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My Publications - Manual Geekie de Rotinas de Pensamento - EFAF

Enviado por

Gabriel Telles
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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1.

Introdução
- Bem-vindos(as) à sua jornada com as rotinas de pensamento!
- O que são as rotinas de pensamento?
- Rotinas de pensamento e a construção da compreensão
- As rotinas de pensamento e a cultura escolar
- Os benefícios das rotinas de pensamento

2. Rotinas-chave
- O que faz você pensar assim?
- Ver, pensar e perguntar
- Frase, trecho e palavra
- Pensar, trocar e compartilhar
- Dominó
- Antes eu pensava… Agora eu penso…

3. Outras rotinas do segmento


- Perguntas para começar
- Conversa de papel
- Cor, símbolo e imagem
- 3 porquês
- Compreender, planejar e avaliar
- Rumores
- Círculo de perspectivas
- 4 Cs

4. Conclusão
- E agora? Quais são meus próximos passos?

5. Referências

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 2


Introdução
Bem-vindos(as) à sua jornada com as rotinas de pensamento!
Como educadores(as), é essencial pensar em quais habilidades, competências e valores
queremos que nossos(as) estudantes desenvolvam para a vida. A aprendizagem ativa é
focada nesse objetivo. Ela permite inovar na sala de aula, de modo que novas vivências,
formas de aprender e oportunidades de aprendizagem sejam criadas com intencionalidade
pedagógica para nossos(as) estudantes.

Levando isso em consideração, a Geekie reuniu neste manual um conjunto de práticas de


ensino e aprendizagem fundamentais para tornarmos nossos(as) estudantes
protagonistas de sua própria jornada de aprendizagem e conscientes para utilizar
estratégias de pensamento que serão úteis para toda a vida!

Este manual irá apoiá-lo(a) em sua jornada com as rotinas de pensamento que você irá
encontrar nos materiais dos Anos Finais do Ensino Fundamental. As rotinas de pensamento
têm origem nas boas práticas de docentes do mundo inteiro, oferecendo uma abordagem
que as torna estruturadas e acessíveis para todos(as). Baseadas nas pesquisas
educacionais do Project Zero, da Harvard Graduate School of Education, as rotinas de
pensamento são estratégias simples que podem ser aplicadas e praticadas de forma
consistente na sala de aula, independentemente da idade de seus(suas) estudantes ou da
área do conhecimento. Elas ajudam a estruturar o pensamento e a torná-lo visível.

O objetivo deste material não é apenas apresentar um passo a passo de como aplicar na
prática as rotinas de pensamento, mas também promover reflexões sobre o potencial de
cada uma delas no desenvolvimento dos processos cognitivos e socioemocionais de
nossos(as) estudantes. Esperamos que você use este manual como oportunidade para
crescer ainda mais em suas práticas de ensino e aprendizagem. Somos todos(as)
aprendentes!

Boa jornada!
Equipe Geekie

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 3


O que são as rotinas de pensamento?
As rotinas de pensamento foram sistematizadas e elaboradas pelo Project Zero e contam com
sequências de poucos passos que direcionam e estruturam o pensamento do(a) estudante. O ato
de pensar pode estar relacionado a diversas ações, como as de descrever, comparar, questionar,
considerar pontos de vista diferentes, elaborar explicações, argumentar e sintetizar ideias. Assim,
cada rotina foi desenvolvida como uma estratégia que ativa ações específicas do pensamento.
Conforme são aplicadas, praticadas e repetidas ao longo de experiências de aprendizagem
variadas, estimulam padrões de pensamento que serão incorporados pelos(as) estudantes, que
passam a utilizá-los em diversos contextos da vida, não apenas na sala de aula.

Conhecendo as diferentes rotinas de pensamento e as formas de pensar que promovem, você


poderá selecionar as mais apropriadas para o seu objetivo de aprendizagem. Para os(as)
estudantes, o pensamento ficará mais estruturado, compreensível e visível, o que possibilitará
que o aprendizado seja aplicado em outras situações. Para o(a) professor, a evidência de
aprendizagem de seus(suas) estudantes fornecerá instrumentos para a organização de suas aulas
futuras.

Dica: a aplicação das rotinas de pensamento não deve ser encarada como uma atividade a ser
cumprida, pois as discussões e conexões de pensamento são vivas, de modo que a sua
profundidade depende de quem participa e de quem faz a mediação de cada uma. Pense nas
rotinas como estratégias dinâmicas que visam tornar o pensamento visível no contexto do
aprendizado.

Saiba mais
O Project Zero (“Projeto Zero”) é uma organização educacional da
Universidade de Harvard que promove diversas investigações sobre o
pensamento, a criatividade e a compreensão, indicando como é possível
apoiá-los em múltiplos contextos. O PZ é composto de vários projetos; um
deles é o Visible Thinking (“Pensamento Visível”), uma abordagem flexível,
baseada em pesquisas, que visa desenvolver a compreensão do
pensamento do(a) estudante, tornando-o visível, além de promover o
desenvolvimento, o aprimoramento e
a aplicação de habilidades em diferentes situações de aprendizagem.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 4


Rotinas de pensamento e a construção da compreensão
De acordo com Perkins (1992), “a aprendizagem é uma consequência do pensamento”. Quando
escolhemos utilizar uma determinada rotina de pensamento, estamos mobilizando algumas formas
de pensar que ajudam na aprendizagem, seja para entender conhecimentos prévios, aprofundar
temas, explorar um assunto ou fazer uma síntese. Ao nomearmos essas formas de pensar,
ajudamos os(as) estudantes a criar intencionalidade e estrutura no pensamento. As equipes
envolvidas nos projetos Visible Thinking (Pensamento Visível) e Cultures of Thinking (Culturas de
Pensamento) do Projecto Zero identificaram oito formas de pensamento necessárias para a
construção da compreensão, ou seja, quando realmente queremos entender um assunto,
precisamos utilizar diferentes movimentos do pensamento. Veja, a seguir, o Mapa da Construção da
Compreensão.

RITCHART, Ron. Mapa da compreensão. Fonte: https://pz.harvard.edu/sites/default/files/Understanding%20map%20circle%202022.pdf.

Cada rotina de pensamento mobiliza uma ou algumas dessas formas de pensar, sendo necessário
utilizar diferentes rotinas para que os(as) estudantes desenvolvam habilidades cognitivas e
socioemocionais enquanto constroem a compreensão.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 5


Rotinas de pensamento e a abordagem do Geekie One

No Geekie One, as rotinas de pensamento estão presentes desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio, e esse repertório é ampliado de forma gradativa durante a jornada escolar. Isso permite que
os(as) estudantes possam construir de forma consistente diferentes estruturas de pensamento e
ampliar seu repertório conforme avançam nos diferentes segmentos.

Educação Infantil EFAI EFAF

EM

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 6


Dessa forma, os(as) estudantes do Ensino Fundamental Anos Finais que estudaram com o Geekie
One no Ensino Fundamental Anos Iniciais e na Educação Infantil podem já estar familiarizados com
parte das rotinas de pensamento presentes nos capítulos. Porém, caso o(a) estudante ainda não as
conheça, terá a oportunidade de aprendê-las e incorporá-las no seu dia a dia.

Estruturas para o registro das rotinas de pensamento

Para auxiliar os(as) estudantes a organizar seus pensamentos e torná-los visíveis de forma ainda
mais direcionada durante a realização das rotinas de pensamento, a Geekie desenvolveu estruturas
que poderão ser utilizadas durante as aulas para que os(as) estudantes façam o registro com mais
facilidade.

Cada estrutura foi desenvolvida com comandos específicos e espaço para escrever, pintar ou
desenhar considerando as especificidades de cada rotina. Além disso, essas estruturas já
apresentam, também, a indicação das formas de pensamento do mapa da construção da
compreensão que são mobilizadas com a rotina de pensamento.

No Caderno do Pensamento Ativo, material impresso do Ensino Fundamental Anos Finais que
integra a plataforma Geekie One, as rotinas de pensamento propostas em cada capítulo já contam
com a estrutura correspondente. Caso a sua escola não utilize esse material, você tem a
possibilidade de baixar e fazer a impressão dessas estruturas para usar com a sua turma.

Clique aqui para acessar as estruturas das rotinas de pensamento.

As rotinas de pensamento e a cultura escolar


A aplicação de rotinas de pensamento nas escolas envolve um processo de ampliação gradativa
da autonomia e da responsabilidade dos(as) estudantes. Muitas vezes, os primeiros contatos com
as rotinas de pensamento podem gerar certo estranhamento nos(as) estudantes que não estão
habituados a expressar o pensamento de forma ativa.

Nesse processo, o(a) professor(a) assume um papel de mediador(a), promovendo um ambiente de


aprendizagem ativa em que os(as) estudantes exercitem o pensamento crítico e a reflexão em
diferentes níveis de profundidade e evidenciem esse pensamento.

Sendo assim, é essencial que os(as) professores(as) apliquem as rotinas de pensamento visando
não só aos objetivos de aprendizagem, mas também à criação ou ao fortalecimento de uma
cultura de aprendizagem. Como em qualquer processo de mudança cultural, as primeiras
aplicações de rotinas de pensamento podem não acontecer da melhor forma, porém, é o uso
contínuo delas que apoiará a construção dessa cultura, fazendo com que se tornem cada vez
mais eficientes para os processos de ensino e aprendizagem.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 7


Neste manual, você verá dicas pedagógicas para cada uma das rotinas de pensamento, que
poderão apoiar você na aplicação e na mediação dessas atividades em sala de aula.

10 sugestões para trabalhar as rotinas de pensamento

Estudantes nos surpreendem com suas conexões,


ideias e as múltiplas linguagens que usam para tornar
Tenha grandes expectativas.
seu pensamento visível. Valorize sua forma de pensar e
o processo do desenvolvimento de sua aprendizagem.

No início, ao seguir cada etapa proposta para a


aplicação da rotina, a experiência pode suscitar ideias
sobre o que funciona e o que precisa ser adaptado.
Experimente as rotinas como estão Lembre-se de que, ao aceitar esse desafio, é esperado
antes de tentar alterá-las. que você sinta dificuldades iniciais, comuns em
qualquer novo processo. Superá-las requer disposição
e persistência, até o total domínio da aplicação das
rotinas de pensamento com sua turma.

As rotinas não são o conteúdo; são veículos para


explorar o conteúdo. Quanto melhor for a escolha das
Combine as rotinas com tópicos peças sobre as quais as rotinas são realizadas (textos,
provocativos e projetos que sejam imagens, vídeos, áudios, entre outros), mais rico será o
significativos para as turmas. resultado e de mais qualidade o tempo da aula.
Queremos promover uma compreensão profunda do
que está sendo aprendido.

Seja um modelo, introduzindo na sua própria


linguagem os processos de pensamento que deseja
estimular nos(as) estudantes. Você pode ajudar
Seja um exemplo das rotinas. oferecendo alguns modelos de frases estruturadas.
Outra maneira é fazer a rotina com outra pessoa da
turma ou um(a) assistente.

Nomeie as ações dos(as) estudantes. Por exemplo:


“Você fez uma conexão!” ou “Acho sua explicação muito
Identifique e elogie as ações de
interessante” etc. Esse processo é essencial para que a
pensamento dos(as) estudantes.
turma saiba o que está realizando e o que está dando
certo.

Com os registros, podemos revisitar o pensamento e


Registre o pensamento dos(as) refletir sobre ele, o que, por sua vez, incentiva novos
estudantes. aprendizados sobre o tópico. Quando documentamos o
pensamento, estamos comunicando claramente o

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 8


quanto valorizamos nossos(as) estudantes, seus
pensamentos e seu trabalho.

Experimente as rotinas em diferentes contextos e tente


Seja um(a) aprendente!
integrá-las à linguagem e às rotinas da sala de aula.

Entenda que esse é um processo que Seja paciente, consistente e experimente coisas novas.
leva tempo. Só por tentar você já está fazendo a diferença.

Use as rotinas como ferramenta para aprofundar o


tipo de pensamento que você deseja que os(as)
Concentre-se no pensamento que
estudantes desenvolvam, não apenas como uma
deseja promover e no motivo por que
atividade a ser cumprida. Queremos que cada
ele é importante.
estudante se torne um(a) grande pensador(a), afinal, o
ato de aprender passa pelo ato de pensar.

Crie uma parceria com as famílias, incentivando que,


Inclua as famílias no processo. em casa, os adultos valorizem o pensamento dos(as)
estudantes e se envolvam nas suas formas de pensar.

Essas sugestões, com algumas adaptações, foram desenvolvidas com a colaboração de Ana Maria Fernandez e outros(as)
colaboradores(as) da página do fórum www.facebook.com/Making Thinking Visible.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 9


Os benefícios das rotinas de pensamento
A aplicação das rotinas de pensamento, vez após vez, em sala de aula e em vários contextos,
constrói uma cultura de pensamento, ou seja, um ambiente em que o pensamento do indivíduo e
do grupo é valorizado, visível e ativamente promovido.

As pesquisas educacionais conduzidas pelo Project Zero mostram que, quando criamos
oportunidades desafiadoras para os(as) estudantes, eles(as) desenvolvem a habilidade de focar no
processo de aprendizagem, não no resultado. As rotinas de pensamento trazem evidências ao longo
do processo.

Por isso, estudantes expostos(as) às práticas de pensamento visível de forma consistente ao longo
do tempo são capazes de aplicar e desenvolver as diferentes formas de pensamento necessárias
para construir a compreensão de vários conceitos, como apontado por Ron Ritchhart e Mark Church
em The Power of Making Thinking Visible, em 2020.

