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Resumo - Vol Xviii - Além Do Princípio Do Prazer - 1920

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Resumo: Além do Princípio do Prazer – Volume XVIII – 1920 –

Freud
O editor já começa inaugurando que Freud faz sua primeira referência às pulsões de morte nesse
texto. Com o título “Suplementos à Teoria dos Sonhos”, anunciou a próxima publicação do
livro. Com isso, afirmou que Além do Princípio do Prazer seria uma introdução da fase final de
suas concepções. Neste texto, pode-se ver sinais do novo quadro da estrutura anatômica da
mente que deveria dominar todos os últimos trabalhos de Freud. Finalmente o problema da
destrutividade faz seu primeiro aparecimento explícito.

Freud introduz esse texto afirmando que na teoria psicanalítica, os eventos mentais são
regulados pelo princípio do prazer; são colocados em movimento por uma tensão desagradável,
tomando uma direção; o resultado final é redução dessa tensão, evitando o desprazer e
produzindo o prazer. Ele introduz então o ponto de vista econômico, descrevendo como
metapsicologia. Afirmou ainda que não teria nenhuma teoria filosófica ou psicológica que
informasse a respeito dos sentimentos de prazer e desprazer ainda. Relacionou ele mesmo então
o prazer ao desprazer à quantidade de excitação presente na mente. Verificou que o desprazer
correspondia a um aumento na quantidade de excitação e que o prazer, a uma diminuição num
determinado período de tempo.

O que fez Freud acreditar na dominância do Princípio do Prazer é que na vida mental se
encontram hipoteticamente que o aparelho mental se esforça por manter a quantidade de
excitação nele presente tão baixa quanto possível, ou mantê-la constante: qualquer coisa que
seja calculada para aumentar essa quantidade está destinada a ser sentida como desagradável: o
princípio do prazer decorre do principio da constância. Afirma ser incorreto falar na dominância
do princípio do prazer sobre o curso dos processos mentais. Só existe, na verdade, uma
tendência no sentido desse principio. Freud então analisa as circunstâncias que podem impedir o
principio de prazer ser levado a sério. Cita o primeiro exemplo como sendo familiar e regular.
Do ponto de vista da autopreservação do organismo, ele é ineficaz e perigoso. Sob influência
das pulsões do ego, o princípio do prazer é substituído pelo princípio da realidade (esse último
exige e adia a satisfação, abandona várias possibilidades de obtê-la, e tolera o desprazer.
Entretanto, o princípio do prazer persiste como método de funcionamento empregado pelas
pulsões sexuais, difíceis de educar e frequentemente vencendo o princípio de realidade. Outro
momento de liberação de desprazer encontra-se nos conflitos que acontecem no aparelho mental
enquanto o ego está passando por seu desenvolvimento. Quase toda a energia com a qual o
aparelho mental se abastece, origina-se dos impulsos pulsionais inatos. Parte das pulsões se
mostram incompatíveis às exigências. Elas são então expelidos à priori pelo processo de
repressão (recalque), sendo afastadas pelo possibilidade de saisfação. Quando
subsequentemente alcançam êxito, as pulsões sexuais reprimidas chegam por caminhos
indiretos a uma satisfação direta ou substitutiva: esse acontecimento de prazer é sentida pelo ego
como desprazer. Em conseqüência do velho conflito que foi reprimido, a ruptura ocorre
novamente com o principio do prazer no momento em que pulsões estavam se esforçando para
obter novo prazer. Todo desprazer neurótico é assim, ou seja, um prazer que não pode ser
sentido como tal. A maior parte do desprazer que experimentamos é um desprazer perceptivo.
Pode ser a percepção de uma pressão por parte das pulsões insatisfeitas, ou a percepção externa
do que é aflitivo em si mesmo ou que excita expectativas desprazerosas no aparelho mental
(“perigo”).

II

Freud começa o capítulo falando sobre as neuroses traumáticas e o quadro sintomático de


sintomas motores o qual está incluso nas mesmas. As neuroses traumáticas comuns têm causa
no fator da surpresa, do susto, medo e ansiedade. A seguir, afirma que a ansiedade na verdade
não causa a neurose traumática porque ela protege o seu sujeito contra o susto, e assim, contra
as neuroses de susto. Considera o estudo dos sonhos como uma investigação dos processos
mentais profundos. Os sonhos ocorrem nas neuroses traumáticas: a experiência traumática se
encontra fixada em seu trauma. Isso também ocorre nas neuroses de guerra. Se os sonhos dos
neuróticos traumáticos não abalam a crença no teor realizador de desejos do sonho, cabe citar
que a função do sonhar geraria uma tendência masoquista do ego.

