✔ Kanner falava sobre as mães frias, indiferentes, que davam atenção
mecânica para seus filhos e que para ele estava claro que autismo era
causado por mães que não amavam seus filhos suficientemente.
1958
Há 65 anos: “O fato de que uma média de não mais de 8 pacientes
por ano possa ser diagnosticada, com razoável certeza, com autismo
(em um período de vinte anos), em um centro de referência como
esse, sugere que esse é um transtorno muito infrequente
especialmente se considerarmos que são referidos de toda a América
do Norte.”
Leo Kanner, “The specificity of early infantile autism”, Acta
Paedopsychiatrie, 1958
✔ Essa teoria da MÃE GELADEIRA só foi desafiada na déc.60 por BERNARD
RIMLAND, psicólogo e pai de um menino autista.
✔ Publicou o livro Autismo Infantil a Síndrome e suas Implicações para
uma TEORIA NEURAL DO COMPORTAMENTO.
✔ Propondo pela primeira vez uma origem neurológica
para a condição
✔ Seu trabalho como pesquisador e ativismo como pai
encontraram um adversário de peso que era uma figura
muito midiática.
Bernard Rimland 1928 – 2006
Psicólogo e Pesquisador Estadunidense
✔ BRUNO BETTELHEIM era uma figura midiática, escrevia para revistas;
✔ Aparecia em vários programa de TV que moldavam a opinião pública da
época;
✔ 1967 publica THE EMPTY FORTRESS (A Fortaleza Vazia),
que é interpretação psicanalítica do autismo.
✔ Sempre nos holofotes chegou a afirmar numa entrevista
que o autismo era causado por mães que secretamente
queriam que seus filhos estivessem mortos.
Bruno Bettelheim 1903 – 1990
Psicanalista Austríaco Americano
Enquanto isso na Inglaterra, FELIZMENTE, os pesquisadores não estavam
interessados em endossar esse tipo de teoria e procuravam meios para definir
melhor as características do autismo e compreender melhor a condição.
✔ Primeiros testes objetivos para entender melhor o pensamento e a
aprendizagem das crianças autistas.
✔ Primeiros estudos de Prevalência.
✔ Até então ninguém fazia ideia de quantos autistas existiam no mundo. Era
mesmo uma condição tão rara quanto descrita por Kanner?
Lorna Wing e o marido eram psiquiatras em Londres, pais de uma menina
autista, dedicaram suas carreiras ao estudo do autismo. Eles perceberam
que a definição de Kanner não incluía todas as diferentes apresentações
possíveis do autismo.
✔ Ela que estudou e divulgou o trabalho perdido de Hans Asperger.
✔ Mulher extremamente respeitada no mundo acadêmico,
trabalhou incessantemente para a reformulação dos
manuais diagnósticos e sistemas de classificação.
✔ Usou pela primeira vez o termo ESPECTRO,
revolucionando o conhecimento da época.
✔ Profetizou na déc.70 que veríamos uma explosão de
diagnósticos nas próximas décadas. Lorna Wing 1928 – 2014
Psiquiatra Inglesa
Antigamente não existiam pessoas
com autismo?
É verdade que hoje existe uma
epidemia de autismo?
Epidemia de Autismo?
Vamos supor que um cientista queira saber quantas pessoas altas existem no
mundo?
✔ Ele define como critério: pessoas altas são aquelas acima de 1,90m.
✔ Mas, se mudarmos o critério do que é ser alto para 1,85m?
✔ A altura das pessoas não mudou, o que mudou foi o critérios
estabelecido pela ciência.
✔ Com as pesquisas científicas novos critérios foram sendo estabelecido
para o diagnóstico de autismo.
✔ Para quem está do lado de fora do mundo acadêmico, os números
simplesmente não pararam de subir.
Os números apresentados sem contexto, realmente dão a impressão que os
casos de autismo estavam se multiplicando descontroladamente.
✔ 1966 – 1 criança/2500 (fonte CDC USA).
✔ 1987 – 1 criança/1400
✔ 2004 – 1 criança/ 166
✔ 2006 – 1 criança/150
✔ 2014 – 1 criança/68
✔ 2020 – 1 criança/ 64
Relatório semanal de morbidade e mortalidade
Resumos de vigilância / Vol. 70 / No. 11 3 de dezembro de 2021
Prevalência e características do transtorno do espectro do autismo
entre crianças de 8 anos
Rede de Monitoramento de Deficiências do Desenvolvimento e Autismo
11 sites, Estados Unidos, 2018
(Arizona, Arkansas, Califórnia, Geórgia, Maryland, Minnesota, Missouri, New Jersey, Tennessee , Utah e Wisconsin).
