0% acharam este documento útil (0 voto)
9 visualizações21 páginas

Uma Estratégia para As PME Com Vista A Uma Europa Sustentável e Digital

Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
9 visualizações21 páginas

Uma Estratégia para As PME Com Vista A Uma Europa Sustentável e Digital

Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 21

COMISSÃO

EUROPEIA

Bruxelas, 10.3.2020
COM(2020) 103 final

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO


CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ
DAS REGIÕES

Uma Estratégia para as PME com vista a uma Europa Sustentável e Digital

PT PT
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO
CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ
DAS REGIÕES

Uma Estratégia para as PME com vista a uma Europa Sustentável e Digital

1. Introdução

Os 25 milhões de pequenas e médias empresas (PME) da Europa constituem a espinha


dorsal da economia da UE. Empregam cerca de 100 milhões de pessoas, representam mais
de metade do PIB da Europa e desempenham um papel fundamental na valorização de todos
os setores da economia. As PME trazem soluções inovadoras para desafios como as
alterações climáticas, a eficiência dos recursos e a coesão social, contribuindo para a difusão
desta inovação em todas as regiões da Europa. São, por conseguinte, fundamentais para as
duplas transições da UE com vista a uma economia sustentável e digital. São essenciais para
a competitividade e a prosperidade da Europa, para a sua soberania económica e tecnológica
e para a sua resiliência face a choques externos. Como tal, constituem um elemento central da
realização da estratégia industrial da UE.

As PME estão profundamente integradas no tecido económico e social da Europa.


Proporcionam dois em cada três postos de trabalho, oferecem oportunidades de formação em
diversas regiões e setores, nomeadamente para os trabalhadores pouco qualificados, e apoiam
o bem-estar social, incluindo em zonas remotas e rurais. Todos os cidadãos europeus
conhecem alguém que é empresário ou que trabalha para um empresário. Os desafios
enfrentados diariamente pelas PME europeias para cumprir as regras e aceder à informação,
aos mercados e ao financiamento constituem, portanto, desafios para toda a Europa.

As PME são muito variadas em termos de modelos empresariais, dimensão, idade e perfil
dos empresários, e tiram proveito de uma reserva de talentos diversificada de mulheres e
homens. Vão desde as profissões liberais e as microempresas do setor dos serviços até às
empresas industriais de gama média, desde o artesanato tradicional até às empresas em fase
de arranque de alta tecnologia. A presente estratégia reconhece as diferentes necessidades das
empresas, ajudando-as não só a crescer e a expandir-se, como também a ser competitivas,
resilientes e sustentáveis. Estabelece, por conseguinte, uma abordagem ambiciosa, abrangente
e transversal, assente em medidas horizontais de apoio a todos os tipos de PME, bem como
em ações orientadas para necessidades específicas.

A estratégia apresenta ações baseadas nos três pilares seguintes:

 Reforço das capacidades e apoio à transição para a sustentabilidade e a


digitalização;
 Redução dos encargos regulamentares e melhoria do acesso ao mercado; e
 Melhoria do acesso ao financiamento.

O seu objetivo é libertar o poder de todos os tipos de PME europeias para que assumam a
liderança das duplas transições, bem como aumentar consideravelmente o número de PME
que desenvolvem práticas comerciais sustentáveis e o número de PME que utilizam

1
tecnologias digitais. Em última análise, pretende-se que a Europa se torne o local mais
atrativo para criar uma pequena empresa, para a fazer crescer e expandir no mercado único.

Para que possa produzir resultados, a estratégia deve ser impulsionada, conjuntamente, por
ações a nível da UE e por um forte empenhamento dos Estados-Membros. A participação
ativa da comunidade das PME e das próprias empresas será fundamental. Por conseguinte, a
estratégia será apoiada por uma sólida parceria para a concretização dos objetivos entre a
UE e os Estados-Membros, incluindo as autoridades regionais e locais. Os empresários
devem também aproveitar a oportunidade dos programas de investimento da UE para tornar
as suas empresas mais digitais e mais sustentáveis, bem como para crescer no mercado único
e para além dele.

A estratégia assenta nos alicerces muito sólidos do atual quadro político e dos programas de
apoio da UE para as PME, nomeadamente o Small Business Act (Lei das Pequenas Empresas)
de 2008, a Start Up and Scale Up Initiative (Iniciativa a favor das empresas em fase de
arranque e em expansão), o Programa para a Competitividade das Pequenas e Médias
Empresas (COSME) e as ações de apoio às PME financiadas ao abrigo do programa
Horizonte 2020 e dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento1. Será fundamental para
aplicar, nomeadamente, o Pacto Ecológico Europeu, o Plano de Ação para a Economia
Circular, a Estratégia Europeia para os Dados e o Pilar Europeu dos Direitos Sociais.

A estratégia faz parte do pacote para a indústria que inclui a Comunicação, e o Relatório que
a acompanha, Identificar e Superar as Barreiras ao Mercado Único («Comunicação Barreiras
ao Mercado Único»)2, o Plano de Ação a Longo Prazo para Melhorar a Aplicação e o
Cumprimento das Regras do Mercado Único («Plano de Ação para o Cumprimento»)3 e a
Nova Estratégia Industrial para a Europa («Estratégia Industrial») 4. Baseia-se em muitas das
conclusões da Comunicação sobre as Barreiras ao Mercado Único no que diz respeito aos
obstáculos com que se deparam as PME que pretendem operar além-fronteiras. A
transposição, a aplicação e a execução adequadas da legislação da UE são fundamentais para
facilitar o crescimento das PME no mercado único. O Plano de Ação para o Cumprimento
estabelece várias iniciativas para responder a estes desafios. A Estratégia Industrial sublinha
o papel das PME para uma indústria europeia competitiva e inovadora.

2. Reforço das capacidades e apoio à transição para a sustentabilidade e a


digitalização

A sustentabilidade competitiva é o princípio orientador da Europa para o futuro. A


concretização de uma economia digital com impacto neutro no clima, eficiente em
termos de recursos e ágil exige a plena mobilização das PME. Esta transição para uma
Europa mais sustentável do ponto de vista económico, ambiental e social deve ser
acompanhada pela transição para a digitalização. Para tal, são necessárias medidas
específicas para desenvolver uma camada da economia composta por PME prósperas, bem
como para proporcionar oportunidades de crescimento às PME que pretendam expandir-se. É

1
O Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e o Fundo Social Europeu (FSE) chegaram a mais
de 900 000 e 500 000 PME, respetivamente, na Europa.
2
COM(2020) 93 final de10.3.2020.
3
COM(2020) 94 final de 10.3.2020.
4
COM(2020) 102 final de 10.3.2020.

2
necessário um investimento à escala da UE para criar a infraestrutura empresarial e de
inovação adequada para as PME.

PME na liderança para a transição sustentável

Muitas PME estão bem equipadas, sendo flexíveis, de alta tecnologia, inovadoras e
empenhadas nos valores que impulsionam a sustentabilidade e a economia circular. Quase
um quarto5 das PME na Europa já promove a transição ao oferecer produtos ou serviços
ecológicos e um grande número de PME (incluindo empresas da economia social) muito tem
feito pelas comunidades em que estão estabelecidas. Existem também grandes desafios.
Algumas PME enfrentam dificuldades na transição para modelos empresariais mais
sustentáveis. Um terço das PME refere que enfrenta procedimentos administrativos e
jurídicos complexos ao tentar tornar a sua empresa mais eficiente em termos de recursos. No
entanto, à medida que a sensibilização para os riscos relacionados com o clima e outras
pressões ambientais aumentam e as preferências dos consumidores mudam, esta transição
para práticas e comportamentos empresariais sustentáveis é fundamental para a continuidade
da competitividade e do crescimento das PME. É essencial apoiar as PME neste processo e
dotá-las de instrumentos que lhes permitam compreender os riscos ambientais e atenuar os
riscos que abrangem setores específicos, nomeadamente o da construção, do plástico, da
eletrónica e agroalimentar.

