Consenso Do ILSI Brasil Sobre Vegetarianismo Final
Consenso Do ILSI Brasil Sobre Vegetarianismo Final
ILSI BRASIL
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-86937-44-2
24-222768 CDD-613.262
Índices para catálogo sistemático:
AUTORES
4
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 6
2. DEFINIÇÃO DE VEGETARIANISMO 8
3. HISTÓRIA DO VEGETARIANISMO 11
5
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
1. INTRODUÇÃO
Figura 1. Distribuição das dietas à base de plantas (consumo de frutas, legumes e ver-
duras) de acordo com o consumo de carne.
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
2. DEFINIÇÃO DE VEGETARIANISMO
b. O risco para ingestão insuficiente aumenta com o grau de restrição dietética e se certos alimentos à base
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Se produtos animais foram inclu dos, com ual fre u ncia? specifi ue:
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
3. HISTÓRIA DO VEGETARIANISMO
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Jonathan Wright, quando deixou a Inglaterra sob a ameaça do reinado para se juntar
ao seu cunhado Willian Metcalfe na Filadélfia. Em 1850, estabeleceu-se a Sociedade
Americana de Vegetarianismo.
A influência do cristianismo radical no século XIX originou o vegetarianismo na Grã-
-Bretanha e EUA, e, posteriormente em outros países. Representantes que se aventuraram
longe da Grã-Bretanha e comunidades vegetarianas eram evidentes, como por exemplo,
os Adventistas do 7º dia. Notável praticante dessa religião foi o Dr. John Harvey Kellogg,
pregador e fundador do processo industrial dos cereais matinais. Na década de 1880, res-
taurantes vegetarianos se tornaram populares, oferecendo refeições acessíveis e nutritivas.
A história do vegetarianismo seria incompleta sem mencionar a contribuição de
Mahatma Gandhi, que escreveu extensamente sobre esse tópico no século XX. Vege-
tarianismo foi o ponto central da sua vida, sendo plasmado pela vida ascética da sua
mãe, ideologia política e hinduísmo.
Devido a generalização da falta de alimentos durante a 2ª Guerra Mundial, os
britânicos eram encorajados a “cavar a vitória” e colher suas próprias frutas e verduras.
A dieta semi-vegetariana sustentou a população e a saúde dos britânicos melhorou
durante os anos de guerra. Em 1945, estimava-se a existência de 100.000 vegetarianos
no Reino Unido. Esse cenário atualmente é de cerca de dois milhões de pessoas. Em
seguida, na década de 50 e 60, o público geral se tornou amplamente preocupado
com a agricultura, que fora introduzida ao Reino Unido nos anos precedentes. O ve-
getarianismo também atraiu a contra-cultura em meados de 1960, à medida que as
influências orientais permearam a cultura popular ocidental. A década de 70 passou
sob uma atenção acadêmica em volta da ética do bem-estar animal, com o livro “Li-
bertação Animal” de Peter Singer em 1975, que debateu sobre o movimento contra a
experimentação em animais e agricultura.
Durante os anos 80 e 90, maior influência do vegetarianismo se deu por conta
do tema do impacto ambiental do homem na Terra. Problemas ambientais dominaram
as manchetes e estiveram em primeiro plano na política. Vegetarianismo foi visto como
parte do processo de mudança e conservação de recursos. Em meados de 1990, preo-
cupações reais com a saúde foram levantadas quando se percebeu que certos produtos
cárneos estavam infectados e causavam doenças como a doença da vaca louca, listeriose
e salmonelose. Desde os anos 1980, a consciência popular se tornou focada no “viver
saudável”. Consequentemente, o consumo de carne reduziu, e assim milhões de pes-
soas se tornaram vegetarianas no mundo ocidental, como alternativa promover saúde.
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Não são todos os vegetarianos ou àqueles que aderem DBP que são motivados
para evitar produtos animais, alguns podem apresentar certas aversões e limitações
ao consumo desses produtos. Os vegetarianos apresentam diferentes razões para a
sua adoção. Dentre elas, são frequentemente relatadas aversão a carne, crenças reli-
gio- sas, ações de sustentabilidade e preocupações com animais, saúde e ambiente.17
Outras razões também incluem o desejo para perder peso, preferencias ao sabor, eco-
nomizar dinheiro e interesses políticos.
Diferentes razões para a adoção das dietas abrangem o espectro das motiva-
ções, aversões e limitações, sendo cada uma definida por características distintas.18
As motivações vegetarianas dependem do grau de percepção das escolhas ali-
mentares individuais.18 A maioria dos vegetarianos enxergam suas escolhas alimenta-
res como benefício às vidas dos animais, melhoria para a sua própria saúde, combate
a degradação ambiental, ou por princípios religiosos. Esses exemplos representam
metas que estimulam os comportamentos alimentares.