META: use a expressão para se lembrar dos benefícios das rotinas de pensamento
para a vida.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 10


Quando usadas com intencionalidade
pedagógica, as rotinas se
M tornam ferramentas para desenvolver as
Trazem métodos simples, flexíveis e formas de pensamento que melhor servem
eficazes à exploração dos conceitos e das habilidades
essenciais de uma área.

Ao praticar as rotinas de pensamento de forma


consistente, desenvolvemos professores(as)
E
mediadores(as) e estudantes protagonistas,
Promovem o engajamento dos(as)
focados(as) no processo de pensamento e
estudantes e dos(as) professores(as)
aprendizagem, transformando, juntos(as), como veem
o mundo.

Ao usar as rotinas de pensamento em sala


de aula, o pensamento dos(as) estudantes é
valorizado, visível e ativamente promovido.
T
Elas fornecem evidências de aprendizagem ao
Tornam o processo transparente
longo do processo, que, por sua vez, possibilitam
a execução de uma avaliação formativa e uma
atuação mais mediadora do(a) professor(a).

É importante identificar e desenvolver as formas


de pensamento necessárias para ajudar os(as)
A
estudantes a se engajar em um conteúdo
Ativam as formas de pensamento
específico, auxiliando-os(as) a construir a
compreensão.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 11


Organização das rotinas de
pensamento
As rotinas podem ser organizadas de diferentes maneiras, a depender de sua intencionalidade. Aqui
você encontra um quadro resumo para entender e escolher com intencionalidade as rotinas do
material do Ensino Fundamental Anos Finais. Categoria ajuda a fazer uma escolha com base na
intenção pedagógica dos diferentes momentos de uma aula. Já a descrição das Formas de
pensamento explicita quais são os movimentos específicos do pensar que conhecemos no Mapa da
Compreensão.

Rotina de Categoria Formas de pensamento


pensamento

Construir explicações, justificar e


O que faz você
Aprofundar ideias raciocinar com base em
pensar assim? evidências

Considerar a importância de um
3 porquês Considerar diferentes perspectivas fato ou situação na esfera
individual, local e global

Capturar a essência de uma ideia,


Rumores Considerar diferentes perspectivas assumir pontos de vista diferentes
e elaborar conclusões

Observar cuidadosamente, notar


Círculo de
Considerar diferentes perspectivas detalhes, explorar múltiplas
perspectivas perspectivas e pontos de vista

Construir explicações, organizar


Pensar, trocar e
Considerar diferentes perspectivas ideias, considerar outros pontos
compartilhar de vista

Organizar as ideias e construir


Considerar diferentes perspectivas;
Conversa de papel coletivamente novas conexões e
sintetizar e organizar as ideias
questionamentos

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 12


Observar cuidadosamente,
Ver, pensar e
Explorar arte, imagens e objetos descrever em detalhes,
perguntar interpretar e elaborar perguntas

Perguntas para Gerar possibilidades e analogias; Analisar um tópico e elaborar


começar aprofundar ideias boas perguntas

Interpretar, organizar, registrar e


Compreender, Investigar objetos e sistemas;
analisar com criticidade suas
planejar e avaliar aprofundar ideias
ideias

Captar a essência de um tema e


Cor, símbolo e
Sintetizar e organizar as ideias organizar as ideias utilizando
imagem metáforas

Discutir um assunto buscando


fazer conexões, perguntas,
4 Cs Sintetizar e organizar as ideias identificar ideias-chave e
considerar a aplicação do que foi
aprendido

Frase, trecho e Organizar ideias, resumir e captar


Sintetizar e organizar as ideias
palavra a essência e conclusões

Refletir sobre o seu atual


Antes eu pensava… entendimento a respeito de um
Sintetizar e organizar as ideias
Agora eu penso… tópico e como ele mudou ao longo
do tempo

Sintetizar e captar a essência de


Dominó Sintetizar e organizar as ideias um tópico em uma palavra ou
frase

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 13


Rotinas-chave
As rotinas-chave são um conjunto essencial de práticas que permeiam capítulos de todos os
segmentos e, quando realizadas regularmente, ajudam a formar bons hábitos de pensamento.
Muitas dessas rotinas podem ser aplicadas a qualquer momento pelos(as) docentes, mesmo sem
uma indicação específica no material ou preparação prévia, devido à sua grande versatilidade.

No entanto, essas não são as únicas rotinas recomendadas para diferentes conteúdos e segmentos.
Todas as rotinas têm essa flexibilidade. Na Geekie, selecionamos algumas rotinas que permeiam os
capítulos de todos os segmentos, enquanto outras são sugeridas para segmentos específicos. Isso
não impede, porém, que rotinas de um segmento sejam utilizadas em outros por docentes que
estejam familiarizados com elas, mesmo que não estejam explicitamente indicadas no material.

Tomemos como exemplo a rotina de pensamento O que faz você pensar assim?: um(a) estudante
que observa o interesse de seu(sua) professor(a) em saber como suas explicações e opiniões foram
elaboradas percebe que seu pensamento é valorizado. Com o tempo, esse(a) estudante terá
facilidade em raciocinar e dar explicações com base em evidências, sem a necessidade da
facilitação do(a) professor(a). O que faz você pensar assim? é uma rotina de pensamento simples
de aplicar, mas muito poderosa em sua intencionalidade pedagógica.

Agora vamos conhecer as rotinas-chave:

● O que faz você pensar assim?


● Ver, pensar e perguntar
● Frase, trecho e palavra
● Pensar, trocar e compartilhar
● Dominó
● Antes eu pensava… Agora eu penso…

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 14


O que faz você pensar assim?

Categoria: aprofundar ideias

Formas de pensamento: construir explicações, justificar e raciocinar com base em


evidências.

O que é?
Essa rotina incentiva os(as) estudantes a elaborar justificativas e a raciocinar com base em
evidências.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina para promover o raciocínio com base em evidências, pois ela estimula os(as)
estudantes a compartilhar suas interpretações com mais profundidade e a considerar as
diferentes perspectivas. Ela pode ser usada nos momentos em que os(as) estudantes estejam
expondo suas opiniões, seus pensamentos ou interpretando alguma temática ou questão.

Passos

1. Pergunte à turma “O que faz você pensar assim?” para ajudá-la a construir suas
explicações.

2. Faça uma segunda pergunta: “Com base em que você pensou isso?”, para que os(as)
estudantes possam construir seus argumentos.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Essa rotina incentiva os(as) estudantes a descrever algo, como um objeto ou conceito, e
apoiar sua interpretação em fatos e evidências. Utilize-a na observação de objetos como
obras de arte ou artefatos históricos. Além disso, elas também podem ser usadas para
explorar um poema, fazer observações e hipóteses científicas ou investigar ideias mais
conceituais.

● Por ser uma rotina muito flexível, não é necessário reservar um momento específico da
aula para aplicá-la. Você pode, por exemplo, propor apenas a primeira pergunta em uma
roda de conversa ou mesmo em outro momento de interação com um(a) estudante ou
pequenos grupos, desde que o objetivo seja incentivá-los(as) a aprofundar o pensamento.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 15


● Ao usar essa rotina durante uma discussão em grupo, pode ser necessário pensar em
formas alternativas de documentá-la sem interferir no fluxo da conversa. Uma opção é
gravar as discussões da classe usando vídeo ou áudio (com autorização prévia). Escutar e
observar o uso da linguagem dos(as) estudantes pode ajudar você a acompanhar o
desenvolvimento deles(as).

● Utilize as perguntas da rotina não apenas para discutir o assunto da aula, mas também
nos momentos em que seja necessário proporcionar um espaço de escuta ativa com
os(as) estudantes. A rotina ajudará você no aprofundamento da conversa, valorizando o
raciocínio de cada pessoa e no entendimento das possíveis dúvidas da turma; além disso,
trará informações e percepções para apoiá-lo(a) ainda mais no seu trabalho.

● Incentive os(as) estudantes a fazer a pergunta “O que faz você pensar assim?” a si
mesmos(as) durante o estudo individual. Isso vai ajudá-los(as) a desenvolver a
metacognição.

Como essa rotina fornece evidências?

Quando utilizamos essa rotina, podemos coletar informações sobre o raciocínio e entendimento
dos(as) estudantes, pois pedimos que desenvolvam seu pensamento e possam utilizar de fatos e
evidências. Pode ser feita de forma escrita e/ou oral.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


A rotina pode ser executada de forma oral, mas, caso você opte por fazê-la de forma escrita,
registrando o pensamento dos(as) estudantes, eles(elas) podem registrá-la no caderno. Além
disso, você pode documentar as ideias da turma usando ferramentas como o Mentimeter ou o
Padlet. Outra opção é escrever um recado para a turma com as orientações da rotina de
pensamento no mural do Geekie One e pedir que cada estudante registre sua resposta,
deixando-a visível para a turma.

Considerando a natureza desta rotina de pensamento, que costuma acontecer de forma oral e/ou
integrada a outras rotinas de pensamento, não há estrutura para impressão.

Exemplo da rotina na prática

Na aula de Arte do 8º ano do Ensino Fundamental, foi analisada a obra Convergence, de Jackson
Pollock. A professora solicitou que os estudantes respondessem qual cor mais se destacava e qual
sentimento a pintura despertava. Para aprofundar nas reflexões, ela propôs à turma a seguinte
pergunta: “Vocês identificaram uma cor e um sentimento, mas o que faz vocês pensarem
assim?”. Ao responder, os(as) estudantes puderam deixar visível a relação que fizeram entre a cor
e o sentimento. Além disso, puderam perceber que alguns(algumas) colegas tinham uma
percepção semelhante sobre esses elementos, enquanto outros(as) tinham percepções

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 16


completamente diferentes.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 17


Ver, pensar e perguntar

Categoria: explorar arte, imagens e objetos

Formas de pensamento: fazer conexões, observar cuidadosamente, descrever em


detalhes, interpretar e elaborar perguntas.

O que é?
Essa rotina incentiva observações cuidadosas e interpretações bem pensadas, além de estimular
a curiosidade.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina na introdução de um assunto para motivar o interesse da turma e coletar o
conhecimento prévio dos(as) estudantes. Empregue imagens, vídeos ou objetos significativos para
a turma que contribuam para a oportunidade de criar interpretações que não sejam óbvias logo à
primeira vista.

Passos
Olhe para um objeto e responda:

1. O que você observa?


2. O que você pensa ou que relações você faz?
3. Que perguntas você tem? Que curiosidades estão surgindo?

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Peça ao(às) estudantes que façam observações sobre um objeto (por exemplo, uma obra
de arte, uma imagem, uma peça de artesanato ou mesmo um assunto) e siga com uma
conversa sobre as reflexões feitas, uma pergunta de cada vez. À medida que os(as)
estudantes forem respondendo usando como base as três perguntas principais, a rotina e
a construção do pensamento ficam mais completas (“Eu vejo…”, “Eu penso…”, “O que
seria…”).

● Eles(as) podem expor o pensamento individualmente ou, ainda, discutir cada passo da
rotina em duplas ou em pequenos grupos, baseando-se no pensamento dos(as)
outros(as). Convide voluntários(as) para compartilhar suas ideias ou as ideias de seu
grupo.

● No passo “Ver”, peça aos(às) estudantes que listem apenas as coisas que observam e

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 18


sejam descritivos(as), sem fazer interpretações; isto é, listar todos os elementos que
podem ser vistos e apontados com o dedo. Para ajudar a estruturar o pensamento,
convide os(as) estudantes a responder à pergunta iniciando a frase com “Eu vejo…” e
completando-a com uma lista dos elementos que conseguirem observar.

● No passo "Pensar'', peça à turma que diga o que acha que está acontecendo no objeto de
estudo, demonstrando as relações entre as personagens e os elementos que aparecem,
por exemplo. Nesse passo, é importante que primeiro a turma possa fazer suas
interpretações de forma livre, para, depois, se necessário, você fazer perguntas de forma
mais direcionada. Todo pensamento que os(as) estudantes compartilharem deve ser
valorizado e tido como importante. Quando um(a) estudante fizer uma observação,
encoraje-o(a) a justificar suas interpretações, perguntando “O que faz você pensar
assim?”, para ter mais evidências da forma de pensar de cada um(a). Para ajudar a
estruturar o pensamento, convide os(as) estudantes a responder à pergunta iniciando a
frase com “Eu penso…” e completando-a com seus pensamentos.

● Por último, no passo “Perguntar”, peça à turma que elabore perguntas ou


questionamentos com base em suas reflexões do passo anterior. Para estruturar as
perguntas, os(as) estudantes podem iniciar suas frases com “O que seria…”, “Por que
será…”, “Quais são os motivos de…”, “O que seria diferente se…”, “Será que…”, entre
outros. As perguntas elaboradas pela turma podem ser um bom ponto de partida para
começar a explorar o tópico da aula de forma mais engajante.

● Se em sua turma houver algum(a) estudante com deficiência visual ou baixa visão, você
pode adaptar a rotina Ver, pensar e perguntar para Ouvir, pensar e perguntar,
descrevendo a imagem para a turma de forma que o(a) estudante formule suas hipóteses
e seus questionamentos. É muito importante que você apenas descreva a imagem ou o
objeto que está sendo analisado em sentido literal, sem nenhum tipo de interpretação.
Fazer a descrição para a turma toda, não apenas para um(a) estudante específico(a), dá
a todos(as) a oportunidade de estar incluídos(as) no mesmo processo.

Como essa rotina fornece evidências?