Freud passa então a analisa o método de funcionamento da brincadeira das crianças, que seria o
primeiro plano do motivo econômico, a consideração da produção de prazer envolvida. Cita um
exemplo então na obra, observando que o menino brincava com seus brinquedos jogando-os à
frente: ele “ia embora junto com os brinquedos”. A brincadeira era de desaparecimento e
retorno. A criança não sentia a partida da mãe como algo agradável. A partida dela era encenada
e necessária a seu alegre retorno. Era no retorno que residia o verdadeiro propósito do jogo.
Jogar longe o objeto de uma forma que ele “fosse embora”, satisfaria um impulso da criança,
suprimido na vida real, de vingar-se da mãe por se afastar dela. O impulso para elaborar na
mente alguma experiência de dominação, pode encontrar expressão como um evento primário
do princípio de prazer. Todas as suas brincadeiras são influenciadas por um desejo que as
domina o tempo todo: desejo de crescer e poder fazer o que as pessoas crescidas fazem. Quando
a criança passa da passividade da experiência para a atividade, transfere a experiência
desagradável para um de seus companheiros de brincadeira e se vinga num substituto. Freud
então ilustra que tragédias são formas de mesmo sob dominância do princípio do prazer, tornar
o que desagradável num tema rememorado na mente. Para ele, a consideração desses casos que
têm a produção do prazer como resultado final, não têm utilidade para nossos fins, pois a
dominância do prazer não dá provas de tendências além do princípio do prazer (tendências mais
primitivas do que ele e dele independentes).

III

Aqui, Freud pontua que passado 25 anos de trabalho, alerta que os objetivos imediatos da
psicanálise já são hoje diferentes do que tinha no começo. A psicanálise era uma arte
interpretativa, residindo a ênfase principal nas resistências do paciente, na indução do processo
de transferência (processo do paciente para com o analista de abandono de suas resistências).
Observou que o objetivo estabelecido não era totalmente atingível por meio desse método. O
material reprimido seria recordado como algo pertencente ao passado. Tais reproduções teriam
como tema alguma parte da vida sexual infantil, no Complexo de Édipo, que seriam atuadas no
processo de transferência. Quando atinge essas etapas, a neurose primitiva é substituída pela
neurose de transferência. O médico se empenha em forçar o tanto quanto possível o canal da
memória, e permitir que surja como repetição o mínimo possível. O médico deve fazer o
paciente reviver alguma parte de sua vida esquecida, mas deve também cuidar que o paciente
retenha certo grau de alheamento que vai permitir que ele reconheça que aquilo que parece ser
realidade é apenas um reflexo de um passado esquecido. Quando é obtido com êxito, o sucesso
terapêutico vem. Tentando tornar mais compreensível essa compulsão à repetição, temos de nos
livrar da noção de que aquilo com que estamos lidando em nossa luta contra as resistências é
uma resistência por parte do inconsciente. A resistência se origina dos sistemas que provocaram
a repressão, gerando um contraste entre o ego coerente e o reprimido. As resistências do
paciente se originam do ego, assim, percebemos que a compulsão à repetição deve ser atribuída
ao reprimido (recalcado) inconsciente. A compulsão se expressa no afrouxamento da repressão.
Freud aceita que a resistência do ego consciente e inconsciente funciona sob a influência do
princípio de prazer; ela busca evitar o desprazer que seria produzido pela liberação do que foi
recalcado. Nossos esforços, entretanto, dirigem-se no sentido de conseguir tolerar esse desprazer
pelo princípio de realidade. A maior parte do que é revivido sob a compulsão à repetição, deve
causar desprazer ao ego, trazendo luz as atividades dos impulsos pulsionais recalcados,
constituindo desprazer para um dos sistemas e satisfação de forma simultânea para outro. O
florescimento da vida sexual infantil está condenado à extinção nas circunstâncias e com o
acompanhamento dos mais penosos sentimentos. A perda do amor e o fracasso deixam atrás de
si um dano permanente à autoconsideração, sob formato de uma cicatriz narcisista, que
contribui para o sentimento de inferioridade, comum nos neuróticos. O laço de afeição liga a
criança ao genitor do sexo oposto, sucumbindo ao desapontamento. Uma menor quantidade de
afeição que recebe, as exigências crescentes da educação, palavras duras e castigo mostram o
desdém que a expuseram. Os pacientes, segundo Freud, repetem na transferência todas essas
situações indesejadas e emoções penosas, revivendo-as com maior engenhosidade. Constituem
atividades de pulsões destinadas a levar à satisfação, mas não aprendem que essas atividades
conduzem apenas ao desprazer. São repetidas sob pressão de uma compulsão. Isso também pode
ser observado em pessoas normais. O destino é arranjado por elas próprias e determinado por
influências infantis primitivas. A compulsão aqui não difere da compulsão à repetição. Assim,
encontra-se pessoas em que todas as relações humanas têm o mesmo resultado. Tal recorrência
da mesma coisa, trata-se de um comportamento ativo por parte da pessoa interessada, compelido
a se expressar por uma repetição das mesmas experiências. Numa experiência passiva, defronta-
se com uma repetição da mesma finalidade.