Por outro lado, alguns vegetarianos relatam não gostar ou não aceitar o sabor
da carne considerando as razões para suas escolhas alimentares. Evidências têm mos-
trado que vegetarianos moralmente motivados apresentam elevado sentimentos de
desgostos à carne.18,19 A não aceitação e as preferências pelo sabor relacionadas aos
processos sensoriais constituem aversões ao estímulo ao invés de motivações. Essas
aversões não fornecem aos indivíduos senso de aspiração em suas escolhas alimenta-
res, e tão pouco significado de significância da vida além da dieta - duas características
concebidas de modo integral para as características de motivação vegetariana.
Por sua vez, limitações constituem um terceiro tipo de razão. Definido como bar-
reiras ambientais que inibem a habilidade individual para realizar livremente as esco-
lhas alimentares.18 Limitações se caracterizam pelas circunstâncias nas quais as pesso-
as realizam escolhas de alimentos vegetais, sem rejeitar uma oportunidade clara para
fazer o contrário. Neste cenário, os indivíduos são incapazes de delinear seus desejos
intrínsecos e metas futuras ao decidirem o que comer. Algumas pessoas adotam dietas
vegetarianas devido às limitações financeiras ou influência de amigos e familiares.
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Macronutrientes e Energia
O tipo de vegetarianismo escolhido implica diretamente na quantidade e na
qualidade da oferta de macronutrientes. Quanto mais restrita a dieta, principalmente
com restrição total de alimentos de origem animal, maior risco de inadequação nutri-
cional. Na faixa etária pediátrica, a restrição de macronutrientes específicos pode com-
prometer o crescimento físico e o desenvolvimento neuropsicomotor. O risco de danos
irreversíveis tem levado sociedades de nutrição a não recomendar dietas veganas para
lactentes, crianças e adolescentes.20
Estudo alemão (VeChi Diet Study)21 comparou o padrão alimentar de energia
e proporção de macronutrientes entre três grupos de crianças com idade entre 1 e 3
anos (vegetarianas, veganas e onívoras). O consumo de carboidratos e fibras foi maior
no grupo vegetariano e vegano. Em relação à gordura, os veganos apresentam valor
energético total menor (30%), os vegetarianos e onívoros apresentaram valores signifi-
cantemente maiores (32,3% e 36,4%, respectivamente). O consumo de gordura satura-
da foi maior no onívoro comparado com os demais grupos e os veganos apresentaram
maior consumo de gorduras poliinsaturadas. Apesar do achado de algumas diferenças
estatísticas, não foi possível avaliar o impacto destas diferenças a médio e longo prazo.
Lipídios
Qualquer tipo de dieta vegetariana atinge a necessidade dietética diária de áci-
do graxos essencial ômega-6–ácido linoleico (LA - C18:2n6), pois há elevada variedade
de alimentos fontes como nozes, sementes, vegetais e óleos (soja, girassol e milho). No
entanto, o ácido graxo essencial ômega-3 – ácido linolênico (ALA - C18:3n3) não possui
muitas opções de alimentos fonte e óleos vegetais (soja, canola, linhaça, noz inglesa,
semente de cânhamo e chia).
O ácido graxo ômega-6 – ácido araquidônico (ARA - C20:6n6) pode ser consu-
mido via tecido muscular de animais, enquanto os ácidos graxos ômega-3 - ácido eico-
sapentaenoico (EPA- C21:5n3) e ácido docosahexaenóico (DHA - C22:6n3) são encon-
trados em peixes marinhos, como salmão, atum, cavala, bacalhau, sardinha e arenque.
Os dois ácidos graxos essenciais (ômega-6 e ômega-3) são dependentes das mesmas
enzimas (desaturases e enlongases) para produzir seus componentes bioativos ARA
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
(ômega-6) e EPA e DHA (ômega-3). Desta forma, ocorre competição substrato depen-
dente e risco de deficiência de ácidos graxos ômega-3, pois a maioria das dietas ve-
getarianas e veganas apresenta maior quantidade de ácidos graxos ômega-6, portan-
to a relação ômega-6/ômega-3 apresenta-se desequilibrada com maior produção de
ARA. Consequentemente, a baixa ingestão DHA e EPA acarreta baixas concentrações
teciduais, que podem estar relacionadas com fatores de risco de doenças crônicas
não transmissíveis.22 Mesmo com a adequada a ingestão de alimentos ricos em ácidos
graxos ALA, a conversão de ALA em EPA e DHA pode ser reduzida por características
genéticas e fatores epigenéticos além da competição enzimática por excesso de áci-
dos graxos da família ômega-6 (LA).23,24 Além disso, a ingestão de gordura trans inibe
síntese de ácido graxo longo ômega-3 (DHA) proveniente de ALA.25
Para manter a relação ômega-6/ômega-3 e favorecer a conversão de ALA em
DHA e EPA, deve-se restringir a ingestão de óleos ricos em ômega-6, gordura trans
