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A Arte e a Arquitetura Moderna no início do séc.

XX
Arquitetura, Moderno, Movimento, Arte, Linguagem

Ana Luísa Almeida Espinoza


Teoria I- ex. 1
Turma 5 2024/2025

0. Introdução
Este ensaio, realizado no âmbito da Unidade Curricular de Teoria I, reflete sobre os
movimentos da vanguarda, os princípios por trás da arquitetura e da arte do início do século
XX, e as influências que estes tiveram uma na outra nesta época.

O ensaio é estruturado em três partes:


Num primeiro momento, define-se o pensamento teórico da arquitetura Moderna,
analisando os seus conceitos e métodos, com base nas aulas teóricas e referências
sugeridas nas mesmas.
Num segundo momento, faz-se compreender as linguagens desta arquitetura, sendo elas
expressões artísticas, e as relações que elas têm com as demais artes, principalmente a
pintura. Isto engloba a Art Nouveau e a sua fusão com as artes decorativas, o Estilo
Internacional e a sua relação com o Abstracionismo.
Num terceiro e último momento, reflete-se sobre o papel que as linguagens arquitetónicas
da primeira metade do séc. XX têm na arquitetura de hoje, e sobre a sua evolução, assim
como da relação entre a arquitetura e as artes.

1. Enquadramento Geral: Pensamento Teórico da Arquitetura Moderna


A arquitetura surge, primordialmente, como resposta à necessidade do ser humano de se
resguardar da natureza e dos seus perigos: o abrigo. Os primeiros pensamentos
arquitetónicos datam-se na Antiguidade, no Egito, onde se conceptualizaram as pirâmides,
objeto que comunica com a paisagem e cria espaços interiores aconchegantes, para a vida,
espaços de culto eterno. A arquitetura vai evoluindo juntamente com o ser humano, que a
adapta às suas necessidades e vontades, demonstrando a sua necessidade intrínseca de
organizar o espaço, a vida.¹
A arquitetura evolui através de movimentos, tendências, que derivam da maneira de pensar
e viver do ser humano. Ao longo dos séculos, são incorporados muitos temas que tornam a
arquitetura algo mais do que apenas um abrigo: a necessidade e a utilidade, a estética e a
harmonia, as tecnologias construtivas e a estrutura, -“Utilitas, Venustas e Firmitas”. A
conciliação destas questões, como abordada por Vitrúvio no seu tratado “De architectura” (I
a.C.), e muitas mais como a sensibilidade à história, ao contexto da obra, aos problemas
sociais, à filosofia e à arte elevam a arquitetura à expressão artística e intelectual que ela é.
O ser humano estabelece princípios pelos quais ele se há de guiar para fazer a arquitetura:
a teoria. Vitrúvio, Alberti e Boullée escrevem sobre teoria, tendo Vitrúvio impulsionado os
tratados, com o seu tratado “De architectura” (I a.C.).
Na Europa, durante os séculos XVII e VII-XIX, surgem valores como estética e equilíbrio, e
ao mesmo tempo, vai-se desenvolvendo o pensamento moderno, por pensadores como
René Descartes, o que se vai refletir na arte e na arquitetura também.²
Nos séculos XVIII-XIX, dá-se a revolução industrial e as tecnologias evoluem, trazendo
novos sistemas construtivos, e materiais como o ferro e o betão. Surgem o funcionalismo e
o racionalismo e a sociedade organiza-se de maneira diferente, atendendo às questões
pertinentes à época, como o crescimento demográfico. Estas questões levantam discussões
sobre política, ciência e estética relacionados ao crescimento da cidade.³
O Modernismo emerge no início do século XX, no desenlace de mudanças sociais e novas
ideias, durante a Belle Époque, período de positivismo onde se propunha um estilo de vida
contemporâneo que não só atendesse aos ideais da época mas que pretendesse progredir
cada vez mais na modernidade. Este grande movimento foi composto por várias correntes e
