Cadernos Cris-Fiocruz - Informe 03-24 Sobre Saude Global e Diplomacia Da Saude V Final PDF
Cadernos Cris-Fiocruz - Informe 03-24 Sobre Saude Global e Diplomacia Da Saude V Final PDF
Publicação Digital
Produção coletiva dos trabalhadores do CRIS-FIOCRUZ
Rio de Janeiro, 14 de março de 2024
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SUMÁRIO
21 O tempo maleável até um acordo final - Paula Reges, Luana Bermudez e Guto Galvão
27 A sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente - Danielly de P.
Magalhães e Luiz Augusto Galvão
35 Conectando Destinos: Plano Estratégico da OIM para um Mundo Inclusivo - Rafael Gomes
França, Caio Murta, Giulia Mariano Machado, Harim Baek, Júlia Moraes, Marina
Sujkowski e Deisy de Freitas Lima Ventura
38 Dia Internacional da Mulher 2024 e 68ª Comissão Sobre a Situação das Mulheres - Maria
Teresa Rossetti Massari e Maria Auxiliadora Mendes Gomes
54 Informe UNESCO: educação, ciência e cultura - Fabiane Gaspar, Gisele Sanglard, Vitor
Rodrigues e Heliton Barros
62 Instituições Financeiras Multilaterais no G20 Brasil e as Reuniões Anuais do BID - Isis Pillar
Cazumbá
115 Superar desigualdades e garantir inclusão no G20. O G7 sob presidência da italiana Giorgia
Meloni dá início às reuniões ministeriais. Preocupações sobre o Novo Acordo sobre
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Pandemias são levantadas durante o primeiro encontro dos Ministros da Saúde do G7.
Dívidas mundiais e combate a desinformação são destaques para a OCDE - Pedro Burger,
Vitória Kavanami, João Miguel Estephanio, Thaiany Medeiros Cury, Nina Bouqvar e Paulo
Esteves
125 Rússia anuncia parte do calendário de eventos 2024 do BRICS, NBD contribuirá com o G20,
países BRICS estão desenvolvendo um sistema de pagamentos e Índia e Rússia assinam
acordo de cooperação em medicamentos - Claudia Hoirisch
154 Educação como tema da União Africana para 2024 - Augusto Paulo Silva, Tomé Cá, Manuel
Mahoche e Felix Rosenberg
170 Na Europa, França transforma o aborto em direito constitucional - Ana Helena Gigliotti de
Luna Freire
173 Mulheres na força de trabalho na Ásia e Região Mena. O que está faltando? - Lúcia Marques
186 Duas Sessões: Novas Forças Produtivas - André Costa Lobato e Li Yunyun
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CADERNOS CRIS/FIOCRUZ
Informe sobre Saúde Global e Diplomacia da Saúde
No. 03/2024 – 28 de fevereiro a 12 de março de 2024
Apresentação
Abrimos este Caderno 3 com uma saudação à todas as mulheres do mundo pelo Dia
Internacional da Mulher, comemorado a 8 de março. Elas são hoje maioria em quase todos os
sistemas de saúde do mundo, e do espírito amoroso das mulheres é de onde advém muitas
vezes a qualidade dos sistemas de saúde bem-sucedidos, nos quais elas são a maioria da força
de trabalho. Oxalá, passem a receber o tratamento salarial equitativo aos dos homens, pois
ainda vivemos a perversa realidade de atividades idênticas, mas salários muitas vezes
diferenciados, segundo gênero.
Reuniões de alto nível de G20, G7 e BRICS, 3ª. Cúpula do Sul, Cúpula da União Africana,
Assembleia da ONU sobre Ambiente (UNEA-6), Conferência Ministerial da Organização Mundial
do Comércio (OMC), Cúpulas da Comunidade do Caribe (CARICOM) e da Comunidade de Países
Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), Fórum Social Mundial, Movimento de Saúde dos
Povos, manutenção das guerras midiáticas e de centenas de outros conflitos militares. Uma
potente agenda global e multiterritorial desafia governos e movimentos sociais neste início de
2024. O fascículo 3 dos Cadernos aborda boa parte destes temas, pois alguns deles já foram
objeto de nossa atenção nos fascículos 1 e 2.
Uma série de acontecimentos muito importantes no cenário global neste início de ano
estiveram relacionados com o G20: a primeira Reunião dos Chanceleres, presencial, no Rio de
Janeiro, dias 21 e 22 de fevereiro; a primeira reunião (virtual) do Grupo de Trabalho de Saúde,
virtual, dia 22 de fevereiro; a primeira reunião (híbrida) da Aliança Global contra a Pobreza e a
Fome; e primeira reunião presencial da Trilha de Finanças do G20, entre 26 e 29 de fevereiro,
em São Paulo.
Sobre estes e outros tantos temas delicados e de alto impacto sobre a saúde humana e
planetária é que trata este fascículo 3 dos Cadernos de Saúde Global e Diplomacia da Saúde. Um
registro, entretanto, se faz imprescindível: todos estes espaços políticos de alta relevância, sem
exceção, ignoram, se omitem, ou manifestam-se de forma tíbia sobre o tema da saúde,
considerando a terrível experiência mundial com a Covid-19 e a permanência de todas as
condições – políticas, sociais, econômicas e ambientais – para que sejamos assolados por uma
nova pandemia, a doença X.
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Em 12 de março, registra-se o ano 4 de decretação, pela OMS, do estado de pandemia
da Covid-19. Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, publicou em O Globo uma crônica
que, autorizados pela autora, reproduzimos na abertura deste Caderno, refletindo sobre as
dores que a pandemia trouxe à humanidade, mas também os progressos científicos, que
permitiram avanços no enfrentamento da enfermidade.
E esses olhos de espanto que não se fecham! Assim Alcázar encerra sua reflexão sobre
Gaza e a tragédia humanitária, analisando as novas e confirmadas nuances do processo em
curso, as posições de diversos atores globais e, particularmente, do governo israelense. Uma
reflexão dos olhos abertos dos Cadernos, vigilante com relação à absurda inação da comunidade
internacional diante da matança que já alcança mais de 31 mil pessoas, principalmente mulheres
e crianças. E o pior, as negociações estão paralisadas, a crise humanitária e de saúde aumentam
a cada dia que passa.
Não é uma guerra convencional, mas uma chaga aberta e exposta no nosso hemisfério.
Trata-se do Haiti. É inaceitável o que está ocorrendo naquele país, o terror e o medo
implantados, e agora, o máximo desgoverno, com a renúncia do até aqui primeiro-ministro
Henry, que na verdade se mantinha ilegalmente no poder. Não é aceitável que os países da ALC
e os grandes do Norte do hemisfério não enfrentem o problema que efetivamente vitima a
população mais vulnerável do país, principalmente crianças, adolescentes, mulheres e idosos. É
absurdo que nossos países estejam tentando passar adiante o problema, para... o Quênia, país
africano, e de língua inglesa. Indesculpável as omissões da CELAC, da OEA, e da própria
diplomacia brasileira, tão afoita em declarações ousadas, e tão tímida para agir numa situação
real e dolorosa ao nosso lado. Cobramos aqui uma ação urgente dos países latino-americanos,
a quem a história cobrará por cada vítima, por cada criança, mulher ou vulnerável que perecer
no Haiti.
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adequadamente o acesso aos patógenos às obrigações relacionadas à repartição de benefícios
advindos de seu uso, principalmente comercial. Além disso, houve divergências em outros
pontos, como a manutenção do princípio de "responsabilidades comuns, porém diferenciadas",
a inclusão de um novo anexo com obrigações adicionais sobre capacidades de prevenção e "One
Health", a falta de iniciativas concretas sobre transferência de tecnologia e propriedade
intelectual, entre outros. Bermudez, Reges e Galvão concluem que é pouco tempo até maio
para se chegar a um acordo ambicioso, mas é imprescindível acompanhar o desgastado processo
ser concluído.
A sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-6)
ocorreu de 26 de fevereiro a 1º de março de 2024 em Nairóbi, Quênia, focando em enfrentar a
crise climática, perda de biodiversidade e poluição. Dezenove resoluções foram discutidas, com
15 sendo aprovadas, abordando temas como mineração, estilos de vida sustentáveis e gestão
oceânica. Para nossos analistas Magalhães e Galvão, apesar dos desafios enfrentados, como
falta de consenso em algumas áreas, a reunião destacou a importância do multilateralismo e do
diálogo entre partes interessadas. A diretora executiva do PNUMA enfatizou a necessidade de
união contra os desafios ambientais. Enquanto alguns Estados expressaram satisfação com os
resultados, outros levantaram preocupações sobre a falta de referências específicas, como o
princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e a justiça climática. Os grupos de
partes interessadas também expressaram preocupações sobre inclusão e justiça climática. No
geral, embora a UNEA-6 tenha enfrentado obstáculos, ela continua sendo uma plataforma
crucial para enfrentar os desafios ambientais globais, além de ser um evento importante para a
saúde pública, ao destacar a relação entre as crises ambientais e a saúde humana, promover
ações globais para enfrentá-las e incentivar a cooperação internacional para proteger a saúde
das populações.
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Nilson, Silva, Ell e Ubarana aproveitamos o Dia Mundial da Obesidade, em 4 de março,
para discutir essa pandemia, como se atrela aos sistemas alimentares hegemônicos e qual o
papel dos governos nacionais e organismos internacionais nessa agenda.
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prioridades do Brasil na Presidência do G20 e a relevância da Cooperação Sul-Sul e da
Cooperação Triangular no avanço da igualdade e do Desenvolvimento Sustentável, em reunião
interna do UNOSSC. A representante permanente de Portugal junto da ONU destacou que
Portugal é um dos principais defensores da Cooperação Triangular entre os membros do Comitê
de Ajuda ao Desenvolvimento, que é ligado ao OCDE, que é um fórum internacional de
cooperação com os 24 maiores países doadores do mundo, entre eles, Portugal que considera
importante a Cooperação Triangular como complemento da cooperação Sul-Sul. O G-77 e a
China ressaltaram que o rascunho sobre o processo de revisão das resoluções sobre o ECOSOC
e HLPF não reflete a posição de 134 países. Seguem firme com as discussões sobre o Pacto Digital
Global e sobre a preparação para a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o
Desenvolvimento que será realizada em 2025. O Movimento Jovem dos Não Alinhados tem
publicado a "História do Movimento dos Não-Alinhados" para que os seus princípios sejam
conhecidos pelos mais jovens. Já o Centro Sul destaca o auto enfraquecimento da convenção
sobre a biodiversidade, o apoio as campanhas de sensibilização sobre resistência antimicrobiana
e a possibilidade de aproveitar a governança ambiental e social para promover o investimento
responsável e os direitos humanos.
A Rússia anunciou parte do calendário dos BRICS para 2024. O MRE do Brasil incluiu o
NBD na lista de organizações que contribuirão com a presidência brasileira do G20 em 2024 e
excluiu a OCDE que será convidada a participar das reuniões. Ainda sobre o NBD, no início de
dezembro de 2023, o Brasil assinou dois empréstimos totalizando US$ 1,7 bilhão com o Banco
para, respectivamente, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e viabilizar ações de
adaptação às mudanças climáticas; e apoiar o programa de infraestrutura sustentável e
assistência a estados e municípios. Os países BRICS estão desenvolvendo um sistema de
pagamentos chamado BRICS Pay, visando facilitar pagamentos e liquidações em suas moedas
locais, que funciona como um mecanismo de mensagens de pagamentos semelhante ao sistema
SWIFT. No final de dezembro de 2023, dois países do BRICS, Índia e Rússia assinaram acordos
para fortalecer as áreas de medicamentos e outras substâncias farmacêuticas, bem como
dispositivos médicos. Estes os temas abordados por Cláudia Hoirisch no informe da quinzena.
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CONHU para a infância e adolescência; a promoção de ações nas áreas de vigilância sanitária e
saúde e gênero pela COMISCA; a participação do SELA na Cúpula da CELAC; a discussão da OTCA
nas áreas de ilícitos ambientais e gestão dos recursos hídricos e por fim, discutimos a grave crise
política haitiana, as negociações entre Brasil e Paraguai pela alteração de tarifas em Itaipu e a
morte de militar venezuelano no Chile.
Em seu informe sobre a Europa, Freire destaca a liberdade garantida ao aborto prevista
constitucionalmente na França, frente à importância do tema para a saúde pública e ao
crescimento da extrema direita na Europa, que teve mais uma demonstração nas urnas
portuguesas. Relatórios do European Centre for Diseases Control (ECDC), revelam preocupante
crescimento de IST na UE. Na esteira das guerras, a Suécia adere à Otan e um corredor marítimo
Chipre-Gaza é inaugurado, enquanto as exportações de armas crescem mundialmente.
O novo olhar, com novos dados, para análise sobre o avanço na igualdade de gênero no
mundo, mostra os gaps entre as leis e a prática e que até mesmo os países mais ricos deixam a
desejar. É o que aponta o novo relatório do Banco Mundial, Mulheres, Empresa e Lei 2024. O
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estudo mostra que os governos de muitos países não aplicaram adequadamente as leis
existentes. E sinaliza que ações como campanhas esclarecedoras, para quebra de conceitos e
preconceitos tanto no universo marco das finanças, quanto no universo dos comportamentos
históricos machistas que se perpetuam, são necessários. Ásia e Região Mena, juntamente com
a África subsaariana são as regiões com os menores índices de evolução, embora tenha havido
avanços significativos. Outros relatórios e estudos corroboram a análise do Banco Mundial e
reafirma a necessidade de uma abordagem holística ou levaremos 131 anos para alcançar a
igualdade, como apontou o Fórum Econômico Mundial. No Tabuleiro da Geopolítica, Gaza no
discurso no Congresso do presidente dos EUA, Joe Biden, e a ambiguidade que reflete a fraqueza
do líder. Estes os destaques de Lúcia Marques na quinzena recém finda.
O embaixador Adhemar Bahadian faz uma análise aguda sobre as duas forças que vão
disputar a Casa Branca em novembro, oferecendo aos leitores uma reflexão sobre o que podem
representar as vitórias do Biden ou Trump, inclinando-se pelas propostas mais racionais e
moderadas do primeiro e alertando os perigos que rondarão as democracias americanas e global
em caso de vitória do ex-presidente.
Apesar de voltados centralmente para a saúde global, não podemos deixar de registrar
o lançamento, aqui no Brasil, do livro SUS: uma biografia: Lutas e conquistas da sociedade
brasileira, de Luiz Antonio Santini e Clovis Bulcão, um registro da história do nosso sistema de
saúde, com suas conquistas, defeitos, inovações, contradições, pelos olhos de um dos mais
importantes especialistas em saúde pública do país.
O CRIS associa-se à toda a Fiocruz que, por meio da presidência registrou e lamenta a
morte da sanitarista Laís Guerra de Macedo, brava mulher brasileira, que liderou a luta contra
a AIDS no Brasil nos primeiros anos, recentemente falecida.
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Quatro anos da Covid-191
Margareth Dalcolmo
Que força prodigiosa de vitalidade e resistência nos traz daquele longínquo dezembro
de 2019, até os nossos dias, com tudo o que vivemos pessoal e coletivamente? Com descobertas
e decepções, sabemos que nossos serviços, grupos de profissionais, instituições e pessoas foram
levadas ao limite da resiliência.
Porém, a despeito das adversidades, para que não esqueçamos, posto que nossa
memória coletiva é fraca, aqui genotipamos o genoma do agente viral em poucos dias com o
grupo liderado pela Profa. Esther Sabino; desenvolvemos grandes estudos de fase 3 de vacinas,
incluindo milhares de voluntários; desenvolvemos estudos clínicos com medicamentos, com
anticorpos monoclonais, transferência de plasma, e com modalidades de ventilação mecânica
para casos graves; colaboramos em estudos multicêntricos internacionais, e publicamos em
periódicos médicos indexados de grande qualidade, estando entre os países que mais
produziram cientificamente. Além disso, numa cultura concentracionista de renda como a nossa
e sem tradição em doar, vimos que seria possível a criação de um voluntariado de nova
qualidade no país, financiando serviços, pesquisas e assistência social.
Poderia dizer que é frustração o que se chama, quando nos damos conta de que,
nostalgicamente ou não, deixamos de alcançar um objetivo, ou de materializar um desejo, o que
povoa o nosso imaginário com densidade própria de páthos. Isso se dá quando percebemos a
obstinação de seres humanos, que ainda, após esse tempo de excesso de luto pelas quase 720
mil vítimas da pandemia no Brasil, das quais sabemos tantos milhares evitáveis, se dão ao
desplante de disseminar informações falaciosas sobre as medidas de saúde pública que nós
sabíamos seriam necessárias, como: em se tratando de virose aguda e de transmissão
respiratória, a grande arma para conter seriam as vacinas; e não medicamentos que, já havendo
sido testados em reposicionamento de fármacos, se mostrariam inúteis; isolamento e
distanciamento físico seriam inevitáveis, apesar de duros em nossa cultura gregária; o Sistema
Único de Saúde, sua infraestrutura e logística ágeis teriam sido salvadoras como a grande arma,
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Publicado originalmente em O GLOBO, edição de 12 de março de 2024, pg. 23, e reproduzido pelo
Caderno CRIS com autorização da Autora.
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não tivéssemos sido apanhados em momento de penúria e desmonte de muito da estrutura do
SUS.
Sem dúvida a Covid-19 criou uma biunivocidade de lutos e uma partilha compulsória de
angústias e expectativas, tudo o oposto da perplexidade, para a qual nem chance tivemos. Faz-
me lembrar do grande escritor George Bernanos, que em conversa com uma freira, disse: “não
morremos apenas cada um por si, mas uns por outros, e algumas vezes, uns em lugar de outros”.
Que saibamos fazer desta data, mais do que celebração pela bem-vinda abertura do Memorial
Pandemia Covid-19, no Rio de Janeiro, um alerta verdadeiro para que não volte a acontecer.
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O tempo de um segundo
Santiago Alcázar
Quanto dura um minuto? Dizem que 60 segundos, mas ninguém sabe quanto é um
segundo. Em um segundo, a luz viaja 300 mil quilómetros. A 13ª Conferência de Pesos e
Medidas, realizada em 1967, definiu o segundo em termos de períodos de radiação de elétrons
entre dois níveis de Césio. Para ser exato, 9.192.631.770 períodos em um segundo. É tão precisa
a medição, que levaria 6 mil anos para que houvesse uma diferença de um segundo. Um
segundo após o Big Bang, a temperatura do Universo era de 10 bilhões de graus Kelvin. A palavra
“sim” ou a palavra “não” podem ser faladas em um segundo, carregando toda a história da
humanidade, a história de um homem ou de uma mulher, uma alternativa ou um compromisso,
cheios de passos, idas e vindas, desesperados, conformados, cansados, ilusionados.
A nova petição da África do Sul argumenta que o que era então “perigoso” é agora tão
aterrorizante que não pode ser descrito com palavras. A nova situação, portanto, demanda
novas medidas provisórias.
Quanto dura um minuto? Uma violenta explosão derruba uma coluna de sustentação.
Cai o teto. Mulheres e crianças, surpreendidas, nada podem fazer senão gritar. Grito de medo,
um segundo antes do grito de dor pela perda de um braço, de uma perna, de um filho ou de
uma filha esmagada, tão perto que dói nos dedos, tão longe que os braços não alcançam tanta
dor.
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As seis medidas provisórias podem ser lidas em https://www.icj-cij.org/node/203447
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As partes em itálico foram extraídas, em tradução livre, da nova petição da África do Sul, que pode ser
acessada em https://www.icj-cij.org/sites/default/files/case-related/192/192-20240306-wri-01-00-
en.pdf
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estudado, desenvolvido, testado e produzido por indústrias situadas a distâncias
transcontinentais, ao abrigo do caos. Ou pode tropeçar com os detritos e quebrar-se toda em
um minuto. Um segundo, o tempo de responder “sim” à pergunta “saímos hoje à noite para
jantar”? O argumento da Representante dos EUA junto às Nações Unidas pode ser resumido em
um segundo, mas leva a eternidade de um minuto. Não!
Os palestinos em Gaza não estão mais em situação de risco de morte por fome. Ao
menos 15 crianças palestinas morreram de fome na última semana. Acredita-se que o número
pode ser muito maior. Estas mortes são provocadas pelo homem, previsíveis e completamente
evitáveis. Prevê-se que aumentarão exponencialmente, não linearmente, se não houver um
cessar-fogo e um fim do bloqueio.
As crianças palestinas estão morrendo por inanição como resultado direto de atos e
omissões de Israel. Isso inclui a tentativa de paralisar a UNRWA, de quem dependem homens,
mulheres, crianças e recém-nascidos – sitiados, deslocados, famintos, desassistidos,
desesperados.
Não há explicação para o que veio a seguir. Acusaram-no de não ter medida; e que
medidas pode haver nestes tempos desmedidos? Acusaram-no de confundir não se sabe bem o
quê, como se, presunçosos, arvorados em razões duvidosas, ignorassem que a marca de nosso
tempo é a confusão. Basta ver o que acontece na Ucrânia, derrotada, mas impedida de sentar-
se à mesa de negociação para a paz com a Rússia porque significaria reconhecer que a Aliança
Atlântica também foi derrotada. Não é possível reconhecer a derrota porque o preço é muito
alto. Aglutinar, influir e liderar são ações primordiais de qualquer exercício diplomático
destinado a dominar. São também resultantes do que é percebido como “good judgement”,
bom juízo. É fácil aglutinar, influir e liderar quando os que são aglutinados, influenciados e
liderados têm fé no “good judgement”, no bom juízo do líder. É quase uma crença religiosa
inabalável; mas quando o juízo do líder provoca perdas econômicas importantes, como as que
estão ocorrendo na Europa em razão das sanções bumerangue aplicadas contra a Rússia – não
mais há “good judgement”, mas “bad judgement”. A quebra acontece como a de ossos que se
quebram, com um estalido seco, em um segundo ou em um minuto. A dor e a desilusão trazem
incerteza e um sentimento de frustração enorme. Não se pode confiar mais no líder. Queremos
um líder! Alguém que nos guie! - parece ouvir-se no silêncio da noite, na escuridão profunda,
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que poderá iluminar-se pelo tênue instante de um fósforo de um segundo ou de um minuto.
Silêncio. Não há líderes!
O Papa Francisco pede que a Ucrânia tenha a coragem de negociar a paz, mas como
pedir algo que não existe entre os que podem acabar com a carnificina, entre os que preferem
recorrer ao uso de armas para resolver problemas que reclamam bom senso e juízo? Não há
bom senso ou juízo. Como não dizer que Biden e Netanyahu são covardes?
Segundo o UNICEF, parte do espaço auxiliar da ONU, que como se sabe é o espaço para
auxiliar a ONU a realizar os direitos humanos, o desenvolvimento, a paz e a segurança e a justiça,
as quatro ideias fundacionais da Organização.
Agora, as mortes de crianças que temíamos estão aqui e devem aumentar rapidamente.
O sentimento de desamparo e desespero dos pais e médicos que procuram ajuda deve ser
insuportável. Pior, no entanto, é o choro angustiado das crianças morrendo lentamente ante o
olhar do mundo.
África do Sul, que sabe algo dos horrores do apartheid, teme que o novo apelo ante a
Corte pode ser a última oportunidade que ela (a Corte) terá para salvar os palestinos de
morrerem de fome. A África do Sul solicita respeitosamente à Corte que atue agora – antes que
seja tarde – para fazer o que tiver que ser feito para salvar os palestinos do genocídio pela fome.
Chama a atenção que a moral e a justiça estejam tão vendidas a um dos lados do caos,
se é que há lado no caos. O Tribunal Penal Internacional, que é de 2002 e não deve ser
confundido com a Corte Internacional de Justiça, parece atacado de “bad judgement”. Até o
presente, nada fez para decretar a prisão de Benjamin Netanyahu, toda a cúpula do regime de
Tel Aviv, pilotos e soldados que participam do assassinato brutal de mulheres, crianças e
inocentes palestinos. Em 17 de março de 2023, o Tribunal decretou ordem de prisão contra o
Presidente Wladimir Putin por alegadamente transferir crianças de zona de guerra para a Rússia.
Ao contrário das crianças palestinas, as crianças transferidas estão vivas e passam bem.
O que pensar com tanta parcialidade? O que pensarão os que cometem crimes contra a
humanidade em lugares remotos do planeta, em países esquecidos ou mal lembrados. Que
importa o que decidam os senhores juízes, ante tanta injustiça.
Em um segundo alguém dirá sim ou dirá não. Carregados de sentido, serão decisivos, ou
não. Alguém dirá que a arquitetura financeira internacional é obsoleta e injusta e não mais
atende às necessidades do século XXI. Em um minuto, uma mulher perderá o filho, que tanto
carinho recebeu. Morto de fome, lentamente, sem mais força para chorar de dor. E esses olhos
de espanto que não se fecham.
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Um mundo que prioriza os gastos militares em detrimento do desenvolvimento
sustentável4
Sebastián Tobar
Em setembro de 2015, na 70.ª Assembleia Geral da ONU, os Chefes de Estado e de
Governo subscreveram por unanimidade o maior desafio global: a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável5. No preâmbulo, afirma-se que “esta Agenda é um plano de ação
para as pessoas, o planeta, a prosperidade, a paz e as alianças” (os 5 pês). A Agenda aponta que
a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões continua a ser o principal
objetivo global e requisito essencial para o desenvolvimento sustentável, além de chamar a
atenção para a necessidade de paz, de superação das desigualdades entre e dentro dos países
e de proteção do planeta e dos seus recursos naturais. Quase 9 anos depois, o mundo parece
mais interessado na guerra do que nos objetivos que o uniu naquela Assembleia.
Prova disso é que, em 2023, os gastos militares globais foram 52 vezes maiores do que
a Ajuda Oficial para o Desenvolvimento (AOD). Como apontam os dados de “The Military
Balance 2024”6 (IISS, 13/02/2024), os conflitos armados entre Rússia e Ucrânia e na Faixa de
Gaza, entre outros, aumentaram os gastos da indústria da defesa para níveis sem precedentes
desde a Segunda Guerra Mundial. O investimento em armas ascendeu a 10,9 bilhões de dólares,
enquanto todos os desembolsos líquidos de créditos e donativos destinados a projetos de
desenvolvimento atingiram apenas 2,10 bilhões de dólares.
4
O presente artigo foi publicado originalmente no blog do Centro de Estudos Estratégicos da FIOCRUZ
(CEE), em 04/03/2024. Acesso: https://cee.fiocruz.br/?q=Um-mundo-que-prioriza-os-gastos-militares-
em-detrimento-do-desenvolvimento-sustentavel
5
A Resolução A/70/L1, da 71ª. sessão da UNGA, é o resultado das negociações intergovernamentais na
Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, realizada em setembro de 2015, em Nova
York. A resolução, intitulada “Transformando nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável", contém a proposta da Agenda de Desenvolvimento 2030 e seus ODS
6
https://www.iiss.org/publications/the-military-balance/
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Laudato si é o título da segunda encíclica do Papa Francisco, assinada em 24 de maio, Solenidade de
Pentecostes de 2015, e apresentada em 18 de junho do mesmo ano. É importante destacar que a Laudato
si analisa os problemas do atual modelo de desenvolvimento e é lançada no mesmo ano que a Agenda
2030. Acesso: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-
francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html
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Francisco faz um convite para um novo diálogo sobre a forma como construímos o
futuro do planeta, apontando que é necessária uma conversa que una a todos nós, porque o
desafio ambiental que vivemos e as suas raízes humanas nos interessam e impactam a todos,
e assim destaca a necessidade de uma nova solidariedade universal.
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RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2023-2024
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
Países ricos alcançam desenvolvimento humano recorde, mas metade dos mais
pobres regrediu, revela PNUD8
Estima-se que o IDH atinja níveis históricos em 2023, após declínios acentuados em 2020
e 2021. Porém, este progresso é profundamente desigual. Por um lado, os países ricos registam
níveis históricos de desenvolvimento humano e, por outro, metade dos países mais pobres do
mundo mantêm-se abaixo do seu nível de progresso anterior à crise.
8
Esta nota sobre o RDH foi publicada originalmente no site do PNUD em:
https://www.undp.org/pt/guinea-bissau/news/relatorio-do-desenvolvimento-humano-2023-2024 e é
reproduzida neste fascículo, sem maiores comentários de analistas do CRIS, dado que sai publicado no dia
da edição da versão final do Caderno 3. Receberá a devida atenção crítica no fascículo 4.
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apoio a líderes que a podem minar, contornando as regras fundamentais do processo
democrático, de acordo com os dados analisados no relatório. Metade das pessoas inquiridas
em todo o mundo referem ter pouco ou nenhum controlo sobre as suas vidas e mais de dois
terços consideram ter pouca influência nas decisões do seu governo.
O relatório destaca o fato de a desglobalização não ser viável nem realista atualmente e
que a interdependência econômica permanece elevada. Refere que nenhuma região está
próxima da autossuficiência, uma vez que todas dependem em 25% ou mais das importações
de outras regiões de, pelo menos, um dos principais tipos de bens e serviços.
«Num mundo marcado por uma polarização e por uma divisão crescentes, descurar o
investimento nos outros representa uma séria ameaça ao nosso bem-estar e à nossa segurança.
As abordagens protecionistas são incapazes de dar resposta aos desafios complexos e
interligados que enfrentamos, incluindo a prevenção de pandemias, as alterações climáticas e a
regulação digital», acrescentou Steiner. «Os nossos problemas estão interligados, pelo que
requerem soluções igualmente interligadas. Com a adoção de uma agenda centrada em
oportunidades que coloque a tónica nos benefícios da transição energética e da inteligência
artificial para o desenvolvimento humano, dispomos de uma oportunidade para sair do atual
impasse e para reacender o compromisso com um futuro partilhado.»
• bens públicos a nível planetário, à medida que enfrentamos os desafios sem precedentes
do Antropoceno;
• bens públicos globais digitais, para uma maior equidade no aproveitamento das novas
tecnologias com vista a um desenvolvimento humano equitativo;
• mecanismos financeiros novos e alargados, incluindo uma nova via de cooperação
internacional que complemente a ajuda humanitária e o apoio tradicional ao
desenvolvimento dos países com um baixo rendimento; e
• redução da polarização política através de abordagens de governação centradas na
valorização das vozes das pessoas no que respeita à deliberação e à luta contra a
desinformação.
19
Outros dados importantes do Relatório
Entre os 35 países menos desenvolvidos (PMD) que registaram um declínio nos seus IDH
em 2020 e/ou em 2021, mais de metade (18 países) ainda não recuperaram os seus níveis de
desenvolvimento humano de 2019.
De acordo com a tendência registada antes de 2019, nenhuma das regiões em vias de
desenvolvimento alcançou os níveis de IDH previstos. Afigura-se que transitaram para uma
trajetória de IDH inferior, o que indica potenciais recuos permanentes no progresso futuro do
desenvolvimento humano.
O relatório cita estudos que apontam para o fato de os países com governos populistas
apresentarem taxas de crescimento do PIB mais baixas. Decorridos quinze anos após a tomada
de posse de um governo populista, verifica-se que o PIB per capita é 10% inferior ao que se
registaria num contexto de governo não populista.
20
O tempo maleável até um acordo final
Luana Bermudez
Paula Reges
Luiz Augusto Galvão
INB 8
21
Um dos principais pontos contenciosos foi o artigo 12, que de acordo com os países
desenvolvidos não vinculava adequadamente o acesso aos patógenos às obrigações
relacionadas à repartição de benefícios advindos de seu uso, principalmente comercial. Além
disso, houve divergências em outros pontos, como a manutenção do princípio de
"responsabilidades comuns, porém diferenciadas", a inclusão de um novo anexo com obrigações
adicionais sobre capacidades de prevenção e "One Health", a falta de iniciativas concretas sobre
transferência de tecnologia e propriedade intelectual, entre outros.
Em relação ao novo texto, o mesmo foi circulado pelo Bureau aos Estados Membros e
stakeholders na sexta feira, 08 de março, e será base da negociação na 9ª sessão do INB (INB9)
que iniciará na próxima segunda-feira, 18 de março. As avaliações sobre o último rascunho do
acordo pandêmico estão divididas, alguns representantes da sociedade civil acreditam que um
acordo pode estar ao alcance, citando melhorias como compromissos mais fortes para
promover o acesso equitativo à pesquisa financiada pelos governos e o compromisso de não
contestar licenças compulsórias. Apesar disso, há expectativas de críticas contínuas durante as
negociações.
O texto parece ser um bom ponto de partida para os negociadores que se preparam
para o INB9, porém o prazo está se aproximando para o compromisso conjunto de alcançar um
consenso até maio. Neste sentido, é crucial avançar além das declarações genéricas em direção
22
a soluções práticas e eficazes que promovam a equidade e a segurança sanitária na região e no
mundo. Portanto, os negociadores ainda têm muito trabalho pela frente.
Equidade no WGIHR
Desigualdades de gênero contribuem para crise global na saúde e no trabalho assistencial, diz
relatório da OMS
Um novo relatório da OMS revela que as desigualdades de gênero no trabalho em saúde
e cuidados impactam negativamente as mulheres, os sistemas de saúde e os resultados de
saúde. As mulheres representam 67% da força de trabalho global remunerada de saúde e
cuidados e desempenham cerca de 76% de todas as atividades de cuidado não remuneradas. O
subinvestimento crônico em saúde e trabalho assistencial está contribuindo para uma crescente
crise global de cuidados. O relatório apresenta alavancas políticas para valorizar melhor a saúde
23
e o trabalho de cuidado: melhorar as condições de trabalho e incluir as mulheres de forma mais
equitativa na força de trabalho remunerada.
O relatório apresenta as alavancas políticas para valorizar melhor a saúde e o trabalho
de prestação de cuidados:
1. Melhorar as condições de trabalho para todas as formas de trabalho de saúde e de prestação
de cuidados, especialmente para profissões altamente feminizadas
2. Incluir as mulheres de forma mais equitativa na força de trabalho remunerada
3. Melhorar as condições de trabalho e os salários na força de trabalho da saúde e dos cuidados
de saúde e assegurar a igualdade de remuneração por trabalho de igual valor
4. Abordar a lacuna de gênero no cuidado, apoiar o trabalho de cuidado de qualidade e defender
os direitos e o bem-estar dos cuidadores
5. Assegurar que as estatísticas nacionais contabilizem, meçam e valorizem todo o trabalho de
saúde e de cuidados de saúde
6. Investir em sistemas de saúde pública robustos para reduzir a carga do trabalho assistencial
não remunerado e melhorar a qualidade dos serviços de saúde
Mortes de crianças no mundo atingem mínima histórica em 2022 diz o relatório da ONU
O relatório mais recente divulgado hoje pelo Grupo Interagências das Nações Unidas
para Estimativas de Mortalidade Infantil (UN IGME) revela que o número de crianças que
morreram antes de completar cinco anos atingiu uma baixa histórica, caindo para 4,9 milhões
em 2022. Esse declínio é resultado de décadas de comprometimento de indivíduos,
comunidades e nações para oferecer serviços de saúde acessíveis, de qualidade e eficazes.
O relatório destaca que mais crianças estão sobrevivendo hoje do que nunca, com a taxa
global de mortalidade infantil abaixo dos 5 anos reduzindo em 51% desde 2000. Vários países
de baixa e média-baixa renda superaram essa redução, demonstrando que o progresso é
possível quando os recursos são adequadamente direcionados para a atenção primária à saúde,
incluindo a saúde e o bem-estar infantil. No entanto, apesar desse progresso, ainda há um longo
caminho a percorrer para acabar com todas as mortes preveníveis de crianças e jovens. Além
dos 4,9 milhões de vidas perdidas antes dos cinco anos de idade, quase metade das quais eram
recém-nascidos, outras 2,1 milhões de crianças e jovens entre 5 e 24 anos também tiveram suas
vidas abreviadas, principalmente na África Subsaariana e Ásia Meridional.
A maioria dessas mortes poderia ter sido evitada com melhor acesso a serviços de saúde
primária de alta qualidade, incluindo intervenções essenciais de baixo custo, como vacinações,
presença de profissionais de saúde qualificados no parto, apoio ao aleitamento materno
precoce e contínuo, e diagnóstico e tratamento de doenças infantis.
Melhorar o acesso a serviços de saúde de qualidade e salvar vidas de crianças de mortes
preveníveis requer investimentos em educação, empregos e condições de trabalho decentes
para os profissionais de saúde fornecerem atenção primária à saúde, incluindo agentes
comunitários de saúde. Esses agentes desempenham um papel importante em fornecer serviços
de saúde que salvam vidas, como vacinações, testes e medicamentos para doenças tratáveis, e
apoio à nutrição, e devem ser integrados aos sistemas de saúde primária e receber salários
justos, treinamento adequado e equipamento para oferecer o mais alto padrão de cuidados.
24
Estudos mostram que as mortes infantis nos países de maior risco poderiam diminuir
substancialmente se as intervenções de sobrevivência infantil baseadas na comunidade
pudessem alcançar aqueles que precisam.
Este conjunto de intervenções por si só salvaria milhões de crianças e proporcionaria
cuidados mais próximos de casa. A gestão integrada de doenças na infância - especialmente as
principais causas de morte pós-neonatal, como infecções respiratórias agudas, diarréia e malária
- é necessária para melhorar a saúde e a sobrevivência infantil. No entanto, apesar dos sinais de
progresso global, existem ameaças substanciais e desigualdades que colocam em risco a
sobrevivência infantil em muitas partes do mundo. Essas ameaças incluem aumento da
desigualdade e instabilidade econômica, conflitos novos e prolongados, o impacto intensificado
das mudanças climáticas e as consequências da COVID-19, que poderiam levar à estagnação ou
até mesmo reversão dos ganhos e à contínua perda desnecessária de vidas infantis. As crianças
nascidas nas famílias mais pobres têm o dobro de chances de morrer antes dos cinco anos em
comparação com as famílias mais ricas, enquanto as crianças que vivem em áreas frágeis ou
afetadas por conflitos têm quase três vezes mais chances de morrer antes de completar cinco
anos do que as crianças em outros lugares.
A melhoria do acesso a cuidados de saúde de qualidade, especialmente em torno do
momento do nascimento, ajuda a reduzir a mortalidade entre crianças menores de 5 anos. No
entanto, para reduzir as desigualdades e acabar com as mortes preveníveis entre recém-
nascidos, crianças e jovens em todo o mundo, são necessários mais esforços e investimentos.
Se as taxas atuais persistirem, 59 países não atingirão a meta de mortalidade infantil abaixo dos
cinco anos estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e 64 países não
alcançarão a meta de mortalidade neonatal. Isso significa que cerca de 35 milhões de crianças
morrerão antes de completar cinco anos até 2030 - um número que será suportado
principalmente por famílias na África Subsaariana, Ásia Meridional e em países de baixa e média-
baixa renda.
O relatório também destaca grandes lacunas nos dados, especialmente na África
Subsaariana e Ásia Meridional, onde o fardo da mortalidade é alto. Os sistemas de dados e
estatísticas devem ser aprimorados para melhor monitorar e rastrear a sobrevivência e a saúde
infantil, incluindo indicadores de mortalidade e saúde por meio de pesquisas domiciliares,
registro de nascimentos e óbitos por meio de Sistemas de Informação
Comissão Regional de Saúde das Américas da OPAS, Banco Mundial e Lancet sobre Atenção
Primária à Saúde e Resiliência na América Latina e no Caribe.