Freud então, já no fim do capítulo, afirma que existe realmente na mente uma compulsão à
repetição, que sobrepuja o princípio de prazer, relacionando com essa compulsão os sonhos que
ocorrem nas neuroses traumáticas e o impulso que leva as crianças a brincar. A compulsão à
repetição e a satisfação pulsional é agradável, e convergem em associação íntima. Essa
compulsão, que o tratamento tenta colocar a seu serviço, é arrastada pelo ego para o lado dele,
aferrando-se, como o ego, ao princípio de prazer. Não há explicação o suficiente para justificar a
hipótese de uma compulsão à repetição, algo que parece mais primitivo, mais elementar e
pulsional do que o princípio de prazer que ela domina.

IV

Freud introduz o presente capítulo, afirmando ser o que se segue apenas especulação, uma
tentativa de acompanhar uma ideia. Como ponto de partida, pega a impressão dos processos
inconscientes, de que a consciência pode ser apenas uma função especial dos processos mentais.
Segundo ele, o que a consciência produz são percepções de excitação provindas do mundo
externo e de sentimentos de prazer e desprazer que só podem surgir do interior do aparelho
psíquico; assim, atribui ao sistema perceptivo (pcpt.-Cs) uma posição no espaço. A partir da
impressão psicanalítica, todos os processos excitatórios que ocorrem nos outros sistemas (que
não o consciente perceptivo) deixam atrás de si traços permanentes, os quais formam os
fundamentos da memória. Se fossem inconscientes, teríamos problemas em explicar a existência
de processos inconscientes num sistema que o funcionamento se dá pela consciência. Não
ganharíamos nem alteraríamos nada com nossa hipótese de relegar o processo de tornar-se
consciente a um sistema especial. Assim, diz-se que o processo excitatório torna-se consciente
no sistema (Cs); a excitação, entretanto, é transmitida aos sistemas que ficam a seguir e é
NELES que seus traços são deixados. Ou seja, no sistema Cs os processos excitatórios não
deixam atrás de si nenhuma alteração permanente em seus elementos, mas se exaurem no
fenômeno de se tornarem conscientes. Nesse sistema Cs, seus elementos não poderiam mais
experimentar novas mudanças permanentes pela passagem da excitação, porque já teriam sido
modificados; agora, teriam se tornado capazes de originar a consciência. Ao passar de certo
elemento para outro, a excitação tem de vencer uma resistência, que é a diminuição da
resistência alcançada que deixa um traço permanente da excitação, isto é, uma facilitação. Os
elementos de Cs conduzem apenas energia capaz de descarga livre.