ideologias diferentes, propiciado pelos novos mecanismos e liderado pelas vanguardas. Foi
influenciado pelo movimento Arts and Crafts, os neoplasticistas de De Stijl (Holanda, 1917),
a École de Beaux Arts (França, 1819) e a Bauhaus (Alemanha, 1919-1933).
Na arquitetura, a cidade começa a ser pensada de maneira utópica e progressista,
conceitualizam-se “cidades perfeitas”. Derivado do movimento Arts and Crafts e praticado
pela Bauhaus, há uma união das artes e por isso grande relação e influências entre elas.
Este próspero período é interrompido pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que tem
repercussões destruidoras na sociedade, mas que traz consigo uma ambição por uma vida
melhor. Na reconstrução da cidade e da sociedade, são rejeitados os ideais tradicionais e a
linguagem formal que os acompanha, e é impulsionada uma nova linguagem funcionalista
que pertence ao modernismo. Influenciada pelo abstracionismo, cubismo, futurismo e
construtivismo, esta linguagem tem novos princípios sobre regularidade, módulo, métrica e
ornamento. ⁴
No início do século XX, no Porto, o principal problema pertinente à arquitetura era a falta de
habitação, causada pelo aumento da população. Marques da Silva (1869-1947), sendo
autor de várias obras marcantes na cidade, ficou conhecido como “arquiteto da cidade do
Porto”, e conciliando a tradição e a modernidade no seu trabalho, conseguiu colocar o Porto
no mapa da arquitetura europeia.⁵
Le Corbusier (1887-1965) foi um dos arquitetos modernos mais importantes. Defendia uma
arquitetura funcionalista e racionalista, priorizando a simplicidade e claridade da forma. O
objetivo era uma arquitetura universal. Defende esta arquitetura na Carta de Atenas no IV
Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) (1933) e em “Le Modulor” (1950).
Formulou 5 pontos que resumem a sua teoria: “Cinq points de l'architecture moderne”,
publicados na revista que fundou “L'Esprit Nouveau” e em “Vers une architecture” (1923). ⁶
Entretanto o modernismo vai-se internacionalizando, sendo adaptado por arquitetos pelo
mundo fora aos seus contextos locais. Esta é uma arquitetura marcada pela industrialização
e inovações tecnológicas, que se foca na simplicidade e na função, omitindo o ornamento e
utilizando a repetição modular, para obter uma expressão clara. Esta arquitetura é nomeada
estilo internacional, “International Style”, por Henry-Russell Hitchcock e Philip Johnson na
exposição “Modern Architecture: International Exhibition” no Museu de Arte Moderna, em
Nova Iorque, em 1932.
A 2ª Guerra Mundial tem consequências catastróficas em todos os campos. Na arquitetura,
abranda a corrente vanguardista. O racionalismo do modernismo traz consigo a ideia
absolutista que as tecnologias são a solução de todos os problemas, e a guerra refletiu este
pensamento. Tendo terminado a guerra, surge a Team X, em 1954, um grupo de arquitetos
que deram continuidade ao CIAM. Renovam o modernismo, adaptando a Carta de Atenas à
atualidade, ao abordar temas como espaço público, vivência, classes sociais.⁷
Na segunda metade do século XX, a arquitetura valoriza a organização urbana, o bairro e a
vivência do que habita na cidade. Formalmente, toma um rumo organicista, liderado por
Frank Lloyd Wright e Alvar AAlto, e em Portugal Bruno Zevi. Inspirando-se na natureza e
procurando incorporá-la harmoniosamente no construído, a vertente organicista do
modernismo traz de volta as curvas e a irregularidade.⁸

¹ Aula Teórica 1- 27/09/2024


² Aula Teórica 2- 04/10/2024
³ Aula Teórica 3- 11/10/2024
⁴ Aula Teórica 4- 18/10/2024
⁵ Aula Teórica 5- 25/10/2024
⁶ Aula Teórica 7- 22/11/2024
⁷ Aula Teórica 8- 29/11/2024
⁸ Aula Teórica 9- 05/12/2024