O evento teve como objetivo apresentar a estrutura da Comissão e seus comissários que
colaborarão para gerar novos insights destinados a fortalecer a APS e reforçar seu papel no
reforço da resiliência dos sistemas de saúde na região.
25
avaliação completa das consequências previsíveis da não construção de tal resiliência na APS
para os países da ALC, abrangendo potenciais efeitos sobre a saúde da população e resultados
sociais e/ou econômicos para entender os argumentos econômicos para o investimento.
A região da América Latina e do Caribe enfrenta vários riscos para emergências de saúde
pública, como aqueles representados por mudanças climáticas, riscos de epidemias e
pandemias, desastres naturais, choques demográficos, conflitos e violência, e outros fatores
relacionados. É fundamental compreender melhor como a APS precisa ser transformada para
contribuir na prevenção, preparação, resposta e adaptação às emergências de saúde pública.
No entanto, as fragilidades pré-existentes do sistema de saúde, os orçamentos apertados, a
desconfiança pública nas instituições, as desigualdades e as dificuldades sociais e econômicas
de longa data ampliam esses riscos.
26
A sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente
The sixth session of the United Nations Environment Assembly
Danielly Magalhães
Guto Galvão
Abstract: The sixth session of the United Nations Environment Assembly (UNEA-6) took place
from February 26 to March 1, 2024, in Nairobi, Kenya, focusing on addressing the climate crisis,
biodiversity loss, and pollution. Nineteen resolutions were discussed, with 15 being approved,
covering topics such as mining, sustainable lifestyles, and ocean management. Despite the
challenges, such as a lack of consensus in some areas, the meeting highlighted the importance
of multilateralism and stakeholder dialogue. The Executive Director of UNEP emphasized the
need for unity against environmental challenges. While some states expressed satisfaction with
the outcomes, others raised concerns about the lack of specific references, such as the principle
of common but differentiated responsibilities and climate justice. Stakeholder groups also
expressed concerns about inclusion and climate justice. Despite facing obstacles, UNEA-6
remains a crucial platform for addressing global environmental challenges. It is also an important
public health event that highlights the relationship between environmental crises and human
health, promotes global actions to address them, and encourages international cooperation to
protect the health of populations.
Keywords: UNEA; Environment; triple planetary crisis; Ministerial declaration; armed conflict
Resumo: A sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-6)
ocorreu de 26 de fevereiro a 1º de março de 2024 em Nairóbi, Quênia, focando em enfrentar a
crise climática, perda de biodiversidade e poluição. Dezenove resoluções foram discutidas, com
15 sendo aprovadas, abordando temas como mineração, estilos de vida sustentáveis e gestão
oceânica. Apesar dos desafios enfrentados, como falta de consenso em algumas áreas, a reunião
destacou a importância do multilateralismo e do diálogo entre partes interessadas. A diretora
executiva do PNUMA enfatizou a necessidade de união contra os desafios ambientais. Enquanto
alguns Estados expressaram satisfação com os resultados, outros levantaram preocupações
sobre a falta de referências específicas, como o princípio das responsabilidades comuns, mas
diferenciadas, e a justiça climática. Os grupos de partes interessadas também expressaram
preocupações sobre inclusão e justiça climática. No geral, embora a UNEA-6 tenha enfrentado
obstáculos, ela continua sendo uma plataforma crucial para enfrentar os desafios ambientais
globais, além de ser um evento importante para a saúde pública ao destacar a relação entre as
crises ambientais e a saúde humana, promover ações globais para enfrentá-las e incentivar a
cooperação internacional para proteger a saúde das populações.
Palavras-chave: UNEA; Ambiente; Tripla Crise Planetária, Declaração Ministerial, conflitos
armados
27
Crédito: Photo credit © UNEP / Natalia Mroz
A sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-6) foi
realizada de 26 de fevereiro a 1º de março de 2024, na sede do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), em Nairóbi, no Quênia. A UNEA-6 analisou 19 resoluções
destinadas a enfrentar a tripla crise planetária que engloba as mudanças climáticas, a perda de
natureza e biodiversidade, a poluição e os resíduos, dentre elas, 5 foram retiradas. Apesar das
retiradas, 15 resoluções e dois projetos de decisão foram adotados, abrangendo várias questões
ambientais, como mineração e metais, estilos de vida sustentáveis e fortalecimento dos esforços
oceânicos.
A UNEA-6 foi um evento importante para a saúde pública ao destacar a relação entre as
crises ambientais e a saúde humana, promover ações globais para enfrentá-las e incentivar a
cooperação internacional para proteger a saúde das populações. O evento possibilitou a troca
de experiências e boas práticas entre países, fortalecendo as ações nacionais de combate às
crises ambientais e de proteção à saúde pública. A UNEA-6 pode ter impulsionado a colaboração
entre ministérios do meio ambiente e da saúde para o desenvolvimento de planos de ação
integrados.
Na sessão plenária, a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, pediu união para
enfrentar as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição. Os grupos regionais
congratularam-se com os quadros-chave em matéria de biodiversidade e gestão de produtos
químicos. A Etiópia destacou a desertificação e a degradação da terra, enquanto a Malásia pediu
uma ação coletiva com base nos princípios da Declaração do Rio. A Argélia priorizou os desafios
da desertificação. Vários outros grupos enfatizaram o envolvimento dos jovens, os direitos
indígenas e a oposição à modificação da radiação solar. As ONGs defenderam a proteção da
natureza e a construção da paz, assim como a necessidade de políticas inclusivas, equidade de
gênero e uma transição justa para os trabalhadores.
De acordo com a análise do IISD, havia expectativa que a UNEA-6 tivesse o mesmo
sucesso que as reuniões anteriores, ou até maior considerando o protagonismo que as questões
ambientais vêm tomando em vários espaços. No entanto, a reunião enfrentou desafios para
atender a essas expectativas, com algumas resoluções sendo percebidas como fracas, sem
novidade, com baixo embasamento científico e, dessa forma, várias resoluções não foram
aprovadas.
28
A reunião recebeu recorde de participação da governança ambiental, como ministros e
líderes de mais de 180 nações, vários representantes de acordos multilaterais e órgãos da ONU
- o que parecia ser bom, mas acabou colocando desafios para o papel de coordenação da UNEA.
Algumas negociações se cruzaram com acordos existentes, levando a discussões prolongadas e
dificuldades em chegar a um consenso. Foram observadas preocupações quanto ao
financiamento e aos meios de execução das resoluções, evidenciando a necessidade de
mecanismos de financiamento inovadores.
29
Resoluções aprovadas
7. UNEP/EA.6/L.10 - Proteger o meio ambiente dos efeitos adversos das tempestades de areia
e poeira - Focado em proteger o meio ambiente dos efeitos adversos das tempestades de areia
e poeira, incluindo esforços para mitigar e se adaptar a esses fenômenos
30
financiamento para a área de produtos químicos e resíduos. Pontos-chave incluem apoio ao
Quadro Global sobre Produtos Químicos, encorajamento para que as partes interessadas
forneçam recursos e esforços de coordenação entre diversos programas. A resolução também
solicita relatórios sobre o progresso da implementação na próxima sessão da Assembleia do
Meio Ambiente.
31
• Encoraja os Estados a aprimorar a eficácia dos esforços de assistência ambiental e recuperação
em regiões afetadas por conflitos.
• Solicita ao Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
que relate sobre a prestação de assistência ambiental do PNUMA em zonas de conflito e
desenvolva orientações técnicas sobre coleta de dados relacionados a danos ambientais de
conflitos armados.
15. UNEP/EA.6/L.16 - Soluções eficazes e inclusivas para reforçar as políticas hídricas para
alcançar o desenvolvimento sustentável no contexto das alterações climáticas, da perda de
biodiversidade e da poluição - Reconhece a importância vital da água para a saúde humana, o
bem-estar e os meios de subsistência, assim como para o funcionamento dos ecossistemas e
serviços ambientais. Destaca-se que a água é essencial para o desenvolvimento sustentável e a
erradicação da pobreza e da fome, ressaltando a interconexão entre água, ecossistemas,
energia, segurança alimentar e nutrição. O documento destaca a preocupação com o fato de o
mundo não estar no caminho certo para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
relacionados à água até 2030, enfatizando a necessidade de investimentos sustentáveis e
inovadores nesse setor. Também reconhece as ameaças à quantidade e qualidade da água,
incluindo a poluição, e destaca a importância de abordagens integradas de gestão de recursos
hídricos, incluindo cooperação transfronteiriça, monitoramento de dados confiáveis e
investimentos em infraestrutura sustentável. O projeto de resolução solicita ao Diretor
Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que intensifique as
ações para a proteção e gestão sustentável dos ecossistemas baseados em água, apresente
prioridades estratégicas para a gestão de água e amplie a colaboração com outras agências da
ONU. Além disso, pede aos Estados membros que intensifiquem os meios de implementação
para promover a gestão integrada de recursos hídricos, especialmente nos países em
desenvolvimento.
1. Intensificar os esforços para acelerar a transição a nível nacional, regional e mundial para
economias circulares - Visa promover padrões de consumo e produção sustentáveis, em
particular no contexto da transição para uma economia circular. A discussão girou em torno da
32
aceleração da transição global para economias circulares. Embora os delegados tenham
debatido uma linguagem específica, não foi possível chegar a um consenso sobre referências à
resolução 77/161 da AGNU ou descrições de economias circulares. O projeto de resolução foi
retirado por falta de acordo.
5. Viver bem em equilíbrio e harmonia com a Mãe Terra e as Ações Centradas na Mãe Terra
- Retirada devido à submissão tardia.
A Declaração Ministerial
33
garantir o acesso à água potável e ao saneamento é crucial para a saúde pública. (parágrafos 3-
5)
Plenária de Encerramento
34
Conectando Destinos: Plano Estratégico da OIM para um Mundo Inclusivo
Resumo. Neste informe, o Grupo de Trabalho de Migração, Refúgio e Saúde Global explora o
Plano Estratégico da Organização Internacional para Migrações 2024 – 2028, cujos objetivos são:
i) salvar vidas e proteger pessoas em movimento; ii) impulsionar soluções para deslocamentos
e iii) facilitar vias para a migração regular, que ajudará a tornar a migração mais segura e
ordenada, combatendo os incentivos para o contrabando de migrantes, o tráfico de pessoas, a
exploração e o abuso.
Summary. In this report, the Working Group on Migration, Refuge, and Global Health explores
the International Organization for Migration's Strategic Plan 2024–2028, which aims to: i) save
lives and protect people on the move; ii) drive solutions to displacement; and iii) facilitate
pathways for regular migration, contributing to making migration safer and more orderly,
combating incentives for migrant smuggling, human trafficking, exploitation, and abuse.
Este Objetivo também traz responsabilidade de respostas adaptadas aos seus contextos.
Para isso, a OIM se compromete a cada vez mais disponibilizar os dados de mobilidade, recursos,
vulnerabilidades e necessidades das populações deslocadas, hospedeiras e pessoas em
movimento. Além disso, também se propõe a colocar as necessidades e direitos individuais e o
bem-estar das comunidades no centro das respostas e planos da OIM, assim como promover
ações humanitárias inclusivas com maior envolvimento de lideranças e governos locais.
35
mais pessoas passam pelo processo complexo de deslocamento e por um período mais longo de
tempo. Dito isso, o plano da OIM é gerar a oportunidade de se obter resiliência e
autossuficiência, aumentando a quantidade de meios de subsistência e moradia, terra e direitos
de propriedade, tendo a intenção de incluir grupos vulnerabilizados. O investimento em
abordagens de desenvolvimento que integram cuidados de saúde, educação, meios de
subsistência e mecanismos de proteção pautados na comunidade é importante para que sejam
ações bem-sucedidas.
Em seus 70 anos de existência, a preparação para crises tem sido um pilar importante
do trabalho da organização9, a partir do framework de Sendai para Redução dos Riscos de
Desastres (2015-2030)10. Assim, a OIM tem atuado em dois eixos: o apoio os Estados-membro
a desenvolver sua resiliência e capacidade de responder a crises, bem como a integrar a
perspectiva da mobilidade humana em suas estratégias para lidar com riscos e oferecendo
suporte técnico para a criação de políticas públicas; e a participação em mecanismos
interagências para preparação e mitigação de crises, auxiliando com, por exemplo, a gestão de
informação dentro dos Estados-membro e a coordenação do plano de resposta à crise com
múltiplos atores.
9
https://www.iom.int/strengthen-preparedness-and-reduce-disaster-risk
10
https://www.undrr.org/publication/sendai-framework-disaster-risk-reduction-2015-2030
11
https://storyteller.iom.int/stories/fathers-story-perseverance-build-safe-home-amidst-conflict-and-
floods
12
https://storyteller.iom.int/stories/community-driven-solutions-addressing-disaster-induced-
displacement-burundi
36
surja, a OIM está implementando um projeto de Redução de Risco de Desastres, em colaboração
com a Plataforma Nacional para Prevenção de Riscos e Gestão de Desastres e com comitês
locais, a partir de iniciativas como esta, elaborada pelos próprios habitantes locais e que
considerem todo o espectro da mobilidade humana.
No novo plano 2024-2028, a OIM destaca que os países que estão em desenvolvimento,
principalmente quando se trata dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, têm a
necessidade de estar preparados para sofrer com os impactos das mudanças climáticas. A
organização está assumindo o compromisso de reforçar a assistência aos esforços que já
ocorrem por meio dos governos de cada região, pensando em auxiliar no planejamento da
migração dentro do contexto da adaptação às mudanças climáticas. Além disso, eles vão apoiar
as pessoas que desejarem continuar em suas regiões de origem, elevando os investimentos em
formas de redução do risco de desastres e adaptação local.
Em um esforço para atingir metas de longo prazo, a OIM intensifica seu papel como
facilitadora de cooperação Sul-Sul e triangular. Isso implica promover a integração regional e
colaboração inter-regional por meio de mecanismos de consulta interestatais liderados pelos
Estados sobre migração. Essa abordagem visa criar um ambiente mais favorável, impulsionar
mudanças transformadoras e desafiar narrativas injustas relacionadas à migração, ao mesmo
tempo em que maximiza o potencial positivo dessa dinâmica global.
37
Dia Internacional da Mulher 2024 e 68ª Comissão Sobre a Situação das Mulheres
International Women's Day 2024 and 68th Commission on the Status of Women
Abstract: On International Women's Day, UN Women defends investments in women as the best
solution to face the escalation of international crises. With almost half of the world's population
residing in countries undergoing electoral processes in 2024, March 8th serves as a fundamental
opportunity to shape the desired future. More than 10% of women in the world live in extreme
poverty, and gender equality is identified as a powerful catalyst for changing this scenario. The
economic empowerment of women through access to quality jobs and comprehensive social and
legal protection emerges as a fundamental strategy in promoting sustainable development and
combating poverty. The urgency of gender-focused investments is underscored, especially in the
context of the 68th Commission on the Status of Women, held March 11-22, where global leaders
converge to accelerate progress towards gender equality and women's empowerment. Finally,
our report brings data from a UN Women report that reveals the serious crisis in Gaza,
highlighting women and girls as the most affected during the six months of conflict in the region
- where 70% of those killed are women or children.
38
No Dia Internacional da Mulher, ONU Mulheres apela para o investimento nas mulheres como
a melhor solução para enfrentar as crescentes crises1
Para acessar o discurso completo de Sima Bauhaus, Diretora Executiva da ONU Mulheres, clique
aqui. Para assistir a declaração do Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, clique
aqui.
Em geral, mais mulheres do que homens vivem na pobreza. Atualmente, mais de 10%
das mulheres em todo o mundo estão presas num ciclo de pobreza extrema, vivendo com menos
de 2,15 dólares por dia. No atual ritmo de progresso, 342 milhões de mulheres (8% da
população) ainda viverão em pobreza extrema até 2030 se nada for feito.
39
Taxas mais elevadas de participação feminina na força de trabalho podem impulsionar
o crescimento econômico, no entanto, pesquisas mostram que simplesmente garantir trabalho
às mulheres não é suficiente. A inclusão econômica das mulheres deve também garantir o
acesso ao trabalho digno, à igualdade de remuneração por trabalho de igual valor e à proteção
social.
Apenas 61% das mulheres em idade ativa compõem a força de trabalho, em comparação
com 90,6% dos homens. Além disso, quase 60% das mulheres em todo o mundo trabalham na
economia informal, um número que dispara para mais de 90% nos países menos desenvolvidos.
Uma grande proporção delas tem empregos instáveis, mal remunerados e não
qualificados, que carecem de redes de segurança social, como trabalhadoras domésticas,
trabalhadoras da construção civil ou trabalhadoras agrícolas sazonais. Investir em empregos
qualificados e dignos para as mulheres têm um efeito cascata com benefícios mais amplos para
a sociedade, que não só promovem a igualdade de gênero, mas também impulsionam o
desenvolvimento econômico sustentável para todos.
Com apenas 26% das mulheres cobertas por sistemas de seguridade social em todo o
mundo, a falta de apoio é gritante. A discriminação no mundo do trabalho prende muitas
mulheres em empregos mal remunerados e informais, perpetuando a pobreza. De acordo com
a Organização Internacional do Trabalho, as mulheres são o grupo mais discriminado na força
de trabalho, enfrentando também taxas mais elevadas de violência e assédio sexual no
ambiente de trabalho.
40
Acabar com a violência baseada no gênero
As soluções para acabar com a pobreza das mulheres são amplamente reconhecidas:
investir em políticas e programas que abordem as desigualdades de gênero e reforçar a
liderança das mulheres. Esses investimentos têm impactos enormes: mais de 100 milhões de
mulheres e meninas poderiam ser tiradas da pobreza se os governos dessem prioridade à
educação e ao planejamento reprodutivo, salários justos e iguais e a ampliação de benefícios
sociais. Neste ano decisivo, enquanto 2,6 bilhões de pessoas vão às urnas para votar, elas têm o
poder de exigir um maior investimento na igualdade de gênero.
Quase 300 milhões de empregos poderão ser criados até 2035 com investimentos em
serviços de cuidados. A eliminação das disparidades de gênero no trabalho tem o potencial de
aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita em 20% em todas as regiões.
Estados-Membros na CSW
Quarenta e cinco Estados-Membros das Nações Unidas atuam como membros da CSW
ao mesmo tempo. A Comissão é composta por um representante de cada um dos 45 Estados-
Membros, por um período de quatro anos, eleito pelo Conselho Econômico e Social com base
numa distribuição geográfica equitativa:
● 13 membros da África
● 11 da Ásia
● Nove da América Latina e Caribe
● Oito da Europa Ocidental e de outros Estados
● Quatro da Europa Oriental
41
Na CSW68, governos, organizações da sociedade civil, especialistas e ativistas de todo o
mundo vão se reunir para chegar a acordos sobre ações e investimentos que possam acabar
com a pobreza das mulheres e promover a igualdade de gênero.
Para acessar a agenda completa da 68ª CSW, clique aqui. Para acessar os documentos oficiais,
clique aqui.
A ONU Mulheres publicou um relatório que fornece uma visão geral da crise que já dura
seis meses em Gaza e da situação de mulheres e meninas, as maiores afetadas.
● Mais de 24.620 palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza - 70% dos quais eram mulheres
ou crianças;
● Pelo menos 3.000 mulheres devem ter se tornado novas viúvas e/ou chefes de família;
● Mais de 1,9 milhões de pessoas — 85% da população total de Gaza — foram deslocadas
(estima-se que 1 milhão de mulheres e meninas);
● Não há espaços seguros, livres de violência baseada no gênero, para mulheres e meninas
sobreviventes;
Entre 2008 e 7 de outubro de 2023, a ONU registrou a morte de 6.542 palestinos e 308
israelenses em ataques, onde menos de 14% eram mulheres e meninas. Desde 7 de Outubro de
2023, o número de palestinianos mortos triplicou quando comparado aos 15 anos anteriores e
se observou uma mudança drástica na demografia: estima-se que 70% dos palestinos mortos
em Gaza são hoje mulheres e crianças.
42
Referências
1. International Women’s Day | UN Women – Headquarters [Internet]. [citado 11 de março de 2024].
Disponível em: https://www.unwomen.org/en/get-involved/international-womens-day
2. Speech: ‘Be the light that brings hope and that accelerates progress towards an equal, sustainable,
and peaceful future’ [Internet]. UN Women – Headquarters. 2024 [citado 11 de março de 2024].
Disponível em: https://www.unwomen.org/en/news-stories/speech/2024/03/speech-be-the-light-that-
brings-hope-and-that-accelerates-progress-towards-an-equal-sustainable-and-peaceful-future
3. How can gender equality reduce poverty? [Internet]. UN Women – Headquarters. 2024 [citado 11 de
março de 2024]. Disponível em: https://www.unwomen.org/en/news-stories/explainer/2024/02/how-
can-gender-equality-reduce-poverty
4. 68th Session of the Commission on the Status of Women [Internet]. UN Women –
Headquarters. [citado 11 de março de 2024]. Disponível em:
https://www.unwomen.org/en/how-we-work/commission-on-the-status-of-women
5. Gender Alert The Gendered Impact of the Crisis in Gaza.pdf [Internet]. [citado 11 de março
de 2024]. Disponível em: https://www.unwomen.org/sites/default/files/2024-
01/Gender%20Alert%20The%20Gendered%20Impact%20of%20the%20Crisis%20in%20Gaza.p
df
43
Transformar os sistemas alimentares para enfrentar a pandemia da obesidade
Eduardo Nilson
Denise Oliveira e Silva
Erica Ell
Juliana Ubarana
No dia 4 de março foi celebrado o Dia Mundial da Obesidade, que trouxe inúmeras discussões
globais sobre a doença e suas consequências, mas, sobretudo, sobre suas causas e formas de
enfrentamento. Na óptica da segurança alimentar e nutricional, desnutrição e obesidade
carregam muitas causas comuns, configurando a dupla carga da má nutrição (Grajeda et al.,
2019). Além disso, estão juntas como parte da sindemia global que reúne desnutrição,
obesidade e mudanças climáticas, que está diretamente ligada aos sistemas alimentares que se
tornaram hegemônicos no mundo, unindo o modelo de produção agrícola baseado na
monocultura de commodities e o ultraprocessamento dos alimentos (Swinburn et al., 2019).
44
Nesse contexto, também ganha importância o preço dos alimentos, levando em
consideração que há uma tendência de gradual barateamento dos ultraprocessados em relação
aos alimentos in natura e minimamente processados, que, por sua vez, desloca o consumo para
os processados, particularmente nas famílias mais pobres. Esse fenômeno é bastante notado
em países como os Estados Unidos, em que a dieta composta predominantemente de
ultraprocessados é mais comum entre populações mais vulneráveis, como comunidades de afro-
americanos e latinos, mas se observa que, em países como o Brasil, tem havido maior aumento
no consumo de ultraprocessados entre os grupos de menor renda. Vale destacar, ainda, que
dentro dos mesmos grupos populacionais também se manifestam desigualdades e
vulnerabilidades, principalmente entre mulheres e crianças.
Ela reforça, portanto, que esses sistemas alimentares não são otimizados para a
nutrição, equidade e sustentabilidade, mas para o lucro e problemas de saúde associados à
alimentação inadequada, incluindo a obesidade, que se tornaram algumas das principais causas
de adoecimento e mortes prematuras em países de todos os grupos de renda, ultrapassando
fatores de risco como o tabaco. No contexto das iniquidades, o efeito do avanço das dietas
ocidentais pelo mundo, particularmente nos países de média e baixa renda, representa um risco
45
global ainda maior, contribuindo também para o aumento da dupla carga da má nutrição, visto
que convivem com problemas ainda não resolvidos em relação à fome, à desnutrição e às
carências nutricionais e passam rapidamente por uma transição que coloca as DCNTs como a
principal causa de morbimortalidade em suas populações.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2024 (World Obesity Federation, 2024), das 41
milhões de mortes anuais atribuídas às DCNTs, 5 milhões são impulsionadas pelo IMC elevado
(≥ 25 kg/m2), das quais, quase 80% estão relacionadas a doenças cardiovasculares, diabetes e
cânceres. A carga epidemiológica do IMC elevado, considerando a soma de anos perdidos por
doença e mortalidade, é responsável por mais de 120 milhões de anos-pessoa perdidos. Esse
impacto da obesidade é global, mas é mais acentuado nos países de média renda, em que
acontecem três quartos dessas mortes e doenças evitáveis em adultos relacionadas ao IMC
elevado.
Essa carga de doenças é acompanhada por uma grande carga econômica, considerando
os custos diretos e indiretos do excesso de peso e da obesidade, que representavam, em 2019,
aproximadamente 2,19% do produto interno bruto global, variando de 20 dólares per capita na
África até 872 dólares nas Américas, podendo aumentar para 3,29 do PIB global até 2060,
carregada principalmente pelo impacto em países de baixa e média renda (Okunogbe et al.,
2022).
O Atlas reforça, ainda, que o IMC elevado está ligado à crescente crise ambiental
enfrentada pelo globo, com emissões de gases de efeito estufa, urbanização, resíduos plásticos,
falta de atividade física e consumo de produtos de origem animal, todos desempenhando um
46
papel na criação de ambientes pouco saudáveis que contribuem para a obesidade, reforçando
a importância de abordar os sistemas alimentares na perspectiva da sindemia global de
desnutrição, obesidade e mudanças climáticas.
Como resultado, no conjunto das ações pelas agências internacionais, iniciativas como
o SUN (Scaling Up Nutrition) não incorporam uma visão de dupla carga da má nutrição em sua
atuação, deixando a abordagem mais holística, de sistemas alimentares, para o grupos como o
de Prática Global de Alimentação e Agricultura a partir do Glopan (Painel Global de Agricultura
e Sistemas Alimentares para a Nutrição, que considera quatro subsistemas nos sistemas
47
alimentares, quais sejam: (1) a produção e pesquisa agrícola, (2) a armazenagem, transporte e
comércio de alimentos, (3) a transformação dos alimentos e (4) a venda e provisionamento dos
alimentos.
As recomendações da OMS
O Plano se alinha com as Metas Globais de Nutrição para 2025 (para crianças menores
de 5 anos) e com as metas para a redução das DCNTs entre adolescentes e adultos,
reconhecendo que, sem reconhecer o papel da obesidade, não será possível alcançar Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionadas à saúde como a redução pretendida em
30% na mortalidade prematura por DCNTs e a eliminação da má nutrição (desnutrição e excesso
de peso) em crianças menores de 5 anos.
48
Dessa maneira, o enfrentamento da obesidade deve ser reconhecido primeiramente
como uma responsabilidade societal, com soluções baseadas na criação de ambientes e
comunidades apoiadoras que tragam condições para a alimentação saudável e a atividade física
regular, em termos de acessibilidade física e financeira e disponibilidade na vida cotidiana.
Assim, para deter o crescimento da obesidade, são necessárias ações intersetoriais que possuem
impactos mais diretos sobre o problema, como processamento, publicidade e preços dos
alimentos, junto com outras ações que impactam determinantes mais amplos da saúde, como
a redução da pobreza e o aprimoramento do planejamento urbano. Em paralelo, naturalmente
é necessário que os serviços de saúde estejam preparados para responder à identificação de
risco, prevenção, tratamento e manejo da obesidade, integrada com a abordagem das demais
DCNTs, ao longo de todos os níveis de atenção, mas particularmente na atenção primária à
saúde.
O plano de aceleração para parar a obesidade estabelece passos incrementais para uma
abordagem abrangente e sistemática da questão, de modo a apoiar os países em navegar na
complexidade da implementação das políticas e alcançar resultados. Um ponto crucial do plano
foi definir uma série de políticas chave selecionadas com base no comprovado potencial de
alcançar os impactos pretendidos, além de factíveis, aceitáveis e passíveis de ganhos de escala,
aliados a estratégias que apoiem sua implementação. Nesse sentido, mais uma vez, o papel dos
ambientes em que se inserem as comunidades é considerado o principal contribuidor para a
obesidade, de modo que são necessárias políticas intersetoriais, para além do setor saúde,
mediante ações coordenadas de diferentes áreas governamentais e, no caso de parcerias
externas, manter a precaução com o gerenciamento de conflitos de interesses e a salvaguarda
aos interesses maiores da saúde pública.
49
No âmbito das políticas fiscais, por exemplo, muitos países adotaram taxas sobre
bebidas adoçadas, a exemplo do México, Arábia Saudita, África do Sul e Reno Unido, que tiveram
impacto na redução na venda desses produtos e redução de seu consumo. Todavia, a
experiência internacional também demonstrou que se a tributação for exclusivamente sobre
produtos adoçados com açúcar pode haver um indesejado deslocamento do consumo para
versões dos mesmos produtos com edulcorantes artificiais.
Somadas a essas medidas, o plano também prevê eixos de ação no campo do advocacy
global (aumentando a conscientização sobre o problema, gerando engajamento político e
mobilizando recursos), do engajamento de parceiros (incluindo parceiros envolvidos na Coalizão
Global de Obesidade, tais como agências da ONU, sociedade civil, setor privado e instituições
acadêmicas), e, por fim, da responsabilização
4.Conduzir rotinas transparentes com todos os atores envolvidos, visando manter o progresso
contínuo e o foco na implementação.
50
a Estratégia Intersetorial de Prevenção da Obesidade no âmbito da Câmara Interministerial de
Segurança Alimentar e Nutricional.
Vale destacar, porém, que no Dia Mundial da Obesidade, não houve ações entre os
organismos, tampouco matérias ou postagens sobre esse problema pela FAO e pelo UN
Nutrition, mostrando que a articulação das agendas ainda permanece como grande desafio.
Numa perspectiva necessária de abordar os sistemas alimentares entre as principais causas da
obesidade, isso representa uma grande perda de oportunidade para trazer o tema de maneira
mais sistemática no debate global e articular os compromissos para isso.
Tendo em vista essas dificuldades históricas de articulação das agendas globais, Jessica
Fanzo propõe um conjunto de garantir as mudanças necessárias nos sistemas alimentares para
garantir o acesso a alimentos saudáveis a todos enquanto se trabalha simultaneamente na
reversão dos danos que os sistemas hegemônicos causaram sobre a nutrição, a equidade e a
sustentabilidade, dando destaque para alguns desses passos (Fanzo, 2020).
As medidas fiscais, devem ser agregadas outras medidas, tais como a rotulagem
nutricional de advertência, banimento da publicidade de alimentos para crianças e outras
estratégias que desincentivem a compra e consumo de alimentos não saudáveis. A autora
destaca, nesse sentido, a exemplo das políticas adotadas em muitos países latino-americanos,
que aliam essas estratégias como políticas de alimentação saudável para toda a população
Outro passo é aumentar a educação nutricional das populações para que compreendam,
além da alimentação saudável, o papel dos sistemas alimentares na produção, oferta e consumo
dos alimentos. Isso pode gerar importantes impactos a partir de mudanças na demanda por
alimentos, induzindo respostas das indústrias para atendê-las.
Além disso, a autora reforça a importância de investir no meio rural e nas pessoas,
visando a reverter a perda de conexão que existe atualmente entre as pessoas e os locais que
51
produzem os alimentos. Parte desse desafio é tornar a agricultura atraente para as novas
gerações, incorporando novas tecnologias e contendo o êxodo rural dos mais jovens que ameaça
a produção, particularmente dos agricultores familiares.
Em sua conclusão, a pesquisadora reforça que esse conjunto de mudanças é bom para
as pessoas, para os países e para o planeta e que as escolhas dos consumidores podem fazer
uma grande diferença na transformação dos sistemas alimentares para beneficiar toda a
sociedade.
Conclusão
No âmbito de instituições ligadas à saúde, o Dia Mundial da Obesidade trouxe mais uma
vez ricas discussões sobre o problema de saúde pública que a doença representa e sobre sua
relação estreita com os sistemas alimentares hegemônicos, que configuram os ambientes
obesogênicos em que grande parte do mundo vive e que causam doenças, desigualdades e
degradação ambiental. Nesse sentido, a contagem regressiva para muitos compromissos
internacionais na agenda de segurança alimentar e nutricional está perto de se esgotar e poucos
avanços foram alcançados, deixando muitos e muitas para trás.
Referências
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systems for nutrition and equity. Disponível em: <https://magazine.jhsph.edu/2020/inequity-food-
systems-drives-both-hunger-and-obesity>.
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lower wheat and maize prices. Disponível em: <https://www.fao.org/newsroom/detail/fao-food-price-
index-down-again-in-january-led-by-lower-wheat-and-maize-prices/en>.
GRAJEDA, R. et al. Regional Overview on the Double Burden of Malnutrition and Examples of Program and
Policy Responses : Latin America and the Caribbean. Annals of Nutrition and Metabolism, v. 75, n. 2, p.
139–143, 2019.
52
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analysis. Obesity Reviews, v. 24, n. 2, p. e13535, 1 fev. 2023.
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Orientações Técnicas. Brasilia/DF: [s.n.].
OKUNOGBE, A. et al. Economic impacts of overweight and obesity: current and future estimates for 161
countries. BMJ Global Health, v. 7, n. 9, p. e009773, 1 set. 2022.
SEFERIDI, P. et al. Global inequalities in the double burden of malnutrition and associations with
globalisation: a multilevel analysis of Demographic and Health Surveys from 55 low-income and middle-
income countries, 1992–2018. The Lancet Global Health, v. 10, n. 4, p. e482–e490, 2022.
SWINBURN, B. A. et al. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet
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<https://data.worldobesity.org/publications/WOF-Obesity-Atlas-v6.pdf>.
53
Informe UNESCO: educação, ciência e cultura
Fabiane Gaspar
Gisele Sanglard
Vitor Rodrigues
Heliton Barros
Resumo: O 2º Fórum Global sobre Ética da Inteligência Artificial, realizado em Kranj, Eslovênia,
nos dias 5 e 6 de fevereiro de 2024, teve como tema "Mudando o cenário da governança da IA".
O evento reuniu líderes do setor, representantes acadêmicos, ONGs e governos para discutir
desafios e boas práticas na governança da IA em níveis global, nacional e regional. O fórum
abordou temas como legislação sobre IA, supervisão ética, parcerias com o setor privado e o
impacto de IA na igualdade de gênero. Além disso, o Fórum marcou o lançamento de várias
iniciativas da UNESCO, incluindo o Observatório Global de Ética em IA e a Rede de Especialistas
em Ética em IA da UNESCO sem Fronteiras. Uma sessão ministerial destacou o papel das
legislações nacionais, com 127 países aprovando leis relacionadas à IA em 2022. Houve também
ênfase na necessidade de traduzir princípios éticos em políticas de ação. O evento encerrou-se
com a presença de autoridades eslovenas e representantes da UNESCO, ressaltando a
necessidade contínua de colaboração global na governança ética da IA.
Fonte: UNESCO
54
O 2º Fórum Global sobre a Ética da Inteligência Artificial (IA) “Mudando o cenário da
governança da IA”13 foi realizado em Kranj, Eslovênia, nos dias 5 e 6 de fevereiro de 2024. O
evento teve como objetivo discutir sobre governança da IA, este é um dos desafios mais
importantes de nosso tempo, exigindo aprendizado mútuo com base nas lições e boas práticas
que emergem das diferentes jurisdições em todo o mundo. Esse fórum reuniu as experiências e
o conhecimento especializado de países em diferentes níveis de desenvolvimento tecnológico e
de políticas, para um intercâmbio focado em aprender uns com os outros e para um diálogo com
o setor privado, o meio acadêmico e a sociedade civil mais ampla.
O Fórum contou com um dia zero (0), ocorrido no dia 04 de fevereiro, fechado somente
para convidados. Esse dia contou com uma reunião da Rede de Especialistas em Ética da IA da
UNESCO sem Fronteiras, uma sessão regular do Grupo de Trabalho Interagências da ONU sobre
IA, a sessão ordinária do Grupo de Trabalho Interagências da ONU sobre IA, uma reunião de
consultas fechadas com Ministros sobre o Relatório Provisório do Órgão Consultivo de Alto Nível
do UNSG sobre IA, e o dia foi concluído com um workshop organizado pelo Grupo de Trabalho
sobre Inovação e Comercialização da Global Partnership on Artificial Intelligence - GPAI16 sobre
os desafios da regulamentação global da IA
13
Informações retiradas do sítio eletrônico disponível em: https://www.unesco.org/en/forum-ethics-
ai?hub=99488 Acesso em 08 mar.2024
14
Para mais informações sobre o Observatório, acessar o sítio eletrônico disponível em:
https://www.unesco.org/ethics-ai/en Acesso em: 08 mar.2024
15
A ITU, com sede em Genebra, é a agência especializada das Nações Unidas para tecnologias de
informação e comunicação (ICTs), composta pelos 193 Estados Membros da ONU e mais de 1.000
empresas, universidades e organizações internacionais e regionais. Existe desde 1865 e, segundo
informações de seu sítio eletrônico, a ITU é a agência mais antiga da família das Nações Unidas. Para mais
informações: https://www.itu.int/en/Pages/default.aspx Acesso em 08 mar.2024
16
Sobre a GPAI: https://gpai.ai/ Acesso em 08 mar.2024
55
relacionado às legislações nacionais sobre a governança da IA. Segundo a UNESCO, somente em
2022, 127 países aprovaram leis relacionadas à IA. Com o surgimento de vários modelos de
supervisão de IA, os países estão enfrentando o desafio de aprender com as experiências uns
dos outros, compartilhar boas práticas regulatórias e se conectar com os produtores de
conhecimento nesse domínio que estão na fronteira da política de IA. O compromisso da
UNESCO com a promoção da governança ética da IA vai além da adoção da Recomendação;
trata-se de traduzir os princípios éticos em políticas de ação. Esta sessão apresenta insights dos
primeiros países que estão traduzindo princípios éticos em políticas de ação por meio da
Metodologia de Avaliação de Prontidão (RAM). No total, cerca de 50 países já estão participando
do exercício RAM, avaliando reformas e políticas legais, bem como as dimensões social, cultural,
econômica, educacional, científica e de infraestrutura em relação à IA. Ministros de países em
diferentes fases da implementação do exercício de Avaliação de Prontidão, os principais
parceiros de desenvolvimento e representantes da sociedade civil compartilharam seus
conhecimentos e experiências sobre como estão desenvolvendo suas políticas e a preparação
de instituições para enfrentar os complexos desafios da IA. O moderador da primeira parte da
sessão foi o Sr. Vilas Dhar, presidente da Fundação Patrick J. McGovern e membro do Órgão
Consultivo de Alto Nível da Secretaria-Geral das Nações Unidades sobre IA. A segunda parte da
sessão foi moderada pelo CEO da Fundação Thomson Reuters, Sr. Antonio Zappulla.
No dia 1 do Fórum, a cerimônia de abertura contou com a presença de Luka Mesec, Vice-
Primeiro-Ministro da Eslovênia, da Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay; Marija Pejčinović
Burić, Secretária Geral do Conselho da Europa; Doreen Bogdan-Martin (por vídeo), Secretária-
geral da ITU e Věra Jourová (por vídeo), Vice-Presidente da Comissão Europeia para Valores e
Transparência. Na sessão ministerial sobre o contexto regional para avançar na governança ética
da IA, este painel buscou aprofundar sobre a importância das alianças regionais para a ética da
IA. A colaboração em nível regional e sub-regional permite que os países formem alianças e
enfrentem conjuntamente desafios e oportunidades exclusivos das regiões.
