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Sociologia Positivista - Durkheim 01

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DURKHEIM - VIDA E OBRA

Seção I
Émile Durkheim, (1858 – 1917), sociólogo francês, nasceu em Épinal, em 15 de abril de 1858.
Dedicou sua vida à Sociologia. Fez seu doutoramento em Filosofia, na École Normale Supérieure de
Paris. Em 1885, foi estudar na Alemanha, sendo muito influenciado pelas idéias do psicólogo Wilhelm
Wundt.
Na França, em 1887, ocupou a primeira cátedra de Sociologia criada
pela Universidade de Bordéus, onde permaneceu até 1902, quando foi
convidado a lecionar Sociologia e Pedagogia na Sorbonne (França).
Com ele a Sociologia ganhou status de Ciência autônoma, ministrada
no ensino superior da França e depois por todo o mundo. Quando ainda
era garoto perdeu seu pai. Este fato seria decisivo em sua vida, pois
como filho mais velho, tornou-se o chefe da família. É preocupado com
sua nova responsabilidade e com questões financeiras da família que se
prepara para o concurso de entrada na Escola Normal.
A sociedade da época em que viveu passava por grandes
mudanças. A burguesia acabara de destruir as velhas instituições
feudais e impunha os novos valores de sua supremacia; o capitalismo
Figura-15.Emíle Durkheim. determina as novas relações de produção, as contradições e conflitos
Fonte: Introdução à Sociologia. Pérsio
Santos de Oliveira. sociais se tornaram eminentes. Essas transformações levaram Durkheim
a se preocupar com o estabelecimento de uma nova ordem social.
A época em que iniciou seus estudos na Universidade é também a época em que começam a
ensinar as Ciências Naturais (Biologia, Física e Química). É a partir do pleno conhecimento dessas
disciplinas, que passa a enxergar a sociedade de uma forma peculiar, podendo ser comparada a um
imenso corpo biológico que precisa ser observado, para, em seguida, conhecer-se sua anatomia e,
assim, descobrirem-se as causas e as curas de suas doenças.
Quando adolescente em 1871, Durkheim presenciou um movimento de trabalhadores que ficou
conhecido como A Comuna De Paris. Nesse movimento, os trabalhadores uniram-se contra a opressão
e exploração que sofriam nas fábricas, tomando conta da Capital francesa.
Pela primeira vez na história, foram instituídos o governo dos trabalhadores e a primeira
tentativa de implantação do socialismo (sociedade sem classes). No entanto, passadas algumas
semanas, a Comuna de Paris foi massacrada pelos burgueses.
Milhares de trabalhadores que lutavam por seus direitos foram mortos. Isso fez com que
Durkheim acreditasse que violência não combate violência e nem se pode criar uma nova sociedade.
Para ele, assim como era para Comte, os problemas sociais entre trabalhadores e empresários teriam
que ser resolvidos dentro da ordem e do progresso.
Um outro conflito social que abalou muito Durkheim, foi a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a
1918. Ele tinha então 56 anos e era um sociólogo mundialmente famoso. A morte de seu filho na guerra
e a de seus melhores amigos fizeram com que ficasse emocionalmente muito abalado. Em 15 de
Dezembro de 1917, Durkheim veio a falecer na cidade francesa de Fontainebleau. Ao longo de sua
vida, formou vários discípulos, que continuaram sua obra, visto que, em 1897, foi o responsável pela
criação da revista L’ Anné Sociologique, uma das primeiras publicações especializadas na área de
Sociologia, reunindo em torno de si famosos cientistas sociais.
Suas principais obras são:
• A Divisão do Trabalho Social, 1893.
• As Regras do Método Sociológico, 1895.
• O Suicídio, 1897.
• As Formas Elementares da Vida Religiosa, 1912.
• Lições de Sociologia.
• Educação e Sociologia.
• Educação e Moral.
A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA DA MORAL
Seção II
Durkheim era um sociólogo no sentido pleno da palavra, de modo que a Sociologia positiva
deriva muito mais dele do que de Comte, o qual era um doutrinário, filósofo especulador. Seu discípulo
Durkheim é um verdadeiro cientista social e foi graças a ele que o positivismo como ideologia
conservadora se transformou na perspectiva básica da sociologia universitária, acadêmica ou burguesa.