2. Enquadramento Particular: a Arquitetura Moderna como Expressão


Artística e a sua Relação com a Pintura
Ao longo da história, a pintura e a arquitetura entrelaçam-se, influenciando-se uma pela
outra, assim como partilhando princípios estéticos, filosóficos e técnicos. Ambas são meios
de moldar a percepção do espaço do ser humano. A pintura explora isto através da
representação ou abstração bidimensional, enquanto que a arquitetura fá-lo através da
criação do próprio espaço habitável e funcional. Partilham questões de plástica, e
percepção de forma e espaço, exploram conceitos partilhados como a proporção, o ritmo, o
vazio, o limite e a luz, e utilizam materiais, texturas e cores na procura intencional de
expressões e sentidos que de forma consciente ou inconsciente influem na arquitetura e
são por ela influenciadas. “A integração da pintura e da escultura na arquitetura e no
desenho urbano constitui uma forma de desencadeador conceptual e de mecanismo de
composição e percepção do espaço.”⁹
A palavra que os gregos utilizavam para se referir ao artista tinha o significado de “imitador”,
pela maior parte da história da humanidade a arte limitou-se à imitação da realidade. No
início do século XX, existe uma reforma no pensamento artístico, impulsionado pelas
mudanças sociais e avanços científicos e tecnológicos. Os princípios tradicionais da arte da
mimese foram abandonados, e começou-se a explorar representações mais abstratas e
experimentais. Na pintura, este pensamento tem a sua génese no impressionismo e vem se
realizar com mais força nos movimentos artísticos que o seguem. A arte deixou de ser
apenas uma janela para a realidade e passou a ser um meio de interpretação, reflexão e
ruptura, caracterizando um período de reconfiguração das formas de ver e pensar.
Sendo o Modernismo uma era que se viu liderada pelos movimentos da vanguarda, em
diversas áreas e incluindo a arquitetura, é de notar a maior velocidade com que as outras
artes, nomeadamente a pintura e a escultura evoluíram, dado a sua materialidade mais
facilmente alcançável.
Na Art Nouveau, que surge no final do século XIX, uma relação direta com as artes
decorativas era o objetivo, incorporando-as nas construções, fundindo-as como um. No
início do século XX, a estética da arquitetura tem mudanças drásticas. Uma rejeição à
doutrina dos estilos e à ornamentação resulta em edifícios de volumes simples, fachadas
lisas, desprovidas de qualquer elemento que não tenha uma função clara. Adolf Loos
(1870-1933), foi dos primeiros arquitetos a projetar obras com uma forma tão simples e
pura. (Fig. 1) As suas obras de habitação, nas fachadas viradas para a rua criam diálogo
com a envolvente, geralmente utilizando a simetria, já as suas fachadas privadas limitam-se
a traduzir a organização dos espaços interiores.
Para Loos, o ornamento era um obstáculo à qualidade da forma, da proporção e da clareza.
Considerava que a Art Nouveau não era nada mais do que um estilo de transição, sendo
que, o verdadeiro estilo digno surgiria quando a arquitetura se visse livre do ornamento.
Mais tarde, as ideias de Loos reapareceram numa outra geração de arquitetos que
procuravam a universalidade no que veio a resultar no estilo internacional.¹⁰ e ¹¹
O expressionismo na sua rebeldia anti racionalista, com formas livres, movimentos bruscos
