My Publications - Manual Geekie de Rotinas de Pensamento - EFAF
My Publications - Manual Geekie de Rotinas de Pensamento - EFAF
Introdução
- Bem-vindos(as) à sua jornada com as rotinas de pensamento!
- O que são as rotinas de pensamento?
- Rotinas de pensamento e a construção da compreensão
- As rotinas de pensamento e a cultura escolar
- Os benefícios das rotinas de pensamento
2. Rotinas-chave
- O que faz você pensar assim?
- Ver, pensar e perguntar
- Frase, trecho e palavra
- Pensar, trocar e compartilhar
- Dominó
- Antes eu pensava… Agora eu penso…
4. Conclusão
- E agora? Quais são meus próximos passos?
5. Referências
Este manual irá apoiá-lo(a) em sua jornada com as rotinas de pensamento que você irá
encontrar nos materiais dos Anos Finais do Ensino Fundamental. As rotinas de pensamento
têm origem nas boas práticas de docentes do mundo inteiro, oferecendo uma abordagem
que as torna estruturadas e acessíveis para todos(as). Baseadas nas pesquisas
educacionais do Project Zero, da Harvard Graduate School of Education, as rotinas de
pensamento são estratégias simples que podem ser aplicadas e praticadas de forma
consistente na sala de aula, independentemente da idade de seus(suas) estudantes ou da
área do conhecimento. Elas ajudam a estruturar o pensamento e a torná-lo visível.
O objetivo deste material não é apenas apresentar um passo a passo de como aplicar na
prática as rotinas de pensamento, mas também promover reflexões sobre o potencial de
cada uma delas no desenvolvimento dos processos cognitivos e socioemocionais de
nossos(as) estudantes. Esperamos que você use este manual como oportunidade para
crescer ainda mais em suas práticas de ensino e aprendizagem. Somos todos(as)
aprendentes!
Boa jornada!
Equipe Geekie
Dica: a aplicação das rotinas de pensamento não deve ser encarada como uma atividade a ser
cumprida, pois as discussões e conexões de pensamento são vivas, de modo que a sua
profundidade depende de quem participa e de quem faz a mediação de cada uma. Pense nas
rotinas como estratégias dinâmicas que visam tornar o pensamento visível no contexto do
aprendizado.
Saiba mais
O Project Zero (“Projeto Zero”) é uma organização educacional da
Universidade de Harvard que promove diversas investigações sobre o
pensamento, a criatividade e a compreensão, indicando como é possível
apoiá-los em múltiplos contextos. O PZ é composto de vários projetos; um
deles é o Visible Thinking (“Pensamento Visível”), uma abordagem flexível,
baseada em pesquisas, que visa desenvolver a compreensão do
pensamento do(a) estudante, tornando-o visível, além de promover o
desenvolvimento, o aprimoramento e
a aplicação de habilidades em diferentes situações de aprendizagem.
Cada rotina de pensamento mobiliza uma ou algumas dessas formas de pensar, sendo necessário
utilizar diferentes rotinas para que os(as) estudantes desenvolvam habilidades cognitivas e
socioemocionais enquanto constroem a compreensão.
No Geekie One, as rotinas de pensamento estão presentes desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio, e esse repertório é ampliado de forma gradativa durante a jornada escolar. Isso permite que
os(as) estudantes possam construir de forma consistente diferentes estruturas de pensamento e
ampliar seu repertório conforme avançam nos diferentes segmentos.
EM
Para auxiliar os(as) estudantes a organizar seus pensamentos e torná-los visíveis de forma ainda
mais direcionada durante a realização das rotinas de pensamento, a Geekie desenvolveu estruturas
que poderão ser utilizadas durante as aulas para que os(as) estudantes façam o registro com mais
facilidade.
Cada estrutura foi desenvolvida com comandos específicos e espaço para escrever, pintar ou
desenhar considerando as especificidades de cada rotina. Além disso, essas estruturas já
apresentam, também, a indicação das formas de pensamento do mapa da construção da
compreensão que são mobilizadas com a rotina de pensamento.
No Caderno do Pensamento Ativo, material impresso do Ensino Fundamental Anos Finais que
integra a plataforma Geekie One, as rotinas de pensamento propostas em cada capítulo já contam
com a estrutura correspondente. Caso a sua escola não utilize esse material, você tem a
possibilidade de baixar e fazer a impressão dessas estruturas para usar com a sua turma.
Sendo assim, é essencial que os(as) professores(as) apliquem as rotinas de pensamento visando
não só aos objetivos de aprendizagem, mas também à criação ou ao fortalecimento de uma
cultura de aprendizagem. Como em qualquer processo de mudança cultural, as primeiras
aplicações de rotinas de pensamento podem não acontecer da melhor forma, porém, é o uso
contínuo delas que apoiará a construção dessa cultura, fazendo com que se tornem cada vez
mais eficientes para os processos de ensino e aprendizagem.
Entenda que esse é um processo que Seja paciente, consistente e experimente coisas novas.
leva tempo. Só por tentar você já está fazendo a diferença.
Essas sugestões, com algumas adaptações, foram desenvolvidas com a colaboração de Ana Maria Fernandez e outros(as)
colaboradores(as) da página do fórum www.facebook.com/Making Thinking Visible.
As pesquisas educacionais conduzidas pelo Project Zero mostram que, quando criamos
oportunidades desafiadoras para os(as) estudantes, eles(as) desenvolvem a habilidade de focar no
processo de aprendizagem, não no resultado. As rotinas de pensamento trazem evidências ao longo
do processo.
Por isso, estudantes expostos(as) às práticas de pensamento visível de forma consistente ao longo
do tempo são capazes de aplicar e desenvolver as diferentes formas de pensamento necessárias
para construir a compreensão de vários conceitos, como apontado por Ron Ritchhart e Mark Church
em The Power of Making Thinking Visible, em 2020.
META: use a expressão para se lembrar dos benefícios das rotinas de pensamento
para a vida.
Considerar a importância de um
3 porquês Considerar diferentes perspectivas fato ou situação na esfera
individual, local e global
No entanto, essas não são as únicas rotinas recomendadas para diferentes conteúdos e segmentos.
Todas as rotinas têm essa flexibilidade. Na Geekie, selecionamos algumas rotinas que permeiam os
capítulos de todos os segmentos, enquanto outras são sugeridas para segmentos específicos. Isso
não impede, porém, que rotinas de um segmento sejam utilizadas em outros por docentes que
estejam familiarizados com elas, mesmo que não estejam explicitamente indicadas no material.
Tomemos como exemplo a rotina de pensamento O que faz você pensar assim?: um(a) estudante
que observa o interesse de seu(sua) professor(a) em saber como suas explicações e opiniões foram
elaboradas percebe que seu pensamento é valorizado. Com o tempo, esse(a) estudante terá
facilidade em raciocinar e dar explicações com base em evidências, sem a necessidade da
facilitação do(a) professor(a). O que faz você pensar assim? é uma rotina de pensamento simples
de aplicar, mas muito poderosa em sua intencionalidade pedagógica.