Freud então afirma que a proteção contra os estímulos é, para os organismos vivos, uma função
quase mais importante do que a recepção dos mesmos. O escudo protetor é suprido com seu
próprio estoque de energia contra efeitos ameaçadores do mundo externo que tendem à
destruição. O intuito da recepção de estímulos é descobrir a direção e a natureza dos estímulos
externos nos órgãos dos sentidos, que recebem certos efeitos específicos de estimulação, mas
que também protegem contra quantidades excessivas de estimulação. Ele cita, é claro, que o
sistema Cs também recebe excitações do interior. A situação entre interior e exterior, e a
diferença entre as condições que regem a recepção de excitações nos dois casos, têm efeito
sobre o funcionamento do sistema e de todo aparelho mental. A questão é que no sentido do
interior, não há escudo: as excitações mais profundas se estendem para o sistema diretamente e
em quantidade não-reduzida até originar sentimentos da série prazer-desprazer. Esse estado
produz dois resultados definidos: as sensações prazer-desprazer predominam sobre estímulos
externos; é adotada uma maneira específica de lidar com excitações internas que produzem
desprazer, e há uma tendência a tratá-las como se atuassem de fora e não de dentro – aí se
origina a projeção. A partir dessas considerações, Freud entende melhor a dominância do
princípio do prazer, mas ainda não verificou os casos que contradizem essa dominância. Ele
então lembra que traumáticas são excitações externas que atravessam o escudo protetor. Surge,
então, o problema de dominar as quantidades de estímulo que irromperam, e de vinculá-las, a
fim de que delas se possa então se livrar. A energia catéxica (catexia: concentração de energias
mentais/memórias) é convocada de todos os lados a fim de fornecer catexias suficientemente
altas de energia nos arredores da ruptura. Altamente catexizado, um sistema consegue converter
a catexia em catexia quiescente (vincular ela psiquicamente falando). Quanto maior essa
catequia quiescente do sistema, maior parece ser a força que a vincula. O processo excitatório,
para ele, pode ser executado com energias que variam quantitativamente, e apresenta ainda mais
de uma qualidade (tipo). A vinculação da energia que flui para dentro do aparelho mental
consiste em sua mudança de um estado de fluxo livre para um estado de vinculação psíquica
(quiescente). Logo, Freud atribui à neurose traumática comum como resultado de uma grande
ruptura, causada no escudo protetor contra os estímulos. Atribui importância ao susto, causado
pela falta de preparação para a ansiedade. Devido a sua baixa catexia, os sistemas não
conseguem vincular quantidades afluentes de excitação, tendo conseqüências da ruptura no
escudo defensivo. A realização dos desejos, para ele, é ocasionada de maneira alucinatória pelos
sonhos e sob dominância do princípio de prazer tornou-se função deles. Entretanto, não é a
serviço desse princípio que os sonhos de pacientes com neuroses traumáticas os conduzem de
volta à situação em que o trauma ocorreu. Esses sonhos visam dominar de forma retrospectiva o
estímulo, desenvolvendo a ansiedade cuja omissão causou a neurose traumática.
Os sonhos de ansiedade simplesmente substituem a realização do desejo proibida pela punição
adequada a ela; realizam o desejo do sentimento de culpa que é a reação ao impulso repudiado.
É impossível, entretanto, classificar como realizações de desejos os sonhos que ocorrem nas
neuroses traumáticas, ou os sonhos durante as psicanálises, que trazem (à lembrança os traumas
psíquicos da infância). Eles surgem, antes, obedecendo à compulsão à repetição; essa
compulsão é apoiada pelo desejo de conjurar o que foi esquecido e recalcado. Assim, a função
dos sonhos consistente em afastar motivos que possam interromper o sono através da realização
de desejos dos impulsos perturbadores não é sua função original. Caso haja um além do
princípio do prazer, deve-se afirmar que houve também um período anterior em que o intuito
dos sonhos foi a realização de desejos.

Ele fala então que as neuroses de guerra podem ser neuroses traumáticas facilitadas por um
conflito no ego: um grande dano físico causado de forma simultânea pelo trauma diminui as
possibilidades de que uma neurose se desenvolva por causa de dois fatos = primeiramente, a
agitação mecânica é reconhecido como uma fonte de excitação sexual e seguida, as moléstias
penosas exercem poderoso efeito, no momento que perduram, sobre a distribuição da libido.