Com o aumento dos casos de autismo, quem era o grande vilão?
✔ 1988 ANDREW WAKEFIELD, publicou um artigo na revista científica THE
LANCET, onde ele relacionava a vacina TRÍPLICE VIRAL (sarampo, caxumba
e rubéola) com o autismo.
✔ Causou um furor mundial.
✔ Ele foi desmascarado, foram apontadas falhas e fraudes
em seu estudo. Perdeu sua licença médica.
✔ Na verdade ele tinha um interesse comercial, porque
estava com planos de patentear outra vacina
supostamente mais segura.
✔ A Lancet se retratou. Até hoje existem famílias se
recusam a vacinar seus filhos.
Andrew Wakefield 1956 – 66 anos
Ex-Médico Cirurgião britânico
Mas o que causou o aumento dos casos de autismo?
✔ Outras coisas foram apontadas como suspeita de causar autismo.
Algumas hipóteses com interesse científico genuíno, outras por pura
especulação ou interesses obscuros de gente querendo ganhar dinheiro
em cima do medo das pessoas.
✔ Déc. 80 começaram a surgir as primeiras escalas diagnósticas
✔ ESCALAS são questionários que levantam sinais de suspeita de uma
condição e podem ser aplicados de forma mais ampla.
✔ Déc.90 o serviço de Educação Especial dos EUA passou a ter registro de
todos os alunos que precisavam de algum tipo de apoio.
✔ Com critérios melhor estabelecidos a comunidade médica observa um
fenômeno chamado SUBSTITUIÇÃO DIAGNÓSTICA.
Mas o que causou o aumento dos casos de autismo?
✔ Cada vez mais profissionais estavam aptos para fazer o diagnóstico.
✔ 2006 a curva de aumento do autismo ganhou mais um impulso com o
começo da triagem de rotina.
✔ Na visita de rotina ao pediatra, crianças americanas entre 18 e 24 meses,
era aplicado protocolo para detectar alterações do neuro
desenvolvimento.
✔ Crianças que apresentavam algum atraso do desenvolvimento eram
encaminhadas para estimulação.
✔ Depois da popularização da internet, grupos de pais e associações
passaram a alcançar um número infinitamente maior de pessoas.
Mas o que causou o aumento dos casos de autismo?
✔ Filmes, séries, matérias na mídia, redes sociais contribuíram para que o
autismo começasse a ser mais reconhecido.
✔ Finalmente, com um nível maior de informações disponíveis, mais e mais
pessoas passaram a pressionar por atendimento eficiente e por direitos.
✔ Durante o período da Pandemia COVID-19, o tempo de tela foi o vilão da
vez.
✔ Excesso de telas pode sim causar prejuízos significativos, mas NÃO
CAUSA AUTISMO
Revolução liderada por LORNA WING na déc. 80
✔ O conhecimento científico aumentou de forma exponencial;
✔ A neurociência ganhou força, desvendando aspectos estruturais e
moleculares do cérebro.
✔ Estudos foram se somando, pudemos entender melhor a caracterização
do TEA, para também oferecer intervenções e suporte adequados.
Autismo é considerado um transtorno do desenvolvimento
de causas neurobiológicas definido de acordo com critérios
eminentemente clínicos. As características básicas são
anormalidades qualitativas e quantitativas que, embora
muito abrangentes, afetam de forma mais evidente as áreas
da interação social, da comunicação e do
comportamento.
(SCHWARTZMAN, 2011)
José Salomão Schwartzman 1937 – 86 anos
Neurologista da Infância e Adolescência Brasileiro
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtonos Mentais
DSM-I (1952) - autismo como um subgrupo da esquizofrenia infantil.
DSM-II (1968) - autismo permanece classificado como parte integrante
das doenças psiquiátricas.
DSM-III (1980) - o autismo passa a ser reconhecido como uma condição
distinta, sendo classificado entre os transtornos invasivos do
desenvolvimento (TID), síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da
infância e transtornos global do desenvolvimento sem outra
especificação.
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtonos Mentais
DSM-IV (1994) - passa a descrever, de forma detalhada, os critérios
para os diagnósticos dos Transtorno Invasivos do Desenvolvimento
TID e inclui a Síndrome de Asperger como um diagnóstico
específico.