O que é?
Essa rotina incentiva os(as) estudantes a elaborar justificativas e a raciocinar com base em
evidências.
Passos
1. Pergunte à turma “O que faz você pensar assim?” para ajudá-la a construir suas
explicações.
2. Faça uma segunda pergunta: “Com base em que você pensou isso?”, para que os(as)
estudantes possam construir seus argumentos.
● Essa rotina incentiva os(as) estudantes a descrever algo, como um objeto ou conceito, e
apoiar sua interpretação em fatos e evidências. Utilize-a na observação de objetos como
obras de arte ou artefatos históricos. Além disso, elas também podem ser usadas para
explorar um poema, fazer observações e hipóteses científicas ou investigar ideias mais
conceituais.
● Por ser uma rotina muito flexível, não é necessário reservar um momento específico da
aula para aplicá-la. Você pode, por exemplo, propor apenas a primeira pergunta em uma
roda de conversa ou mesmo em outro momento de interação com um(a) estudante ou
pequenos grupos, desde que o objetivo seja incentivá-los(as) a aprofundar o pensamento.
● Utilize as perguntas da rotina não apenas para discutir o assunto da aula, mas também
nos momentos em que seja necessário proporcionar um espaço de escuta ativa com
os(as) estudantes. A rotina ajudará você no aprofundamento da conversa, valorizando o
raciocínio de cada pessoa e no entendimento das possíveis dúvidas da turma; além disso,
trará informações e percepções para apoiá-lo(a) ainda mais no seu trabalho.
● Incentive os(as) estudantes a fazer a pergunta “O que faz você pensar assim?” a si
mesmos(as) durante o estudo individual. Isso vai ajudá-los(as) a desenvolver a
metacognição.
Quando utilizamos essa rotina, podemos coletar informações sobre o raciocínio e entendimento
dos(as) estudantes, pois pedimos que desenvolvam seu pensamento e possam utilizar de fatos e
evidências. Pode ser feita de forma escrita e/ou oral.
Considerando a natureza desta rotina de pensamento, que costuma acontecer de forma oral e/ou
integrada a outras rotinas de pensamento, não há estrutura para impressão.
Na aula de Arte do 8º ano do Ensino Fundamental, foi analisada a obra Convergence, de Jackson
Pollock. A professora solicitou que os estudantes respondessem qual cor mais se destacava e qual
sentimento a pintura despertava. Para aprofundar nas reflexões, ela propôs à turma a seguinte
pergunta: “Vocês identificaram uma cor e um sentimento, mas o que faz vocês pensarem
assim?”. Ao responder, os(as) estudantes puderam deixar visível a relação que fizeram entre a cor
e o sentimento. Além disso, puderam perceber que alguns(algumas) colegas tinham uma
percepção semelhante sobre esses elementos, enquanto outros(as) tinham percepções
O que é?
Essa rotina incentiva observações cuidadosas e interpretações bem pensadas, além de estimular
a curiosidade.
Passos
Olhe para um objeto e responda:
● Peça ao(às) estudantes que façam observações sobre um objeto (por exemplo, uma obra
de arte, uma imagem, uma peça de artesanato ou mesmo um assunto) e siga com uma
conversa sobre as reflexões feitas, uma pergunta de cada vez. À medida que os(as)
estudantes forem respondendo usando como base as três perguntas principais, a rotina e
a construção do pensamento ficam mais completas (“Eu vejo…”, “Eu penso…”, “O que
seria…”).
● Eles(as) podem expor o pensamento individualmente ou, ainda, discutir cada passo da
rotina em duplas ou em pequenos grupos, baseando-se no pensamento dos(as)
outros(as). Convide voluntários(as) para compartilhar suas ideias ou as ideias de seu
grupo.
● No passo “Ver”, peça aos(às) estudantes que listem apenas as coisas que observam e
● No passo "Pensar'', peça à turma que diga o que acha que está acontecendo no objeto de
estudo, demonstrando as relações entre as personagens e os elementos que aparecem,
por exemplo. Nesse passo, é importante que primeiro a turma possa fazer suas
interpretações de forma livre, para, depois, se necessário, você fazer perguntas de forma
mais direcionada. Todo pensamento que os(as) estudantes compartilharem deve ser
valorizado e tido como importante. Quando um(a) estudante fizer uma observação,
encoraje-o(a) a justificar suas interpretações, perguntando “O que faz você pensar
assim?”, para ter mais evidências da forma de pensar de cada um(a). Para ajudar a
estruturar o pensamento, convide os(as) estudantes a responder à pergunta iniciando a
frase com “Eu penso…” e completando-a com seus pensamentos.
● Se em sua turma houver algum(a) estudante com deficiência visual ou baixa visão, você
pode adaptar a rotina Ver, pensar e perguntar para Ouvir, pensar e perguntar,
descrevendo a imagem para a turma de forma que o(a) estudante formule suas hipóteses
e seus questionamentos. É muito importante que você apenas descreva a imagem ou o
objeto que está sendo analisado em sentido literal, sem nenhum tipo de interpretação.
Fazer a descrição para a turma toda, não apenas para um(a) estudante específico(a), dá
a todos(as) a oportunidade de estar incluídos(as) no mesmo processo.
À medida que estudantes respondem às perguntas, será possível observar conhecimentos prévios,
vocabulários, conexões e conceitos que já possuem. Além disso, ao elaborar perguntas,
estimulamos a curiosidade em algo que ainda não conhecem.
As respostas dos(as) estudantes a essa rotina podem ser registradas no modelo da rotina de
pensamento disponível no Geekie One, de modo que cada estudante tenha seu próprio painel de
observações, interpretações e conclusões.
Se for necessário o uso de algum recurso digital, pode ser criado um documento compartilhado
no Google Docs contendo, por exemplo, a contribuição de todas as pessoas de um mesmo grupo.
2. O que essa imagem faz você pensar? O que você pensa que as crianças estão
fazendo? O que faz você pensar assim?
Essa imagem me faz pensar no passado, pois está em preto e branco, e as roupas das
crianças parecem antigas. As roupas parecem uniformes. Penso que as crianças são
pobres, pois uma delas não usa sapatos. Parece que as crianças estão trabalhando. Penso
isso porque elas estão manipulando máquinas. Parece com uma indústria de alguma
coisa.
3. Que perguntas vêm à sua mente ao observar essa imagem? Imagine que você está
com essas crianças. O que perguntaria sobre a atividade que elas estão
desempenhando?
Pergunto-me se as crianças são pobres e se estão trabalhando para ganhar dinheiro. Por
que o menino está sem sapatos? Onde estão os adultos? As crianças estão trabalhando
sozinhas, sem supervisão? Os pais dessas crianças as deixam fazer esse tipo de atividade?
Elas têm permissão para estar aí? Isso é permitido? Crianças podem trabalhar? O que está
sendo produzido nessas máquinas?
O que é?