Foi por seu intermédio que a Sociologia torna-se disciplina obrigatória no ensino das ciências humanas,
primeiro na Universidade de Sorbone na França, para depois se estender ao demais cursos
universitários.
Assim como Comte, a questão da ordem social seria uma preocupação central na sua obra e na
sua vida, por isso ocupou-se de forma nítida e sistemática em estabelecer o objeto de estudo da
sociologia e em desenvolver um método capaz de dar conta desta tarefa.
-Como podemos definir o objetivo e o método da sociologia, segundo Durkheim?
As formulações de Durkheim partem do princípio de que as leis da natureza não podem ser
modificadas através de revoluções, por isso define que o objetivo da sociologia era estudar os fatos
que obedecem às leis sociais, leis invariáveis do mesmo tipo que as naturais, logo o método
positivo deveria munir-se de toda objetividade e neutralidade. O sociólogo em sua análise social
deveria posicionar-se no trabalho de investigação científica, da mesma forma que os físicos ou
matemáticos.
O que muito influenciou suas proposições foi a constatação dos efeitos nocivos, resultado da
Revolução Industrial, chamando a atenção para uma questão muito importante, a solidariedade social.
Considerava necessário construir uma sociedade baseada na comunhão de atividades e por isto a
sociologia deveria ter neutralidade política diante dos fatos sociais. Durkheim tem conhecimento que
na sociedade existem doutrinas, ideologias, utopias, pré-noções etc. Mas a sociologia deve ignorar
essas teorias, porque ele as considera sem valor científico.
Como você pode notar, ao analisar problemas sociais de sua época Durkheim, tinha como foco
principal de seus estudos, determinar as leis de funcionamento da sociedade. Portanto, toda reforma
social deveria estar baseada primeiramente no conhecimento prévio científico da sociedade e não da
ação política.
Otimista em relação à sociedade industrial, Durkheim concebia a Sociologia como uma
disciplina essencial para o estudo da sociedade e, com isso, acreditava estar contribuindo para o
estabelecimento de uma nova ordem moral, fórmula capaz de dar coesão à sociedade moderna. Seu
objetivo sociológico, ao abordar os fato da vida moral, é fazer uma ciência da moral.
Para ele, os fatos morais são fenômenos como os outros, pois, consistem em regras de ação
reconhecíveis por suas próprias características. A moral forma-se, transforma-se e mantém-se por
razões de ordem experimental e à ciência cabe determinar quais são essas razões.
-Como, vivendo em uma sociedade antagônica como a capitalista, com a existência de
pobres e ricos, seria possível resolver os problemas sociais?
Durkheim é categórico ao afirmar que a origem dos problemas sociais de sua época, não era de
ordem econômica, mas sim relativos à fragilidade da moral (caso patológico) e da falta de leis (anomia)
que vivia a sociedade. Somente uma formação fundada em valores morais, com obediência às regras e
normas sociais, seria capaz de neutralizar as crises econômicas e políticas na direção da coesão social.
SAIBA MAIS...
Moral – é o conjunto de regras, de normas de conduta humana, extraída da filosofia e da cultura
(religião, valores, crenças) de um povo. A propósito Sócrates é o pai e fundador da Ciência Moral.
Lei – Norma, regra, princípio do Direito tornado obrigatório pela força coercitiva do Estado.
Legítimo – Deriva de Lex-Legis do latim e assim como a palavra; lícito – quer dizer o que está de
acordo com a consciência, com a moral, com os costumes. Aquela “lei que não está escrita no papel,
mas no coração dos homens”.
Por isso, fique atento, nem tudo que está prescrito na lei e legítimo e nem tudo que é legítimo está
definido na lei...
FILME... A VILA
OS FATOS SOCIAIS
Seção III
Em sua obra, Regras do método sociológico, Durkheim afirma que a primeira regra e mais
fundamental é considerar os fatos sociais como coisas.Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos
sociais, de forma que, em suas primeiras orientações para essa ciência, demonstrou que os fatos sociais
têm características próprias que os distinguem dos que são estudados por outras ciências.
Qualificou o fato social como se fosse “coisa” e preconizou que, para estudá-lo, o cientista
social deve pôr de lado sistematicamente todas as pré-noções antes de começar a estudar a realidade
social e deve aplicar métodos e processos idênticos aos empregados nas ciências exatas.