História Diagnóstico
DSM-IV-R Interação Social
Comportamento Comunicação
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5
DSM-5 (2013) - trouxe grandes modificações na estrutura
diagnóstica do autismo, uma vez que aboliu o termo
“transtorno global do desenvolvimento”, transferiu a síndrome
de Rett para outro capítulo e reuniu, sob a nomenclatura de
“TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA TEA,” os termos
autismo infantil, autismo de alto funcionamento, síndrome
de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e
transtorno global do desenvolvimento sem outra
especificação.
Mas afinal o que é um espectro?
✔ Espectro de cores, quando a gente vai do branco para o preto, temos uma
infinidade de tons de cinza. Mas essa é apenas uma dimensão, ainda é
muito simples.
✔ Podemos pensar numa mesa de som, em um botão de volume podemos
ir do mínimo para o máximo, mas tem todos os outros botões onde
regula frequências, graves, agudos e etc.
✔ Podendo ter uma infinita
combinação de sons.
DSM-5
Comportamentos
Comunicação e
Restritos e
Interação Social
Repetitivos
Alterações Sensoriais
Mas, o que significa transtorno do
desenvolvimento de causas
neurobiológicas?
Transtorno do desenvolvimento de causas neurobiológicas...
✔ É algo que está presente desde as fases iniciais do desenvolvimento
humano, desde o período de formação do Sistema Nervoso Central.
✔ Ou seja, não é uma condição adquirida, ninguém se torna autista. A
pessoa nasce autista.
✔ Condições do neurodesenvolvimento refletem a maneira como o sistema
nervoso central se formou, são parte da própria constituição a pessoa.
Situação onde o autismo só aparece mais tarde.
✔ 1ª Chamamos de AUTISMO REGRESSIVO que é ligado a PODA
NEURONAL.
✔ Poda neuronal é um processo que elimina ligações entre neurônios que
estão em excesso no cérebro.
✔ Acontece para todos os seres humanos neurotípicos e neuroatípicos entre
18 e 30 meses.
✔ A Poda Neuronal está envolvida em alguns casos específicos de autismo
onde ocorre a perda de habilidades previamente adquiridas.
Situação onde o autismo só aparece mais tarde.
✔ 2ª situação é fictícia. O autismo está presente desde o início.
✔ As características são tão sutis que só iremos perceber os sinais mais
tarde quando as demandas ambientais e sociais excederem a
capacidade de adaptação da pessoa.
O que significa com critérios
eminentemente clínicos?
Com critérios eminentemente clínicos...
✔ Reconhecemos essas condições do neurodesenvolvimento através dos
comportamentos, ou seja, do conjunto de reações, atitudes, condutas e
habilidades que a pessoa apresenta em situações diferentes.
✔ Comportamentos não podem ser medidos em exames de sangue ou
exames de imagem.
✔ Os comportamentos devem necessariamente ser observados em diversos
contextos para possibilitar diferenciar da norma ou padrão.
O que significa com alterações
qualitativas e quantitativas?
Alterações qualitativas e quantitativas...
✔ Significa que as dificuldades apresentadas podem ir desde um nível
imperceptível até limitações extremas.
✔ Pode afetar cada aspecto do comportamento de forma independente. Ou
seja, pode haver uma dificuldade muito leve em um ponto e um impacto
muito significativo em outro.
✔ Podemos dizer que existem múltiplas combinações e infinitos matizes na
intensidade do espectro.
Afetam de forma mais evidente áreas
da interação social , comunicação, e
do comportamento.
Vamos ver onde tudo começa?
✔ Como nos comunicamos, aprendemos, executamos atividades, como
lidamos com as emoções, como fazemos escolhas, como nos
comportamos resultam de funções neurológicas e cognitivas ancoradas
em áreas distintas do cérebro.
✔ O desenvolvimento dessas
estruturas cerebrais é
determinado pela programação
genética e por fatores ambientais.
Vamos ver onde tudo começa?
✔ Pouco tempo depois da formação do embrião se inicia a formação do
sistema nervoso central.
✔ Os eventos envolvidos no desenvolvimento do cérebro seguem uma
sequência definida.