Existem perspectivas de criação de uma Lei da União Europeia, assim como existe a
Estratégia Continental de IA da União Africana e o Guia da Associação das Nações do Sudeste
Asiático (ASEAN) sobre Governança e Ética de IA como alguns exemplos importantes sobre
legislação em nível regional. Para garantir que essas leis sejam baseadas em princípios éticos, a
Recomendação da UNESCO sobre a Ética da IA é a primeira estrutura global que propõe ações
políticas concretas ancoradas em valores e princípios universais. A UNESCO também uniu forças
com as organizações regionais para reforçar essas iniciativas, como a colaboração com a
Corporacion Andina de Fomento (CAF) em um conselho regional para a América Latina e o
Caribe, e o estabelecimento do Fórum Regional da África Austral sobre Inteligência Artificial.
Esta sessão reúne ministros, representantes de organizações regionais e representantes de
bancos regionais de desenvolvimento para analisar as diversas abordagens regulatórias de IA
em todo o mundo e como os princípios éticos podem ser simplificados em várias
regulamentações e estruturas nacionais.
56
ministro de Assuntos Europeus, República Tcheca; Khov Makara, Secretário de Estado,
Ministério dos Correios e Telecomunicações, Camboja; Angeline van Dijk, Inspetora Geral,
Autoridade Holandesa para Infraestrutura Digital, Reino dos Países Baixos; Anne Marie Engtoft
Meldgaard, Embaixadora de tecnologia, Dinamarca; Thomas Schneider, Embaixador, Diretor de
Relações Internacionais, Escritório Federal Suíço de Comunicações e Presidente do Comitê de IA
do CoE (CAI), Suíça; Chai Wutiwiwatchai, Diretor executivo do National Electronics and
Computer Technology Center (NECTEC), Tailândia; e Dragoș Tudorache (on-line), Membro do
Parlamento Europeu, presidente do Comitê Especial sobre Inteligência Artificial na Era Digital
(AIDA).
A sessão seguinte foi sobre o relatório provisório17 do Órgão Consultivo de Alto Nível
sobre IA do UNSG (em inglês: UNSG’s High Level Advisory Body on AI – HLAB), criado em outubro
de 2023 e que publicou seu relatório provisório em dezembro de2023. Esta sessão contou com
a presença do enviado do Secretário-Geral da ONU para Tecnologia, Amandeep Gill para uma
conversa aberta com os atuais membros do HLAB e discussão geral sobre as instituições globais
de governança de IA.
O dia 2 do Fórum iniciou com a sessão intitulada Promovendo a IA como uma ferramenta
de inclusão e soluções inovadoras para melhorar a qualidade de vida de todos, em parceria com
a Presidência Brasileira do G20. Esta sessão coloca que atualmente os 10% mais ricos da
população mundial ficam com 52% da renda global, enquanto a metade mais pobre da
população ganha apenas 8,5%. A inteligência artificial está transformando o mundo de maneiras
sem precedentes e tem potencial para acelerar o desenvolvimento sustentável, mas nem todos
ainda podem se beneficiar de seu potencial. Como podemos garantir que a IA seja uma
ferramenta de inclusão e inovação, e não uma fonte de exclusão e desigualdade? Este painel de
discussão com especialistas da academia, do setor, da sociedade civil e dos governos teve como
objetivo explorar os últimos desenvolvimentos sobre como a IA está ajudando a melhorar a
qualidade de vida de todos, especialmente nos países em desenvolvimento, e os desafios e
oportunidades para criar um futuro mais inclusivo com as tecnologias digitais. O painel teve Igor
Papič, Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, Eslovênia e Gabriela Ramos, Diretora
Geral Adjunta de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO para comentários introdutórios e como
17
Relatório disponível em: https://www.un.org/en/ai-advisory-
body#:~:text=Co%2Dchaired%20by%20Carme%20Artigas,in%20the%20summer%20of%202024. Acesso
em 09 mar.2024
57
moderadora, Mariagrazia Squicciarini, Chefe do Escritório Executivo, Setor de Ciências Humanas
e Sociais, UNESCO.
A sessão 3 sobre “Parceria com o setor privado: Conselho Empresarial para a Ética da
IA” teve como base que de 2013 a 2022, o valor do investimento privado em IA cresceu 18 vezes
(Stanford HAI AI Index 2023). Como uma das principais partes interessadas na governança da IA,
as empresas são confrontadas com a demanda da sociedade para integrar reflexões éticas e as
perspectivas de diversas partes interessadas em seus processos de tomada de decisão. A
avaliação de impacto para IA surge como uma prática recomendada globalmente, sustentando
uma análise abrangente de como os sistemas de IA podem afetar diferentes partes interessadas
e a sociedade em geral em cada estágio de seu ciclo de vida: desde a coleta de dados, o
desenvolvimento e a implantação até o monitoramento contínuo na sociedade e a mitigação do
impacto negativo. De certa forma, uma avaliação de impacto promove a responsabilidade ao
exigir que as partes interessadas envolvidas documentem o processo de tomada de decisão e
"mostrem seu trabalho". A UNESCO desenvolveu uma metodologia de Avaliação de Impacto
Ético (em inglês, Ethical Impact Assessment – EIA) para os compradores de sistemas de IA nos
serviços públicos, nos setores público ou privado, que desejam desenvolver a IA de forma ética
e cumprir integralmente as normas internacionais, como a Recomendação. Esta sessão buscou
preencher a lacuna entre negócios e governança no espírito do Conselho Empresarial para a
Ética da IA, criado pela UNESCO em parceria com a Microsoft e a Telefônica. As principais
perguntas desta sessão abordam os resultados e as lições aprendidas com os primeiros
resultados de pilotagem da Ethical Impact Assessment (EIA), com os primeiros adotantes
compartilhando suas experiências, os desafios encontrados e propondo ideias para refinar os
exercícios da EIA em diferentes setores. Gabriela Ramos, Diretora-Geral Adjunta de Ciências
Humanas e Sociais da UNESCO fez os comentários introdutórios, e tiveram como moderadores,
Angel Melguizo, Consultor sênior em IA, UNESCO e Eleonora Lamm, Especialista em Programas,
UNESCO Montevidéu.
18
Uma inteligência artificial explicável é uma inteligência artificial em que os resultados da solução podem
ser compreendidos por humanos. Isso contrasta com o conceito de "caixa preta" no aprendizado de
máquina, em que nem mesmo seus designers podem explicar por que uma IA chegou a uma decisão
específica. Fonte: Wikipedia
58
A sessão 4: Inteligência Artificial como Ferramenta para Atores Judiciais: Promovendo o
acesso à justiça, os direitos humanos e o Estado de Direito trata das tecnologias emergentes,
incluindo os modelos de IA generativa, e como abriram drasticamente uma série de
oportunidades em todos os setores. No setor judiciário, a IA tornou-se um tema de discussão
em sua utilização pelo judiciário e pelos atores judiciais, com o objetivo de defender os direitos
humanos e o Estado de Direito, bem como promover o acesso à justiça. O tema do Fórum Global
de 2024 sobre a Ética da IA, Mudando o Cenário da Governança da IA, tem como objetivo
explorar as oportunidades na governança da IA, particularmente no compartilhamento de boas
práticas regulatórias na política de IA emergentes de diferentes jurisdições em todo o mundo.
Mesmo com o avanço das propostas regulatórias relacionadas à inteligência artificial em
algumas jurisdições, os sistemas de IA estão sendo implantados em todo o mundo. Há uma
necessidade urgente de fortalecer a capacidade do judiciário de aplicar os padrões
internacionais de direitos humanos existentes para lidar com as ameaças legais e de direitos
humanos representadas pelo uso da IA. Ao mesmo tempo, há oportunidades de aproveitar os
sistemas do judiciário para aprimorar os processos administrativos, fortalecer o acesso à justiça
e defender o uso ético da IA. Por meio de seu projeto IA e Estado de Direito, o trabalho da
UNESCO visa fortalecer o Estado de Direito e os direitos humanos com relação aos riscos e
oportunidades no uso da IA reforçando o conhecimento e as capacidades dos operadores
judiciais nesse campo. Como parte desse objetivo, a UNESCO alcançou mais de 5.900 operadores
judiciais em 142 países por meio de seu MOOC Global sobre IA e o Estado de Direito. Com o
lançamento do Global Toolkit on AI and the Rule of Law for the Judiciary, o projeto visa atender
às necessidades dos operadores judiciais com o conhecimento e as ferramentas necessárias para
entender os benefícios e os riscos da IA em seu trabalho. Esta sessão contou com os comentários
de John Shawe-Taylor, Diretor, Centro Internacional de Pesquisa em Inteligência Artificial
(IRCAI), Eslovênia e moderação de Cedric Wacholz, Chefe da Seção de Políticas Digitais e
Transformações Digitais, UNESCO.
59
das ferramentas RAM e EIA pode ajudar os países a identificar e abordar a discriminação de
gênero. Gabriela Ramos, Diretora-Geral Adjunta de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO e
Alessandra Sala, Diretora sênior de IA e ciência de dados da Shutterstock e copresidente da
plataforma Women4Ethics of AI da UNESCO foram as moderadoras deste painel.
19
Empresa de pesquisa de mercado.
60
A sessão de encerramento contou com a presença de Emilija Stojmenova Duh, Ministra
da Transformação Digital, Eslovênia; Simona-Mirela Miculescu, Presidente da 42ª sessão da
Conferência Geral da UNESCO e de Gabriela Ramos, Diretora-Geral Adjunta de Ciências
Humanas e Sociais da UNESCO.
61
Instituições Financeiras Multilaterais no G20 Brasil e as Reuniões Anuais do BID
Multilateral Financial Institutions at G20 Brazil and the IDB Annual Meetings
Abstract. This article aims to show the participation of multilateral financial institutions in the
G20 Brazil meetings and the IDB's initiatives and actions during the Annual Meetings.
Resumo. O presente artigo tem como objetivos mostrar a participação das instituições
financeiras multilaterais nas reuniões do G20 Brasil e as iniciativas e ações do BID durante as
reuniões anuais.
Apresentação
A etapa das reuniões da 19ª Cúpula do Grupo dos Vinte (G20), realizada em São Paulo,
Brasil, reuniu o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, o
presidente do Banco Mundial (BM), Ajay Banga e a diretora-geral do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Kristalina Georgieva. As lideranças das instituições financeiras multilaterais
(IFMs) fecharam acordos e falaram sobre os assuntos propostos: combater a desigualdade,
financiamento climático, economia e crescimento da dívida dos países.
O BID no G20
O BID – que é líder dos bancos multilaterais e regionais de desenvolvimento neste ano
– juntamente com o Banco Central e os ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudanças
Climáticas do Brasil, assinaram cartas de intenções que estabeleçam investimentos externos
62
para ajudar na criação de ações que tenham o objetivo de reduzir os efeitos das mudanças
climáticas, resguardando os investimentos da possível volatilidade cambial20.
De acordo com o BID, mercados emergentes como o Brasil sofrem dificuldades com o
risco cambial e isso contribui para que haja um déficit de investimentos e projetos verde e de
sustentabilidade. Para ajudar a incentivar investimentos no setor, o entendimento entre as
partes busca oferecer soluções financeiras e de crédito para fazer a proteção cambial e
promover a demanda urgente nas áreas de transformação ecológica e tecnologias sustentáveis.
Segundo o BID, os recursos para apoiar o Programa de Mobilização de Capital Privado
Estrangeiro e Hedge Cambial do Fundo Nacional para Mudanças Climáticas do Brasil serão de
US$ 2 bilhões. O programa ainda contará com recursos do Reino Unido, que através do seu
Programa de Infraestrutura Sustentável fornecerá US$ 1 milhão para apoiar as ações.
Para a Ministra Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, o acordo com o
BID ajudará na construção de uma economia mais sustentável e que visará combater as
desigualdades, já que o seu ministério também está focado em promover a prosperidade
econômica e social de forma inclusiva e equitativa:
"O Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas atua nos dois eixos estratégicos
do desenvolvimento sustentável: enfrentar os crimes contra o patrimônio natural do nosso país
e criar um ciclo de prosperidade econômica e social. O evento de hoje com o BID representa
mais um passo concreto na construção de uma economia de base sustentável que ajude a
combater a desigualdade". Marina Silva, 2024.
20
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/idb-brazils-ministry-finance-ministry-environment-
and-climate-change-and-central-bank-join
21
Disponível em: https://www.iadb.org/pt-br/noticias/grupo-bid-planeja-triplicar-o-financiamento-
climatico-na-proxima-decada
22
Disponível em: https://www.worldbank.org/en/news/speech/2024/02/28/remarks-by-ajay-banga-at-
the-2024-g20-finance-ministers-global-perspectives-on-growth-jobs-inflation-and-financial-stabi
23
Disponível em: https://www.worldbank.org/en/news/press-release/2024/02/27/world-bank-group-
prepares-major-overhaul-to-guarantee-business
63
recrutou quinze lideranças de grande renome para que estes identificassem as dificuldades e as
possíveis soluções para as áreas de riscos cambiais e políticos e segurança regulatória.
Outro ponto que chamou a atenção em seu discurso foi sobre simplificar o tempo de
aprovação dos projetos do BM. O presidente criticou que muitas regras mais atrapalham do que
ajudam; que o Banco está buscando tornar o processo mais simples, com maior flexibilidade e
que traga mais uniformidade ao processo de candidatura. Atualmente, o BM já reduziu em dois
meses o tempo de preparação para os projetos.
24
Membro do Banco Mundial. Consiste em promover o investimento transfronteiriço nos países em
desenvolvimento, fornecendo garantias (seguro de risco político e melhoria do crédito) aos investidores
e credores. Disponível em: https://www.miga.org/about-us
25
Disponível em: https://www.worldbank.org/en/news/speech/2024/02/28/remarks-by-ajay-banga-at-
the-2024-g20-finance-ministers-session-1-the-role-of-economic-policies-in-addressing-inequaliti
26
Membro do Banco Mundial. Fundada em 1960, visa reduzir a pobreza fornecendo zero para
empréstimos a juros baixos (chamados de "créditos") e subsídios para programas que impulsionar o
crescimento econômico, reduzir as desigualdades e melhorar as condições de vida das pessoas.
Disponível: https://ida.worldbank.org/en/what-is-ida
27
Disponível em: https://www.worldbank.org/en/news/press-release/2024/02/26/world-bank-group-
and-brazil-s-finance-and-environment-ministries-join-forces-to-boost-climate-investments
64
O FMI no G20
Georgieva comemorou uma melhora nas perspectivas econômicas globais, dizendo que
os formuladores de políticas do G20 precisam compreender essa oportunidade para
“reconstruírem o ímpeto político”, ajustando o foco para encarar os cenários econômicos
adversos a médio prazo28.
A diretora-geral alertou ainda, que o ano de 2024 pode ser complicado no combate à
inflação e que os bancos centrais devem estar atentos, concentrando-se em consolidar seus
orçamentos para prováveis choques futuros. A recomendação é que os formuladores de
políticas devem ter planos orçamentais de médio prazo baseados nos próprios dados nacionais,
pois há discrepâncias na realidade monetária e fiscal dos países.
28
Disponível em: https://www.imf.org/en/News/Articles/2024/03/01/pr2465-imf-managing-director-
kristalina-georgieva-statementfirst-meeting-g20-fin-min-cen-bank-gov
29
Mecanismo do FMI para atender aos países mais pobres e vulneráveis. Fornece financiamento
concessional (atualmente a taxas de juro zero) a países de baixa renda. Disponível em:
https://www.imf.org/en/Topics/PRGT
30
Mecanismo do FMI. Apoia os países de baixa renda e de renda média vulnerável a construir resiliência
a choques externos e garantir um crescimento sustentável, contribuindo para a estabilidade de seu
balanço de pagamentos de longo prazo Disponível: https://www.imf.org/en/Topics/Resilience-and-
Sustainability-Trust
65
bilhões prometidos ao mecanismo são a entrega de 17 programas em pouco tempo. A liderança
do FMI ainda destacou a união com o BM, o BID e as demais organizações de desenvolvimento,
definindo que o caminho em parceria aumenta o progresso.
Finalizando os seus comentários, Kristalina não inovou ao falar a respeito da dívida dos
países, questão que aparentemente tem se mostrado sem solução. Afirmou que a dívida alta é
um problema para muitos países vulneráveis, fazendo com que o desenvolvimento destes fique
mais distante. Agradeceu aos esforços do G20 em promover a eficácia do Quadro Comum, e que
neste momento, o FMI e a sua equipe estão focados em desenvolver as condições favoráveis
aos países em relação à dívida, observando as melhores formas de tratamento.
A primeira delas foi a criação da nova Estratégia Institucional, que cobrirá o período de
2024-2030. A ideia desta nova orientação consiste em “aumentar o impacto e a escala do Grupo
BID”, buscando o desenvolvimento de uma abordagem programática que tenha como base os
resultados trabalhados com os países membros. Sendo assim, na visão do BID, isso será benéfico
na forma como a instituição lidará com os instrumentos de empréstimos e projetos daqui para
frente.
A Estratégia Institucional foi elaborada para ser trabalhada em três áreas principais:
reduções da pobreza e desigualdade, combate às mudanças climáticas e impulsionar o
crescimento regional de maneira sustentável. Identificada as áreas, o BID terá o desafio de
trabalhar nas áreas de foco operacional: igualdade de gênero e inclusão de diversos grupos
populacionais, biodiversidade, capital natural e ação climática, infraestrutura sustentável,
integração regional, proteção social e o desenvolvimento do capital humano; desenvolvimento
produtivo e capacidade institucional.
Para atingir esses objetivos ambiciosos, o BID teve aumento de recursos aprovados. De
acordo com o BID, o BID Invest, graças ao novo modelo de negócios, conseguiu capitalizar US$
3,5 bilhões, aumentando os recursos para US$ 19 bilhões. Desta forma, o modelo de negócios
do BID Invest será capaz de assumir riscos e ampliar a sua relevância, oferecendo melhores
oportunidades do seu portfólio e projetos.
31
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/governors-approve-three-historic-transformative-
changes-idb-group-support-region
32
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/governors-approve-three-historic-transformative-
changes-idb-group-support-region
66
que de acordo com o BID, essa ação poderá garantir todos os projetos direcionados as
populações mais vulneráveis.
"Esses encontros foram realmente históricos. Pela primeira vez nos 65 anos de nossa
instituição, nossas Assembleias de Governadores aprovaram simultaneamente três mudanças
transformadoras que tornarão o Grupo BID uma instituição maior, melhor e mais ágil. Essas
mudanças aumentarão significativamente nossa capacidade de apoiar a América Latina e o
Caribe a enfrentar seus desafios e desbloquear seu potencial para desencadear um ponto de
virada no desenvolvimento – tudo para melhorar vidas com maior impacto e em maior escala.
Nossa região enfrenta um triplo desafio estrutural de demandas sociais crescentes, recursos
fiscais escassos e baixo crescimento, com os principais efeitos adicionais das mudanças
climáticas. Mas, ao mesmo tempo, há uma grande oportunidade para a região se tornar parte
da solução para desafios globais compartilhados. Este pode ser um ponto de inflexão não apenas
para o Grupo BID, mas também para a região”. Ilan Goldfajn, 2024.
Ações e Parcerias
Estrategicamente, o BID trouxe para as Reuniões Anuais os temas mais críticos da região,
que precisam de maior atenção e apoio. As discussões serviram para entender as origens
problemáticas e proporcionar as condições ideais para reduzi-las, promovendo assim as
mudanças.
A outra ação foi uma parceria entre o BID e o Brasil. O presidente Ilan Golfajn e a ministra
do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet criaram iniciativas dedicadas ao empoderamento
das mulheres e meninas35. Nesta parceria firmaram um memorando de entendimento contendo
as etapas do projeto.
33
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/gender-equality-and-inclusion-diverse-populations
34
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/idb-idb-invest-governors-pledge-foster-gender-
equality-and-more-diverse-representation-boards
35
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/idb-and-brazils-ministry-planning-and-budget-will-
implement-initiatives-reduce-gender
67
Imagem 1: Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet e presidente do BID, Ilan
Golfajn
"Hoje, poucos estados e municípios com prefeitas e governadoras têm acesso a crédito
internacional. Nosso objetivo é mudar essa realidade até o final de 2026. Esta parceria com o
BID está alinhada a esse projeto e reforça as iniciativas tomadas ao longo do primeiro ano do
governo do presidente Lula em favor da equidade de gênero, diversidade e inclusão, com
destaque para a sanção da Lei de Igualdade Salarial entre homens e mulheres, a agenda
transversal das mulheres, nosso Plano Plurianual e o redesenho das normas de acesso ao
financiamento externo, visando fortalecer o componente de gênero nas solicitações de entes
subnacionais e nacionais para obtenção de crédito". Simone Tebet, 2024.
36
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/ods/ods5.html
68
"A igualdade de gênero é uma prioridade institucional no BID, especialmente no que diz
respeito à formação de lideranças, tanto no setor público quanto no privado. Queremos ajudar
a criar condições para que mais brasileiros estejam em posições de liderança e sejam agentes
de crescimento econômico, soluções sustentáveis e combate à desigualdade". Ilan Goldfajn,
2024.
Para o Caribe, o BID anunciou um novo programa, intitulado “One Caribbean”39. Este
programa, apoiado por governadores dos países membros caribenhos, foi projetado para
melhorar os padrões de vida da região. De acordo com o BID, foram identificadas as áreas que
mais precisam de atenção e que serão desenvolvidas através do programa: engajamento do
setor privado, clima (adaptação e gestão de riscos de desastres) e segurança alimentar e cidadã.
Com esse programa, o BID espera que até 2030, a região aumente a sua capacidade de
desenvolvimento, melhorando a sua infraestrutura.
Na área da saúde, a Iniciativa Rodovia Pan-Americana para a Saúde Digital liderada pelo
BID, pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e por países que compõem a região40,
recebeu a primeira doação: US$ 5 milhões, vinda do Japão.
Esta iniciativa está direcionada para mitigar os efeitos de uma possível pandemia e na
continuidade dos cuidados relacionados à saúde. Com o advento da COVID-19, acelerou -se a
transformação digital, beneficiando a digitalização dos dados clínicos. Através desses avanços,
37
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/idb-announces-special-advisor-gender-and-diversity-
international-womens-day
38
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/idb-and-sweden-sign-guarantee-partnership-boost-
amazonia-forever
39
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/idb-group-caribbean-governors-endorse-regional-
program-one-caribbean
40
Disponível em: https://www.iadb.org/en/news/japan-becomes-first-official-donor-pan-american-
highway-digital-health-initiative
69
é maior a probabilidade da troca de informações de saúde e acesso aos históricos dos pacientes.
Desta forma, esta base de dados pode ajudar aos governos a formularem políticas mais
acertadas a respeito da saúde dos seus cidadãos.
O Dr. Jarbas Barbosa, diretor OPAS ressaltou a importância da iniciativa que pode ajudar
a mudar a realidade dos cuidados à saúde na ALC:
Ademais, a Rodovia Pan-Americana para a Saúde Digital reforça o apoio aos países a
respeito da adesão à Rede Global de Certificação de Saúde Digital da Organização Mundial da
Saúde (OMS)41, que contém informações seguras de saúde. Cabe ressaltar que, a saúde digital
está na agenda de orientação do G20 como uma das principais prioridades do cenário atual a
ser trabalhada.
Considerações finais
A respeito da participação das IFMs no G20 Brasil, pode-se considerar que foram
positivas, mas sem grandes surpresas. Houve fechamento de parcerias, discussão sobre os
temas abordados e apontamento para soluções dos problemas do atual cenário.
Um destaque a ser feito foi a reunião que o presidente Luís Inácio Lula da Silva teve com
a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva42. A portas fechadas, o encontro teve como pautas
medidas para promover o desenvolvimento social mais inclusivo e a diminuição da pobreza.
Além disso, Lula conversou sobre a “necessária reforma do FMI”, pois, por ser um dos grandes
entusiastas sobre essa questão, entende que não somente o FMI, mas as demais IFMs
43
precisam ser mais representativas para ajudar aos países, atendendo-os diante de melhores
condições.
41
Disponível em: https://www.canalsaude.fiocruz.br/noticias/noticiaAberta/oms-quer-facilitar-solucoes-
de-saude-digital-para-todos-no-mundo06062023
42
Disponível em: https://www.g20.org/pt-br/noticias/lula-discute-prioridades-no-g20-com-fmi-e-banco-
asiatico-de-investimento
43
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2024-02/g20-lula-quer-pautar-
mudancas-na-onu-e-papel-de-fmi-e-banco-mundial
70
Imagem 2: Diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva e o presidente Lula
As IFMs vem sendo criticadas em todo o tempo devido ao seu modus operandi. Isso se
justifica pela aparente ineficácia em resolver as questões da dívida dos países que aumentam
dia após dia e atingem especialmente aos mais vulneráveis.
Talvez, por entender que outros rumos precisam ser traçados, o BID teve uma
aprovação considerada histórica de suas novas diretrizes. A promessa é que a instituição seja
vista como a facilitadora do processo de implementação das reformas e na mobilização de
recursos para a ALC.
Além das IFMs, é importante frisar que não basta a mudança de orientação destas, mas
sim, os países precisam assumir o compromisso de serem responsáveis pelas mudanças, para
alcançarem as metas de mitigação das mazelas estruturais e sociais.
Referências
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https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2024-02/g20-lula-quer-pautar-mudancas-na-onu-e-
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Role of Economic Policies in Addressing Inequalities: National Experiences and International Cooperation
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release/2024/02/27/world-bank-group-prepares-major-overhaul-to-guarantee-business
72
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para-todos-no-mundo06062023
Fundo Monetário Internacional [homepage na internet] IMF Managing Director Kristalina Georgieva’s
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imf-managing-director-kristalina-georgieva-statementfirst-meeting-g20-fin-min-cen-bank-gov
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11 mar 2024]. Disponível em: https://www.imf.org/en/Topics/PRGT
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em: 11 mar 2024]. Disponível em: https://www.imf.org/en/Topics/Resilience-and-Sustainability-Trust
International Development Association (IDA) [homepage na internet] [acesso em: 11 mar 2024].
Disponível em: https://ida.worldbank.org/en/what-is-ida
G20 [homepage na internet] Lula discute prioridades no G20 com FMI, Banco Asiático de
Desenvolvimento e Banco do Brics [acesso em: 11 mar 2024]. Disponível em: https://www.g20.org/pt-
br/noticias/lula-discute-prioridades-no-g20-com-fmi-e-banco-asiatico-de-investimento
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Multilateral Investment Guarantee Agency [homepage na internet] [acesso em: 11 mar 2024]. Disponível
em: https://www.miga.org/about-us
73
13ª Conferência Ministerial da OMC: Resultados e Perspectivas
13th WTO Ministerial Conference: Results and Prospects
Claudia Chamas
Bernardo Bahia Cesário
Abstract: The 13th Ministerial Conference of the World Trade Organization occurred from
February 26 to March 2 in Abu Dhabi, amidst considerable challenges in addressing concurrent
global crises and formulating effective institutional responses in the realm of multilateral trade.
Despite grappling with the complexities of reconciling divergent viewpoints in a climate
dominated by protectionist sentiments, the Conference concluded with several resolutions and a
pledge to sustain the dialogue in ongoing negotiations.
74
Agenda 2030 da ONU e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Reconhece a
“contribuição do empoderamento econômico das mulheres e a participação das mulheres no
comércio para o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável”. Além disso,
evidenciaram a “importância dos serviços para a economia global, pois eles geram mais de dois
terços da produção econômica global e são responsáveis por mais da metade de todos os
empregos”. Eles incentivaram “os órgãos relevantes da OMC a continuar seu trabalho para
analisar e aproveitar todas as lições aprendidas durante a pandemia da COVID-19 e criar
soluções eficazes em caso de futuras pandemias de maneira rápida” (OMC, 2024).
Dr. Thani bin Ahmed Al Zeyoudi, Ministro de Estado do Comércio Exterior dos Emirados
Árabes Unidos (EAU) e Presidente da MC13, agradeceu aos membros pelo engajamento ativo
durante o evento, destacando que, “embora nem tudo o que as delegações se propuseram a
realizar pudesse ser concretizado, o compromisso demonstrado fortalecerá ainda mais o
sistema de comércio multilateral” (OMC, 2024).
75
WT/L/1188; WT/MIN(24)/33 Work programme on small economies - Ministerial
Decision
76
países em desenvolvimento, são os mesmos que implementam unilateralmente políticas que
violam regras da OMC sob o pretexto de promover uma transição verde.
Para preservar sua credibilidade, a OMC deve evitar corrida aos subsídios e ao
protecionismo, que minaria sua capacidade de atuar em prol do desenvolvimento sustentável e
de uma transição justa e inclusiva.
Fonte: Twitter
A delegação brasileira, liderada pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Mauro
Vieira, incluiu representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, Indústria, Comércio e
Desenvolvimento, Agricultura e Pecuária, e Desenvolvimento Agrário.
77
A delegação brasileira também buscou reformas nas regras da OMC, especialmente na
redução das distorções no comércio agrícola internacional e na viabilização do acordo sobre
subsídios à pesca, essencial para a preservação dos estoques pesqueiros mundiais e o
cumprimento da Agenda 2030 da ONU.
Além disso, o Brasil defendeu disciplinas mais justas que permitam aos países em
desenvolvimento adotar políticas públicas de industrialização ou reindustrialização.
Merece destaque que, às margens da MC13, foram realizadas a 43ª reunião Ministerial
do Grupo de Cairns e a 2ª reunião Ministerial da Coalizão Latino-Americana sobre as
Negociações em Agricultura, reunindo membros interessados em redução progressiva e
substantiva das distorções e proteções que prevalecem no mercado agrícola internacional.
78
Imagem 3 – Ministro Mauro Vieira
Reuniões Bilaterais
Ao longo da MC13, a delegação brasileira teve reuniões com equipes de vários países
(Suíça, Canadá, Austrália e outros). Nas Imagens 5 e 6, o Ministro Mauro Vieira e delegação
brasileira se reúnem com Katherine Tai, representante de comércio dos EUA (Office of the U.S.
Trade Representative, USTR), e delegação dos EUA. Segundo post do Itamaraty no Twitter,
trataram de agricultura e reforma da OMC, inclusive o sistema de solução de controvérsias.
79
Imagem 5 – Mauro Vieira e Katherine Tai
Considerações finais
A MC13 termina sem perspectivas promissoras para abordar temas de interesse global
como a saúde e pandemias. A OMC falhou em oferecer resposta adequada à maior crise
sanitária das últimas décadas. A Declaração Ministerial aborda a problemática sanitária, mas é
nítida a falta de linguagem mais potente para ajudar a combater futuras crises e lidar, de
maneira efetiva, com uma nova e provável pandemia. O horizonte para o futuro próximo
tampouco é promissor, haja vista as guerras prolongadas e as persistentes e superpostas crises
80
políticas e comerciais. Além disso, resultados das eleições nos países poderão influenciar o
destino da OMC, com destaque para os Estados Unidos. A posição brasileira para os assuntos na
Organização tem sido equilibrada e acertada, dando destaque para a reforma da OMC, a
renovação do sistema de solução de controvérsias e o desenvolvimento industrial. A presidência
brasileira do G20 constitui ótima oportunidade para fortalecer a defesa de interesses relativa à
OMC, revigorando parcerias com vista ao consenso na MC14.
Referências
1. Farge, Uppal e Cornwell. Activists criticise civil society 'restrictions' at WTO meeting in UAE. 2024.
Disponível em: https://www.reuters.com/world/middle-east/activists-criticise-civil-society-restrictions-
wto-meeting-uae-2024-02-28/
2. OMC. MC13 ends with decisions on dispute reform, development; commitment to continue ongoing
talks. 2024. Disponível em: https://www.wto.org/english/news_e/news24_e/mc13_01mar24_e.htm
3. MREa. Conversa ministerial sobre comércio e desenvolvimento sustentável, incluindo espaço de política
comercial e industrial para desenvolvimento industrial. 2024. Disponível em:
https://www.gov.br/mre/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/discursos-artigos-e-
entrevistas/ministro-das-relacoes-exteriores/discursos-mre/mauro-vieira/conversa-ministerial-sobre-
comercio-e-desenvolvimento-sustentavel-incluindo-espaco-de-politica-comercial-e-industrial-para-
desenvolvimento-industrial
4. MREb. Nota à Imprensa Nº 95. Conclusão da 13ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do
Comércio (MC13). 2024. Disponível em: https://www.gov.br/mre/pt-br/centrais-de-
conteudo/publicacoes/discursos-artigos-e-entrevistas/ministro-das-relacoes-exteriores/discursos-
mre/mauro-vieira/declaracao-a-imprensa-do-ministro-mauro-vieira-por-ocasiao-da-reuniao-de-
ministros-das-relacoes-exteriores-do-g20-2013-rio-de-janeiro-22-de-fevereiro
81
Conversa ministerial sobre comércio e desenvolvimento sustentável, incluindo
espaço de política comercial e industrial para desenvolvimento industrial
Caros colegas,
A OMC enfrenta a maior crise de sua história, em um momento em que a comunidade
internacional necessita urgentemente de uma cooperação mais forte e de um envolvimento
multilateral, a fim de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e promover uma
transição justa e equitativa para uma economia mais verde.
Vim para Abu Dhabi direto do Rio de Janeiro, onde o Brasil, como presidente do G20,
sediou a primeira reunião de chanceleres do Grupo em 2024. Nas discussões sobre o item
“reforma da governança global” da agenda, praticamente todos os países argumentaram que a
reforma da OMC é essencial para a preservação do sistema multilateral de comércio baseado
em regras. Muitos também realçaram as consequências perigosas do fracasso na promoção
dessas reformas, à medida que o mundo se volta cada vez mais para abordagens comerciais
protecionistas.
Agora, mais do que nunca, a promoção eficaz do desenvolvimento sustentável por meio
do comércio exigiria mais da OMC do que comumente exige. Não é possível imaginar um futuro
promissor enquanto tantos países em desenvolvimento ainda são deixados para trás, enquanto
tantas pessoas em todo o mundo ainda não conseguem perceber, e muito menos desfrutar, os
benefícios da nossa economia moderna e globalizada.
Ao olharmos para o futuro, todos devemos reconhecer a dívida histórica da OMC em
relação aos desafios do passado. Em primeiro lugar, a promoção do desenvolvimento
sustentável em todos os seus três pilares requer um forte elemento de justiça, de equidade. A
esse respeito, a proposta do Grupo Africano sobre o espaço político para o desenvolvimento
industrial poderia ser um bom ponto de partida para discussões futuras.
Enquanto todos os Membros enfrentam desafios relacionados às mudanças econômicas
estruturais em curso, os países em desenvolvimento fazem-no a partir de um patamar
relativamente inferior. No entanto, muitos países desenvolvidos, que se opõem de forma
dogmática ao espaço político para a industrialização nos países em desenvolvimento, são os
mesmos que implementam unilateralmente, numa escala muito maior, políticas que violam
claramente as regras da OMC, sob o pretexto de promover uma transição verde.
Precisamos evitar uma corrida aos subsídios e ao protecionismo que desacreditaria
completamente a OMC e a sua capacidade de atuar como uma força positiva em prol do
desenvolvimento sustentável e uma transição justa e inclusiva.
Além disso, como país em desenvolvimento, o Brasil está profundamente preocupado
com a agricultura sustentável como ferramenta para promover a segurança alimentar e
82
combater a fome, a pobreza e a desigualdade. Também aqui a OMC deve impedir uma corrida
aos subsídios e a proliferação de medidas protecionistas sob o pretexto de preocupações
ambientais e sociais.
A reforma agrícola, há muito esperada, com mais produção e mais comércio, seria um
catalisador importante para o desenvolvimento sustentável e para a consecução dos nossos
ODSs, especialmente nos países em desenvolvimento.
Por fim, a capacidade da OMC para desempenhar adequadamente o seu papel está
intrinsecamente ligada à restauração de um sistema de solução de controvérsias em pleno
funcionamento, capaz de garantir a implementação adequada das regras acordadas
multilateralmente, agora e no futuro, e com uma estrutura de dois níveis.
Colegas,
A busca pelo desenvolvimento sustentável implica uma procura constante do equilíbrio
entre os seus pilares social, económico e ambiental. A OMC deve também tentar encontrar um
equilíbrio, promovendo o crescimento, o comércio e o intercâmbio tecnológico num cenário
global cada vez mais complexo, ao mesmo tempo em que abraça o desenvolvimento sustentável
e a necessidade de uma transição econômica justa e equitativa como características
fundamentais de um sistema multilateral de comércio renovado.
Vamos estabelecer hoje as bases para o futuro que desejamos para o sistema de
multilateral de comércio.
Obrigado.
83
Quem segura as “batatas quentes” do mundo? Problemas persistentes e
engrenagens globais resistentes
Resumo: Nesta quinzena, 38 das 50 Organizações da Sociedade Civil (OSC) monitoradas tiveram
manifestações merecedoras de registro neste informe. A crise climática e seus efeitos na
insegurança alimentar e na saúde foram os temas mais frequentes das manifestações das OSC,
como objetos de denúncias e apelos por resposta a governos e organizações multilaterais. Em
segundo lugar, foram as guerras e as crises humanitárias os assuntos que mais mobilizaram as
OSC, tendo sido salientadas as situações dramáticas no Sudão do Sul e na Faixa de Gaza.
Também tiveram destaque as negociações em torno do tratado ou acordo pandêmico, cuja
última versão foi caracterizada como vergonhosa e injusta por não prever medidas de garantia
do acesso equitativo a tecnologias de combate às pandemias. Foram também mencionadas as
doenças crônicas não transmissíveis, associadas à obesidade que já atinge a mais de um bilhão
de pessoas no mundo. O Dia Internacional da Mulher também foi muito lembrado, resgatando-
se seu sentido de luta por direitos. Enfim, as OSC têm se mantido firmes no enfrentamento da
crise climática e da insegurança alimentar e nas lutas por paz e justiça social. Das manifestações
das OSC, fica evidente que a questão maior é que a omissão das lideranças nacionais e globais,
públicas e privadas, não assumem plenamente suas responsabilidades perante os cidadãos de
cada país e do mundo. Essas lideranças seguem como crianças na brincadeira: “Batata que passa
quente, batata que já passou, quem ficar com essa batata, coitadinho se queimou".
Introdução
Em primeiro lugar, a crise climática. Embora seja recorrente a denúncia de seus efeitos
na saúde das pessoas, as OSC continuam a denunciá-los e a exigir respostas de governos e
organizações multilaterais. Associada à crise climática, a insegurança alimentar tem sido objeto
de muitas manifestações da sociedade civil. A Oxfam citou o caso da Zâmbia, onde seis milhões
de pessoas, pertencentes a famílias de agricultores, enfrentam uma grave escassez de alimentos
84
devido a uma seca severa e prolongada. O Greenpeace, por sua vez, anunciou a expedição
“Protect the Amazon Coast”, ao longo da costa brasileira, para avaliar os riscos da exploração
de petróleo na região.
Ainda no que toca à crise climática, vale mencionar que a realização do Fórum Brasileiro
de Finanças Climáticas, uma iniciativa de organizações da sociedade civil brasileira para discutir
o papel das finanças na construção de uma economia global sustentável e justa.
Além da crise climática, da associada insegurança alimentar e das guerras, outros temas
se se destacaram nas manifestações das organizações da sociedade civil desta quinzena.
Mesmo após todo o impacto social, econômico e político da pandemia, a última versão
do texto de um tratado ou acordo pandêmico é apontada pelas organizações como "vergonhosa
e injusta”, pois não prevê medidas para assegurar o acesso equitativo a vacinas e medicamentos
nem o compartilhamento de benefícios. Em outras palavras, anuncia-se a repetição do fracasso
– sanitário e moral –, ocorrido com a covid-19, no enfrentamento de uma futura pandemia.