À medida que estudantes respondem às perguntas, será possível observar conhecimentos prévios,
vocabulários, conexões e conceitos que já possuem. Além disso, ao elaborar perguntas,
estimulamos a curiosidade em algo que ainda não conhecem.
As respostas dos(as) estudantes a essa rotina podem ser registradas no modelo da rotina de
pensamento disponível no Geekie One, de modo que cada estudante tenha seu próprio painel de
observações, interpretações e conclusões.

Exemplos de ferramentas para a execução na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link.

Se for necessário o uso de algum recurso digital, pode ser criado um documento compartilhado
no Google Docs contendo, por exemplo, a contribuição de todas as pessoas de um mesmo grupo.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 19


Outra opção é utilizar murais virtuais em ferramentas como o Padlet, colocando, por exemplo, os
registros de cada etapa da rotina em uma coluna correspondente.

Exemplo da rotina na prática


Em uma turma de 8º ano do Ensino Fundamental, a professora apresentou esta imagem para ser
observada pelos(as) estudantes. Na sequência, fez as perguntas abaixo, obtendo as respostas
reproduzidas após cada uma.

Observe atentamente a fotografia e responda:

1. O que você vê na fotografia? Descreva as coisas que você observa.


Crianças, engrenagens, máquinas. Uma criança sem sapatos. Duas crianças de chapéu.

2. O que essa imagem faz você pensar? O que você pensa que as crianças estão
fazendo? O que faz você pensar assim?
Essa imagem me faz pensar no passado, pois está em preto e branco, e as roupas das
crianças parecem antigas. As roupas parecem uniformes. Penso que as crianças são
pobres, pois uma delas não usa sapatos. Parece que as crianças estão trabalhando. Penso
isso porque elas estão manipulando máquinas. Parece com uma indústria de alguma
coisa.

3. Que perguntas vêm à sua mente ao observar essa imagem? Imagine que você está
com essas crianças. O que perguntaria sobre a atividade que elas estão
desempenhando?
Pergunto-me se as crianças são pobres e se estão trabalhando para ganhar dinheiro. Por
que o menino está sem sapatos? Onde estão os adultos? As crianças estão trabalhando
sozinhas, sem supervisão? Os pais dessas crianças as deixam fazer esse tipo de atividade?
Elas têm permissão para estar aí? Isso é permitido? Crianças podem trabalhar? O que está
sendo produzido nessas máquinas?

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 20


A partir das respostas às perguntas, a professora trouxe à discussão a temática de direitos
trabalhistas na Segunda Revolução Industrial. A docente apresentou uma perspectiva histórica, e a
turma debateu a evolução desses direitos até a publicação do Estatuto da Criança e do
Adolescente no Brasil e fez conexões com o modo como o trabalho infantil é encarado
atualmente.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 21


Frase, trecho e palavra

Categoria: sintetizar e organizar as ideias.

Formas de pensamento: elaborar explicações e interpretações, argumentar com


base em evidências, captar a essência e elaborar conclusões.

O que é?
Essa rotina ajuda os(as) estudantes a se envolver na interpretação de textos. O poder dessa rotina
reside na capacidade de eles(as) explicarem suas razões ao selecionar a frase, o trecho e a
palavra.

Quando usar essa rotina?


Aplique-a sempre que quiser gerar reflexões profundas sobre um texto de qualquer gênero.
Também é possível usá-la em trabalhos em grupo, em que cada equipe fica responsável por
executar a rotina baseando-se em um capítulo de livro ou reportagem científica, por exemplo.

Passos

1. Frase: escolha uma frase (do texto) que capte sua ideia central. Justifique sua escolha
usando exemplos (“Escolhi esta frase porque…”).

2. Trecho: escolha um trecho (diferente da frase) que você considere significativo ou que
desperte novas ideias. Justifique sua escolha usando exemplos (“Escolhi este trecho
porque…”).

3. Palavra: escolha uma palavra (diferente da frase e do trecho) que capte sua atenção.
Justifique sua escolha usando exemplos (“Escolhi esta palavra porque…”).

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Além de sintetizar as ideias importantes de um texto, a rotina pode ser aplicada para
resumir as ideias-chave de um vídeo, uma imagem, um poema, um conceito etc., desde
que o conteúdo seja instigante.

● No passo “Trecho”, peça aos(às) estudantes que selecionem três ou quatro palavras, pois
isso permitirá que eles(as) pensem cuidadosa e intencionalmente sobre o processo de
seleção.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 22


● Escolha um texto rico em ideias e conceitos que convide à interpretação e à discussão.
Não deixe de considerar a extensão do texto. Se for muito longo, os(as) estudantes
provavelmente irão folhear o texto sem ler com a devida atenção. Bons exemplos: um
trecho de um artigo de jornal, um poema, uma música, uma cena de uma peça, um trecho
de um livro etc.

● Estabeleça um tempo para que os(as) estudantes façam a rotina individualmente. Depois,
delimite um tempo para que todos(as) possam compartilhar a sua rotina em duplas ou
pequenos grupos. Ao compartilhar a rotina com toda a turma, peça que cada estudante
fale sua frase, seu trecho e sua palavra, criando um efeito dominó. Cada pessoa, por
exemplo, fala a sua frase, o seu trecho e, finalmente, a sua palavra, fazendo uma pausa
após cada etapa, sem discussão.

● Você também pode experimentar essa rotina em dois passos em vez de três, solicitando,
por exemplo, a frase e a palavra. Essa rotina tem flexibilidade para atender às
necessidades da aula e da turma.

● Incentive os(as) estudantes a utilizar os passos da rotina de pensamento em seus


momentos de estudo e leitura individuais para que consigam estruturar melhor o próprio
pensamento e aprofundar suas interpretações.

Como essa rotina fornece evidências?


Ao estabelecer conexões com as frases, os trechos e as palavras dos(as) colegas, os(as)
estudantes podem procurar novos temas, identificar novos valores, conceitos e ideias do texto. É
possível fazer as seguintes perguntas para direcionar o pensamento deles(as) enquanto analisam
as frases, os trechos e as palavras dos(as) colegas:

- Que conexões vocês poderiam fazer entre diferentes frases, trechos e palavras?
- Vocês acharam algo poderoso nesse processo de leitura? Expliquem.
- De que forma os seus pensamentos mudaram?

A rotina também fornece evidências individuais, porque, com ela, percebemos se os(as)
estudantes captaram a essência do texto e se novos vocabulários apareceram. Além disso, ela
ajuda a conhecer e promover discussões sobre a estrutura de diferentes gêneros textuais
(poemas, notícias, científicos, músicas).

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio
caderno utilizando a estrutura como modelo.

Se for necessária a utilização de alguma ferramenta digital, o Padlet pode ser útil para você
visualizar os quadros da turma mais facilmente, usando uma coluna para cada etapa da rotina de
pensamento. Além disso, essa ferramenta permite curtir os quadros e fazer comentários, tornando

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 23


a interação entre frases, trechos e palavras de cada quadro ainda mais significativa.

Exemplo da rotina na prática


Um professor de Matemática do 9º ano do Ensino Fundamental, trabalhando a análise de gráficos
com sua turma, utilizou a rotina Frase, trecho e palavra, para que os(as) estudantes
compartilhassem suas percepções sobre o texto e as imagens seguintes:

Outra situação recorrente na análise de gráficos é quando a escala é ajustada a fim de manipular
os dados de maneira tendenciosa. Não começar a escala em 0 é um exemplo de tentativa de
induzir o leitor a tirar conclusões errôneas. Nos gráficos abaixo, vê-se que, quando a escala não
começa em 0, temos a impressão de que um candidato apresenta uma vantagem grande em
relação ao outro. Já no gráfico que começa em 0, percebe-se que a vantagem não parece tão
grande quanto no anterior.

Ao pedir para a turma escolher frases do texto que captassem a essência dele, o professor
recebeu a maioria das respostas com a primeira frase: “Outra situação recorrente na análise de
gráficos é quando a escala é ajustada a fim de manipular os dados de maneira tendenciosa”.
Assim, pôde perceber que a ideia de manipular as pessoas chamou a atenção da turma.

Em seguida, pediu que os(as) estudantes selecionassem um trecho, diferente da frase, que fosse
provocativo ou significativo. As respostas variaram um pouco mais, mas, novamente, um trecho
relacionado à manipulação ganhou destaque: “Não começar a escala em 0 é um exemplo de
tentativa de induzir o leitor a tirar conclusões errôneas”.

No passo “Palavra”, várias respostas tentaram trazer elementos que já haviam sido mencionados,
como “conclusões errôneas”. No entanto, ao pedir que a turma escolhesse palavras inéditas, o
professor recebeu muitas respostas que mencionavam “vantagens”, o que evidenciou que a
turma havia se impressionado com a possibilidade de alterar as percepções suscitadas pelos
gráficos sem necessariamente adulterar dados, reforçando a necessidade de padronização ao
organizar e sintetizar informações nesse tipo de representação visual.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 24


Pensar, trocar e compartilhar

Categoria: considerar diferentes perspectivas

Formas de pensamento: fazer conexões; considerar outros pontos de vista e construir


explicações

O que é?
Essa rotina promove a compreensão por meio de raciocínio e explicação para colegas. Com a
troca de ideias entre estudantes, essa rotina também auxilia a desenvolver a oralidade e a
escuta ativa, assim como construir um entendimento a partir de diferentes pontos de vista.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina a qualquer momento para refletir sobre algo, seja um problema, uma questão ou
um tópico. Ela ajuda a direcionar a atenção dos(as) estudantes na compreensão de um assunto e
pode ser articulada em duplas ou pequenos grupos.

Passos
Faça uma pergunta à turma, depois siga os passos da rotina:

1. Pensar: individualmente, peça que a turma reflita sobre a pergunta e anote suas reflexões
(escrevendo ou desenhando).

2. Trocar: solicite aos(às) estudantes que, em duplas ou em pequenos grupos, troquem


ideias com um(a) colega. Ao ouvi-lo(a), cada um(a) deve anotar algo que tenha chamado
sua atenção ou que tenha achado interessante.

3. Compartilhar: peça à turma que, ao voltar ao grupo grande, compartilhe suas reflexões
ou as reflexões de um(a) colega com toda a classe.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Essa rotina pode ser aplicada a qualquer momento da aula, por exemplo, ao abordar uma
solução, resolver um problema de Matemática, ler um trecho ou capítulo de um livro,
antes de fazer um experimento científico etc. Peça a cada um(a) da turma que pense
sobre uma pergunta ou provocação e depois procure um(a) colega para compartilhar
seus pensamentos. Os(As) estudantes também podem fazer isso em pequenos grupos – a
depender da situação, será preciso criar duplas ou grupos para resumir suas ideias para

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 25


toda a turma.

● Para estruturar as discussões em duplas ou pequenos grupos, dê um tempo para que a


primeira pessoa apresente suas ideias (somente ela deve falar nesse momento). Depois,
os(as) ouvintes podem questioná-la para esclarecer dúvidas e levantar suposições. O
processo se repete com cada membro(a) do grupo: cada pessoa poderá, por exemplo,
dispor de 2 minutos para expor suas ideias e, os(as) ouvintes, de 1-2 minutos para
questioná-la.

● Durante as etapas "Pensar" e "Trocar", caminhe pela sala observando os registros


dos(as) estudantes e ouvindo o que estão trocando nas duplas ou nos pequenos grupos.
Essa é uma forma de coletar evidências de aprendizagem para fazer ajustes em sua
mediação.

● Evite fazer muitas intervenções, aproveite esse momento para observar e ouvir, mas, se
necessário, ajude a direcionar o foco dos(as) estudantes.

● Algumas variações possíveis:

- Para estudantes que apresentem dificuldade com a escrita, o passo "Pensar" pode
ser feito com desenhos. É sempre importante considerar a diversidade da turma e
oferecer diferentes alternativas para que todos(as) sejam incluídos(as) na
proposta.

- Para melhor gestão do tempo e foco dos(as) estudantes, utilize o timer do Geekie
One com o tempo estipulado para cada passo e projete para a turma.

- No último passo da rotina, o de compartilhar as ideias com o grupo, é possível que


cada um(a) escolha entre apresentar as próprias ideias, resumir as ideias do grupo
ou, no caso de duplas, você pedir aos(às) integrantes que exponham as ideias da
outra pessoa.

Como essa rotina fornece evidências?


As discussões com base na pergunta e os resumos de ideias fornecem oportunidades para
construir explicações e considerar diferentes pontos de vista. Incentive a turma a escrever ou
desenhar suas ideias antes de trocar com um(a) colega. Peça que os(as) estudantes
compartilhem os pensamentos de seu par com todo o grupo. Para sistematizar as ideias da
turma, uma lista pode ser criada na sala para que os(as) estudantes extraiam dela padrões ou
conclusões.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio
caderno utilizando a estrutura como modelo.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 26


Para captar as ideias coletivas da turma, você também pode registrá-las no quadro ou em um
cartaz. Além disso, para um registro digital, podem ser utilizadas ferramentas como Padlet;
deixando as ideias da turma visíveis.

Exemplo da rotina na prática

Um professor de Gramática do 6º ano do Ensino Fundamental usou essa rotina para estimular a
turma a refletir sobre os usos da gramática e da comunicação. Para isso, pediu que os(as)
estudantes lessem a frase abaixo e analisassem uma tirinha.

"As palavras escritas de forma errada na tirinha dificultam a conversa entre as personagens."