Os mais de 600 membros da Rede Europeia de Empresas (REE) oferecem serviços


personalizados às PME. Muitos membros da REE estão já a ajudar as PME na sua transição
para a sustentabilidade. Nessa base, a REE disponibilizará consultores especializados em
matéria de sustentabilidade e outros serviços de sustentabilidade. Estes consultores
avaliarão as necessidades das PME e prestarão aconselhamento sobre o investimento em
infraestruturas e processos circulares e mais eficientes em termos de recursos, encontrando
parceiros comerciais pertinentes e incentivando a colaboração entre pares. Além disso, o
Centro Europeu de Conhecimento em Eficiência dos Recursos continuará a ajudar as PME a
poupar nos custos da energia, dos materiais e da água. As soluções oferecidas pelas empresas
de serviços energéticos (ESCO), que dispõem dos conhecimentos e das soluções técnicas e de
financiamento, podem beneficiar as PME.

A Europa é o berço da tecnologia verde e a sua liderança dependerá das PME para conduzir
as inovações no setor ecológico. Tal será apoiado através do Plano de Investimento do Pacto
Ecológico Europeu6. No âmbito da orientação mais ampla do Conselho Europeu de
Inovação (CEI) para promover a inovação disruptiva, em especial por parte das PME, a
Comissão atribuirá, pelo menos, 300 milhões de EUR, só em 2020, às empresas em fase de
arranque e às PME com elevado potencial, para que possam desenvolver inovação de
vanguarda ao abrigo do Pacto Ecológico. O Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia
(EIT) garantirá que as suas Comunidades de Conhecimento e Inovação (CCI) estão mais
abertas às PME e aumentará a sua oportunidade de participação em ecossistemas de inovação
locais, em particular nas regiões menos desenvolvidas em termos de inovação. Tal será
levado a cabo através de um instrumento de sensibilização específico (mecanismo regional de
inovação) que reforçará os ecossistemas onde é mais importante.

Capacitar as PME para colher os benefícios da transição digital

5
Eurobarómetro 2017, «PME, Eficiência dos Recursos e Mercados Ecológicos».
6
COM(2020) 21 final de 14.1.2020.

3
Só uma comunidade próspera de PME que utiliza tecnologias e dados digitais pode tornar a
Europa o líder mundial na construção da economia digital. A digitalização pode proporcionar
às PME grandes oportunidades para melhorar a eficiência dos processos de produção e a
capacidade de inovação dos produtos e dos modelos empresariais. A utilização de tecnologias
disruptivas avançadas, como a cadeia de blocos e a inteligência artificial (IA), a computação
em nuvem e a computação de alto desempenho (HPC), pode aumentar significativamente a
sua competitividade.

Porém, as PME ainda não beneficiam plenamente dos dados, que são vitais para a
economia digital. Muitas não estão conscientes do valor dos dados que criam, nem estão
suficientemente protegidas ou preparadas para a futura economia ágil dos dados. Apenas
70 % das PME integraram com êxito as tecnologias digitais nas suas atividades, em
comparação com 54 % das grandes empresas7. As PME tradicionais são muitas vezes incertas
na escolha da sua estratégia comercial digital, têm dificuldades em explorar os grandes
repositórios de dados disponíveis para as empresas de maior dimensão e evitam a utilização
de instrumentos e aplicações baseadas em IA avançada. Ao mesmo tempo, são muito
vulneráveis às ciberameaças.

Adoção de tecnologias digitais, UE (% empresas)


100%
Grandes empresas PME
80%

60%

40%

20%

0%
Partilha de Redes sociais Gestão da cadeias Gestão de Nuvem (2018) Comércio Comércio Portal de Megadados
informações (2017) de abastecimento Relacionamento eletrónico (2018) eletrónico comércio (2018)
eletrónicas (ERP) (2017) Cliente (CRM) transfronteiriço eletrónico (2018)
(2017) (2017) (2017)

Fonte: Eurostat/IDES 2019

Essas PME serão apoiadas por uma rede com cerca de 240 polos de inovação digital, em
cada região da Europa, assente em investimentos do Programa Europa Digital e dos Fundos
Estruturais.

O objetivo consiste não só em prestar aconselhamento acessível e orientado sobre


sustentabilidade e digitalização, como também em interligar as estruturas de apoio, de modo
a que cada PME disponha de aconselhamento nas proximidades. A REE trabalhará em
estreita colaboração com os polos de inovação digital, a Startup Europe 8, entre outros, para
assegurar um serviço de apoio e aconselhamento contínuos, nomeadamente com as
autoridades nacionais, regionais e locais e as estruturas de apoio. A transferência de boas
práticas, de conhecimentos e de competências também pode decorrer diretamente das PME
digitais para as PME de outros domínios.

7
Relatório de 2018 do Grupo de Trabalho «Polos de Inovação Digital»
https://ec.europa.eu/futurium/en/system/files/ged/dihs_access_to_finance_report_final.pdf.
8
Startup Europe é uma iniciativa da UE para interligar os polos locais de empresas em fase de arranque em toda
a Europa: https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/startup-europe.

4
Tal como anunciado na Estratégia Europeia para os Dados9, a Comissão trabalhará no
sentido de uma maior acessibilidade dos dados e de permitir os fluxos de dados entre as
empresas e os governos, através do estabelecimento de espaços comuns europeus de dados
para a partilha de dados segura e de confiança. Será assegurado o acesso equitativo a todas as
empresas, em especial as PME. A Comissão examinará igualmente as potenciais questões
relacionadas com os direitos de utilização dos dados cogerados, em especial provenientes da
Internet das Coisas, a fim de evitar eventuais desvantagens para as PME. Por outro lado,
abordará a adoção da computação em nuvem pelas PME, por exemplo, através de um
mercado específico para serviços de computação em nuvem que garanta condições
contratuais justas.
Aproveitar os talentos e a propriedade intelectual

As PME também têm dificuldades em desenvolver estratégias de propriedade intelectual


(PI) para proteger os seus investimentos em I&D e obter capital de crescimento, ainda que
estas sejam essenciais no âmbito das duplas transições. Apenas 9 % das PME protegem a sua
PI, uma vez que desconhecem as iniciativas nacionais e da UE em matéria de PI ou temem a
complexidade e os custos de aquisição e de execução da PI. O futuro Plano de Ação para a
Propriedade Intelectual proporá medidas para tornar o sistema de PI mais eficaz para as
PME, através de ações destinadas a simplificar os procedimentos de registo da PI (por
exemplo, a reforma da legislação da UE em matéria de desenhos e modelos industriais), a
melhorar o acesso a aconselhamento estratégico sobre PI (por exemplo, através de uma
norma de aconselhamento em todos os financiamentos de I&D a nível da UE), e a facilitar a
utilização da PI como alavanca para obter o acesso ao financiamento.

Tanto na transição digital como na da sustentabilidade, as empresas em fase de arranque e as


PME estabelecidas são, umas e outras, confrontadas com a falta de trabalhadores
qualificados. Muitas vezes, não dispõem dos mesmos recursos que as grandes empresas para
investir na formação dos seus trabalhadores. Mais de 70 % das empresas referem o acesso aos
talentos como um obstáculo a novos investimentos em toda a UE10. A disponibilidade de
pessoal qualificado ou de gestores experientes continua a ser o problema mais importante
para um quarto das PME da UE11. A escassez de competências é particularmente grave para a
digitalização e as novas tecnologias, uma vez que 35 % da mão de obra tem poucas ou
nenhumas competências digitais.

Os Estados-Membros e os parceiros sociais têm um papel fundamental a desempenhar e a UE


pode ajudar a enfrentar estes desafios, facilitando o acesso à formação e ajudando a adequar a
procura de talentos das PME e a oferta no mercado de trabalho. A educação e a formação
para o empreendedorismo, que reforçam os conhecimentos e as competências empresariais,
são uma peça-chave na adaptação das PME ao mercado único. As atividades educativas e de
melhoria de competências são essenciais para todos os gestores e trabalhadores das PME,
com especial destaque para o empoderamento das mulheres, adultas e jovens, para que criem
empresas e para a melhoria do equilíbrio de género entre os que criam e os que gerem
empresas12.