Essa rotina ajuda os(as) estudantes a se envolver na interpretação de textos. O poder dessa rotina
reside na capacidade de eles(as) explicarem suas razões ao selecionar a frase, o trecho e a
palavra.
Passos
1. Frase: escolha uma frase (do texto) que capte sua ideia central. Justifique sua escolha
usando exemplos (“Escolhi esta frase porque…”).
2. Trecho: escolha um trecho (diferente da frase) que você considere significativo ou que
desperte novas ideias. Justifique sua escolha usando exemplos (“Escolhi este trecho
porque…”).
3. Palavra: escolha uma palavra (diferente da frase e do trecho) que capte sua atenção.
Justifique sua escolha usando exemplos (“Escolhi esta palavra porque…”).
● Além de sintetizar as ideias importantes de um texto, a rotina pode ser aplicada para
resumir as ideias-chave de um vídeo, uma imagem, um poema, um conceito etc., desde
que o conteúdo seja instigante.
● No passo “Trecho”, peça aos(às) estudantes que selecionem três ou quatro palavras, pois
isso permitirá que eles(as) pensem cuidadosa e intencionalmente sobre o processo de
seleção.
● Estabeleça um tempo para que os(as) estudantes façam a rotina individualmente. Depois,
delimite um tempo para que todos(as) possam compartilhar a sua rotina em duplas ou
pequenos grupos. Ao compartilhar a rotina com toda a turma, peça que cada estudante
fale sua frase, seu trecho e sua palavra, criando um efeito dominó. Cada pessoa, por
exemplo, fala a sua frase, o seu trecho e, finalmente, a sua palavra, fazendo uma pausa
após cada etapa, sem discussão.
● Você também pode experimentar essa rotina em dois passos em vez de três, solicitando,
por exemplo, a frase e a palavra. Essa rotina tem flexibilidade para atender às
necessidades da aula e da turma.
- Que conexões vocês poderiam fazer entre diferentes frases, trechos e palavras?
- Vocês acharam algo poderoso nesse processo de leitura? Expliquem.
- De que forma os seus pensamentos mudaram?
A rotina também fornece evidências individuais, porque, com ela, percebemos se os(as)
estudantes captaram a essência do texto e se novos vocabulários apareceram. Além disso, ela
ajuda a conhecer e promover discussões sobre a estrutura de diferentes gêneros textuais
(poemas, notícias, científicos, músicas).
Se for necessária a utilização de alguma ferramenta digital, o Padlet pode ser útil para você
visualizar os quadros da turma mais facilmente, usando uma coluna para cada etapa da rotina de
pensamento. Além disso, essa ferramenta permite curtir os quadros e fazer comentários, tornando
Outra situação recorrente na análise de gráficos é quando a escala é ajustada a fim de manipular
os dados de maneira tendenciosa. Não começar a escala em 0 é um exemplo de tentativa de
induzir o leitor a tirar conclusões errôneas. Nos gráficos abaixo, vê-se que, quando a escala não
começa em 0, temos a impressão de que um candidato apresenta uma vantagem grande em
relação ao outro. Já no gráfico que começa em 0, percebe-se que a vantagem não parece tão
grande quanto no anterior.
Ao pedir para a turma escolher frases do texto que captassem a essência dele, o professor
recebeu a maioria das respostas com a primeira frase: “Outra situação recorrente na análise de
gráficos é quando a escala é ajustada a fim de manipular os dados de maneira tendenciosa”.
Assim, pôde perceber que a ideia de manipular as pessoas chamou a atenção da turma.
Em seguida, pediu que os(as) estudantes selecionassem um trecho, diferente da frase, que fosse
provocativo ou significativo. As respostas variaram um pouco mais, mas, novamente, um trecho
relacionado à manipulação ganhou destaque: “Não começar a escala em 0 é um exemplo de
tentativa de induzir o leitor a tirar conclusões errôneas”.
No passo “Palavra”, várias respostas tentaram trazer elementos que já haviam sido mencionados,
como “conclusões errôneas”. No entanto, ao pedir que a turma escolhesse palavras inéditas, o
professor recebeu muitas respostas que mencionavam “vantagens”, o que evidenciou que a
turma havia se impressionado com a possibilidade de alterar as percepções suscitadas pelos
gráficos sem necessariamente adulterar dados, reforçando a necessidade de padronização ao
organizar e sintetizar informações nesse tipo de representação visual.
O que é?
Essa rotina promove a compreensão por meio de raciocínio e explicação para colegas. Com a
troca de ideias entre estudantes, essa rotina também auxilia a desenvolver a oralidade e a
escuta ativa, assim como construir um entendimento a partir de diferentes pontos de vista.
Passos
Faça uma pergunta à turma, depois siga os passos da rotina:
1. Pensar: individualmente, peça que a turma reflita sobre a pergunta e anote suas reflexões
(escrevendo ou desenhando).
3. Compartilhar: peça à turma que, ao voltar ao grupo grande, compartilhe suas reflexões
ou as reflexões de um(a) colega com toda a classe.
● Essa rotina pode ser aplicada a qualquer momento da aula, por exemplo, ao abordar uma
solução, resolver um problema de Matemática, ler um trecho ou capítulo de um livro,
antes de fazer um experimento científico etc. Peça a cada um(a) da turma que pense
sobre uma pergunta ou provocação e depois procure um(a) colega para compartilhar
seus pensamentos. Os(As) estudantes também podem fazer isso em pequenos grupos – a
depender da situação, será preciso criar duplas ou grupos para resumir suas ideias para
● Evite fazer muitas intervenções, aproveite esse momento para observar e ouvir, mas, se
necessário, ajude a direcionar o foco dos(as) estudantes.
- Para estudantes que apresentem dificuldade com a escrita, o passo "Pensar" pode
ser feito com desenhos. É sempre importante considerar a diversidade da turma e
oferecer diferentes alternativas para que todos(as) sejam incluídos(as) na
proposta.
- Para melhor gestão do tempo e foco dos(as) estudantes, utilize o timer do Geekie
One com o tempo estipulado para cada passo e projete para a turma.
Um professor de Gramática do 6º ano do Ensino Fundamental usou essa rotina para estimular a
turma a refletir sobre os usos da gramática e da comunicação. Para isso, pediu que os(as)
estudantes lessem a frase abaixo e analisassem uma tirinha.
"As palavras escritas de forma errada na tirinha dificultam a conversa entre as personagens."
Na sequência, solicitou que cada um(a) respondesse, individualmente, à seguinte pergunta: “Você
concorda com a afirmação após analisar a tirinha? Estruture uma resposta e anote suas
reflexões”. Surgiram respostas como: “Não acho que atrapalhou, o goleiro falou de um jeito
diferente, mas deu para entender”, “Acho que não, uma vez fui à casa da minha avó, no interior, e
lá tinha bastante gente que falava assim; não era difícil entender”, “Talvez tenha atrapalhado um
pouco, porque a outra personagem não disse se desculpava o goleiro”, “Acho que não atrapalhou,
porque a outra personagem continuou a conversa e respondeu à pergunta do goleiro”.