Na sequência, solicitou que cada um(a) respondesse, individualmente, à seguinte pergunta: “Você
concorda com a afirmação após analisar a tirinha? Estruture uma resposta e anote suas
reflexões”. Surgiram respostas como: “Não acho que atrapalhou, o goleiro falou de um jeito
diferente, mas deu para entender”, “Acho que não, uma vez fui à casa da minha avó, no interior, e
lá tinha bastante gente que falava assim; não era difícil entender”, “Talvez tenha atrapalhado um
pouco, porque a outra personagem não disse se desculpava o goleiro”, “Acho que não atrapalhou,
porque a outra personagem continuou a conversa e respondeu à pergunta do goleiro”.

Depois, o professor dividiu a turma em duplas e pediu que os(as) estudantes trocassem suas
reflexões, dúvidas e suposições com tempo de fala de 2 minutos para cada pessoa da dupla, para
observarem se suas ideias eram semelhantes ou diferentes e, juntos, respondessem à pergunta:
“Quais são as ideias principais geradas a partir do que vocês refletiram sobre a afirmação e a
tirinha?”.

Ao final dos turnos, cada dupla compartilhou a resposta que construiu com toda a turma.
Enquanto as duplas falavam, o professor orientou a turma a anotar novas ideias que fossem
surgindo e, após terem analisado o texto em profundidade, foi mais fácil sistematizar a análise da
tirinha, dando destaque a variação linguísticas representada no texto e como esta não interferiu
na compreensão do todo como ponto de partida para abordar o tema da aula.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 27


Dominó

Categoria: sintetizar e organizar as ideias

Formas de pensamento: sintetizar e captar a essência de um tópico em uma palavra


ou frase

O que é?
Essa rotina ajuda os(as) estudantes a captar a essência de uma ideia, um tópico ou um conceito,
sistematizando sua compreensão em uma palavra ou frase.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina para estimular os(as) estudantes a refletir sobre a compreensão e/ou o
aprendizado de um tópico. Ela pode ser aplicada no início de um estudo, para coletar
conhecimentos prévios, ou ao final, para sintetizar os novos aprendizados. A síntese acontece
quando os(as) estudantes selecionam uma palavra ou elaboram uma frase para representar suas
ideias-chave.

Passos

1. Peça que os(as) estudantes reflitam sobre o seu entendimento do tópico com base nos
conhecimentos prévios (no início do estudo) ou no que foi visto, discutido e/ou debatido
(ao longo do estudo ou no final dele).
2. A seguir, peça que escolham uma palavra ou elaborem uma frase curta que sintetize as
reflexões feitas no passo anterior.
3. Peça que compartilhem sua palavra ou frase com toda a turma.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Antes do compartilhamento, dê 1 ou 2 minutos para que os(as) estudantes organizem seu


pensamento. Eles(as) podem registrar a palavra ou frase no caderno.

● No momento do compartilhamento, peça que os(as) estudantes compartilhem suas


palavras ou frases em uma rodada, um(a) após o(a) outro(a), sem nenhum tipo de
discussão – como acontece em um dominó: derruba-se a primeira peça, e as outras vão

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 28


caindo na sequência.

● Enquanto a turma compartilha suas palavras e frases, você pode registrá-las na lousa. O
objetivo é tornar visível o pensamento de todos(as) para que padrões ou temas comuns
possam ser identificados a partir das ideias que estão surgindo.

● Ao completar o dominó, você pode pedir que os(as) estudantes expliquem o raciocínio por
trás de suas palavras ou frases.

● Se em sua turma houver estudantes com deficiências, transtornos ou outras questões que
afetem a oralidade, uma alternativa é pedir que cada um(a) registre a palavra do Dominó
em uma nota adesiva e cole em um cartaz ou mural, de forma que ela fique visível para a
turma. Dessa forma, todos(as) terão a oportunidade de vivenciar a rotina de pensamento,
sintetizando e compartilhando suas ideias.

Como essa rotina fornece evidências?


Essa rotina estimula uma síntese das ideias-chave com base na compreensão do tópico ou
conceito em estudo. Uma lista das palavras ou frases pode ser criada na sala para ajudar os(as)
estudantes a identificar padrões ou conclusões.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


Esta é uma rotina para ser executada de forma oral, gerando um “efeito dominó”, por isso, não há
uma estrutura para fazer os registros de forma escrita. Porém, se você preferir ter registros, pode
pedir que cada estudante registre sua palavra ou frase em uma nota autoadesiva e, depois, cole-a
em um cartaz. Dessa forma, a lista da turma ficará visível, facilitando a visualização de padrões e
temas comuns. Você também pode utilizar recursos como o Mentimeter, o Padlet e/ou o chat da
plataforma usada em casos de comunicação por vídeo, documentando, assim, as ideias da turma.
Outra opção é escrever um recado para a turma com as orientações da rotina de pensamento no
mural do Geekie One, para que cada estudante poste sua palavra ou frase em um comentário.

Exemplo da rotina na prática


Na aula de Artes do 8º ano do Ensino Fundamental, a professora expôs para a turma a obra
Convergence, de Jackson Pollock. Então, pediu aos(às) estudantes que respondessem a duas
perguntas: “Qual cor mais se destaca na pintura?” e “Qual sentimento você tem ao analisar essa
obra de arte?”.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 29


Convergence, de Jackson Pollock, 1952. Óleo sobre tela, 237 × 390 cm. Buffalo AKG Art Museum, Buffalo, Nova York.

A professora deu 1 minuto para que todos(as) pensassem e, na sequência, propôs a rotina
Dominó, realizada com a turma disposta em círculo. Cada vez que alguém dizia a cor e o
sentimento que escolheu, o(a) colega imediatamente à sua esquerda falava em seguida. O
resultado foi um dominó de cores e sentimentos diversos: branco e confusão, branco e alegria,
laranja e desespero, amarelo e confusão, laranja e ânimo…

A discussão subsequente foi importante para a turma perceber as diferentes perspectivas quando
se está olhando para a mesma obra de arte.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 30


Antes eu pensava… Agora eu penso…

Categoria: sintetizar e organizar as ideias

Formas de pensamento: refletir sobre o seu atual entendimento de um tópico e como


ele mudou ao longo do tempo

O que é?
Essa rotina estimula o(a) estudante a refletir sobre o próprio aprendizado e sobre as mudanças
de ideias e opiniões decorrentes do trabalho em torno de um assunto.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina para que os(as) estudantes reflitam sobre como o entendimento inicial de um
tópico muda ao longo do tempo. Ela lhe trará evidências de como era o pensamento dos(as)
estudantes no início de um trabalho e como ele se transformou.

Passos

1. Peça aos(às) estudantes que reflitam sobre como o entendimento que tinham do tópico
em estudo mudou com base no que foi visto, discutido e/ou debatido.
2. Peça que completem as frases a seguir com base nas reflexões feitas no passo anterior.

Antes eu pensava… Agora eu penso…

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Essa rotina funciona bem quando é esperado que o pensamento, a opinião ou a


impressão inicial dos(as) estudantes tenham mudado após uma experiência de
aprendizagem. Pode ser aplicada após momentos propícios ao tipo de reflexão que ela
estimula, por exemplo, após ler novas informações, assistir a um filme, ouvir uma
explicação, experimentar algo novo, vivenciar uma prática ativa ou outra rotina de
pensamento, participar de uma discussão em sala de aula ou concluir uma unidade de
estudo.

● Solicite aos(às) estudantes que registrem e completem as frases “Antes eu pensava…” e


“Agora eu penso…”. Depois, peça que expliquem sua mudança de pensamento.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 31


Inicialmente, vale a pena fazer isso com toda a turma, para que você possa orientar e
facilitar as discussões, incentivando os(as) estudantes a explicar seu raciocínio. Uma vez
que estejam acostumados(as) a explicar o próprio pensamento, podem compartilhá-lo em
pequenos grupos ou em duplas.

Como essa rotina fornece evidências?


As novas ideias, conexões, entendimentos etc. sobre um tópico, tema ou conceito evidenciam o
aprendizado dos(as) estudantes.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


Para registrar as ideias, os estudantes podem utilizar o próprio caderno. Você também pode
utilizar recursos como o Mentimeter, o Padlet e/ou o chat da plataforma escolhida em casos de
comunicação por vídeo. Outra opção é escrever um recado para a turma com as orientações da
rotina de pensamento no mural do Geekie One e pedir que cada estudante faça um comentário
com suas frases.

Exemplos da rotina na prática


Um professor de Gramática do 6º ano do Ensino Fundamental estava finalizando com a turma um
capítulo sobre o estudo da gramática e o processo de comunicação. Para coletar evidências de
aprendizagem e mudanças de pensamento que ocorreram com o estudo, ao final do capítulo,
pediu que os(as) estudantes compartilhassem suas percepções sobre o assunto usando a rotina
Antes eu pensava… Agora eu penso.... Entre as respostas da turma, recebeu:

“Antes eu pensava que todas as pessoas, em todos os lugares do Brasil, escreviam as palavras da
mesma forma, mesmo falando diferente. Agora eu penso que, às vezes, elas podem escrever do
jeito que falam, mas é possível compreender a mensagem.”

“Antes eu pensava que existia um jeito certo e outro errado de falar e escrever. Agora eu penso
que existem formas diferentes, dependendo do lugar em que a pessoa vive, e isso não impede
necessariamente a comunicação.”

As respostas evidenciaram que a prática do professor teve bons resultados: os(as) estudantes
reconhecem que é importante não só conhecer a gramática, mas também compreender que
existem diferenças no modo de falar das pessoas, o que nem sempre vai impedir a comunicação
de acontecer.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 32


Outras rotinas do segmento
Uma das funções das rotinas de pensamento é tornar visíveis os conhecimentos prévios dos(as)
estudantes sobre determinado tema. Isso proporciona evidências que os(as) professores(as) podem
usar para trabalhar o conteúdo posteriormente em sala de aula. Outra função importante é fazer
do(a) estudante sujeito ativo de suas próprias reflexões e fomentar a argumentação, competência
geral prevista pela BNCC.

Algumas rotinas variam em complexidade e, dependendo da faixa etária, podem exigir mais
orientação do que outras. Por isso, em nossa sugestão, algumas rotinas são inseridas
gradualmente em cada segmento, permitindo que os(as) estudantes ampliem seu repertório e
construam a compreensão de forma significativa.

Sugerimos que o(a) professor(a) atue como mediador(a) durante as rotinas, fazendo perguntas e
incentivando a livre reflexão e o pensamento crítico dos(as) estudantes, de modo a facilitar a
discussão e, eventualmente, aprofundá-la.

A seguir, você conhecerá as rotinas de pensamento cuja aplicação é sugerida nos materiais dos
Anos Finais do Ensino Fundamental.
● Perguntas para começar
● Conversa de papel
● Cor, símbolo e imagem
● 3 porquês
● Compreender, planejar e avaliar
● Rumores
● Círculo de perspectivas
● 4 Cs

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 33


Perguntas para começar

Categoria: gerar possibilidades e analogias; aprofundar ideias

Formas de pensamento: analisar um tópico e elaborar boas perguntas

O que é?
Essa rotina incentiva a criação de boas perguntas, fornecendo aos(às) estudantes oportunidades
para desenvolver e praticar a elaboração de perguntas que auxiliam na investigação e na reflexão
sobre um tópico.

Quando usar esta rotina?


Você pode aplicar essa rotina para aprofundar o pensamento dos(as) estudantes, incentivar a
curiosidade e aumentar a motivação para a investigação. Assim, podemos começar a revelar a
complexidade de um tópico.

Passos

Use as “perguntas para começar” para ajudar os(as) estudantes a pensar em perguntas
interessantes.

1. Apresente um tópico, conceito ou objeto.


2. Mostre para os(as) estudantes os inícios das frases da rotina. Isso os(as) ajudará a ter
uma ideia de estrutura para elaborar perguntas interessantes:
➔ Quais são as razões… ?
➔ E se… ?
➔ Qual é o propósito de… ?
➔ Seria diferente se… ?
➔ Suponha que…
➔ E se soubéssemos… ?
➔ O que mudaria se… ?
3. Peça à turma que compartilhe as perguntas que elaborou.
Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Antes de usar essa rotina, você pode perguntar aos(às) estudantes o que eles(as) acham

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 34


que é uma boa pergunta. Então, quando você apresentar a rotina de pensamento
Perguntas para começar, explique que é uma ferramenta para ajudar a fazer boas
perguntas, aquelas que não podem ser respondidas com apenas “sim” ou “não”, que
geram curiosidade e podem ajudar a pensarmos com mais profundidade no tema.

● No começo, experimente fazer a rotina com a turma toda para que seja possível orientar
e facilitar a elaboração das perguntas. Você pode começar dando exemplos de uma
pergunta: “O que mudaria se o ser humano não tivesse inventado a roda?”. Então, peça
que os(as) estudantes pensem em perguntas que começam do mesmo jeito. Quando
eles(as) já estiverem mais familiarizados(as) com a rotina, dê um tempo para que
trabalhem em pequenos grupos ou individualmente para pensar em suas próprias
perguntas, utilizando as diversas formas de iniciá-las, antes de compartilhá-las com a
turma.

● Conforme a aula caminhar, mais perguntas podem ser adicionadas à lista e a turma pode
anotar as descobertas sobre suas perguntas, percebendo que contribuíram no processo
de aprendizagem de algo novo.

Como essa rotina fornece evidências?


No decorrer do desenvolvimento da investigação, o(a) professor(a) poderá ajudar os(as)
estudantes a identificar aprendizados que estejam relacionados às perguntas feitas inicialmente.
Poderá ainda criar oportunidades para que a própria turma faça pesquisas, experimentos ou
outras produções para que possa explorar as perguntas desenvolvidas. Essas situações
contribuem para que o(a) professor(a) colete evidências de aprendizagem, observando um
questionamento inicial e a construção da elaboração das respostas.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio
caderno utilizando a estrutura como modelo.

