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Protocolo Da Escuta Especializada de Rolim de Moura Pronto Par Thiago

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ESTADO DE RONDÔNIA

PODER EXECUTIVO
MUNICIPIO DE ROLIM DE MOURA

PROTOCOLO
DA ESCUTA ESPECIALIZADA E REVELAÇÃO ESPONTÂNEA ÁREA
DE ABRANGENCIA DO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA/RO.
Email: [email protected]

ROLIM DE MOURA/RO 2021


ESTADO DE RONDÔNIA
PODER EXECUTIVO
MUNICIPIO DE ROLIM DE MOURA

GESTÃO MUNICIPAL

Prefeitura Municipal de Rolim de Moura - RO


ALDAIR JULIO PEREIRA
Prefeito Municipal

ALCIDES ROSA
Vice - Prefeito

Secretaria Municipal de Assistência Social - SEMAS


SANDRA MIRANDA DOS SANTOS
Secretaria Municipal

Secretaria Municipal de Educação e Cultura - SEMEC


CLEIDE LOPES
Secretaria Municipal

Secretaria Municipal de Saúde- SEMUSA


SIMONE APARECIDA PAES
Secretaria Municipal

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA


JOÃO MARCIO DE OLIVEIRA RODRIGUÊS
Presidente.

ORGANIZAÇÃO

Conselho Municipal da Criança e do Adolescente – CMDCA


Comitê de Gestão Colegiada da Rede de Cuidados e de Proteção Social de Crianças e
Adolescentes Vítima ou Testemunhas de Violência.
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ESCUTA ESPECIALIZADA

LEILA SILMARA VALU ABREU – Matricula 6176 – Assistente Social


(Secretaria Municipal de Sáude)
EIDY KELLI ROCHA DA SILVA – Matricula 6840 - Psicopedagoga
(Secretaria Municipal de Educação)
JOSIANE ALVES ROLIM – Matricula 3686 – Psicóloga
(Secretaria Municipal de Assistência Social)

ÓRGÃOS QUE SE COMPROMETEM A REALIZAR AMPLA DIVULGAÇÃO

Prefeitura Municipal de Rolim de Moura – RO


Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS
Secretaria Municipal de Saúde – SEMUSA
Secretaria Municipal de Educação e Cultura – SEMEC
Coordenadoria Geral de Educação de Rolim de Moura
Ministério Publico
Vara da Infância e da Juventude
Conselho Tutelar
Policia Militar
Policia Civil
Corpo de Bombeiros
Comitê Gestor
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MUNICIPIO DE ROLIM DE MOURA

COMITÊ GESTOR COLEGIADA – DECRETO N°5.088/2020 e suas alterações através do


DECRETO N° 5.381/2021.

1) Representante da Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS

Sônia Cristina da Silva Chaves – Diretora do CREAS

Erivalda Lucino de Araújo – Assistente Social.

2) Representante do Conselho Tutelar

Silvana de Souza Lima – Conselheira Tutelar

Zélia Janete do Carmo – Conselheira Tutelar.

3) Representante da Secretaria Municipal de Educação

Gracielli Bragança de Lima – Coordenação de Inspeção Escolar

4) Representante da Coordenadoria Regional de Educação

Joicy Karla Mancini de Oliveira – Analista Educacional.

5) Representante do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do


Adolescentes – CMDCA

Paola Waneska de Oliveira Gasques – Conselheira.

6) Representante da Secretaria Municipal de Saúde

Ana Maria Rocha Fujji – Psicologa

Ellen Rose de Lima dos Reis – Odontóloga.

7) Representante do 10° Batalhão da Policia Militar de Rolim de Moura.

João Batista Francelino dos Santos – Policial Militar.


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MUNICIPIO DE ROLIM DE MOURA

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .....................................................................06
FLUXOGRAMAS ..................................................................... 15
1.1 UBS ................................................................................... 16
1.2 HOSPITAL .......................................................................... 17
1.3 CAPS .................................................................................. 18
1.4 EDUCACÃO ....................................................................... 19
1.5 CREAS ............................................................................... 20
1.6 CRAS ................................................................................. 21
1.7 CONSELHO TUTELAR ........................................................ 22
1.8 POLICIA ............................................................................. 23
1.9 POLICIA MILITAR ............................................................... 24
1.10 FLUXOGRAMA DA REVELAÇÃO ESPONTÂNEA ............... 25
ANEXOS
DECRETO 9.603/2010 ........................................................... 27
LEI 13.431/2017 .................................................................... 37
PROTOCOLO DE REVELAÇÃO ESPONTÂNEA ........................ 47
FORMULARIO DE ESCUTA ESPECIALIZADA ......................... 51
FORMULÁRIO SINAN..............................................................55
ÓRGÃOS / ENTIDADES / CONTATOS.................................... 58
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APRESENTAÇÃO

O Presente Protocolo da Escuta Especializada e da Revelação Espontânea do munícipio de


Rolim de Moura/RO representa um marco na historia do Municipio em respeito a dignidade
e integridade das crianças e adolescente vitimas de violência, abuso e maus-tratos.
Considerando o Decreto 5.088/2020 e sua alteração através do Decreto n°5.381/2021,
que instituiu o “Comitê de Gestão Colegiada da Rede de Cuidado e de Proteção
Social das Crianças e dos Adolescentes Vitimas ou Testemunhas de Violência”,
com a Finalidade de articular, mobilizar, planejar, acompanhar e avaliar as ações da
rede intersetorial, além de colaborar para a definição dos fluxos de atendimento e o
aprimoramento da integração do referido Comitê.
Considerando a necessidade de Regulamentar, Organizar, o fluxograma de rede
municipal do Sistema de Garantia de Direitos - SGD para realização de escuta
especializada de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.
Considerando a necessidade de criação do fluxograma para realização da escuta
especializada:

1. A criação de fluxograma de atendimento multidisciplinar (para acolher, escutar e


acompanhar a criança ou o adolescente vítima ou testemunha de violência), respeitando
as peculiaridades locais.

2. Ofício com a indicação dos nomes dos servidores efetivos e/ou celetista para a
capacitação a ser realizada pelo Ministério Público.

3. A sala de escuta irá funcionar na Avenida Natal n° 5562 – Bairro Planalto no Centro
de Atenção Psicossocial – CAPS.
Decreto nº 9.603, permitiu a regulamentação da Lei 13. 431 de 4 de abril de 2017 que
estabelece o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e Adolescentes Vítimas ou
Testemunha de Violência.

Após o compromisso firmado, o municipio de Rolim de Moura, através da Prefeitura


Municipal de Rolim de Moura, buscou dentro de seu quadro de servidores pessoas que se
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comprometessem com a causa, pois um dos requisitos está no preparo emocional
adequado da pessoa que fará parte do quadro de ouvinte da Escuta Especializada. Foram
nomeados 1 (UM) Assistente Social, 1 (UM) Psicólogas e 1(UM) Psicopedagoga para atender
as vitimas, bem como realizar a elaboração de relatórios da escuta. A escuta especializada
no Municipio de Rolim de Moura funciona, encontra – se em fase de implantação e
busca a cada dia adequar a escuta local dentro dos parametros da Lei 13. 431 de 4 de
abril de 2017.
Parte importante para o funcionamento da Escuta Especializada, é a forma
como chega o fato ocorrido com as vítimas, sendo de suma importância a construção de
fluxogramas de atendimentos e as atribuições de cada política pública ou orgão de
defesa de direitos e a formação de uma rede integrada, este trabalho vai viabilizar a
comunicação entre os integrantes da rede, de forma a garantia integral da proteção aos
direitos da criança e adolescente. Com o fluxograma de funcionamento e informações
necessarias, o serviço fica claro e objetivo.
A Lei nº13.431/2017, descreve e conceitua a Revelação Espontânea e a Escuta
Especializada. Dessa forma, se faz necessario expôr alguns conceitos sobre a Revelação
Espontânea e Escuta Especializada.
A Revelação Espontânea configura-se na situação em que a criança ou adolescente relata
espontâneamente a um profissional ou agente institucional que foi ou está sendo vítima de
violência (podendo ser qualquer forma de violência: física, psicológica, sexual e/ou
institucional), ou que presenciou algum ato de violência.. (https://www.justica.pr.gov.br).
A Criança ou adolescente, escolhe a pessoa para quem fará a revelação espontânea, a
pessoa deve receber a revelação de forma neutra, que possa se despir de preconceitos, e
policiar as expressões faciais ou gestuais, para que a vítima seja ouvida sem
interrrupções.
Para melhor compreensão do que dispõe a Lei 13.431/2017, observemos;

1. Cláusula Primeira – Revelação Espontânea da violência a órgão da rede de


atendimento e providências a serem adotadas.