No presente capítulo, Freud introduz que as fontes da excitação interna são tidas como pulsões
do organismo e são transmitidas ao aparelho mental como sendo o elemento mais importante e
obscuro da pesquisa psicológica. Afirma então que os impulsos pulsionais pertencem ao tipo de
processos livremente móveis, que pressionam a fim da descarga. Para ele, o processo no
inconsciente é o processo psíquico primário, contrapondo com o processo secundário
(consciente – vigília normal). O ponto de impacto dos impulsos pulsionais são os sistemas
inconscientes. Logo, é tarefa das camadas mais elevadas do aparelho mental sujeitar a excitação
pulsional que atinge o processo primário. Um fracasso nessa sujeição provoca distúrbio análogo
a uma neurose traumática; após ter sido efetuada, é que é possível a dominância do princípio de
prazer. Ate aqui, a outra tarefa do aparelho mental (tarefa de dominar as excitações) teria
precedência não em oposição ao princípio de prazer, mas independentemente dele. As
manifestações de uma compulsão à repetição apresentam um caráter pulsional, que quando
atuam em oposição ao princípio de prazer, aparentem originar alguma força demoníaca. As
crianças de modo ativo dominam as suas experiências agradáveis repetidas com freqüência
suficiente, sendo inflexíveis em sua insistência de que a repetição seja idêntica: a novidade é
sempre a condição do deleite. Nada citado contraria o princípio de prazer: a repetição/revivência
de algo idêntico é uma fonte de prazer. Uma pessoa em análise, pelo contrário, a compulsão à
repetição na transferência dos acontecimentos da infância evidentemente despreza o princípio
de prazer sob todos os modos. Os traços de memória recalcados são insujeitos e incapazes de
obedecer ao processo secundário (ir à consciência). Freud tenta relacionar o ser pulsional com a
compulsão à repetição. Conclui que uma pulsão é um impulso, inerente À vida orgância, que
visa restaurar um estado anterior das coisas, impulso esse em que o organismo vivo é obrigado a
abandonar sob pressão de forças perturbadoras externas (repressão). Essa visão das pulsões é
estranha, porque é costume ver nelas um fator impelidor no sentido de mudança, ao passo que
agora, devemos reconhecê-las como uma expressão da natureza conservadora da substância
vida. Alem das pulsões de conservação que impulsionam à repetição, existirão outros que
também impulsionam no sentido do progresso. TODAS AS PULSÕES TENDEM À
RESTAURAÇÃO DE UM ESTADO ANTERIOR DAS COISAS. Ele supõe, então, que todas
as pulsões orgânicas são conservadores e adquiridas historicamente, tendendo à restauração de
um estado anterior das coisas como dito. Essas pulsões, portanto, estão fadadas a aparentar
serem enganadoras de serem forças tendentes À mudança e ao progresso, ao passo que estão
apenas buscando alcançar um antigo objetivo por caminhos sejam velhos, sejam novos.

O objetivo de toda a vida é a morte, e para Freud, as coisas inanimadas existiram antes das
vivas. Para isso, afirmou que nossa primeira pulsão é aquela que nos pulsiona a retornar ao
estado inanimado. Os caminhos para a morte são seguidos pelas pulsões de conservação, e nos
mostra o quadro dos fenômenos da vida. Ao sustentarmos a natureza exclusivamente
conservadora das pulsões, não se chegaria a nenhuma outra noção quanto à origem e ao objetivo
da vida. Ele vai olhar então para pulsões que garantem que o organismo seguirá seu próprio
caminho para a morte, afastando todos os modos possíveis de retornar à existência inorgânica
que não sejam os imanentes à própria pessoa. Daí surge uma situação paradoxal em que o
indivíduo vivo luta com toda sua energia contra perigos que poderiam auxiliá-lo a atingir mais
rapidamente seu objetivo de vida: tal comportamento é o que caracteriza os esforços puramente
pulsionais. Mas não pode ser assim para ele. As pulsões sexuais surgem, assim, sob aspecto
muito diferente. A pressão externa que provoca uma ampliação crescente do desenvolvimento
não se impôs a todos os organismos. As pulsões sexuais que cuidam dos destinos dos
organismos elementares que sobrevivem á totalidade da pessoa, que ocasionam seu encontro
com outras células germinais. São mais conservadoras como as outras pulsões (pois trazem de
volta estados anteriores da substância viva) porque são resistentes às influências externas e por
preservarem a própria vida por um longo período. São elas as verdadeiras pulsões de vida.
Operam contra o propósito das outras pulsões, que conduzem, à morte. Isso levanta para Freud a
ideia de que as pulsões sexuais talvez estivessem em funcionamento desde o início, e não após
as pulsões do ego.