O Dia Internacional da Mulher foi muito lembrado, resgatando-se seu sentido de luta
por direitos. A luta continua necessária, pois as desigualdades de gênero persistem,
desfavorecendo as mulheres, inclusive no campo da saúde global, onde apenas 25% dos cargos
de decisão são ocupados por mulheres, mesmo sendo elas o principal grupo de trabalhadores
no campo da saúde.
Ainda que com menos frequência, diversos outros temas estiveram presentes nas
manifestações das OSC. A questão dos direitos humanos foi lembrada pelo fato da Coreia do
Norte ter fechado suas fronteiras com cercas fortificadas e postos de guarda, negando a
liberdade de ir e vir a seus cidadãos. A saúde mental é uma preocupação constante no cenário
da saúde global, apresentando-se como uma questão crucial em todo o mundo, como apontam
as organizações. A pressão pela taxação de grandes fortunas tem sido intensificada pelos OSC.
Os recursos assim arrecadados somariam um importante montante a ser utilizado para mitigar
muitos problemas na arena global.
85
ORGANIZAÇÕES DE INTERESSE PÚBLICO
C20 Brasil
O C20-Gender Report, com análises e recomendações do C20 2021, 2022 e 2023, foi
entregue pela sherpa Alessandra Nilo à ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. A ministra
também foi convidada para participar do Inception Meeting do C20, que será realizado entre os
dias 26 a 28 de março, em Recife46.
1
Gestos [Internet]. Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas Coloca a Sociedade Civil como Protagonista
na Busca por Soluções Sustentáveis; [citado 7 mar 2024]. Disponível em:
https://gestos.org.br/2024/02/financas-climaticas/.
45
C20 BRASIL. [X]. C20 Brasil. 26 Fev 2024 [citado em 06 Mar 2024]. Disponível em:
https://twitter.com/c20brasil/status/1762179569220468756
46
C20 BRASIL. [Instagram]. C20 Brasil. 27 Fev 2024 [citado em 07 Mar 2024]Disponível em
https://www.instagram.com/p/C33DQzGJ91V/
47
Oxfam International. Twitter [Internet]. G20 leaders are meeting tomorrow in Brazil with a huge
responsibility: kickstart a definitive plan to put billionaires' tax money [Tweet]; 28 fev 2024 [citado 8 mar
2024]. Disponível em: https://x.com/Oxfam/status/1762904406821900710?s=20
86
G20 poderia arrecadar os trilhões de dólares necessários para combater a desigualdade e
enfrentar a crise climática.48
A OXFAM revelou ainda que menos de 8 centavos de cada dólar arrecadado em receita
tributária nos países do G20 são provenientes de impostos sobre a riqueza. Por outro lado, os
impostos sobre bens e serviços geram mais de quatro vezes essa receita, impactando
desproporcionalmente as famílias de baixa renda. Nos últimos quarenta anos, 1% das pessoas
mais ricas nos países do G20 viram sua participação na renda nacional aumentar em 45%,
enquanto suas taxas de imposto diminuíram cerca de um terço. Apesar disso, os super-ricos
pagam taxas de imposto efetivas mais baixas do que os trabalhadores médios em países como
Brasil, França, Itália, Reino Unido e EUA. A organização destacou que quatro em cada cinco
bilionários residem em países do G20.49
Crise climática
A Federação Mundial de Associações de Saúde Pública (WFPHA) uniu forças com outras
organizações internacionais para assinar uma carta dirigida a Dr Tedros, incentivando a
continuação do papel de liderança da OMS na abordagem às alterações climáticas. A carta insta
a OMS a fornecer informações ao Tribunal Internacional de Justiça sobre os efeitos da crise
climática sobre a saúde das pessoas.50
A European Public Health Alliance (EPHA) publicou, em conjunto com várias entidades,
apelo para que a próxima Comissão do Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar da União
Europeia faça a transição para sistemas alimentares mais sustentáveis, como prioridade política
fortalecida pela construção de um quadro legislativo compatível com a nova proposta51. A
entidade também se posicionou junto com outras organizações do setor saúde, a favor do
acordo provisório sobre a atualização das normas de ar limpo da UE, que será votado no dia 11
de março pela Comissão do Parlamento Europeu. Ressaltou que a poluição atmosférica afeta a
saúde das pessoas e a economia dos países, resultando em mortes prematuras e em centenas
de milhões de euros gastos com custos de saúde todos os anos52.
48
Oxfam International. Twitter [Internet]. Finance Ministers meeting at the #G20Brazil today must agree
a new global plan for taxing extreme wealth of the super-rich [Tweet]; 29 fev 2024 [citado 8 mar 2024].
Disponível em: https://x.com/Oxfam/status/1763198161126830491?s=20
49
Oxfam International. Oxfam International [Internet]. Less than 8 cents in every dollar of tax revenue
collected in G20 countries comes from taxes on wealth, says Oxfam | Oxfam International; 27 fev 2024
[citado 8 mar 2024]. Disponível em: https://www.oxfam.org/en/press-releases/less-8-cents-every-dollar-
tax-revenue-collected-g20-countries-comes-taxes-wealth
50
WFPHA - World Federation of Public Health Associations. WFPHA joins call for WHO action on Climate
Change Obligations before International Court | WFPHA. 28 fev. 2024b. Disponível em:
https://www.wfpha.org/wfpha-urges-whos-leadership-on-climate-change/. Acesso em: 8 mar. 2024.
51
European Public Health Association [Internet]. EPHA joint call for a transformation and a legislative
framework for sustainable food; 01 mar 2024. [citado 08 mar 2024]. Disponível em:
https://epha.org/joint-call-for-a-transformation-and-a-legislative-framework-for-sustainable-food-
systems-in-the-next-mandate/.
52
European Public Health Association [Internet]. EPHA Health Organisations call on MEPs to support the
provisional agreement on updating EU’s clean air standards; 06 mar 2024. [citado 08 mar 2024].
Disponível em: https://epha.org/health-organisations-call-on-meps-to-support-the-provisional-
agreement-on-updating-eus-clean-air-standards/.
87
mudanças climáticas. A poluição plástica afeta a biodiversidade na terra e nos ecossistemas
aquáticos, enquanto menos de 10% do plástico é reciclado, levando à poluição global. Um
Tratado Global de Plásticos robusto é instado, visando uma redução de 75% na produção de
plástico até 2040, abordando todo o ciclo de vida do plástico, incentivando sistemas de recarga
e reutilização, responsabilizando os países pela gestão de resíduos e garantindo uma transição
justa para os trabalhadores e comunidades afetadas. O apoio dos líderes mundiais ao tratado é
crucial.53
53
Greenpeace. Greenpeace International [Internet]. Plastic’s role in the triple planetary crisis -
Greenpeace International; 27 fev 2024 [citado 6 mar 2024]. Disponível em:
https://www.greenpeace.org/international/story/65507/plastics-role-in-the-triple-planetary-
crisis/?utm_medium=share&utm_content=postid-
65507&utm_campaign=&utm_source=whatsapp
54
Greenpeace. Greenpeace International [Internet]. Inside the effort to protect the Amazon coast from
oil spills - Greenpeace International; 27 fev 2024 [citado 7 mar 2024]. Disponível em:
https://www.greenpeace.org/international/story/65510/amazon-coast-brazil-oil-drilling-
spill/?utm_medium=share&utm_content=postid-65510&utm_source=whatsapp
55
Greenpeace. Twitter [Internet]. It’s not a question of if oil will spill, it is a question of when. The last
thing the world [Tweet]; 27 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/Greenpeace/status/1762553267144528227?s=20
56
Greenpeace. Twitter [Internet]. The sinking of the Rubymar cargo ship in the Red Sea poses grave
environmental risks. In addition to fuel leaks [Tweet]; 6 mar 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/Greenpeace/status/1765317686001553724?s=20
88
o planeta e as gerações futuras. Hellen Kahaso Dena lidera o Projeto de Plásticos Pan-Africanos
no Greenpeace África.57
A Greenpeace destacou que seu navio, Arctic Sunrise, embarcou em uma expedição de
seis semanas pelas Ilhas Galápagos para mostrar os benefícios de uma forte proteção marinha
e apoiar a ratificação do Tratado Oceânico da ONU. A expedição envolveu cientistas de várias
organizações, incluindo a Jocotoco Conservation Foundation e a Charles Darwin Foundation, e
tem como objetivo destacar o sucesso da Reserva Marinha de Galápagos e documentar a incrível
vida selvagem e habitats da região. A equipe usou várias técnicas para estudar montes
submarinos, documentar rotas migratórias de tubarões e avaliar a biodiversidade. A Greenpeace
enfatizou a importância do Tratado Global do Oceano para proteger os ecossistemas marinhos,
especialmente áreas fora das reservas. A expedição veio em meio a apelos urgentes para
proteção dos oceanos, destacados por relatórios sobre as ameaças às espécies migratórias e a
presença de embarcações de pesca industrial. O Arctic Sunrise continuará sua jornada para a
Colômbia para promover os esforços de conservação e combater a poluição plástica.59
57
Greenpeace. Greenpeace International [Internet]. UNEA-6: How plastic pollution is accelerating the
triple planetary crisis - Greenpeace International; 28 fev 2024 [citado 7 mar 2024]. Disponível em:
https://www.greenpeace.org/international/story/65548/unea-6-how-plastic-pollution-is-accelerating-
the-triple-planetary-crisis/?utm_medium=share&utm_content=postid-
65548&utm_campaign=&utm_source=whatsapp
58
Greenpeace. Greenpeace International [Internet]. 5 things you need to know about Europe’s forests -
Greenpeace International; 5 mar 2024 [citado 7 mar 2024]. Disponível em:
https://www.greenpeace.org/international/story/65652/5-things-you-need-to-know-about-europe-
forests/?utm_medium=share&utm_content=postid-
65652&utm_campaign=&utm_source=whatsapp
59
Greenpeace. Greenpeace International [Internet]. Greenpeace’s Arctic Sunrise ship arrives in the
Galápagos for research expedition - Greenpeace International; 27 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível
em: https://www.greenpeace.org/international/press-release/65533/greenpeace-arctic-sunrise-ship-
galapagos-research-expedition/?utm_medium=share&utm_content=postid-
65533&utm_source=whatsapp
89
em vigor. Os dados da organização sobre as ilhas Galápagos testemunham a abundância e
diversidade de espécies dentro e fora da reserva, enfatizando a necessidade de proteção nas
áreas de alto mar. Destacou ainda a importância da vontade política de utilizar o tratado para
salvaguardar os ecossistemas marinhos e fornecer um modelo para a proteção global dos
oceanos. Destacou os benefícios de uma nova área protegida em alto mar, que poderia
aumentar as populações de peixes e apoiar os pescadores locais. Também destacou que o alto
mar enfrenta ameaças da pesca industrial, poluição e mineração, ressaltando a urgência da
proteção do oceano.60
O Texas está atualmente sofrendo o maior incêndio de sua história, após os incêndios
florestais queimarem mais de 1 milhão de acres de terra. Incêndios florestais em todo o mundo
estão se tornando mais frequentes e mais graves devido às mudanças climáticas. A organização
apontou que as corporações de combustíveis fósseis como a Chevron, Exxon e outras, que
acabaram de anunciar lucros anuais absurdos, devem pagar pelos danos que causaram.63
A OXFAM alertou que os embaixadores da União Europeia não deram apoio à Corporate
Due Diligence Directive (CSDDD), colocando em risco as regras recém-acordadas para a
responsabilidade corporativa nas cadeias de suprimentos. A retirada do apoio pela Alemanha
provocou um boicote a esses regulamentos cruciais. Aproveitando o caos, a França fez um
movimento de última hora para isentar mais 14.000 empresas, minando ainda mais os direitos
humanos e a proteção ambiental. A presidência belga atrasou a votação devido à retirada do
apoio da Alemanha. A Oxfam instou a Alemanha, a Itália e a França a cumprirem seus
compromissos e não obstruírem a lei, que representa uma oportunidade única de acabar com a
impunidade corporativa.64
60
Greenpeace. Greenpeace International [Internet]. Money Heist star Alba Flores joins Greenpeace
Galápagos expedition - urges governments to ratify UN Ocean Treaty and protect the High Seas -
Greenpeace International; 6 mar 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://www.greenpeace.org/international/press-release/65667/pictures-money-heist-star-alba-flores-
joins-greenpeace-galapagos-expedition-urges-governments-to-ratify-un-ocean-treaty-and-protect-the-
high-seas/?utm_medium=share&utm_content=postid-65667&utm_source=whatsapp
61
Greenpeace. Twitter [Internet]. With extreme weather conditions like drought and heat becoming more
frequent and destructive, countries like Spain are experiencing severe water [Tweet]; 29 fev 2024 [citado
8 mar 2024]. Disponível em: https://x.com/Greenpeace/status/1763209876866548066?s=20
62
Greenpeace. Twitter [Internet]. "Despite contributing a fraction of 1% to global emissions, #Mongolia’s
temperatures have surged twice as fast as the global average [Tweet]; 28 fev 2024 [citado 8 mar 2024].
Disponível em: https://x.com/Greenpeace/status/1762751448876752961?s=20
63
Greenpeace. Twitter [Internet]. Wildfires in Texas have now burned over 1 million acres of land.
Wildfires around the world are becoming more frequent [Tweet]; 1 mar 2024 [citado 8 mar 2024].
Disponível em: https://x.com/Greenpeace/status/1763534720686838068?s=20
64
Oxfam International. Oxfam International [Internet]. New EU supply chain rules hang by a thread after
last-minute French wrecking ball | Oxfam International; 28 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://www.oxfam.org/en/press-releases/new-eu-supply-chain-rules-hang-thread-after-last-minute-
french-wrecking-ball
90
A Planetary Health Alliance divulgou artigo intitulado “Como a educação médica está se
adaptando às mudanças climáticas” que argumenta que todo profissional de saúde precisa de
saber como as mudanças climáticas afetam a sua prática.65
Justiça climática
A Greenpeace destacou que os Estados Unidos devem cumprir as demandas das Ilhas
Marshall após o reconhecimento por justiça nuclear. Setenta anos atrás, o teste nuclear de
Castle Bravo devastou o Atol de Bikini nas Ilhas Marshall, deixando impactos duradouros na
região. Nomeado como o Dia da Memória das Vítimas Nucleares, o aniversário marca o maior
teste de armas nucleares de todos os tempos pelos militares dos Estados Unidos, que causou
precipitação radioativa, levando a problemas de saúde e exílio permanente para muitos
cidadãos. Apesar de receberem compensação sob o Pacto de Livre Associação de 1986, o
governo das Ilhas Marshall busca mais justiça e compensação dos EUA. O Greenpeace está ao
lado do povo resiliente das Ilhas Marshall, defendendo a justiça nuclear e destacando a injustiça
em curso67.
Crise humanitária
A OXFAM destacou a situação no Sudão do Sul, onde mais de 80% da população está em
extrema necessidade de assistência humanitária devido à sobreposição de crises, incluindo
inundações e conflitos. Abrigos em Renk em todo o Sudão do Sul, originalmente planejados
para abrigar cinco mil pessoas, agora estão acolhendo mais de 15.000 indivíduos, com outros
5.000 vivendo sem água limpa ou higiene adequada. Mais de 300 pessoas compartilham uma
única torneira de água, aumentando o risco de um surto de cólera, especialmente com 100
pessoas utilizando apenas uma latrina. A Oxfam no Sudão do Sul alertou sobre uma catástrofe
iminente sem financiamento imediato para lidar com a situação, exacerbada pela próxima
estação chuvosa em abril e com a expectativa de que os estoques de alimentos atinjam seus
65
PHA Planetary Health Alliance. How Medical Education Is Adapting to Climate Change. 6 mar. 2024.
Disponível em: https://twitter.com/ph_alliance/status/1765559705689112968. Acesso em: 8 mar. 2024.
66
WONCA - World Organization Of National Colleges, Academies And Academic Associations Of General
Practitioners/Family Physicians. Addressing #ClimateChange and #PrimaryHealthcare. 7 mar. 2024.
Disponível em: https://twitter.com/WoncaWorld/status/1765717534148284804. Acesso em: 8 mar.
2024.
67
Greenpeace. Greenpeace International [Internet]. Nuclear Victims Remembrance Day – United States
must comply with Marshall Islands demands for recognition and nuclear justice - Greenpeace
International; 1 mar 2024 [citado 7 mar 2024]. Disponível em:
https://www.greenpeace.org/international/story/65565/nuclear-victims-remembrance-day-united-
states-must-comply-with-marshall-islands-demands-for-recognition-and-nuclear-
justice/?utm_medium=share&utm_content=postid-65565&utm_source=whatsapp
68
Greenpeace. Twitter [Internet]. This is a historic opportunity to hear first-hand from most impacted
communities about harms of the climate emergency and biodiversity [Tweet]; 1 mar 2024 [citado 8 mar
2024]. Disponível em: https://x.com/Greenpeace/status/1763685650682053002?s=20
91
níveis mais baixos entre abril e julho de 2024. A organização salientou que, apesar da crise
humanitária em piora, o financiamento para o Sudão do Sul diminuiu drasticamente,
dificultando os esforços humanitários. São necessários 7 milhões de dólares para alcançar
400.000 pessoas com serviços essenciais de alimentos, água e saneamento.69
Crise alimentar
Diversidade e ativismo
69
Oxfam International. Oxfam International [Internet]. South Sudan: More than 300 people share a single
water tap, as transit centers hold three times their capacity, increasing risk of cholera outbreak – warns
Oxfam | Oxfam International; 28 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://www.oxfam.org/en/press-releases/south-sudan-more-300-people-share-single-water-tap-
transit-centers-hold-three-times
70
Oxfam International. Oxfam International [Internet]. Over six million people face hunger, malnutrition
and water scarcity in Zambia, Oxfam warns. | Oxfam International; 6 mar 2024 [citado 8 mar 2024].
Disponível em: https://www.oxfam.org/en/press-releases/over-six-million-people-face-hunger-
malnutrition-and-water-scarcity-zambia-oxfam
71
Oxfam International. Twitter [Internet]. Our report challenges misconceptions about world hunger &
calls for transforming our global food system from exploitative to sustainable. It's [Tweet]; 28 fev 2024
[citado 8 mar 2024]. Disponível em: https://x.com/Oxfam/status/1762861639634989282?s=20
92
geográfica, o que facilitaria soluções que funcionem para todos e ajudem as pessoas a moldar o
futuro em que querem viver.72
Tratado pandêmico
Preços de medicamentos
A Public Citizen informou que o presidente Biden anunciará novos planos para reduzir
os preços dos medicamentos prescritos nos Estados Unidos. Os planos incluem a negociação de
preços do Medicare para muito mais medicamentos do que atualmente são permitidos por
ano.75
Biossegurança
72
Greenpeace. Twitter [Internet]. "Diversifying activism and policy advocacy in terms of disability — as
well other identities like age, race and ethnicity, and location [Tweet]; 29 fev 2024 [citado 8 mar 2024].
Disponível em: https://x.com/Greenpeace/status/1763064645655609742?s=20
73
The People's Vaccine [X]. Creating and signing up to a strong and truly equitable set of terms on access
and benefit sharing is not an act of kindness or charity [...]; 1 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel
em: https://x.com/peoplesvaccine/status/1763562584567857195?s=20
74
The People's Vaccine [X]. "This month the World Trade Organization threw in the towel on #COVID19."
[...]; 1 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/peoplesvaccine/status/1763606373533729242?s=20
75
Public Citizen [Internet]. Drug Pricing in State of the Union: “Do Not Go Small When the Problem Is So
Large”; 7 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em: https://www.citizen.org/news/drug-pricing-
in-state-of-the-union-do-not-go-small-when-the-problem-is-so-large/
93
vigilância e detecção de ameaças biológicas em países de baixa e média renda. Este curso é o
primeiro passo para aumentar a biossegurança globalmente, reforçando as capacidades locais.76
76
The Interacademy Partnership [Internet]. Reducing biological risks by promoting the peaceful use
biology; 4 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em:
https://www.interacademies.org/news/reducing-biological-risks-promoting-peaceful-use-biology
77
The Interacademy Partnership [Internet]. IAPconvening global biosecurity experts in trieste; 26 Feb
2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em: https://www.interacademies.org/news/iap-convening-
global-biosecurity-experts-trieste
78
IFSW. [X]. IFSW. 4 Mar 2024 [citado em 27 Fev 2024]. Disponível em:
https://twitter.com/IFSW/status/1762562209400627503
79
CARE [Internet]. CARE Joint NGO Statement Calling on UN Security Council to Pass Gaza Ceasefire
Resolution; 28 fev 2024 [citado em 8 mar 2024]. Disponível em: https://www.care.org/news-and-
stories/press-releases/joint-ngo-statement-calling-on-un-security-council-to-pass-gaza-ceasefire-
resolution/.
80
CARE [Internet]. CARE Joint NGO Statement: as U.N. General Assembly meets to discuss the situation in
the occupied Palestinian territory, Member States must restore funding to UNRWA; 1 mar 2024 [citado
em 8 mar 2024]. Disponível em: https://www.care.org/news-and-stories/press-releases/joint-ngo-
statement-as-u-n-general-assembly-meets-to-discuss-the-situation-in-the-occupied-palestinian-
territory-member-states-must-restore-funding-to-unrwa/,
94
dependem dessa ajuda para sobreviverem81. Além disso, a situação da iluminação, tendo 84%
das luzes de Gaza apagadas, com pessoas doentes e famintas, após os mais de 5 meses de
conflito. A situação impactou no funcionamento de 70% dos hospitais, na infraestrutura urbana
e a população corre risco iminente de morrer de fome82.
81
CARE [Internet]. CARE How humanitarian aid gets into Gaza; 29 fev 2024 [citado em 8 mar 2024].
Disponível em: https://www.care.org/news-and-stories/news/how-humanitarian-aid-gets-into-gaza/.
82
CARE [Internet]. CARE Jwarns: 84% of Gaza’s lights extinguished, people left sick and starving; 29 fev
2024 [citado em 8 mar 2024]. Disponível em: https://www.care.org/news-and-stories/press-
releases/care-warns-84-of-gazas-lights-extinguished-people-left-sick-and-starving/,
83
CARE [Internet]. CARE West Bank and Gaza Country Director Hiba Tibi, on the five-months-mark of the
conflict escalation in Gaza; 6 mar 2024 [citado em 8 mar 2024]. Disponível em:
https://www.care.org/news-and-stories/press-releases/care-west-bank-and-gaza-country-director-hiba-
tibi-on-the-five-months-mark-of-the-conflict-escalation-in-gaza/.
84
Oxfam International. Oxfam International [Internet]. “Golden time” seasonal farming production
destroyed and lost in northern Gaza amid mounting fears of worsening hunger and starvation | Oxfam
International; 26 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em: https://www.oxfam.org/en/press-
releases/golden-time-seasonal-farming-production-destroyed-and-lost-northern-gaza-amid
95
internacional. Os signatários incluem Action Against Hunger, CARE International, International
Rescue Committee, Mercy Corps, Oxfam, Plan International e Save the Children.85
Saúde e paz
85
Oxfam International. Oxfam International [Internet]. Joint NGOs statement calling on UNSC to urge a
ceasefire in Gaza | Oxfam International; 29 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://www.oxfam.org/en/press-releases/joint-ngos-statement-calling-unsc-urge-ceasefire-gaza
86
The Interacademy Partnership [Internet]. Watch U.S. NAS video in support Ukrainian science; 24 Feb
2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em: https://www.interacademies.org/news/watch-us-nas-
video-support-ukrainian-science
87
SHEM. Sustainable Health Equity Movement. Health and peace are intertwined. 4 mar. 2024. Disponível
em: https://twitter.com/shequitymov/status/1764643905901908433. Acesso em: 8 mar. 2024.
88
World Patients Alliance [Internet]. Webinar: The Deteriorating Patient: When a hospital patient
unexpectedly goes downhill, what can families do? - World Patients Alliance; [citado 7 mar 2024].
Disponível em: https://www.worldpatientsalliance.org/allevents/webinar-the-deteriorating-patient-
when-a-hospital-patient-unexpectedly-goes-downhill-what-can-families-do/.
96
Nutrição
A World Public Health Nutrition está mobilizando seu público para discussões e trocas
sobre os desafios nutricionais e a construção de soluções sustentáveis durante o congresso
nacional da entidade que será realizado entre 10 e 13 de junho, aproveitando a entrada na reta
final da década da nutrição - 2016-2025. Com o tema “Empoderando países de baixa renda para
futuros saudáveis", o congresso tem como pergunta - a década da nutrição foi cumprida?93.
A Women in Global Health continua a chamar a atenção para o impacto positivo que as
mulheres trabalhadoras da saúde trazem para as sociedades onde trabalham, embora
enfrentem violência, injustiça de gênero e baixos salários. O trabalho não remunerado e
inseguro será tema do seminário virtual “Unpaid and unsafe - The reality of female frontline
health workers”, que será realizado no dia 14 de março. Reitera, ainda, nas divulgações, a
necessidade de um novo contrato social para um trabalho seguro, decente e igualitário. Esse
89
WORLD HEART FEDERATION.[X].Governments can help curb the #obesity epidemic by implementing.
4 Mar 2024 [citado em 06 Mar 2024]. Disponível
em:https://twitter.com/worldheartfed/status/1764659411568529823
90
WORLD HEART FEDERATION.[X].World Heart Federation. 4 Mar 2024 [citado em 06 Mar 2024].
Disponível em https://twitter.com/worldheartfed/status/1764657969461887180
91
WORLD HEART FEDERATION.[X].More than 1 billion people in the world are now living with #obesity.
4 Mar 2024 [citado em 06 Mar 2024]. Disponível em
https://twitter.com/worldheartfed/status/1764655376740295044
92
WORLD HEART FEDERATION.[X].Atividade física regular ajuda a prevenir e tratar:. 6 Mar 2024 [citado
em 06 Mar 2024]. Disponível emhttps://twitter.com/worldheartfed/status/1765346736761934024
93
WPHN CONGRESS 2024.[X]. WPHN CONGRESS 2024..4 Mar 2024 [citado em 06 Mar 2024]. Disponível
em: https://twitter.com/Wphncongress/status/1764766147247780153
97
tema será discutido também no seminário online “Mulheres trabalhadoras comunitárias da
saúde: de voluntárias a profissionais”, no dia 19 de março94-95.
A NCD Alliance antecipando o Dia Internacional da Mulher faz matéria sobre os desafios
das mulheres para acesso aos sistemas de saúde e ao diagnóstico de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis, destacando o papel dos governos no enfrentamento desta que como um dos
efeitos mais cruéis da desigualdade, uma vez que as mulheres são, na maioria das vezes, as
únicas cuidadoras da família, em detrimento da capacidade de cuidar de sua própria saúde física
e mental e da realização de estudos ou trabalho fora de casa96.
94
WOMEN IN GLOBAL HEALTH. [X]. Save the date. 6 Mar 2024 [citado em 06 Mar 2024]. Disponível em:
https://twitter.com/womeninGH/status/1765401983224107419
95
WOMEN IN GLOBAL HEALTH. [X]. Save the date. 4 Mar 2024 [citado em 06 Mar 2024]. Disponível em:
https://twitter.com/womeninGH/status/1764654859830067666
96
NCD Alliance [Internet]. International Women's Day 2024: Re-imagining NCD care for and by women;
[citado 7 mar 2024]. Disponível em: https://ncdalliance.org/news-events/news/international-womens-
day-2024-re-imagining-ncd-care-for-and-by-women
97
CARE [Internet]. “SHE LEADS THE WORLD” THIS INTERNATIONAL WOMEN’S DAY; 1 mar 2024 [citado
em 8 mar 2024]. Disponível em: https://www.care.org/news-and-stories/press-releases/she-leads-the-
world-this-international-womens-day/.
98
CARE [Internet]. International Women’s Day: Landmarks across the US, around the world join CARE to
shine a light on women’s empowerment and gender equality; 7 mar 2024 [citado em 8 mar 2024].
Disponível em: https://www.care.org/news-and-stories/press-releases/international-womens-day-
landmarks-across-the-us-around-the-world-join-care-to-shine-a-light-on-womens-empowerment-and-
gender-equality/ .
99
CARE [Internet]. CARE Women in the Digital Economy Fund (WiDEF) Announces Advisory Council
Members; 6 mar 2024 [citado em 8 mar 2024]. Disponível em: https://www.care.org/news-and-
stories/press-releases/women-in-the-digital-economy-fund-widef-announces-advisory-council-
members/,
100
WONCA - World Organization Of National Colleges, Academies And Academic Associations Of General
Practitioners/Family Physicians. On #InternationalWomensDay2024 we are proud to spotlight Dr Suha
Hamshari. 8 mar. 2024. Disponível em:
https://twitter.com/WoncaWorld/status/1766031592303030506. Acesso em: 8 mar. 2024.
98
da diversidade e do empoderamento em todos os aspectos da sociedade, buscando desbloquear
o poder da Equidade de Gênero e criar um mundo mais inclusivo.101
A DNDi se referiu ao Dia Internacional da Mulher, afirmando que atua para garantir que
as necessidades de saúde das mulheres sejam reconhecidas em todas as fases do
desenvolvimento de medicamentos.102
No Dia Internacional da Mulher, o Global Health Council anunciou o tema deste ano
“Invista nas Mulheres: Acelere o Progresso!”, indicando que as mulheres ainda representam
apenas 25% dos cargos de liderança na área da saúde. A organização afirma que é hora de
abordar as barreiras específicas de gênero na força de trabalho da saúde e dos cuidados.103
Promoção da saúde
A ACT promoção da saúde divulgou o seu Boletim 198 que aborda temas como o
descarte de filtros de cigarro; a consulta pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
sobre os dispositivos eletrônicos para fumar; a campanha para aumentar a conscientização a
respeito dos danos; a lei municipal do Rio de Janeiro que veta ultraprocessados em escolas da
rede pública e particular; e a mobilização para garantir impostos mais altos para
ultraprocessados.104
Saúde mental
101
IHF. International Hospital Federation. Happy #InternationalWomensDay from the IHF team! 8 mar.
2024. Disponível em: https://twitter.com/IHF_FIH/status/1766053287545975187. Acesso em: 8 mar.
2024.
102
DNDI - Drugs For Neglected Diseases Initiative. How do we #InvestInWomen at DNDi? 8 mar. 2024.
Disponível em: https://twitter.com/DNDi/status/1766116857537273856. Acesso em: 8 mar. 2024.
103
Global Health Council [X]. This year's #InternationalWomensDay theme is Invest in Women: Accelerate
Progress!; 8 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/GlobalHealthOrg/status/1766165196354027919?s=20
104
ACT Promoção da Saúde [Internet]. Aula no mar, estudo sobre bitucas, escolas mais saudáveis, fatores
de risco de DCNTs e mulheres, e mais: Boletim 198.; 28 Feb 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em:
https://actbr.org.br/post/aula-no-mar-estudo-sobre-bitucas-escolas-mais-saudaveis-fatores-de-risco-
de-dcnts-e-mulheres-e-mais-boletim-198/19692/
105
World Federation for Mental Health. World Federation for Mental Health [Internet]. World Federation
for Mental Health; fev 2024 [citado 6 mar 2024]. Disponível em: https://wfmh.global/news/2024.24-02-
19_statement
99
enfermeiros e garantir um tratamento ético e compassivo para indivíduos com problemas de
saúde mental.106
Direitos humanos
A Human Rights Watch divulgou relatório abrangente que expõe as graves violações dos
direitos humanos perpetradas pelo governo da República Popular Democrática da Coreia
(RPDC), no meio da pandemia da COVID-19. O governo da Coreia do Norte tem aplicado medidas
draconianas, fechando as fronteiras do país com cercas fortificadas e postos de guarda,
acompanhadas por uma diretiva de “atirar à vista” para os guardas de fronteira. Estas medidas
extremas, agravadas pelas restrições comerciais impostas pela China e pela Coreia do Norte
entre 2017 e 2023, isolaram efetivamente a Coreia do Norte da comunidade global, resultando
na cessação do movimento transfronteiriço, do comércio e da ajuda humanitária. O relatório
sublinha a repressão sistemática infligida à população incluindo detenções arbitrárias, tortura,
execuções e desaparecimentos forçados, todos com o objetivo de reprimir a dissidência e
manter o controle político. Além disso, o relatório destaca a profunda crise humanitária
exacerbada por estas medidas, que conduz à insegurança alimentar generalizada e priva os
norte-coreanos de bens essenciais.107
Pesquisa de COVID-19
106
International Council of Nurses [Internet]. ICN launches new guidelines to help nurses tackle the
growing global crisis in mental health care; 6 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em:
https://www.icn.ch/news/icn-launches-new-guidelines-help-nurses-tackle-growing-global-crisis-mental-
health-care
107
Human Rights Watch [Internet]. “A Sense of Terror Stronger than a Bullet”; 7 Mar 2024 [citado em 8
Mar 2024]. Disponivel em: https://www.hrw.org/content/387210
108
Fundación Huésped [Internet]. ¿Tenés un diagnóstico reciente de COVID-19? Podés ser parte de
nuestro estudio; 4 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em:
https://huesped.org.ar/noticias/covid-19-estudio-alto-riesgo/
109
WFPHA - World Federation of Public Health Associations. Investing in Health System Resilience:
Strategies for Preparedness and Response Capacity Enhancement | WFPHA. 26 fev. 2024. Disponível em:
https://www.wfpha.org/investing-in-health-system-resilience-strategies-for-preparedness-and-
response-capacity-enhancement/. Acesso em: 8 mar. 2024.
100
Profissionais da saúde
Vacinação
110
World Medical Association [Internet]. WORLD MEDICAL ASSOCIATION STANDS FIRM IN SUPPORT OF
KOREAN MEDICAL ASSOCIATION AMID GOVERNMENT-INDUCED CRISIS; 1 Mar 2024 [citado em 8 Mar
2024]. Disponivel em: https://www.wma.net/news-post/world-medical-association-stands-firm-in-
support-of-korean-medical-association-amid-government-induced-crisis/
111
World Medical Association [Internet]. WORLD MEDICAL ASSOCIATION CLARIFIES POSITION ON
COLLECTIVE ACTION AND CONDEMNS GOVERNMENT INTERFERENCE IN KOREAN MEDICAL ASSOCIATION;
3 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponivel em: https://www.wma.net/news-post/world-medical-
association-clarifies-position-on-collective-action-and-condemns-government-interference-in-korean-
medical-association/
112
WFPHA - WORLD FEDERATION OF PUBLIC HEALTH ASSOCIATIONS. HPV Awareness Day: WFPHA
Advances Global Efforts to Eradicate Cervical Cancer | WFPHA. 4 mar. 2024. Disponível em:
https://www.wfpha.org/hpv-awareness-day-wfpha-advances-global-efforts-to-eradicate-cervical-
cancer/. Acesso em: 8 mar. 2024.
113
IFA - INTERNATIONAL FEDERATION OF AGEING. IFA’s pneumococcal disease and vaccination fact
sheet. 6 mar. 2024. Disponível em: https://twitter.com/IFAgeing/status/1765407183582171426. Acesso
em: 8 mar. 2024.
114
IFA - International Federation of Ageing. Vaccination against #shingles is an easy way to protect
yourself. 3 mar. 2024. Disponível em: https://twitter.com/IFAgeing/status/1764274583782171074.
Acesso em: 8 mar. 2024.
101
sua participação a favor de um mundo livre da poliomielite e na garantia de um futuro mais
saudável para todas as crianças115.
Direitos LGBTQIA+
A STOPAIDS fez um apelo para exigir direitos iguais e segurança para a população
LGBTQIA+ em Gana e condenaram a aprovação do projeto de lei de ódio anti-LGBTQIA+ pelo
parlamento.116
Saúde mental
Segundo artigo publicado pela Wellcome Trust é visível que nas últimas décadas
ocorreram avanços notáveis na pesquisa em saúde mental, resultando em uma melhor
compreensão e intervenções transformadoras. Entretanto, apesar dessas descobertas, o campo
ainda não alcançou todo o seu potencial devido à pesquisa orientada pela especialização,
colaboração limitada e falta de expertise em experiências vividas. A pesquisa em saúde mental
carece também de coerência devido a ferramentas de medição díspares e foco inconsistente de
financiamento. A fundação propõe enfrentar esses desafios através de uma abordagem
transdisciplinar e que priorize experiências vividas, concentrando esforços principalmente em
áreas impactantes como ansiedade, depressão e psicose.117
Mudanças climáticas
115
Rotary International. Twitter [Internet]. Rotary and UNICEF continue to build resilient public health
systems; [Tweet]; mar 2024. [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://twitter.com/Rotary/status/1763975833624973329.
116
STOPAIDS [X]. On Ghana’s independence day, we affirm LGBTQ+ Ghanaians and condemn the passage
of the anti-LGBTQIA+ hate bill by [...]; 6 Mar 2024 [citado em 8 Mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/STOPAIDS/status/1765436650669117777?s=20
117
Wellcome Trust. Wellcome Trust [Internet]. Experts must work together to power mental health
science | Wellcome; fev 2024 [citado 6 mar 2024]. Disponível em: https://wellcome.org/news/experts-
must-work-together-power-mental-health-science
118
Rockefeller Foundation. The Rockefeller Foundation [Internet]. Rockefeller Foundation Bellagio Center
Announces 2024 Residents; Opens Call for 2025; fev 2024 [citado 6 mar 2024]. Disponível em:
https://www.rockefellerfoundation.org/news/rockefeller-foundation-bellagio-center-announces-2024-
residents-opens-call-for-2025/.
102
cruciais para seu país. Ela foi fundamental na fundação do Centro de Modelagem Epidemiológica
e Análise (CEMA), que desempenhou um papel vital na resposta à pandemia, ajudando a evitar
o pânico ao fornecer informações importantes para o governo queniano. Atualmente, a
organização está expandindo seus esforços e capacitando a próxima geração de especialistas
em dados no continente africano, com apoio financeiro da Fundação Gates.119
O Global Fund anunciou doações de US$ 71 milhões para o Congo, visando acelerar a
luta contra o HIV, TB e malária, incluindo fornecimento de tratamento para pessoas com HIV,
aumento da cobertura de tratamento da TB, identificação e tratamento de casos de malária, e
fortalecimento dos sistemas de saúde121. A organização também destacou que a prevalência do
HIV é 14 vezes maior entre as pessoas transgênero, que frequentemente enfrentam estigma,
discriminação, violência e leis punitivas que impedem acesso aos cuidados de saúde.122
O Global Fund destacou em uma reunião com representantes da Global Citizen NOW o
papel como o maior provedor de subsídios multilaterais do mundo, investindo mais de dois
bilhões de dólares por ano no fortalecimento dos sistemas de saúde e preparação para
pandemias, capacitando as comunidades para derrotar o HIV, a TB e a malária.123 Na mesma
reunião, o Global Fund enfatizou a importância de empoderar as comunidades, foco principal
dos esforços no combate ao HIV, TB e malária, para construir um mundo mais seguro, saudável
e equitativo para todos.124
119
Gates Foundation. Bill & Melinda Gates Foundation [Internet]. The compassionate doctor; fev 2024
[citado 6 mar 2024]. Disponível em: https://www.gatesfoundation.org/ideas/articles/compassionate-
doctor-loice-achieng
120
Gates Foundation. Bill & Melinda Gates Foundation [Internet]. Four things to know about the single-
dose HPV vaccine; fev 2024 [citado 6 mar 2024]. Disponível em:
https://www.gatesfoundation.org/ideas/articles/hpv-single-dose-vaccine-explained
121
The Global Fund. Twitter [Internet]. Great News: GlobalFund signs US$71 million in grants to Congo, to
accelerate the fight against HIV, TB & malaria: Provide [Tweet]; 28 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível
em: https://x.com/GlobalFund/status/1762787653273944066?s=20
122
The Global Fund. Twitter [Internet]. Globally, HIV prevalence is 14x higher among transgender people.