Caso criança com menos de 07 (sete) anos relate espontaneamente violência sofrida ou
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presenciada, ou criança ou adolescente realize relato espontaneamente de violência
sexual, conforme hipóteses previstas no art. 11, § 1º, da Lei nº13. 431/2017, a qualquer
pessoa ou profissional da Educação, da Saúde, da Assistência Social ou afim, este deve
imediatamente comunicar à Polícia Civil que iniciará as investigações, observando o
disposto no art. 22 da Lei nº 13.431/2017, representando ainda, quando for o caso, pela
aplicação das medidas protetivas previstas no art. 21 da normativa referida. A revelação
espontânea também deverá ser levada imediatamente ao conhecimento do Ministério
Público com atuação criminal, com vistas à propositura da ação cautelar de antecipação
de provas, sem prejuízo de eventuais medidas do art. 21 da Lei nº 13.431/2017.
Parágrafo único. Nos demais caso de violência se deve imediatamente comunicar à
Polícia Civil, que observará o caput do art. 11 da Lei nº 13.431/2017.
1.1. O profissional que for inicialmente procurado pela criança ou adolescente para
revelação espontânea deve acolher e ouvir o relato, considerando que foi o escolhido pela
vítima, certamente por despertar nela sensação de segurança e confiança, hipótese em
que não deve recusar a escuta, sob pena de gerar sentimentos negativos de descrédito,
medo, culpa ou vergonha, que podem levar a vítima a recuar e não mais revelar a violência
a que se vê submetida. Este profissional deve primar pelo relato livre, sem perguntas
fechadas ou sugestivas, sempre procurando evitar demonstrar reações emocionais que
impressionem, sugestionem ou constranjam a criança ou adolescente.

1.2. Após a revelação espontânea, nenhum outro profissional deverá abordar a vítima
senão mediante os procedimentos adequados previstos no art. 4º, parágrafo primeiro, da
Lei nº 13.431/2017, sendo que o acionamento da rede de proteção das autoridades
policiais e judiciais deverá ser promovida pela própria instituição onde tenha ocorrido a
revelação, mediante reprodução do relato da vítima pelo profissional, através do
preenchimento do formulário, sem submetê-la a repetição informal do relato.
1.3. A rede de proteção deverá eleger e qualificar profissionais específicos para a
realização da Escuta Especializada em abordagem única, os quais deverão ir para
atendimento durante ou logo após a revelação espontânea.
A instituição ou orgão que receber a revelação espontânea, deverá encaminhar para
escuta especializada da rede de proteção através do email:
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[email protected] .
A partir do recebimento, o profissional da escuta especializada , entrará em contato para
marcar o dia e hora, informando o local onde acontecerá a escuta, sempre respeitando o
horário escolar da vitima, seguindo o disposto na lei.
1.4. Em qualquer dos casos a instituição a que está vinculado o profissional que recebeu
o relato espontâneo deve comunicar imediatamente também ao Conselho Tutelar que
verificará se é o caso de aplicação de alguma das Medidas Específicas de Proteção no seu
âmbito de atuação, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

1.5. Caso não seja possível aguardar, para fins de atendimento social e de saúde, o
compartilhamento do relato feito nos moldes da Cláusula Quinta, poderá a rede de
proteção se valer da realização da Escuta Especializada, devendo os profissionais dos
diversos órgãos que realizam o atendimento se comunicarem reciprocamente, para que a
vítima ou testemunha não tenha que prestar, perante outro órgão ou em outra esfera, as
mesmas declarações.
A necessidade em ter um Formulário de Revelação Espontânea, se dá em virtude do
cumprimento das exigências de implantação para escuta especializada, acompanhando o
que dispões o Decreto nº 9.603 de 10 de dezembro de 2018. que regulamenta a Lei
Federal nº 13.431/2017:

Art. 28. Será adotado modelo de registro de informações para compartilhamento do


sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de
violência, que conterá, no mínimo:
I - os dados pessoais da criança ou do
adolescente;
II - a descrição do atendimento;
III - o relato espontâneo da criança ou do adolescente, quando houver;
IV - os encaminhamentos efetuados.

ORIENTA o uso do modelo de instrumento de Registro da Revelação Espontânea, pelos


órgãos da rede de atenção e proteção no âmbito da saúde, assistência social e educação,
conforme orientações do anexo, respeitando as especificidades locais, podendo utilizar
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outro instrumento desde que cumpra com os objetivos:
a) O documento deverá ser preenchido quando a criança ou adolescente abordar o
profissional e relatar espontaneamente que foi e/ou está sendo vítima de violência
e/ou presenciou algum ato de violência;
b) O presente formulário não substitui a necessidade de preenchimento da Ficha de
Notificação de Violência Interpessoal e Autoprovocada ou qualquer outro
instrumento previamente pactuado na Rede de Proteção/Atenção;
c) O fluxo de encaminhamento do Registro de Revelação Espontânea deverá ser
deliberado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
reconhecendo a autonomia para a definição da Política de Proteção Municipal;
d) O instrumento seja preenchido pela pessoa que a criança ou adolescente procurar
para fazer a revelação. Excepcionalmente, em caso de dificuldade no
preenchimento/escrita do instrumento poderá haver o auxílio necessário;
e) Em nenhuma hipótese a criança/adolescente deverá ser conduzido para ser
ouvido por pessoa diversa daquela que ela elegeu como de confiança para o relato.
A descrição dos fatos deverá ser redigida de forma fidedigna sem omitir;

f) Nenhum detalhe exposto e sem fazer deduções pessoais sobre a situação,


utilizando as próprias palavras da criança/adolescente, mesmo que os termos
possam parecer inadequados;
g) O profissional poderá fazer, após a descrição do relato, caso considere necessário,
observações pertinentes à sua impressão quanto à postura da criança ou
adolescente, presença de lesões, choro, entre outros. Se ocorrerem novos relatos
deverão ser preenchidos tantos instrumentosquantos forem necessários;
h) Se a criança ou adolescente se sentir constrangido em falar, ou sentir vergonha, o
desenho do corpo, poderá ser usado para que a criança ou adolescente mostre as
partes do corpo que foram tocadas, ou sentem- se intimidado em falar;
i) O formulario dispõe de um espaço para descrever a figura do possivel abusador,
caso a vitima se recorde do abusador e fale, o local deverá ser preenchido de forma
a falicitar para a rede melhor compreenção do caso e lidar com a vítima. (NOTA
TÉCNICA FORTIS Nº 001/2020 Assunto: ORIENTAÇÃO PARA USO DO
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REGISTRO DE REVELAÇÃO ESPONTÂNEA)
j) Caberá a cada unidade da Rede de Proteção criar um email específico para Escuta
Especializada para os envios dos Formulários de Registros e compartilhamento
(modelo em anexo) das informações em consonância com o fluxograma.
Em um segundo momento, já que foi discutido a revelação espontânea no primeiro, se
faz necessário entender o que é a Escuta Especializa, para que posteriormente se siga
com o que determina o Decreto 9.603 de 10 de Dezembro de 2018 e a Lei
13.431/2017. Segundo o Protocolo integrado de atendimento a crianças e
adolescentes vítimas ou testemunhas de violência: conforme a lei nº 13.431/2017.

2. Cláusula Segunda - Da escuta especializada.


2.1. Todo Município empreenderá esforços para dispor de um número suficiente de
profissionais de referência de cada política setorial (saúde, educação, assistência social,
segurança pública) com qualificação específica para realização da escuta especializada,
observado o disposto no Art.12 § 2º e § 3º do Decreto nº 9.603/2018.
2.2. A escuta especializada visa assegurar o acompanhamento da vítima em suas
demandas, na perspectiva de superação das consequências da violação sofrida, inclusive
no âmbito familiar. O foco deve ser voltado para o provimento de cuidado e atenção que
a criança ou adolescente vitimizado necessita.
2.3. Os fatos narrados durante a escuta especializada da vítima e de seus responsáveis
legais poderão ser compartilhados, através de relatórios com os demais serviços ou
órgãos que fazem parte do fluxo de atendimento da criança ou adolescente, observando-
se para isso o caráter confidencial das informações.

3. Clausula Terceira.
3.1. A Lei n. 13.431/2017 estabeleceu sistema de garantia de direitos de crianças e
adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, com vigência a partir 05/04/2018, e
no seu art. 4, inciso IV, classificou como uma das formas de violência a Violência
Institucional, entendida como aquela praticada por instituição pública ou conveniada,
inclusive quando gerar revitimização. Para evitar tal ocorrência regulamentou o
Depoimento Especial e a Escuta Especializada, definindo-as:
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a) Art. 7 da Lei 13.431/2017: A Escuta Especializada é o procedimento de entrevista
sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de
proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua
finalidade.
Paragrafo Único. A Escuta Especializada e o Depoimento Especial deverão ser realizados
em local apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a
privacidade da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência, ocorrerá em
horário oposto, ao horário de aula da criança ou do adolescente (art. 10º), ou em
momento oportuno segundo a necessidade urgente.
3.2A Referida Lei, em seu art.4º, §§1º e 2º, determinou que crianças e adolescentes fossem
ouvidos sobre a situação de violência por meio de Escuta Especializada e Depoimento
Especial, e que os órgãos de Saúde, Assistência Social, Educação, Segurança Pública e
Justiça adotarão os procedimentos necessários por ocasião da revelação espontânea da
violência.
Parágrafo único. Nos moldes do art. 3º da referida Lei é facultativa a aplicação deste
protocolo para as vítimas e testemunhas de violência entre 18 (dezoito) e 21(vinte e um)
anos em situações que justifiquem a excepcionalidade.
3.3 Observando a determinação legal os órgãos de Justiça, Segurança Pública, Educação,
Saúde e Assistência Social, por seus profissionais com atribuição no atendimento de crianças
e adolescentes no Município de Rolim de Moura, abaixo nominadas, firmam o presente termo,
que tem como objetivo a implantação de protocolo integrado para evitar a revitimização pela
realização de entrevistas múltiplas pelos mesmos fatos e garantir a observância de cautelas e
parâmetros voltados à proteção de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de
violência antes e durante o atendimento pela rede de proteção e a coleta da prova para
persecução penal.
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4. Cláusula Quarta – Compartilhamento das informações à Rede de Proteção às Ações


de outra natureza.

