Do contrato social
Jean-Jacques Rousseau
Mauro Maia Laruccia
Professor do
Curso de Administração da PUC/SP e do
Mestrado em Comunicação e Cultura da Uniso.
Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP
E-mail:
[email protected] Recebido: 19 nov. 2014 Aprovado: 20 mar. 2015
Jean-Jacques Rousseau nasceu na cidade de Genebra, na Suíça em 28 de junho
de 1712, e morreu em 1778 na cidade de Ermenoville, na France. Não conheceu a mãe
que morreu após o parto. Em 1742 mudou-se para Paris lugar, no qual se relacionou
com filósofos, tais como Diderot que o convidou para colaborar na Enciclopédia. Suas
ideias chegaram a influenciar os ideais da Revolução Francesa. Em 1749, em resposta a
um premio proposto pela academia de Dijon, Rousseau escreveu O Discurso sobre as
Ciências e as Artes, trabalho que lhe conferiu reconhecimento. Publicou, ainda, as obras
Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens, A nova Heloísa e Contrato
Social, trabalho que será aqui tratado.
No livro segundo, basicamente, Rousseau discute o conceito de soberania em
que afirma que a comunidade deve ser governada objetivando o interesse comum, e a
soberania é o exercício da vontade geral ou interesse comum. Assim, um acordo com o
soberano não poderia ser constante, uma vez que a vontade particular tende para as
preferências e a vontade geral tende para a igualdade. Por isso que a vontade do
soberano, em algum momento, não coincidirá com a vontade geral.
Ao discutir a vontade, Rousseau afirma que a vontade geral, que considera
apenas o interesse comum, difere da vontade de todos ao focar no interesse privado. A
efetividade da vontade geral ocorre quando não existe uma sociedade parcial no Estado
e quando os indivíduos manifestem sua opinião individual. O povo nunca é corrompido,
mas é enganado o que impulsiona a possibilidade de desejar o que é mal.
Mauro Maia Laruccia
O soberano, destaca Rousseau no livro, só pode submeter o cidadão a realizar
trabalhos se os compromissos obrigatórios forem recíprocos, ou seja, uteis para a
sociedade. O contrato social estabelece uma equidade entre as pessoas tendendo para
um desempenho de condições equiparadas, em que todos possuirão os mesmos direitos.
Sobre o direito à vida, o autor afirma que o objetivo de um pacto social é a
manutenção de seus participantes. Rousseau destaca que quem desejar conservar a sua
vida às custas dos outros deve, também, dá-la para os outros quando for necessário. A
vida se tornaria, então, condicionada ao Estado. No caso da pena de morte, sua
justificativa ocorre pela conservação do Estado e seria legitimo que essa pena seja
aplicada quando a existência do infrator não for mais compatível com a existência do
Estado. Mas, segundo o autor, o Estado só terá direito de executar aqueles que não
possam ser conservados sem oferecer perigo.
Portanto, para que ocorra a justiça será necessário a criação de leis
interconectem os direitos e deveres. O objeto das leis deverá, assim, ser sempre geral,
tal como a vontade que as institui. Nesse sentido, Rousseau traz a definição de
República como todo Estado conduzido por leis, sob qualquer forma de governo que
possa estar: porque, então, governa unicamente o interesse público.
O legislador, antes de criar as leis, deverá estudar e observar o povo com o
objetivo de entender se a população está pronta para receber essas leis. Um dado
conjunto de leis não deve ser aplicado a comunidades diversas e distantes por conta das
diferenças culturais e a dificuldade de se governar a grandes distâncias. Para o autor, os
objetos do sistema de leis devem ser a igualdade e a liberdade.
Rousseau apresenta, assim, ideias importantes tanto para época em que o livro
foi publicado pela primeira vez quanto para atualidade. O conceito de soberania
relacionada à vontade geral rompe com os preceitos do monarquismo absolutista, ao
trazer a importância da vontade do povo para realização de um governo justo. Essas
ideias podem ser apontadas para a atualidade do cenário do brasileiro, pois é possível
verificar dissonâncias nesse sistema de governo para o povo e suas vontades quando
governantes decidem para satisfazer vontades pessoais. Assim, O Contrato Social –
apesar de ser teórico e idealizador – apresenta conceitos importantes até hoje utilizados
tais como República e Responsabilidade do Estado.
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® REGIT, Fatec-Itaquaquecetuba, SP, v. 1, n. 3, p. 105-107, jan/jun 2015
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Ao tratar da pena de morte, porém, Rousseau assume uma posição relativa
quanto ao direito à vida, com uma postura de certo ponto desumana, ao apresentar que
um indivíduo cuja existência ameaça a existência do Estado poderá ser passível de
condenação à morte. Tal posicionamento não está de acordo com a maioria das
sociedades ocidentais atuais, nas quais o respeito à vida assume valor absoluto.
Referência
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Série Clássicos. Tradução de Eduardo
Brandão. São Paulo: Penguin, Cia das Letras, 2011.
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® REGIT, Fatec-Itaquaquecetuba, SP, v. 1, n. 3, p. 103-105, jan/jun 2015