Depois, o professor dividiu a turma em duplas e pediu que os(as) estudantes trocassem suas
reflexões, dúvidas e suposições com tempo de fala de 2 minutos para cada pessoa da dupla, para
observarem se suas ideias eram semelhantes ou diferentes e, juntos, respondessem à pergunta:
“Quais são as ideias principais geradas a partir do que vocês refletiram sobre a afirmação e a
tirinha?”.
Ao final dos turnos, cada dupla compartilhou a resposta que construiu com toda a turma.
Enquanto as duplas falavam, o professor orientou a turma a anotar novas ideias que fossem
surgindo e, após terem analisado o texto em profundidade, foi mais fácil sistematizar a análise da
tirinha, dando destaque a variação linguísticas representada no texto e como esta não interferiu
na compreensão do todo como ponto de partida para abordar o tema da aula.
O que é?
Essa rotina ajuda os(as) estudantes a captar a essência de uma ideia, um tópico ou um conceito,
sistematizando sua compreensão em uma palavra ou frase.
Passos
1. Peça que os(as) estudantes reflitam sobre o seu entendimento do tópico com base nos
conhecimentos prévios (no início do estudo) ou no que foi visto, discutido e/ou debatido
(ao longo do estudo ou no final dele).
2. A seguir, peça que escolham uma palavra ou elaborem uma frase curta que sintetize as
reflexões feitas no passo anterior.
3. Peça que compartilhem sua palavra ou frase com toda a turma.
● Enquanto a turma compartilha suas palavras e frases, você pode registrá-las na lousa. O
objetivo é tornar visível o pensamento de todos(as) para que padrões ou temas comuns
possam ser identificados a partir das ideias que estão surgindo.
● Ao completar o dominó, você pode pedir que os(as) estudantes expliquem o raciocínio por
trás de suas palavras ou frases.
● Se em sua turma houver estudantes com deficiências, transtornos ou outras questões que
afetem a oralidade, uma alternativa é pedir que cada um(a) registre a palavra do Dominó
em uma nota adesiva e cole em um cartaz ou mural, de forma que ela fique visível para a
turma. Dessa forma, todos(as) terão a oportunidade de vivenciar a rotina de pensamento,
sintetizando e compartilhando suas ideias.
A professora deu 1 minuto para que todos(as) pensassem e, na sequência, propôs a rotina
Dominó, realizada com a turma disposta em círculo. Cada vez que alguém dizia a cor e o
sentimento que escolheu, o(a) colega imediatamente à sua esquerda falava em seguida. O
resultado foi um dominó de cores e sentimentos diversos: branco e confusão, branco e alegria,
laranja e desespero, amarelo e confusão, laranja e ânimo…
A discussão subsequente foi importante para a turma perceber as diferentes perspectivas quando
se está olhando para a mesma obra de arte.
O que é?
Essa rotina estimula o(a) estudante a refletir sobre o próprio aprendizado e sobre as mudanças
de ideias e opiniões decorrentes do trabalho em torno de um assunto.
Passos
1. Peça aos(às) estudantes que reflitam sobre como o entendimento que tinham do tópico
em estudo mudou com base no que foi visto, discutido e/ou debatido.
2. Peça que completem as frases a seguir com base nas reflexões feitas no passo anterior.
“Antes eu pensava que todas as pessoas, em todos os lugares do Brasil, escreviam as palavras da
mesma forma, mesmo falando diferente. Agora eu penso que, às vezes, elas podem escrever do
jeito que falam, mas é possível compreender a mensagem.”
“Antes eu pensava que existia um jeito certo e outro errado de falar e escrever. Agora eu penso
que existem formas diferentes, dependendo do lugar em que a pessoa vive, e isso não impede
necessariamente a comunicação.”
As respostas evidenciaram que a prática do professor teve bons resultados: os(as) estudantes
reconhecem que é importante não só conhecer a gramática, mas também compreender que
existem diferenças no modo de falar das pessoas, o que nem sempre vai impedir a comunicação
de acontecer.
Algumas rotinas variam em complexidade e, dependendo da faixa etária, podem exigir mais
orientação do que outras. Por isso, em nossa sugestão, algumas rotinas são inseridas
gradualmente em cada segmento, permitindo que os(as) estudantes ampliem seu repertório e
construam a compreensão de forma significativa.
Sugerimos que o(a) professor(a) atue como mediador(a) durante as rotinas, fazendo perguntas e
incentivando a livre reflexão e o pensamento crítico dos(as) estudantes, de modo a facilitar a
discussão e, eventualmente, aprofundá-la.
A seguir, você conhecerá as rotinas de pensamento cuja aplicação é sugerida nos materiais dos
Anos Finais do Ensino Fundamental.
● Perguntas para começar
● Conversa de papel
● Cor, símbolo e imagem
● 3 porquês
● Compreender, planejar e avaliar
● Rumores
● Círculo de perspectivas
● 4 Cs
O que é?
Essa rotina incentiva a criação de boas perguntas, fornecendo aos(às) estudantes oportunidades
para desenvolver e praticar a elaboração de perguntas que auxiliam na investigação e na reflexão
sobre um tópico.
Passos
Use as “perguntas para começar” para ajudar os(as) estudantes a pensar em perguntas
interessantes.
● Antes de usar essa rotina, você pode perguntar aos(às) estudantes o que eles(as) acham
● No começo, experimente fazer a rotina com a turma toda para que seja possível orientar
e facilitar a elaboração das perguntas. Você pode começar dando exemplos de uma
pergunta: “O que mudaria se o ser humano não tivesse inventado a roda?”. Então, peça
que os(as) estudantes pensem em perguntas que começam do mesmo jeito. Quando
eles(as) já estiverem mais familiarizados(as) com a rotina, dê um tempo para que
trabalhem em pequenos grupos ou individualmente para pensar em suas próprias
perguntas, utilizando as diversas formas de iniciá-las, antes de compartilhá-las com a
turma.
● Conforme a aula caminhar, mais perguntas podem ser adicionadas à lista e a turma pode
anotar as descobertas sobre suas perguntas, percebendo que contribuíram no processo
de aprendizagem de algo novo.
Você também pode pedir que registrem suas perguntas em notas autoadesivas e colem em um
mural na sala, para que fiquem visíveis. Para um registro digital, é possível utilizar murais virtuais,
como o Padlet.