9
COM(2020) 66 final de 19.2.2020.
10
Relatório do BEI sobre o investimento 2018/2019.
11
Inquérito SAFE 2019.
12
Estratégia para a igualdade de género 2020-2025, COM(2020) 152 final de 4.3.2020.

5
Com o apoio do Programa Europa Digital, a Comissão desenvolverá os Cursos Digitais
Intensivos para que os trabalhadores das PME se tornem competentes em domínios como a
IA, a cibersegurança ou a tecnologia de cadeia de blocos, com base nas experiências da
plataforma Coligação para a Criação de Competências e Emprego na Área Digital. Os polos
de inovação digital funcionarão como intermediários entre as PME e as
universidades/prestadores de formação a nível local. As atividades de incubação ajudarão as
PME a tornar-se parte de ecossistemas baseados em dados.

A Comissão lançará igualmente um programa de «voluntários digitais» para permitir que os


jovens qualificados e os seniores com experiência partilhem as suas competências digitais
com as empresas tradicionais. Apoiará igualmente e interligará os intermediários das PME,
como os polos de empresas, a REE e o Centro Europeu de Conhecimento em Eficiência dos
Recursos, a fim de ajudar o pessoal das PME a melhorar as suas competências no domínio da
sustentabilidade.

A Comissão atualizará a Agenda de Competências para a Europa, nomeadamente através do


lançamento de um Pacto para as Competências. Este pacto incluirá um componente
específico para as PME. O ensino e a formação profissionais (EFP) são especialmente
importantes para as PME, a fim de garantir que a sua mão de obra possui as competências
necessárias no mercado de trabalho. Além disso, os Estados-Membros e as regiões serão
incentivados a recorrer ao futuro Fundo Social Europeu Mais e às novas possibilidades de
investimento dos Fundos Europeus de Desenvolvimento Regional no desenvolvimento de
competências para a especialização inteligente, a transição industrial e o empreendedorismo.

A economia colaborativa cria oportunidades em domínios como a mobilidade e o alojamento


para plataformas de PME inovadoras de mediação entre prestadores e beneficiários de
serviços e para prestadores de serviços a PME que acedem a círculos mais vastos de clientes.
Na sequência da sua Comunicação de 2016 sobre a economia colaborativa13, a Comissão
continuará a estudar a possibilidade de uma iniciativa centrada nos serviços de alojamento de
curta duração (o maior setor da economia colaborativa), a fim de promover o
desenvolvimento equilibrado e responsável da economia colaborativa em todo o mercado
único, no pleno respeito dos interesses públicos.
AÇÕES PRINCIPAIS

 A Comissão atualizará a Rede Europeia de Empresas, nomeadamente através de


consultores especializados em matéria de sustentabilidade e outros serviços de
sustentabilidade.
 A Comissão desenvolverá Cursos Digitais Intensivos para que os trabalhadores das
PME se tornem competentes em domínios como a IA, a cibersegurança ou a
tecnologia de cadeia de blocos.
 A Comissão lançará um programa de «voluntários digitais» para permitir que os
jovens qualificados e os seniores com experiência partilhem as suas competências
digitais com as empresas tradicionais.
 A Comissão atualizará a Agenda de Competências para a Europa, incluindo um
Pacto para as Competências com uma componente específica para as PME, e proporá
uma recomendação do Conselho destinada a modernizar o ensino e a formação
profissionais.

13
COM(2016) 356 final de 2.6.2016.

6
 A Comissão ampliará os polos de inovação digital em ligação com a Startup Europe
e a REE e oferecerá um serviço contínuo no âmbito dos ecossistemas locais e
regionais.
 A Comissão atribuirá, pelo menos, 300 milhões de EUR para incentivar a inovação de
vanguarda ao abrigo do Pacto Ecológico, no âmbito do CEI.
 Para as PME que concentram as suas atividades em serviços de alojamento de curta
duração, a Comissão continuará a estudar a possibilidade de uma iniciativa de
economia colaborativa.

3. Redução dos encargos regulamentares e melhoria do acesso ao mercado

O mercado único é o mercado de referência para as PME europeias. Representa 70 % do


valor das exportações de bens das PME e 80 % de todas as PME exportadoras vendem para
outros Estados-Membros14. No entanto, o número de PME que exportam para outros Estados-
Membros pode ser muito mais elevado: por exemplo, apenas 17 % de todas as PME do setor
da indústria transformadora exportam no mercado único15. A Comunicação Barreiras ao
Mercado Único revela que as mais afetadas pelas barreiras persistentes são PME.
O cumprimento dos regulamentos, normas, selos e formalidades administrativas afeta
mais as PME do que as empresas de maior dimensão, devido aos recursos financeiros e
humanos limitados das primeiras. Por exemplo, no setor dos serviços às empresas, os custos
suportados pelas PME no cumprimento das formalidades administrativas podem atingir
10 000 EUR16. Apesar dos progressos registados desde a adoção da Small Business Act, o
impacto cumulativo da regulamentação continua a ser um problema importante para as PME.
Os maiores obstáculos das empresas quando operam no mercado único (% de PME)
90%
78%
80%
70% 70%
70% 66% 66%
62%
60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
procedimentos diferentes regras falta de acesso a diferentes regras diferentes práticas preocupação sobre a
administrativos nacionais sobre serviços informação sobre regras nacionais sobre produtos contratuais/legais resolução de litígios
complexos comerciais

Fonte: Business Survey, Eurochambres 2019

Para as PME europeias, a legislação revela-se complexa e onerosa, em especial devido aos
diferentes procedimentos existentes nos Estados-Membros. Estas barreiras dissuadem muitas
delas de fazer negócios transfronteiras e de se expandirem. Quando o fazem, recorrem

14
Annual Report on European SMEs – SMEs growing beyond borders.
15
Ficha informativa sobre o «Small Business Act» da UE-28
16
«Administrative formalities and costs involved in accessing markets cross-border for provisions of
accountancy, engineering and architecture services», Ecorys, 2017.

7
frequentemente a grandes plataformas como intermediárias, o que conduz a níveis desiguais
de poder de negociação.
A eliminação destas barreiras é da responsabilidade conjunta da UE e dos Estados-Membros.
Grande parte dos encargos resulta da legislação nacional e é importante avaliar o impacto das
«medidas de sobrerregulamentação» nas PME17. Em conjunto com a Comissão, os Estados-
Membros têm de prosseguir uma aplicação rigorosa dos princípios «pensar primeiro em
pequena escala»18, «da declaração única»19 e «digital por defeito»20.
Por seu lado, a Comissão está empenhada em reduzir os encargos das PME e dar-lhes uma
voz mais forte ao longo do ciclo «Legislar Melhor». No âmbito do programa para a
adequação e a eficácia da regulamentação (REFIT), a Comissão analisa de forma sistemática
a legislação da UE em vigor, a fim de reduzir os encargos e simplificar a legislação. A
Comissão utilizará de forma mais sistemática os balanços de qualidade para analisar as
formas de digitalizar, simplificar e alcançar os objetivos ao menor custo para benefício das
PME. Por outro lado, a nova Plataforma «Prontos para o Futuro»21 analisará a legislação da
UE em vigor, a fim de identificar o potencial de simplificação e de redução dos encargos
administrativos.
Para a nova legislação, o programa REFIT será completado e reforçado com a introdução do
princípio «entra um, sai um». O objetivo é garantir que a legislação da UE gera benefícios
sem impor encargos desnecessários aos cidadãos e às empresas. O Teste PME já faz parte da
avaliação regular e continuará a ser a aplicado em todas as propostas pertinentes da
Comissão, incluindo o Pacto Ecológico.
Devido aos seus recursos humanos e financeiros limitados, as PME são especialmente
afetadas pelos custos criados pela legislação. Para garantir que a nova legislação é favorável
às PME, o Representante da UE para as PME22 filtrará as iniciativas da UE, em
colaboração com as PME intervenientes, para assinalar à Comissão as que merecem uma
atenção especial na perspetiva das PME. Neste contexto, o Representante da UE para as PME
reunirá também os conhecimentos especializados nacionais da rede de Representantes das
PME. O que se pretende é que toda a legislação futura, a nível europeu e nacional, seja
elaborada tendo em mente a perspetiva do utilizador final, identificando as potenciais
barreiras e mitigando-as numa fase precoce do processo, por exemplo, através da utilização
de instrumentos digitais. O Representante da UE para as PME terá também um papel
específico na nova Plataforma «Prontos para o Futuro», apresentando a perspetiva das PME
na identificação da legislação em vigor que seja particularmente onerosa para as PME. O
Representante da UE para as PME proporá à Comissão soluções acessíveis que possam ser
tidas em conta no cumprimento da legislação.