Você também pode pedir que registrem suas perguntas em notas autoadesivas e colem em um
mural na sala, para que fiquem visíveis. Para um registro digital, é possível utilizar murais virtuais,
como o Padlet.

Exemplo da rotina na prática

Em uma aula de Gramática do 6º ano do Ensino Fundamental sobre a escrita das palavras, a
professora iniciou contextualizando a convenção, explicando que é um acordo ou um conjunto de
normas e práticas estabelecidas e aceitas por um grupo ou uma sociedade para regular
comportamentos, procedimentos ou padrões e que pode ser aplicada a diversas áreas, entre elas
a linguagem, fazendo, assim, uma conexão com as convenções ortográficas. Para despertar a
curiosidade da turma sobre o assunto, a professora propôs a rotina de pensamento Perguntas

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 35


para começar, orientando os(as) estudantes a, individualmente, elaborar boas perguntas sobre o
assunto a partir de alguns inícios de perguntas já definidos, como:

➔ Quais são as razões… ?


➔ E se… ?
➔ Qual é o propósito de… ?
➔ Seria diferente se… ?
➔ Suponha que…
➔ E se soubéssemos… ?
➔ O que mudaria se… ?

Após esse momento individual, a professora propôs que a turma se reunisse em pequenos grupos
e compartilhasse as perguntas em que pensaram, registrando novas questões em que não tinham
pensado, mas que acharam interessantes. Enquanto acontecia essa troca, a professora foi
circulando pela sala, observando e ouvindo as perguntas que surgiram e a discussão dos
estudantes. Algumas perguntas que surgiram foram “Quais são as razões para haver convenções
ortográficas?”, “Como seria diferente se todos os países falantes de uma língua seguissem
diferentes convenções ortográficas?”, “E se soubéssemos que uma regra ortográfica foi criada por
um erro de impressão?”, “O que mudaria se não houvesse mais convenções ortográficas e cada
pessoa escrevesse do seu próprio jeito?”.

Depois desse momento de troca entre os grupos, a professora pediu que alguns(mas) estudantes
compartilhassem novas curiosidades surgiram.

Em seguida, a professora organizou a turma em pequenos grupos e orientou cada grupo a


escolher uma ou duas perguntas e levantar hipóteses sobre elas. Após esse momento, iniciou um
momento de instrução direta, abordando o tópico, e orientou a turma que, durante a explicação,
revisitasse a lista e anotasse as perguntas que estavam sendo respondidas.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 36


Conversa de papel

Categoria: considerar diferentes perspectivas; sintetizar e organizar as ideias

Formas de pensamento: organizar as ideias e construir coletivamente novas conexões e


questionamentos

O que é?
Esta rotina incentiva a discussão aberta e silenciosa no papel, incentivando a turma a considerar
ideias, questões ou problemas, apenas registrando por escrito suas impressões iniciais e
considerações sobre o pensamento de outras pessoas. Dessa forma, a atividade facilita a
manifestação de todos(as) os(as) estudantes, mesmo aqueles(as) que não se sentem confortáveis
em falar para toda a turma.

Quando usar essa rotina?


Use esta rotina para descobrir o conhecimento prévio dos(as) estudantes, ajudando-os(as) a
construir ideias e estimulando a investigação. O processo incentiva a aprendizagem colaborativa,
de modo que os pensamentos, as conexões e as perguntas que surgirem possam servir para
desenvolver ainda mais as ideias.

A rotina também pode ser usada para reflexão. Você pode, por exemplo, aplicar uma Conversa
de papel sempre que quiser que os(as) estudantes reflitam sobre sua aprendizagem ao longo de
uma unidade, com perguntas como:
➔ O que mais surpreendeu você nesta unidade?
➔ De que forma o aprendizado foi desafiador nesta unidade?
➔ Em que áreas você gostaria de melhorar?
➔ Como seu pensamento mudou ao longo da unidade?

Passos

1. Separe três papéis grandes (podem ser mais ou menos, dependendo da realidade da
turma) e escreva, em cada um, uma pergunta, um tópico ou um conceito sobre o tema
que está sendo trabalhado. Espalhe os papeis por mesas, em diferentes locais da sala.
2. Dividindo a turma em grupos que correspondam à mesma quantidade de papéis, peça
que reflita sobre o tópico apresentado e escreva as ideias que surgirem sobre ele.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 37


3. Depois de alguns minutos, faça a rotação dos grupos nos papéis. As pessoas devem ler o
que já foi escrito para adicionar conexões ou trazer uma nova resposta à pergunta da
folha. Repita esse processo até que todos os grupos tenham passado por todos os
cartazes.
4. Incentive a turma a rodar novamente pelos cartazes e refletir sobre as conexões que
podem ser feitas com as ideias das outras pessoas, anotando-as no cartaz.
5. Disponha os cartazes para toda a turma, de modo que todos(as) possam observá-los por
um tempo. Em seguida, abra a discussão.
6. Consolide com a turma as conclusões a respeito das ideias, das questões e dos problemas
trabalhados.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Os(As) estudantes podem usar suas próprias canetas – ou as canetas disponíveis onde
cada papel estiver. Você também pode pedir aos(às) estudantes que usem uma caneta de
cor específica, caso queira acompanhar o pensamento deles(as) ao longo do processo.

● Incentive o silêncio durante a rotina. O objetivo da atividade é propor uma conversa


silenciosa, livre de olhares e julgamentos, em que cada pessoa é convidada a apresentar
suas impressões iniciais e reflexões após considerar as colocações das demais.

● Disponha as mesas de modo que os(as) estudantes possam circular livremente em volta
delas e registrar suas impressões em diversos sentidos no papel. Isso ajuda a otimizar o
tempo, para que ninguém fique esperando o(a) outro(a) escrever.

● Os(As) estudantes devem ter liberdade para caminhar ao redor da mesa em que o papel
está. Esse movimento, geralmente, ajuda a limitar a fala e/ou evitar eventuais agitações
caso os(as) estudantes sejam solicitados(as) a permanecer em um lugar.

● É importante levar em conta quanto tempo você precisará para completar a rotina.
Lembre-se: seus(suas) estudantes precisarão de tempo para ler, refletir e responder às
provocações de cada papel e, também, às ideias dos(as) colegas. Informe-os(as) sobre o
tempo disponível para cada rodada e disponibilize um timer visível na tela - o cronômetro
do Geekie One é uma ferramenta que pode ser utilizada nesse momento. Geralmente, 2
minutos por rodada são suficientes.

● Deixe os papéis da Conversa de papel visíveis durante as aulas sobre o tema. Assim,
os(as) estudantes podem revisitar seu pensamento para refletir sobre como ele mudou ou
evoluiu ao longo do tempo.

● Se na sua turma houver estudantes com mobilidade reduzida, você pode, em vez de pedir
para que os grupos circulem, formar grupos e trocar os papéis entre eles a cada rodada,
de forma que todos(as) sejam incluídos(as) na proposta.

Como essa rotina fornece evidências?


Ao revisar as respostas dos(as) estudantes em cada papel, procure a relevância das contribuições

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 38


que estão fazendo:

● As respostas dos(as) estudantes estão relacionadas às ideias-chave ou são conexões


periféricas e superficiais?
● Os(As) estudantes são capazes de demonstrar seu próprio pensamento original ou estão
apenas repetindo as respostas dos(as) colegas?
● Que tipos de conexão e/ou perguntas os(as) estudantes são capazes de fazer? As
conexões e perguntas ajudam a aprofundar sua compreensão do tema ou tópico?

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática

Devido a natureza da rotina, não há uma estrutura para impressão para que seja feito o registro
individual.

Para a realização dessa rotina de pensamento, são necessários papéis grandes, de tamanho A3
(pode ser cartolina ou outro), e canetas, que podem ser dos(as) próprios(as) estudantes. Também
é possível utilizar murais virtuais, como o Miro; porém, é sempre importante avaliar se a
experiência com a turma será mais engajadora com o ato de circular pela sala e fazer os registros
no papel ou usando o recurso digital.

Exemplo da rotina na prática


Em uma aula de Educação Digital do 6º ano, a professora estava conversando com a turma sobre
como a empatia tem estado ou não presente nos ambientes on-line. Para promover um espaço
seguro para essa discussão, ela propôs uma Conversa de papel.

Dispôs três cartolinas na sala, cada uma com uma das inscrições a seguir:

● Falta mais empatia na internet?

● O que você pensa sobre fazer fazer piadas de mau gosto com um(a) colega de classe
pelo WhatsApp sem que ele(a) saiba?

● O que você pensa sobre ficar bravo(a) com o(a) amigo(a) por ele(a) demorar muito
tempo para responder a mensagens?

A professora dividiu a turma em três grupos e orientou cada grupo a dirigir-se a um dos papéis,
para que cada estudante pudesse registrar seus pensamentos sobre a situação ou pergunta
escrita. Os grupos passaram por cada um dos papéis, e, depois, foram convidados a uma segunda
rodada, para ler as reflexões que surgiram e registrar novas conexões feitas.

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Depois que todos(as) os(as) estudantes fizeram seus registros, a professora fixou as cartolinas na
parede da sala para que pudessem apreciar o resultado.

Com os registros dos(as) estudantes, a professora pôde coletar evidências para perceber o que
eles(as) pensam sobre empatia no ambiente on-line e consolidar as aprendizagens com a turma,
validando ou reforçando valores e atitudes no ambiente digital e fora dele.

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Cor, símbolo e imagem

Categoria: sintetizar e organizar as ideias

Formas de pensamento: elaborar explicações e interpretações, captar a essência de um


tema e organizar as ideias utilizando metáforas

O que é?
Essa rotina incentiva a comunicação não verbal de ideias. Ela ajuda a captar a essência de uma
ideia por meio das metáforas. A rotina Cor, símbolo e imagem desperta a criatividade e novas
formas de pensar e aprofunda nossa compreensão do tema ou conceito em estudo.

Quando usar esta rotina?


Use essa rotina para melhorar a compreensão de ler, ouvir ou assistir. Ela também pode ser usada
para levantar conhecimentos prévios ou sintetizar aprendizados após a discussão de um tópico. A
síntese acontece quando os(as) estudantes selecionam uma cor, um símbolo e uma imagem para
representar ideias importantes.

Passos

Enquanto os(as) estudantes estão lendo/ouvindo/assistindo a algo, ou ao iniciar/finalizar um


tópico, peça que eles(as) anotem o que acham interessante, importante ou que chamou sua
atenção. Quando terminarem, eles(as) devem escolher três coisas que mais se destacam.

Peça ao(às) estudantes que respondam aos seguintes comandos da rotina:

1. Escolha uma COR que represente, para você, um dos elementos que foram trabalhados. O
que faz você escolher essa cor?
2. Escolha um SÍMBOLO que represente, para você, outro elemento do que foi trabalhado. O
que faz você escolher esse símbolo?
3. Escolha uma IMAGEM que represente, para você, um dos elementos que foram
trabalhados. O que faz você escolher essa imagem?

Peça para os(as) estudantes que compartilhem primeiro a cor escolhida, depois, o símbolo e,
então, a imagem, em duplas ou em pequenos grupos, explicando o motivo pelo qual os
escolheram cor como representação da ideia. O processo pode ser repetido até que todos(as)

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compartilhem sua cor, seu símbolo e sua imagem.

Algumas dicas para aplicar esta rotina

● As discussões entre os(as) estudantes sobre suas observações evidenciam o aprendizado.


Forme duplas com seus(suas) estudantes para compartilhar as listas após as duas
sessões de observação. Peça que percebam o que seus(suas) colegas observaram.
Incentive os(as) estudantes a fazer conexões com o pensamento uns dos outros e/ou
identificar padrões ou temas comuns. Você pode registrar as ideias da turma por escrito,
de modo que haja um painel de observações coletivas.

● Essa rotina também facilita a discussão de um texto ou evento à medida que os(as)
estudantes compartilham suas cores, seus símbolos e suas imagens. Lembre-se de que o
objetivo é captar a essência de uma ideia por meio das formas não verbais. Ser criativo(a)
é fundamental para a execução dessa rotina, a fim de desenvolver nossa compreensão
dos conceitos aprendidos.

● Você pode diferenciar um símbolo de uma imagem da seguinte maneira: um símbolo é


algo simples, como um número, um sinal de pontuação ou um ícone. Pode ser um desenho
descomplicado, como duas linhas cruzadas para indicar uma intersecção de ideias, ou um
círculo para representar totalidade ou completude. Uma imagem é algo mais complexo e
totalmente desenvolvido. Uma imagem pode ser um desenho detalhado e representar
uma cena ou paisagem.

Como essa rotina fornece evidências?


Essa rotina estimula a sintetização dos aprendizados após o trabalho em torno de um tema ou de
estudar um conceito. As novas ideias, entendimentos, conexões, descobertas etc. evidenciam o
aprendizado dos(as) estudantes. Eles(as) podem usar papel e canetas coloridas para fazer a
rotina ou podem falar sobre cada escolha, explicando primeiro a cor, depois o símbolo e, por
último, a imagem. Usar a rotina O que faz você pensar assim? serve como complemento. A
atividade pode ser feita de forma escrita ou oral para ajudar na construção das explicações.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio
caderno utilizando a estrutura como modelo.

Para um registro digital, quando necessário, podem ser utilizadas ferramentas que permitem uso
de cores e imagens, como PowerPoint, Google Apresentações ou Canva.