✔ PROLIFERAÇÃO – onde as células se multiplicam de maneira
muito intensa. (cérebro de um recém nascido tem muito
mais neurônios que do adulto)
✔ MIGRAÇÃO – onde as células formadas saem do seu lugar
de origem e se movem para as posições que vão ocupar de
forma definitiva.
Vamos ver onde tudo começa?
✔ DIFERENCIAÇÃO – onde os neurônios desenvolvem prolongamentos,
chamados de DENDRITOS E AXÔNIOS, que vão se ligar a outros
neurônios.
✔ Os Axônios são revestidos por uma capa de MIELINA, esse processo
chama-se MIELINIZAÇÃO, que acelera os impulsos neuronais.
Vamos ver onde tudo começa?
✔ Esse ponto de contato, onde ocorrem a transmissão dos impulsos
neuronais é chamado de SINAPSE.
✔ O processo de transmissão dos impulsos neuronais de um
neurônio para outro chama SINAPTOGÊNESE
Vamos ver onde tudo começa?
✔ As PODAS NEURAIS vão ajustar a conectividade cerebral.
✔ Aquele número excessivo de neurônios e sinapses produzidos, gera um
sistema de transmissão de informações sobrecarregados.
✔ Conforme o uso dos sistemas, os circuitos que são recrutados tem suas
sinapses fortalecidas.
✔ Enquanto os circuitos que não são
utilizados se enfraquecem e vão sendo
eliminados.
Vamos ver onde tudo começa?
✔ As PODAS NEURONAIS eliminam conexões neuronais não utilizadas para
melhorar o funcionamento das que são efetivamente funcionais.
✔ Ou sejam ela reorganiza a transmissão de informações entre as diferentes
áreas do cérebro.
✔ Temos várias PODAS NEURONAIS ao longo da vida e em regiões diferentes
do cérebro.
O que a genética tem haver com
tudo isso?
O que a genética tem haver com tudo isso?
✔ Toda essa sequência de eventos é programada geneticamente.
✔ Alterações nos genes envolvidos em qualquer uma dessas etapas leva a
alterações na maneira como os neurônios se organizam e
consequentemente na maneira em que o cérebro vai processar essas
informações.
✔ Muitos estudos mostram evidência na participação de vários genes
diferentes no TEA (+100 genes).
✔ São muitas possibilidades e o fato de não haver uma única variante
genética, ou uma única combinação de genes associados ao TEA,
confunde as pessoas
O que a genética tem haver com tudo isso?
✔ A combinação de genes que leva ao autismo, é como uma senha de cofre.
Não adianta ter apenas alguns números, a senha só funciona com os
números certos, na posição certa.
✔ Alguns genes podem vir da mãe, outros do pai.
✔ Por isso que dizemos que o autismo tem origem
predominantemente genética, porque é o que ocorre
em 98% dos casos. (2% são fatores ambientais)
✔ E quando não tinha nenhum caso na família antes?
Pode ser uma mutação nova no indivíduo. O pai ou a
mãe poderiam ter os genes mutados, mas não na
combinação certa para manifestar.
Objetivo: Estimar os efeitos genéticos, maternos e ambientais no TEA
Método: nascimento completo de crianças da Dinamarca, Finlândia, Suécia, Israel e Austrália
Ocidental nascidas entre 1º de janeiro de 1998 e 31 de dezembro de 2011 e acompanhadas até a
idade de 16 anos.
Resultados: amostra 2.001.631 indivíduos, dos quais 1.027.546 (51,3%) eram do sexo masculino.
Entre toda a amostra, 22.156 foram diagnosticados com TEA.
A herdabilidade mediana (IC 95%) do TEA foi de 80,8%
JAMA Psiquiatria. 2019;76(10):1035-1043
Probabilidades/Razão de
Risco
Raro
Comum
Vamos estudar Características que definem o TEA – DSM5
✔ O Autismo não é uma condição estática é esperado que as características
que observamos em adultos sejam diferente do que as que observamos
em crianças.
✔ Todos nós adquirimos novas habilidades ao longo da vida, a plasticidade
cerebral existe durante toda a nossa vida.
✔ O cérebro autista também assimila informações ao longo dos anos,
organiza e utiliza o conhecimento adquirido para elaborar respostas ao
meio.
Vamos estudar Características que definem o TEA – DSM5
✔ Cada autista... é UM autista!
✔ Cada pessoa com TEA teve sua própria trajetória e incorporou recursos
diferentes.
✔ Por mais que a gente tente dar exemplos, frequentemente vários fatores
estão associados a um comportamento.