17
A legislação da UE pode permitir flexibilidade no que respeita ao nível de harmonização e/ou às práticas dos
Estados-Membros («sobrerregulamentação»), COM(2020) 93 final de 10.3.2020.
18
O princípio «pensar primeiro em pequena escala» recorda que é preciso ter em conta os interesses das PME na
elaboração de políticas, tanto a nível da UE como a nível nacional.
19
No âmbito do princípio «da declaração única», os cidadãos e as empresas fornecem diversos dados a uma
administração pública uma única vez.
20
O princípio «digital por defeito» visa reduzir os encargos administrativos tornando a prestação digital de
serviços a opção por defeito das administrações públicas.
21
Criação de um novo grupo de alto nível que substitua a plataforma REFIT.
22
O representante da UE para as PME assegura a ligação entre a elaboração de políticas para as PME a nível da
UE e os representantes/organismos nacionais para as PME responsáveis pela política para as PME e preside à
rede de representantes nacionais para a PME.

8
A garantia do cumprimento das regras do mercado único reveste especial importância para as
PME, uma vez que estas são muitas vezes afetadas de forma desproporcionada pelas
restrições transfronteiriças. O Plano de Ação para o Cumprimento estabelece uma lista de
iniciativas que visam dar resposta a estes desafios, incluindo o Grupo de Trabalho para o
Cumprimento das Regras do Mercado Único, com uma contribuição do Representante da UE
para as PME e da rede de Representantes nacionais. A Comissão acompanhará e colaborará
com os Estados-Membros e não hesitará em tomar medidas firmes de aplicação, sempre que
necessário, para garantir que as PME beneficiam do mercado único. As PME enfrentam
custos de cumprimento das obrigações fiscais proporcionalmente mais elevados do que as
empresas de maior dimensão23 e a falta de harmonização fiscal continua a ser um dos
principais obstáculos que as empresas enfrentam quando realizam operações transfronteiriças.

Além disso, a aplicação rigorosa das regras de concorrência da UE garante que todas as
empresas ativas no mercado único, em especial as PME, podem competir e inovar com base
nos seus méritos, impedindo o abuso do poder de mercado e a concentração da riqueza por
um reduzido número de grandes empresas.

Eliminar as barreiras através de parcerias e da experimentação política

Um dos principais desafios na Europa é a escassez relativa de empresas em fase de expansão


bem sucedidas. Nos Estados Unidos, existem três vezes mais empresas em fase de expansão
do que na Europa24. As empresas europeias em fase de arranque e em fase de expansão fazem
face a vários desafios «no terreno» ao atraírem e reterem talentos, garantirem oportunidades
de mercado e aumentarem as receitas. Muitos Estados-Membros enfrentaram com êxito estes
desafios e já existem diversas boas práticas. A multiplicação destas boas práticas em toda a
UE daria um impulso importante ao desenvolvimento das empresas em fase de arranque e ao
crescimento das PME.

Neste contexto, a Comissão, em estreita cooperação com os Estados-Membros e as partes


interessadas, como o Fórum CEI, promoverá as melhores práticas e lançará uma nova
iniciativa política, uma norma UE para Nações Startup, instando os Estados-Membros a
aplicar essas práticas a nível local, regional e nacional. O objetivo é tornar a Europa o
continente mais atrativo para as empresas em fase de arranque e em fase de expansão. A
iniciativa centrar-se-á em facilitar o arranque e a expansão transfronteiriças das empresas, em
simplificar a aplicação das regras relativas aos procedimentos de pedidos de visto e de
autorizações de residência para talentos de países terceiros, em tornar mais atrativas as
opções sobre ações concedidas a empregados, em incentivar o desenvolvimento do capital de
risco e a transferência de tecnologia por parte das universidades, em aumentar o acesso ao
financiamento para a expansão, bem como em promover instrumentos e plataformas digitais
transfronteiriças. Para completar esta informação, a Comissão consultará e avaliará a
necessidade de medidas adicionais no âmbito do direito das sociedades para facilitar a
expansão e o potencial de expansão transfronteiriços por parte das PME.

Algumas soluções muito inovadoras não veem a luz do dia devido a regulamentos que podem
estar desatualizados ou mal adaptados à rápida evolução das tecnologias. Uma forma de
abordar esta questão é através de ambientes de teste da regulamentação. Isto permite que
soluções inovadoras não previstas em regulamentos ou orientações sejam testadas ao vivo

23
Estudo da Comissão Europeia sobre os custos do cumprimento das obrigações fiscais para as PME, 2018.
24
Mind the Bridge: Tech Scale-up Europe, Relatório de 2019.

9
com as autoridades de supervisão e as autoridades reguladoras, desde que estejam reunidas as
condições adequadas, por exemplo para assegurar a igualdade de tratamento. Os ambientes de
teste da regulamentação fornecem às autoridades reguladoras e às autoridades de supervisão
informações atualizadas sobre as novas tecnologias e a experiência adquirida, ao mesmo
tempo que permitem a experimentação política. Alguns Estados-Membros já realizaram
experiências com esses ambientes de teste para serviços financeiros inovadores.

A Diretiva Serviços é um instrumento fundamental contra as barreiras de mercado. As


parcerias entre regiões fronteiriças, que visam reforçar a cooperação entre as autoridades
regionais, podem ajudar as PME a ultrapassar barreiras de mercado na prestação de serviços.
Um convite à apresentação de propostas deverá dar origem, até ao final de 2020, a três dessas
áreas-piloto, em que as regiões parceiras melhorarão, harmonizarão ou coordenarão, em
conjunto, as regras e os procedimentos em matéria de prestação de serviços transfronteiras,
por exemplo, sobre o destacamento de trabalhadores e a utilização de instrumentos digitais.

A Comissão completará estes esforços incentivando os Estados-Membros a implementar o


Portal Digital Único25 numa perspetiva favorável às PME. Os Estados-Membros devem
procurar proporcionar às PME um acesso fácil em linha à informação, aos procedimentos e
aos serviços de assistência no que se refere a todas as questões relacionadas com a atividade
empresarial transfronteiriça, incluindo aconselhamento em matéria de contratos públicos e
fontes de financiamento. Os Estados-Membros devem interligar os seus serviços num balcão
único, a fim de dar às PME uma resposta coordenada a todas essas questões.