Too often, stigma, discrimination, violence & punitive laws impede access to [Tweet]; 1 mar 2024 [citado
8 mar 2024]. Disponível em: https://x.com/GlobalFund/status/1763505749244641323?s=20
123
The Global Fund. Twitter [Internet]. Lady Roslyn, Chair of @GlobalFund Board, joins
#GlobalCitizenNOW to spotlight our role as the world's largest multilateral grant provider. Investing
[Tweet]; 5 mar 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/GlobalFund/status/1765001870521545142?s=20
124
The Global Fund. Twitter [Internet]. THE GLOBAL FUND. Lady Roslyn, Chair of @GlobalFund Board,
joins #GlobalCitizenNOW to spotlight our role as the world's largest multilateral [Tweet]; 5 mar 2024
[citado 8 mar 2024]. Disponível em: https://x.com/GlobalFund/status/1765037110489166045?s=20
103
malária, um dos maiores assassinos da África, visando melhores resultados no continente com
novas ferramentas.125
Câncer cervical
Testes diagnósticos
A FIND participou de um painel organizado pelo Serviço Comercial dos Estados Unidos,
juntamente com a empresa Thermofisher, discutindo o Global Health Equity Conclave. Destacou
a possibilidade de permitir acesso a testes diagnósticos visando fortalecer a implementação e
prestação de serviços integrados.127
Direitos LGBTQI+
O Global Fund destacou parceria com a organização Alliance Côte d'Ivoire para fornecer
cuidados essenciais à comunidade LGBTQIA+, treinando assistentes legais, assistentes sociais e
policiais para proteger os direitos humanos e combater o estigma e discriminação.129
EVENTOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
125
The Global Fund. Twitter [Internet]. Malaria is one of Africa’s biggest killers yet new tools give us hope
that the tide could be turning. As [Tweet]; 6 mar 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/GlobalFund/status/1765424268173578510?s=20
126
FIND. Twitter [Internet]. Call for consultation @WHO has been leading a global initiative to eliminate
#CervicalCancer, and needs input to shape the future [Tweet]; 27 fev 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível
em: https://x.com/FINDdx/status/1762467440586310067?s=20
127
FIND. Twitter [Internet]. Last week, @sanjayssarin , participated in a panel hosted by U.S. Commercial
Service and @thermofisher to discuss the Global Health Equity [Tweet]; 5 mar 2024 [citado 8 mar 2024].
Disponível em: https://x.com/FINDdx/status/1765019939478323386?s=20
128
FIND. Twitter [Internet]. Are you a manufacturer of multiplex rapid diagnostic tests for HIV/HCV/HBV
and HIV/HCV self-testing? We're looking for manufacturers willing to [Tweet]; 6 mar 2024 [citado 8 mar
2024]. Disponível em: https://x.com/FINDdx/status/1765366797803360715?s=20
129
The Global Fund. Twitter [Internet]. With support from @GlobalFund Breaking Down Barriers initiative,
@CoteAlliance is: Providing essential care to LGBTQI+ community. Training paralegals, social workers
[Tweet]; 1 mar 2024 [citado 8 mar 2024]. Disponível em:
https://x.com/GlobalFund/status/1763567405215711494?s=20
104
evidente que a questão maior é que os responsáveis nacionais e globais, públicos ou privados,
não querem segurar essas “batatas quentes”. Assim, são as pessoas que deveriam receber
cuidado e proteção que são obrigadas a segurar as “batatas quentes”, sem uma perspectiva
concreta de solução para seus problemas. Como na música da brincadeira infantil, o mundo
segue: “Batata que passa quente, batata que já passou, quem ficar com essa batata, coitadinho
se queimou".
105
Desafios da Negociação: Sul Global
Negotiation Challenges: Global South
Regina Ungerer
Abstract: The search for partnership with UNOSSC is expanding. During an internal UNOSSC
meeting, Brazil's deputy permanent representative to the UN highlighted the priorities of Brazil's
G20 Presidency, as well as the importance of South-South and Triangular Cooperation in
advancing equality and Sustainable Development. Portugal's permanent representative to the
UN emphasized that the country is a strong supporter of Triangular Cooperation among
members of the Development Aid Committee, which is affiliated with the OECD and serves as an
international forum for cooperation with the world's 24 largest donor countries. Portugal, for
example, sees Triangular Cooperation as a valuable complement to South-South cooperation.
The G-77 and China emphasized that the draft review process for ECOSOC and HLPF resolutions
does not accurately reflect the positions of its 134 countries. They continue to discuss the Global
Digital Compact and the preparations for the 4th International Conference on Financing for
Development, which will be held in 2025. The Non-Aligned Youth Movement is publishing the
"History of the Non-Aligned Movement" to ensure that its principles are understood by the
younger generation. The South Centre emphasizes the self-weakening of the biodiversity
convention, support for antimicrobial resistance awareness campaigns, and the potential for
using environmental and social governance to promote responsible investment and human
rights.
Keywords: South-South Cooperation. UNOSSC. G-77 and China. Non-Aligned Movement. South
Centre.
106
Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul (UNOSSC)
O Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul promove, coordena e apoia a
cooperação Sul-Sul e triangular globalmente e dentro do sistema das Nações Unidas, incluindo:
1) Política e Apoio Intergovernamental; 2) Desenvolvimento de capacidades; 3) Cocriação e
Gestão do Conhecimento; 4) Gestão do Fundo Fiduciário Sul-Sul.
Destaques do UNOSSC
Nesta edição:
9) Índia contribui com US$ 1 milhão para o Fundo IBAS para o alívio da pobreza e da fome
Para ler estas e outras notícias, basta clicar na figura, para entrar no Boletim.
107
Outras notícias do UNOSSC
https://twitter.com/ASteiner
Grupo do G-77
108
O G-77 é uma estrutura institucional permanente que se desenvolveu gradualmente, o
que levou à criação de Capítulos com escritórios de ligação em Genebra (UNCTAD)130, Nairóbi
(UNEP)131, Paris (UNESCO)132, Roma (FAO/IFAD)133, Viena (UNIDO)134 e Washington (G-24)135.
O G-77 e a China reiteram que o processo de revisão das resoluções sobre o ECOSOC e
HLPF, de 2021 que resultou na adoção das resoluções136 75/290 A e 75/290 B, foi substancial,
porém é necessário mais tempo para implementar integralmente as disposições contidas nas
duas resoluções, que permanecem relevantes e devem ser mantidas para apoiar o ECOSOC e o
HLPF na implementação plena dos seus respectivos mandatos.
O processo de revisão de 2024 deve limitar-se à atualização técnica das duas resoluções,
concentrando-se nos temas anuais do ECOSOC e do HLPF para 2025-2027, a fim de seguir o ciclo
de quatro anos (2024-2027) para o HLPF, bem como o conjunto dos ODS para revisão
aprofundada anualmente.
Uma gestão eficaz e eficiente exige que os gestores e decisores aos mais altos níveis
estejam empenhados em aderir aos componentes que sustentam e fortalecem o sistema de
responsabilização dentro da organização.
130
UNCTAD - Conferência das Nações Unidas sobre Comércio de Desenvolvimento
131
UNEP - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
132
UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
133
FAO - Organização para a Alimentação e Agricultura e IFAD - Fundo Internacional para o
Desenvolvimento Agrícola
134
UNIDO - Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
135
G-24 - Assuntos monetários internacionais e desenvolvimento
136
A resolução 75/290 A e a resolução 75/290 B de 25 de junho de 2021 apoiam o ECOSOC e o HLPF na
implementação e acompanhamento coordenados da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
e na realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
109
O sistema de responsabilização é particularmente importante porque é uma forma de
os Estados-Membros avaliarem se as decisões e resoluções acordadas serão totalmente
implementadas e, se não, responsabilizar os gestores que não as implementam.
Da mesma forma, o G-77 e a China lembraram que a AGNU tem solicitado ao Secretário
Geral que insistisse com seus gestores seniores a cumprir as metas geográficas contidas nos
pactos e que o Grupo está interessado em compreender as medidas de responsabilização que
devem ser tomadas em casos de descumprimento das metas estipuladas nos pactos.
6) Deve haver menção aos bens públicos digitais para o desenvolvimento inclusivo,
juntamente com a infraestrutura pública digital.
137
WSIS é uma Cúpula da ONU que se concentra em áreas como esaúde, elearning, eagricultura e
egovernança
138
A Agenda de Tunis para a Sociedade da Informação (WSIS) é uma declaração de consenso da Cúpula
Mundial sobre a Sociedade da Informação, que foi adotada em 2005 em Tunis, Tunísia.
110
10) O Grupo considera que o relatório final do Conselho Consultivo de Alto Nível sobre
Multilateralismo Eficaz139 (HLAB) sobre IA poderia incluir recomendações importantes que
potencialmente alimentariam o Pacto Digital Global.
11) Sobre as tecnologias emergentes, incluindo a IA, o Grupo considera que se deve
destacar a importância da participação inclusiva e igualitária de todos os países; o papel de
liderança vital da ONU na governança da IA e na cooperação internacional, além da importância
da capacitação, transferência de tecnologia e transferência de conhecimento aos países em
desenvolvimento.
139
O relatório do Conselho Consultivo de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz (HLAB) é um relatório
independente que descreve um plano ambicioso para fortalecer o sistema multilateral. O relatório foi
publicado em abril de 2023 pelo HLAB, nomeado pelo Secretário-Geral da ONU em 2022
111
New York – 23 de fevereiro de 2024
O G-77 e a China deixaram claro, nesta sessão organizacional que a (FfD4) será realizada
em um momento em que o progresso rumo aos ODS estará defasado e os países em
desenvolvimento seguem enfrentando custos muito elevados para empréstimos e enormes
encargos para pagar suas dívidas. Desta forma, esta Conferência apresenta uma oportunidade
valiosa para discussões francas sobre, entre outros aspectos, a avaliação dos progressos
realizados na implementação dos documentos finais das três conferências anteriores
(Monterrey, Doha e Adis Abeba), incluindo a identificação das dificuldades para chegar a um
acordo sobre o conjunto de ações necessárias para abordar o crescente déficit de
financiamento.
O grupo insiste que deva haver uma abordagem abrangente ao financiamento para o
desenvolvimento, que considere a natureza inter-relacionada dos ODS, o direito ao
desenvolvimento e o desequilíbrio da atual arquitetura internacional, que são fundamentais
para abordar o crescente déficit de financiamento.
O MNA é a maior coligação de países depois das Nações Unidas, criada em 1961, hoje,
o movimento é composto por 121 Estados Membros de todas as partes do mundo.
Este ano de 2024, a República do Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, se tornou
o 121o país a se tornar membro do Movimento dos Não-Alinhados. Com isso, a África passa a
ter todos os seus 54 países como membros do MNA. Existem ainda 17 estados e 10 organizações
internacionais com status de observador.
O Movimento Jovem dos Não Alinhados tem publicado uma série sobre a "História do
Movimento dos Não-Alinhados" para que os seus princípios sejam sempre lembrados pelos
mais jovens. Desta vez, destacaram a 4ª Conferência de Cúpula dos Chefes de Estado ou de
Governo do Movimento dos Não-Alinhados realizado em 1973 na Argélia.
112
https://twitter.com/namyouthorg
Centro Sul
A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) realizará uma reunião no ano de 2024,
para acelerar a ação global para conter a propagação de infecções resistentes aos medicamentos
antimicrobianos. Estima-se que a resistência bacteriana aos antimicrobianos (RAM) foi
diretamente responsável por 1,27 milhões de mortes globais em 2019 e contribuiu para outras
4,95 milhões de mortes.
O Banco Mundial observa que abordar a RAM pode ser altamente rentável, oferecendo
uma taxa de retorno sobre o investimento de 88% ao ano.
A RAM não deve ser vista como uma questão independente ou isolada de outros
desafios de saúde, mas como parte de um todo para criação de capacidades para a gestão de
doenças infecciosas.
Esta será a segunda Reunião de Alto Nível da ONU sobre Resistência Antimicrobiana e
será realizada no dia 26 de setembro de 2024, logo depois da 79ª sessão da Reunião da AGNU
(10 a 24 de setembro de 2024).
Esta reunião terá o objetivo de aprovar uma declaração política concisa e orientada para
a ação, que deverá incluir metas e objetivos mensuráveis sobre a mobilização da vontade
política e da ação a nível nacional, regional e níveis internacionais para abordar os fatores, fontes
113
e desafios da resistência antimicrobiana, previamente acordados por consenso através de
negociações intergovernamentais.
O Ocidente ganhou uma alteração virtual do tratado, por omissão. A adoção do próprio
GBF apresentou falhas processuais e, embora algumas das suas 23 metas para 2030 sejam
significativas, algumas são problemáticas. A meta de aumentar a cobertura global das áreas
protegidas para 30% de cada uma das áreas terrestres e marinhas provavelmente excluirá os
protetores tradicionais da biodiversidade e levará a uma maior alienação destes protetores. As
soluções baseadas na natureza promovidas pelo GBF provavelmente causarão ainda mais danos
aos sistemas naturais. Para ler o artigo completo, clique aqui.
114
Superar desigualdades e garantir inclusão no G20. O G7 sob presidência italiana dá
início às reuniões ministeriais. Preocupações sobre o Novo Acordo sobre Pandemias
são levantadas durante o primeiro encontro dos Ministros da Saúde do G7. Dívidas
mundiais e combate a desinformação são destaques para a OCDE
Overcoming inequalities and ensuring inclusion in the G20. Concerns about the New
Pandemic Agreement were raised during the first G7 Health Ministers Meeting.
Global debt and combating disinformation are the highlights for the OECD
Pedro Burger
Vitória Kavanami
João Miguel Estephanio
Thaiany Medeiros Cury
Nina Bouqvar
Paulo Esteves
Abstract: G20 - Overcoming inequalities and ensuring inclusion were central to the G20 agenda
over the last fortnight. These themes appeared at the Finance Ministers' and Central Bank
Governors' Meeting, especially in relation to taxing the world's richest individuals, and in the
collaborative work of the engagement groups, such as the T20.
G7 - The G7 Health Ministers met on February 28th, 2024, for the first time under the Italian G7
Presidency with a focus on concerns about the world risks missing the deadline for pandemic
treaty.
OCDE - The OECD's highlights include the publication of a report on global debt, a release on
economic flows of development assistance, a study on combating disinformation, an update of
the organization's understanding of the AI system and data on global inflation for January 2024.
Keywords: G20; G7; OECD, Brazil, Health, New Pandemic Treaty, International Cooperation
Resumos: G20 - Superar desigualdades e garantir inclusão foram pautas centrais do G20 nesta
quinzena. Os temas aparecem na Reunião dos Ministros das Finanças e Governadores dos
Bancos Centrais, sobretudo a partir da taxação dos mais ricos, e no trabalho colaborativo dos
grupos de engajamento como o T20.
Palavras-chave: G20, G7, OCDE, Brasil, Saúde, Novo Acordo Pandêmico, Cooperação
Internacional
115
Superar desigualdades e garantir inclusão no G20
Após o encontro dos chanceleres do G20 na última quinzena, o final do mês de fevereiro
foi marcado pelas reuniões de finanças. Reunidos entre os dias 28 e 29 em São Paulo, os
ministros da pasta junto dos governadores dos Bancos Centrais do bloco iniciaram as discussões
em tom positivo, com um rascunho de uma declaração preliminar que indica uma melhora da
economia global140. Na solenidade de abertura, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que
participou do encontro de forma híbrida, ponderou sobre a atual conjuntura econômica e o
legado deixado pelas várias fases da globalização, ora vista como promissora, ora como geradora
de maiores disparidades. Ainda que a última onda desse processo tenha tirado várias pessoas
da linha da pobreza, Haddad pontuou que, ao mesmo tempo, houve um aumento substancial
da concentração de renda e da riqueza em diversos países: “chegamos a uma situação
insustentável, em que os 1% mais ricos detêm 43% dos ativos financeiros mundiais e emitem a
mesma quantidade de carbono que os dois terços mais pobres da humanidade”141.
A vista disso, a presidência brasileira do G20 assumiu o desafio de realizar uma gestão
inclusiva e de trazer para a discussão econômica temas que são urgentes, como o combate à
pobreza e à desigualdade, o financiamento efetivo para o desenvolvimento sustentável, a
reforma da governança global, a tributação justa, a cooperação global para transformação
ecológica e o problema do endividamento crônico. Dessa maneira, é esperado que a análise das
desigualdades deixe de ser tratada apenas como uma preocupação social e seja incluída no
cerne das estratégias e das políticas macroeconômicas. Os debates travados nos dois dias de
reunião, então, foram centralizados no objetivo de construir uma nova globalização, pautada na
cooperação internacional para a solução dos desafios sociais e ambientais. Roberto Campos
Neto, presidente do Banco Central do Brasil, reiterou as falas do ministro e apontou que na parte
financeira, um dos pilares será justamente a questão da inclusão a partir da promoção da
Parceria Global para a Inclusão Financeira (GPFI, na sigla em inglês)142. A iniciativa foi criada em
2010 sob presidência sul-coreana e tem como intuito aumentar a qualidade do acesso e o uso
de serviços financeiros a fim de garantir o bem-estar financeiro e apoiar a produtividade. O
Brasil, nessa seara, tem como exemplo de boas práticas a implementação do Pix no território
nacional. De acordo com o diretor do BC, Paulo Picchetti, que também acompanhou o encontro,
“dar acesso a crédito é um passo fundamental para que as pessoas tenham condições melhores
de vida”143.
140
G20: declaração preliminar de reunião em SP fala em ‘pouso suave’ da economia global. Bloomberg.
27 fev. 2024. Disponível em: https://www.bloomberglinea.com.br/internacional/g-20-declaracao-
preliminar-de-reuniao-em-sp-fala-em-pouso-suave-da-economia-global/. Acesso em: 10 mar. 2024.
141
Reunião Ministerial do G20 – São Paulo, 28 de fevereiro de 2024 - Discurso de Abertura – Ministro
Fernando Haddad. G20. 28 fev. 2024. Disponível em: https://www.g20.org/pt-
br/noticias/discursos/reuniao-ministerial-do-g20-sao-paulo-28-de-fevereiro-de-2024-discurso-de-
abertura-ministro-fernando-haddad. Acesso em: 10 mar. 2024.
142
Apontamentos do Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, na 1ª Reunião de
Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais da Trilha de Finanças do G20. G20. 28 fev. 2024.
Disponível em: https://www.g20.org/pt-br/noticias/discursos/apontamentos-do-presidente-do-banco-
central-do-brasil-roberto-campos-neto-na-1a-reuniao-de-ministros-de-financas-e-presidentes-de-
bancos-centrais-da-trilha-de-financas-do-g20. Acesso em: 10 mar. 2024.
143
Brasil tem sido visto como exemplo na inclusão financeira, diz diretor do BC no G20. Valor Econômico.
29 fev. 2024. Disponível em: https://valor.globo.com/financas/noticia/2024/02/29/brasil-tem-sido-visto-
como-exemplo-na-inclusao-financeira-diz-diretor-do-bc-no-g20.ghtml. Acesso em: 10 mar. 2024.
116
Imagem 1: Fernando Haddad, Ministro da Fazenda do Brasil, abre a Reunião dos Ministros de
Finanças e Governadores dos Bancos Centrais do G20.
144
Haddad: “Super-ricos do mundo precisam contribuir de forma mais justa e proporcional”. G20. 29 fev.
2024. Disponível em: https://www.g20.org/pt-br/noticias/haddad-super-ricos-do-mundo-precisam-
contribuir-de-forma-mais-justa-e-proporcional. Acesso em: 10 mar. 2024.
145
Economista Gabriel Zucman propõe que bilionários paguem pelo menos 2% de impostos sobre suas
fortunas anualmente. G20. 29 fev. 2024. Disponível em: https://www.g20.org/pt-br/noticias/economista-
gabriel-zucman-propoe-que-bilionarios-paguem-pelo-menos-2-de-impostos-sobre-suas-fortunas-
anualmente. Acesso em: 10 mar. 2024.
146
G20: Cobrança de imposto para bilionários geraria R$ 1 trilhão no mundo. Uol. 29 fev. 2024. Disponível
em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/02/29/professor-gabriel-zucman-
bilionarios.htm. Acesso em: 10 mar. 2024.
147
Next G20 finance meetings may lack joint statement, but Brazil aims for consensus, official says.
Reuters. 01 mar. 2024. Disponível em: https://www.reuters.com/world/americas/next-g20-finance-
meetings-may-lack-joint-statement-brazil-aims-consensus-2024-03-01/. Acesso em: 10 mar. 2024.
117
compromissos globais e direcionamentos futuros, mas sem mencionar de forma direta nenhum
dos dois entraves.
Para Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, a reunião produziu um
avanço substancial e os membros trabalharam de forma bem-sucedida nas prioridades
compartilhadas148. Em reuniões paralelas ao encontro principal, como a celebrada com Marina
Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) do Brasil149, Yellen de igual modo
pontuou esses ganhos e ressaltou o apoio e parceria dos EUA com os esforços da trilha financeira
e em questões compartilhadas entre ambos os países, como a defesa da democracia, a
promoção do trabalho digno e o enfrentamento à crise climática. A próxima reunião ministerial
será em abril, às margens do encontro com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em
Washington, e as prioridades elencadas dessa vez serão a reforma dos Bancos Multilaterais de
Desenvolvimento (BMDs) e o financiamento climático.
148
Yellen says U.S. committed to G20 finance work despite divisions over war language. Reuters. 01 mar.
2023. Disponível em: https://www.reuters.com/world/yellen-says-us-committed-g20-finance-work-
despite-divisions-over-war-language-2024-03-01/. Acesso em: 10 mar. 2024.
149
“Há uma grande oportunidade para o Brasil se tornar cada vez mais integrado nas cadeias de valor
globais”, avalia Janet Yellen, secretária do Tesouro Americano. G20. 27 fev. 2024. Disponível em:
https://www.g20.org/pt-br/noticias/ha-uma-grande-oportunidade-para-o-brasil-se-tornar-cada-vez-
mais-integrado-nas-cadeias-de-valor-globais-avalia-janet-yellen-secretaria-do-tesouro-americano.
Acesso em: 10 mar. 2024.
150
Forças-tarefa do T20 Brasil discutem os desafios globais e o caminho para chegar a soluções. Ipea. 05
mar. 2024. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-
118
O desafio em torno da revitalização do multilateralismo e da implementação de políticas
públicas que levem ao desenvolvimento sustentável, combatam a mudança climática e
diminuam desigualdades em diferentes realidades sociais, econômicas, políticas e culturais foi
um dos temas de destaque entre os debates. Outros assuntos que permearam as discussões
foram em relação às dificuldades de adotar uma política e de replicá-la em outros contextos
culturais, sociais, políticos, econômicos e administrativos. Para tanto, os coordenadores das
Forças-Tarefa chamaram atenção para o que deve ser levado em consideração no processo de
fazer recomendações concretas, práticas e executáveis aos líderes do G20.
noticias/noticias/14962-forcas-tarefa-do-t20-brasil-discutem-os-desafios-globais-e-o-caminho-para-
chegar-a-solucoes. Acesso em: 10 mar. 2024.
151
O Voz das Comunidades foi criado, em 2005, pelo então estudante Rene Silva, do jornal com o mesmo
nome, para moradores divulgarem notícias da comunidade do Morro do Adeus, uma das 13 que formam
o Conjunto de Favelas do Alemão, na zona norte do Rio.
152
Projeto F20 levará questões sociais das favelas ao G20. Agência Brasil. 09 mar. 2024. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-03/projeto-f20-levara-questoes-
sociais-das-favelas-ao-g20. Acesso em: 10 mar. 2024.
153
G7 Health Ministers’ Statement on the Importance and Urgency of Improving Global Health
Architecture and Pandemic Prevention, Preparedness and Response. G7. ITALIA. 2024. Disponível em:
<https://www.g7italy.it/wp-content/uploads/G7-Health-Ministers-Statement.pdf>. Acesso em
10/03/2024.
119
instrumento internacional da Organização Mundial da Saúde sobre PPR e emendas ao
Regulamento Sanitário Internacional (RSI) está perto de chegar ao fim. Esse novo acordo global
pode permitir que países reforcem suas capacidades nacionais, regionais e mundiais e a
resiliência a futuras pandemias. Em 2021, o G7 realçou este apelo a um tratado internacional
sobre pandemias na sua declaração de 19 de fevereiro de 2021154 e, reitera sua preocupação em
avançar para o fim das negociações. Os países reforçam que a conclusão das negociações dentro
do prazo é fundamental para alavancar a atenção política, fortalecer futuras respostas à
pandemia e melhorar a equidade.
No entanto, tamanha lentidão nas negociações já tinha sido uma questão levantada pelo
diretor da OMS, Tedros Adhanom, ainda em 2023, quando demonstrou certo desconforto na
possibilidade de o acordo não ser fechado a tempo da Assembleia Mundial da Saúde de 2024155.
Em janeiro deste ano, o chefe da OMS veio à público novamente demonstrar preocupação com
o risco de os países perderem o prazo para chegar a um acordo sobre um tratado juridicamente
vinculativo. De acordo com Adhanom, “há várias questões pendentes que ainda precisam ser
resolvidas”. Ainda, segundo o diretor-geral da OMS, “o fracasso em entregar o acordo sobre a
pandemia e as emendas ao RSI será uma oportunidade perdida pela qual as gerações futuras
talvez não nos perdoem", e pediu aos países que aproveitem a oportunidade para moldar o
futuro da OMS e da saúde global156. Portanto, seria o momento propício para aproveitar a janela
de oportunidade, considerando as lições aprendidas da Covid-19, para que na segunda vez na
história da OMS se tenha um acordo do tipo (a primeira foi com o Tratado de Controle do Tabaco
em 2003).
154
G7 Leaders’ statement, 19 February 2021. G7. CONSELHO EUROPEU. 2021. Disponível em:
<https://www.consilium.europa.eu/pt/press/press-releases/2021/02/19/g7-february-leaders-
statement/>. Acesso em 10/03/2024.
155
Diretor da OMS pede para que países se movimentem por acordo global de preparo para pandemias.
EXAME. 2023. Disponível em: <https://exame.com/mundo/diretor-da-oms-pede-para-que-paises-se-
movimentem-por-acordo-global-de-preparo-para-pandemias/>. Acesso em 10/03/2024.
156
Países correm risco de perder prazo para acordo sobre pandemia, diz OMS. UOL. 2024. Disponível em:
<https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2024/01/22/paises-correm-risco-de-perder-prazo-
para-acordo-sobre-pandemia-diz-oms.htm>. Acesso em 10/03/2024.
157
G7 Hiroshima Leaders’ Communiqué. THE WHITE HOUSE. 2023.Disponível em:
<https://www.whitehouse.gov/briefing-room/statements-releases/2023/05/20/g7-hiroshima-leaders-
communique/>. Acesso em 10/03/2024.
120
O grupo das sete economias reforça o compromisso em diversificar o desenvolvimento
e fabricação das contramedidas médicas, incluindo iniciativas regionais de fabricação de vacinas.
Para isso garantem a transferência de tecnologia em acordos mutuamente aceitos entre os
parceiros. Além disso, reforçam a importância do financiamento sustentável para a PPR de
futuras pandemias, com destaque para o Fundo Pandêmico. Quanto ao fundo, o G7 garante
continuar a apoiá-lo concomitantemente à defesa de abrir para novos doadores e garantir a
prestação de contas. Ainda, faz menção a iniciativas propostas pela última presidência japonesa,
e garante continuação no trabalho – a exemplo da Triple I for Global Health158 e reafirma a
necessidade de explorar uma estrutura de financiamento de resposta à pandemia que aproveite
e coordene mecanismos existentes e distribua fundos de forma rápida e eficiente.
Por fim, o G7 declara colaboração estreita com o G20, em que garante que trabalhará
para melhorar a coordenação global especialmente entre governos, iniciativas, bancos
multilaterais de desenvolvimento e a sociedade civil para uma distribuição rápida e eficiente dos
fundos frente a um cenário de emergência em saúde. Nessa parceria, garante apoio na Força-
Tarefa Conjunta de Finanças e Saúde da Trilha de Finanças do G20 e declaram apreço pela
presidência brasileira do G20 nesse sentido. Para a próxima quinzena, dias 14 e 15 de março, é
esperada a Reunião Ministerial do G7 sobre Indústria, Tecnologia e Digital em Verona que
colocará na mesa questões como: a coordenação de ações para consolidar e promover a
transformação digital do setor de Indústria e Tecnologia; fortalecimento da segurança e da
sustentabilidade das cadeias de suprimento de semicondutores e matérias-primas essenciais;
sistemas de conectividade baseados em infraestruturas digitais seguras e resilientes; e
Inteligência Artificial e condições para o desenvolvimento digital sustentável e inclusivo.
158
A Triple I for Global health foi uma iniciativa lançada nas Reuniões de Alto Nível da Assembleia Geral
das Nações Unidas, em setembro de 2023, para aumentar a conscientização e compartilhar as melhores
práticas sobre o investimento de impacto na saúde global. Mais informações em:
<https://tripleiforgh.org/>. Acesso em 10/03/2024.
159
OCDE. Global Debt Report 2024: Bond Markets in a High-Debt Environment. Paris: OECD Publishing,
2024 [cited 2024 Mar 08]. Available from: https://doi.org/10.1787/91844ea2-en.
121
benefícios da sustentabilidade premium (Sustainability Premium, em inglês), os papéis dos
prestadores de serviços e a liquidez do mercado.
As expectativas da OCDE para o ano 2024 sobre a dívida total de títulos públicos da
OCDE preveem aumento para US$ 56 trilhões, um aumento de US$ 2 trilhões em relação a 2023
e de US$ 30 trilhões em comparação a 2008. No mesmo período, a dívida global pendente de
títulos corporativos aumentou de US$ 21 trilhões para US$ 34 trilhões, com mais de 60% desse
aumento vindo de corporações não financeiras. O estudo ainda aponta que os principais riscos
estão atualmente concentrados em alguns segmentos dos mercados de dívida global, incluindo
algumas economias avançadas com índices elevados de dívida em relação ao PIB, países de baixa
renda com classificação mais baixa e emissores corporativos altamente alavancados em alguns
setores, principalmente o imobiliário.
160
OCDE. Governments and firms need to address the key risks from a sharp increase in global bond
borrowing. OCDE [Internet]. 2024 Mar 07 [cited 2024 Mar 08]. Available from:
https://www.oecd.org/newsroom/governments-and-firms-need-to-address-the-key-risks-from-a-sharp-
increase-in-global-bond-borrowing.htm.
122
Na esteira de tal discussão, a organização intergovernamental também lançou o
relatório “Geographical Distribution of Financial Flows to Developing Countries 2024”161, a mais
recente edição de sua publicação anual sobre dados e informações detalhadas sobre o volume,
a fonte e os tipos de fluxos de recursos alocados para cerca de 150 países em desenvolvimento.
Os dados estatísticos abrangem a assistência oficial ao desenvolvimento e outros
financiamentos oficiais e privados fornecidos a cada país beneficiário por cada membro do
Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da OCDE, por agências multilaterais e por outros
provedores.
161
OCDE. Geographical Distribution of Financial Flows to Developing Countries 2024. Paris: OECD
Publishing, 2024 [cited 2024 Mar 08]. Available from: https://doi.org/10.1787/fbd9569c-en-fr.
162
OCDE. Facts not Fakes: Tackling Disinformation, Strengthening Information Integrity. Paris: OECD
Publishing, 2024 [cited 2024 Mar 08]. Available from: https://doi.org/10.1787/d909ff7a-en.
163
OCDE. More action needed to tackle disinformation and enhance transparency of online platforms:
OECD. OCDE [Internet]. 2024 Mar 04 [cited 2024 Mar 08]. Available from:
https://www.oecd.org/newsroom/more-action-needed-to-tackle-disinformation-and-enhance-
transparency-of-online-platforms-oecd.htm.
123
Paralelamente, a organização apresentou também a atualização sobre sua definição
oficial de sistema de inteligência artificial (IA)164. O documento contém, portanto,
esclarecimentos propostos para definição de um sistema de de IA contida na recomendação da
OCDE sobre IA de 2019 (os “Princípios de IA”) para apoiar sua pertinência e solidez técnica
contínua.
164
OCDE. Explanatory memorandum on the updated OECD definition of an AI system. OECD Artificial
Intelligence Papers [Internet]. Paris: OECD Publishing, 2024; 8 [cited 2024 Mar 08] Available from:
https://doi.org/10.1787/623da898-en.
165
OCDE. Consumer Prices, OECD - Updated: 6 March 2024. OCDE [Internet]. 2024 Mar 06 [cited 2024
Mar 08]. Available from: https://www.oecd.org/newsroom/consumer-prices-oecd-updated-6-march-
2024.htm.
124
Rússia anuncia parte do calendário de eventos 2024 do BRICS, NBD contribuirá com o
G20, países BRICS estão desenvolvendo um sistema de pagamentos e Índia e Rússia
assinam acordo de cooperação em medicamentos
Russia announced part of the BRICS calendar for 2024, NDB will contribute to G20,
BRICS countries are developing a payment system and India and Russia sign
cooperation agreement on medicines
Claudia Hoirisch
Abstract: Russia announced part of the BRICS calendar for 2024. Brazil's MRE included the NDB
in the list of organizations that will contribute to the Brazilian presidency of the G20 in 2024 and
excluded the OECD, which will be invited to participate in the meetings. Still on the NBD, at the
beginning of December 2023, Brazil signed two loans totalling US$1.7 billion with the Bank. The
first of US$500 million will finance the BNDES-Climate Program to reduce greenhouse gas
emissions and enable actions to adapt to climate change. The second amount of US$1.2 billion
will support the sustainable infrastructure program and assistance to states and municipalities.
The Brazilian Development Bank will provide resources for projects in renewable energy, urban
mobility, water and sanitation, transport, and social infrastructure - information and
communication technologies (ICTs), with a focus on health and education. In 2015, under the
Paris Agreement, Brazil committed to reducing greenhouse gas emissions by 37% compared to
2005 levels by 2025 and by 43% by 2030. To fulfil its commitments to sustainable development
under the SDGs, Brazil needed to increase resources and investments. The BRICS countries are
developing a payment system named BRICS Pay, a joint initiative that aims to facilitate payments
and settlements in their local currencies and works as a payment messaging mechanism similar
to the SWIFT system. BRICS Pay does not intend to replace existing national payment systems in
member countries, but rather to integrate them through fintech innovations. At the end of
December 2023, two BRICS countries, India, and Russia, signed agreements to strengthen the
areas of medicines and other pharmaceutical substances, as well as medical devices.
Keywords: BRICS. BRICS calendar 2024. NBD. OECD. Climate change. Paris Agreement. SDGs.
India-Russia agreement on medicines. Dedolarization. Alternative payment system.
Resumo: A Rússia anunciou parte do calendário dos BRICS para 2024. O MRE do Brasil incluiu o
NBD na lista de organizações que contribuirão com a presidência brasileira do G20 em 2024 e
excluiu a OCDE que será convidada a participar das reuniões. Ainda sobre o NBD, no início de
dezembro de 2023, o Brasil assinou dois empréstimos totalizando US$ 1,7 bilhão com o Banco. O
primeiro de US$ 500 milhões financiará o Programa BNDES-Clima para reduzir as emissões de
gases de efeito estufa e viabilizar ações de adaptação às mudanças climáticas. Já o segundo de
US$ 1,2 bilhão apoiará o programa de infraestrutura sustentável e assistência a estados e
municípios. O Banco de Desenvolvimento brasileiro fornecerá recursos para projetos em energia
renovável, mobilidade urbana, água e saneamento, transporte e infraestrutura social -
tecnologias de informação e comunicação (TICs), com foco em saúde e educação. Em 2015, no
âmbito do Acordo de Paris, o Brasil comprometeu-se a reduzir as emissões de gases de efeito
estufa em 37% em relação aos níveis de 2005 até 2025 e em 43% até 2030. Para cumprir seus
compromissos com o desenvolvimento sustentável sob os ODS, o Brasil precisava aumentar
recursos e investimentos. Os países BRICS estão desenvolvendo um sistema de pagamentos
chamado BRICS Pay, iniciativa conjunta que tem o objetivo de facilitar pagamentos e liquidações
em suas moedas locais e funciona como um mecanismo de mensagens de pagamentos
125
semelhante ao sistema SWIFT. O BRICS Pay não pretende substituir os sistemas de pagamento
nacionais existentes nos países membros, mas sim integrá-los através de inovações fintechs. No
final de dezembro de 2023, dois países do BRICS, Índia e Rússia assinaram acordos para
fortalecer as áreas de medicamentos e outras substâncias farmacêuticas, bem como dispositivos
médicos.
Palavras-chave: BRICS. Calendário do BRICS 2024. NBD. OCDE. Mudanças climáticas. Acordo de
Paris. ODS. Acordo Índia-Rússia em medicamentos. Desdolarização. Sistema alternativo de
pagamentos.
As reuniões dos Ministros das Finanças importam para a Rússia porque o país foi
severamente sancionado devido a sua “operação militar especial” na Ucrânia, e pelo fato do país
ter sido discriminado quando ainda parte do G8 (até 2014, até a crise da Crimeia). O Ministro
das Finanças russo Anton Siluanov disse que quando participava das reuniões dos ministros das
Finanças do G8, os países ocidentais não discutiam todas as questões com o lado russo. Havia
uma agenda com a Rússia e uma agenda apartada da Rússia, o que sinalizava que não havia
confiança total. Por outro lado, nas reuniões do BRICS o grupo tenta primeiro coordenar e
alinhar a posição dos países-membros e depois participa do G20. Discutem economia global, os
riscos associados às grandes dívidas dos países ocidentais, os déficits orçamentários e
desenvolvem a sua própria estratégia de ação nessas condições.
166
https://brics-russia2024.ru/en/calendar/?date=&type=3
126
Brasil incluiu o Banco dos BRICS na lista de organizações que contribuirão com a presidência
brasileira do G20 em 2024 e reduziu o peso da OCDE
Enquanto o Banco dos BRICS não figurava nas listas anteriores, a OCDE foi citada entre
as organizações fundamentais para o G20 em presidências prévias, como a Índia (2023),
Indonésia (2022), Itália (2021) e Arabia Saudita (2020).
Brasil recebeu USD 1.7 bi do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) para programas de
desenvolvimento sustentável
No início de dezembro de 2023, o Brasil assinou dois empréstimos totalizando US$ 1,7
bilhão com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)168.
O BNDES169 fornecerá recursos aos setores público e privado para projetos em energia
renovável, mobilidade urbana, água e saneamento, transporte e infraestrutura social —
tecnologias de informação e comunicação (TICs), com foco em saúde e educação.
Desde a sua criação, o NBD apoiou 94 projetos de investimento direto em cada país
membro, totalizando aproximadamente US$ 33,8 bilhões. Em 2023 e 2024, o banco tinha/tem
na pipeline 78 projetos, totalizando outros US$ 18,9 bilhões.