✔ Por ex.: o Sincericídio, que é aquela fala sem filtro, podemos ter uma
mistura de Literalidade da Linguagem, Déficit de Teoria da Mente, Rigidez
e falta de Controle Inibitório,
DSM-5
- Critério A – Déficits persistentes na comunicação social e interação
social.
- Critério B – Padrões restritos e repetitivos de comportamento,
interesses e atividades.
- Critério C – Sintomas devem estar presentes precocemente no
período de desenvolvimento.
- Critério D – Causam prejuízos significativos no funcionamento do
indivíduo no presente.
DSM-5 – Níveis de gravidade
- Nível 3 suporte - Exigindo apoio muito substancial.
- Nível 2 suporte - Exigindo apoio substancial.
- Nível 1 suporte - Exigindo apoio.
Porque não usar o termo Autista leve?
- História 2 – Pegando ônibus sozinho.
- Episódio 1 Atypical (Netflix)
Ausência ou dificuldade de aquisição da fala. Atrasos de linguagem.
Dificuldades em compreender e usar comportamento verbais e não-verbais
nas interações comunicativas.
Comunicação Dificuldades para compreender o que não é dito de forma explícita, e
sentidos não literais ou ambíguos. Ex.: Ironias e mentirinhas.
e Interação
Social DSM-5 Pouca compreensão do que foi lido e não sabem utilizar essas
informações para a comunicação com outras pessoas.
Muitas vezes usam as palavras sem intenção de se comunicar, repetindo
frases ou palavras, ecolalia, que pode ser imediata ou tardia.
Inversões pronominais, alteração de prosódia, discurso incoerente, palavras
pouco usuais.
@pauloliberalesso
@pauloliberalesso
64
Engolir Sapo
65
Comunicação e Interação Social
✔ Quando falamos em comunicação as pessoas pensam imediatamente na
linguagem oral.
✔ O sinal de alerta que ficou mais conhecido do público foi o atraso da fala,
essa é uma associação automática.
✔ Dificuldades de fala podem ser sinal de autismo, se a pessoa fala bem...
Logo não deve ser TEA. (engano muito comum)
✔ Comunicação, a troca de mensagens entre duas ou mais pessoas, tem
uma dinâmica que chamamos de EMISSOR – quem emite a mensagem –
e RECEPTOR – a pessoa que está recebendo a mensagem.
Comunicação e Interação Social
✔ A LINGUAGEM, pode ser entendida como o código por meio do qual a
mensagem é transmitida.
✔ Áreas do cérebro diferentes são utilizadas quando estamos no papel de
emissor ou de receptor da mensagem.
✔ Então, uma pessoa TEA pode ser competente numa função e ao mesmo
tempo ter dificuldades na outra.
✔ Ex.: Pessoas TEA não oralizadas, ou seja que não adquiriram linguagem
oral, não se expressam através da linguagem oral, podem ter
entendimento perfeito e total compreensão do que está sendo falado.
Ela não é um bom emissor, mas é um excelente receptor.
Comunicação e Interação Social
✔ LINGUAGEM VERBAL, é aquela que utiliza palavras para transmitir as
mensagem (oral o escrita)
✔ LINGUAGEM NÃO VERBAL, é aquela que utiliza posturas, expressões
faciais, gestos, sinais, imagens e símbolos para transmitir a mensagem.
✔ A construção plena da linguagem oral envolve, de forma bem
simplificada, domínios de 4 níveis:
✔ 1º FONOLÓGICO – é a distinção de sons, das letras, das sílabas que
formam as palavras.
Comunicação e Interação Social
✔ 2º SEMÂNTICO – é a atribuição de significado para as palavras.
✔ 3º - SINTÁTICO – é aquele onde se aprende a ordenação das palavras
formando uma sentença coerente. Artigo+sujeito+verbo+....
✔ 4º PRAGMÁTICO – que se refere ao uso da linguagem com propósito
comunicativo dentro de um contexto social.
✔ Pessoas com TEA podem apresentar dificuldades ou peculiaridades em
todos esses níveis. Ex.: Não fala ou pode começar a falar aos nove meses;
dificuldades de leitura ou hiperlexia, começa a ler muito antes do tempo;
dificuldade de pronúncia ou pronúncia tão correta que parece um
sotaque.
Déficit capacidade de iniciar interações sociais e compartilhar emoções. Grande
dificuldade de compartilhar prazeres e desconfortos.