Em uma aula de Gramática do 6º ano do Ensino Fundamental sobre a escrita das palavras, a
professora iniciou contextualizando a convenção, explicando que é um acordo ou um conjunto de
normas e práticas estabelecidas e aceitas por um grupo ou uma sociedade para regular
comportamentos, procedimentos ou padrões e que pode ser aplicada a diversas áreas, entre elas
a linguagem, fazendo, assim, uma conexão com as convenções ortográficas. Para despertar a
curiosidade da turma sobre o assunto, a professora propôs a rotina de pensamento Perguntas
Após esse momento individual, a professora propôs que a turma se reunisse em pequenos grupos
e compartilhasse as perguntas em que pensaram, registrando novas questões em que não tinham
pensado, mas que acharam interessantes. Enquanto acontecia essa troca, a professora foi
circulando pela sala, observando e ouvindo as perguntas que surgiram e a discussão dos
estudantes. Algumas perguntas que surgiram foram “Quais são as razões para haver convenções
ortográficas?”, “Como seria diferente se todos os países falantes de uma língua seguissem
diferentes convenções ortográficas?”, “E se soubéssemos que uma regra ortográfica foi criada por
um erro de impressão?”, “O que mudaria se não houvesse mais convenções ortográficas e cada
pessoa escrevesse do seu próprio jeito?”.
Depois desse momento de troca entre os grupos, a professora pediu que alguns(mas) estudantes
compartilhassem novas curiosidades surgiram.
O que é?
Esta rotina incentiva a discussão aberta e silenciosa no papel, incentivando a turma a considerar
ideias, questões ou problemas, apenas registrando por escrito suas impressões iniciais e
considerações sobre o pensamento de outras pessoas. Dessa forma, a atividade facilita a
manifestação de todos(as) os(as) estudantes, mesmo aqueles(as) que não se sentem confortáveis
em falar para toda a turma.
A rotina também pode ser usada para reflexão. Você pode, por exemplo, aplicar uma Conversa
de papel sempre que quiser que os(as) estudantes reflitam sobre sua aprendizagem ao longo de
uma unidade, com perguntas como:
➔ O que mais surpreendeu você nesta unidade?
➔ De que forma o aprendizado foi desafiador nesta unidade?
➔ Em que áreas você gostaria de melhorar?
➔ Como seu pensamento mudou ao longo da unidade?
Passos
1. Separe três papéis grandes (podem ser mais ou menos, dependendo da realidade da
turma) e escreva, em cada um, uma pergunta, um tópico ou um conceito sobre o tema
que está sendo trabalhado. Espalhe os papeis por mesas, em diferentes locais da sala.
2. Dividindo a turma em grupos que correspondam à mesma quantidade de papéis, peça
que reflita sobre o tópico apresentado e escreva as ideias que surgirem sobre ele.
● Os(As) estudantes podem usar suas próprias canetas – ou as canetas disponíveis onde
cada papel estiver. Você também pode pedir aos(às) estudantes que usem uma caneta de
cor específica, caso queira acompanhar o pensamento deles(as) ao longo do processo.
● Disponha as mesas de modo que os(as) estudantes possam circular livremente em volta
delas e registrar suas impressões em diversos sentidos no papel. Isso ajuda a otimizar o
tempo, para que ninguém fique esperando o(a) outro(a) escrever.
● Os(As) estudantes devem ter liberdade para caminhar ao redor da mesa em que o papel
está. Esse movimento, geralmente, ajuda a limitar a fala e/ou evitar eventuais agitações
caso os(as) estudantes sejam solicitados(as) a permanecer em um lugar.
● É importante levar em conta quanto tempo você precisará para completar a rotina.
Lembre-se: seus(suas) estudantes precisarão de tempo para ler, refletir e responder às
provocações de cada papel e, também, às ideias dos(as) colegas. Informe-os(as) sobre o
tempo disponível para cada rodada e disponibilize um timer visível na tela - o cronômetro
do Geekie One é uma ferramenta que pode ser utilizada nesse momento. Geralmente, 2
minutos por rodada são suficientes.
● Deixe os papéis da Conversa de papel visíveis durante as aulas sobre o tema. Assim,
os(as) estudantes podem revisitar seu pensamento para refletir sobre como ele mudou ou
evoluiu ao longo do tempo.
● Se na sua turma houver estudantes com mobilidade reduzida, você pode, em vez de pedir
para que os grupos circulem, formar grupos e trocar os papéis entre eles a cada rodada,
de forma que todos(as) sejam incluídos(as) na proposta.
Devido a natureza da rotina, não há uma estrutura para impressão para que seja feito o registro
individual.
Para a realização dessa rotina de pensamento, são necessários papéis grandes, de tamanho A3
(pode ser cartolina ou outro), e canetas, que podem ser dos(as) próprios(as) estudantes. Também
é possível utilizar murais virtuais, como o Miro; porém, é sempre importante avaliar se a
experiência com a turma será mais engajadora com o ato de circular pela sala e fazer os registros
no papel ou usando o recurso digital.
Dispôs três cartolinas na sala, cada uma com uma das inscrições a seguir:
● O que você pensa sobre fazer fazer piadas de mau gosto com um(a) colega de classe
pelo WhatsApp sem que ele(a) saiba?
● O que você pensa sobre ficar bravo(a) com o(a) amigo(a) por ele(a) demorar muito
tempo para responder a mensagens?
A professora dividiu a turma em três grupos e orientou cada grupo a dirigir-se a um dos papéis,
para que cada estudante pudesse registrar seus pensamentos sobre a situação ou pergunta
escrita. Os grupos passaram por cada um dos papéis, e, depois, foram convidados a uma segunda
rodada, para ler as reflexões que surgiram e registrar novas conexões feitas.
Com os registros dos(as) estudantes, a professora pôde coletar evidências para perceber o que
eles(as) pensam sobre empatia no ambiente on-line e consolidar as aprendizagens com a turma,
validando ou reforçando valores e atitudes no ambiente digital e fora dele.
O que é?
Essa rotina incentiva a comunicação não verbal de ideias. Ela ajuda a captar a essência de uma
ideia por meio das metáforas. A rotina Cor, símbolo e imagem desperta a criatividade e novas
formas de pensar e aprofunda nossa compreensão do tema ou conceito em estudo.
Passos
1. Escolha uma COR que represente, para você, um dos elementos que foram trabalhados. O
que faz você escolher essa cor?
2. Escolha um SÍMBOLO que represente, para você, outro elemento do que foi trabalhado. O
que faz você escolher esse símbolo?
3. Escolha uma IMAGEM que represente, para você, um dos elementos que foram
trabalhados. O que faz você escolher essa imagem?
Peça para os(as) estudantes que compartilhem primeiro a cor escolhida, depois, o símbolo e,
então, a imagem, em duplas ou em pequenos grupos, explicando o motivo pelo qual os
escolheram cor como representação da ideia. O processo pode ser repetido até que todos(as)
● Essa rotina também facilita a discussão de um texto ou evento à medida que os(as)
estudantes compartilham suas cores, seus símbolos e suas imagens. Lembre-se de que o
objetivo é captar a essência de uma ideia por meio das formas não verbais. Ser criativo(a)
é fundamental para a execução dessa rotina, a fim de desenvolver nossa compreensão
dos conceitos aprendidos.
Para um registro digital, quando necessário, podem ser utilizadas ferramentas que permitem uso
de cores e imagens, como PowerPoint, Google Apresentações ou Canva.