4.1. Produzida a prova para fins penais (área que deve ser priorizada diante da maior
abrangência e necessidade de observância ao contraditório e a ampla defesa), visando
evitar a repetição de depoimento, perícia ou escuta especializada pelos mesmos fatos,
devem ser emprestadas as provas apuradas aos demais processos judiciais, seja na área
da infância e juventude, seja na área de família, e ainda aos órgãos da rede de proteção,
limitado o empréstimo às informações estritamente necessárias para o cumprimento de
sua finalidade, nos moldes do art. 5º, inciso XIV, da Lei nº 13.431/2017 e/ou como
prova emprestada a outras ações judiciais nos moldes do art. 372 do CPC.
Parágrafo único: No caso de solicitação da rede de proteção, deverá o profissional
especializado produzir relatório diretamente ao equipamento de atendimento da vítima ou
testemunha, limitado ao estritamente necessário para o cumprimento de sua finalidade.

5.Cláusula Quinta – Disposições finais


5.1. Todos os órgãos envolvidos neste protocolo se comprometem a adotá-lo e zelar pela
sua observância, consignando que o objeto aqui acordado não esgota a necessidade de
medidas outras tendentes ao integral cumprimento da Lei nº13.431/2017,
principalmente no que concerne à necessidade de outras ações articuladas, coordenadas
e efetivas voltadas ao acolhimento e ao atendimento integral às vítimas de violência (art.
14).
5.2. Comprometem-se, ainda, a proceder a orientação à população atendida quanto à
previsão do art. 13 da Lei nº 13.431/2017: “Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou
presencie ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência
contra criança ou adolescente tem o dever de comunicar o fato imediatamente ao serviço
de recebimento e monitoramento de denúncias, ao conselho tutelar ou à autoridade
policial, os quais, por sua vez, cientificarão imediatamente o Ministério Público”.
Em respeito a integridade da vítima, os órgãos de entrada conforme fluxogramas
receberam devolutiva da escuta especializada quanto aos procedimentos adotados, o qual
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falará somente o necessário em relação aos procedimentos adotados pela escuta
especializada.
O relatório na íntegra será enviado somente às autoridades competentes, ou seja,
Delegacia de Polícia (DEAM) e Ministério Público.
Sendo assim, para um melhor entendimento segue o fluxo de atendimento da escuta
especializada e revelação espontânea.
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FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO – ROLIM DE MOURA/RONDÔNIA
Sistema de garantia de Direitos com Serviços de Referência –
Lei 13 .431/17
Art. 4º -Formas de Violência Contra Crianças e adoelscente Vítimas ou Testemunhas;
I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause
sofrimento físico;

II - violência psicológica: a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou ao adolescente mediante
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação
sistemática (bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;
III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou
qualquer outro ato libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não, que compreenda:

a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato li bidinoso,
realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro;

b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer
outra forma de compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por meio
eletrônico;

c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente,
dentro do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma de coação, rapto,
fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre os casos previstos na
legislação;

IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou conveniada, inclusive quando gerar revitimização.

§ 1º. Para os efeitos desta Lei, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de escuta especializada e
depoimento especial

O Conselho Tutelar deverá acompanhar a Família e Aplicar medidas Protetivas Conforme Art. 29 do ECA,
encaminhar para :
Portas de
Entrada
Art. 13 da Lei Escuta especializada
13.431/17
Tratamento de Saúde –
Serviço local de Referencia
UBS/ESF- CAPS/ Equipe de
-Disque 100 (Preferencialmente em Equipamento de
saúde Mental.
saúde)
- A Familia Delegacia de Polícia. Art.7º, 14, 16,17 e 18 da Lei 13.431/17
Arts. 8º, 12,22 Art. 10º Decreto 9.603/18
- A Escola Lei. 13.431/17 Assistência Social.
- Boletim de Ocorrência Escuta Especializada da Criança e CRAS e CREAS
- Na Saúde -Requisição de Pericias adolescente.
.Fisicas e Psiquica.
- Na .DML/PML Profilaxia ( até 72h) Educação;
Assistencia - Infantil
Social Interrupção Gravidez- casos legais (saúde) -Fundamental
-Ens.Médio
- No Poder Requerer medidas de Encaminhamentos Pertinentes a Rede de
Judiciario proteção, exfera Proteção.
criminal. Ministério Publico;
- No Art. 21 da Lei Promotoria de Justiça da
Ministério 13.431/17 Infância e Juventude
Público

- Policia Civil
Depoimento Policia Civil Ministerio Juizado da Infância e Juventude;
Especial Requer Produção Público Medids Judiciais. Medidas de Proteção e
- Na Brigada
Policial se antecipada de Promotoria de acolhimento Institucional.
Militar
necessario provas – Art. 11, 1º Justiça Criminal
- Notificação da Lei 13.431/17 Onde existirem Centros Integrados estes poderão ser
Compulsoria referência para Cidades de Médio e Pequeno Porte.

- Na Poder Judiciario ( Vara Judicial Criminal)


(Departamento Especial Judicial) Os Profissionais do Centro Integrado podem ser da rede
Defensoria
Art. 8 e 12 da Lei 13.431/17 Municipal/Estadual/Contratados Conveniados, mas NÂO podem
Pública
ser os mesmos que realizam os tratamentos psiquico e/ ou
sociais da rede de proteção.
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FLUXOGRAMA – UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE ROLIM DE MOURA

UBS

ATENDIMENTO/ACOLHIMENTO/AVALIAÇÃO DE RISCO E LESÕES

FORMULÁRIO DE REGISTRO DA REVELAÇÃO EXAMES;


ESPONTÂNEA MEDIDAS PROFILÁTICAS;
ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA;
ORIENTAÇÕES; HOSPITAL
SE
NECESSÁRIO
ESCUTA ESPECIALIZADA E
CONSELHO TUTELAR

EQUIPE DA ESF
 Análise do histórico de saúde
 Acompanhamento de acordo com o caso

Notificação
Compulsória
17

FLUXOGRAMA – HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE ROLIM DE MOURA - RO

HOSPITAL

ATENDIMENTO/ACOLHIMENTO/AVALIAÇÃO DE RISCO E LESÕES

FORMULÁRIO DE REGISTRO DA
REVELAÇÃO ESPONTÂNEA
EXAMES;
MEDIDAS PROFILÁTICAS;
ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA;
ESCUTA ESPECIALIZADA E ORIENTAÇÕES;
CONSELHO TUTELAR

NOTIFICAÇÃO EQUIPE DA ESF


COMPULSÓRIA  Análise do histórico de saúde
(SINAM)  Acompanhamento de acordo com o caso
18

FLUXOGRAMA – CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA

CAPS

ATENDIMENTO/ACOLHIMENTO/AVALIAÇÃO DE RISCO

EQUIPE TÉCNICA CAPS


FORMULÁRIO DE REGISTRO DA  Acolhe a criança/adolescente
REVELAÇÃO ESPONTÂNEA  Elabora e desenvolve o PTS
 Realiza trabalho com a família e/ou rede de cuidados
 Encaminha para cuidados necessários no âmbito da
saúde
ESCUTA ESPECIALIZADA
E CONSELHO TUTELAR

REALIZA DEMAIS ENCAMINHAMENTOS


PERTINENTES DENTRO DA REDE DE
PROTEÇÃO
19

FLUXOGRAMA – UNIDADES ESCOLARES MUNICIPAIS, ESTADUAIS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO ROLIM


DE MOURA - RO

CRECHE/EDUCAÇÃO INFANTIL/ENSINO FUNDAMENTAL/ENSINOMÉDIO

PROFISSIONAL DA UNIDADE ESCOLAR DEVERÁ ACOLHER A REVELAÇÃO ESPONTÂNEA DA


CRIANÇA/ADOLESCENTE
(EM AMBIENTE ACOLHEDOR, QUE PRESERVE O SIGILO E NÃO HAJA INTERRUPÇÕES)

FORMULÁRIO DE REGISTRO ESCOLA DEVE ELABORAR


ESCUTA ESPECIALIZADA E
DA REVELAÇÃO PLANO DE APOIO
CONSELHO TUTELAR
ESPONTÂNEA PEDAGÓGICO AO ALUNO
20

FLUXOGRAMA – CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE ROLIM


DE MOURA/RO.

CREAS

ATENDIMENTO/ACOLHIMENTO/AVALIAÇÃO DE RISCO

EQUIPE TÉCNICA CREAS


FORMULÁRIO DE REGISTRO DA  Acolhe a criança/adolescente
REVELAÇÃO ESPONTÂNEA  Elabora e desenvolve PAEFI
 Realiza trabalho com a família e/ou
rede decuidados

ESCUTA ESPECIALIZADA E
CONSELHO TUTELAR
REALIZA ENCAMINHAMENTOS
PERTINENTES DENTRO DA REDE
DE PROTEÇÃO
21

FLUXOGRAMA – CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


DE ROLIM DE MOURA - RO

CRAS

ATENDIMENTO/ACOLHIMENTO/AVALIAÇÃO DE RISCO

EQUIPE TÉCNICA CRAS


FORMULÁRIO DE REGISTRO DA
 Acolhe a criança/adolescente
REVELAÇÃO ESPONTÂNEA
 Elabora e desenvolve o PAIF
 Inclui a criança/adolescente no SCFV

ESCUTA ESPECIALIZADA E
CONSELHO TUTELAR REALIZA ENCAMINHAMENTOS
PERTINENTES DENTRO DA REDE
DE PROTEÇÃO
22

FLUXOGRAMA – CONSELHO TUTELAR DE ROLIM DE MOURA - RO

UNIDADES DA MINISTÉRIO
DELEGACIA DISQUE 100 COMUNIDADE
REDE DE PÚBLICO
PROTEÇÃO

CONSELHO TUTELAR
(Acolhe a família, identifica/avalia fatores de risco, aplica as medidas protetivas)

Aplica a Medida de Proteção Encaminhamento para Escuta


 Registra o SIPIA de Acolhimento (comunica oJuiz Especializada
 Garante que a família/responsável em 24 horas) – Quando com cópia do Relatório da Revelação
acompanhe a criança/ adolescentenos Espontânea (se houver) ou especificações do
necessário.
procedimentos necessários caso e encaminhamentos já realizados para
Comunica o MP sobre a Rede de Atenção.
 Orienta os responsáveis e garante situação identificada.
que seja realizado o BO
Delegacia de Polícia (se
 Acompanha o caso de forma
houver indícios de crime)
articulada a Rede.