Exemplo da rotina na prática


Em uma aula de Matemática do 7º ano, o professor utilizou a rotina de pensamento para que
os(as) estudantes pudessem sintetizar os aprendizados que tiveram durante as últimas aulas.

Para isso, ele pediu que a turma escolhesse algumas palavras-chave que estivessem interligadas

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ao conceito de equação de 1º grau, como “incógnita”, “solução”, “igualdade”, “expressão algébrica”,
“letra”, entre outras, e, a partir dessas palavras e do conceito de equação, seguissem os comandos
abaixo:

● Escolha uma cor que represente, para você, a primeira ideia. Em seguida, justifique.
● Escolha um símbolo que represente, para você, a primeira ideia. Em seguida, justifique.
● Escolha uma imagem que represente, para você, a primeira ideia. Em seguida, justifique.

Surgiram diferentes ideias. Um dos estudantes, por exemplo, escolheu a palavra “incógnita” e a
representou da seguinte forma:

“Escolhi a cor cinza porque, para mim, é uma cor que representa algo desconhecido, misterioso, e
as incógnitas são as partes da equação que precisamos descobrir.

O símbolo que escolhi foi uma balança, porque uma equação tem um “balanço'”dos dois lados,
uma equivalência ou igualdade.

Como imagem, escolhi um labirinto, porque representa um caminho que precisamos encontrar,
assim como precisamos encontrar um caminho para descobrir o valor de uma incógnita.”

A partir dessa e de outras respostas que surgiram, o professor teve evidências de como a turma
entendeu o assunto equações, equivalência entre partes e incógnitas. A partir das justificativas das
escolhas de cor, símbolo e imagem, também foi possível identificar dúvidas que ainda havia e
trabalhá-las antes de dar sequência aos próximos temas.

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3 porquês

Categoria: considerar diferentes perspectivas

Formas de pensamento: considerar a importância de um fato ou situação na esfera


individual, local e global.

O que é?
Essa rotina convida os(as) estudantes a passar pelas esferas pessoais, locais e globais de um
assunto. Ela ajuda os(as) estudantes a formular conexões entre eventos, questões, temas, suas
próprias particularidades, suas comunidades e o mundo.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina para examinar eventos atuais, questões globais, controvérsias locais, dilemas
éticos, descobertas médicas, eventos históricos, questões ambientais etc. Ao focar nas respostas
pessoais dos(as) estudantes e na importância de um tema por meio de seus próprios pontos de
vista, pode-se criar oportunidade para uma discussão com base em suas explicações. A rotina
também pode ser usada no início de quase qualquer novo tema de estudo, como o clima, o ciclo
da água, escrever uma história ou ler uma biografia.

Passos

Após o exame inicial de um problema ou tema por meio de vídeo, leitura ou discussão, pede-se
que, individualmente, em pequenos grupos ou com toda a turma, sejam consideradas as seguintes
indagações:

● Por que esse tema, questão ou problema importa para mim?


● Por que isso importa para minha comunidade?
● Por que isso importa para o mundo?

Algumas dicas para aplicar essa rotina

Primeira questão: Por que esse tópico, questão ou problema importa para mim? Depois de um
exame cuidadoso do conteúdo ou pergunta disparadora, peça aos(às) estudantes que
identifiquem o motivo de o assunto ser importante para eles(as). Dependendo do assunto, o
problema pode parecer distante da realidade deles. Nesse caso, é interessante que os(as)
estudantes possam investigar mais detalhadamente problema ou tema, para identificar qual é a

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possível relação direta com a realidade deles(as).

Segunda questão: Por que isso importa para minha comunidade? Nessa etapa, você precisará
definir a palavra “comunidade”. Por exemplo, a comunidade pode ser a sala de aula, a escola, as
pessoas com quem os(as) estudantes interagem regularmente, a cidade ou até mesmo o país.

Terceira questão: Por que isso importa para o mundo? Peça aos(às) estudantes que pensem
sobre como o problema pode ser importante para o mundo – agora e no futuro. Como esse
problema afeta todas as pessoas no planeta?

Como compartilhar o pensamento? Você pode pedir aos(às) estudantes que compartilhem seus
pensamentos em pequenos grupos ou, se trabalharam em colaboração, peça para cada grupo
fixar sua rotina na parede para que todos possam ver. Enquanto os(as) estudantes estão
compartilhando seu pensamento com os(as) colegas ou observando o pensamento coletivo dos
diferentes grupos, peça que procurem temas, ideias ou padrões comuns.

Os(as) estudantes podem registrar suas ideias da seguinte maneira: desenhando três colunas ou
três círculos concêntricos (o círculo interno é o eu, o círculo do meio é a comunidade e o círculo
externo é o mundo). É importante notar que, às vezes, uma ideia é significativa por sua
universalidade. Isso se aplica a todos de alguma forma. Uma ideia significativa também pode ser
pessoal se houver uma conexão emocional ou cognitiva. Às vezes, a importância de uma ideia
pode fornecer uma nova perspectiva que ajuda a construir ainda mais a compreensão.

Você também pode usar as perguntas da rotina na ordem inversa. Por exemplo, você pode
construir uma conexão com um evento distante (por exemplo, o Holocausto), começando com
uma abordagem no plano mundial e, então, trazendo o assunto para mais “perto”.

Como essa rotina fornece evidências?


Ao observar o trabalho dos(as) estudantes, considere notar:

● Os(as) estudantes são capazes de pensar além do aqui e agora para considerar as
implicações de longo prazo?
● Eles(as) são capazes de considerar as consequências das ações para identificar vários
graus de impacto?
● Os(as) estudantes são capazes de se conectar com eventos em dimensões éticas, morais,
comportamentais e cognitivas?

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio
caderno utilizando a estrutura como modelo.

Você também pode pedir que registrem cada uma das respostas em papéis adesivos e os colem
em um grande cartaz com círculos ou quadros para que fique visível para toda a turma.

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Exemplo de cartaz para registro da rotina 3 porquês.

Para um registro digital, é possível utilizar murais virtuais, como o Padlet.

Exemplo da rotina na prática


Em uma aula de Ciências do 8º ano, a turma estava discutindo as alterações climáticas regionais e
globais provocadas pela intervenção humana. Como fechamento da aula, a professora queria
coletar evidências de que a turma percebeu a importância de entender como as ações humanas
interferem nas alterações climáticas. Para isso, propôs a rotina de pensamento 3 porquês,
estipulando um tempo de 5 minutos para que a turma completasse as seguintes frases:

● Entender como as ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante para
mim porque…
● Entender como as ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante para
a região onde moro porque…
● Entender como as ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante para
o mundo porque…

Após o tempo determinado, a professora pediu que alguns(mas) estudantes compartilhassem


seus pensamentos, uma frase por vez. Algumas respostas que surgiram foram:

● Entender quais ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante


para mim porque “me ajuda a fazer escolhas mais conscientes e sustentáveis no meu dia
a dia”, “me permite ter práticas mais sustentáveis e influenciar positivamente outras
pessoas”.
● Entender quais ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante
para a região onde moro porque “aqui pode estar havendo muita poluição ou

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desmatamento, e isso afeta o clima local”, “isso nos permite adotar políticas e práticas que
protejam o meio ambiente local”.
● Entender quais ações humanas interferem nas alterações climáticas é importante
para o mundo porque “a mudança climática é um problema global que afeta todos os
países e ecossistemas, e conhecer suas causas e efeitos nos ajuda a colaborar em
soluções internacionais e a criar estratégias para enfrentar o problema”, “permite que
governos, empresas e indivíduos trabalhem para reduzir emissões de gases de efeito
estufa, proteger a biodiversidade e promover um desenvolvimento sustentável no mundo”.

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Compreender, planejar e avaliar

Categoria: investigar objetos e sistemas; aprofundar ideias

Formas de pensamento: fazer conexões, elaborar explicações e interpretações, captar a


essência e elaborar conclusões

O que é?
Essa rotina foi inspirada nos passos da resolução de problemas propostos por George Pólya. Ela
incentiva os(as) estudantes a interpretar, organizar, registrar e analisar com criticidade suas ideias
em qualquer problema matemático.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina para incentivar os(as) estudantes a pensar matematicamente e dar sentido às
ideias apresentadas, aplicando-as em situações-problema. A execução do passo a passo
oportuniza o protagonismo dos(as) estudantes, à medida que elaboram métodos próprios de
entendimento e explicação de suas ideias. A rotina pode ser usada na apresentação ou no
fechamento de conceitos e ideias-chave.

Passos

A partir da leitura do enunciado de um problema, peça aos(às) estudantes que, individualmente


ou em pequenos grupos, respondam às seguintes perguntas:

1. Compreender: o que já sei? O que quero descobrir?


2. Planejar: o que eu poderia fazer para descobrir?
3. Avaliar: será que minha estratégia funcionou? O que me faz pensar assim?

Primeiro passo - Compreender: esse é um importante passo que irá nortear todos os outros, por
isso, verifique se o problema foi de fato compreendido. Lembre-se de que a perspectiva dos(as)
estudantes é diferente da sua e ajude-os(as) a ativar os conhecimentos prévios úteis para
resolução do problema. A coleta dos dados e organização das expectativas podem ser
confundidas com a busca pela resposta, portanto, atente às questões e sugira a construção de
esquemas e separação dos dados de forma organizada.

Segundo passo - Planejar: depois de interpretar corretamente o enunciado do problema, os(as)


estudantes irão planejar e executar suas ações de forma independente. Escute cuidadosamente,

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evite antecipações desnecessárias, deixe os(as) estudantes expressarem suas ideias e construírem
conhecimento. Aproveite esse momento para observar e descobrir o que eles(as) estão pensando.
Demonstre confiança e respeito pelas habilidades dos(as) estudantes, baseando suas
intervenções nas ideias e modos de pensamento deles(as) e tomando cuidado para não sugerir
que apenas você detém o método correto de resolver o problema.

Terceiro passo - Avaliar: ao revisar a solução, os(as) estudantes irão consolidar suas ideias
individual e coletivamente. Envolva-os(as) em uma discussão produtiva e ajude-os(as) a trabalhar
juntos, como um grupo. É importante que os erros sejam percebidos como oportunidades de
discussão e modificação do pensamento, portanto, não faça correções de forma imediata.
Encoraje e aceite as soluções sem as julgar, incentivando o compartilhamento de ideias e uso das
estratégias em outras situações-problema similares.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

Essa rotina exige que sua intervenção seja mínima, a fim de oportunizar aos(às) estudantes a
expressão de suas ideias. Perguntas como: “Você se lembra de algum problema parecido?”; “Você
consegue resolver uma parte do problema?”; “De que forma os dados se relacionam?”; “Você
conferiu se todos os passos estão corretos?” são interessantes no segundo passo da proposta.

Como essa rotina fornece evidências?


A execução dessa rotina evidencia como os(as) estudantes pensam matematicamente na
resolução de um problema. Essa compreensão passa pela interpretação do enunciado,
correspondências entre língua materna e linguagem matemática, organização e planejamento.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio
caderno utilizando a estrutura como modelo.

Se existir a necessidade de utilizar algum recurso digital, o ideal é optar por ferramentas em que
os estudantes consigam fazer seus esboços, como editores de texto (Google Docs ou Word) ou de
apresentações (Google Apresentações ou PowerPoint), por exemplo.

Exemplo da rotina na prática

Uma professora de Matemática do 6º ano estava trabalhando a resolução de problemas


envolvendo o cálculo com frações e propôs a seguinte situação:

2
“Ana tem uma loja de roupas. Ela comprou um lote com 60 blusas, das quais 3
eram vermelhas.
Quantas blusas eram vermelhas? E quantas eram de outras cores?”

Para a compreensão do problema, perguntou para a turma o que era preciso encontrar e quais

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informações eram relevantes. A professora, então, escreveu na lousa os elementos identificados
pela turma:

- Ana tem um lote com o total de 60 blusas.


2
- Quantidade de blusas vermelhas: 3
do total
- Pergunta a ser respondida: quantas blusas são vermelhas e quantas blusas são de outras
cores?

No segundo passo da rotina, de planejamento e execução, deixou que os(as) estudantes


pudessem conversar entre si para trocar diferentes ideias de resolução. Enquanto circulava pela
sala, notou que algumas estratégias diferentes foram escolhidas, além de alguns(mas) estudantes
fazerem esquemas que representavam a ideia de terços. Foi preciso também ressaltar para a
turma a diferença entre um planejamento e a execução do problema em si. Entre as ideias que
surgiram, foi possível observar:

2
- Um grupo quis começar calculando o total de blusas vermelhas ( 3 de 60) para depois
subtrair do total e encontrar a quantidade de outras blusas.
2
- Um grupo também começou calculando o total de blusas vermelhas ( 3 de 60), mas,
depois de ter desenhado uma figura em terços, notou que o total de blusas de outras
1 2
cores correspondia a 3
. Por isso, queriam calcular a quantidade de blusas vermelhas ( 3
1
de 60) e, depois, as de blusas de outras cores ( 3 de 60).

Na sequência, a professora indicou que os(as) estudantes também fizessem a prova real de seus
cálculos para conferir se a execução estava correta. Além disso, esquematizou na lousa os
diferentes passos para se chegar à resolução do problema, o que ajudou a valorizar os diferentes
raciocínios que surgiram. O passo a passo também ajudou a turma a pensar em uma estrutura
lógica na resolução de problemas, que foi praticada novamente com novos exercícios.