Imitação reduzida ou ausente. Contato visual reduzido ou ausente. Gestos,
expressões faciais, linguagem corporal estranha, rígida ou exagerada.
Comunicação Atenção compartilhada prejudicada, falta do gesto de apontar, mostrar
ou trazer objetos para compartilhar interesses com outros.
e Interação
Social DSM-5 Dificuldade em seguir o gesto de apontar ou olhar o indicador das
pessoas. Brincar seguindo regras muito fixas.
Interesse social ausente ou reduzido, rejeição aos outros, abordagens
inadequadas que parecem agressivas e disruptivas.
Adultos que desenvolvem estratégias compensatórias para enfrentar os desafios
sociais acabam sofrendo com o esforço e a ansiedade.
Entrar pelo cano
71
Estou me lixando
–
72
Comunicação e Interação Social
✔ Modo muito direto de falar, uma franqueza que as vezes acaba causando
um constrangimento. Ex.: Neném bonitinho.
✔ Falar do mesmo assunto, priorizar apenas o assunto do seu interesse na
conversa, se desinteressar quando surgem outros tópicos, causando uma
evitação das outras pessoas.
✔ Na linguagem receptiva o entendimento literal, algumas expressões que
usamos no dia a dia não fazem sentido para a pessoa TEA.
✔ Sentido literal prejudica a compreensão de piadas, insinuações, frases
irônicas. Como consequência a pessoa TEA acaba ficando isolada numa
conversa em grupo porque não consegue entender o significado daquela
troca social. Fica excluída ou sofre bullying.
Comunicação e Interação Social
✔ Na Linguagem NÃO VERBAL, o TEA pode ter um repertório menor de
expressões, apresentar uma linguagem corporal diferente, estranha,
robotizada.
✔ Ter dificuldade para entender os sinais não verbais das outras pessoas.
Ex.: a pessoa tá com pressa, sinaliza olhando no relógio e a pessoa TEA
continua falando.
✔ Não observar o espaço pessoal do outro, chega muito próximo do rosto
da outra pessoa, deixando a pessoa desconfortável.
✔ Prestam atenção nos detalhes e acabam perdendo os sinais da
comunicação que está ocorrendo.
Comunicação e Interação Social
✔ Alteração de PROSÓDIA, é um aspecto não verbal, mas que muda
totalmente o significado da mensagem.
✔ PROSÓDIA – tom da voz, velocidade da fala, pausa significativa, ênfase
em alguma palavra.
✔ Não observar o espaço pessoal do outro, chega muito próximo do rosto
da outra pessoa, deixando a pessoa desconfortável.
✔ Eu não disse que a Julia pegou a jóia do armário.
✔ Eu não disse que a Julia pegou a jóia do armário.
✔ Eu não disse que a Julia pegou a jóia do armário.
Comunicação e Interação Social
✔ A Interação social é a base de toda a interação humana.
✔ RECIPROCIDADE EMOCIONAL é a nossa capacidade de iniciar e manter
relacionamentos de todos os tipos.
✔ A interação social é o usos da comunicação com o propósito de
estabelecer uma relação social.
✔ Vejam, nem sempre a gente usa a comunicação com o objetivo de
estabelecer uma relação social.
✔ Se você chegar no supermercado e pedir: Me dá uma dúzia de bananas.
Você se comunicou, emitiu um MANDO, mas não estabeleceu uma
interação social.
Comunicação e Interação Social
✔ A Interação social é comentar, compartilhar interesses ou sentimentos.
✔ Exige percepção da expectativa do outro, adequação do conteúdo da
mensagem para determinada situação, reciprocidade, trocas
significativas, engajamento.
✔ Tudo isso demandam outras habilidades cognitivas mais complexas do
que apenas dominar a linguagem.
✔ Exige FUNÇÕES EXECUTIVAS – capacidade de planejar, monitorar o
comportamento comunicativo, inibir reações inadequadas quando
desejado.
Comunicação e Interação Social
✔ A Interação social exige uma velocidade de processamento de
informação.
✔ Exige autoregulação emocional, compreensão das regras sociais e um
repertório de experiências prévias.
✔ A interação social exige uma habilidade importantíssima que é a TEORIA
DA MENTE – habilidade natural dos seres humanos em atribuir estados
mentais a sí mesmo e a terceiros.