Até 71 % das PME que experimentaram o atual sistema de reconhecimento mútuo de bens
não harmonizados26 depararam-se com uma decisão de recusa de acesso ao mercado27. Após
um debate com o grupo de peritos dos Estados-Membros sobre reconhecimento mútuo, a
Comissão envidará esforços no sentido de promover «alianças de reconhecimento mútuo»
entre os Estados-Membros em setores como os dos suplementos alimentares e das joias.
Na paisagem industrial diversificada, os setores do espaço e da defesa são fundamentais para
a soberania estratégica e tecnológica da UE e oferecem um grande potencial para as PME
europeias. No entanto, as cadeias de abastecimento do setor da defesa têm sido
predominantemente construídas a nível nacional. A Comissão reforçará, assim, a cooperação
transfronteiriça e a entrada de novos intervenientes, maximizando o potencial do Fundo
Europeu de Defesa. Tal incluirá, em especial, convites à apresentação de propostas dirigidos
às PME, o critério específico de bonificação e adjudicação para PME, bem como a ligação
das PME à comunidade de defesa mais alargada. O Fundo contribuirá para a abertura das
cadeias de abastecimento da defesa, ligando os grandes integradores sistémicos à totalidade
do ecossistema das PME do setor da defesa em toda a União. A Comissão procederá à
identificação dos pontos fortes das organizações de investigação e tecnologia (OIT) e das
universidades pertinentes, que podem apoiar empresas inovadoras em fase de arranque e
PME do setor.

25
O Regulamento (UE) 2018/1724 cria uma plataforma digital única para a prestação de acesso a informações, a
procedimentos e a serviços de assistência e de resolução de problemas, aos utilizadores nos seus próprios países
e além-fronteiras.
26
Os bens não harmonizados pela legislação da UE, como têxteis, calçado, artigos de puericultura, joias, artigos
para serviço de mesa ou mobiliário.
27
COM(2020) 93 final de 10.3.2020.

10
A Comissão pretende igualmente aumentar o número de empresas em fase de arranque e em
fase de expansão bem sucedidas no setor espacial, que estão a comercializar tecnologias
espaciais da UE. Promoverá, através do programa espacial da UE, a emergência de um novo
ecossistema espacial europeu para promover o espírito de empreendedorismo. A nova
iniciativa para o empreendedorismo espacial («CASSINI») agrupará serviços como a
aceleração, a incubação de empresas, o financiamento com capital de arranque e os contratos
pré-comerciais.

A contratação pública também oferece oportunidades inexploradas no mercado único para


as PME, incluindo as empresas em fase de arranque, que têm dificuldades em competir com
êxito nos concursos públicos. Existem dois tipos de desafios. Por um lado, o setor público é
relativamente avesso ao risco e, muitas vezes, carece do conjunto de competências para
adquirir inovação. Por outro lado, muitos operadores económicos, em especial as PME,
consideram que os concursos públicos são complexos ou inadequados.
Para resolver este problema, a Comissão insta os Estados-Membros e as suas autoridades
adjudicantes a utilizarem a flexibilidade proporcionada pelo novo quadro da UE em
matéria de contratos públicos. Tal implica dividir os contratos de maior dimensão em lotes
mais pequenos, expandir os contratos públicos estratégicos, em especial os contratos públicos
de inovação, deixando os DPI - se for caso disso - às PME para que os possam comercializar,
e concluir a digitalização dos seus processos de contratação. A Comissão incentivará
igualmente os Estados-Membros a utilizarem plataformas digitais para estimular soluções
inovadoras por parte das PME e das empresas em fase de arranque e o seu acesso
transfronteiras aos contratos públicos. A Comissão lançará a ainda a Iniciativa dos grandes
adquirentes e redes para facilitar a aquisição conjunta de produtos inovadores e de produtos
sustentáveis; promover o estabelecimento de parcerias entre adquirentes e fornecedores de
inovação e acompanhar os progressos através de avaliações comparativas a nível nacional.
Além disso, lançará um selo para apresentação pelos adquirentes públicos, que adiram a
práticas de contratação pública «favoráveis às PME», e trabalhará com os seus parceiros
comerciais internacionais para divulgar a adoção das suas normas pertinentes em matéria de
contratos públicos, como a faturação eletrónica. As PME que fornecem produtos e serviços
ecológicos inovadores podem ser apoiadas por um maior recurso aos contratos públicos
ecológicos28.
Adquirir uma empresa existente é, muitas vezes, uma alternativa mais vantajosa do que a
criação de uma empresa. Estima-se que, todos os anos, é alterada a propriedade de cerca de
450 000 PME, o que afeta mais de dois milhões de trabalhadores. No entanto, num terço dos
casos, a transferência não é bem sucedida e, consequentemente, a Europa perde cerca de
150 000 empresas e 600 000 postos de trabalho29. As razões prendem-se frequentemente com
a falta de preparação prévia, a dificuldade em encontrar um sucessor e as medidas fiscais e
regulamentares desfavoráveis.

A Comissão prosseguirá os seus trabalhos para facilitar as transferências de empresas e


apoiará os Estados-Membros nos seus esforços de criação de um ambiente empresarial
favorável às transferências30. A diretiva recentemente adotada sobre os regimes de

28
COM(2020) 98 final de 11.3.2020.
29
Extrapolation based on Business Dynamics: Start-ups, Business transfer and Bankruptcy, Final report 2011, p.
10, http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/10448/attachments/1/translations.
30
Diretiva (UE) 2019/2121 do Parlamento Europeu e do Conselho de 27 de novembro de 2019 que altera a
Diretiva (UE) 2017/1132 na parte respeitante às transformações, fusões e cisões transfronteiriças.

11
reestruturação preventiva e a concessão de uma segunda oportunidade31 abordou muitas das
preocupações das empresas em dificuldade e a Comissão irá agora apoiar todos os Estados-
Membros na transposição das suas disposições para o seu direito nacional, de modo a que as
empresas em dificuldades financeiras tenham acesso a serviços de apoio adequados que os
ajudem a evitar a falência.

Reforçar a equidade nas relações B2B


As PME desempenham um papel essencial numa rede cada vez mais densa de empresas,
empresas em fase de arranque e PME que trabalham em conjunto em todos os setores e
cadeias de valor para criar os produtos e os serviços do futuro. É importante que as PME e as
empresas em fase de arranque sejam incluídas nas cadeias de valor estratégicas da UE, bem
como ter em conta as suas necessidades específicas, para as ajudar a colaborar e a expandir-se
no mercado único e a nível mundial.

Devido ao aumento da concentração e à integração vertical nas cadeias de abastecimento, os


principais clientes das PME são, muitas vezes, organizações de maior dimensão. Esta
situação gera assimetrias no poder de negociação e aumenta o risco de as pequenas empresas
estarem sujeitas a práticas e condições comerciais desleais32, incluindo atrasos de
pagamento e de acesso aos dados.

Embora a Diretiva Atrasos de Pagamento tenha reduzido os atrasos tanto nas transações entre
empresas como nas transações entre empresas e plataformas, apenas 40 % das empresas da
UE são pagas atempadamente33. Além disso, os atrasos de pagamento representam uma em
cada quatro falências das PME na UE. É necessária uma mudança decisiva rumo uma nova
cultura empresarial em que o pagamento atempado seja a norma. Para o efeito, a Comissão
apoiará a aplicação da Diretiva Atrasos de Pagamento, dotando-a de instrumentos sólidos de
monitorização e de aplicação. Estes instrumentos poderão incluir um observatório virtual para
o acompanhamento dos atrasos de pagamento, a clarificação das práticas de pagamento
desleais e a exploração da viabilidade de mecanismos alternativos de resolução/mediação
para as PME com vista a uma resolução rápida de litígios de pagamentos em transações
comerciais.

Aproveitar os benefícios dos mercados mundiais

Os mercados mundiais são uma importante fonte de crescimento para as PME. No entanto,
apenas 600 000 PME que empregam cerca de 6 milhões de pessoas exportam bens para fora
da UE. Nos diálogos multilaterais e bilaterais, a Comissão promoverá um ambiente favorável
às PME nos países terceiros através do intercâmbio de boas práticas com os seus parceiros.
Lançará também um novo portal de informação destinado a sensibilizar as PME para as
políticas comerciais e a fornecer informações pormenorizadas sobre os procedimentos e
formalidades aduaneiras de exportação para países terceiros.

As PME beneficiam mais de uma abertura do comércio regulado do que as grandes empresas,
que dispõem de mais recursos para ultrapassar as barreiras comerciais. A fim de simplificar o

31
Diretiva 2019/1023 adotada em junho de 2019.
32
Publicação da UE de 2018 «A comparative analysis of legal measures vs. soft-law instruments for improving
payment behaviour».
33
Publicação da UE de 2018 «A comparative analysis of legal measures vs. soft-law instruments for improving
payment behaviour».