167
https://www.poder360.com.br/economia/brasil-reduz-peso-da-ocde-no-g20-e-inclui-banco-dos-
brics/
168
A missão do NBD é mobilizar recursos para investimentos no desenvolvimento econômico e social,
expandir energias alternativas e proteger os países contra as mudanças climáticas 168. O banco BRICS
procura contribuir para a melhoria das condições de vida da maioria da população dos países em
desenvolvimento, ao mesmo tempo que promove a divulgação de experiências bem-sucedidas em
desenvolvimento sustentável e cooperação baseadas no espírito do verdadeiro multilateralismo.
169
Aprovados pelo Senado Federal do Brasil, os empréstimos do NDB contam com garantia soberana da
União. Os recursos serão utilizados pelo BNDES para financiar investimentos públicos e privados em todo
o território nacional, potencializando a capacidade do banco brasileiro de apoiar a transição para uma
economia de baixo carbono e uma agenda climática.
170
https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2017/11/acordos-climaticos-atuais-nao-
vao-frear-o-aquecimento
127
Do total de projetos aprovados, o NBD destinou aproximadamente US$ 6,1 bilhões ao
Brasil em oito anos, financiando 21 projetos.
Em 12 de outubro de 2023, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Brasil já haviam
assinado um Acordo de Empréstimo para o Programa de Assistência Emergencial do Brasil para
o Projeto de Recuperação Econômica171.
Em relação aos dois novos empréstimos, é importante observar que a implementação
de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas é considerada significativa, pois
ajuda o Brasil a cumprir os seus compromissos no âmbito do Acordo de Paris e dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Em 2015, no âmbito do Acordo de Paris, o Brasil apresentou sua Contribuição
Nacionalmente Determinada (NDC), comprometendo-se a reduzir as emissões de gases de
efeito estufa em 37% em relação aos níveis de 2005 até 2025 e em 43% até 2030. Para cumprir
suas NDCs e compromissos com o desenvolvimento sustentável sob os ODS, o Brasil precisava
de aumento de recursos e investimentos.
Índia e Rússia assinam novos acordos bilaterais na área de medicamentos
Índia e Rússia assinaram acordos no final de dezembro de 2023 para fortalecer seus
laços no âmbito da viagem que o MRE indiano, Subrahmanyan Jaishankar, fez ao país
euroasiático onde encontrou com seu homólogo Sergei Lavrov.
171
https://www.ndb.int/news/new-development-bank-and-government-of-brazil-sign-usd-1-billion-
loan-agreement-to-support-brazils-economic-recovery/
172
https://www.prensalatina.com.br/2023/12/27/india-e-russia-assinam-novos-acordos-bilaterais/
173
https://www.prensalatina.com.br/2023/12/25/visita-do-chanceler-da-india-a-russia-busca-mais-
lacos-comerciais/
128
Wang comentou a fala da chefe do Banco Central russo, Elvira Nabiullina, que
mencionou que a Rússia tem discutido com outros países do BRICS a interação dos sistemas
nacionais de transmissão de mensagens financeiras, como alternativa ao SWIFT.
O BRICS Pay não pretende substituir os sistemas de pagamento nacionais existentes nos
países membros, mas sim integrá-los através de inovações fintechs (financial + technology)175.
Visa conectar os cartões de crédito ou débito dos cidadãos do BRICS a carteiras online, para
pagamento por meio de um aplicativo instalado em seus smartphones. A ideia é facilitar as
transações de varejo e pagamentos entre os membros do BRICS, além de expandir seu escopo
para que países não-membros do BRICS também possam utilizar a plataforma.
Além disso, o BRICS Pay está sendo implementado para ajudar no comércio
internacional, pagamentos transfronteiriços entre empresas, investimentos e microfinanças,
facilitando o comércio entre os países-membros e permitindo transações em tempo real.
Esse sistema de pagamento é uma etapa importante para a desdolarização e o uso das
respectivas moedas nacionais dos membros do BRICS em transações financeiras internacionais.
174
https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/04/lula-recebe-diretora-geral-do-fmi-em-reuniao-no-
planalto.ghtml
175
Fintech nada mais é do que uma combinação de financial technology para oferecer soluções
financeiras inovadoras. Por meio de plataformas online, aplicativos e outras tecnologias, as fintechs
conseguem oferecer produtos e serviços financeiros de forma ágil e totalmente digital, seja no desktop
ou no smartphone.
129
e proporcionar aos membros do BRICS uma vantagem competitiva compartilhada no mercado
global de serviços financeiros, atualmente dominado por bancos e normas dos EUA.
Lançado em 2015 e apoiado pelo Banco Popular da China, o CIPS oferece serviços de
compensação e liquidação para seus participantes em pagamentos e comércio transfronteiriços
em renminbi (RMB).
O sistema é uma iniciativa para internacionalizar o uso do RMB e conta com vários
bancos estrangeiros como acionistas, incluindo HSBC, Standard Chartered, Bank of East Asia,
DBS Bank, Citi, Australia and New Zealand Banking Group, e BNP Paribas.
Até dezembro de 2023, o CIPS tinha 1484 participantes, incluindo 139 diretos e 1345
indiretos, abrangendo 113 países e regiões. O CIPS utiliza o padrão SWIFT para a sintaxe em
mensagens financeiras, permitindo que mensagens formatadas para os padrões SWIFT sejam
lidas e processadas por muitos sistemas de processamento financeiro.
Além do CIPS, a China tem outros sistemas de pagamento digital muito populares, como
Alipay e WeChat Pay. Alipay, operado pela Ant Financial de Alibaba, é uma plataforma financeira
abrangente que começou como uma solução de pagamento para as plataformas de comércio
eletrônico da Alibaba.
Outro sistema importante é o UnionPay, que começou como uma solução baseada em
cartões e rapidamente se adaptou à era digital, oferecendo pagamentos sem contato e outras
funcionalidades.
Estes sistemas são parte integrante da rápida transição da China para uma sociedade
quase sem dinheiro.
130
A Rússia já adota desde 2015 um sistema de pagamentos próprio, o Mir. O Banco Central
da Rússia criou a ferramenta em resposta às sanções ocidentais após a anexação da Crimeia, em
2014. Àquela época, havia preocupações de que o país pudesse ser cortado de sistemas
internacionais de pagamentos, como de fato ocorreu.
O sistema Mir ganhou destaque após a suspensão das operações de Visa e MasterCard
na Rússia em 2022, devido ao conflito na Ucrânia, tornando-se o principal sistema de pagamento
com cartão no país. A exclusão da Rússia dos sistemas bancários globais fez com que o país se
voltasse para dentro, utilizando seus próprios sistemas para facilitar pagamentos.
Os cartões Mir são emitidos pelo Sistema Nacional de Cartões de Pagamento, uma
empresa de joint-stock estabelecida pelo Banco da Rússia, e são usados para processar
pagamentos domésticos feitos na Rússia com cartões de sistemas de pagamento internacionais
A Rússia tem incentivado outros países a adotarem o sistema Mir. Até o momento, onze
países aceitam os pagamentos: Turquia, Vietnã, Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão,
Tadjiquistão, Uzbequistão, Ossétia do Sul, e Abecásia. Além disso, o uso desses cartões está
sendo testado nos Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul e Reino Unido.
131
O multilateralismo latinoamericano está mais autônomo e fortalecido?
¿El multilateralismo latinoamericano esta más autónomo y fuerte?
Miryam Minayo
Sebastian Tobar
Samia de Brito
Resumo. Nesta edição do nosso relatório apresentamos o panorama político recente da região
latino-americana, com os principais temas que têm sido objeto da agenda regional, com
destaque para a 46ª Reunião Ordinária da Conferência de Chefes de Governo da Comunidade
do Caribe e VIII Cúpula da CELAC. Da mesma forma, apresentamos a busca pelo fortalecimento
da temática ambiental nos fóruns de ibero-americanos e indicamos o lançamento pela CEPAL
do relatório sobre dinâmica demográfica e impacto no trabalho na América Latina. Observamos
também as agendas das organizações regionais relacionadas à saúde e ao desenvolvimento, tais
como: ações do ORAS-CONHU para a infância e adolescência; a promoção de ações nas áreas de
vigilância sanitária e saúde e gênero pela COMISCA; a participação do SELA na Cúpula da CELAC;
a discussão da OTCA nas áreas de ilícitos ambientais e gestão dos recursos hídricos e por fim,
discutimos a grave crise política haitiana, as negociações entre Brasil e Paraguai pela alteração
de tarifas em Itaipu e a morte de militar venezuelano no Chile.
132
liderada pelo Presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali. A reunião contou com a participação
de líderes de diversos países da região, além de representantes de membros associados.176
176
Os membros presentes na Conferência foram: o Primeiro Ministro de Antígua e Barbuda, Gaston
Browne; a Primeira-Ministra de Barbados, Mia Amor Mottley; o Primeiro Ministro das Bahamas, Philip
Davis; o Primeiro Ministro da Dominica, Roosevelt Skerrit; o Primeiro Ministro de Granada, Dickon
Mitchell; Presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali; o Primeiro Ministro do Haiti, Dr. Ariel Henry; o
Primeiro Ministro de Montserrat, Joseph Taylor-Farrell; o Primeiro Ministro de São Cristóvão e Nevis,
Terrance Drew; o Primeiro Ministro de Santa Lúcia, Philip Pierre; o Primeiro Ministro de São Vicente e
Granadinas, Ralph Gonsalves; Presidente do Suriname, Chandrikapersad Santokhi; e o Primeiro Ministro
de Trinidad e Tobago, Keith Rowley.
Belize e Jamaica foram representados pelos seus Ministros dos Negócios Estrangeiros e do Comércio
Externo, Francis Fonseca e Senadora Kamina Johnson-Smith, respectivamente.
Os Estados Membros Associados representados foram as Bermudas, pelo Primeiro-Ministro, Edward
David Burt; as Ilhas Virgens Britânicas, pelo Primeiro-Ministro, Natalio D. Wheatley e as Ilhas Turcas e
Caicos, por Arlington Alexander Musgrove, Ministro da Imigração e Serviços de Fronteiras.
177
https://hgc.caricom.org/communique-46th-regular-meeting-of-the-conference-of-heads-of-
government-of-caricom/
178
O Presidente Maduro da Venezuela, apelando a um sentimento de nacionalismo entre a sua população,
aproveitou a situação em Essequibo para tentar unir os venezuelanos em torno da sua bandeira neste
território e minimizar os problemas políticos internos do seu país.
133
presidência brasileira. Nesse sentido, anunciou que a Segunda Cúpula CARICOM-Brasil será
realizada ainda em 2024.
O discurso do presidente Lula179 reflete uma mudança de postura do Brasil, que vinha
direcionado a sua atenção principalmente para os Estados Unidos e a Europa, negligenciando os
países da África e do Caribe. No entanto, essa tendência tem sido revertida, como evidenciado
pelo estabelecimento de embaixadas em todos os países da CARICOM e pela associação do Brasil
ao Banco de Desenvolvimento do Caribe. Essas ações demonstram o compromisso do Brasil em
ampliar suas relações e cooperação com essas regiões.
O outro importante evento que aconteceu logo em seguida da Cúpula da Caricom foi a
VIII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), no dia 1º de
março de 2024, em Kingstown, São Vicente e Granadinas.
Após duas presidências marcadas pela pandemia, realizadas pelo México em 2021 e pela
Argentina em 2022, a liderança de São Vicente e Granadinas não se destacou por uma atividade
intensa. Entre os grandes ausentes do evento estavam líderes como Javier Milei da Argentina,
Daniel Noboa do Equador, Santiago Peña do Paraguai e Luis Lacalle Pou do Uruguai.
O contexto do “Brasil está de volta” sob a liderança do presidente Lula foi central na
Cúpula, com ênfase em fortalecer os laços econômicos, culturais e diplomáticos na região. Em
consonância com as ideias de Samuel Pinheiro Guimarães, propõe-se que os países se vejam
com os próprios olhos, construindo um polo de poder na América Latina. Agora, o presidente
Lula dá passos mais profundos, propondo a integração com o Caribe. Por ser uma comunidade
de língua inglesa, o Caribe está tradicionalmente sob a influência dos Estados Unidos e a
diplomacia brasileira visa fortalecer os laços com a CARICOM para avançar na integração da
América Latina e do Caribe.
A ideia de que “Brasil está de volta” representa o desafio para a política externa brasileira
dialogar frutuosamente com outros países, sejam do Norte ou do Sul global. O Brasil como um
“grande player” da diplomacia está demonstrando grandes esforços para articular diferentes
agendas paralelas como a do G-20, a dos BRICS e agora a da CELAC e CARICOM
Por outro lado, a presidência pro tempore da CELAC passou para Honduras, o que pode
impulsionar a integração com a América Central. O Brasil e os países da América do Sul têm feito
maior esforço na sua própria integração e olhado menos para o Caribe e para a América Central.
Embora tenha havido divergências durante a cúpula, com apenas 24 dos 33 países
membros assinando a declaração final, o evento destacou a importância de não permanecer
passivo diante dos conflitos globais. Questões como a retomada da integração na América do Sul
179
O discurso na íntegra, pode ser acessado em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-
planalto/discursos-e-pronunciamentos/2024/discurso-na-sessao-de-encerramento-da-46a-conferencia-
da-comunidade-do-caribe
134
através da UNASUL e os benefícios do Tratado do MERCOSUL com a União Europeia foram
discutidas tangencialmente.
Embora a Argentina tenha participado através do seu Ministério das Relações Exteriores,
não ficou claro seu posicionamento político diante das questões tratadas. Apesar das
declarações de Milei sobre o presidente Lula, o Itamaraty tem tentado garantir a relação bilateral
com o Brasil, bem como a triangulação de Brasil, China e Argentina através da SWAT sobre a
dívida argentina, mesmo quando a saída dos BRICS já parece não ter retorno.
Além disso, a política externa argentina e seus movimentos em direção à adesão à OCDE
e ao fortalecimento das relações com os Estados Unidos e a Europa foram temas de interesse.
180
https://elsiglo.com.ve/2024/03/01/inicia-cumbre-celac-principales-lideres-
izquierda/#google_vignette
181
https://caricom.org/caricom-statement-on-the-ongoing-situation-in-gaza/
135
facilitação de uma solução duradoura para o conflito, visando garantir os direitos humanos, a
dignidade e a segurança de ambos os lados envolvidos.
(2) Declaração dos Chefes do Governo da CARICOM sobre a situação no Haiti após o
intercâmbio com os principais parceiros internacionais182
182
https://caricom.org/caricom-heads-of-government-statement-on-the-situation-in-haiti-following-the-
exchange-with-key-international-partners/
183
https://caricom.org/statement-on-climate-change/
136
como a inclusão de soluções baseadas na natureza nos mecanismos de mercado e a simplificação
dos procedimentos de acesso ao financiamento.
Por fim, a CARICOM reitera seu apoio à expansão da adequação de capital das
instituições financeiras internacionais e destaca a importância da Quarta Conferência
Internacional sobre Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, que será um ponto crucial
para discutir e articular soluções para os desafios enfrentados pela região.
Após o simpósio sobre Crime e Violência como uma Questão de Segurança de Saúde
Pública e a Declaração185 dos Chefes de Governo em Trinidad e Tobago, de abril de 2023, os
Chefes de Governo da CARICOM discutiram na 46ª Conferência o estado alarmante de crime,
violência e segurança pública entre seus Estados-Membros. Durante a reunião, os Chefes de
Governo reiteraram seu compromisso com os princípios estabelecidos na Declaração sobre
“Crime e Violência como uma Questão de Segurança de Saúde Pública”, assim como com a
implementação das ações ali descritas. Eles condenaram veementemente o desenvolvimento e
a disseminação de conteúdos violentos e antissociais na música e nas mídias sociais,
especialmente aqueles que denigrem mulheres e promovem o uso de violência e armas,
especialmente entre os jovens.
Por fim, enfatizaram o compromisso da CARICOM em manter a região como uma zona
de paz e segurança doméstica, preservando assim a civilização caribenha. Este resumo reflete o
compromisso dos países membros da CARICOM em enfrentar os desafios do crime e da violência
através de uma abordagem coordenada e inclusiva, visando proteger os valores fundamentais
da região.
184
https://caricom.org/caricom-statement-on-crime-and-public-safety/
185
https://caricom.org/declaration-by-heads-of-government-on-crime-and-violence-as-a-public-health-
issue/
186
https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/01/na-celac-lula-propoe-mocao-pelo-fim-do-
genocidio-na-faixa-de-gaza.ghtml
187
https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/01/na-celac-lula-propoe-mocao-pelo-fim-do-
genocidio-na-faixa-de-gaza.ghtml
137
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a sua participação, propôs uma moção
pelo fim do genocídio na Faixa de Gaza, enfatizando a necessidade de cessar a violência
indiscriminada que assola a região. Ele denunciou as práticas de punição coletiva impostas pelo
governo israelense ao povo palestino e instou os países membros da CELAC a se oporem a essa
“carnificina”.
Além disso, o presidente brasileiro fez um apelo direto aos membros permanentes do
Conselho de Segurança, instando-os a superar suas diferenças e unir esforços para deter a
escalada da violência em Gaza. Essa solicitação é particularmente relevante, já que os membros
permanentes têm poder de veto sobre resoluções do Conselho.
O Brasil, por meio do Itamaraty, também emitiu uma nota condenando veementemente
o ataque a tiros perpetrado pelas tropas israelenses contra civis desarmados em busca de ajuda
humanitária. O governo brasileiro responsabilizou o governo Netanyahu pelas ações,
caracterizando-as como intoleráveis e sem limites éticos ou legais. O comunicado enfatizou a
necessidade de uma resposta urgente da comunidade internacional para evitar mais atrocidades
e pôr fim ao sofrimento da população palestina em Gaza.
Outra declaração endossada pelos países presentes tratou da política externa feminista
da América Latina e do Caribe, assinada pelo Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Equador e
República Dominicana. Este documento reafirma o compromisso com a paridade e a igualdade
de gênero, bem como com o fortalecimento do acesso das mulheres a posições de liderança e
processos decisórios na região.
Além disso, durante a cúpula, foi assinada uma declaração principal abordando temas
relevantes para a região, como integração regional e relações com parceiros externos, como
China e União Europeia. A cúpula também emitiu declarações sobre questões tradicionais, como
o apoio à Argentina na questão das Malvinas, e uma posição contrária ao bloqueio econômico,
financeiro e comercial a Cuba.
Cientes de que a Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz da CELAC
em 2014 “reafirmou o compromisso dos países membros com os propósitos e princípios
consagrados na Carta das Nações Unidas e no Direito Internacional” e declarou “que a paz é um
188
Tradução para o português; versão original em inglês
138
bem supremo e uma legítima aspiração de todos os povos” e “um princípio e valor comum da
Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC);”
3. Tomamos nota dos casos em curso perante a Corte Internacional de Justiça para
determinar se a ocupação continuada do Estado da Palestina pelo Estado de Israel constitui uma
violação do direito internacional e se o ataque de Israel a Gaza constituiria genocídio.
189
https://www.cepal.org/es/comunicados/508-la-poblacion-america-latina-esta-la-fuerza-trabajo-se-
proyecta-que-2050-aumentara-al
139
de trabalho. A projeção é de que o crescimento da força de trabalho supere o crescimento
populacional até 2050, apresentando desafios adicionais.
190
https://www.segib.org/iberoamerica-aboga-por-avanzar-en-una-agenda-medioambiental/
140
biodiversidade. Este compromisso é reforçado por meio de um comunicado especial sobre a
conservação dos mamíferos marinhos.
Por fim, a XII Conferência de Meio Ambiente é destacada como parte das preparações
para a XXIX Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, a ser realizada no
Equador em novembro, com o tema "Inovação, Inclusão e Sustentabilidade". Este evento busca
promover a cooperação regional e internacional para enfrentar os desafios ambientais e
promover o desenvolvimento sustentável na região ibero-americana.
191
https://www.orasconhu.org/es/incorporan-oras-conhu-en-comision-multisectorial-de-la-politica-
nacional-para-las-ninas-ninos-y
192 https://www.orasconhu.org/es/oras-conhu-suscribe-memorando-de-entendimiento-con-el-seguro-
social-de-salud-essalud-de-peru
193 https://www.sica.int/noticias/realizan-reunion-de-coordinacion-interinstitucional-en-gestion-de-
riesgos-de-salud-y-reglamento-sanitario-internacional_1_133589.html
194 https://www.sica.int/noticias/cfr-presenta-resultados-de-las-auditorias-de-desempeno-con-
enfoque-en-salud-y-genero_1_133623.html
195 https://www.sica.int/noticias/firman-memorando-de-entendimiento-entre-se-comisca-y-
asociacion-de-hospitales-privados-de-centroamerica-panama-y-republica-dominicana_1_133629.html
141
apresentações sobre o avanço do cumprimento da Resolução COMISCA 09-2023: relativa a
abordagem da epidemia de dengue na região e dos avanços para fortalecimento das
capacidades básicas do RSI nos Estados do SICA.
O Conselho Fiscalizador Regional (CFR-SICA), por sua vez, realizou um evento para
compartilhamento de auditorias de desempenho com enfoque em saúde e gênero, cofinanciado
pela União Europeia e Cooperação Alemã. Em 2023, o CFR-SICA se propôs a realizar uma
primeira auditoria de desempenho. A auditoria piloto foi realizada pela SECOMISCA e
relacionada às medidas para combater os efeitos da crise da pandemia de COVID. Na auditoria,
os resultados indicaram que o orçamento de 487,000 dólares conseguiu minimizar os custos da
aquisição conjunta de equipamentos de proteção pessoal e de saúde, alcançando o princípio de
Economia e dos princípios de eficácia e eficiência se alcançaram parcialmente. Além disso, em
2023 o CFR-Sica e a Cooperação Alemã desenvolveram uma metodologia de auditorias de
desempenho com enfoque em gênero e o planejamento de uma auditoria de desempenho da
Política Regional de Igualdade e Equidade de Gênero do SICA, na qual será avaliado se os órgãos
responsáveis conseguiram implementar a Política em seus diferentes eixos: autonomia
econômica, educação para a igualdade e saúde em igualdade.
196
https://otca.org/pt/diretora-executiva-da-otca-participa-do-ii-encontro-regional-sobre-estrategias-
para-enfrentar-os-crimes-ambientais-na-amazonia/
197 https://otca.org/pt/a-otca-e-a-agencia-nacional-de-aguas-e-saneamento-basico-ana-abrem-em-
brasilia-a-oficina-nacional-do-programa-de-acoes-estrategicas-na-bacia-amazonica/
142
de uma linha firme para que a vontade política se transforme em ação, necessidade de dispor
de recursos humanos, financeiros e operacionais, análise comparativa da legislação em
diferentes países e necessidade de criar um grupo de trabalho permanente na Comissão.
Por fim, o secretário permanente do SELA, Clarems Endara, se reuniu com o chanceler
brasileiro, Mauro Vieira, que expressou interesse para que o Brasil continue participando do
198
https://www.sela.org/es/prensa/notas-de-prensa/n/94478/declaracion-conjunta-de-sela-aec-can-
aladi-caricom-sica-y-alba-tcp-en-el-marco-de-la-viii-cumbre-celac
199
https://www.sela.org/es/prensa/notas-de-prensa/n/94527/sela-y-celac-firman-memorando-de-
entendimiento-para-fortalecer-integracion-regional
200
https://www.sela.org/es/prensa/notas-de-prensa/n/94480/brasil-destaca-rol-del-sela-en-el-
fortalecimiento-de-la-integracion-regional
143
Programa de Trabalho Plurianual 2022-2026 do SELA e reafirmou a contribuição do organismo
para a integração na América Latina e Caribe.
A crise se escalou nos primeiros dias do março. Gangues coordenaram ataques que
resultaram na fuga de 4 mil detentos de uma prisão e quase assumiram o controle do aeroporto
internacional de Porto Príncipe, capital do país. Os ataques coincidiram com a viagem do
primeiro-ministro, Ariel Henry, para o Quênia com o objetivo de assinar um acordo sobre a
implantação de força policial multinacional no país caribenho.
Uma intervenção internacional foi autorizada pela ONU em 2023 e o governo queniano
havia se oferecido voluntariamente para liderar a força multinacional. No entanto, autoridades
quenianas questionaram a participação do país na intervenção o que gerou um atraso do envio
de forças. Em sua viagem Henry buscava adiantar os trâmites para a chegada da força policial
no Haiti.
201
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-03/entenda-situacao-do-haiti-e-o-risco-
de-paramilitares-tomarem-o-poder
202
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-03/entenda-situacao-do-haiti-e-o-risco-
de-paramilitares-tomarem-o-poder
144
No entanto, com a escalada de violência e fechamento do aeroporto, Henry não
conseguiu voltar a solo haitiano e teve que se instalar provisoriamente em Porto Rico.
Questão tarifária de Itaipu ainda não possui desfecho, negociações entre Brasil e Paraguai
continuam203.
O Presidente Santiago Peña em entrevista ao jornal Última Hora voltou a afirmar sobre
a necessidade de revisão dos parâmetros da negociação do Anexo C para mitigar injustiças
históricas e reafirmou que o Paraguai deverá “assegurar que cada centavo que o Paraguai invista
seja destinado de forma clara e transparente a favor do povo”.
Ojeda foi sequestrado por pessoas que se passaram por policiais e seu corpo foi
posteriormente encontrado em uma mala a 1,40 metros de profundidade, sob uma grande laje
de cimento. Pelo crime, que o advogado da família Ojeda relaciona com um homicídio
contratado, um menor venezuelano de 17 anos permanece em prisão provisória, o que equivale
à prisão preventiva para adultos1.
Diante das especulações sobre quem está por trás do sequestro com homicídio, a
oposição venezuelana exigiu que o governo do presidente Gabriel Boric aprofundasse a
investigação do caso, lembrando que Ojeda estava refugiado no Chile devido à perseguição
política contra ele2.
O governo chileno promete que o crime do ex-militar venezuelano Ronald Ojeda será
“punido com a maior severidade”. A promessa foi feita pela ministra do Interior chilena, Carolina
Tohá, que através de uma mensagem sobre puniu com a maior severidade”.
203
https://www.infobae.com/america/america-latina/2024/03/04/crece-la-tension-entre-paraguay-y-
brasil-santiago-pena-exige-a-lula-actualizar-las-tarifas-de-la-represa-itaipu/
204
https://www.vozdeamerica.com/a/sepelio-de-exmilitar-venezolano-secuestrado-y-asesinado-en-
chile-/7520749.html
205
https://www.bbc.com/mundo/articles/c84dldzn7n8o
206
https://www.vozdeamerica.com/a/sepelio-de-exmilitar-venezolano-secuestrado-y-asesinado-en-
chile-/7520749.html
145
A família do militar falecido, Ojeda, está sob custódia policial, assim como outros ex-
dissidentes venezuelanos refugiados no Chile que pediram ajuda ao governo após tomarem
conhecimento do caso. O presidente chileno, Gabriel Boric, referiu-se ao caso dizendo que é
“muito grave”, garantindo que condenará o crime e aprofundará a investigação3.
Suspeita-se que o sequestro com posterior morte tenha sido perpetrado por grupos do
crime organizado, gangues que atuam a serviço do poder político ou mesmo afetam sistemas
políticos, como é o caso do Haiti. Como afirmamos nas edições anteriores dos Cuadernos, esses
grupos do crime organizado e cartéis de drogas reproduzem a violência e causam mortes todos
os dias na região da América Latina e do Caribe.
146
Discurso do presidente Lula na sessão de encerramento da 46ª Conferência da
Comunidade do Caribe
Transcrição integral do discurso feito pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na
sessão de encerramento da 46ª Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe
(CARICOM), realizada em Georgetown (Guiana), no dia 28 de fevereiro de 2024
Publicado em 28/02/2024 16h02 Atualizado em 28/02/2024 17h36. Acesso:
https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/discursos-e-
pronunciamentos/2024/discurso-na-sessao-de-encerramento-da-46a-conferencia-da-comunidade-do-
caribe
Eu quero dizer para vocês, sobre a alegria poder participar dessa reunião da CARICOM. Quero
cumprimentar o companheiro Irfaan Ali, presidente da República Cooperativa da Guiana. Quero
cumprimentar os chefes de Estado e de Governo, e quero tratá-los de companheiros e companheiras
nessa reunião. Países da CARICOM e Brasil foram durante muito tempo colonizados. Quando eu cheguei
à Presidência do Brasil em 2003, descobri que nós tínhamos uma deficiência nas nossas políticas
internacionais. A gente tinha aprendido durante muitos séculos de que a nossa relação era com o nosso
colonizador ou era com os países chamados ricos.
O Brasil vivia de costas para a América do Sul, para a América Latina, para os países do Caribe, o
Brasil não olhava para o continente africano, o Brasil olhava para a União Europeia e para os Estados
Unidos. Sempre uma ideia fixa de que esse olhar para os países mais ricos iria despertar interesse deles
para fazerem investimentos no Brasil.
Em 2003, nós tomamos a decisão de priorizar a nossa relação com os países da América do Sul,
da América Latina, países que fazem parte da CARICOM e o continente africano. É importante lembrar
que o Brasil já teve embaixadora e embaixador fixos em todos os países da CARICOM. E nós aprendemos
uma lição com tudo isso. É que muitas vezes as relações, levando em conta a similaridade dos nossos
países, nos ajuda muito mais do que ficar na dependência de uma ajuda do nosso colonizador. Por isso, a
minha alegria de estar de volta à Guiana. Sobretudo, de participar da 46º Conferência de Chefes de Estado
da Comunidade do Caribe.
Em 2005, tive a honra de participar de uma Cúpula como esta, no Suriname. Foi a primeira vez
que um chefe de Estado brasileiro se dirigiu aos líderes da CARICOM. Em 2010, o Brasil foi anfitrião de
uma reunião Brasil-CARICOM. Dela resultou nossa associação ao Banco de Desenvolvimento do Caribe,
além de diversas iniciativas de cooperação técnica. Apesar dessa aproximação, não logramos consolidar
uma agenda consistente com a região.
Sabemos que a CARICOM espera muito mais do Brasil. Sabemos dos principais problemas que
atingem a região: a insegurança alimentar, que – segundo o Programa Mundial de Alimentos – ameaça
metade da população caribenha; e a mudança do clima, que coloca em risco todo o planeta, sobretudo
os países insulares.
Quero ressaltar que esses dois problemas estão no centro dos debates travados pelo Brasil nos
fóruns internacionais. Quero ressaltar, também, que esses dois problemas têm a mesma raiz: a
desigualdade. Portanto, a luta contra a desigualdade no mundo é também a luta das populações
caribenhas.
Não é possível que em um planeta que produz comida suficiente para alimentar toda a população
mundial, cerca de 735 milhões de seres humanos não tenham o que comer. Não é possível que os países
ricos, principais responsáveis pela crise climática, continuem descumprindo o compromisso de destinar
US$ 100 bilhões anuais aos países em desenvolvimento, para o enfrentamento da mudança do clima. Não
é possível que o mundo gaste por ano US$ 2,2 trilhões em armas. Todos sabemos: guerras provocam
destruição, sofrimento e mortes, sobretudo de civis inocentes.
147
O Brasil seguirá lutando pela paz mundial. Uma guerra na distante Ucrânia afeta todo o planeta,
porque encarece os preços dos alimentos e dos fertilizantes. Um genocídio na Faixa de Gaza afeta toda a
humanidade, porque questiona o nosso próprio senso de humanidade. E confirma uma vez mais a opção
preferencial pelos gastos militares, em vez de investimentos no combate à fome; na Palestina, na África,
na América do Sul ou no Caribe.
Meus companheiros e companheiras, ouvi da primeira-ministra Mia Mottley que Barbados tem
27 voos semanais para o Reino Unido e para os Estados Unidos e nenhum para o Brasil. Portanto, o nosso
maior obstáculo é a falta de conexões, seja por terra, por mar e pelo ar.
Uma das rotas de integração e desenvolvimento prioritárias para meu governo é a do Escudo
Guianense, que abrange a Guiana, o Suriname e a Venezuela. Queremos, literalmente, pavimentar nosso
caminho para o Caribe. Abriremos corredores capazes de suprir as demandas de abastecimento e
fortalecer a segurança alimentar da região.
É importante lembrar, presidente, que viajaram comigo agora o meu ministro do Transporte, o
meu ministro de Portos e Aeroportos, o meu ministro de Integração Nacional e a minha ministra de
Planejamento, para que a gente possa discutir, hoje, com a Guiana e com o Suriname, as aberturas dos
caminhos que precisamos abrir, para que a nossa integração se torne eficaz.
O Brasil pode oferecer gêneros alimentícios a preços competitivos. Mas, sobretudo, pode
contribuir para ampliar a produtividade agrícola local. Por isso, eu quero convidar os países da CARICOM
a se somarem à Aliança Global de Combate à Fome e a Pobreza que será lançada pela presidência
brasileira do G20. Queremos promover políticas públicas e mobilizar recursos para essa causa.
Meus amigos e minhas amigas, a criação do fundo de perdas e danos, na COP de Dubai, foi uma
conquista histórica. Mas a luta não terminará enquanto não houver mais fundos para adaptação e para o
cumprimento da Agenda 2030 como um todo.
Como anfitrião da COP 30, o Brasil quer trabalhar com os Pequenos Estados Insulares em
Desenvolvimento (SIDS). O IPCC é categórico sobre a urgência de limitar o aumento na temperatura global
a 1,5°C. Precisamos unir forças para avançar em nossa “Missão 1,5°C”, acelerando a implementação dos
compromissos já assumidos e adotando metas mais ambiciosas em 2025.
Com a Guiana e o Suriname, que também são países membros da Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica (OTCA), queremos convidar outros países da CARICOM a seguirem São Vicente e
Granadinas e se somarem à Declaração “Unidos por nossas Florestas”. Os serviços que as florestas
prestam ao mundo precisam ser valorizados. O Caribe é vulnerável a eventos extremos, que também se
tornaram mais frequentes no Brasil.
Tenho a satisfação de anunciar que o Brasil e a CARICOM decidiram fortalecer a gestão integrada
de riscos de desastres, por meio do Mecanismo de Resposta Regional da Agência Caribenha de
Gerenciamento de Emergências em Desastres (CDEMA).
Amigas e amigos, Brasil e CARICOM estão lado a lado também na defesa de uma governança
global mais justa. Não é mera coincidência que, nas votações da Assembleia Geral da ONU, a convergência
entre nós chegue a 80%. Também compartilhamos do diagnóstico da Iniciativa de Bridgetown.
Muitas de suas propostas são bandeiras que o Brasil erguerá na presidência do G20. Refiro-me,
em especial, ao pleito pela ampliação dos recursos disponíveis a países em desenvolvimento. Até o final
deste ano, faremos um aporte ao fundo concessional do Banco de Desenvolvimento do Caribe. Países
caribenhos sofrem com altos níveis de endividamento e têm condições menos favoráveis de renegociação
por terem ascendido à condição de países de renda média.
Guiana, Haiti, Suriname e Trinidad e Tobago são membros da cadeira do Brasil na diretoria
executiva do FMI. Todos nos beneficiaríamos da reforma das instituições de Bretton Woods, para torná-
148
las mais representativas. A arquitetura financeira internacional não dispõe de ferramentas adequadas
para responder às demandas de desenvolvimento sustentável e enfrentamento à mudança do clima.
No Haiti, precisamos agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada
pela tragédia. Infelizmente, a comunidade internacional não deu ouvidos quando o Brasil alertou que o
esforço de estabilização só seria sustentável com o apoio maciço ao desenvolvimento e ao fortalecimento
institucional do país.
Hoje, o Haiti – primeira nação independente do Caribe e primeiro país a abolir a escravidão no
hemisfério ocidental – se vê novamente imerso em uma espiral de insegurança e instabilidade. Escutar a
voz da região, portanto, é imprescindível.
Temos uma ligação especial com o Haiti, materializada pelos cerca de 200 mil haitianos que vivem
no país. Estamos oferecendo treinamento à Polícia Nacional Haitiana e vamos inaugurar um centro de
formação profissional para jovens haitianos no sul do país, no valor de 17 milhões de dólares.
Com mais de 50 anos, a CARICOM é um dos mais antigos blocos de integração do mundo em
desenvolvimento. O PIB combinado de seus quinze membros é de 120 bilhões de dólares, maior do que
alguns países sul-americanos. Sua população de 19 milhões de pessoas é um ativo muito valioso.
O Brasil voltou a olhar para o seu entorno, ciente de que somente juntos lograremos uma
inserção internacional robusta. A CARICOM abriu-se para o Sul, rejeitando a condição de zona de
influência de potências alheias à região. Temos o desafio de manter nossa autonomia em meio a
rivalidades geopolíticas. Cabe a nós manter a região como zona de paz.
Nossa relação pode ir muito além do intercâmbio de boas práticas e de atividades de capacitação.
Vemos no bloco um parceiro econômico promissor e um interlocutor político estratégico.
O Brasil já é o quinto maior fornecedor da CARICOM. Nossa corrente de comércio foi de US$ 2,7
bilhões no ano passado, mas já havia superado US$ 5 bilhões em 2008, o que demonstra seu potencial de
crescimento.
Minhas amigas e meus amigos, na Cúpula de 2010, falei da nossa vocação – do Brasil e do Caribe
– de “aproximar para unir e unir para mudar”. Essa mensagem segue atual e relevante.
Estamos reabrindo nossa missão junto a São Vicente e Granadinas. Vamos retomar nosso
mecanismo de consultas políticas para aprofundar nosso diálogo e formular agenda substantiva para uma
segunda Cúpula Brasil-CARICOM.
149
O escritor caribenho Naipaul, prêmio Nobel de literatura, disse que: “Muitas pessoas estão
confinadas no nicho que esculpem para si mesmas e se limitam a poucas possibilidades pela estreiteza de
sua visão”.
Por isso, quero convidá-los para juntos expandir nossa visão e conquistar um lugar maior no
mundo. A CARICOM é parceiro fundamental do Brasil e parte indispensável da CELAC, sem a qual o projeto
de integração regional permanecerá inacabado.
Muito obrigado.
150
Discurso do presidente Lula durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-
Americanos e Caribenhos (CELAC)
Discurso lido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Cúpula da CELAC, em Kingstown
(São Vicente e Granadinas), no dia 1º de março de 2024
Publicado em 01/03/2024 13h18 Atualizado em 01/03/2024 17h34. Acesso:
https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/discursos-e-
pronunciamentos/2024/discurso-do-presidente-lula-durante-a-cupula-da-comunidade-de-estados-
latino-americanos-e-caribenhos-
celac#:~:text=As%20vidas%20de%20milhares%20de,que%20precisa%20de%20muito%20humanismon
É muito bom vir a São Vicente e Granadinas para participar da oitava Cúpula da CELAC. Este belo
e acolhedor país caribenho recebe hoje os líderes responsáveis por tornar realidade nossos ideais de
integração.
Uma das experiências mais gratificantes dos meus primeiros mandatos está relacionada ao
renascimento do projeto integracionista na primeira década do século XXI. Tive a oportunidade e a
satisfação de viver um momento ímpar desse desejo coletivo de maior aproximação entre nós.
Trabalhamos pelo fortalecimento e ampliação do MERCOSUL e pela criação da UNASUL. Participei das
etapas iniciais de formação da CELAC em 2008, na Bahia, quando reunimos, pela primeira vez, os 33 chefes
de Estado e de Governo da América Latina e do Caribe. Foi preciso esperar 500 anos para que isso
acontecesse.
Nos últimos anos, contudo, voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para
fora do que para si própria. Entre muitos de nós, a intolerância ganhou força e vem impedindo que
diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa. Estamos deixando de cultivar nossa vocação
de cooperação e permitindo que conflitos e disputas, muitas delas alheias à região, se imponham.