e “expressivos” teve também o seu lugar na arquitetura. Alguns arquitetos como Erich
Mendelsohn e Michel de Klerk, considerados expressionistas, criaram obras com formas
orgânicas, praticamente escultóricas, que aludem ao movimento dos volumes (Fig. 2).
Com a ruptura do pensamento moderno, de artista como criador se vai materializar de uma
nova maneira. Este conceito é explorado no dadaísmo, onde a arte não se trata nem
mesmo da realização do objeto artístico em si, mas da conceitualização de uma ideia que o
artista cria. Em “Fonte” (Fig. 3), de Marcel Duchamp, a obra não é o mictório colocado ao
contrário, mas o valor artístico que o artista lhe dá, a posição em que coloca o público, ao
observar um objeto banal noutro contexto. A introdução dos ready-mades na arte retira uma
grande característica até agora fundamental, a técnica, já “não é preciso saber pintar para
fazer pintura”. O dadaísmo de Duchamp é uma chamada à sociedade, a ver aquilo que não
se vê, a ouvir aquilo que não se ouve. A arte reside no quotidiano, o trabalho do artista é
encontrá-la e conceitualizá-la, sem “fachadas”.¹²
A arquitetura da década 1920 foi altamente influenciada pelo cubismo, abstracionismo e
neoplasticismo, sendo esta uma era onde a relação entre a pintura e a arquitetura se
tornam mais óbvias. A pintura abstracionista e neoplasticista tem um caráter espacial e
geométrico que os arquitetos traduziram na arquitetura.
Similarmente à arquitetura desta época, a pintura neoplasticista pretendia atingir a essência
dos sentidos, sem pormenores desnecessários, “ornamentos”. Utilizava as linhas ortogonais
e formas geométricas para alcançar universalidade e transcendência. Piet Mondrian
(1872-1944) explora a hierarquia das formas, os limites, conceitos facilmente traduzidos na
arquitetura. As linhas pretas nas obras de Mondrian por vezes não chegam ao limite da tela,
assimilando-se às paredes nas obras de Mies Van der Rohe que também não chegam às
extremidades (Figs. 4 e 5).¹³
Na Casa Rietveld Schröder de Gerrit Rietveld a inspiração destas obras de pintura também
são claras na sua formalidade, desde o seu interior às suas fachadas, a sua formalidade
fê-la uma figura icónica do neoplasticismo. (Fig. 6)
Em Portugal, o modernismo começa a ter influências práticas na arquitetura nos anos 20 e
30, através de vontades de renovação. As referências modernistas portuguesas são
moldadas pelo caráter academista deste país, principalmente no Porto, onde o futuro da
educação era valorizado.¹⁴ A garagem do comércio (Fig. 7), de Rogério de Azevedo, é um
exemplo emblemático do modernismo na arquitetura portuguesa, integrando respostas às
novas demandas urbanas e tecnológicas da época. Situada no coração do Porto, a obra
combina a funcionalidade com uma estética racionalista, linhas simples, volumes puros e
uma ausência de ornamentação. Destaca-se ainda pelo uso de betão armado, material
moderno, e pela atenção à circulação interna, com rampas e soluções técnicas que
otimizam o fluxo de veículos, representando o avanço tecnológico numa fusão entre função
e estética moderna. ¹⁵
O projeto para Casa Cortez (Fig. 8), de Viana de Lima, é um dos primeiros casos onde se
aplicam os 5 pontos de Le Corbusier em Portugal. Com longas janelas e o aproveitando o
espaço exterior em vários momentos, Viana de Lima vem incorporar as influências
europeias do estilo internacional na sua obra.¹⁶