Requisita acompanhamento da Rede SUAS e Rede


SUS,conforme a situação identificada e
necessidades avaliadas:
 Centro de Referência de Assistência Social - CRAS (PAIF-
SCFV)
 Centro de Referência Especializado de Assistência Social -
CREAS (PAEFI)
 Núcleo Ampliado de Saúde da Família - NASF
 Estratégia de Saúde da Família - ESF
 Centro de Atenção Psicossocial - CAPS
23

FLUXOGRAMA – DELEGACIA DE POLÍCIA CIVIL DE ROLIM DE MOURA

DISQUE 100 PLANTÃO CONSELHO MINISTÉRIO


PM
OU 180 POLICIAL TUTELAR PÚBLICO

DELEGACIA DE POLÍCIA CIVIL


(Registra a Ocorrência Policial)

SITUAÇÃO DE FLAGRANTE SIM


NÃO

Comunicação ao Conselho
Tutelar
(Função Protetiva) EQUIPE DE INVESTIGAÇÃO

SOLICITAÇÃO DE ESCUTA
ESPECIALIZADA SEM INDÍCIO
COM INDÍCIO DE CRIME
DE CRIME

AGRESSOR
PRESO
INVESTIGAÇÃO DENÚNCIA
CRIMINAL ARQUIVADA

COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO E JUDICIÁRIO


24

FLUXOGRAMA – POLICIA MILITAR DE ROLIM DE MOURA

CONSELHO
COMUNIDADE
TUTELAR

POLÍCIA MILITAR
(Verifica e Registra a Demanda)

PC
Aciona o Conselho Tutelar
(Conselho acompanha toda
ação)

SITUAÇÃO DE
FLAGRANTE

 Registra a ocorrência
 Faz entrevista os envolvidos,

PRESO

Conselho Tutelar acompanha a Encaminha o suspeito para


criança até a sede do Conselho UNISP
25

FLUXOGRAMA DA REVELAÇÃO
ESPONTÂNEA DO
MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA/RO.

REVELAÇÃO ESPONTÂNEA

Conselho Saúde Educação Assistência Comunidade


Tutelar Art. 13 do Eca Art. 56 do Eca Social

FORMULÁRIO DE REVELAÇÃO ESPONTÂNEA


Toda rede pronta para ouvir- capacidade de ouvir do provifissional

Lei 13.431/17 Art. 7º. Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de
violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato
estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade- Profissionais capacitados na
rede .

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento


cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade,
sem prejuízo de outras providências legais.(Redação dada pela Lei nº
13.010, de 2014)
26

ANEXOS
27

Presidência da República
Secretaria -Geral
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 9.603, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2018

Regulamenta a Lei nº 13.431, de 4 de abril de


2017, que estabelece o sistema de garantia de
direitos da criança e do adolescente vítima ou
testemunha de violência.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art.84,
caput , incisos IV e VI, alínea "a", da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 13.431,
de 4 de abril de 2017,

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Seção I
Dos princípios e dos conceitos

Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017 , que estabelece o
sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência.

Art. 2º Este Decreto será regido pelos seguintes princípios:


I - a criança e o adolescente são sujeitos de direito e pessoas em condição peculiar de
desenvolvimento e gozam de proteção integral, conforme o disposto no art. 1º da Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente;
II - a criança e o adolescente devem receber proteção integral quando os seus direitos forem
violados ou ameaçados;
III - a criança e o adolescente têm o direito de ter seus melhores interesses avaliados e
considerados nas ações ou nas decisões que lhe dizem respeito, resguardada a sua integridade
física e psicológica;
IV - em relação às medidas adotadas pelo Poder Público, a criança e o adolescente têm
preferência;
a) em receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) em receber atendimento em serviços públicos ou de relevância pública;

c) na formulação e na execução das políticas sociais públicas; e

d) na destinação privilegiada de recursos públicos para a proteção de seus direitos;


28

V - a criança e o adolescente devem receber intervenção precoce, mínima e urgente das


autoridades competentes tão logo a situação de perigo seja conhecida;
VI - a criança e o adolescente têm assegurado o direito de exprimir suas opiniões
livremente nos assuntos que lhes digam respeito, inclusive nos procedimentos administrativos e
jurídicos, consideradas a sua idade e a sua maturidade, garantido o direito de permanecer em
silêncio;
VII - a criança e o adolescente têm o direito de não serem discriminados em função de raça,
cor, sexo, idioma, crença, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou regional, étnica
ou social, posição econômica, deficiência, nascimento ou outra condição, de seuspais ou de seus
responsáveis legais;
VIII - a criança e o adolescente devem ter sua dignidade individual, suas necessidades, seus
interesses e sua privacidade respeitados e protegidos, incluída a inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral e a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, das
ideias, das crenças, dos espaços e dos objetos pessoais; e
IX - a criança e o adolescente têm direito de serem consultados acerca de sua preferência
em serem atendido por profissional do mesmo gênero.

Art. 3º O sistema de garantia de direitos intervirá nas situações de violência contra crianças
e adolescentes com a finalidade de:

I - mapear as ocorrências das formas de violência e suas particularidades no território


nacional;
II - prevenir os atos de violência contra crianças e adolescentes;

III - fazer cessar a violência quando esta ocorrer;

IV - prevenir a reiteração da violência já ocorrida;

V - promover o atendimento de crianças e adolescentes para minimizar as sequelas da


violência sofrida;

VI - promover a reparação integral dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 4º A criança ou o adolescente, brasileiro ou estrangeiro, que fale outros idiomas deverá
ser consultado quanto ao idioma em que prefere se manifestar, em qualquer serviço, programa ou
equipamento público do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou
testemunha de violência, tomadas as medidas necessárias para esse atendimento, quando possível.

Art. 5º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:


I - violência institucional - violência praticada por agente público no desempenho de função
pública, em instituição de qualquer natureza, por meio de atos comissivos ou omissivos que
prejudiquem o atendimento à criança ou ao adolescente vítima ou testemunha de violência;
II - revitimização - discurso ou prática institucional que submeta crianças e adolescentes a
procedimentos desnecessários, repetitivos, invasivos, que levem as vítimas ou testemunhas a
reviver a situação de violência ou outras situações que gerem sofrimento, estigmatização ou
exposição de sua imagem;
29

III - acolhimento ou acolhida - posicionamento ético do profissional, adotado durante o


processo de atendimento da criança, do adolescente e de suas famílias, com o objetivo de
identificar as necessidades apresentadas por eles, de maneira a demonstrar cuidado,
responsabilização e resolutividade no atendimento; e
IV - serviço de acolhimento no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - Suas -
serviço realizado em tipos de equipamentos e modalidades diferentes, destinados às famílias ou
aos indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir sua proteção
integral.

Seção II

Da acessibilidade

Art. 6º A acessibilidade aos espaços de atendimento da criança e do adolescente vítima ou


testemunha de violência deverá ser garantida por meio de:
I - implementação do desenho universal nos espaços de atendimentos a serem construídos;

II- eliminação de barreiras e implementação de estratégias para garantir a plena


comunicação de crianças e adolescentes durante o atendimento;

III - adaptações razoáveis nos prédios públicos ou de uso público já existentes; e

IV - utilização de tecnologias assistivas ou ajudas técnicas, quando necessário.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Seção I

Do sistema de garantia de direitos


Art. 7º Os órgãos, os programas, os serviços e os equipamentos das políticas setoriais que
integram os eixos de promoção, controle e defesa dos direitos da criança e do adolescente
compõem o sistema de garantia de direitos e são responsáveis pela detecção dos sinais de violência.

Art. 8º O Poder Público assegurará condições de atendimento adequadas para que crianças
e adolescentes vítimas de violência ou testemunhas de violência sejam acolhidos e protegidos e
possam se expressar livremente em um ambiente compatível com suas necessidades,
características e particularidades.