Defender o fim do bloqueio a Cuba e a soberania argentina nas Malvinas interessa a todos nós.
Todas as formas de sanções unilaterais, sem amparo no Direito Internacional, são contraproducentes e
penalizam os mais vulneráveis.
Num momento em que os gastos militares globais ultrapassam 2 trilhões de dólares por ano,
recuperar o espírito de solidariedade, diálogo e cooperação não poderia ser mais atual e necessário.
Num mundo em que tantos conflitos vitimam milhares de inocentes, sobretudo mulheres e
crianças, nossa região deve ser um exemplo de construção da paz.
Senhoras e senhores,
Se falamos como região, temos mais chances de influenciar os grandes debates da atualidade.
Se atuamos juntos, criamos sinergias que fortalecem nossos projetos individuais de desenvolvimento.
151
As três prioridades da presidência brasileira do G20 dialogam muito com nossos desafios
históricos.
Nossa proposta da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, pode se beneficiar do Plano de
Segurança Alimentar e Erradicação da Pobreza” da CELAC. De acordo com a CEPAL, dos 660 milhões de
latino-americanos e caribenhos, ainda há 180 milhões de pessoas que não possuem renda suficiente para
suas necessidades básicas e 70 milhões ainda passam fome. Esse é um paradoxo para uma região que
abriga grandes e diversificados provedores de alimentos.
O desenvolvimento sustentável e a transição energética são uma urgência do nosso tempo e uma
oportunidade para todos nós. Possuímos o maior potencial energético renovável do mundo, se levarmos
em conta a capacidade de produzir biocombustíveis, energia eólica, solar e hidrogênio verde. Contamos
com mais de um 1/3 das reservas de água do planeta e uma biodiversidade riquíssima. Em nosso solo se
encontra vasto e diversificado conjunto de minerais estratégicos de grande importância para os projetos
industriais de última geração.
Neste ano em que celebramos os 60 anos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento (UNCTAD), vale a pena retomar o debate sobre o caráter estrutural do
subdesenvolvimento. Economistas como Raul Prebisch e Celso Furtado explicitaram os riscos associados
a uma inserção internacional baseada unicamente em vantagens comparativas.
Com a integração, podemos atuar para as ferramentas de Inteligência Artificial sejam uma aliada
dos nossos projetos de reindustrilização, mitigando seus efeitos nefastos no mercado de trabalho. O FMI
estima que 40% dos empregos no mundo serão negativamente afetados por essas novas tecnologias.
Com isso, será mais fácil enfrentar nossa deficiente conexão física e investir na construção de
estradas, ferrovias, pontes, portos e conexões aéreas que permitam uma efetiva circulação de pessoas e
de mercadorias.
Senhoras e senhores,
Agradeço ao companheiro Ralph Gonsalves, uma vez mais, pelo excepcional trabalho realizado
durante sua presidência. Tenho certeza de que a companheira Xiomara Castro terá o mesmo êxito na
condução da CELAC.
O Brasil acredita na CELAC como foro de construção de consensos, que cultiva a via do
entendimento e que não se deixa tentar por soluções impositivas.
A CELAC nos proporciona essa possibilidade de pensar nossa inserção no mundo a partir de
nossas agendas e interesses.
No Haiti, precisamos agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada
pelo caos social. Há anos o Brasil vem dizendo que o problema do Haiti não é só de segurança, mas,
sobretudo, de desenvolvimento.
152
A tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta para a
punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino. As pessoas estão morrendo na fila para
obter comida. A indiferença da comunidade internacional é chocante.
Faço um apelo ao governo japonês, que assume a presidência do Conselho a partir de hoje, para
que paute esse tema com toda a urgência. Peço aos cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU que deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança.
Já são mais de 30 mil mortos. As vidas de milhares de mulheres e crianças inocentes estão em
jogo. As vidas dos reféns do Hamas também estão em jogo.
Eu quero terminar dizendo para vocês que a nossa dignidade e humanidade estão em jogo. Por
isso é preciso parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade, que precisa de muito
humanismo.
Muito obrigado.
153
Educação como tema da União Africana para 2024
Education as African Union theme for 2024
Abstract. This report brings the aftermath of the 37th Addis Ababa Summit, highlighting the
theme approved by the Heads of State and Government "Training Africans for the 21st Century
- create resilient education systems to increase access to inclusive, relevant, quality and
continuous learning in Africa. The report also points out two events of paramount importance.
Firstly, the ministerial conference on malaria in African countries with the greatest burden of
disease, which support 70% of malaria, and its ministers committed to protecting their people
from the devastating consequences of this endemic disease. The second, the Annual Meeting of
IANPHI, held in Kigali, with the on-site and online participation of Fiocruz. National Public Health
Institutes (NPHI) around the world discussed how to strengthen the resilience of health systems
and communities to the growing threat of diseases, persistent and growing health inequalities,
climate and environmental changes and other health hazards. It had a strong presence from all
over Africa, Asia, Europe, the United States of America, Canada, the Middle East and much less
Latin America. Africa CDC has made strengthening the continent’s NPHI a priority. IANPHI
members and partners have identified peer support and collaboration between NPHI and
Ministries of Health, as well as the leading role in these agendas that NPHI can play, as key to
the ambition to deliver EPHF and strengthen resilience and sustainability.
Resumo. O informe traz o rescaldo da 37ª Cúpula de Adis Abeba, relevando o tema aprovado
pelos Chefes de Estado e de Governo “Formar os Africanos para o Século XXI - criar sistemas de
educação resilientes para aumentar o acesso a uma aprendizagem inclusiva, relevante, de
qualidade e contínua em África. O informe também repercute dois eventos de suma
importância. Primeiro, a conferência ministerial sobre a Malária nos país africanos com o maior
fardo de doença, que suportam 70% da Malária, tendo os seus Ministros comprometidos em
proteger os seus povos das consequências devastadoras dessa endêmica doença. O segundo, a
reunião anual da IANPHI, realizada em Kigali, com a participação presencial e remota da Fiocruz.
Os Institutos Nacionais de Saúde Pública (INSP) de todo o mundo discutiram como reforçar a
resiliência dos sistemas de saúde e das comunidades face à crescente ameaça das doenças, à
persistente e crescente desigualdade na saúde, às mudanças climáticas e ambientais e a outros
perigos para a saúde. Contou com uma forte participação presencial de toda a África, da Ásia,
da Europa, dos Estados Unidos da América, do Canadá, do Oriente Médio e muito menos da
América Latina. O CDC África fez do reforço dos INSP do continente uma prioridade. Os membros
e parceiros da IANPHI identificaram o apoio entre pares e a colaboração entre os INSP e os
Ministérios da Saúde, bem como o papel de liderança nestas agendas que os INSP podem
desempenhar, como sendo fundamentais para a ambição de concretizar as EPHF e reforçar a
resiliência e a sustentabilidade.
154
Rescaldo da 37ª Cúpula da União Africana: Educação como tema para 2024
• As sociedades do conhecimento exigidas pela Agenda 2063 são impulsionadas por capital
humano qualificado
• Uma educação holística, inclusiva e equitativa, com boas condições para a aprendizagem ao
longo da vida, é condição sine qua non para o desenvolvimento sustentável
• A boa governação, a liderança e a responsabilização na gestão da educação são
fundamentais.
• Sistemas harmonizados de educação e formação são essenciais para a realização da
mobilidade intra-africana e da integração académica através da cooperação regional
• Educação, formação e investigação relevantes e de qualidade são fundamentais para a
inovação científica e tecnológica, a criatividade e o empreendedorismo
• Uma mente sã em um corpo são - alunos física e socio psicologicamente aptos e bem
alimentados.
Pilares da CESA:
155
• Uma coligação de atores para permitir uma parceria credível, participativa e sólida entre o
governo, a sociedade civil e o sector privado
• Orientação e apoio em diferentes níveis e tipos de formação
• A criação e o desenvolvimento contínuo de um ambiente propício à aprendizagem
Importa referir que até à 37ª Cúpula nunca a Educação foi designada como um tema do
ano da União Africana. Para aqui chegar, vale também lembrar que o Secretário-Geral das
156
Nações Unidas, António Guterres, organizou, de 17 a 19 de setembro de 2022, uma Cúpula
Mundial sobre a Transformação da Educação. No meio de tantas outras questões pertinentes a
nível mundial, essa Cúpula foi considerada urgente e prioritária, uma vez que, a nível mundial,
a Educação está em crise profunda e os progressos para a consecução do Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável em matéria de educação (ODS4) estão muito aquém do esperado.
É por esta razão que o Secretário-Geral decidiu proporcionar uma “oportunidade única numa
geração” para abordar esta crise global da Educação, mediante a renovação do compromisso
coletivo e de ações conjuntas.
África apresenta um fosso maior do que os outros continentes no que diz respeito à
realização das metas do ODS4, que também se refletem nessa Estratégia Continental.
É neste contexto que a proposta de escolher a Educação como o tema do Ano de 2024
foi submetida à apreciação e aprovação da 36.ª Sessão Ordinária da Cúpula de Chefes de Estado
e de Governo em fevereiro de 2023.
157
No que respeito ao panorama do setor da Educação no continente, as revisões recentes
da CESA e do Quadro de Ação para a Educação 2030, o relatório continental União Africana-
UNESCO da CESA e o ODS42 e um relatório conjunto União Africana-UNICEF sobre a
Transformação da Educação em África, apontam para o facto de que, nos últimos dez anos, os
governos africanos implementaram uma vasta gama de programas e envidaram esforços a nível
de políticas para garantir que nenhuma criança seja deixada para trás no acesso à educação.
Foram envidados esforços consideráveis no continente para garantir o acesso, a conclusão e a
qualidade do ensino básico para todos. De um modo geral, a percentagem de crianças que não
frequentam a escola diminuiu até 2010. As taxas de conclusão do ensino primário e do primeiro
ciclo do ensino secundário melhoraram, bem como o acesso e a participação no ensino e
formação técnico-profissional. Registraram-se igualmente progressos notáveis no acesso ao
ensino pré-primário, à alfabetização dos adultos e à aprendizagem contínua. No que diz respeito
à alimentação escolar, os países de baixo rendimento duplicaram as suas despesas orçamentais
nacionais com a alimentação escolar, de 17% para 33% entre 2013 e 2020. Nos países de
rendimento médio-baixo, os orçamentos nacionais representam atualmente 88% do
financiamento da alimentação escolar, contra 55% em 2013.
158
eficazes, duradouras e à escala do sistema da educação em África, bem como na recuperação
da Covid-19, no reforço da resiliência e da transformação, tirando partido da dinâmica mundial.
Espera-se também que estimule a implementação das declarações emanadas dos principais
encontros continentais e globais sobre a educação, incluindo a quarta sessão ordinária do
Comité Técnico Especializado de Educação, Ciência e Tecnologia, as declarações da Cimeira das
Nações Unidas sobre a Transformação da Educação, o Evento Paralelo de Alto Nível sobre a
Transformação da Educação em África, bem como o Manifesto da Juventude sobre a
Transformação da Educação em África, que emanou das consultas aos jovens em 2023 e foi
apresentado naquele evento paralelo de alto nível em Nova Iorque.
Para celebrar o tema do ano, uma série de atividades serão levadas a cabo a nível
nacional, regional, continental e mundial. Espera-se que essas atividades previstas promovam a
implementação de várias resoluções adotadas em vários momentos, tendo em vista a criação
de sistemas de ensino adequados e resilientes em África. A implementação estará sob a
liderança técnica e coordenação do Departamento de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação
da Comissão da União Africana, em estreita colaboração com o Comité dos Dez Chefes de Estado
para a Educação em África. O Departamento trabalhará em estreita colaboração com os Estados-
Membros, as CER, os parceiros de desenvolvimento, as agências da ONU e todos os
intervenientes no sector da educação, incluindo o sector privado e os jovens.
A escolha da Educação como o tema do ano de 2024 irá impulsionar ainda mais a
dinâmica já gerada e, trabalhando com os Estados-Membros e parceiros, colocará um enfoque
continental na recuperação da Covid-19 e na criação de sistemas resilientes tendo em vista um
maior acesso a uma educação inclusiva, de qualidade e relevante em África. Isto será feito
através de ações concretas com impacto a serem implementadas nos Estados-Membros da
União Africana com vista à transformação da educação em África.
OMS - AFRO
Conferência Ministerial sobre a Malária: "Combater a malária nos países mais afetados pela
doença"
159
de controlo da malária; a garantir um maior investimento em tecnologia de dados; a aplicar as
mais recentes orientações técnicas em matéria de controlo e eliminação da malária; e a
intensificar os esforços de controlo da malária a nível nacional e subnacional.
A região africana alberga 11 países que suportam aproximadamente 70% do fardo global
da malária: Burquina Faso, Camarões, República Democrática do Congo, Gana, Mali,
Moçambique, Níger, Nigéria, Sudão, Uganda e Tanzânia. Os progressos na luta contra a malária
estagnaram nestes países africanos com elevada incidência da doença desde 2017 devido a
fatores como as crises humanitárias, o baixo acesso e a qualidade insuficiente dos serviços de
saúde, as alterações climáticas, as barreiras relacionadas com o género, as ameaças biológicas,
como a resistência aos inseticidas e aos medicamentos, e as crises económicas mundiais. Os
sistemas de saúde frágeis e as lacunas críticas nos dados e na vigilância agravaram o desafio.
A nível mundial, o número de casos em 2022 foi significativamente mais elevado do que
antes da pandemia de COVID-19, passando de 233 milhões em 2019 para 249 milhões. No
mesmo período, a região africana registou um aumento do número de casos de 218 milhões
para 233 milhões. A região continua a suportar o fardo mais pesado da malária, representando
94% dos casos de malária a nível mundial e 95% das mortes a nível mundial, estimando-se que,
em 2022, ocorrerão 580 000 mortes.
160
"A pandemia de Covid-19 e as ameaças de longa data, como a resistência aos
medicamentos e aos inseticidas, fizeram com que nos desviássemos ainda mais do
caminho, com lacunas críticas no financiamento e no acesso a ferramentas para
prevenir, diagnosticar e tratar a malária. Com liderança política, apropriação
nacional e o compromisso de uma ampla coligação de parceiros, podemos mudar
esta história para as famílias e comunidades em toda a África."
Para que o paludismo não volte a progredir, a OMS recomenda um forte empenhamento
nas respostas a todos os níveis, em especial nos países com elevada incidência da doença; um
maior financiamento nacional e internacional; respostas ao paludismo baseadas na ciência e nos
dados; ações urgentes sobre os impactos das alterações climáticas na saúde; o aproveitamento
da investigação e da inovação; bem como parcerias sólidas para respostas coordenadas. A OMS
está também a chamar a atenção para a necessidade de resolver os atrasos na execução dos
programas de luta contra a malária.
Os INSP em muitos países estão na vanguarda da ação para mitigar o impacto das
ameaças atuais e futuras à saúde, bem como para melhorar a saúde e o bem-estar da população.
A Reunião Anual da IANPHI reconheceu a importância da colaboração e da ação para reforçar a
capacidade de todos os sistemas de saúde para desempenharem as Funções Essenciais de Saúde
Pública (EPHF, Essential Public Health Functions), um conjunto essencial de capacidades
161
definidas e publicadas conjuntamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela IANPHI.
As EPHF são consideradas a base da ação em matéria de saúde pública que todos os países se
devem esforçar por realizar.
A reunião anual da IANPHI contou com uma forte representação de toda a África. O CDC
África, através do seu Plano Estratégico 2023-2027, fez do reforço dos INSP do continente uma
prioridade. O papel de liderança de África na promoção dos INSP e, por conseguinte, na defesa
das EPHF, foi elogiado. Os membros e parceiros da IANPHI identificaram o apoio entre pares e a
colaboração entre os INSP e os Ministérios da Saúde, bem como o papel de liderança nestas
agendas que os INSP podem desempenhar, como sendo fundamentais para a ambição de
concretizar as EPHF e reforçar a resiliência e a sustentabilidade.
Declaração de Kigali
162
Os avanços tecnológicos oferecem oportunidades importantes para melhorar a saúde e
reforçar a resiliência e a sustentabilidade. No entanto, é necessário avaliar os custos e os
benefícios das tecnologias e antecipar e mitigar quaisquer riscos, incluindo o potencial para
aumentar a desigualdade global através da sua utilização. O papel dos Institutos Nacionais de
Saúde Pública na avaliação dos potenciais benefícios e riscos das vacinas, produtos
farmacêuticos, intervenções comportamentais e tecnologias como a inteligência artificial é
fundamental para a utilização eficaz, eficiente, económica e equitativa destas inovações.
Todos os países têm de estar aptos a fornecer toda a gama de EPHF. Isto requer uma
compreensão clara da capacidade institucional e da força de trabalho e das aptidões e
competências necessárias para a sua execução. A IANPHI está empenhada em colaborar com a
OMS para ajudar os países a concretizar o Roteiro para a Criação de uma Força de Trabalho de
Saúde Pública e Emergência, que foi desenvolvido conjuntamente pela OMS, a IANPHI e outros
parceiros. A IANPHI compromete-se a apoiar ações destinadas a mapear e medir a força de
trabalho e as capacidades institucionais e a desenvolver parcerias com as Escolas de Saúde
Pública e as instituições académicas responsáveis pelo desenvolvimento de aptidões e
competências em matéria de saúde pública em toda a força de trabalho nos domínios da saúde,
da saúde pública e das emergências.
Reconhecendo que os impactos dos eventos de saúde pública não são os mesmos para
todas as pessoas, a IANPHI está empenhada em apoiar a promoção da saúde, reconhecendo que
o envolvimento ativo das comunidades em todos os esforços para abordar os determinantes da
saúde será de importância crucial para a resiliência e sustentabilidade da saúde a longo prazo.
Esta agenda ambiciosa exige uma maior colaboração entre sectores a nível nacional e entre
comunidades, governos e agências do sector privado a nível nacional, regional e global.
163
Muitos dos seus membros desempenham um papel fundamental na resposta ao enorme
impacto dos conflitos nos indivíduos, comunidades e populações, incluindo o seu acesso aos
cuidados de saúde. A colaboração ativa entre os membros desta organização para reforçar a
capacidade e prestar apoio mútuo em tempos de crise continua a ser um princípio central da
IANPHI.
164
Imagem 2: Certificado de mérito conferido ao projeto do INS de Moçambique
Rede Regional da IANPHI para a Ásia: esta distinção para o CDC da Jordânia resulta dos
esforços de coordenação entre sectores nacionais no âmbito da abordagem "Uma Saúde". As
iniciativas incluem comités centrados na preparação, avaliação dos Planos de Ação Nacionais
sobre a resistência antimicrobiana, na comunicação dos riscos e no envolvimento da
comunidade, na coordenação interagências para a imunização, na rede nacional de laboratórios
e na análise pós-ação dos surtos de febre aftosa, a fim de reforçar a colaboração intersetorial,
garantir estratégias de resposta eficazes e salvaguardar a saúde pública.
Rede Regional da IANPHI para a América Latina e Caraíbas: Improving the population's
healthcare efficiency through generating evidence-based documents, Instituto National de Salud
(INS) do El Salvador. O Inquérito Nacional de Saúde Mental de El Salvador (ENSM) é um esforço
abrangente que envolve especialistas e colaboração internacional, oferecendo informações
cruciais sobre questões de saúde mental em vários grupos etários, incluindo ansiedade,
depressão e dependência. O inquérito fornece informações sobre políticas baseadas em provas
165
para enfrentar estes desafios. Além disso, o compromisso do país em gerar diretrizes de prática
clínica e realizar estudos sobre doses de reforço da vacina Covid-19 mostra El Salvador como um
líder regional em medicina baseada em evidências e estratégias de saúde pública.
1. Fortalecer relações profissionais - foram criados, nos anos anteriores, comités temáticos
sobre Mudanças Climáticas e Saúde Pública e Desigualdades Sociais e Saúde Pública (Climate
Change and Public Health and Social Inequalities and Public Health). Três comités temáticos
adicionais foram lançados mais tarde em 2023: Funções Essenciais de Saúde Pública (EPHF,
Essential Public Health Functions), Desenvolvimento Profissional em Saúde Pública (PHPD ,
Public Health Professional Development) e Preparação, Resposta, Resiliência e Recuperação
(PPRR, Preparedness, Response, Resilience, and Recovery). A Rede de Pontos Focais criada
em 2022 contava com 145 membros. Em 2023, a rede IANPHI Europa organizou uma reunião
em 20-21 de abril, organizada pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge em Lisboa,
Portugal. A rede IANPHI da América Latina e Caraíbas organizou uma reunião de 16 a 18 de
outubro, organizada pelo Instituto Nacional de Salud em El Salvador. A IANPHI organizou
nove (9) webinars em 2023.
166
possibilidade de oferecer interpretação durante as reuniões da IANPHI, serviços de tradução
e ferramentas. No entanto, há que ter em conta as restrições de financiamento, que podem
limitar a disponibilidade desses serviços.
167
governamental autónomo. O foco do APHI é na avaliação do estado de saúde, na
vigilância, no desenvolvimento de programas de prevenção, na promoção da saúde, na
garantia de um acesso equitativo aos serviços de saúde e na contribuição para a pesquisa
em saúde pública, participando também ativamente no trabalho de laboratório para
atenuar o impacto das emergências e das catástrofes na saúde.
• O Ministério da Saúde e dos Serviços Sociais (MoHSS, The Ministry of Health and Social
Services MoHSS) da Namíbia – responsável pela prestação de cuidados de saúde de
qualidade, integrados, económicos e acessíveis, bem como à prestação de serviços sociais
adequados. As suas principais funções envolvem o estabelecimento de quadros políticos e
legais, o planeamento de serviços sociais e de saúde, a promoção da saúde pública, o
desenvolvimento de serviços de saúde especializados e de centros de saúde, e o
envolvimento em investigação, desenvolvimento, epidemiologia, biossegurança e resposta
a emergências.
• O Laboratório Central de Saúde Pública do Paraguai - criado em 1996 e sob a tutela do
Ministério da Saúde, tem por objetivo avaliar e analisar o estado de saúde, efetuar a
vigilância da saúde pública e oferecer informações e recursos para a promoção da saúde.
• O Ministério da Saúde de Singapura - criado em 1955, está sob a alçada do governo e gere
o sistema público de saúde. Sendo uma organização inovadora e centrada nas pessoas,
dedica-se a promover a boa saúde, a reduzir as doenças e a garantir o acesso a cuidados
de saúde de elevada qualidade e a preços acessíveis a todos os singapurenses. O
Ministério procura tornar-se Membro Associado com uma classificação de Rendimento
Elevado.
• O Centro de Saúde Pública de Abu Dhabi (ADCPH, Abu Dhabi Center for Public Health) dos
Emirados Árabes Unidos - criado em 2019, o ADCPH funciona de forma autónoma sob a
alçada do governo, contribuindo significativamente para melhorar os esforços de saúde e
segurança dos residentes de Abu Dhabi. O Centro participa ativamente na resposta a
emergências, no trabalho laboratorial e no planeamento estratégico, aderindo às melhores
práticas de saúde pública e saúde preventiva.
• Autoridade de Saúde do Dubai (DHA, Dubai Health Authority) dos Emirados Árabes Unidos
- Criada em 1973 como Departamento de Saúde e Serviços Médicos do Dubai (DOHMS) e
mais tarde rebatizada como Autoridade de Saúde do Dubai em 2007, a autoridade está
ativamente envolvida nas capacidades de regulamentação e aplicação da lei, garantia de
qualidade, pesquisa em saúde pública, trabalho laboratorial e apoio financeiro à pesquisa,
contribuindo significativamente para a supervisão do sector da saúde do Dubai e para o
envolvimento do sector privado.
A IANPHI prevê realizar uma Assembleia Geral Extraordinária em 2024 para aprovar
mudanças na categoria de certos dos seus membros, de Associados aos Nacionais.
A Assembleia Geral aprovou uma nova parceria com a Global Network for Academic
Public Health (GNAPH). Criada em abril de 2023, a GNAPH funciona como uma plataforma para
os líderes mundiais da saúde pública enfrentarem os desafios internacionais na saúde pública
académica. O seu principal objetivo é fomentar as ligações entre os membros da rede,
promovendo a aprendizagem mútua e a colaboração entre instituições académicas de saúde
pública a nível mundial. A influência da GNAPH estende-se através de associações regionais,
representando coletivamente mais de 450 instituições em mais de 100 países em seis
continentes. A parceria está centrada no desenvolvimento, divulgação e implementação do
168
Roteiro da Força de Trabalho da OMS. No entanto, prevê uma colaboração mais alargada no
esforço contínuo para melhorar a força de trabalho da saúde pública mundial. Este âmbito mais
alargado inclui a defesa do apoio à força de trabalho, a garantia de formação adequada e a
produção de dados essenciais para os Institutos Nacionais de Saúde Pública, a fim de facilitar a
pesquisa e orientar o desenvolvimento de recursos.
• Os membros regionais africanos da IANPHI reelegeram o Dr. Alex Riolexus Ario do Instituto
Nacional de Saúde Pública do Uganda como Presidente e o Prof. Hervé Hien do Instituto
Nacional de Saúde Pública do Burkina Faso como Vice-Presidente.
• Após um acordo entre os dois candidatos que receberam o mesmo número de votos, o Dr.
Muhannad Sulaiman Aloraini, da Autoridade de Saúde Pública da Arábia Saudita, continuará
o seu mandato como Presidente da Rede Regional da Ásia da IANPHI, juntamente com a
Prof.ª Tahmina Shirin, do Instituto de Epidemiologia, Controlo de Doenças e Investigação do
Bangladesh, a nova Vice-Presidente da Rede.
• Trygve Ottersen, do Instituto de Saúde Pública da Noruega, foi reeleito Presidente da Rede
Regional Europeia da IANPHI. Trabalhará com a Senhora Olga Gvozdetska do Ministério da
Saúde da Ucrânia, recentemente eleita como Vice-Presidente.
• Os membros da Rede Regional da IANPHI para a América Latina e Caraíbas reelegeram o
Prof. Felix Rosenberg do Fórum de Itaborai, Fundação Oswaldo Cruz do Brasil, como
Presidente.
• Aamer Ikram, Former Director General of the National Institute of Health of Pakistan
• Markku Tervahauta, Director General of the Finnish National Institute for Health and
Welfare
• Sabin Nsanzimana, Former Director of the Rwanda Biomedical Center
• Ebba Abate, Former Director General of the Ethiopian Public Health Institute;
• Dr. Lothar Wieler, Former President of the Robert Koch Institute (RKI)
• Eduardo Samo Gudo, Director General of the National Institute of Health, Mozambique
• Lars Schaade, President of the Robert Koch Institute, Germany
• Mesay Hailu Dangisso, Director General, Ethiopian Public Health Institute, Ethiopia
• Tracey Cooper, Chief Executive, Public Health Wales, United Kingdom (Wales)
169
Na Europa, França transforma o aborto em direito constitucional
In Europe, France transforms abortion into a constitutional right
Abstract. In her Europe report, Freire highlights the constitutionally guaranteed freedom of
abortion in France, given the importance of the issue for public health and the growth of the
extreme right in Europe, which had another demonstration at the Portuguese polls. Reports from
the European Center for Diseases Control (ECDC) reveal a worrying increase in STIs in the EU. In
the wake of the wars, Sweden joins NATO and a Cyprus-Gaza maritime corridor is inaugurated,
while arms exports grow worldwide
Resumo. Em seu informe sobre a Europa, Freire destaca a liberdade garantida ao aborto prevista
constitucionalmente na França, frente à importância do tema para a saúde pública e ao
crescimento da extrema direita na Europa, que teve mais uma demonstração nas urnas
portuguesas. Relatórios do European Centre for Diseases Control (ECDC), revelam preocupante
crescimento de IST na UE. Na esteira das guerras, a Suécia adere à Otan e um corredor marítimo
Chipre-Gaza é inaugurado, enquanto as exportações de armas crescem mundialmente.
O melhor presente pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres veio da França, onde o
8M foi marcado pela inclusão do direito ao aborto na Constituição. Em decisão histórica, com
780 votos favoráveis e 72 contrários, os legisladores franceses aprovaram a reforma
constitucional, que prevê a liberdade garantida a abortar. A França se torna o primeiro país do
mundo a assegurar constitucionalmente o direito ao aborto, que é legal na França desde 1975.
A consagração como direito constitucional, vem como uma resposta, após a Suprema Corte dos
Estados Unidos da América ter revertido uma decisão de 2022, que na prática, anulou o direito
ao aborto nos EUA, permitindo que Estados americanos, o proibissem ou restringissem. Frente
à preocupações com uma nova onda de mudança social na Europa, como o avanço da direita e
extrema-direita, ativistas pró-aborto pressionaram pelo status constitucional do direito
conquistado. O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que a França quer liderar a
ampliação desse direito a nível universal e que vai levar o tema para a discussão na União
Europeia: “só descansaremos quando for reconhecido em todo o mundo.", declarou.
Apesar desta boa notícia, relatórios publicados pelo Centro Europeu de Prevenção e
Controle doenças (ECDC) trazem importante alerta sobre o exponencial aumento de casos de
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) na União Europeia, que supera os números
anteriores à Covid-19: em 2022 houve 16% de aumento nos casos de clamídia, 48% nos de
gonorréia, e 34% nos casos de sífilis, em comparação com os números de 2021. Segundo o órgão,
as conclusões, que revelam um aumento preocupante de casos de sífilis, gonorreia e clamídia,
indicam uma necessidade premente de uma maior sensibilização para a transmissão de IST e a
necessidade de melhorar a prevenção robusta, o acesso a testes e o tratamento eficaz para
enfrentar este desafio de saúde pública. A Diretora do ECDC, Andrea Ammon, expressou
170
profunda preocupação com o aumento das taxas de IST, dizendo: "abordar o aumento
substancial de casos de IST exige atenção urgente e esforços concertados. Os testes, o
tratamento e a prevenção estão no centro de qualquer estratégia a longo prazo. Devemos dar
prioridade a educação em saúde sexual, expandir o acesso a serviços de testes e tratamento e
combater o estigma associado às ISTs. Iniciativas de educação e conscientização são vitais para
capacitar os indivíduos a fazerem escolhas informadas sobre sua saúde sexual. Promover o uso
consistente de preservativos e fomentar o diálogo aberto sobre ISTs pode ajudar reduzir as taxas
de transmissão."
No âmbito da União Europeia, para além das guerras, a pauta vem sendo dominada
pelas eleições de 2024. Neste sentido, está oficializada a candidatura de Úrsula von der Leyen,
como cabeça de lista pelo seu partido, o Partido Popular Europeu (PPE). A sua candidatura à
reeleição foi aprovada numa votação secreta de cerca de 800 delegados, legisladores e líderes
do PPE, incluindo os primeiros-pinistros polaco, Donald Tusk, e irlandês, Leo Varadkar. O PPE
está à frente nas sondagens e deverá continuar a ser a maior bancada no Parlamento Europeu,
o que faz de von der Leyen uma das principais favoritas para (re)assumir o cargo de presidente
da Comissão Europeia.
Apesar da força do PPE, a extrema direita continua a crescer na Europa. Neste final de
semana, os portugueses foram às urnas para eleger o novo parlamento. A Aliança Democrática,
que junta 3 partidos, venceu as eleições legislativas por 2 votos. A coligação de centro-direita
liderada por Luís Montenegro conseguiu eleger 79 deputados, 2 a mais do que o Partido
Socialista, que conquistou 77 mandatos parlamentares. O grande vencedor, no entanto, foi o
Chega, partido de extrema direita, que elegeu 48 deputados quadriplicando os resultados das
legislativas de 2022.
A coligação Aliança Democrática (AD) derrotou o atual governo socialista com uma
vitória marginal. Se formar governo, o primeiro-ministro deverá ser o líder do centro-direita,
Luís Montenegro. Este fato terá um impacto no equilíbrio de poderes no Conselho Europeu, que
reúne os líderes dos 27 países da União Europeia, como refere Borges de Castro: "A confirmar-
se que a AD forma governo, passará a haver apenas quatro chefes de governo do Partido
Socialista e tal tem, obviamente, consequências naquilo que será a política portuguesa na UE".
A composição final do governo, no entanto, não está clara, uma vez que Luís Montenegro
prometeu não deixar a extrema-direita chegar ao poder, mas também não consegue obter
maioria numa eventual coligação com os outros partidos com assento parlamentar.
171
o envio de ajuda humanitária para a faixa de Gaza, onde civis estão morrendo de subnutrição.
O envio de ajuda humanitária por terra à Gaza vem sendo covardemente dificultado por Israel.
Nos últimos dias, a opção tem sido o envio por via aérea, fazendo uso de paraquedas. Este
modelo, prejudica a distribuição da ajuda, além de também colocar em risco a vida dos
palestinos e palestinas.
Por fim, uma notícia que traz uma informação já esperada: os países europeus
quase duplicaram as suas importações de armas de grande porte entre 2014-18 e 2019-23.
Durante estes períodos, registou-se um aumento de 94% de tais importações, conforme novos
dados sobre as transferências internacionais de armas publicados pelo Instituto Internacional
de Investigação para a Paz, de Estocolmo. Mais da metade das importações vem dos EUA, que
não só continuam na liderança, como aumentaram as suas exportações de armas em
17% entre 2014-18 e 2019-23.
Ainda de acordo com os dados, pela primeira vez, a França aparece como o segundo
maior exportador de armas, com aumento de 47% de suas exportações entre 2014-18 e 2019-
23. A maior parte das exportações de armas da França (42%) foi para países da Ásia e da Oceania.
O maior destinatário individual das exportações de armas francesas foi a Índia, que recebeu
quase 30%. A Rússia passou a ocupar a terceira posição, tendo as suas exportações de armas
diminuído para metade (-53%). Já a Ucrânia, que tem recebido carregamentos tanto da EU
quanto dos EUA, passou a ser o quarto maior importador de armas a nível mundial, tendo sido
destino do armamento enviado por mais de 30 estados em 2022-23.
Considerações finais
172
Mulheres na força de trabalho na Ásia e Região Mena. O que está faltando?
Women in the workforce in Asia and the Mena Region. What is missing?
Lucia Marques
Resumo: O novo olhar, com novos dados, para análise sobre o avanço na igualdade de gênero
no mundo, mostra os gaps entre as leis e a prática e que até mesmo os países mais ricos deixam
a desejar. É o que aponta o novo relatório do Banco Mundial Mulheres, Empresa e Lei 2024. O
estudo mostra que os governos de muitos países não aplicaram adequadamente as leis
existentes. E sinaliza que ações como campanhas esclarecedoras, para quebra de conceitos e
preconceitos tanto no universo marco das finanças, quanto no universo dos comportamentos
históricos machistas que se perpetuam, são necessários. Ásia e Região Mena, juntamente com
a África subsaariana são as regiões com os menores índices de evolução, embora tenha havido
avanços significativos. Outros relatórios e estudos corroboram a análise do Banco Mundial e
reafirma a necessidade de uma abordagem holística ou levaremos 131 anos para alcançar a
igualdade, como apontou o Fórum Econômico Mundial. No Tabuleiro da Geopolítica, Gaza no
discurso no Congresso do presidente dos EUA, Joe Biden, e a ambiguidade que reflete a fraqueza
do líder.
Palavras chaves: Igualdade de gênero, gap entre lei e prática, Ásia e Região Mena, Gaza e Biden
Abstract: A new point of view, with new data, to analyze progress in gender equality in the world,
shows the gaps between laws and practice and that even the richest countries leave something
to be desired. This is what the new World Bank report Women, Business and Law 2024 points
out. The study shows that governments in many countries have not adequately applied existing
laws. And it signals those actions such as enlightening campaigns, to break down concepts and
prejudices both in the framework universe of finance and in the universe of historical sexist
behaviors that are perpetuated, are necessary. Asia and the Mena Region, together with sub-
Saharan Africa, are the regions with the lowest rates of evolution, although there have been
significant advances. Other reports and studies corroborate the World Bank's analysis and
reaffirm the need for a holistic approach or it will take 131 years to achieve equality, as pointed
out by the World Economic Forum. On the Geopolitics Board, Gaza in US President Joe Biden's
speech to Congress and the ambiguity that reflects the leader's weakness.
Keywords: Gender equality, gap between law and practice, Asia and Mena Region, Gaza and
Biden
207
Chris Doyle, diretor do Conselho para o Entendimento Árabe-Britânico em Londres, em artigo
comentando o discurso do presidente americano Joe Biden. https://www.arabnews.com/node/2474811
173
“Investir nas Mulheres: Acelerar o Progresso” é tema de 2024 da ONU Mulheres
(UNWOMEN) para o Dia Internacional da Mulher. Segundo a UNWOMEN, uma em cada 10
mulheres no mundo vive em extrema pobreza.208 Esse dado se agrava quando as sequelas da
pandemia, as guerras e as crises estão corroendo as conquistas de décadas de investimentos em
igualdade de gênero. Do Oriente Médio ao Haiti, Sudão, Myanmar, Ucrânia, Afeganistão e outros
lugares, as mulheres pagam o maior preço por conflitos que não foram criados por elas. A
necessidade de paz nunca foi tão urgente.
• O número de mulheres e meninas que vivem em áreas afetadas por conflitos dobrou
desde 2017, mais de 614 milhões de mulheres e meninas vivem em áreas afetadas por conflitos.
Em áreas de conflito, as mulheres têm 7,7 vezes mais chances de viver em extrema pobreza.
• A mudança climática deve deixar mais 236 milhões de mulheres e meninas com fome
até 2030, duas vezes mais homens (131 milhões).
Mais mulheres do que homens vivem na pobreza em geral. O Banco Mundial estima que
a emergência climática poderá empurrar mais 1,6 milhões de pessoas para a pobreza neste país
da África Austral até 2050. O Fórum Económico Mundial de Davos prevê que a igualdade de
gênero global levará 131 anos a ser alcançada209. Mas não dá para esperar tanto tempo.
Atualmente, mais de 10% das mulheres em todo o mundo estão presas em um ciclo de
pobreza extrema, vivendo com menos de US $ 2,15 por dia. No ritmo atual de progresso, cerca
de 342 milhões de mulheres (8%) ainda estarão vivendo em extrema pobreza até 2030.
208
https://www.unwomen.org/en/news-stories/press-release/2024/03/1-in-every-10-women-in-the-
world-lives-in-extreme-poverty
209
https://www.weforum.org/agenda/2024/01/microlending-women-entrepreneurs-gender-gap-
poverty/
210
https://www.unwomen.org/en/news-stories/explainer/2024/02/how-can-gender-equality-reduce-
poverty
174
especialmente na Região Mena e Ásia, onde mulheres são vítimas da violência baseada em
gênero.
175
Seguindo esse olhar holístico, o novo relatório do Banco Mundial Mulheres, Empresas e
Lei 2024 apresenta uma imagem ampla dos obstáculos que as mulheres enfrentam para
ingressar na força de trabalho global e contribuir para o aumento da prosperidade — delas
próprias, de suas famílias e de suas comunidades. A análise buscou examinar leis e mecanismos
políticos que afetam as decisões econômicas que as mulheres tomam à medida que passam por
diferentes estágios de suas vidas profissionais, direta ou indiretamente.
O estudo expande o escopo da análise, acrescentando dois indicadores que podem ter
um papel crucial na ampliação ou restrição das opções das mulheres: segurança contra violência
e acesso a serviços de cuidados infantis, e incluiu opinião de especialistas. Quando são
introduzidas essas medidas, as mulheres desfrutam, em média, de apenas 64% das proteções
legais oferecidas aos homens — muito menos que a estimativa anterior de 77%.