Para isso, ele pediu que a turma escolhesse algumas palavras-chave que estivessem interligadas
● Escolha uma cor que represente, para você, a primeira ideia. Em seguida, justifique.
● Escolha um símbolo que represente, para você, a primeira ideia. Em seguida, justifique.
● Escolha uma imagem que represente, para você, a primeira ideia. Em seguida, justifique.
Surgiram diferentes ideias. Um dos estudantes, por exemplo, escolheu a palavra “incógnita” e a
representou da seguinte forma:
“Escolhi a cor cinza porque, para mim, é uma cor que representa algo desconhecido, misterioso, e
as incógnitas são as partes da equação que precisamos descobrir.
O símbolo que escolhi foi uma balança, porque uma equação tem um “balanço'”dos dois lados,
uma equivalência ou igualdade.
Como imagem, escolhi um labirinto, porque representa um caminho que precisamos encontrar,
assim como precisamos encontrar um caminho para descobrir o valor de uma incógnita.”
A partir dessa e de outras respostas que surgiram, o professor teve evidências de como a turma
entendeu o assunto equações, equivalência entre partes e incógnitas. A partir das justificativas das
escolhas de cor, símbolo e imagem, também foi possível identificar dúvidas que ainda havia e
trabalhá-las antes de dar sequência aos próximos temas.
O que é?
Essa rotina convida os(as) estudantes a passar pelas esferas pessoais, locais e globais de um
assunto. Ela ajuda os(as) estudantes a formular conexões entre eventos, questões, temas, suas
próprias particularidades, suas comunidades e o mundo.
Passos
Após o exame inicial de um problema ou tema por meio de vídeo, leitura ou discussão, pede-se
que, individualmente, em pequenos grupos ou com toda a turma, sejam consideradas as seguintes
indagações:
Primeira questão: Por que esse tópico, questão ou problema importa para mim? Depois de um
exame cuidadoso do conteúdo ou pergunta disparadora, peça aos(às) estudantes que
identifiquem o motivo de o assunto ser importante para eles(as). Dependendo do assunto, o
problema pode parecer distante da realidade deles. Nesse caso, é interessante que os(as)
estudantes possam investigar mais detalhadamente problema ou tema, para identificar qual é a
Segunda questão: Por que isso importa para minha comunidade? Nessa etapa, você precisará
definir a palavra “comunidade”. Por exemplo, a comunidade pode ser a sala de aula, a escola, as
pessoas com quem os(as) estudantes interagem regularmente, a cidade ou até mesmo o país.
Terceira questão: Por que isso importa para o mundo? Peça aos(às) estudantes que pensem
sobre como o problema pode ser importante para o mundo – agora e no futuro. Como esse
problema afeta todas as pessoas no planeta?
Como compartilhar o pensamento? Você pode pedir aos(às) estudantes que compartilhem seus
pensamentos em pequenos grupos ou, se trabalharam em colaboração, peça para cada grupo
fixar sua rotina na parede para que todos possam ver. Enquanto os(as) estudantes estão
compartilhando seu pensamento com os(as) colegas ou observando o pensamento coletivo dos
diferentes grupos, peça que procurem temas, ideias ou padrões comuns.
Os(as) estudantes podem registrar suas ideias da seguinte maneira: desenhando três colunas ou
três círculos concêntricos (o círculo interno é o eu, o círculo do meio é a comunidade e o círculo
externo é o mundo). É importante notar que, às vezes, uma ideia é significativa por sua
universalidade. Isso se aplica a todos de alguma forma. Uma ideia significativa também pode ser
pessoal se houver uma conexão emocional ou cognitiva. Às vezes, a importância de uma ideia
pode fornecer uma nova perspectiva que ajuda a construir ainda mais a compreensão.
Você também pode usar as perguntas da rotina na ordem inversa. Por exemplo, você pode
construir uma conexão com um evento distante (por exemplo, o Holocausto), começando com
uma abordagem no plano mundial e, então, trazendo o assunto para mais “perto”.
● Os(as) estudantes são capazes de pensar além do aqui e agora para considerar as
implicações de longo prazo?
● Eles(as) são capazes de considerar as consequências das ações para identificar vários
graus de impacto?
● Os(as) estudantes são capazes de se conectar com eventos em dimensões éticas, morais,
comportamentais e cognitivas?
Você também pode pedir que registrem cada uma das respostas em papéis adesivos e os colem
em um grande cartaz com círculos ou quadros para que fique visível para toda a turma.
● Entender como as ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante para
mim porque…
● Entender como as ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante para
a região onde moro porque…
● Entender como as ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante para
o mundo porque…
O que é?
Essa rotina foi inspirada nos passos da resolução de problemas propostos por George Pólya. Ela
incentiva os(as) estudantes a interpretar, organizar, registrar e analisar com criticidade suas ideias
em qualquer problema matemático.
Passos
Primeiro passo - Compreender: esse é um importante passo que irá nortear todos os outros, por
isso, verifique se o problema foi de fato compreendido. Lembre-se de que a perspectiva dos(as)
estudantes é diferente da sua e ajude-os(as) a ativar os conhecimentos prévios úteis para
resolução do problema. A coleta dos dados e organização das expectativas podem ser
confundidas com a busca pela resposta, portanto, atente às questões e sugira a construção de
esquemas e separação dos dados de forma organizada.
Terceiro passo - Avaliar: ao revisar a solução, os(as) estudantes irão consolidar suas ideias
individual e coletivamente. Envolva-os(as) em uma discussão produtiva e ajude-os(as) a trabalhar
juntos, como um grupo. É importante que os erros sejam percebidos como oportunidades de
discussão e modificação do pensamento, portanto, não faça correções de forma imediata.
Encoraje e aceite as soluções sem as julgar, incentivando o compartilhamento de ideias e uso das
estratégias em outras situações-problema similares.
Essa rotina exige que sua intervenção seja mínima, a fim de oportunizar aos(às) estudantes a
expressão de suas ideias. Perguntas como: “Você se lembra de algum problema parecido?”; “Você
consegue resolver uma parte do problema?”; “De que forma os dados se relacionam?”; “Você
conferiu se todos os passos estão corretos?” são interessantes no segundo passo da proposta.
Se existir a necessidade de utilizar algum recurso digital, o ideal é optar por ferramentas em que
os estudantes consigam fazer seus esboços, como editores de texto (Google Docs ou Word) ou de
apresentações (Google Apresentações ou PowerPoint), por exemplo.
2
“Ana tem uma loja de roupas. Ela comprou um lote com 60 blusas, das quais 3
eram vermelhas.
Quantas blusas eram vermelhas? E quantas eram de outras cores?”
Para a compreensão do problema, perguntou para a turma o que era preciso encontrar e quais
2
- Um grupo quis começar calculando o total de blusas vermelhas ( 3 de 60) para depois
subtrair do total e encontrar a quantidade de outras blusas.
2
- Um grupo também começou calculando o total de blusas vermelhas ( 3 de 60), mas,
depois de ter desenhado uma figura em terços, notou que o total de blusas de outras
1 2
cores correspondia a 3
. Por isso, queriam calcular a quantidade de blusas vermelhas ( 3
1
de 60) e, depois, as de blusas de outras cores ( 3 de 60).