Para identificar os fatos sociais, é preciso saber quais são suas características. Para Durkheim,
os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. A realidade como modo de
vida, não é estabelecida pelo indivíduo, ela já existe como norma, quando ele nasceu e passou a viver
neste grupo e quando ele sair, provavelmente, a mesma norma permanecerá.
Para Durkheim, quais são as características dos fatos sociais?
Ø Generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo.
Ø Exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo porque as idéias, normas e regras de
conduta, não foram criadas isoladamente pelos indivíduos, mas pela coletividade, antes de
nascermos e existem independentemente de sua vontade.
Ø Coercitividade – as pessoas vêem-se obrigadas a seguir as idéias, normas e regras
preestabelecidas pelos membros do grupo. Se isso não acontece e alguém desobedece será
punido de alguma maneira pelo restante do grupo.
Desse modo, o indivíduo, ao desempenhar certos papéis como, o de filho e filha, mãe e pai,
professores e professora, cidadão e cidadã e, outros tantos, está a cumprir deveres que foram
determinados pela sociedade em que nasceu e vive.
Esses papéis se apresentam fora da consciência individual e são dotados de um poder coercitivo
em termos sociais, em virtude do qual se impõem, quer o indivíduo queira quer não. Assim, para
Durkheim, é a sociedade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais. O indivíduo
aprende a seguir normas e regras de ação que lhe são exteriores, ou seja, não foram criadas por ele e
são coercitivas, isto é, a sociedade estipula padrões e limites, prescrevendo punições e sanções para
quem não lhes obedecer.
É exigido, portanto, que as pessoas sigam os hábitos e costumes de seu grupo social como
condição de aceitação. E, embora todas pessoas tenham personalidade individual, o modo como se
comportam e agem, obedece a um padrão de condutas e idéias, valores morais e hábitos que são
determinados pela sociedade.
Observe as ilustrações que seguem e reflita sobre isso!
Durkheim é o verdadeiro mestre da Sociologia positivista moderna.

Figura 16 - Papéis sociais. Extraída de folhetos


SAIBA MAIS...
Sanção Social – É uma ação de aprovação ou de reprovação que o grupo social ou a sociedade atribui ao
indivíduo, em função de seu comportamento social. Como instrumento de controle social possui dupla função;
de um lado, assegura a conformidade das condutas, permitindo a coesão, e o funcionamento da coletividade e,
de outro, desencoraja as normas estabelecidas.
Coisa – É todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo que não
podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode
chegar a compreender senão sob a condição de si mesmo, por meio da observação e da experimentação,
passando progressivamente dos caracteres mais exteriores, e mais imediatamente acessíveis, para os menos
visíveis e mais profundos. Émile Durkheim; As regras do Método Sociológico (1895, XXI).
OS CONCEITOS BÁSICOS DO POSITIVISMO
Seção IV
Durkheim, ao observar a sociedade capitalista, passa a desenvolver um conjunto de idéias sobre
esse sistema socioeconômico e, na tentativa de explicá-lo, cria vários conceitos formando uma teoria
explicativa do real.
Os conceitos utilizados por Durkheim para compreender o capitalismo, os quais abordaremos a
seguir são: consciência coletiva, divisão do trabalho social, solidariedade mecânica, solidariedade
orgânica, caso patológico e anomia.

CONSCIÊNCIA COLETIVA
É a partir da característica de que o fato social é exterior ao indivíduo que Durkheim traduz a
idéia do que seja a consciência coletiva.
Parte também do entendimento de que cada indivíduo tem uma psiqué, isto é, um jeito próprio
de pensar e de agir, enfim uma maneira de entender a vida, de construir mentalmente os valores que se
expressam na coletividade. Assim, cada pessoa possui uma consciência individual, que faz parte de
nossa personalidade. Esta, porém não é a única forma de consciência que existe.
Além das idéias que são próprias do indivíduo, existem aquelas idéias e situações cujas causas
não são encontradas na natureza ou na vontade individual, mas que são comuns a todas as consciências
individuais por serem normas coletivas de uma sociedade, de um grupo social e caracterizam as ações
sociais e condicionam as ações individuais. São valores e normas incorporadas pelo indivíduo (do
social para o individual) através da vivência e da educação. Essas idéias comuns formam a base da
sociedade: uma primeira consciência que determina nossa conduta e que não é individual, mas social e
geral, a qual Durkheim denomina de Consciência Coletiva.