12
acesso das PME aos mercados internacionais, a Comissão está continuamente a negociar
novos acordos comerciais e de investimento e a opor-se às barreiras comerciais que afetam de
forma desproporcionada as PME. A Comissão continuará a incluir capítulos dedicados às
PME em todos os seus acordos comerciais, juntamente com medidas específicas que
permitam às PME tirar partido dos benefícios, como a ligação das PME através de polos
industriais internacionais, a REE (Rede Europeia de Empresas), o Centro Europeu das PME 34
e ações de apoio às PME europeias para que participem em contratos públicos fora da UE.

As delegações da UE em países com os quais a UE celebrou um acordo de comércio livre


prestarão apoio, abordando as questões relativas às dificuldades práticas das PME ligadas à
aplicação dos acordos de comércio livre.
A UE mantém uma posição firme contra as práticas comerciais desleais através de
instrumentos de defesa comercial (IDC) quando as empresas da UE, incluindo as PME, são
prejudicadas pelas importações objeto de dumping ou de subvenções. A Comissão está a
aumentar o seu apoio específico às PME para facilitar o seu acesso aos instrumentos de
defesa comercial e a cooperação com a Comissão durante as investigações35.
A nova função recém-criada de responsável pelo comércio irá, nomeadamente, monitorizar e
melhorar o cumprimento dos nossos acordos comerciais. Deste modo se contribuirá para
reforçar o trabalho sobre a eliminação das barreiras comerciais, que têm um especial impacto
nas PME. Além disso, a UE participará ativamente numa política específica de sensibilização
e diplomacia económica destinadas às PME para apoiar o seu acesso aos mercados de países
terceiros. As oportunidades para os empresários europeus serão alargadas à escala mundial
através do programa Erasmus para Jovens Empresários, a fim de beneficiar de novas
experiências nos mercados de países terceiros.

34
O Centro de PME da UE, em Pequim, disponibiliza uma primeira linha de assistência às PME europeias que
pretendam desenvolver a sua presença no mercado chinês www.eusmecentre.org.cn.
35
Regulamento (UE) 2018/825 adotado em 30 de maio de 2018.

13
AÇÕES PRINCIPAIS

 O Representante da UE para as PME e a Rede de Representantes Nacionais das


PME contribuirão para os trabalhos do Grupo de Trabalho da Comissão para o
Cumprimento das regras do Mercado Único, que deverá ser criado em resultado
do Plano de Ação para o Cumprimento, a fim de abordar, entre outros aspetos, a
sobrerregulamentação no processo de transposição, com vista a reduzir ao
mínimo a carga regulamentadora que recai sobre as PME.
 A Comissão incentivará os Estados-Membros a implementar o Portal Digital
Único numa perspetiva favorável às PME. Os Estados-Membros devem interligar
os seus serviços num balcão único.
 O Representante da UE para as PME deverá filtrar as iniciativas da UE para
assinalar à Comissão aquelas que, a partir de uma perspetiva das PME, merecem
uma atenção especial e aquelas que desempenham um papel específico na nova
Plataforma «Prontos para o Futuro».
 A Comissão mobilizará os Estados-Membros em relação a uma norma UE para
Nações Startup para partilhar e adotar as melhores práticas com vista a acelerar o
crescimento das PME e das empresas em fase de arranque de alta tecnologia.
 A Comissão insta os Estados-Membros e as suas autoridades adjudicantes a
utilizarem a flexibilidade proporcionada pelo novo quadro da UE em matéria de
contratos públicos para reforçar as oportunidades para as PME, nomeadamente
através da utilização de instrumentos e plataformas digitais para aumentar a
contratação pública transfronteiriça. A Comissão fornecerá orientações e apoio às
autoridades adjudicantes.
 A Comissão incentivará os Estados-Membros a elaborar propostas de ambiente
de teste da regulamentação através do lançamento de um projeto-piloto.
 A Comissão lançará um apelo à criação de parcerias pioneiras entre as regiões
fronteiriças, a fim de reforçar a cooperação na aplicação do mercado único e a
eliminação das barreiras administrativas.
 A Comissão apoiará os Estados-Membros na aplicação da Diretiva Atrasos de
Pagamento, através da criação de instrumentos de monitorização e de melhores
instrumentos de aplicação e explorando a viabilidade de mecanismos alternativos
de resolução/mediação para as PME.
 A Comissão facilitará a cooperação transfronteiriça com as PME e entre elas no
âmbito do Fundo Europeu de Defesa e identificará os pontos fortes do seu
ecossistema de investigação e inovação.
 A Comissão lançará uma iniciativa espacial para o empreendedorismo,
designada «CASSINI».
 A Comissão apoiará os Estados-Membros na transposição da diretiva
recentemente adotada sobre os regimes de reestruturação preventiva e a
concessão de uma segunda oportunidade, ajudando-os a criar mecanismos de
alerta precoce para as empresas em dificuldades financeiras, a fim de evitar a
falência.
 A Comissão irá estudar com os Estados-Membros possíveis medidas para criar um
ambiente favorável à transferência de PME.
 A Comissão continuará a reforçar o acesso das PME aos mercados de países
terceiros, nomeadamente através de capítulos específicos relativos às PME, do
recurso a diálogos para o intercâmbio de boas práticas com os parceiros

14
comerciais e de um novo portal de informação. A Comissão facilitará o acesso das
PME aos instrumentos de defesa comercial.
 As delegações da UE prestarão apoio respondendo às questões das PME ligadas
aos acordos de comércio livre.
 A Comissão irá alargar à escala mundial o programa Erasmus para Jovens
Empresários.

4. Melhoria do acesso ao financiamento

O acesso ao financiamento é essencial para que as PME financiem as necessidades de


investimento para a transição. No entanto, em todas as fases do desenvolvimento, as
pequenas empresas lutam mais do que as grandes empresas para obterem financiamento. No
caso dos jovens empresários e das empresas em fase de arranque, podem ser múltiplas as
razões: como não ter um historial financeiro comprovado, a falta de garantias ou a falta de
informação dos investidores para avaliar o seu risco de crédito ou o valor dos seus ativos
intangíveis. A melhoria do acesso ao financiamento exige uma abordagem que combine um
ambiente regulamentar propício, um financiamento nacional e da UE suficiente e
harmonizado, bem como o acesso a redes de empresas e de investidores.

As PME enfrentam um importante défice de financiamento na Europa de 20 a 35 mil milhões


de EUR, apesar de programas de apoio substancial a nível nacional e da UE36 e, em alguns
Estados-Membros, o acesso ao financiamento continua a ser um dos principais problemas
com que se deparam37. Em 2019, 18 % das PME da UE não obtiveram o empréstimo
bancário completo que tinham previsto. Isto coloca as PME em desvantagem, uma vez que o
financiamento bancário representa cerca de 90 % das suas necessidades de financiamento. A
regulamentação bancária da UE deve criar as bases para um sistema bancário estável que
proporcione financiamento adequado a todas as empresas. O pacote bancário da UE manteve
o fator de apoio às PME e alargou-o a todos os empréstimos concedidos às PME. A
Comissão assegurará que qualquer futura legislação relativa aos mercados financeiros tenha
em conta os interesses das PME europeias e apoie o seu acesso ininterrupto a um vasto leque
de opções de financiamento.

Diversificar as fontes de financiamento e aumentar o investimento das PME

No entanto, é necessário diversificar as fontes de financiamento. O capital de risco


investido nas empresas europeias aumentou 13 %, passando para 8 mil milhões de euros em
2018, e a percentagem de fundos próprios provenientes de fora da Europa aumentou de 7 %
para 20 % em 201838. Contudo, apenas 10 % das empresas europeias utilizaram um
financiamento do mercado de capitais, em comparação com mais de 25 % nos EUA. Os
investimentos europeus em capital de risco são cerca de oito vezes inferiores aos dos EUA e,

36
Défice de financiamento da dívida por ano em 2014-2018; ver SWD(2018) 320 final de 7.6.2018.
37
Comissão Europeia e Banco Central Europeu, «Survey on the Access to Finance of Enterprises», 11.2019.
38
Invest Europe (2019)20.