Para ele, tanto o desenvolvimento superior quanto a involução são conseqüências da adaptação
à pressão de forças externas e o papel desempenhado pelas pulsões pode-se limitar à retenção
(no modo de uma fonte interna de prazer) de uma modificação obrigatória. A pulsão reprimida
(recalcada) nunca deixa de ser esforçar na busca pela satisfação completa, que consiste na
repetição de uma experiência primária de satisfação. A diferença de quantidade entre o prazer
da satisfação que é exigida e a que é realmente conseguida, é que é fator impulsionador do
caminho para trás, que conduz à satisfação completa, e que se acha obstruído pelas resistências
que mantêm nos recalques; logo, não há alternativa senão avançar na direção em que o
crescimento ainda se acha livre, ainda que sem perspectiva de atingir o objetivo.

VI

Nesse capítulo, Freud introduz que a essência de sua investigação até o presente momento se
deu por uma distinção entre pulsões do ego e pulsões sexuais, e a visão de que as primeiras
exercem pressão no sentido da morte e as últimas no sentido de um PROLONGAMENTO da
vida. É apenas quanto às pulsões do ego que dá pra afirmar que possuem caráter
conservador/retrógrado, correspondente a uma compulsão à repetição, pois elas se originam da
animação da matéria inanimada e procuram restaurar o estado inanimado, ao passo que as
pulsões sexuais visam a junção de duas células germinais que são diferencias de maneira
particular. Se essa união não é efetuada, a célula germinal more junto com todos os outros
elementos do organismo multicelular. É apenas com essa condição, que a função sexual pode
prolongar a vida da célula e emprestar-lhe uma aparência de imortalidade. A oposição, então,
entre pulsões do ego (pulsões de morte) e pulsões sexuais (pulsões de vida) não se sustentaria e
a compulsão à repetição não mais teria a importância atribuída.
Nesse capitulo, Freud fala bastante de protistas. Analisa prontamente a duração de vida e da
morte dos organismos em Wismann. Ele quem introduziu a divisão da substância viva em partes
mortais e imortis; parte mortal = corpo/soma – ele se acha sujeito à morte natural; as células
germinais, entretanto, são potencialmente imortais. Ou seja, ele enxerga o soma separado da
substancia relacionada com o sexo e a herança e uma parte imortal, aqui representada por um
plasma germinal, relacionado com a sobrevivência da espécie com a reprodução. Retoma mais
uma vez que nessa questão se envolve as pulsões do ego, que querem conduzir o que é vivo à
morte e as pulsões sexuais, que tentam e conseguem uma renovação da vida dia após dia.

Comparando os organismos multicelulares, Freud percebe que os organismos unicelulares são


imortais, podendo os multicelulares morrer por razões internas (imperfeições do metabolismo),
questão essa que não tem interesse ao seu estudo. A explicação da origem da morte encontra-se
na estranha pressuposição de pulsões de morte. Freud a partir daí, cita diversos cientistas e
estudiosos de organismos protistas (unicelulares), a fim de verificar o que foi citado. Um
protozoário, se é deixado a si mesmo, morre de morte natural devido à evacuação incompleta
dos produtos de seu próprio metabolismo. Daí, Freud hipotetizou que a mesma incapacidade
seja a causa suprema também da morte de animais superiores como humanos. Assim, questiona-
se se servimos a algum objetivo ao tentar solucionar o problema da morte natural a partir do
estudo dos protista; assim, torna-se indiferente poder demonstrar se ocorre ou não a morte
natural nos protozoários. Dessa forma, a biologia não contradiz o reconhecimento das pulsões
de morte, deixando Freud satisfeito em poder seguir com a preocupação com a possibilidade das
mesmas. Verifica que as pulsões de vida (sexuais) ativos em cada célula tomam as outras
células como seu objeto, que de forma parcial, tornam neutras as pulsões de morte nessas
células, preservando assim sua vida; as outras células fazem o mesmo para elas. AQUI, A
LIBIDO DE NOSSAS PULSÕES SEXUAIS COINCIDIRIA COM O EROS (DOS POETAS E
FILÓSOFOS), O QUAL MANTÉM UNIDAS TODAS AS COISAS VIVAS. Encontra-se aqui
a consideração do lento desenvolvimento da teoria de libido de Freud: a partir das neuroses de
transferência, ele observou a oposição entre as pulsões sexuais (que se dirigem a um objeto) e
outras pulsões, as do ego, as quais Freud estava, ainda, pouco familiarizado. Um lugar de
importância foi destinado às pulsões de autoconservação do indivíduo.