✔ Isso significa fazer inferências sobre o estado mental das pessoas a nossa
volta e elaborar uma resposta de acordo. A teoria da mente é a base das
nossas habilidades socias. Uma bússola para gente navegar o mundo
social.
Teoria da Mente
Comunicação e Interação Social
✔ O que falar, quando falar, quando dar a vez ao outro, estar atento ao
tema da conversa, saber qual tipo de comentário é adequado, conhecer
os costumes, hierarquia, entender pistas verbais e não verbais que
sinalizam a expectativa do outro. Ex.: Campeonato Aikidô Galalau.
✔ Falta de traquejo social, falta de noção, ingenuidade ou falta de malícia,
falha em se adequar a ambientes diferentes. Sinceridade excessiva, sem
filtro. Ex.: treino para o Japão
✔ Isso significa fazer inferências sobre o estado mental das pessoas a nossa
volta e elaborar uma resposta de acordo. A teoria da mente é a base das
nossas habilidades socias. Uma bússola para gente navegar o mundo
social.
Preferências por atividades solitárias e desinteresse por jogos e atividades
conjuntas.
Não apropriação das regras sociais que estão em jogo no convívio social.
Comunicação Incapacidade de fazer e manter amigos, amizades unilaterais ou
baseada unicamente em interesses específicos.
e Interação
Social DSM-5 Preferência por interações com pessoas mais jovens ou mais velhas.
Indivíduos adultos podem relutar para entender qual o comportamento
considerado apropriado em uma situação e não em outra.
Déficits para desenvolver, manter e compreender as relações devem ser
avaliados em relação aos padrões relativos de idade, gênero e cultura.
Comunicação e Interação Social
✔ Algumas pessoas com TEA conseguem compensar uma boa parte das
dificuldades usando estratégias, mas podem sofrer com o ESFORÇO,
HIPERVIGILÂNCIA necessária para monitorar e ajustar as relações sociais
em tempo real.
✔ As vezes ficam EXAUSTOS após um período de interação social, levando
ao que chamamos de Ressaca Social.
✔ As interações sociais típicas toleram algum grau de dissimulação, falar a
verdade nua e crua pode ser desagradável, ofensivo e desnecessário. A
mentirinha inocente, como elogiar um corte de cabelo que vc não gostou
é algo que faz parte de um contrato social implícito na nossa cultura que
é considerado até boas maneiras.
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Autismo tem Cura?
Vídeo Grupo Conduzir
https://www.youtube.com/watch?v=X6YpvgbM-xo&t=114s
The eye-tracking of social stimuli in patients
with Rett syndrome and autism spectrum
disorders: a pilot study*
Rastreamento do olhar para estímulos sociais em pacientes com síndrome de Rett e
transtornos do espectro do autismo: estudo piloto
José Salomão Schwartzman, Renata de Lima Velloso, Maria Eloísa Famá D’Antino, Silvana Santos
Arquivo de Neuropsiquiatria 2015;73(5):402-407
Objetivo: Comparar a fixação visual em estímulos sociais em pacientes com síndrome de
Rett (SR) e com transtornos do espectro do autismo (TEA) e desenvolvimento típico (DT).
Método: 14 pacientes do sexo feminino com SR (idades entre 4 e 30 anos),
11 pacientes do sexo masculino com TEA (idades entre 4 e 20 anos), e
17 crianças do sexo feminino com desenvolvimento típico (DT).
Resultados: A porcentagem de fixação visual em estímulos sociais foi significativamente
maior no grupo SR do que no grupo TEA e mesmo no grupo DT.
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grupo típico JOSÉ SAL0MÃO SCHWARTZMAN 2014 97
grupo típico JOSÉ SAL0MÃO SCHWARTZMAN 2014 98
grupo típico JOSÉ SAL0MÃO SCHWARTZMAN 2014 99
grupo TEA JOSÉ SAL0MÃO SCHWARTZMAN 2014 228
grupo TEA JOSÉ SAL0MÃO SCHWARTZMAN 2014 229
grupo TEA JOSÉ SAL0MÃO SCHWARTZMAN 2014 230
Grupo Grupo
Controle TEA
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Imitation of facial and manual gestures by human neonates. (Meltzoff, 1977)
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Artigo Redução de Comportamento autolesivo em uma criança com
autismo
Periódico:
Autores:
Principais conceitos abordados:
Objetivo do estudo:
Participantes:
Setting/materiais/ Procedimentos
Resultados