Dessa forma, o pensamento individual se modifica na coletividade, construindo um código
único de condutas que se torna compreensivo para todos os indivíduos e cuja desobediência implicará a
devida sanção, também já estabelecida.
Pode-se inferir com isso que a consciência coletiva é objetiva, isto é, ela esta espalhada, como
forma de viver e de pensar em todo grupo, em toda sociedade e, por isso, ela é exterior ao indivíduo.
Assim, não é a consciência individual que determina as ações de uma pessoa, mas a consciência
coletiva é que irá impor as normas, as regras sociais de uma determinada sociedade.
Para Durkheim, a consciência coletiva exerce um controle sobre o indivíduo e a coerção sobre
seu comportamento pode ser exercida através de mecanismos legais, levando-o ao cumprimento das
leis ou até de maneira indireta, quando o indivíduo é banido de um grupo ou lhe serve de chacota por
não aderir às regras ditadas.
Nesse sentido, a educação exercida, na forma de coesão, tem como objetivo criar o ser social,
ou seja, moldá-lo à obediência das regras sociais e os pais e professores não passam de intermediários
dessa ação.
Observe o quadro elaborado por Maycer e Page, para refletir e responder à pergunta que segue:
Grupos (base social) Códigos Sanções específicas
1. Associações de Constrangimento físico através de:
grande escala a)Código penal a) multa, prisão, morte;
O Estado b)Código civil b) indenização de prejuízos ou restituição.
Igreja Código religioso Excomunhão, penitência, perda de prerrogativas, temor à cólera da
As Organizações Códigos profissionais divindade.
Profissionais Expulsão (perda da condição de membro), perda do direito de
exercer profissão (com a ajuda do código legal).
2. Associações de Código familiar Castigo dado pelos pais, exclusão da herança (deserdação), perda
pequena escala Normas e regulamentos da preferência.
A Família Código dos marginais Perda da condição de membro de privilégios.
O Clube Morte e outras formas de violência.
O Bando (gang) ou a
quadrilha
3. A comunidade. O costume, a moda, as Ostracismo social, perda da reputação, o ridículo.
convenções, a etiqueta.
4. As relações sociais em O código moral O sentimento de culpabilidade ou degradação.
geral. (individualizado)
-Como a consciência coletiva se manifesta em nossas vidas, na sociedade?
Após a análise desse quadro, é possível afirmar que os códigos já estão prontos quando o
indivíduo nasce e sugerem uma forma de comportamento considerado adequado e que, a princípio,
deve ser seguido. Cabe ao indivíduo adaptar-se a esse conjunto de normas e leis existentes juntamente
com toda a sociedade, uma vez que temos crenças religiosas, usos e costumes, código de leis, um
sistema monetário e financeiro, convenções etc, que foram criadas por gerações passadas e que são
transmitidas aos indivíduos que fazem parte das novas gerações.
Assim considerando, a consciência coletiva é, portanto, coercitiva, ou seja, somos levados
sutilmente a agir pressionados pela força das normas, códigos, regras e leis que, ao serem aceitos e
vivenciados pela sociedade, vão conduzindo e direcionando a vida do indivíduo.
Segundo Durkheim, o indivíduo não nasce sabendo previamente as normas de conduta
necessárias à vida em sociedade, por isso, toda a sociedade tem de educar seus membros, fazendo com
que aprendam as regras necessárias à organização da vida social.
E você, a quem atribui fundamentalmente este papel?
Com certeza, você concluiu ser este papel da educação. Correto. É justamente a educação que
cumprirá esta finalidade social. Assim, as gerações adultas (principalmente mães, pais, professores,
professoras), devem transmitir às crianças e aos adolescentes aquilo que aprenderam ao longo de suas
vidas em sociedade. Com isso o grupo social é perpetuado, apesar da morte dos indivíduos.
DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
Durkheim percebe que nas sociedades anteriores ao capitalismo, no caso a primitiva e a feudal,
a produção de bens materiais em sua maioria era realizada de maneira isolada e individual. O indivíduo
realizava o trabalho sozinho, do início ao fim da produção de um bem, sem qualquer dependência de
outra pessoa. Assim desenvolvia cada etapa específica do trabalho e, ao final, de posse do produto
pronto, dominava o processo em sua totalidade. A divisão do trabalho social nessas sociedades era
pouco desenvolvida e não havia um grande número de especializações das atividades sociais.
Ao utilizar o método positivista, Durkheim tenta entender o funcionamento da sociedade
capitalista da mesma forma que a Biologia entende o funcionamento de um corpo animal. Ele
acreditava que a sociedade, ao desenvolver-se, ia-se multiplicando em instituições e atividades cada vez
mais complexas.
Dentro das instituições cada indivíduo teria uma função a cumprir, contribuindo para o
funcionamento de todo o corpo social. De acordo com este entendimento, cada membro da sociedade
deveria desenvolver atividades úteis, especializadas, passando a depender cada vez mais dos outros
indivíduos.
Por exemplo, o marceneiro, para fazer uma mesa, depende do lenhador que corta a árvore, do
motorista que transporta a madeira, do operário que prepara o verniz, daqueles que fabricam pregos,
martelos, serrotes etc. Assim também, o músico depende daquele que faz seu instrumento, daquele que
faz sua apresentação ao público, que o assiste e assim por diante.
Essa diferenciação das profissões e das atividades econômicas interdependentes torna os
indivíduos diferentes entres si, mas igualmente indispensáveis à vida. Com isso, o efeito mais
importante da divisão do trabalho social não é apenas seu aspecto econômico (aumento da
produtividade), mas também tornar possível a união e a solidariedade entre as pessoas de uma
sociedade.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA
Durkheim, ao analisar a consciência típica das sociedades pré-capitalistas, reconhece que ela
não é estabelecida pelas relações de trabalho, mas a partir das semelhanças familiares, das tradições, da
religião, dos costumes, dos mesmos valores, enfim dos sentimentos comuns a todos, levando a um
consenso, com base nas semelhanças entre as pessoas e grupos. Isso faz com que o indivíduo não se
diferencie dos outros, ao contrário, cada indivíduo é o que são os outros, predominando, na consciência
de cada um, os sentimentos comuns a todos, os sentimentos coletivos. É o que Durkheim chama de
solidariedade mecânica.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
Aparece quando a divisão social do trabalho aumenta e espalha-se por todos os setores
econômicos da sociedade como fábricas, agricultura, comércio, indústrias. Nesse caso, o que torna as
pessoas unidas não é uma crença comum a todos, mas a interdependência das funções sociais com base
na necessidade da produção complementar.
Quanto mais dividido o trabalho, mais dividida será a dependência das pessoas, umas das
outras. Ao mesmo tempo em que cada indivíduo, ao especializar-se na atividade que realiza, passa a
desenvolver sua individualidade, mais depende da realização produtiva do outro para dar conta da sua.
A solidariedade se mantém pela interdependência produtiva dos indivíduos, mantendo assim os laços
sociais.
Durkheim admite que a solidariedade orgânica é superior à mecânica, pois as funções,
ao se especializarem, , de certo modo, a individualidade é ressaltada, permitindo maior liberdade
de ação.
Em suas palavras:
“[...] é preciso que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual para que,
nesta parte se estabeleçam as funções que ela (consciência coletiva) não pode regulamentar... De fato (com a
divisão do trabalho social) cada um depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o
trabalho; por outro lado, a atividade de cada é tanto mais pessoal quanto mais especializada” (Divisão do
Trabalho Social).
O CASO PATOLÓGICO E A ANOMIA
Como vimos no segundo e terceiro capítulo da primeira unidade, as revoluções burguesas
trouxeram grandes transformações econômicas e políticas interferindo diretamente nas questões sociais.
Surgem novos problemas, principalmente os relativos a uma nova configuração do espaço urbano -
industrial como favelas, poluição, desemprego e outros mais aliados à consolidação das diferenças
sociais capitalistas, o antagonismo entre a burguesia e o proletariado, o suicídio etc.
Porém, Durkheim, do mesmo modo que Comte, tem uma visão otimista sobre o futuro
capitalista e no crescente desenvolvimento da indústria e tecnologia. Ele pensava que todo o progresso
desencadeado pelo capitalismo traria um aumento generalizado da divisão do trabalho social e, por
conseqüência, da solidariedade orgânica, a ponto de fazer com que a sociedade chegasse a um estágio
sem conflitos e sem problemas sociais, de total harmonia.