⁹ PINTO, Jorge Cruz, Artes Plásticas, 2008, Archinews nº 07, p. 130


¹⁰ CURTIS, William, The search for new forms and the problem of ornament, 1982, Modern architecture since 1900, pp. 53-72
¹¹ ROCHA, João Álvaro, Uma casa é uma casa e cada casa é uma casa, 2005, Arquitetura Ibérica nº 10 - Habitar, pp 40-43
¹² REIS, Ricardo A. P., A criatividade redimensionada: Duchamp e o acaso criador, 2017, Dédalo 2017, pp. 60-61
¹³ RAMALHEIRA, Samuel, Para além do visível, 2019, Revista MA: Compor, pp. 51-56
¹⁴ GRANDE, Nuno, Debater criativamente a cidade, 2009, Dédalo nº 05, pp. 56-65
¹⁵ FERNANDES, Fátima, Guia da arquitectura moderna Porto, 2002, pp. 44-45
¹⁶ GONÇALVES, Fernando José, Ser ou não ser moderno, 2002, pp. 81-107

3. Crítica: Contemporaneidade e Debate Nacional


A arquitetura contemporânea dos dias de hoje, apresenta uma série de elementos
interligados, que refletem a variedade de influências e interpretações internacionais nela
presentes. Esta expressão é o resultado de uma concentração de fatores diversos, como
transformações sociais significativas, rápidos avanços tecnológicos, preocupações com
problemas ambientais. Estes elementos tornam-na uma arquitetura rica de nuances, ideias
e formalidades ainda mais variadas do que no modernismo.
Para entender a arquitetura contemporânea e as suas manifestações formais, é importante
analisar o movimento modernista do século XX. As rupturas desenvolvidas nesta era, ao
introduzir novas linguagens arquitetónicas funcionais, permitiram a permeabilidade e
diversidade que encontramos na arquitetura contemporânea. As ideias modernistas
continuam a ecoar nas práticas atuais, proporcionando um pano de fundo para refletirmos
sobre a evolução da arquitetura. Incorporando também, novas tecnologias que vieram
redefinir a vida do ser humano.Estas tecnologias, assim como a introdução de novos
materiais, técnicas construtivas e sistemas inteligentes, não só melhoram a funcionalidade
das obras, como ampliam as possibilidades da estética e da percepção do espaço.
Enquanto a fusão de estilos internacionais e regionais enriqueceu a expressão formal da
arquitetura, há uma preocupação com a perda de autenticidade e das especificidades
locais. Na arquitetura portuguesa existe uma relação notável entre a tradição e a
modernidade, onde a estética contemporânea é moldada por um equilíbrio entre as
heranças tradicionais e as demandas de um mundo globalizado. Este equilíbrio reflete-se na
forma como os arquitetos portugueses, desde meados do século XX, têm reinterpretado
elementos vernaculares históricos, ressignificando-os com contextos de tendências
internacionais.¹⁷ e ¹⁸
Tendo em conta os princípios modernistas, é importante analisar como podemos incorporar
a riqueza tradicional deste país numa arquitetura moderna, sem ignorar as ricas heranças
de um Portugal. Podemos criticar a antiga doutrina da mimese que limitou os criativos, mas
eliminar completamente a consideração pelo existente não é prudente, afinal o objetivo da
arquitetura não é a inovação estética. Por isso, é importante perceber o papel da arquitetura
vernacular para a arquitetura do presente, incorporando-a na cidade contemporânea.
As formas e materiais tradicionais, como a pedra, o azulejo e o tijolo, também podem
conferir autenticidade à arquitetura portuguesa, conectando-a à sua paisagem e herança
cultural e histórica. Sendo que essa ligação não deve ser estática. Os arquitetos devem
incorporar esses elementos de maneira contemporânea, reinterpretando-os para atender à
atualidade e ao contexto em que se inserem.
A arquitetura de hoje herda o sensacionalismo do modernismo, a busca pela “novidade”, por
criar novas formas, como se isso fosse mais importante do que criar obras mais humanas e
habitáveis. Isto é, numa procura pela suposta funcionalidade, os arquitetos acabam por se
perder no sensacionalismo de inovações chamativas que não refletem a sociedade que as
vão habitar. “Em consequência da experimentação e novidade, milhares de famílias são
condenadas a viver em edifícios e bairros terríveis durante anos.” Talvez falte ao arquiteto
colocar-se nos pés do público para o qual projeta a sua obra.
Isto aplica-se à estética, no sentido que a expressão formal da arquitetura, às vezes faz um
percurso circular onde volta a focar-se no exagero do impressionante. Com o crescimento
da importância dos media, a busca de relevância é incessante em todas as áreas e a
arquitetura não é imune à circunstância.¹⁹ e ²⁰