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Rumores

Categoria: considerar diferentes perspectivas

Formas de pensamento: considerar diferentes pontos de vista, captar a essência de uma


ideia e elaborar conclusões

O que é?
Essa rotina incentiva os(as) estudantes a se envolver em uma conversa, movimentando-os(as)
pela sala. Ela exige que os(as) estudantes ouçam ativamente e incorporem as ideias de colegas
para compartilhar com outras pessoas. Devido à natureza da rotina, vários grupos de estudantes
podem estar falando ao mesmo tempo, sem ter que esperar a sua vez. A rotina Rumores
estimula, ainda, que reflitam sobre padrões e novas ideias trazidas pelo grupo, reforçando e
valorizando as diferentes opiniões.

Quando usar essa rotina?


Você pode aplicar essa rotina a qualquer momento de sua sequência didática, quando quiser que
os(as) estudantes façam trocas e escutem ativamente as ideias das outras pessoas e, em seguida,
trabalhem juntos(as) para descobrir semelhanças e diferenças entre as várias ideias trocadas (ou
seja, "rumores"). Para começar a rotina, é importante levantar um tema que seja desafiador ou
que apresente diferentes perspectivas, para resultar em rumores variados e abrir espaço para
trocas e discussões.

Passos

1. Reflexão individual - peça que os(as) estudantes anotem seus nomes e uma ideia em
uma nota autoadesiva.

2. Espalhe os rumores - convide a turma a se reunir em um espaço aberto com a nota


autoadesiva preenchida informando o passo a passo abaixo, repetindo o mesmo processo
com o maior número possível de pessoas dentro do tempo estipulado (de 1 a 3 minutos).

● Diga: estudantes fazem pares para “espalhar os rumores”, lendo a nota


para alguém.
● Ouça: estudantes ouvem as ideias da nota de outra pessoa.
● Troque: os rumores são trocados (estudantes trocam a nota autoadesiva
com colegas).

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3. Reflexão colaborativa - existem algumas formas que você pode experimentar para fazer
o fechamento dessa rotina:

➔ Ao final da dinâmica, peça a um(a) estudante que leia em voz alta o rumor que
está na sua mão, ou seja, o que está escrito na nota autoadesiva com a qual
terminou a dinâmica. Conforme os(as) estudantes forem lendo as anotações,
pergunte se alguém tem uma ideia semelhante e, então, abra espaço para outras
ideias. Você pode fazer a sistematização dessas ideias na lousa.

➔ Outra maneira é pedir que um(a) estudante faça a leitura em voz alta e cole a
nota no quadro ou em um mural. Na sequência, peça aos(às) estudantes que, um
de cada vez, fixem rumores semelhantes perto da primeira nota. Peça que leiam o
rumor em voz alta ao colá-lo no grupo. Repita esse mesmo processo com rumores
diferentes, adicionando novos grupos até que todas as notas tenham sido
agrupadas.

Discuta o que os rumores podem revelar sobre os aprendizados, perguntas e diferentes


pontos de vista. Esse é um ótimo momento para encontrar semelhanças e diferenças entre
as ideias.

4. Retomando o que aprendemos: peça aos(às) estudantes que revisem suas ideias iniciais,
refletindo sobre como os aprendizados ao longo da atividade mudaram ou confirmaram
seu pensamento. Você também pode orientar a turma a escrever um parágrafo, uma
sentença ou novas perguntas que ainda possam ter sobre o que foi discutido. Assim, é
possível observar como a compreensão evoluiu ao longo da rotina.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Para que o momento de reflexão individual seja efetivo e resulte em rumores variados, é
importante que a orientação inicial seja clara, assertiva, e que o tema escolhido desperte
diferentes pensamentos. Seguem alguns exemplos de ideias:

○ “Anote três questões sobre o tópico e coloque uma estrela ao lado da que precisa
ser respondida com mais urgência.”

○ “Resuma em uma palavra como você se sente sobre o assunto.”

○ “Escreva três palavras relacionadas a este assunto.” (Ajuda a retomar


conhecimentos prévios.)

○ “Anote qual será o próximo passo para aplicar o que você aprendeu.”

○ “Monte a estratégia que você usará para estudar esse tópico.”

○ “Resolva um problema de matemática na frente da nota autoadesiva e escreva no


verso os passos seguidos​​.”

● Para iniciar a etapa de espalhar rumores, diga à turma que há muitos rumores circulando

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sobre o tópico discutido na nota autoadesiva. Nesse momento, você pode perguntar à
turma o que ela sabe sobre os rumores (por exemplo, os que se espalham rapidamente e
o que as pessoas repetem para outras). Para que a rotina de pensamento seja efetiva e
significativa, é importante que os(as) estudantes entendam o que são rumores.

● Um dos benefícios da rotina de pensamento Rumores é que os(as) estudantes têm tempo
para pensar individualmente e escrever seu pensamento antes de compartilhar com
outras pessoas e, no momento do compartilhamento, fazer a leitura do que foi registrado
em vez de se expressar oralmente sem nenhum tipo de apoio. Reforce com os(as)
estudantes, sempre que necessário, que o momento espalhe rumores não é um momento
para formular ideias, mas para ler o que já foi registrado.

● Ao compartilhar os rumores, os(as) estudantes podem usar o nome escrito na nota


autoadesiva, por exemplo, “Eu ouvi de Maria que...”.

● Ao longo do compartilhamento, incentive a turma a interagir com o maior número possível


de pessoas, não apenas com quem tem mais afinidade. Você pode lançar um desafio do
tipo “quero ver quem consegue trocar o maior número de rumores”.

● Enquanto os(as) estudantes compartilham seus rumores, caminhe pela sala observando e
ouvindo suas interações. Isso dará a você elementos importantes para avaliar como está
o engajamento da turma, se há estudantes com dificuldade em se comunicar com os
pares, se estão ouvindo uns(umas) aos(às) outros(as), se estão focados(as) na atividade,
entre outros pontos importantes.

Como essa rotina fornece evidências?


Ao ouvir, trocar e agrupar as ideias compartilhadas dos(as) estudantes, eles(as) são
incentivados(as) a construir e aprofundar sua compreensão sobre o tópico com base nas
perspectivas dos(as) colegas, além das suas próprias. Os(As) estudantes são estimulados(as) a
considerar outros fatores que podem influenciar o seu pensamento. Esse processo pode levar a
novos entendimentos, questionamentos e investigações, conforme identificado na reflexão final de
seus aprendizados ao longo da rotina (“retomar o que aprendemos”).

A partir das categorias, é possível identificar as dúvidas mais frequentes e o(s) ponto(s) em que
os(as) estudantes parecem ter mais domínio do tema. Para sintetizar a compreensão sobre o
tópico, você pode solicitar que escrevam um parágrafo, uma sentença ou novas perguntas que
ainda possam ter sobre o que foi discutido. Assim, é possível observar como a compreensão
evoluiu ao longo da rotina.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio
caderno utilizando a estrutura como modelo.

No momento de reflexão coletiva, para organizar as ideias em agrupamentos, você pode usar
murais colaborativos, como o Padlet ou o Miro, criando os agrupamentos e pedindo que a turma

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registre o que está escrito na nota autoadesiva com que terminou a dinâmica.

Exemplo da rotina na prática


Em uma aula de História do 7º ano, o professor abordou com a turma o tema da escravização de
africanos no Brasil. Para coletar os conhecimentos prévios dos(as) estudantes sobre o assunto, ele
propôs a rotina de pensamento Rumores.

Para começar, o professor entregou uma nota autoadesiva para cada estudante e deu 5 minutos
para que cada um(uma) pensasse individualmente em uma ideia que tinha sobre a escravidão no
Brasil. Para isso, deu a seguinte instrução: “Escrevam seus nomes na nota autoadesiva e uma
única ideia sobre a escravização de africanos no Brasil.”.

Em seguida, perguntou o que a turma já sabia sobre rumores, e muitos(as) estudantes disseram
que são histórias que as pessoas contam umas para as outras e que podem ou não ser
verdadeiras; outros(as) disseram que são boatos. Com a turma alinhada sobre isso, o professor
disse que o que cada um(a) escreveu poderia ser um rumor sobre o tema e que, agora, eles(as)
iriam compartilhar esses rumores. Para isso, instruiu os(as) estudantes que se levantassem e
trocassem suas notas autoadesivas com o maior número possível de pessoas, fazendo a leitura
para os(as) colegas tanto da ideia registrada quanto do nome, dando o seguinte exemplo: “Eu
ouvi da Carol que a escravidão…”.

Durante os 5 minutos, o professor aproveitou para caminhar pela sala e perceber as trocas que
estavam acontecendo. Ele percebeu que alguns(algumas) estudantes estavam trocando seus
rumores apenas com pessoas com quem tinham mais afinidade, então, aproveitou para incentivar
mais interação, sugerindo que não ficassem focados(as) apenas nas “panelinhas”. Alguns(mas)
estudantes riram com a instrução, mas entenderam e começaram a compartilhar, também, com
outros(as) colegas menos próximos(as).

Ao fim dos 5 minutos, o professor pediu que todos(as) retornassem aos seus lugares e que
algum(a) voluntário(a) lesse o nota autoadesiva que estava em suas mãos (que, com as trocas,
não era a mesmo que havia escrito). Um estudante levantou a mão e leu sua nota, em que estava
escrito: “A escravidão foi cruel e causou muito sofrimento”. O professor pediu ao estudante que
colasse o nota autoadesiva na lousa e escreveu, logo acima, a palavra “sofrimento”, pedindo que
outros(as) estudantes que tivessem uma nota autoadesiva relacionada lessem para a sala e a
colassem na lousa junto à palavra. Feito isso, perguntou quem tinha uma nota autoadesiva com
um assunto diferente, e uma estudante leu a sua, em que estava escrito: “Não acho que a
escravidão tenha sido 100% eliminada no Brasil”. O professor criou uma nova categoria,
escrevendo “escravidão nos dias atuais”, e perguntou se mais alguém tinha uma ideia semelhante
em mãos. Repetiu o processo até que todos(as) tivessem compartilhado os rumores que estavam
em suas mãos.

Com essa organização, a turma fez uma reflexão colaborativa, encontrando semelhanças e

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diferenças entre as ideias e, também, detectando certas opiniões equivocadas e estereotipadas
sobre a escravidão.

Após o momento de reflexão, o professor pediu que cada estudante resgatasse a ideia inicial e
refletisse se seus pensamentos mudaram após ouvir as ideias de outros(as) colegas e depois das
reflexões que foram feitas.

Com isso, conseguiu promover uma participação ativa da turma, coletar o que cada um(a) já
pensava sobre o tópico e proporcionar uma compreensão mais rica por meio das trocas. A turma
também ficou mais curiosa e aberta para a continuação da aula sobre o tema.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 55


Círculo de perspectivas

Categoria: considerar diferentes perspectivas

Formas de pensamento: observar cuidadosamente, notar detalhes, explorar múltiplas


perspectivas e pontos de vista

O que é?
Essa rotina ajuda os(as) estudantes a ver e explorar várias perspectivas. Esse processo de
observação e exploração ajuda a entender que pessoas diversas podem ter diferentes conexões
com a mesma coisa ou situação e que essas conexões podem influenciar o que sentem, veem e
pensam. Essa rotina também ajuda a identificar e considerar diversos pontos de vista que podem
surgir sobre um tópico. Seu objetivo é que os(as) estudantes obtenham uma compreensão mais
ampla e completa sobre um tema, tópico ou evento.

Quando usar essa rotina?


Use essa rotina com tópicos, obras de arte e de literatura que lidam com questões complexas. Ela
também funciona bem quando os(as) estudantes têm dificuldade de ver outras perspectivas ou
quando parece que o problema tem apenas dois lados. A rotina pode ser usada para abrir
discussões sobre dilemas e outras questões polêmicas. A identificação dos pontos de vista ajuda a
desenvolver a empatia, ao pedir que os(as) estudantes pensem, reflitam e escrevam a partir de
outro ponto de vista, além de ajudar o(a) estudante a contextualizar, problematizar e
compreender o tema, tópico ou evento que está sendo examinado de forma aprofundada.

Passos

1. Observar: apresente um conteúdo (imagem, história, vídeo, evento etc.) e dê tempo para
que os(as) estudantes o analisem. Ao final da análise inicial, identifique o tópico que a
turma trabalhará para desenvolver uma melhor compreensão por meio da rotina.

2. Identificar pontos de vista: gere uma lista de pontos de vista das pessoas, personagens,
seres vivos e outros elementos que apareceram.

3. Explorar

a. Peça aos(às) estudantes que selecionem um ponto de vista que desejam explorar

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 56


e que completem as três frases:

“Eu estou pensando do ponto de vista... [ponto de vista escolhido].”

“Eu penso... [seja um ator e incorpore o ponto de vista que você escolheu].”

“Uma pergunta que eu tenho a partir dessa perspectiva é... [escreva sua
pergunta].”

4. Compartilhar: peça aos(às) estudantes que compartilhem o ponto de vista explorado,


descrevendo seu pensamento e fazendo suas perguntas. Registre os padrões ou temas
comuns que surgem quando os(as) estudantes estão fazendo o compartilhamento e
observe as diferenças de pontos de vista.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● É importante selecionar um conteúdo que incentive a exploração de vários pontos de vista.


Então, ao selecionar o conteúdo a ser trabalhado, tente identificar, você mesmo(a), os
diferentes pontos de vista, por exemplo:

○ Uma pintura ou outra figura pode ser usada para identificar as perspectivas
dentro da imagem. É possível considerar as perspectivas dos(as) personagens
representados na obra, da própria pessoa autora, que fez escolhas de
representação e uso de técnicas, ou ainda considerar o ponto de vista de outras
pessoas do mesmo período que interpretam a obra e seu significado.