Na sequência, a professora indicou que os(as) estudantes também fizessem a prova real de seus
cálculos para conferir se a execução estava correta. Além disso, esquematizou na lousa os
diferentes passos para se chegar à resolução do problema, o que ajudou a valorizar os diferentes
raciocínios que surgiram. O passo a passo também ajudou a turma a pensar em uma estrutura
lógica na resolução de problemas, que foi praticada novamente com novos exercícios.
O que é?
Essa rotina incentiva os(as) estudantes a se envolver em uma conversa, movimentando-os(as)
pela sala. Ela exige que os(as) estudantes ouçam ativamente e incorporem as ideias de colegas
para compartilhar com outras pessoas. Devido à natureza da rotina, vários grupos de estudantes
podem estar falando ao mesmo tempo, sem ter que esperar a sua vez. A rotina Rumores
estimula, ainda, que reflitam sobre padrões e novas ideias trazidas pelo grupo, reforçando e
valorizando as diferentes opiniões.
Passos
1. Reflexão individual - peça que os(as) estudantes anotem seus nomes e uma ideia em
uma nota autoadesiva.
➔ Ao final da dinâmica, peça a um(a) estudante que leia em voz alta o rumor que
está na sua mão, ou seja, o que está escrito na nota autoadesiva com a qual
terminou a dinâmica. Conforme os(as) estudantes forem lendo as anotações,
pergunte se alguém tem uma ideia semelhante e, então, abra espaço para outras
ideias. Você pode fazer a sistematização dessas ideias na lousa.
➔ Outra maneira é pedir que um(a) estudante faça a leitura em voz alta e cole a
nota no quadro ou em um mural. Na sequência, peça aos(às) estudantes que, um
de cada vez, fixem rumores semelhantes perto da primeira nota. Peça que leiam o
rumor em voz alta ao colá-lo no grupo. Repita esse mesmo processo com rumores
diferentes, adicionando novos grupos até que todas as notas tenham sido
agrupadas.
4. Retomando o que aprendemos: peça aos(às) estudantes que revisem suas ideias iniciais,
refletindo sobre como os aprendizados ao longo da atividade mudaram ou confirmaram
seu pensamento. Você também pode orientar a turma a escrever um parágrafo, uma
sentença ou novas perguntas que ainda possam ter sobre o que foi discutido. Assim, é
possível observar como a compreensão evoluiu ao longo da rotina.
● Para que o momento de reflexão individual seja efetivo e resulte em rumores variados, é
importante que a orientação inicial seja clara, assertiva, e que o tema escolhido desperte
diferentes pensamentos. Seguem alguns exemplos de ideias:
○ “Anote três questões sobre o tópico e coloque uma estrela ao lado da que precisa
ser respondida com mais urgência.”
○ “Anote qual será o próximo passo para aplicar o que você aprendeu.”
● Para iniciar a etapa de espalhar rumores, diga à turma que há muitos rumores circulando
● Um dos benefícios da rotina de pensamento Rumores é que os(as) estudantes têm tempo
para pensar individualmente e escrever seu pensamento antes de compartilhar com
outras pessoas e, no momento do compartilhamento, fazer a leitura do que foi registrado
em vez de se expressar oralmente sem nenhum tipo de apoio. Reforce com os(as)
estudantes, sempre que necessário, que o momento espalhe rumores não é um momento
para formular ideias, mas para ler o que já foi registrado.
● Enquanto os(as) estudantes compartilham seus rumores, caminhe pela sala observando e
ouvindo suas interações. Isso dará a você elementos importantes para avaliar como está
o engajamento da turma, se há estudantes com dificuldade em se comunicar com os
pares, se estão ouvindo uns(umas) aos(às) outros(as), se estão focados(as) na atividade,
entre outros pontos importantes.
A partir das categorias, é possível identificar as dúvidas mais frequentes e o(s) ponto(s) em que
os(as) estudantes parecem ter mais domínio do tema. Para sintetizar a compreensão sobre o
tópico, você pode solicitar que escrevam um parágrafo, uma sentença ou novas perguntas que
ainda possam ter sobre o que foi discutido. Assim, é possível observar como a compreensão
evoluiu ao longo da rotina.
No momento de reflexão coletiva, para organizar as ideias em agrupamentos, você pode usar
murais colaborativos, como o Padlet ou o Miro, criando os agrupamentos e pedindo que a turma
Para começar, o professor entregou uma nota autoadesiva para cada estudante e deu 5 minutos
para que cada um(uma) pensasse individualmente em uma ideia que tinha sobre a escravidão no
Brasil. Para isso, deu a seguinte instrução: “Escrevam seus nomes na nota autoadesiva e uma
única ideia sobre a escravização de africanos no Brasil.”.
Em seguida, perguntou o que a turma já sabia sobre rumores, e muitos(as) estudantes disseram
que são histórias que as pessoas contam umas para as outras e que podem ou não ser
verdadeiras; outros(as) disseram que são boatos. Com a turma alinhada sobre isso, o professor
disse que o que cada um(a) escreveu poderia ser um rumor sobre o tema e que, agora, eles(as)
iriam compartilhar esses rumores. Para isso, instruiu os(as) estudantes que se levantassem e
trocassem suas notas autoadesivas com o maior número possível de pessoas, fazendo a leitura
para os(as) colegas tanto da ideia registrada quanto do nome, dando o seguinte exemplo: “Eu
ouvi da Carol que a escravidão…”.
Durante os 5 minutos, o professor aproveitou para caminhar pela sala e perceber as trocas que
estavam acontecendo. Ele percebeu que alguns(algumas) estudantes estavam trocando seus
rumores apenas com pessoas com quem tinham mais afinidade, então, aproveitou para incentivar
mais interação, sugerindo que não ficassem focados(as) apenas nas “panelinhas”. Alguns(mas)
estudantes riram com a instrução, mas entenderam e começaram a compartilhar, também, com
outros(as) colegas menos próximos(as).
Ao fim dos 5 minutos, o professor pediu que todos(as) retornassem aos seus lugares e que
algum(a) voluntário(a) lesse o nota autoadesiva que estava em suas mãos (que, com as trocas,
não era a mesmo que havia escrito). Um estudante levantou a mão e leu sua nota, em que estava
escrito: “A escravidão foi cruel e causou muito sofrimento”. O professor pediu ao estudante que
colasse o nota autoadesiva na lousa e escreveu, logo acima, a palavra “sofrimento”, pedindo que
outros(as) estudantes que tivessem uma nota autoadesiva relacionada lessem para a sala e a
colassem na lousa junto à palavra. Feito isso, perguntou quem tinha uma nota autoadesiva com
um assunto diferente, e uma estudante leu a sua, em que estava escrito: “Não acho que a
escravidão tenha sido 100% eliminada no Brasil”. O professor criou uma nova categoria,
escrevendo “escravidão nos dias atuais”, e perguntou se mais alguém tinha uma ideia semelhante
em mãos. Repetiu o processo até que todos(as) tivessem compartilhado os rumores que estavam
em suas mãos.
