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As Atribuições Do Vice Presidente No Sistema de Governo Angolano 1

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As atribuições do Vice-Presidente no sistema de Governo Angolano

Evaristo Solano*

No âmbito do décimo aniversário da Constituição da República de Angola, os


Órgãos de Apoio ao Vice-Presidente da República (OAVPR) tomaram a
iniciativa de abordar com diversas entidades da sociedade civil e não só, um
aspecto específico consagrado no texto desta Lei Superior que diz respeito ao
Sistema de Governo.
Como ponto de partida, falar Sistemas de Governo não é, certamente, o mesmo
que falar de Formas de Estado definido como o modo estabelecido e
estruturado no âmbito da relação entre governados e governantes nem é o
mesmo que falar de Regime Político entendido como a estrutura e grau de
participação dos cidadãos no processo político-decisório é a partir deste
conceito que se infere a configuração democrática ou ditatorial de um
determinado Estado.
Nos Sistemas de Governo constatamos a disposição, organização e
funcionamento dos órgãos de soberania que desempenham funções políticas
num determinado país.
Existem três principais tipos de Sistemas de Governo:
1. Sistema Parlamentar: a) O chefe do governo é o Primeiro-Ministro; b)
Estrutura bipolarizada Governo-Parlamento; c) O Parlamento acompanha
o Governo em todas as suas dimensões; d) Os membros do Governo são
escolhidos entre os deputados do partido (ou coligação de partidos)
vencedor.
O sistema é típico da Grã-Bretanha e não contempla a figura de um Vice-
Presidente, pois o poder executivo é exercido por um Primeiro-Ministro.

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2. Sistema Presidencial: a) Comporta a repartição de competências entre o
Presidente das República e o Congresso; b) Unipessoalização do Poder
Executivo; c) Inexistência de responsabilidade política do Executivo
perante o Legislativo; d) Incompatibilidade entre o exercício da Função
Governativa e o Mandato Parlamentar;
O sistema é típico dos EUA, consagra a figura de um Vice-Presidente que
exerce as funções presidente do Senado e é o porta-voz para a política da
Administração.

3. Sistema Semipresidencial: a) Existência de três órgãos com


competências políticas próprias (Chefe de Estado, o Parlamento e o
Governo); b) O Chefe de Estado preside ao Conselho de Ministros, possui
direito de veto e pode dissolver o Parlamento; c) O Governo é formado e
chefiado pelo Primeiro-Ministro e pelos Ministros que são nomeados pelo
Presidente da República; d) Dupla responsabilidade do Governo (perante
o Chefe de Estado e perante o Parlamento)
Dois aspectos típicos deste sistema: o poder de dissolução do Parlamento
pelo Chefe de Estado e a dupla responsabilidade política do Governo
perante o Chefe de Estado e o Parlamento.
Neste sistema não se consagra a figura de um Vice-Presidente. Tal como
se viu, a figura que se segue ao Chefe de Estado é o Primeiro-Ministro,
que chefia o Governo.

Sistema de Governo Angolano


O Sistema de Governo pode ser caracterizado com base nos poderes do
Presidente da República:
a) O Presidente da República é o titular do Poder Executivo; b) Não
responde perante o Parlamento; a) Existe incompatibilidade entre o

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exercício da Função Executiva com o mandato parlamentar; d) O
Presidente da República não goza do poder de dissolver o Parlamento;
Esta caracterização dá-nos o conforto necessário para afirmar que o
Sistema de Governo vigente em Angola é Presidencial.
Apesar da separação de poderes, a relação entre a Assembleia Nacional e
o Presidente da República é de interdependência e cooperação uma vez
que a aprovação do Orçamento Geral do Estado, documento
imprescindível para o exercício do Poder Executivo e Actos Legislativos
que dependem da promulgação do Presidente da República para a sua
vigência.
Por outro lado, existem poderes conferidos ao Presidente da República
cujo exercício dependem de audiência prévia da Assembleia Nacional
nomeadamente, declarar estado de guerra e fazer a paz, declarar estado de
sítio e declarar estado de emergência.
Na eleição do Presidente da República, elege-se simultaneamente o Vice-
Presidente da República que ocupa o segundo lugar da lista, pelo círculo
nacional do Partido Político (ou coligação de partidos) mais votado no
quadro das eleições gerais. O Vice- Presidente é um órgão auxiliar do
Presidente da República, não dispõe de poderes constitucionais próprios e
é funcionalmente subordinado ao Presidente da República, no exercício
do Poder Executivo. O Vice-Presidente da República integra, por
inerência, o Conselho de Ministros, o Conselho da República e o
Conselho de Segurança Nacional.
Entre os cidadãos existe percepção equivocada em relação às atribuições
do Vice-Presidente. Talvez por desconhecimento da configuração
constitucional, mas tem-se como dado adquirido que o Vice-Presidente
responde pelo sector social.
Esta percepção remonta da configuração do mandato presidencial anterior
onde, por força do instituto da delegação de poderes, o Presidente da

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República transferira poderes para o Vice-Presidente no sentido de
atender ao sector social.
O executivo actual entendeu efectivar uma configuração diferente. O
actual Vice-Presidente acompanha questões ligadas à Governação Local
que inclui as autarquias locais e Reforma do Estado, preside à Comissão
para Salvaguarda do Património Mundial, o Conselho Nacional de Viação
e Ordenamento do Trânsito, a Comissão da Luta contra o SIDA e as
Grandes Endemias e o Conselho Nacional de Águas.
A opção constitucional de um Vice-Presidente sem poderes próprios e
órgão auxiliar do Presidente da República não é uma realidade privativa
da Constituição da República de Angola.
No Brasil, o Vice-Presidente substitui o Presidente da República nos
casos de impedimento ou deslocações ao exterior, e auxilia este último
sempre que por ele convocado para missões especiais.
Na Africa do Sul o senhor David Mabuza está constitucionalmente
indigitado para assistir o Presidente nas funções governativas e pode
dirigir algum portfólio governamental by presidential proclamation.
O Vice-Presidente assume funções presidenciais de forma interina
quando o Presidente se encontrar ausente do país, estiver inapto para
cumprir com os seus deveres ou, por alguma razão, existir vacatura
presidencial.

*Assessor Jurídico de Modernização Administrativa e Intercâmbio do Vice-Presidente da República

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