15
por conseguinte, não são suficientemente sólidos para financiar o crescimento das empresas
europeias39.

As PME inovadoras e de rápido crescimento e as empresas em fase de arranque com


importantes necessidades de capital deslocam-se frequentemente para encontrar capital de
risco no estrangeiro40. Não se trata apenas de um risco para a soberania tecnológica, o
crescimento e o emprego na Europa, mas tem também um impacto a jusante na sua frota mais
vasta de PME.

Além disso, os investidores europeus podem ter relutância em investir em empresas em fase
de arranque devido a desafios na avaliação do potencial de mercado e/ou da PI em que
assenta um novo serviço ou produto de uma PME. Isto dificulta a apreciação da avaliação da
própria empresa. Os serviços de devida diligência técnica podem resolver esta questão e ter
tido êxito noutras regiões, mas ainda não estão facilmente disponíveis na Europa. Em última
análise, beneficiam todas as partes envolvidas: as PME, os potenciais investidores e o
ecossistema inovador alargado. Um projeto-piloto da UE permitiria uma avaliação mais
precisa das empresas em fase de arranque de alta tecnologia e das PME de alta tecnologia,
com base na sua carteira tecnológica e de PI41.

É necessário libertar mais investimento privado na Europa. A Comissão irá desenvolver


novas formas de partilha de riscos com o setor privado, como a iniciativa ESCALAR, a fim
de aumentar a dimensão dos fundos de capital de risco, intensificar os seus esforços de
investimento e trabalhar no sentido de um plano de ação renovado para a União dos
Mercados de Capitais. A União dos Mercados de Capitais pretende diversificar as fontes de
financiamento para as empresas em todas as fases do seu desenvolvimento.

Estabelecer as fundações de um Fundo OPI para as PME

As PME na Europa dispõem de possibilidades limitadas para o financiamento do


crescimento, como a inclusão na cotação dos mercados de capitais através de uma oferta
pública inicial (OPI). Os mercados de capitais são uma importante fonte de financiamento
para as PME que crescem, tornando-se empresas de média capitalização e, em última análise,
grandes empresas. No entanto, o número de OPI de PME diminuiu acentuadamente na
sequência da crise financeira e não recuperou desde então. Em 2019, o valor e o número das
OPI europeias continuaram a diminuir em 40 % e 47 %, respetivamente, em relação a 201842.
Muitos investidores institucionais não participam suficientemente no financiamento das
PME.

Para resolver este problema, o financiamento público pode funcionar como um investimento
de base para atrair mais investidores privados em PME inovadoras e de elevado crescimento
na fase de cotação pública. Um Fundo OPI para as PME apoiaria as PME através e para
além do processo de cotação. Teria por base a análise do mercado OPI da UE e a realização
de testes junto dos investidores e das partes interessadas.

Criar um ambiente mais propício e inclusivo para o acesso ao financiamento

39
Afme Capital Markets Union Performance Indicators Report 2019.
40
Financing the Deep Tech Revolution (Estudo CE-BEI, 2018).
41
Leveraging intelligence from https://www.innoradar.eu.
42
https://www.pwc.co.uk/audit-assurance/assets/pdf/ipo-watch-q4-2019-annual-review.pdf.

16
Nos últimos anos, registou-se um declínio considerável na investigação sobre o investimento
nas PME. A revisão da Diretiva relativa aos mercados de instrumentos financeiros que a
Comissão realizará em 2020 analisará a forma de incentivar a situação da investigação sobre
as PME.

A inovação da tecnologia financeira baseada na tecnologia do livro-razão distribuído


(«cadeia de blocos») pode abrir novas vias para que as PME colaborem diretamente com os
investidores, quer através de intermediários fiáveis, quer pelas próprias PME, de forma
descentralizada. Pode permitir que as PME emitam criptoativos e fichas digitais, por exemplo
sob a forma de obrigações. Estas obrigações são atrativas para os investidores, uma vez que
podem ser imediatamente comercializadas. Trata-se de uma forma de oferecer às PME um
financiamento mais rápido e mais eficiente e eficaz em termos de custos. A Comissão
facilitará a utilização de criptoativos e a aceitação de fichas digitais por parte das PME, dos
investidores e dos intermediários, de acordo com a futura Estratégia de Financiamento Digital
da UE.

As regras em matéria de auxílios estatais permitiram um apoio nacional significativo às


PME e ao capital de risco43. Até ao final de 2021, a Comissão está a racionalizar e a rever as
regras pertinentes da UE em matéria de auxílios estatais, a fim de garantir que estas
continuam a ser adequadas à sua finalidade. Nessa revisão, a Comissão procurará assegurar
que as regras incentivam a participação das PME em Projetos Importantes de Interesse
Europeu Comum (IPCEI).

Além disso, a falta de diversidade entre os beneficiários reduz a reserva de talentos e a


inovação. As mulheres lançaram um terço das empresas na Europa, mas as suas empresas
estão sub-representadas quando se trata de aumentar o capital de risco. Em 2019, mais de
92 % dos fundos de capital de risco criados pelas empresas tecnológicas europeias
financiaram equipas fundadoras de empresas compostas exclusivamente por homens 44. O
Programa InvestEU – o futuro dispositivo de financiamento do investimento da UE - poderá
ajudar a estimular o investimento nas e com as mulheres e proporcionar um apoio específico
para alargar a reserva de empresas e de fundos dirigidos por mulheres passíveis de atrair
investimento ao abrigo de uma iniciativa de financiamento inteligente em função do
género. Além disso, será triplicado o número de PME dirigidas por mulheres que beneficiam
do CEI, logo que este estiver em pleno funcionamento.

Mobilizar o financiamento da UE, nacional e privado para as PME através do programa


InvestEU
Em 2014-2018, os instrumentos financeiros da UE ajudaram a mobilizar 100 mil milhões de
EUR de financiamento, nomeadamente para as PME, sob a forma de financiamento da dívida
e de capitais próprios. Estima-se que o Plano de Investimento da UE apoiará mais de
1 milhão de PME. No entanto, é necessário manter o apoio nacional e da UE para reduzir o
défice de financiamento das PME.

43
As despesas de 2018 atingiram 216 milhões de EUR para o objetivo «Capital de risco» e 501 milhões de EUR
para o objetivo «PME».
44
«2019 State of European Tech report» https://2019.stateofeuropeantech.com/chart/103-1338/ .

17
No âmbito da vertente PME do InvestEU, a Comissão basear-se-á nas experiências positivas
com os atuais regimes de garantia da UE para as PME45. Criará um mecanismo de garantia
integrado único orientado para as PME consideradas de alto risco ou que não dispõem de
garantias suficientes, incluindo as que são inovadoras, as dos setores culturais e criativos, as
que transitam de modelos de utilização intensiva de energia e de recursos para PME mais
sustentáveis e as que adotam práticas comerciais digitais. A vertente PME do InvestEU
apoiará o financiamento através de capitais próprios para as PME e as pequenas empresas de
média capitalização em domínios de especial interesse para a política da UE, como o espaço e
a defesa, a sustentabilidade, a digitalização, a inovação, o financiamento inteligente em
função do género, a tecnologia profunda («deep tech») e a tecnologia verde. Por exemplo,
serão reunidos fundos da UE, dos Estados-Membros e do setor privado para aumentar o
acesso ao financiamento através de capitais próprios para as PME inovadoras e as empresas
em fase de arranque que desenvolvem e adotam soluções de tecnologia verde. O InvestEU
permitirá o financiamento de todas as fases de desenvolvimento, desde o seu arranque até à
sua expansão, e à OPI. Contribuirá para alavancar o financiamento privado de investidores,
como investidores providenciais («business angels»), gabinetes de gestão patrimonial
(«family offices»), fundos de capital de risco, fundos de pensões e companhias de seguros.