○ Os esportes (por exemplo, um vídeo mostrando um gol ou uma disputa de


pênaltis) oferecem vários pontos de vista: jogadores(as), equipe técnica,
torcedores(as), fotógrafos, jornalistas, patrocinadores, entre outros.

○ Em uma narrativa, os(as) estudantes podem demonstrar a profundidade de sua


interpretação ao refletir do ponto de vista das diferentes personagens da história.
Podem ainda considerar o ponto de vista das pessoas que estão envolvidas na
publicação daquela história, como autor(a), ilustrador(a) ou leitor(a).

○ Outra forma, ainda, é explorar notícias de jornal ou situações econômico-sociais


diversas, como migrações, desperdícios ou construções de barragens, que levam
em consideração diferentes papéis sociais, ambientais, econômicos e políticos.

● A perspectiva não precisa ser de uma pessoa. Os(As) estudantes também podem
identificar objetos ou partes do ambiente (uma árvore, a grama, um edifício, as mesas
etc.), além de elementos que não estão presentes na imagem, na história, no vídeo, no
evento etc., mas são afetados por eles.

● A rotina também pode ser usada no início de uma unidade, para incentivar os(as)
estudantes a fazer uma “chuva de ideias” sobre o tópico a partir de diferentes
perspectivas. Além disso, olhar para outros pontos de vista ajuda a desenvolver a empatia

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 57


e a compreensão de como os outros estão se sentindo. Quando necessário, dê exemplos
de diferentes pontos de vista, e sobre como fazer perguntas mais instigantes para
seus(suas) estudantes, a fim de ajudar a direcionar seu pensamento.

● O compartilhamento pode acontecer em pequenos grupos ou com toda a turma. Ao


compartilhar com toda a turma, você tem a oportunidade de avaliar o trabalho dos(as)
estudantes. Caso escolha o compartilhamento em pequenos grupos, caminhe pela sala
observando e ouvindo as discussões entre os(as) estudantes.

● Ao construir um círculo de perspectivas, os(as) estudantes podem trabalhar


individualmente ou em colaboração com colegas, de modo que cada um(a) complete
uma parte do círculo de perspectivas. Veja a sugestão de modelo:

Como essa rotina fornece evidências?


​Pode ser desafiador identificar diferentes perspectivas, especialmente se os(as) estudantes estão
fortemente apegados(as) a um ponto de vista específico. Observe como seus(suas) estudantes
conseguem diferenciar os pontos de vista, pois isso demonstra um entendimento de que mais de
um ponto de vista é possível e pode ser válido. Depois que os(as) estudantes se familiarizam com
a rotina e praticam a identificação de múltiplas perspectivas, eles(as) podem elencar com mais
autonomia diferentes pontos de vista em diferentes situações escolares ou do dia a dia por conta
própria. As respostas individuais podem informá-lo(a) se os(as) estudantes são capazes de

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 58


identificar diferentes perspectivas.

Quando os(as) estudantes estão compartilhando seu ponto de vista, observe se eles(as) estão
usando respostas estereotipadas ao adotar a perspectiva da pessoa (por exemplo, se eles(as)
usam um tom de deboche ao descrever um ponto de vista diferente do deles(as)). Além disso,
preste atenção ao tipo de pergunta que os(as) estudantes fazem: é uma pergunta esclarecedora
simples ou uma pergunta mais investigativa, destinada a descobrir a complexidade do tema,
tópico ou evento, por exemplo?

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


As ideias da turma para cada passo da rotina podem ser registradas na estrutura que você pode
baixar e imprimir clicando aqui neste link. Você também pode sugerir que a turma torque a
estrutura com os colegas para que cada um complete com uma das perspectivas, tornando esse
momento mais colaborativo. Outra opção é que os registros sejam feitos no próprio caderno
utilizando a estrutura como modelo.

Você pode dividi-los(as) em pequenos grupos para trabalhar em cartazes conforme o exemplo da
estrutura do círculo de perspectivas. Além disso, você também pode utilizar ferramentas como o
Padlet, além da função do chat nas plataformas em casos de comunicação por vídeo, para
documentar as ideias da turma.

Exemplo da rotina na prática


Em uma aula de Educação Física do 7º ano, o professor estava trabalhando um tópico sobre as
regras do basquete, e a turma se engajou na discussão externando suas opiniões sobre os jogos e
jogadores(as), discordando um pouco entre si e querendo defender seu ponto de vista sem ouvir
com atenção nem refletir sobre o posicionamento dos(as) colegas. Aproveitando esse momento
para problematizar um pouco mais as diferentes perspectivas que cada um(a) estava
apresentando sobre o esporte, o professor apresentou aos(às) estudantes o trecho de um vídeo
que mostra o momento em que Stephen Curry, jogador de basquete do time Golden State
Warriors (Califórnia), tornou-se o maior “cestinha” de 3 pontos da História ao longo da temporada
regular, título até então detido por Ray Allen por mais de 10 anos.

A partir do vídeo, pediu que a turma elencasse quais eram os diferentes pontos de vista que
perceberam no vídeo. Surgiram respostas como “o próprio jogador”, “o pai”, “Ray Allen”, “o
câmera”, “a torcida”, “os adversários”, “o jogo pausado”, entre outras. O professor fez uma lista, na
lousa, de todos os pontos de vista apresentados.

Em seguida, pediu que cada estudante da turma escolhesse um dos pontos de vista para explorar
um pouco mais, completando as frases na cor identificada como Ponto de vista A, conforme o
esquema abaixo. Para isso, os(as) estudantes deveriam seguir a numeração do esquema de
acordo com a frase a ser completada.

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Em seguida, pediu que os(as) estudantes trocassem os cadernos em que fizeram seus registros
com um(a) colega para que escrevessem seu ponto de vista. Fez o mesmo uma segunda vez, de
modo que, em cada caderno, fosse completado o círculo com diferentes perspectivas.

A escolha dos pontos de vista pela turma foi variada, assim como os pensamentos, questões e
preocupações que surgiram. Da perspectiva do jogo pausado, por exemplo, surgiu a
preocupação dos jogadores de voltarem a se concentrar para continuar o jogo. Da perspectiva
do pai, surgiu a preocupação de o jogador começar a se cobrar demais para se manter como
recordista nas temporadas seguintes. Outro estudante, também explorando o ponto de vista do
pai, apresentou uma preocupação diferente: a de que o jogador poderia se acomodar com a
conquista do recorde e não ter mais a mesma dedicação que tinha até então.

Diante de vários pensamentos, perspectivas, questionamentos e preocupações apresentados, a


turma percebeu o quanto é importante, nos esportes e em outras situações, que as pessoas
possam ter diferentes pensamentos sobre uma mesma situação – e que isso deve ser respeitado.

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4 Cs

Categoria: sintetizar e organizar as ideias

Formas de pensamento: fazer perguntas, fazer conexões, identificar ideias-chave e


considerar a aplicação

O que é?

Essa rotina oferece uma estrutura para uma reflexão centrada em fazer conexões, fazer
perguntas, identificar ideias principais e considerar aplicações.

Quando usar essa rotina?


Após ler um texto, ou até mesmo vários textos diferentes, mas relacionados, pequenos grupos
podem usar essa rotina para discuti-lo e explorar a aplicação das ideias. As perguntas para cada
um dos Cs – Concepts (conceitos), Challenges (desafios), Connections (conexões), Changes
(mudanças) – podem ser ajustadas para atender às necessidades do grupo e do texto que está
sendo lido. Os(as) estudantes também podem fazer essa reflexão individualmente, como forma de
consolidar a aprendizagem sobre um assunto.

Passos

Após a conclusão de um assunto ou capítulo, dê tempo para que os(as) estudantes reflitam sobre
as perguntas de cada um dos Cs e registrem suas respostas, consolidando o aprendizado.

Algumas dicas para aplicar essa rotina

● Os 4 Cs se referem a concepts, challenges, connections e changes, elementos traduzidos


aqui como conceitos, desafios, conexões e mudanças, respectivamente.

● Após o estudo de um tópico, você pode orientar a turma a consolidar a aprendizagem


respondendo a perguntas referentes a cada um dos Cs:

○ Conceitos-chave (concepts) - A pergunta “Quais conceitos-chave ou ideias do


capítulo você considera importantes?” ajuda o(a) estudante a identificar as ideias
e os conceitos mais importantes do tópico/capítulo estudado.

Rotinas de pensamento – Ensino Fundamental Anos Finais | 61


○ Desafios (challenges) - A pergunta “Que ideias e posicionamentos do capítulo
intrigaram ou desafiaram você?” ajuda o(a) estudante a refletir sobre os desafios
com os quais se deparou durante a leitura e a torná-lo capaz de perceber se ainda
existem dúvidas e em quais pontos pode ser necessário pedir ajuda ou se
aprofundar.

○ Conexões (connections) - A pergunta “Que conexões você pode fazer entre o


capítulo e os conhecimentos que você tem?” ajuda o(a) estudante a estabelecer
conexões entre conteúdos e conhecimentos diversos, ampliando a sua
aprendizagem e o seu repertório e atribuindo sentido ao conteúdo estudado.

○ Mudanças (changes) - A pergunta “Quais mudanças de pensamento ou atitude


aconteceram depois dos estudos do capítulo?” ajuda o(a) estudante a aplicar os
novos saberes e conhecimentos a diferentes contextos, o que leva à construção de
uma compreensão duradoura.

Como essa rotina fornece evidências?


Os conceitos, conexões, desafios e mudanças sobre o tópico ou capítulo estudado evidenciam o
aprendizado dos(as) estudantes.

Exemplos de ferramentas para executá-la na prática


Para registrar as ideias, os estudantes podem utilizar o próprio caderno. Outra opção é construir
um mural dividido em quatro colunas, cada uma correspondente a um dos 4 Cs, e pedir que a
turma registre suas respostas em notas autoadesivas e cole na coluna correspondente. Você
também pode utilizar um mural digital como o Padlet, criando uma coluna correspondente a cada
um dos Cs.

Exemplo da rotina na prática


Após concluir o capítulo “Mudanças na mentalidade europeia: do renascimento comercial ao
Renascimento Cultural”, do 7º ano, a professora de História pediu para que a turma fizesse a
rotina 4 Cs para consolidar a aprendizagem. A turma fez os registros no próprio caderno e, em
seguida, a professora pediu que algumas pessoas compartilhassem seus 4 Cs. Ao perguntar sobre
as conexões que os(as) estudantes fizeram, um dos estudantes disse que achou muito
interessante perceber que, nas aulas de Arte, também estavam aprendendo sobre o
Renascimento, e como uma matéria complementou a outra, ajudando a compreender melhor o
conteúdo.

A reflexão ajudou o estudante a estabelecer conexões com conteúdos que estavam sendo
abordados em diferentes componentes curriculares e a professora fez uma reflexão sobre como
poderia trabalhar de forma mais integrada com outros(as) docentes.

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Conclusão
E agora? Quais são meus próximos passos?
Na Geekie, dizemos que “quando o invisível se torna visível, todo mundo brilha junto!”. Ou seja,
para enxergar o aprendizado, é preciso enxergar de verdade cada estudante. Essa crença foi
inspirada pelas rotinas de pensamento.

Pense nas rotinas como estratégias que visam tornar o pensamento visível no contexto do
aprendizado. Quando os(as) estudantes aprendem a tornar seu pensamento visível, começam a se
identificar como pensadores(as), tornando-se participantes ativos(as) em sua própria jornada de
aprendizagem.

Além disso, quando valorizamos o pensamento dos(as) estudantes, eles(as) ficam motivados(as) a
compartilhar mais suas ideias, a colaborar com seus(suas) colegas, a considerar diferentes
perspectivas, a assumir maiores riscos nos seus aprendizados – tudo isso nutre a criação de uma
cultura de pensamento, ou seja, de um lugar onde o pensamento do indivíduo e de um grupo é
valorizado, visível e ativamente promovido.

Cada vez que tornamos o pensamento de estudantes visível, estamos praticando uma mentalidade
que estimula o desenvolvimento da metacognição e permite que os(as) estudantes encontrem
estratégias para planejar e organizar seu próprio pensamento na escola e na vida. Tornar o
pensamento dos(as) estudantes visível significa ajudá-los(as) a entender o que está envolvido no
ato de "pensar".

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Referências
BONDIE, Rhonda. ZUCHO, Akane. Diferenciação pedagógica: rotinas para engajar todos os alunos.
Tradução: Luís Fernando Marques Dorvillé. Porto Alegre: Penso, 2023.

FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti; BELHOT, Renato Vairo. Taxonomia de Bloom: revisão
teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais.
Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010.

RITCHHART, Ron; CHURCH, Mark; MORRISON, Karin. Making Thinking Visible, 2011.

RITCHHART, Ron. Creating Cultures of Thinking, 2015.

RITCHHART, Ron; CHURCH, Mark. The Power of Making Thinking Visible, 2020.

RITCHHART, Ron. The Understanding Map. Disponível em:


https://pz.harvard.edu/sites/default/files/Understanding%20map%20circle%202022.pdf. Acesso em
10 set. 2024.

Project Zero. Disponível em: http://www.pz.harvard.edu. Acesso em: 17 ago. 2023.

Project Zero. Visible Thinking Project. Disponível em: https://pz.harvard.edu/projects/visible-thinking.


Acesso em: 17 ago. 2023.

Project Zero’s Thinking Routine Toolbox. Disponível em: https://pz.harvard.edu/thinking-routines. 21


set. 2024.

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