Seguindo pela psicanálise, Freud em seguida, afirma que o caminho do ego psicológico era
conhecido como órgão repressivo e censor, capaz de erguer estruturas e formações reativas.
Verificou a regularidade com que a libido é retirada do objeto e dirigida para o ego, e a partir do
estudo do desenvolvimento libidinal das crianças em suas primeiras fases, concluiu que o ego é
o verdadeiro reservatório da libido, sendo apenas desse reservatório que ela se estende para os
objetos (À POSTERIORI, FREUD VAI PERCEBER QUE NÃO SE TRATA DO EGO, MAS
DO ID O RESERVATORIO ORIGINAL DA LIBIDO). A libido que se alojara no ego seria
narcisista. Essa libido era naturalmente também uma manifestação da força da pulsão sexual,
sendo então identificada com as pulsões de autoconservação. Sua análise permite inferir que
uma parte das pulsões do ego era libidinal e que pulsões sexuais operavam no ego. A distinção
então entre as pulsões que antes era qualitativa deveria ser observada como topográfica (e
quantitativa).

Freud vai voltar a enfatizar o caráter libidinal das pulsões de autoconservação, agora que já
tinha reconhecido as pulsões sexuais como Eros, conservador de todas as coisas, e que já tinha
derivado a libido narcisista do ego dos estoques de libido por meio da qual as células do soma
(corpo) estão ligadas umas às outras. Reenfatiza que seu debate aqui visou distinguir
nitidamente as pulsões do ego (pulsões de morte) e pulsões sexuais (pulsões de vida), a fim de
incluir as pulsões autoconservadoras do ego entre as pulsões de morte, retirando esse ponto após
as descobertas. Suas concepções desde o início foram dualistas, sendo ainda mais hoje, agora
que a oposição não se dá entre pulsões do ego e sexuais, mas entre pulsões de morte e de vida.
Com tudo isso, ainda era difícil para a psicanálise permitir indicar quaisquer pulsões do ego que
não fossem os libidinais. Nessa obscuridade da teoria das pulsões, Freud falou que aceitou
qualquer hipótese que clareasse mais toda a situação. Partindo da grande oposição entre pulsões
de vida e de morte, verificou que o próprio amor objetal seria um segundo exemplo de
polaridade semelhante; identificou desde o início a existência de um componente sádico na
pulsão sexual, que pode se tornar independente e na forma de perversão dominar toda a
atividade sexual de alguém. Ele se perguntou então como uma pulsão sádica que visa prejudicar
o objeto derivaria do Eros, o conservador da vida? O sadismo entra em ação a serviço da função
sexual; a pulsão sádica se isola e na fase genital assume para os fins de reprodução a fim de
dominar o objeto sexual até o ato sexual. Analisou o masoquismo, componente ao sadismo,
encarando-o como um sadismo que se voltou para o próprio ego do sujeito. Em principio, não
há diferença entre uma pulsão se voltar do objeto para o Eu ou do Eu para o objeto, que seria
um novo ponto para discussão de Freud.

Retornando a discussão às pulsões sexuais autoconservadores, ele lembrou que pelos


experimentos com os protistas, foi demonstrado que a conjugação (união de dois indivíduos que
se separam logo após sem que qq divisão celular ocorra) tem efeito fortalecedor sobre ambos.
Essa observação pode também ser tomada pela união sexual. O resultado é ocasionado pelo
surgimento de novas quantidades de estímulos. Os processos vitais a pessoa levam, por razoes
internas, a uma abolição das tensões (à morte), ao passo que a união com a subst viva de um
individuo diferente aumenta essas tensões, introduzindo diferenças vitais, que devem então ser
vividas. A tendência da vida mental seria, então, se esforçar para reduzir, manter constante ou
remover a tensão interna devida aos estímulos; tendência essa que se encontra no principio de
prazer. O reconhecimento do exposto forma razões para se acreditar na existência das pulsões
de morte (pulsões do ego). Entretanto, Freud não atribui à pulsão sexual a característica de uma
compulsão à repetição, que inicialmente, o tinha colocado no estudo das pulsões do ego.