¹⁷ BANHAGA, José, Tradição e sustentabilidade, 2005, Arquitetura Ibérica nº 7- Tradição e sustentabilidade pp. 24-38
¹⁸ CUNHA, Fábio, O mercado do bolhão: entrevista a Joaquim Massena, 2009, Dédalo nº 05, pp. 40-52
¹⁹ BISMARCK, Pedro Levi, Falta a arquitetura, 2020, Revista MA: Inverter, pp. 46-35
²⁰ BANHAGA, José, Tradição e sustentabilidade, 2005, Arquitetura Ibérica nº 7- Tradição e sustentabilidade pp. 24-38

4. Conclusão
O modernismo, com a sua ruptura em relação às tradições e sua ênfase na funcionalidade e
universalidade, foi crucial para abrir caminho às possibilidades criativas e tecnológicas que
definem a arquitetura atual. No entanto, a contemporaneidade enfrenta o desafio de
equilibrar inovação e identidade, globalização e regionalismo, e impacto estético com
responsabilidade social e ambiental.
Tendo me guiado pelo plano de desenvolvimento realizado, mas sem querer fugir dele
quando achei pertinente, o ensaio realizado aborda as expressões da arquitetura,
relacionando-os com os movimentos artísticos. E na crítica, aborda dois temas a apontar à
estética da arquitetura contemporânea e como podemos ter em conta o modernismo ao
fazê-lo.
Fig. 1- LOOS, Adolf, Villa Steiner, Viena, 1910

Fig. 2- DE KLERK, Michel, Häuserblock Vrijheidslaan, Amsterdam, 1921

Fig. 3- DUCHAMP, Marcel, Fountain, 1917

Fig. 4- MONDRIAN, Piet, Composition with Large Red Plane, Yellow, Black, Gray and Blue, 1917
Fig. 5- ROHE, Ludwig Mies van der, Planta de Backsteinhaus, 1923

Fig. 6- KUPER, Marijke, fotografias do livro De Stoel van Rietveld: Rietveld's Chair, 2012

Fig. 7- DE AZEVEDO, Rogério, Garagem do comércio, Porto, 1928

5. Referências
VAN EYCK, Caroline , Classical rhetoric and the visual arts in early modern europe, 2007,
pp 23-28
CURTIS, William, Modern architecture since 1900, 1982, pp. 53-71, 149-162, 163-183
FERNANDES, Fátima, Guia da arquitectura moderna Porto, 2002, pp. 44-45
GONÇALVES, Fernando José, Ser ou não ser moderno, 2002, pp. 81-107
CUNHA, Fábio, O mercado do bolhão: entrevista a Joaquim Massena, 2009, Dédalo nº 05,
pp. 40-52
GRANDE, Nuno, Debater criativamente a cidade, 2009, Dédalo nº 05, pp. 56-65
MINTO, António, A sustentável leveza da instalação, 2010, Dédalo nº 07, pp. 72-73
REIS, Ricardo A. P., A criatividade redimensionada: Duchamp e o acaso criador, 2017,
Dédalo 2017, pp. 60-61
PINTO, Jorge Cruz, Artes Plásticas, 2008, Archinews nº 07, pp. 130-131
BANHAGA, José, Tradição e sustentabilidade, 2005, Arquitetura Ibérica nº 7- Tradição e
sustentabilidade pp. 24-38
ROCHA, João Álvaro, Uma casa é uma casa e cada casa é uma casa, 2005, Arquitetura
Ibérica nº 10 - Habitar, pp. 40-43
RAMALHEIRA, Samuel, Para além do visível, 2019, Revista MA: Compor, pp. 51-56
BISMARCK, Pedro Levi, Falta a arquitetura, 2020, Revista MA: Inverter, pp. 46-35
DE SOUSA, Tiago Teixeira, Romper como ato de continuar, Revista MA: Romper, pp. 49-51

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