Com essa organização, a turma fez uma reflexão colaborativa, encontrando semelhanças e
Após o momento de reflexão, o professor pediu que cada estudante resgatasse a ideia inicial e
refletisse se seus pensamentos mudaram após ouvir as ideias de outros(as) colegas e depois das
reflexões que foram feitas.
Com isso, conseguiu promover uma participação ativa da turma, coletar o que cada um(a) já
pensava sobre o tópico e proporcionar uma compreensão mais rica por meio das trocas. A turma
também ficou mais curiosa e aberta para a continuação da aula sobre o tema.
O que é?
Essa rotina ajuda os(as) estudantes a ver e explorar várias perspectivas. Esse processo de
observação e exploração ajuda a entender que pessoas diversas podem ter diferentes conexões
com a mesma coisa ou situação e que essas conexões podem influenciar o que sentem, veem e
pensam. Essa rotina também ajuda a identificar e considerar diversos pontos de vista que podem
surgir sobre um tópico. Seu objetivo é que os(as) estudantes obtenham uma compreensão mais
ampla e completa sobre um tema, tópico ou evento.
Passos
1. Observar: apresente um conteúdo (imagem, história, vídeo, evento etc.) e dê tempo para
que os(as) estudantes o analisem. Ao final da análise inicial, identifique o tópico que a
turma trabalhará para desenvolver uma melhor compreensão por meio da rotina.
2. Identificar pontos de vista: gere uma lista de pontos de vista das pessoas, personagens,
seres vivos e outros elementos que apareceram.
3. Explorar
a. Peça aos(às) estudantes que selecionem um ponto de vista que desejam explorar
“Eu penso... [seja um ator e incorpore o ponto de vista que você escolheu].”
“Uma pergunta que eu tenho a partir dessa perspectiva é... [escreva sua
pergunta].”
○ Uma pintura ou outra figura pode ser usada para identificar as perspectivas
dentro da imagem. É possível considerar as perspectivas dos(as) personagens
representados na obra, da própria pessoa autora, que fez escolhas de
representação e uso de técnicas, ou ainda considerar o ponto de vista de outras
pessoas do mesmo período que interpretam a obra e seu significado.
● A perspectiva não precisa ser de uma pessoa. Os(As) estudantes também podem
identificar objetos ou partes do ambiente (uma árvore, a grama, um edifício, as mesas
etc.), além de elementos que não estão presentes na imagem, na história, no vídeo, no
evento etc., mas são afetados por eles.
● A rotina também pode ser usada no início de uma unidade, para incentivar os(as)
estudantes a fazer uma “chuva de ideias” sobre o tópico a partir de diferentes
perspectivas. Além disso, olhar para outros pontos de vista ajuda a desenvolver a empatia
Quando os(as) estudantes estão compartilhando seu ponto de vista, observe se eles(as) estão
usando respostas estereotipadas ao adotar a perspectiva da pessoa (por exemplo, se eles(as)
usam um tom de deboche ao descrever um ponto de vista diferente do deles(as)). Além disso,
preste atenção ao tipo de pergunta que os(as) estudantes fazem: é uma pergunta esclarecedora
simples ou uma pergunta mais investigativa, destinada a descobrir a complexidade do tema,
tópico ou evento, por exemplo?
Você pode dividi-los(as) em pequenos grupos para trabalhar em cartazes conforme o exemplo da
estrutura do círculo de perspectivas. Além disso, você também pode utilizar ferramentas como o
Padlet, além da função do chat nas plataformas em casos de comunicação por vídeo, para
documentar as ideias da turma.
A partir do vídeo, pediu que a turma elencasse quais eram os diferentes pontos de vista que
perceberam no vídeo. Surgiram respostas como “o próprio jogador”, “o pai”, “Ray Allen”, “o
câmera”, “a torcida”, “os adversários”, “o jogo pausado”, entre outras. O professor fez uma lista, na
lousa, de todos os pontos de vista apresentados.
Em seguida, pediu que cada estudante da turma escolhesse um dos pontos de vista para explorar
um pouco mais, completando as frases na cor identificada como Ponto de vista A, conforme o
esquema abaixo. Para isso, os(as) estudantes deveriam seguir a numeração do esquema de
acordo com a frase a ser completada.
A escolha dos pontos de vista pela turma foi variada, assim como os pensamentos, questões e
preocupações que surgiram. Da perspectiva do jogo pausado, por exemplo, surgiu a
preocupação dos jogadores de voltarem a se concentrar para continuar o jogo. Da perspectiva
do pai, surgiu a preocupação de o jogador começar a se cobrar demais para se manter como
recordista nas temporadas seguintes. Outro estudante, também explorando o ponto de vista do
pai, apresentou uma preocupação diferente: a de que o jogador poderia se acomodar com a
conquista do recorde e não ter mais a mesma dedicação que tinha até então.
O que é?
Essa rotina oferece uma estrutura para uma reflexão centrada em fazer conexões, fazer
perguntas, identificar ideias principais e considerar aplicações.
Passos
Após a conclusão de um assunto ou capítulo, dê tempo para que os(as) estudantes reflitam sobre
as perguntas de cada um dos Cs e registrem suas respostas, consolidando o aprendizado.
A reflexão ajudou o estudante a estabelecer conexões com conteúdos que estavam sendo
abordados em diferentes componentes curriculares e a professora fez uma reflexão sobre como
poderia trabalhar de forma mais integrada com outros(as) docentes.
Pense nas rotinas como estratégias que visam tornar o pensamento visível no contexto do
aprendizado. Quando os(as) estudantes aprendem a tornar seu pensamento visível, começam a se
identificar como pensadores(as), tornando-se participantes ativos(as) em sua própria jornada de
aprendizagem.
Além disso, quando valorizamos o pensamento dos(as) estudantes, eles(as) ficam motivados(as) a
compartilhar mais suas ideias, a colaborar com seus(suas) colegas, a considerar diferentes
perspectivas, a assumir maiores riscos nos seus aprendizados – tudo isso nutre a criação de uma
cultura de pensamento, ou seja, de um lugar onde o pensamento do indivíduo e de um grupo é
valorizado, visível e ativamente promovido.
Cada vez que tornamos o pensamento de estudantes visível, estamos praticando uma mentalidade
que estimula o desenvolvimento da metacognição e permite que os(as) estudantes encontrem
estratégias para planejar e organizar seu próprio pensamento na escola e na vida. Tornar o
pensamento dos(as) estudantes visível significa ajudá-los(as) a entender o que está envolvido no
ato de "pensar".
FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti; BELHOT, Renato Vairo. Taxonomia de Bloom: revisão
teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais.
Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010.
RITCHHART, Ron; CHURCH, Mark; MORRISON, Karin. Making Thinking Visible, 2011.
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