Art. 9º Os órgãos, os serviços, os programas e os equipamentos públicos trabalharão de


forma integrada e coordenada, garantidos os cuidados necessários e a proteção das crianças e dos
adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, os quais deverão, no prazo de cento e oitenta
dias, contado da data de publicação deste Decreto:
30

I - instituir, preferencialmente no âmbito dos conselhos de direitos das crianças e dos


adolescentes, o comitê de gestão colegiada da rede de cuidado e de proteção social das crianças e
dos adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, com a finalidade de articular, mobilizar,
planejar, acompanhar e avaliar as ações da rede intersetorial, além de colaborar para a definição
dos fluxos de atendimento e o aprimoramento da integração do referido comitê;

II - definir o fluxo de atendimento, observados os seguintes requisitos:

a) os atendimentos à criança ou ao adolescente serão feitos de maneira articulada;

b) a superposição de tarefas será evitada;

c) a cooperação entre os órgãos, os serviços, os programas e os equipamentos públicos será


priorizada;

d) os mecanismos de compartilhamento das informações serão estabelecidos;

e) o papel de cada instância ou serviço e o profissional de referência que o supervisionará


será definido; e

III - criar grupos intersetoriais locais para discussão, acompanhamento e encaminhamento


de casos de suspeita ou de confirmação de violência contra crianças e adolescentes.

§ 1º O atendimento intersetorial poderá conter os seguintes procedimentos:

I acolhimento ou acolhida;

II - escuta especializada nos órgãos do sistema de proteção;

III - atendimento da rede de saúde e da rede de assistência social;

IV - comunicação ao Conselho Tutelar;

V - comunicação à autoridade policial;

VI - comunicação ao Ministério Público;

VII - depoimento especial perante autoridade policial ou judiciária; e

VIII - aplicação de medida de proteção pelo Conselho Tutelar, caso necessário.


31

§ 2º Os serviços deverão compartilhar entre si, de forma integrada, as informações coletadas


junto às vítimas, aos membros da família e a outros sujeitos de sua rede afetiva, por meio de
relatórios, em conformidade com o fluxo estabelecido, preservado o sigilo das informações.

§ 3º Poderão ser adotados outros procedimentos, além daqueles previstos no § 1º, quando o
profissional avaliar, no caso concreto, que haja essa necessidade.

Art. 10. A atenção à saúde das crianças e dos adolescentes em situação de violência será
realizada por equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde - SUS, nos diversos níveis de
atenção, englobado o acolhimento, o atendimento, o tratamento especializado, a notificação e o
seguimento da rede.

Parágrafo único. Nos casos de violência sexual, o atendimento deverá incluir exames,
medidas profiláticas contra infecções sexualmente transmissíveis, anticoncepção de emergência,
orientações, quando houver necessidade, além da coleta, da identificação, da descrição e da guarda
de vestígios.

Art. 11. Na hipótese de o profissional da educação identificar ou a criança ou adolescente


revelar atos de violência, inclusive no ambiente escolar, ele deverá:

I - acolher a criança ou o adolescente;

II - informar à criança ou ao adolescente, ou ao responsável ou à pessoa de referência, sobre


direitos, procedimentos de comunicação à autoridade policial e ao conselho tutelar;

III - encaminhar a criança ou o adolescente, quando couber, para atendimento emergencial


em órgão do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de
violência; e

IV - comunicar o Conselho Tutelar.

Parágrafo único. As redes de ensino deverão contribuir para o enfrentamento das


vulnerabilidades que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar de crianças e
adolescentes por meio da implementação de programas de prevenção à violência.

Art. 12. O Suas disporá de serviços, programas, projetos e benefícios para prevenção das
situações de vulnerabilidades, riscos e violações de direitos de crianças e de adolescentes e de suas
famílias no âmbito da proteção social básica e especial.

§ 1º A proteção social básica deverá fortalecer a capacidade protetiva das famílias e prevenir
as situações de violência e de violação de direitos da criança e do adolescente, além de direcioná-
los à proteção social especial para o atendimento especializado quando essas situações forem
identificadas.
32

§ 2º O acompanhamento especializado de crianças e adolescentes em situação de violência


e de suas famílias será realizado preferencialmente no Centro de Referência Especializado de
Assistência Social - Creas, por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a
Famílias e Indivíduos, em articulação com os demais serviços, programas e projetos do Suas.

§ 3º Onde não houver Creas, a criança ou o adolescente será encaminhado ao profissional


de referência da proteção social especial.

§ 4º As crianças e os adolescentes vítimas ou testemunhas de violência e em situação de


risco pessoal e social, cujas famílias ou cujos responsáveis se encontrem temporariamente
impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção, podem acessar os serviços de
acolhimento de modo excepcional e provisório, hipótese em que os profissionais deverão observar
as normas e as orientações referentes aos processos de escuta qualificada quando se configurarem
situações de violência.

Art. 13. A autoridade policial procederá ao registro da ocorrência policial e realizará a


perícia.
§ 1º O registro da ocorrência policial consiste na descrição preliminar das circunstâncias
em que se deram o fato e, sempre que possível, será elaborado a partir de documentação remetida
por outros serviços, programas e equipamentos públicos, além do relato do acompanhante da
criança ou do adolescente.
§ 2º O registro da ocorrência policial deverá ser assegurado, ainda que a criança ou o
adolescente esteja desacompanhado.
§ 3º A autoridade policial priorizará a busca de informações com a pessoa que acompanha
a criança ou o adolescente, de forma a preservá-lo, observado o disposto na Lei nº 13.431, de 2017.
§ 4º Sempre que possível, a descrição do fato não será realizada diante da criança ou
adolescente.
§ 5º A descrição do fato não será realizada em lugares públicos que ofereçam exposição da
identidade da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência.
§ 6º A perícia médica ou psicológica primará pela intervenção profissional mínima.
§ 7º A perícia física será realizada somente nos casos em que se fizer necessária a coleta de
vestígios, evitada a perícia para descarte da ocorrência de fatos.
§ 8º Os peritos deverão, sempre que possível, obter as informações necessárias sobre o fato
ocorrido com os adultos acompanhantes da criança ou do adolescente ou por meio de atendimentos
prévios realizados pela rede de serviços.

Art. 14. Recebida a comunicação de que trata o art. 13 da Lei nº 13.431, de 2017 , o
Conselho Tutelar deverá efetuar o registro do atendimento realizado, do qual deverão constar as
informações coletadas com o familiar ou o acompanhante da criança ou do adolescente e aquelas
necessárias à aplicação da medida de proteção da criança ou do adolescente.

Art. 15. Os profissionais envolvidos no sistema de garantia de direitos da criança e do


adolescente vítima ou testemunha de violência primarão pela não revitimização da criança ou
adolescente e darão preferência à abordagem de questionamentos mínimos e estritamente
necessários ao atendimento.
33

Parágrafo único. Poderá ser coletada informação com outros profissionais do sistema de
garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, além de
familiar ou acompanhante da criança ou do adolescente.

Art. 16. Caso a violência contra a criança ou o adolescente ocorra em programa de


acolhimento institucional ou familiar, em unidade de internação ou semiliberdade do sistema
socioeducativo, o fato será imediatamente avaliado pela equipe multiprofissional, considerado o
melhor interesse da criança ou do adolescente.

Art. 17. No atendimento à criança e ao adolescente pertencente a povos ou comunidades


tradicionais, deverão ser respeitadas suas identidades sociais e culturais, seus costumes e suas
tradições.

Parágrafo único. Poderão ser adotadas práticas dos povos e das comunidades tradicionais
em complementação às medidas de atendimento institucional.

Art. 18. No atendimento à criança ou ao adolescente pertencente a povos indígenas, a


Fundação Nacional do Índio - Funai do Ministério da Justiça e o Distrito Sanitário Especial
Indígena do Ministério da Saúde deverão ser comunicados.

Seção II

Da escuta especializada

Art. 19. A escuta especializada é o procedimento realizado pelos órgãos da rede de proteção
nos campos da educação, da saúde, da assistência social, da segurança pública e dos direitos
humanos, com o objetivo de assegurar o acompanhamento da vítima ou da testemunha deviolência,
para a superação das consequências da violação sofrida, limitado ao estritamente necessário para
o cumprimento da finalidade de proteção social e de provimento de cuidados.
§ 1º A criança ou o adolescente deve ser informado em linguagem compatível com o seu
desenvolvimento acerca dos procedimentos formais pelos quais terá que passar e sobre a
existência de serviços específicos da rede de proteção, de acordo com as demandas de cada
situação.
§ 2º A busca de informações para o acompanhamento da criança e do adolescente deverá
ser priorizada com os profissionais envolvidos no atendimento, com seus familiares ou
acompanhantes.
§ 3º O profissional envolvido no atendimento primará pela liberdade de expressão da
criança ou do adolescente e sua família e evitará questionamentos que fujam aos objetivos da
escuta especializada.
§ 4º A escuta especializada não tem o escopo de produzir prova para o processo de
investigação e de responsabilização, e fica limitada estritamente ao necessário para o cumprimento
de sua finalidade de proteção social e de provimento de cuidados.
34

Art. 20. A escuta especializada será realizada por profissional capacitado conforme o
disposto no art. 27.
Art. 21. Os órgãos, os serviços, os programas e os equipamentos da rede de proteção
adotarão procedimentos de atendimento condizentes com os princípios estabelecidos no art. 2º.

Seção III

Do depoimento especial

Art. 22. O depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima


ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária com a finalidade de produção
de provas.
§ 1º O depoimento especial deverá primar pela não revitimização e pelos limites etários e
psicológicos de desenvolvimento da criança ou do adolescente.
§ 2º A autoridade policial ou judiciária deverá avaliar se é indispensável a oitiva da criança
ou do adolescente, consideradas as demais provas existentes, de forma a preservar sua saúde física
e mental e seu desenvolvimento moral, intelectual e social.
§ 3º A criança ou o adolescente serão respeitados em sua iniciativa de não falar sobre a
violência sofrida.

Art. 23. O depoimento especial deverá ser gravado com equipamento que assegure a
qualidade audiovisual.