Com isso, Durkheim admitia que o capitalismo é a sociedade perfeita; trata-se apenas de
conhecer os seus problemas e de buscar uma solução científica para eles. Em outras palavras, a
sociedade é boa, mas, como todo organismo, ela apresenta estados normais, durante os quais tudo
funciona sem apresentar problema e estados de crise social, quando as leis não estão funcionando. A
isto Durkheim denomina de caso patológico.
Veja, por exemplo: o aumento da violência, pode ocorrer devido às falhas contidas nas leis que
regulam o combate o crime; as leis estão falhando por serem mal formuladas ou por não estarem sendo
cumpridas, gerando com isso a impunidade e favorecendo o aumento da criminalidade.
Portanto, para ele, o funcionamento da sociedade através de leis e regras acabava com os
problemas sociais, já que estes são de ordem moral e não de ordem socioeconômica. Não obstante, os
problemas sociais podem ter outra origem que não esteja vinculada as falhas da legislação, mas sim na
ausência de regras, de normas ou leis reguladoras do comportamento social, denominada por
Durkheim como anomia. A ausência de leis é entendida como fator de desordem e de desorganização
social, contribuindo para a crise social. Assim para situação de crise, ocasionada pela inexistência da
lei, faz-se necessária a sua elaboração.
Na visão de Durkheim, frente ao caso patológico (regras sociais falhas) e a anomia (falta de
leis) torna-se necessária a busca de uma solução científica e identificar as causas dos fenômenos sociais
é o papel que cabe à Sociologia, a qual possibilitaria então a criação de uma nova moral social para
superar a velha moral deficiente.
Para Durkheim qual seria, então, a tarefa da sociologia?
Compreender o funcionamento da sociedade capitalista de modo objetivo para observar,
classificar as leis sociais, descobrir as que são falhas, corrigi-las por outras mais eficientes e criar
leis novas onde se necessita e elas não existem.
O positivismo permeia de maneira eficaz a pedagogia, ora de maneira explícita, ora de maneira
camuflada, sobretudo, na luta a favor do ensino leigo das ciências e contra a escola tradicional
humanista religiosa.
ATIVIDADES DO CAPÍTULO
Atividade 1- A sociedade como corpo biológico
1) Durkheim, ao entender a sociedade como se fosse um corpo biológico, toma como base para esta
compreensão a hierarquia de poder, de controle e organização em termos sociais e especifica para cada
uma das partes deste corpo, instituições Na figura a seguir, identifique a parte que corresponde ao
Estado, a família, a escola, a igreja.

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Atividade 2 - Os fatos sociais


1) Nas frases que seguem, escreva SIM, para aquelas que podem ser consideradas fatos sociais,
segundo a visão de Durkheim e explique por quê.
a) A estratificação social na Índia é caracterizada pelas castas sociais, em que cada posição social é
determinada pelo nascimento, independentemente da vontade do indivíduo e sem perspectiva de
mudança. Explique:
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b) “Quando secam os oásis utópicos, estende-se um deserto de banalidade e perplexidades”.


(Habermas)._________________________________________________________________________
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Atividade 3 – Os conceitos de Durkheim
1) Relacione a 1ª coluna com a 2ª, identificando a característica que corresponde ao conceito.
(1 ) Consciência Coletiva
(2) Divisão Social do Trabalho
(3) Solidariedade Mecânica
(4) Solidariedade Orgânica
(5) Anomia
(6) Caso Patolológico
( ) Falta de Leis
( ) União das pessoas através das semelhanças, costumes,religião etc.
( ) Especialização das funções entre os indivíduos
( ) União determinada por idéias comuns presentes em todas as consciências individuais
( ) Leis insuficientes
( ) Dependência entre os indivíduos pra realizar uma tarefa
Atividade 4 - Um retrato da sociedade capitalista
As teorias de Comte e de Durkheim defendem o capitalismo. Você concorda com as falas apresentadas
na ilustração da página que segue? Escreva um pequeno texto, identificando os conceitos de Durkheim
e comparando-os com os dias atuais.
TEXTO
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