A Comissão trabalhará em estreita colaboração com os Estados-Membros para reunir fundos


e corrigir os desequilíbrios geográficos em matéria de investimentos e de acesso ao
financiamento, nomeadamente através da iniciativa Inovação Digital e Empresas em Fase de
Arranque46. Além disso, a vertente Investimento Social e Competências do InvestEU
melhorará o acesso ao microfinanciamento, o financiamento de empresas sociais, o
investimento de impacto e social e as competências.

AÇÕES PRINCIPAIS:

 A Comissão apoiará as ofertas públicas iniciais (OPI) das PME com investimentos
canalizados através de um novo fundo público-privado, a desenvolver ao abrigo do
programa InvestEU, com início em 2021, no âmbito da União dos Mercados de
Capitais.
 A Comissão introduzirá um mecanismo pioneiro do tipo «risco/prémio» para
aumentar a dimensão dos fundos de capital de risco e atrair os investimentos privados
com vista à sua expansão através da iniciativa ESCALAR.
 A Comissão lançará uma iniciativa de financiamento inteligente em função do
género para estimular o financiamento de empresas e de fundos liderados por
mulheres e a favor do empreendedorismo feminino.
 A Comissão lançará uma iniciativa de investimento em tecnologia verde destinada
a reunir fundos da UE, dos Estados-Membros e do setor privado para aumentar o
acesso ao financiamento de capitais próprios para as PME inovadoras e as empresas
em fase de arranque que desenvolvem e adotam soluções de tecnologia verde.
 A Comissão lançará uma iniciativa baseada na cadeia de blocos que permite a
emissão e a comercialização de obrigações de PME em toda a Europa, utilizando a
Infraestrutura Europeia de Cadeia de Blocos.

45
Disponível no âmbito do programa COSME, Horizonte 2020, do programa Europa Criativa e dos fundos da
política de coesão da UE.
46
https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/news/launch-digital-innovation-and-scale-initiative-central-
eastern-and-south-eastern-europe.

18
 A Comissão irá cofinanciar os serviços de diligência devida no domínio da
tecnologia no âmbito de um projeto-piloto da UE, a fim de permitir avaliações mais
precisas das empresas em fase de arranque de alta tecnologia e preparar a sua
propensão ao investimento.
 A Comissão simplificará ainda mais as regras em matéria de auxílios estatais
vigentes sobre combinações de fundos nacionais com os fundos InvestEU e
Horizonte. Esta simplificação permitirá que as PME beneficiem de um acesso mais
fácil a recursos comuns que as ajudem nas transições duplas. Além disso, no âmbito
da revisão em curso das regras em matéria de auxílios estatais, a Comissão irá rever
as regras em matéria de auxílios estatais aplicáveis ao financiamento de risco e à
comunicação do IPCEI, a fim de reforçar o apoio à participação das PME, garantir a
atração de investimento privado e evitar distorções da igualdade de condições de
concorrência.

5. Governação: uma parceria entre a UE e os Estados-Membros para a execução da


estratégia

A estratégia para as PME deve ser impulsionada por compromissos e ações, tanto a nível da
UE como dos Estados-Membros. Uma vez que muitas PME estão profundamente enraizadas
nos ecossistemas regionais e locais onde proporcionam emprego, formação, receitas fiscais e
bem-estar social, este compromisso deve ser alargado às autoridades regionais. A aplicação
da estratégia será apoiada por uma sólida parceria de todos os intervenientes que partilham a
responsabilidade pela execução - autoridades da UE, nacionais, regionais e locais, PME e
investidores. Implicará um balanço político regular dos progressos, a medição do
desempenho e a monitorização.

A rede de Representantes das PME é um instrumento importante para assegurar esta parceria
entre a UE e os Estados-Membros. Representa as autoridades nacionais dos Estados-
Membros responsáveis pela política das PME e permite uma ligação orgânica entre essas
autoridades, as comunidades empresariais locais e a UE. Com a renovação do seu mandato
em 2020, o papel da rede será reforçado e a sua interação com os organismos e autoridades
regionais fortalecida.
A Comissão nomeará um Representante de alto nível da UE para as PME, que terá a
tarefa especifica de orientar o trabalho da rede para assegurar a aplicação da estratégia e do
princípio «pensar primeiro em pequena escala» em todas as políticas da UE. Além disso,
caberá ao Representante da UE para as PME acompanhar a aplicação nos vários Estados-
Membros. A fim de facilitar a integração da estratégia para as PME em todos os domínios de
intervenção, o Representante da UE para as PME será estreitamente associado ao processo do
Semestre Europeu. O representante da UE para as PME sensibiliza para os aspetos
relacionados com as PME no programa «Legislar Melhor» da Comissão, através de um
diálogo regular com o Comité de Controlo da Regulamentação e também no âmbito da
Plataforma «Prontos para o Futuro».
Para complementar as atividades da rede de Representantes das PME (do setor público), a
Comissão também trabalhará em estreita colaboração com os Embaixadores do
Empreendedorismo Estratégico, um novo grupo consultivo de empresários de toda a
Europa, que irá desempenhar o papel de painel de consulta.

19
A nova estratégia será objeto de um exame periódico. A Comissão continuará a publicar
anualmente uma Análise do Desempenho das PME melhorada. Esta análise acompanhará
igualmente as políticas nacionais favoráveis às empresas em fase de arranque (índice
«empresas em fase de arranque da UE»), a implicação das PME em práticas empresariais
sustentáveis, bem como a digitalização das PME47 (índice do IDES). Esta análise será
apresentada e debatida no âmbito da Assembleia anual das PME, a fim de proporcionar uma
oportunidade às partes interessadas locais e à comunidade mais vasta de PME para
participarem ativamente.

A rede de Representantes das PME e outras instituições da UE participarão no


acompanhamento da aplicação da estratégia, por exemplo através do relatório anual dos
Representantes para o Conselho Competitividade e de um diálogo regular com o Parlamento
Europeu. Para elaborar esse relatório, o Representante para as PME da UE, juntamente com
os Representantes nacionais das PME, reunir-se-á com os responsáveis políticos em matéria
de PME e com outras partes interessadas nos Estados-Membros, a fim de debater também as
questões pertinentes para as PME identificadas no processo do Semestre Europeu. Com base
na análise destes mecanismos de avaliação, o Representante da UE para as PME coordenará a
sua ação com os Representantes nacionais das PME para desenvolver planos nacionais de
aplicação desta estratégia para as PME em cooperação com as empresas locais.

A definição de PME da UE é um instrumento essencial para garantir que esta estratégia está
orientada para a população certa, ou seja, proporciona apoio e benefícios às empresas mais
necessitadas. A Comissão monitoriza regularmente a adequação da estratégia para esse efeito.
De acordo com uma recente consulta pública48, com estudos e com inquéritos, a definição
funciona bem e é fácil de utilizar para a esmagadora maioria das PME da UE que são
pequenas e autónomas. A Comissão continuará a avaliar e a prestar informações sobre
questões específicas suscitadas, por exemplo, no que se refere a estruturas de propriedade
complexas ou a eventuais «efeitos de dependência».
AÇÕES PRINCIPAIS:
 A Comissão nomeará um Representante de alto nível da UE para as PME.
 A Comissão reforçará a rede de Representantes das PME para fortalecer a ligação entre
o nível da UE e o nível nacional no âmbito da política das PME.
 A Comissão lançará um grupo de Embaixadores do Empreendedorismo Estratégico.
 O Representante da UE para as PME sensibilizará para os aspetos relacionados com
as PME através de um diálogo regular com o Comité de Controlo da
Regulamentação.

47
https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/integration-digital-technology.
48
Consulta pública sobre a definição de PME: https://ec.europa.eu/info/consultations/public-consultation-
review-sme-definition_en.

20

Você também pode gostar