Contra a concepção de sexualidade, levantada por Freud no texto, pode ser levantada a objeção
de postular a existência de pulsões de vida já a funcionar nos organismos mais simples, porque
de outra forma, a conjugação (que vai contra o curso da vida e torna a tarefa de viver mais
difícil) não teria sido mantida, mas evitada. Para não abandonar a hipótese que prova a
existência das pulsões de morte, Freud supõe que elas estão sim associadas, desde o início, com
as pulsões de vida.

Com uma citação de Platão, Freud verifica que ele tem a teoria que trata não apenas da origem
da pulsão sexual, mas também da mais importante de suas variações com relação ao objeto. A
partir da sugestão platônica, Freud se questiona se deve seguir pela hipótese de que a substancia
viva foi dividida em pequenas partículas a fim de se reunirem através das pulsões sexuais e
decide interromper, mas não sem antes acrescentar algumas palavras de reflexão crítica,
afirmando ter se convencido da verdade das hipóteses que foram formuladas nessas páginas.
Confirma que sua afirmativa quanto à regressão das pulsões se apóia no material observado
(compulsão à repetição). Confirma também que raramente as pessoas são imparciais no que se
trata das coisas supremas e afirma que a validade de sua teoria pode ser provisória. Ele afirmou
que não precisamos nos perturbar pela obscuridade no que tange os estudos das pulsões de vida
e de morte, e afirmou ser a biologia uma terra de possibilidade ilimitadas, afirmando que muitas
analogias, correlações e vinculações as quais ele fez mereceram consideração. *EXISTE UM
RESUMO BEM DETALHADO NA NOTA DE RODAPE NA PAGINA 71 DESSE LIVRO*

VII

Neste ultimo capitulo do texto, Freud pontua que caso restaurar um estado anterior das coisas
seja uma característica universal das pulsões, não esta surpreso que tantos processos se realizem
na vida mental independentemente do princípio de prazer. Ele descobriu que uma das mais
antigas funções do aparelho mental é sujeitar os impulsos pulsionais que com ele se chocam,
substituir o processo primário que neles predomina (inconsciente) pelo processo secundário
(consciência), convertendo inclusive sua energia catéxica livremente móvel numa catexia
quiescente (que se vincule de fato ao aparelho psíquico). Essa questão faz gerar a dominancia do
princípio de prazer.

Ele tenta diferenciar melhor função de tendência. O princípio de prazer seria uma tendência
operante a serviço de uma função, cujo objetivo é libertar inteiramente o aparelho mental de
excitações, conservar a quantidade constante nele ou mantê-la tão baixo quanto possível. A
função estaria, então, relacionada com o esforço maior de toda substancia viva: o retorno à
quiescência do mundo inorgânico. Assim, questionar-se-ia se sentimentos de prazer e desprazer
podem ser igualmente produzidos por processos excitatórios vinculados e livres; conclui que os
processos livres (primários) dão origem a sentimentos muito mais intensos em ambos os
sentidos do que os vinculados (secundários).

No começo da vida mental, a luta pelo prazer é muito mais intensa do que posteriormente.
Verificou, assim, que tinham de se submeter a freqüentes interrupções, e em épocas posteriores,
a dominância do princípio de prazer seria muito mais segura. Observou, ainda, que as pulsões
de vida têm muito mais contato com nossa percepção interna, surgindo como rompedores de paz
e produzindo de forma constante tensões cujo alívio é sentido como prazer, ao passo que as
pulsões de morte efetuam seu trabalho discretamente. O princípio de prazer parece, na realidade,
servir às pulsões de morte. É claro que mantém vigia sobre os estímulos provindos de fora
(encarados como perigos por ambas as pulsões), mas se acha mais especialmente em guarda
contra os aumentos de estimulação provindos de dentro, que tornariam mais difícil a tarefa de
viver: tudo isso levantou outras questões, às quais Freud não encontrou respostas.

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