Parágrafo único. A sala de depoimento especial será reservada, silenciosa, com decoração
acolhedora e simples, para evitar distrações.

Art. 24. A sala de depoimento especial poderá ter sala de observação ou equipamento
tecnológico destinado ao acompanhamento e à contribuição de outros profissionais da área da
segurança pública e do sistema de justiça.
Art. 25. O depoimento especial será regido por protocolo de oitiva.

Art. 26. O depoimento especial deverá ser conduzido por autoridades capacitadas,
observado o disposto no art. 27, e realizado em ambiente adequado ao desenvolvimento da criança
ou do adolescente.

§ 1º A condução do depoimento especial observará o seguinte:

I - os repasses de informações ou os questionamentos que possam induzir o relato da


criança ou do adolescente deverão ser evitados em qualquer fase da oitiva;

II - os questionamentos que atentem contra a dignidade da criança ou do adolescente ou,


ainda, que possam ser considerados violência institucional deverão ser evitados;

III - o profissional responsável conduzirá livremente a oitiva sem interrupções, garantida a


sua autonomia profissional e respeitados os códigos de ética e as normas profissionais;

IV - as perguntas demandadas pelos componentes da sala de observação serão realizadas


35

após a conclusão da oitiva;

V - as questões provenientes da sala de observação poderão ser adaptadas à linguagem da


criança ou do adolescente e ao nível de seu desenvolvimento cognitivo e emocional, de acordo
com o seu interesse superior; e
VI - durante a oitiva, deverão ser respeitadas as pausas prolongadas, os silêncios e os
tempos de que a criança ou o adolescente necessitarem.
§ 2º A oitiva deverá ser registrada na sua íntegra desde o começo.
§ 3º Em casos de ocorrência de problemas técnicos impeditivos ou de bloqueios emocionais
que impeçam a conclusão da oitiva, ela deverá ser reagendada, respeitadas as particularidades da
criança ou do adolescente.

Seção IV

Da capacitação dos profissionais do sistema de garantia de direitos

Art. 27. Os profissionais do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente


vítima ou testemunha de violência participarão de cursos de capacitação para o desempenho
adequado das funções previstas neste Decreto, respeitada a disponibilidade orçamentária e
financeira dos órgãos envolvidos.

Parágrafo único. O Poder Público criará matriz intersetorial de capacitação para os


profissionais de que trata este Decreto, considerados os documentos e os atos normativos de
referência dos órgãos envolvidos.

CAPÍTULO III

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 28. Será adotado modelo de registro de informações para compartilhamento dosistema
de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, que conterá,
no mínimo:

I - os dados pessoais da criança ou do adolescente;

II - a descrição do atendimento;

III - o relato espontâneo da criança ou do adolescente, quando houver; e

IV - os encaminhamentos efetuados.

Art. 29. O compartilhamento completo do registro de informações será realizado por meio
de encaminhamento ao serviço, ao programa ou ao equipamento do sistema de garantia de direitos
da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, que acolherá, em seguida,a criança
ou o adolescente vítima ou testemunha de violência.

Art. 30. O compartilhamento de informações de que trata o art. 29 deverá primar pelo sigilo
dos dados pessoais da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência.
36

Art. 31. Ato conjunto dos Ministros de Estado da Justiça, da Segurança Pública, da
Educação, do Desenvolvimento Social, da Saúde e dos Direitos Humanos disporá, no prazo de
noventa dias, contado da data de publicação deste Decreto, sobre as normas complementares
necessárias à integração e à coordenação dos serviços, dos programas, da capacitação e dos
equipamentos públicos para o atendimento da criança e do adolescente vítima ou testemunha de
violência.

Parágrafo único. O ato conjunto de que trata o caput disporá sobre a criação de sistema
eletrônico de informações, que será implementado com vistas a integrar, de forma sigilosa, as
informações produzidas pelo sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou
testemunha de violência.

Art. 32. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 10 de dezembro de 2018; 197º da Independência e 130º da República.

MICHEL TEMER
Rossieli Soares da Silva
Gilberto Magalhães Ochi
Alberto Beltrame
Gustavo do Vale Rocha
Raul Jungmaan

Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.12.2018 e retificado em 19.12.2018


37

Presidência da República
Secretaria-Geral
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017.

Estabelece o sistema de garantia de direitos da


Vigência criança e do adolescente vítima ou testemunha
de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de
Regulamento julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente).

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei normatiza e organiza o sistema de garantia de direitos da criança e do


adolescente vítima ou testemunha de violência, cria mecanismos para prevenir e coibir a violência,
nos termos do art. 227 da Constituição Federal , da Convenção sobre os Direitos da Criança e seus
protocolos adicionais, da Resolução nº 20/2005 do Conselho Econômico e Social das Nações
Unidas e de outros diplomas internacionais, e estabelece medidas de assistência e proteção à
criança e ao adolescente em situação de violência.

Art. 2º A criança e o adolescente gozam dos direitos fundamentais inerentes à pessoa


humana, sendo-lhes asseguradas a proteção integral e as oportunidades e facilidades para viver
sem violência e preservar sua saúde física e mental e seu desenvolvimento moral, intelectual e
social, e gozam de direitos específicos à sua condição de vítima ou testemunha.

Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios desenvolverão


políticas integradas e coordenadas que visem a garantir os direitos humanos da criança e do
adolescente no âmbito das relações domésticas, familiares e sociais, para resguardá-los de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, abuso, crueldade e opressão.

Art. 3º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se
destina e, especialmente, as condições peculiares da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento, às quais o Estado, a família e a sociedade devem assegurar a fruição dos direitos
fundamentais com absoluta prioridade.

Parágrafo único. A aplicação desta Lei é facultativa para as vítimas e testemunhas de


violência entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos, conforme disposto no parágrafo único do art.
2º da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) .

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são
38

formas de violência:

I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda
sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico;

II - violência psicológica:
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou
ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática
( bullying ) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;

b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação


psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós
ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este;

c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente, a


crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio, independentemente do
ambiente em que cometido, particularmente quando isto a torna testemunha;

III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o
adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, inclusive
exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não, que compreenda:

a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para
fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou por
meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro;

b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente em


atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de compensação, de forma
independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por
meio eletrônico;

c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o


alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território nacional ou para o
estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma de
coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de situação de vulnerabilidade
ou entrega ou aceitação de pagamento, entre os casos previstos na legislação;

IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou


conveniada, inclusive quando gerar revitimização.

§ 1º Para os efeitos desta Lei, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de
violência por meio de escuta especializada e depoimento especial.
39

§ 2º Os órgãos de saúde, assistência social, educação, segurança pública e justiça adotarão


os procedimentos necessários por ocasião da revelação espontânea da violência.

§ 3º Na hipótese de revelação espontânea da violência, a criança e o adolescente serão


chamados a confirmar os fatos na forma especificada no § 1º deste artigo, salvo em caso de
intervenções de saúde.

§ 4º O não cumprimento do disposto nesta Lei implicará a aplicação das sanções previstas
na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) .

TÍTULO II

DOS DIREITOS E GARANTIAS

Art. 5º A aplicação desta Lei, sem prejuízo dos princípios estabelecidos nas demais normas
nacionais e internacionais de proteção dos direitos da criança e do adolescente, terá como base,
entre outros, os direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente a:

I - receber prioridade absoluta e ter considerada a condição peculiar de pessoa em


desenvolvimento;

II - receber tratamento digno e abrangente;

III - ter a intimidade e as condições pessoais protegidas quando vítima ou testemunha de


violência;

IV - ser protegido contra qualquer tipo de discriminação, independentemente de classe,


sexo, raça, etnia, renda, cultura, nível educacional, idade, religião, nacionalidade, procedência
regional, regularidade migratória, deficiência ou qualquer outra condição sua, de seus pais ou de
seus representantes legais;

V - receber informação adequada à sua etapa de desenvolvimento sobre direitos, inclusive


sociais, serviços disponíveis, representação jurídica, medidas de proteção, reparação de danos e
qualquer procedimento a que seja submetido;

VI - ser ouvido e expressar seus desejos e opiniões, assim como permanecer em silêncio;

VII - receber assistência qualificada jurídica e psicossocial especializada, que facilite a sua
participação e o resguarde contra comportamento inadequado adotado pelos demais órgãos
atuantes no processo;

VIII - ser resguardado e protegido de sofrimento, com direito a apoio, planejamento de sua
participação, prioridade na tramitação do processo, celeridade processual, idoneidade do
atendimento e limitação das intervenções;

IX - ser ouvido em horário que lhe for mais adequado e conveniente, sempre que possível;
40

X - ter segurança, com avaliação contínua sobre possibilidades de intimidação, ameaça e


outras formas de violência;

XI - ser assistido por profissional capacitado e conhecer os profissionais que participam dos
procedimentos de escuta especializada e depoimento especial;

XII - ser reparado quando seus direitos forem violados;

XIII - conviver em família e em comunidade;

XIV - ter as informações prestadas tratadas confidencialmente, sendo vedada a utilização ou


o repasse a terceiro das declarações feitas pela criança e pelo adolescente vítima, salvo para osfins
de assistência à saúde e de persecução penal;

XV - prestar declarações em formato adaptado à criança e ao adolescente com deficiência


ou em idioma diverso do português.

Parágrafo único. O planejamento referido no inciso VIII, no caso de depoimento especial,


será realizado entre os profissionais especializados e o juízo.