176
Página 15 do relatório
Página 17 do relatório
Essa abordagem holística para eliminar as barreiras estruturais que as mulheres e jovens
enfrentam é o que também recomenda o relatório do Global Gender Gap, do Fórum de
Econômico de Davos, que avalia anualmente a igualdade de gênero em quatro dimensões
principais: participação econômica, sucesso educacional, saúde e empoderamento político.
Entre as abordagens, sugere reformas institucionais que transferem capital para as mulheres
mais rapidamente e a custos mais baixos podem gerar lucros para ambas as partes e encurtar o
prazo da paridade de género em décadas, se não mais.211 E o caminho sinalizado pelo Fórum é
“desmantelar” os preconceitos de gênero nos sistemas financeiros e nos sistemas agrícolas onde
as mulheres desempenham um papel crucial, embora em grande parte invisível.
O relatório, em comparação com outras regiões, aponta que a Região Mena (Médio
Oriente e o Norte de África) continuam a ser os mais distantes da paridade, com uma pontuação
de paridade de 62,6 por cento.212 Isso representa uma queda de 0,9% na paridade desde a última
edição. Os Emirados Árabes Unidos (71,2%), Israel (70%) e Bahrein (66,6%) alcançaram a maior
211
https://www.weforum.org/agenda/2024/01/microlending-women-entrepreneurs-gender-gap-
poverty/
212
https://www3.weforum.org/docs/WEF_GGGR23_news_realease_PT.pdf
177
paridade na região, enquanto cinco países, liderados por Bahrein, Kuwait e Qatar, aumentaram
sua paridade em 0,5% ou mais. Em muitas economias da região, um grande número de mulheres
com elevados níveis de escolaridade está fora do mercado de trabalho formal. A região não pode
permitir-se continuar a subutilizar este capital humano vital.
O Sul da Ásia alcançou 63,4% de paridade de gênero, o que representa uma melhoria
de 1,1 ponto percentual desde a última edição. Isso pode ser parcialmente atribuído a melhores
pontuações em países populosos, como Índia, Paquistão e Bangladesh. O sul da Ásia tem a maior
desigualdade de gênero em participação econômica e oportunidades (37,2%) de todas as
regiões, embora tenha havido uma melhora de 1,4 ponto percentual desde a última edição.
213
https://www.imf.org/en/Blogs/Articles/2023/09/27/countries-that-close-gender-gaps-see-
substantial-growth-returns
214
https://pt.euronews.com/2024/03/08/fmi-diz-que-igualdade-entre-mulheres-e-homens-e-um-meio-
poderoso-para-favorecer-cresciment
178
ainda sobrecarrega a mulher com as atarefas domésticas e a carga dos filhos precisa repensar
seus incentivos.
O relatório do Banco Mundial 2024 Mulheres, Empresas e Direito mostra que a maioria
dos países atinge pontuação baixa nas leis relacionadas a cuidados infantis. Em média, as
mulheres gastam, todos os dias, 2,4 horas a mais que os homens com tarefas relacionadas a
cuidados não remunerados — e uma grande parte dessas tarefas envolve crianças. A expansão
do acesso a cuidados infantis tende a aumentar inicialmente a participação das mulheres na
força de trabalho em cerca de 1 ponto percentual, e esse efeito mais que se duplica no prazo de
cinco anos. Atualmente, apenas 78 economias — menos da metade do total — fornecem algum
apoio financeiro ou tributário a pais e mães com filhos pequenos. Apenas 62 economias —
menos de um terço do total – adotaram padrões de qualidade para serviços de cuidados infantis,
uma vez que, na ausência desses serviços ou políticas públicas muitas mulheres com crianças
pequenas sentem dificuldade ou hesitam ingressar ou retornar ao mercado de trabalho.
Essas questões trazidas pelos novos indicadores do Banco Mundial podem ser
exemplificados na China e na Austrália.
215
https://www.reuters.com/world/china/more-chinese-women-choosing-singledom-economy-
stutters-2024-03-07/
216
https://www.reuters.com/world/asia-pacific/australia-make-pension-contributions-workers-paid-
parental-leave-2024-03-07/
179
continuam a restringir o papel das mulheres na sociedade e na economia asiática, e em muitas
nações do continente as mulheres têm dificuldade em exercer os seus direitos legais devido à
discriminação de gênero.
Não foi à toa que o Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres, destacou que podem
ser necessários programas e quotas específicos para combater o “preconceito inato” e
desmantelar os obstáculos à igualdade, disse Guterres ao lançar o plano de ação da ONU para o
empoderamento feminino.217
No mundo árabe, no qual todos estão submetidos à Sharia, Lei Islâmica, o caminho para
alcançar a igualdade de gênero encontrou na Arábia Saudita um farol para direcionar essa
transformação. O Reino saudita, que a partir de 2019 começou a implantar reformas para
inclusão das mulheres no mercado de trabalho, no âmbito da Visão 2030 do príncipe herdeiro
saudita, Mohamed bin Salman, tem investido pesadamente na participação das mulheres em
áreas estratégicas.219 Hoje, as mulheres ocupam 20 % dos 152 assentos no Conselho [Consultivo]
Shoura Saudita e posições-chave em ministérios e órgãos governamentais. Vinte e nove por
cento dos cargos de gestão médios e superiores do sector privado são ocupados por mulheres
e 45 por cento das Pequenas e Médias Empresas no Reino são lideradas por mulheres. E,
corroborando essa nova visão, vimos a nova diretora da OMS Mediterrâneo Oriental (OMS-
EMRO), Dra. Hanan Hassan Balkhy, ser empossada em janeiro, a primeira mulher a assumir essa
cargo na EMRO. Ela foi indicação da Arábia Saudita.220
Outras ações podem servir de exemplo. A Visão 2030 do Egito incorporou uma
Estratégia Nacional para o Empoderamento das Mulheres Egípcias, estabelecendo o objetivo de
atingir uma taxa de participação feminina de 35 por cento na força de trabalho até 2030. Da
mesma forma, a “Visão de Modernização Econômica” da Jordânia visa a criação de 1 milhão de
empregos. e pretende duplicar a taxa de participação feminina na força de trabalho até 2033.
217
https://www.un.org/sg/en/content/sg/statement/2024-03-08/secretary-generals-remarks-the-
observance-of-international-womens-day-
delivered?_gl=1*1w2h4qy*_ga*NzUzMDEwNzk1LjE1ODk4OTk2MjY.*_ga_S5EKZKSB78*MTcxMDE4MzA
xNS4xNzcuMS4xNzEwMTgzNDExLjYwLjAuMA..*_ga_TK9BQL5X7Z*MTcxMDE4MzAxNS41OC4wLjE3MTAx
ODMwMTUuMC4wLjA.
218
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mulheres_na_%C3%81sia
219
https://www.ilo.org/beirut/media-centre/news/WCMS_906920/lang--en/index.htm
220
Marques, L. Regionais da OMS – Mediterrâneo Oriental, Pacífico Ocidental e Sudeste Asiático - elegem
seus novos diretores e não há mais espaço para o business-as-usual em Cadernos CRIS-Informe 17-2023,
p236-245.
180
Além disso, Marrocos lançou um programa nacional para aumentar a participação das mulheres
na força de trabalho para 30 por cento até 2026.221
NO TABULEIRO DA GEOPOLÍTICA
O recente discurso do presidente dos EUA, Joe Biden, no Congresso americano, sobre o
Estado da União, foi uma prestação do contas e o lançamento de suas prioridades no futuro,
visando as eleições presidenciais. Foi carregado de frases como: “a liberdade e a democracia
estão sob ataque no mundo”; “se os EUA se afastarem agora, [...] colocarão o mundo em risco”
– e quem são os donos das armas que estão alimentando as guerras? -; “estamos tomando
medidas históricas” e “a ação climática mais significativa da história do mundo”, falando sobre
as mudanças climáticas – será mesmo?
Inicialmente, esse espaço seria dedicado à análise ampla do discurso, mas como a
guerra de Israel contra Gaza ocupou um bom espaço no discurso, vale à pena refletir sobre as
ambiguidades sobre a guerra - no discurso e na prática – que refletem a fraqueza de Joe Biden,
que “em vez de exercer todo o poder do seu cargo e submeter um aliado recalcitrante, ele
permitiu que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ditasse os termos”, como bem
escreveu Chris Doyle, diretor do Conselho para o Entendimento Árabe-Britânico em Londres.
Doyle não foi o único a criticar o discurso e seu aspecto “confuso” quando se trata da
guerra em Gaza. “o contínuo armamento de Israel e a recusa em condenar as suas políticas
devastadoras em Gaza podem custar-lhe [a Biden] votos nas eleições em novembro. Como
resultado, Biden sentiu-se compelido a abordar a questão [em seu discurso], mas a sua
abordagem foi, na melhor das hipóteses, confusa.”, escreveu James Zogby, presidente do Arab
American Institute, que complementou: “por um lado, o presidente dos EUA continua a
prometer apoio total a Israel e ao seu suposto “direito de se defender”, enquanto, por outro
lado, tenta moderar este apoio apelando também a Israel para que demonstre mais
preocupação pelos civis palestinianos.”
Ao mesmo tempo que Biden afirma que vai continuar enviando armas para Israel, fala
que seus militares irão construir uma doca flutuante no Mediterrâneo para chegada de ajuda a
Gaza – que vai levar pelo menos 60 dias para ser construída. Ao mesmo tempo que diz que Israel
deve proteger e salvar vidas, afirma que Israel tem o direito de se perseguir o Hamas.
Essa ambiguidade, carregada de “pouco caso” foi muito bem descrita no artigo de Doyle,
publicado no Arab News, aqui transcrito com tradução livre:
Os palestinos em Gaza devem estar confusos. A maioria sabe que foram as bombas
americanas que as forças israelitas usaram para pulverizar quase cada centímetro quadrado do
seu enclave sitiado. Pacotes de alimentos americanos também estão chegando a eles. Morte ou
jantar; bombas ou pão. A maioria dos palestinianos em Gaza provavelmente não assistiu nem
leu “Jogos Vorazes”, mas a sensação de que as suas vidas estão a ser brincadas é forte.
Enfatizando a absurda loteria letal das entregas de ajuda, cinco palestinos foram mortos
e 10 feridos quando um palete colidiu com eles depois que seu paraquedas não abriu. A
221
https://www.thenationalnews.com/opinion/comment/2024/03/08/the-mena-region-needs-more-
women-in-the-workforce/
181
comunidade internacional violou tantos dos princípios fundamentais do direito internacional e
da prestação de ajuda que quase não vale a pena mencionar a destruição do princípio “não
causar danos” neste contexto, já que até agora 23 palestinianos morreram de fome e
desidratação. Correção: 23 palestinos morreram de fome e desidratados.
Sim, a atual liderança americana desenvolveu uma estranha aversão de última hora a
ver bebês palestinianos e outras pessoas morrerem de fome. Não parece bom, mas também o
bombardeamento massivo de grande parte de Gaza também não. Esta consciência mal existiu
quando escolas, hospitais, mesquitas, igrejas e casas desmoronaram sob as bombas
destruidoras de bunkers de 900 kg que os EUA forneceram.
O presidente Joe Biden deu um passo incomum ao atacar Israel em seu discurso sobre
o Estado da União. “À liderança de Israel, digo o seguinte: a assistência humanitária não pode
ser uma consideração secundária ou uma moeda de troca. Proteger e salvar vidas inocentes tem
que ser uma prioridade.” Porque é que tal declaração não foi feita quando Israel impôs um cerco
total em outubro, perguntam os palestinianos.
Biden também anunciou um plano para construir um cais em Gaza. “Esta noite, dou
instruções aos militares dos EUA para liderarem uma missão de emergência para estabelecer
um cais temporário no Mediterrâneo, na costa de Gaza, que possa receber grandes remessas
transportando alimentos, água, medicamentos e abrigos temporários.”
A rota marítima levará tempo para ser estabelecida. Sessenta dias, segundo o
Pentágono – dias que a maioria dos palestinos não tem. Quando estiver totalmente operacional,
os EUA afirmam que poderão entregar até 2 milhões de refeições por dia. O primeiro navio,
espanhol, está pronto para deixar Chipre, mas não está claro como irá descarregar a sua carga.
Pelo menos tem um possível benefício a médio e longo prazo.
Os lançamentos aéreos foram em grande parte para exibição. São o meio mais
dispendioso, mais perigoso e menos eficiente de levar ajuda a Gaza. Ninguém no setor
humanitário ficou entusiasmado com os lançamentos aéreos. Para a maioria dos palestinos, são
apenas uma tentativa um tanto vazia de sinalização de virtude.
Alguns paletes continham refeições de micro-ondas, pouco úteis em uma Faixa que está
privada de eletricidade desde o início de outubro do ano passado. E garrafas de molho Tabasco
e doces Skittles fizeram parte do primeiro lançamento aéreo dos EUA em Gaza.
Israel permitiu isso. Talvez o Estado que impôs um cerco total a Gaza não tivesse muita
escolha. Em outubro, não existia tal intenção de permitir comida e água aos palestinianos.
Muitos ainda se opõem a isso agora, incluindo ministros do governo. Ainda assim, Israel insistiu
que deve inspecionar toda a ajuda que entra em Gaza, independentemente dos meios. Tâmaras
e outras frutas secas foram rejeitadas simplesmente porque os caroços não foram removidos. A
182
realidade é que o número médio de camiões que entram em Gaza é 20 por cento do que era
antes de 7 de outubro, embora a necessidade tenha aumentado.
Sejamos claros. A maneira mais rápida e eficiente de levar ajuda vital a uma população
faminta é por meio de caminhões e não por via aérea. A rota marítima levará algum tempo para
ficar operacional, embora, a longo prazo, haja benefícios em Gaza ter um porto, desde que Israel
não o bombardeie. Como deixou claro a agência humanitária Médicos Sem Fronteiras, tudo isto
é uma “distração”.
Os EUA também poderiam ter lembrado a Israel que, como potência ocupante, tem
responsabilidade legal pelo bem-estar da população sob ocupação. É Israel quem deveria
fornecer essa ajuda, e não o contribuinte dos EUA. Israel deveria voltar a ligar a água e fornecer
a eletricidade.
Tudo isto apenas chama a atenção para a fraqueza de Biden. Em vez de exercer todo o
poder do seu cargo e submeter um aliado recalcitrante, ele permitiu que o primeiro-ministro
israelita, Benjamin Netanyahu, ditasse os termos do compromisso, por mais ridículos que
fossem.
Israel, claro, afirma que o Hamas desvia grande parte da ajuda. As evidências, como
sempre, são escassas. Não há dúvida de que isso acontece. Mas o que importa mais: uma
população faminta sendo alimentada ou se os combatentes do Hamas recebem água e farinha.
Noutros contextos, a ajuda não é restringida. Nenhuma potência interrompeu a ajuda à Síria por
medo de que os soldados do regime sírio pudessem obter algum arroz. Matar o Hamas de fome
é admitir que usa a fome como arma de guerra, só que Israel estendeu isso a toda uma
população.
222
Os EUA usam das sanções para punir e/ou impedir ações e avanços de seus rivais. Mas não há uma
sanção direcionada a Israel.
223
Refeição farta, feita em família, após o crepúsculo, quando encerra o jejum de 12 a 17 horas, durante
o Ramadã, mês sagrado dos mulçumanos, que, este ano, começou em 11 de março – é baseado no
calendário lunar.
183
passagens fronteiriças e receberem ajuda, mas também para acabarem com os
bombardeamentos e massacres. É verdadeiramente vergonhoso.”
Considerações finais
A igualdade de gênero é vista como uma parte essencial do esforço para eliminar a
pobreza e fazer a transição para economias mais verdes. Apesar dos progressos, os relatórios e
estudos apontam que as mulheres continuam a suportar o peso da crise do custo de vida, da
crise climática e das perturbações no mercado de trabalho
O mundo árabe,
que só recentemente
começou a olhar para a
importância do papel e da
influência da mulher na
força de trabalho, esbarra
nas defasadas leis baseadas
na Sharia, Lei Islâmica.
Nesse quesito, Arábia
Saudita, como guardião
religioso,224 tem atuado
como um farol, atualizando
leis, transformando a
participação das mulheres
na força de trabalho, nos Mulher saudita dirige um trem de alta velocidade que transporta
negócios e na liderança, peregrinos para Meca. (AFP) -
https://www.arabnews.com/node/2472971/saudi-arabia
promovendo ao mesmo
tempo o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável.225 A decisão do reino saudita
de investir na participação das mulheres em áreas estratégicas, em posições chaves de posições-
chave em ministérios e órgãos governamentais tem provocado transformações. Mas, muito
ainda há que ser feito. E urgentemente.
“É urgente — mais do que nunca — que aceleremos nossos esforços para reformar as
leis e promulgar políticas públicas capazes de empoderar as mulheres e permitir que trabalhem
mais e abram e expandam suas próprias empresas”, disse Tea Trumbic, principal autora do
relatório do Banco Mundial. “Atualmente, apenas metade das mulheres faz parte da força de
224
Meca, a cidade para onde todo islão deve peregrinar pelo menos uma vez na vida, fica no Reino e toda
uma infraestrutura
225
Em 2020, um estudo do Ministério do Trabalho saudita em parceria com a Organização Internacional
do Trabalho apontou as melhores áreas para avançar na igualdade de gênero e promover mudanças
permanentes.
184
trabalho global, em comparação com quase três em cada quatro homens. Isso não apenas é
injusto, mas também constitui um desperdício. Aumentar a participação econômica das
mulheres é a chave para amplificar suas vozes e moldar as decisões que as afetam diretamente.
Os países simplesmente não podem se dar ao luxo de marginalizar metade de sua população.”226
Além disso, como dizem os especialistas, as mulheres são fundamentais para qualquer
solução climática sustentável. São as pessoas que estão mais próximos da terra, da água e de
outros recursos naturais que estão cada vez mais em risco. São, portanto, também elas que
melhor compreendem a importância de preservá-los.227
226
https://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2024/03/04/new-data-show-massive-
wider-than-expected-global-gender-gap
227
https://www.wfp.org/stories/how-wfp-supporting-women-crossroads-climate-change-and-
hunger
185
Duas Sessões: Novas Forças Produtivas
Two Sessions: New Productive Forces
Abstract. China's national legislative and advisory bodies held meetings in Beijing. The
concept of "New Quality Productive Forces" was widely debated and increased investments
in basic research were presented. Among the priorities, the development of artificial
intelligence. Wang Yi, the top diplomat, said this year would be important for the Global
South and questioned the legitimacy of the United States. A new global health research and
development report points to an increase in new substances launched by Chinese companies
and a trend towards nationalization of clinical trials.
186
Socioeconômica228,229,230,231,232,233,234,235,236
• Na semana passada, a China realizou a décima quarta sessão das "Duas Sessões". As
"Duas Sessões" da China referem-se às reuniões anuais do Congresso Nacional do Povo e da
Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. O Congresso Nacional do Povo é o mais alto
órgão de poder da China, composto por representantes eleitos de todas as províncias, regiões
autônomas, municipalidades e do exército, e é responsável por elaborar e revisar as leis do país,
e escolher os líderes nacionais importantes. Por outro lado, a Conferência Consultiva Política do
Povo Chinês é um órgão político consultivo composto por representantes de diversos setores da
sociedade, incluindo partidos políticos, grupos democráticos, organizações sociais, minorias
étnicas, representantes religiosos, pessoas sem filiação partidária e representantes de HK,
Macau e Taiwan. Sua função é apresentar sugestões e opiniões políticas, além de oferecer
consultoria e participação nas grandes decisões políticas do país. Pode-se dizer que as "Duas
Sessões" têm uma grande importância política na China. Durante essas reuniões, são discutidos
e aprovados diversos documentos, como leis, relatórios de trabalho do governo e planos
econômicos, que abrangem aspectos econômicos, sociais e culturais da China, tendo assim uma
importância significativa para a direção política do país e para o desenvolvimento nacional como
um todo.
228
National Committee of the Chinese People’s Political Consultative Conference. (2023, March 28).
Retrieved from
http://www.cppcc.gov.cn/zxww/2023/03/28/ARTI1679993442602411.shtml?eqid=eb9bd8a20135de380
00000026432b8a3
229
What is National People’s Congress? (2323, March). Retrieved from
http://www.npc.gov.cn/npc/c2/c30834/202303/t20230303_423795.html.
230
China National Committee of the Chinese People’s Political Consultative Conference Standing
Committee,Report on the Proposal Work Since the First Session of the Fourteenth National Committee of
the Chinese People’s Political Consultative Conference. (2024, March). From Xinhua Net.
http://www.xinhuanet.com/20240310/b4a28d120130425f86b24a262aa1bef4/c.html
231
Xinhua News Agency. (2023, September 10). General Secretary Xi Jinping mentioned “new productive
forces” for the first time [习近平总书记首次提到“新质生产力”].
http://www.xinhuanet.com/20230910/article123456789.html
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Qiu Shi Wang(2024, March 9). Accelerating the deep integration of artificial intelligence and
manufacturing [加快推进人工智能与制造业深度融合]. Retrieved from
http://www.qstheory.cn/laigao/ycjx/2024-03/09/c_1130087238.htm
235
Internet Society of China. (2023). China Internet Development Report 2023 [《中国互联网发展报告
2023》]. Retrieved from https://www.isc.org.cn/mobile/article/17333342358990848.html
236
Global Times. China issues world’s 1st legally binding verdict on copyright infringement of AI-generated
images [Homepage on the Internet]. Globaltimes.cn. [cited 2024 Mar 11];Available from:
https://www.globaltimes.cn/page/202402/1307805.shtml
187
"Duas Sessões". Novas forças produtivas de qualidade são aquelas em que a inovação
desempenha um papel dominante, que rompem com os tradicionais modos de crescimento
econômico e caminhos de desenvolvimento das forças produtivas, caracterizadas por alta
tecnologia, eficiência e qualidade, alinhadas com os princípios de desenvolvimento sustentável.
Além disso, uma nova palavra-chave no Relatório de Trabalho do Governo deste ano
tem provocado discussões intensas - "Inteligência Artificial+", considerada essencial para as
novas forças produtivas de qualidade. No Relatório de Trabalho do Governo deste ano, em torno
do tema de acelerar o desenvolvimento de novas forças produtivas de qualidade e promover a
inovação e o desenvolvimento da economia digital, foram propostas uma série de medidas
concretas relacionadas a esta revolução digital. O "AI+" é uma dessas novas ações.
Existem várias interpretações sobre o que está por trás deste sinal de adição. Na visão
do presidente da Xiaomi, Lei Jun, o sinal de adição representa a combinação da inteligência
artificial com diversas indústrias e cenários de aplicação, aplicando efetivamente a inteligência
artificial em todos os aspectos da economia nacional.
188
produto interno bruto (PIB) total da China; o valor correspondente nos Estados Unidos em 2020
foi de 3,6%.237
Diplomática 238,239,240
Perguntado sobre a relação com os EUA, Wang repetiu que “a percepção errada dos
EUA em relação à China continua e as promessas dos EUA não são verdadeiramente cumpridas”.
Ele fez uma série de perguntas: “Se os EUA dizem uma coisa e fazem outra, onde está sua
credibilidade como um grande país? Se ficam nervosos sempre que ouvem a palavra "China",
onde está sua confiança como um grande país? Se eles querem prosperar, mas negam o
desenvolvimento legítimo de outros países, onde está a justiça internacional? Se monopolizam
persistentemente o alto nível da cadeia de valor e mantêm a China no baixo nível, onde está a
justiça na competição? O desafio para os EUA vem de si mesmos, não da China”.
Sanitária
• A China deu grandes passos no lançamento de novos medicamentos nos últimos cinco
anos, segundo relatório da Iqvia, uma consultoria estadounidense para o setor de indústria de
saúde. Entre 2019 e 2023, a China ocupou o segundo lugar em número de novos medicamentos
com 192 aprovações. Os EUA lideram o ranking, com 267, de acordo com o relatório “Global
Trends in R&D” . Juntos, Reino Unido, Itália, França, Alemanha e Espanha lançaram 182 novas
substâncias. Em relação aos ensaios clínicos, o relatório aponta uma nacionalização dos testes,
com o número médio de países nos ensaios clínicos diminuindo, especialmente nas fases II e III.
Uma explicação é o aumento dos ensaios clínicos na China.
237
Mallapaty, S. (2024). China promises more money for science in 2024. Nature.
https://doi.org/10.1038/d41586-024-00695-4
238
Member of the Political Bureau of the CPC Central Committee and Foreign Minister Wang Yi Meets the
press [Homepage on the Internet]. Gov.cn. 2024 [cited 2024 Mar 11];Available from:
https://www.mfa.gov.cn/eng/zxxx_662805/202403/t20240307_11255682.html
239
South China Morning Post. WATCH LIVE: China’s top diplomat Wang Yi meets the press [Homepage on
the Internet]. 2024 [cited 2024 Mar 11];Available from:
https://www.youtube.com/watch?v=EPCwgL0PK34
240
MFA News [Homepage on the Internet]. Gov.cn. [cited 2024 Mar 11]; Available from:
https://www.fmprc.gov.cn/eng/wjbxw/
189
190
Atualização EUA
Guto Galvão
Resumo :O discurso do Estado da Nação do Presidente Biden em 2024 abordou vários desafios
cruciais para os Estados Unidos. Biden destacou a importância da unidade e do bipartidarismo
para enfrentar esses desafios. Os principais pontos incluem: Economia, Guerra na Ucrânia,
Mudanças Climáticas, Saúde Pública, Segurança Pública, Imigração e Justiça Racial. As
Academias Nacionais de Ciências, Medicina e Engenharia dos EUA prepararam anotações sobre
o Discurso do presidente Joe Biden e remetem o leitor a vários recursos disponíveis.
Summary: President Biden's 2024 State of the Nation address During his recent speech,
President Joe Biden addressed a number of crucial challenges facing the United States. He
emphasized the importance of unity and bipartisanship in tackling these challenges. The speech
covered several key topics including the economy, the war in Ukraine, climate change, public
health, public safety, immigration, and racial justice. The U.S. National Academies of Sciences,
Medicine, and Engineering have taken notes on the speech and provided links to various
resources for those who want to learn more.
Keywords: President Biden's State of the Nation Address, National Academy of Medicine
1. Economia
O presidente Biden destacou a forte recuperação económica dos EUA, com a criação de
mais de 12 milhões de novos empregos e a redução da taxa de desemprego para 3,6%.
Biden também abordou a inflação, reconhecendo o impacto que ela tem nas famílias
americanas e prometendo medidas para combatê-la.
2. Guerra na Ucrânia
191
3. Mudanças Climáticas
4. Saúde Pública
Biden também apelou ao Congresso para aprovar mais recursos para combater a COVID-
19.
5. Segurança Pública
Biden também apelou ao Congresso para aprovar mais medidas para combater a
violência armada.
6. Imigração
Ele mencionou a sua proposta de reforma imigratória, que inclui um caminho para a
cidadania para milhões de imigrantes indocumentados.
Biden também apelou ao Congresso para aprovar uma reforma imigratória bipartidária.
7. Justiça Racial
Ele mencionou a sua iniciativa de policiamento 21st Century Policing Initiative, que visa
promover a justiça racial e a confiança entre as comunidades e as forças da lei.
Biden também apelou ao Congresso para aprovar medidas para promover a justiça
racial.
192
membros do Congresso que se opõem a ajudar a Ucrânia. O presidente destaca o compromisso
dos Estados Unidos com a Otan e saúda a recente adesão da Suécia à organização.
O presidente mencionou duas histórias pessoais durante seu discurso. Ele falou sobre
uma mulher que teve o acesso negado à fertilização in vitro por causa da reviravolta de Roe v.
Wade. Ele também falou sobre outra mulher que foi forçada a viajar para fora do estado para
um aborto devido a leis restritivas. O presidente instou o Congresso a codificar Roe v. Wade e
garantir o direito à fertilização in vitro em todo o país.
193
Sobre a menção do presidente sobre A remoção de tubos de chumbo garante água limpa
para as crianças. A Internet de alta velocidade a preços acessíveis deve estar disponível em todo
o lado. Investir em comunidades tribais é crucial. Estamos ajudando a agricultura familiar a se
manter dentro da família. Belvidere, Illinois é uma grande história de sucesso. Milhares de
empregos foram salvos e uma nova fábrica de baterias está sendo construída. Podemos alcançar
grandes coisas quando trabalhamos juntos. A Academia listou o documento Acesso a empregos,
oportunidades econômicas e educação em áreas rurais
O presidente em seu discurso falou: Tenho orgulho de ter proposto e assinado uma lei
que reduziu o custo da insulina para idosos com diabetes. Em vez de pagar R$ 400 por mês, agora
eles só precisam pagar R$ 35 por mês. Quero estender esse limite para todos os americanos que
precisam de insulina, limitando o custo em US $ 35 por mês.
Essa lei também deu ao Medicare o poder de negociar preços mais baixos para
medicamentos prescritos, o que não apenas economizou dinheiro dos idosos, mas também
reduziu o déficit federal em US$ 160 bilhões. O Medicare está atualmente negociando preços
mais baixos para alguns dos medicamentos mais caros do mercado, e eu quero dar ao Medicare
o poder de negociar preços mais baixos para 500 medicamentos na próxima década,
economizando aos contribuintes mais US$ 200 bilhões.
A partir do próximo ano, a lei também limita os custos totais de medicamentos prescritos
para idosos no Medicare em US $ 2.000 por ano, mesmo para medicamentos caros contra o
câncer que podem custar US $ 10.000 a US $ 15.000 por ano. Quero estender esse limite a todos.
O Affordable Care Act ainda é um grande negócio, já que mais de 100 milhões de pessoas
não podem mais ter o seguro de saúde negado por causa de condições pré-existentes. Não
permitirei que o meu antecessor e outros revoguem esta proteção. Em vez disso, estou
protegendo e expandindo isso promulgando créditos fiscais que economizam US $ 800 por
pessoa por ano, reduzindo os prêmios de saúde para milhões de famílias trabalhadoras. Quero
tornar esses créditos tributários permanentes.
Por último, penso que a investigação sobre a saúde da mulher sempre foi subfinanciada,
apesar de as mulheres representarem mais de metade da nossa população.
Os EUA gastam mais com o parto, mas os resultados para mães e recém-nascidos são
piores do que outros países com altos recursos. Uma iniciativa da Casa Branca sobre pesquisa de
saúde da mulher está sendo lançada para transformar a pesquisa de saúde da mulher com US$
12 bilhões. Um crédito fiscal de US$ 400 por mês durante dois anos está sendo fornecido para os
americanos colocarem em sua hipoteca. As taxas de seguro de propriedade para hipotecas
apoiadas pelo governo federal estão sendo eliminadas, e leis antitruste estão sendo aplicadas
para reprimir grandes proprietários que aumentam os aluguéis. O plano é construir e reformar
2 milhões de casas acessíveis para reduzir os aluguéis. O acesso à pré-escola para crianças de 3
e 4 anos está sendo fornecido para dar a todas as crianças um bom começo.
194
Sobre a afirmação do presidente sobre. Educação das crianças com foco em ciências e
em um foco holístico a academia ofereceu os textos: Ascensão e Prosperar com a Ciência:
Ensinando PK-5 Ciência e Engenharia e Ciência e Engenharia na Educação Infantil até o Ensino
Fundamental: O Brilho das Crianças e os Pontos Fortes dos Educadores, Transformando a força
de trabalho para crianças nascidas até os 8 anos: uma fundação unificadora, Aprendizagem
Matemática na Primeira Infância: Caminhos para a Excelência e Equidade e Identificando e
apoiando programas STEM produtivos em ambientes fora da escola
Estudos mostram que as crianças que vão para a pré-escola têm quase 50% mais chances
de terminar o ensino médio e ganhar um diploma de 2 ou 4 anos, independentemente de sua
origem. Quero expandir a tutoria de alta qualidade e o tempo de aprendizagem de verão e cuidar
para que todas as crianças aprendam a ler até a terceira série.
195
O sermão do Capitólio
Adhemar Bahadian
Na visão de Trump - e o cito aqui por óbvias razões de representar a liderança de uma
corrente que não se deve ignorar nem minimizar - o “progressismo" infelizmente se apoia na
crescente supressão das instituições democráticas e numa revitalização dos piores mecanismos
de um capitalismo antropofágico. Não é por perseguição política que Trump está condenado a
pagar meio bilhão de dólares por decisão judicial em casos e litígios que desafinam o teclado da
integridade moral, da honestidade comercial e da responsabilidade cívica. Não hesito em
classificar o projeto político de Trump como de natureza essencialmente “regressiva", pois nele
recua-se a voluntarismos e autoritarismos que historicamente nos levaram às duas grandes
guerras do século XX e ao monopólio dual, hoje um pouco mais ampliado, da capacidade de
destruição nuclear da humanidade. Não entro aqui no componente teocrático do projeto
político de Trump, porque sinceramente não sei quem parasita quem: se Trump é o escorpião
nas costas do sapo que atravessa o rio ou se a liturgia apocalíptica encontra em Trump sua
inteligência artificial. Deixo este tema, importantíssimo, para futuras reflexões.
E o discurso de Biden no Capitólio, a que veio? Antes de mais nada, parabéns a Biden
por ter mostrado que ainda tem o vigor jovem de um octogenário. Fiquei a me perguntar se
Biden não teria tido uma avó materna, como a que tive a felicidade de ter, que antes de qualquer
teste físico ou acadêmico a que me submetia na minha infância me sapecava uma colher de sopa
da Emulsão de Scott com a desculpa de que o gosto azedo ajudava a memória. Biden estava nos
trinques. Sapateou no palco como um Gene Kelly. Mas, a pergunta é: a proposta de Biden é
progressista?
Há certamente uma algaravia de conceitos, seja por ignorância, seja por malícia,
acolitadas por plataformas informacionais, muitas vezes comprometidas mais com versões do
que com fatos. Talvez, Biden tenha conscientemente preferido adotar uma linha de cautela
explícita nos parágrafos finais de seu texto, quando insiste na “restauração” de valores e
projetos, que, sem dúvida, diante do trumpismo, é um movimento progressista claramente
oposto ao projeto do "Make America Great Again", despindo-o de seus valores antiamericanos,
como a rejeição ao imigrante, o ódio racial e o autoritarismo neofascista contra as instituições
democráticas.
196
Neste sentido, a América de Biden é a restauração da América como “líder do mundo”.
Capaz de conviver com uma Rússia autocrática numa guerra-fria, que se resolveria, como se
resolveu a primeira, pela magnitude da corrida tecnológica-armamentista. Capaz, igualmente
de competir com a China, desde que haja controle tecnológico da produção chinesa e, na medida
do possível, contenção da expansão chinesa na África e na América Latina.
Nesta leitura que faço do discurso de Biden, vejo interessantíssimos pontos de contacto
entre o Brasil e os Estados Unidos, sobretudo na cooperação na taxação mais justa de megas-
empresas como fonte de estímulo a acesso à saúde e à educação e pesquisa. Talvez, pudesse
ser consenso do G-20, na próxima reunião de chefes de Estado no Brasil. Por outro lado, é
inevitável antecipar que nossas relações com os Estados Unidos da América serão sempre
trabalhosas, a exigir tato e argúcia, além de estrita observância dos princípios constitucionais
inscritos em nossa Carta de 1988. Mais do que nunca, precisamos ler e obedecer a nossa
Constituição. O que até hoje parecemos não ter percebido é que, em termos de progressismo,
ela talvez seja uma das melhores bússolas para navegarmos nesses mares afetados por tantos
"El Niño", vulcões subterrâneos, placas tectônicas, correntes quentes, degelo persistente e,
sobretudo, muito sobretudo, infestados de piratas de olho de vidro e da perna de pau.
197
CRÉDITOS DOS AUTORES DESTE FASCÍCULO
Adhemar Bahadian - Diplomata brasileiro aposentado. Colunista do Jornal do Brasil online e
outros veículos de comunicação.
André Lobato - Mestre em mídias globais e comunicações, doutorando, membro das equipes
do CRIS e do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, Fiocruz
Augusto Paulo José da Silva - Biólogo, mestre em biologia, Moldova State University, assessor
e pesquisador, Cris/Fiocruz
Claudia Chamas - Pesquisadora sênior, CDTS Fiocruz e Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação em Doenças de Populações Negligenciadas
Denise Oliveira e Silva - Doutora em saúde pública, Pós Doutora em Antropologia, Pesquisadora
em Saúde Pública, Fiocruz Brasília
Diana Reyna Zeballos Rivas - Médica; Mestre em Medicina e Saúde; Doutoranda, Instituto de
Saúde Coletiva, UFBA
Erica Ell - Pesquisadora da Fiocruz Brasília, Mestre em Saúde Pública e Doutora em Meio
Ambiente e Desenvolvimento
Felix Júlio Rosenberg - Médico veterinário, mestre em ciências médicas. Diretor do Fórum
Itaboraí, Fiocruz. Secretário Executivo da RINSP/CPLP, coordenador da Rede Latino-Americana
e do Caribe de Institutos Nacionais de Saúde Pública, IANPHI
198
Heliton Barros - Pesquisador do Museu da Vida, Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz
Isis Pillar Cazumbá da Cruz - MBA em Gestão de Projetos e Relações Internacionais pela
Universidade Estácio de Sá. Assistente de pesquisa do CRIS/Fiocruz
Laurenice Pires - Assistente Social, mestre em Serviço Social, doutoranda em Saúde Pública na
Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fiocruz
Lúcia Marques - Jornalista, mestre em Saúde Pública, analista de gestão em saúde pública,
assessora Programa Fiocruz na Antártica, CRIS/Fiocruz
Luiz Augusto Galvão - Mestre em saúde pública, doutor em saúde coletiva. Professor adjunto
na Universidade Georgetown, EUA, e membro do Cris/Fiocruz
Luís Eugenio Portela Fernandes de Souza - Professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA,
Vice-presidente / Presidente-eleito da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública
Patrícia Lewis - Psicóloga, mestre em ciências pela USP, pesquisadora do Observatório Saúde e
Migração (OSM)
Paula Reges - Médica infectologista pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas
(INI/Fiocruz); coordenadora nacional do WHO Solidarity Trial
199
Paulo Esteves - Doutor em Ciência Política, Professor Associado do Instituto de Relações
Internacionais da PUC-Rio
Paulo Marchiori Buss - Médico, doutor em ciências. Professor emérito da Fiocruz, Coordenador
do Cris/Fiocruz, membro titular da Academia Nacional de Medicina, Presidente da Alianza
Latino-americana de Salud Global - ALASAG
Rafael Gomes França - Doutorando da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
200
Cadernos CRIS Fiocruz sobre Saúde Global e Diplomacia da Saúde
Desde abril de 2020 o CRIS vem produzindo Cadernos sobre Saúde Global e Diplomacia
da Saúde. Desde então, já foram produzidos mais de 90 Informes quinzenais. Os
interessados na coleção podem acessar o conjunto de Informes em:
https://portal.fiocruz.br/cadernos-cris
https://portal.fiocruz.br/seminarios-avancados-em-saude-global
ou
https://www.youtube.com/playlist?list=PLz0vw2G9i8v-
mMVaQPrzpQUQhqa-0obSN
https://www.youtube.com/channel/UC5z5hsnZOZJH8vFacP-9poQ
201
FICHA CATALOGRÁFICA
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Centro de Relações Internacionais em Saúde
Centro Colaborador OMS/OPAS em Diplomacia da Saúde Global e Cooperação Sul-Sul
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202