Art. 6º A criança e o adolescente vítima ou testemunha de violência têm direito a pleitear,


por meio de seu representante legal, medidas protetivas contra o autor da violência.

Parágrafo único. Os casos omissos nesta Lei serão interpretados à luz do disposto na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) , na Lei nº 11.340, de 7 de
agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) , e em normas conexas.

TÍTULO III

DA ESCUTA ESPECIALIZADA E DO DEPOIMENTO ESPECIAL

Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com


criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao
necessário para o cumprimento de sua finalidade.

Art. 8º Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou


testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária.

Art. 9º A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda que visual,
com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça, coação ou
constrangimento.

Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local apropriado
e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade da criança ou do
adolescente vítima ou testemunha de violência.
41

Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será
realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla
defesa do investigado.

§ 1º O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova:

I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;

II - em caso de violência sexual.

§ 2º Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a
sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da
testemunha, ou de seu representante legal.

Art. 12. O depoimento especial será colhido conforme o seguinte procedimento:

I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o adolescente sobre a tomada do


depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem adotados e
planejando sua participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras peças processuais;

II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência,


podendo o profissional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que permitam
a elucidação dos fatos;

III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real
para a sala de audiência, preservado o sigilo;

IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz, após consultar o


Ministério Público, o defensor e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência de perguntas
complementares, organizadas em bloco;

V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor


compreensão da criança ou do adolescente;

VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo.

§ 1º À vítima ou testemunha de violência é garantido o direito de prestar depoimento


diretamente ao juiz, se assim o entender.

§ 2º O juiz tomará todas as medidas apropriadas para a preservação da intimidade e da


privacidade da vítima ou testemunha.

§ 3º O profissional especializado comunicará ao juiz se verificar que a presença, na sala de


audiência, do autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o depoente em
situação de risco, caso em que, fazendo constar em termo, será autorizado o afastamento do
imputado.
42

§ 4º Nas hipóteses em que houver risco à vida ou à integridade física da vítima ou


testemunha, o juiz tomará as medidas de proteção cabíveis, inclusive a restrição do disposto nos
incisos III e VI deste artigo.

§ 5º As condições de preservação e de segurança da mídia relativa ao depoimento da criança


ou do adolescente serão objeto de regulamentação, de forma a garantir o direito à intimidade e à
privacidade da vítima ou testemunha.

§ 6º O depoimento especial tramitará em segredo de justiça.

TÍTULO IV
DA INTEGRAÇÃO DAS POLÍTICAS DE ATENDIMENTO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 13. Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou omissão, praticada
em local público ou privado, que constitua violência contra criança ou adolescente tem o dever de
comunicar o fato imediatamente ao serviço de recebimento e monitoramento de denúncias, ao
conselho tutelar ou à autoridade policial, os quais, por sua vez, cientificarão imediatamente o
Ministério Público.

Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão promover,


periodicamente, campanhas de conscientização da sociedade, promovendo a identificação das
violações de direitos e garantias de crianças e adolescentes e a divulgação dos serviços de proteção
e dos fluxos de atendimento, como forma de evitar a violência institucional.

Art. 14. As políticas implementadas nos sistemas de justiça, segurança pública, assistência
social, educação e saúde deverão adotar ações articuladas, coordenadas e efetivas voltadas ao
acolhimento e ao atendimento integral às vítimas de violência.

§ 1º As ações de que trata o caput observarão as seguintes diretrizes:

I - abrangência e integralidade, devendo comportar avaliação e atenção de todas as


necessidades da vítima decorrentes da ofensa sofrida;

II - capacitação interdisciplinar continuada, preferencialmente conjunta, dos profissionais;

III - estabelecimento de mecanismos de informação, referência, contrarreferência e


monitoramento;

IV - planejamento coordenado do atendimento e do acompanhamento, respeitadas as


especificidades da vítima ou testemunha e de suas famílias;

V - celeridade do atendimento, que deve ser realizado imediatamente - ou tão logo quanto
possível - após a revelação da violência;
43

VI - priorização do atendimento em razão da idade ou de eventual prejuízo ao


desenvolvimento psicossocial, garantida a intervenção preventiva;

VII - mínima intervenção dos profissionais envolvidos; e

VIII - monitoramento e avaliação periódica das políticas de atendimento.

§ 2º Nos casos de violência sexual, cabe ao responsável da rede de proteção garantir a


urgência e a celeridade necessárias ao atendimento de saúde e à produção probatória, preservada
a confidencialidade.

Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar serviços de
atendimento, de ouvidoria ou de resposta, pelos meios de comunicação disponíveis, integrados às
redes de proteção, para receber denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes.

Parágrafo único. As denúncias recebidas serão encaminhadas:

I - à autoridade policial do local dos fatos, para apuração;

II - ao conselho tutelar, para aplicação de medidas de proteção; e

III - ao Ministério Público, nos casos que forem de sua atribuição específica.

Art. 16. O poder público poderá criar programas, serviços ou equipamentos que
proporcionem atenção e atendimento integral e interinstitucional às crianças e adolescentes
vítimas ou testemunhas de violência, compostos por equipes multidisciplinares especializadas.

Parágrafo único. Os programas, serviços ou equipamentos públicos poderão contar com


delegacias especializadas, serviços de saúde, perícia médico-legal, serviços socioassistenciais,
varas especializadas, Ministério Público e Defensoria Pública, entre outros possíveis de
integração, e deverão estabelecer parcerias em caso de indisponibilidade de serviços de
atendimento.

CAPÍTULO
DA SAÚDE
Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar, no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS), serviços para atenção integral à criança e ao adolescente em
situação de violência, de forma a garantir o atendimento acolhedor.

Art. 18. A coleta, guarda provisória e preservação de material com vestígios de violência
serão realizadas pelo Instituto Médico Legal (IML) ou por serviço credenciado do sistema de saúde
mais próximo, que entregará o material para perícia imediata, observado o disposto no art. 5º desta
Lei.
44

CAPÍTULO III

DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 19. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer, no


âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), os seguintes procedimentos:

I - elaboração de plano individual e familiar de atendimento, valorizando a participação da


criança e do adolescente e, sempre que possível, a preservação dos vínculos familiares;

II - atenção à vulnerabilidade indireta dos demais membros da família decorrente da


situação de violência, e solicitação, quando necessário, aos órgãos competentes, de inclusão da
vítima ou testemunha e de suas famílias nas políticas, programas e serviços existentes;

III - avaliação e atenção às situações de intimidação, ameaça, constrangimento ou


discriminação decorrentes da vitimização, inclusive durante o trâmite do processo judicial, as
quais deverão ser comunicadas imediatamente à autoridade judicial para tomada de providências;
e

IV - representação ao Ministério Público, nos casos de falta de responsável legal com


capacidade protetiva em razão da situação de violência, para colocação da criança ou do
adolescente sob os cuidados da família extensa, de família substituta ou de serviço de acolhimento
familiar ou, em sua falta, institucional.

CAPÍTULO IV

DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 20. O poder público poderá criar delegacias especializadas no atendimento de crianças
e adolescentes vítimas de violência.

§ 1º Na elaboração de suas propostas orçamentárias, as unidades da Federação alocarão


recursos para manutenção de equipes multidisciplinares destinadas a assessorar as delegacias
especializadas.

§ 2º Até a criação do órgão previsto no caput deste artigo, a vítima será encaminhada
prioritariamente a delegacia especializada em temas de direitos humanos.

§ 3º A tomada de depoimento especial da criança ou do adolescente vítima ou testemunha


de violência observará o disposto no art. 14 desta Lei.

Art. 21. Constatado que a criança ou o adolescente está em risco, a autoridade policial
requisitará à autoridade judicial responsável, em qualquer momento dos procedimentos de
investigação e responsabilização dos suspeitos, as medidas de proteção pertinentes, entre as quais:
45

I - evitar o contato direto da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência


com o suposto autor da violência;

II - solicitar o afastamento cautelar do investigado da residência ou local de convivência,


em se tratando de pessoa que tenha contato com a criança ou o adolescente;

III - requerer a prisão preventiva do investigado, quando houver suficientes indícios de


ameaça à criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência;

IV - solicitar aos órgãos socioassistenciais a inclusão da vítima e de sua família nos


atendimentos a que têm direito;

V - requerer a inclusão da criança ou do adolescente em programa de proteção a vítimas ou


testemunhas ameaçadas; e

VI - representar ao Ministério Público para que proponha ação cautelar de antecipação de


prova, resguardados os pressupostos legais e as garantias previstas no art. 5º desta Lei, sempre que
a demora possa causar prejuízo ao desenvolvimento da criança ou do adolescente.

Art. 22. Os órgãos policiais envolvidos envidarão esforços investigativos para que o
depoimento especial não seja o único meio de prova para o julgamento do réu.

CAPÍTULO V
DA JUSTIÇA
Art. 23. Os órgãos responsáveis pela organização judiciária poderão criar juizados ou varas
especializadas em crimes contra a criança e o adolescente.

Parágrafo único. Até a implementação do disposto no caput deste artigo, o julgamento e a


execução das causas decorrentes das práticas de violência ficarão, preferencialmente, a cargo dos
juizados ou varas especializadas em violência doméstica e temas afins.

TÍTULO V
DOS CRIMES
Art. 24. Violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança ou adolescente seja
assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial e sem o consentimento do
depoente ou de seu representante legal.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

TÍTULO VI
46

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 25. O art. 208 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente) , passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XI:

“Art. 208. ...........................................................

...................................................................................

XI - de políticas e programas integrados de atendimento à criança e ao


adolescente vítima ou testemunha de violência.

.........................................................................” (NR)

Art. 26. Cabe ao poder público, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias contado da entrada
em vigor desta Lei, emanar atos normativos necessários à sua efetividade.

Art. 27. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, no prazo máximo de 180
(cento e oitenta) dias contado da entrada em vigor desta Lei, estabelecer normas sobre o sistema
de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, no âmbito
das respectivas competências.

Art. 28. Revoga-se o art. 248 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente) .

Art. 29. Esta Lei entra em vigor após decorrido 1 (um) ano de sua publicação oficial.

Brasília, 4 de abril de 2017; 196º da Independência e 129º da República.

MICHEL TEMER
Osmar Serraglio
47

MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA/RO


FORMULÁRIO PARA RELATO DE REVELAÇÃO ESPONTÂNEA .

Data / / Horário:
Local da acolhida: ....................................................................................................................

Profissional que recebeu a revelação;...................................................................... .............

Como o profissional foi abordado pela vitima:......................................................................


........................................................................................................... .........................................

1 – Identificação da criança ou adolescente.


Nome:.........................................................................................................................................

Data do Nascimento: / / idade:Gênero: F M

Naturalidade:.......................................................................................................... ....................

Endereço:.........................................................Bairro:...............................................................

Cidade:...................................CEP:................................Telefone(s).........................................

2 – Dados Escolares ( opcional).

Escola: .................................................................................................................. .....................

Turno: ......................................................Série:.................................................. .......................

Participa de grupos de estudo na escola? Sim Não

Como você classifica o seu relacionamento com os professores?


..................................................................................................................... ...............................

3 – Dados do Núcleo Familiar.

Mãe:................................................................................Idade...................................................

Profissão:........................................................................................................... .........................

Pai:.................................................................................Idade........................... ........................

Profissão: ...................................................................................................... .............................

Possui Irmãos? Sim Não Quantos............Moram com você? Sim Não

Nome:............................................................ Idade......................Sexo:...........................

Nome:............................................................ Idade......................Sexo:............................

Nome:............................................................ Idade......................Sexo:............... .............


48

Nome:............................................................ Idade......................Sexo:..............................

Outros Familiares que residem na sua casa:

Nome:........................................Parentesco..............Idade...............Sexo:........................

Nome:........................................Parentesco..............Idade...............Sexo:.......................

Nome:........................................Parentesco..............Idade...............Sexo:........................

4 – Dados Parentais.

Os pais: Solteiros Casado Separados

Com uma nova estrutura Familiar.

Relato dos fatos ocorrido;

:.................................................................................................................... ....................................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
49

............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
.........................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ............................
............

Dados do possível abusador caso a vitima descreva;

Nome:................................................................................................................ ..................

Apelido:...................................................................Idade....................................................

Sexo: M............. F..................... Outros...........

Caso verificado, descrever se a vitima necessita de algum atendimento de urgência?

..................................................................................................................... ....................................
.........................................................................................................................................................
..................................................................................................................... .....................

Descreva o encaminhamento, ou marque de acordo com a demanda descrita.

( ) Conselho Tutelar;

( ) Escuta especializada.

( ) Outros caso julgue necessário

Caso a vitima se sinta constrangida em falar e apenas apontar para as partes do corpo, marque
com X no desenho a seguir.
50

Espaço para anotações caso julgue necessário.

..................................................................................................................... ....................................
....................................................................................................... ..................................................
..................................................................................................................... ....................................
.........................................................................................................................................................
..................................................................................................................... ....................................
.........................................................................................................................................................
.........................................................................................................................................................
..................................................................................................................... ..................,.................
.......................................................................................................................................................
51

MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA/RO


FORMULÁRIO DE ESCUTA ESPECIALIZADA

Data / / Horário Inicio: Horário Término:

Nome: .......................................................................................................................................

Acompanhante;...................................................................... .............Telefone:......................

ESTÁGIO 1:

Apresentação: perguntar o nome da criança e se apresentar


Explanação sobre meu papel
Informar sobre as anotações e dúvidas ou preocupações que podem surgir.

Construção da Empatia/RAPPORT:

Assuntos neutros ou positivos: Quero te conhecer melhor. Me conte sobre as


coisas que mais gosta? Me fale mais sobre ... ?

DIRETRIZES

Encorajar a criança dizendo que tudo que ela falar é importante, até as pequenas
coisas?

VERDADE e REALIDADE :O propósito é falar somente coisas verdadeiras que


realmente aconteceram, “tudo bem conversar deste jeito hoje?”

CORRIJA-ME : Esclarecer que deverá me corrigir se eu disser algi que não está
certo, “Você sabe mais que eu sobre as coisas que iremos conversar hoje. É
importante que eu entenda tudo o que você tem para me dizer”
“Vou te ouvir atentamente, mas se eu entender algo errado, me diga. Não tem
problema você me corrigir”
“Se eu disser que você não gosta de , o que você me diria?”

NÃO CHUTE OU INVENTE: Não há problema em dizer “não sei”, “não lembro”,
“Se eu fizer uma pergunta e você não souber a resposta, não vale chutar, apenas
diga não sei. É muito importante que você diga apenas o que você sabe”
“Não há problema se você não souber ou não se lembrar das respostas. Mas se você
souber é muito importante você me contar”
52

NÃO ENTENDO : “Se eu fizer uma pergunta e você não souber o que eu quero
dizer, você pode dizer ‘eu não entendo’ e eu vou perguntar novamente de maneira
diferente”
“O que você diria se eu perguntasse se você tem aracnofobia?”

Se eu repetir a pergunta não significa que respondeu errado pela primeira ve

Prática Narrativa
Me fale tudo sobre (assunto do interesse da criança)

Me fale tudo sobre (assunto do interesse da criança):

“pode começar no inicio e me contar tudo” “me fale tudo sobre...” “me fale mais...”

Me conte tudo o que você fez hoje, desde a hora que você acordou até

Chegar aqui : “Me fale mais” “E o que aconteceu depois”

Detalhamentos:

Quem estava com você na (na atividade mencionada) ?

Onde ficava? Quando foi ?

Diálogo sobre a família:

Agora vamos falar sobre sua familia. Com que você mora ?

Me fale mais sobre. (cuidadores principais)

Listar Nomes:

Estágio 2:
53

Transição:
“Como eu falei, meu trabalho é conversar com as crianças para saber se
estão bem seguras”
“O que eu posso fazer para ajudar nossa conversa hoje?

Você esta aqui para falar comigo sobre o que ?

Quem te contou que você estava vindo para cá?

O que eles te disseram sobre vir para cá ?

E depois o que aconteceu? / Me conte mais sobre .......

Afunilando ( caso haja dificuldade para chegar ao fato denunciado) :

Alguém/sua mãe está preocupado com você ?

Você está preocupada com alguma coisa ?

Aconteceu alguma coisa com você ?

Tem acontecido algum problema na sua vida ?

Você está com medo de alguém ?

Você esta com medo de falar, vergonha de falar outro sentimento ?

Em caso de resposta positivas: “me fale mais sobre isto”

Caso a criança não adentre no tema principal, envolver a criança em assuntos


sobre rotina de
cuidados, pessoas da família, atividades, acontecimentos recentes...
Ex. “Você me falou que ia para casa de sua tia, me fale sobre as pessoas que
encontrou lá...”
Em ultimo caso utilizar solicitações diretas, como referência informações externas,
como um contato anterior da criança com outro profissional:
Ex. “Eu sei que você conversou com a sua professora sobre o que aconteceu,
conta para mim o que você disse para ela..”
Crianças em idade pré – escolar podem precisar de questionamentos mais diretos
e sobre elementos específicos, tais como sobre uma pessoa em particular, um
54

local, uma atividade que estejam relacionados a revelação.

FECHAMENTO:

Há mais alguma coisa que você acha que eu deveria saber ?

Você tem alguma pergunta que talves eu possa responder?

Rolim de Moura, ______/_____2021.

Assinatura do Profissional
55
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FOLHA COMPLEMENTAR DE NOTIFICAÇÃO DO SINAN

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES:

Esse campo é destinado ao detalhamento da situação que ocasionou a notificação. É importante relatar
as impressões, observações e demais elementos que possam contribuir para compreender a situação e
não revitimizar a criança e/ou adolescente.

RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES:


58

CONTATOS

ÓRGÃO/ ENTIDADE CONTATO EMAIL-INSTITUCIONAL


Delegacia Especializada no 69-3442- [email protected]
Atendimento à Mulher de Rolim 9037
de Moura -DEAM
Fórum da Comarca Rolim de 69-3449- [email protected]
Moura 3702
Policia Militar 3442-1319 [email protected]
Conselho Tutelar Rolim de Moura 3442-2011 [email protected]
Ministério Público (1° Promotoria) 3442-2216 [email protected]
Hospital Municipal 34421979
Unidade Pronto Socorro (UPA) 192 – [email protected]
24horas emergência
Coordenadoria Regional de 3442-2115 [email protected]
Educação
Secretaria Municipal de Educação 3442-5248 [email protected]
- SEMEC
Secretaria Municipal de 3442-6769 [email protected]
Assistência Social
Centro Especializado de 3442-5769 [email protected]
Assistência social -CREAS
Centro de Referência Assistência - 34426769 [email protected]
CRAS
Centro de Atendimento 3442-1036 [email protected]
Psicossocial -CAPS

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