(margarinas) e óleos de coco e palma (maior quantidade de gordura saturada).26 O
consumo de óleo de oliva parece não afetar a relação ômega-6/ômega-3, se utilizado
concomitantemente óleo fonte de ALA, como óleo linhaça, pois possui apenas ácido
graxo essencial ômega-6-LA (Quadro 2).27
Nas fases de crescimento acelerado, principalmente durante os primeiros mil
dias, sabe-se da importância dos ácidos graxos ômega-3 - DHA no desenvolvimento
estrutural neurológico, cognitivo e visual.28 Estudo indica elevada ingestão de LA e ALA
na dieta vegana de lactantes, mas baixo consumo de DHA e EPA.29 Comparando-se o
leite materno de mães vegetarianas e onívoras, observou-se maior quantidade de LA
e ALA, mas sem diferença na quantidade de ARA, EPA e DHA.30,31 Durante a gestação
e a lactação, recomenda-se suplementação de DHA, caso não ocorra o consumo de
quantidade de DHA por fonte alimentar. Recomenda-se que a lactante e gestante ve-
gana consuma microalgas como fonte DHA, mas a possibilidade de contaminação por
mercúrio e outros metais pesados deve ser verificada.32-34 Nos lactentes, não se deve
restringir o valor energético de gordura, que deve ser pelo menos 40% da ingestão
de macronutrientes, pois influencia o crescimento, mas se deve atentar quanto a re-
lação ômega-6/ômega-3.35 Durante a amamentação, com orientação nutricional ma-
terna adequada ou uso de fórmula infantil, o lactente está seguro quanto ao consumo
suficiente de gorduras ômega-3 no primeiro semestre de vida. Ao introduzir alimenta-
ção complementar, em vigência de aleitamento materno ou fórmula infantil, o lactente
deve receber duas porções por dia de alimentos ricos em ômega-3, com conteúdo res-
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trito de fibra. Recomenda-se consumo de óleos ricos em ALA, como linhaça, canola e
soja (Quadro 2). Os grãos possuem quantidade de fibras elevadas, o que pode reduzir
a biodisponibilidade da gordura ômega-3.
Estudo com crianças finlandesas, com idade média de três anos e meio, identifi-
cou alta ingestão de ácido graxo ômega-3 - ALA e baixa concentração sérica de EPA e
DHA nas crianças veganas. Por outro lado, observou-se maior quantidade de colesterol
total, LDLc e HDLc em crianças onívoras e vegetarianas comparadas com as veganas.36
l ico C16: 13 11 e e 13 11 1 11 4 9
e ico C18: 3 2 2 2- 2- 49 3 83 9
LA C18:2ω-6 1 8 68 8 48-6 1 -3 4 3 18 8 46 16
ALA C18:3ω-3 1 1 1 1 o 9 e 1 28 4 3
GLA C18:3ω-6 A A A A A o 22 1 11 A A
SDA C18:4ω-3 A A A A A 1 -3 1 12 A A
NA: sem referência (valores muito baixos para mensurar); T: Transgênico; ω-3: ômega-3; ω-6: ômega-6; ω-9: ômega-9.
LA: ácido linoleico; ALA: ácido linolênico; GLA: ácido gama linoleico; SDA: ácido estearônico.
Proteinas
A quantidade de aminoácidos essenciais em única fonte proteica animal é maior
do que a encontrada em fontes vegetais, como os cereais que não possuem lisina na
sua composição proteica (Quadro 3).
Nas dietas veganas, as principais fontes vegetais proteicas são feijão, grãos, no-
zes, sementes e vegetais de folhas verdes. Elas possuem 20 aminoácidos, inclusive os
9 essenciais.37 Por isso, alguns autores defendem que soja e seus derivados, pseudoce-
reais (trigo sarraceno, quinoa e amaranto), tremoço, espinafre e sementes de cânhamo
possuem a proporção de aminoácidos essenciais semelhantes as fontes animais.38,39
O aminoácido essencial lisina não está presente em quantidade suficiente em fon-
17
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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19
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Fibras
Os alimentos vegetais são ricos em fibras. As fibras solúveis são fermentadas
pelas bactérias acarretando efeitos benéficos à saúde, mas fibras insolúveis são com-
ponentes não digeríveis pelas enzimas do sistema digestivo e, consequentemente au-
mentam volume do bolo alimentar.39
Em fases de crescimento acelerado, como nos primeiros anos de vida, crianças
veganas podem consumir até três vezes mais fibras do que o recomendado. No estô-
mago, as fibras insolúveis interferem na absorção de proteína e gordura, acarretando
redução da densidade energética das refeições e aumento da saciedade.47-49 Além dis-
so, a maior quantidade de fibras na alimentação pode reduzir a biodisponibilidade de
alguns micronutrientes e, consequentemente, comprometer o adequado crescimento
físico e desenvolvimento neuropsoicomotor.39
As refeições de crianças veganas, principalmente do lactente, devem ser con-
troladas na quantidade de fibras. Alimentos sem fibras, como tofu, iogurte de soja,
algumas frutas e legumes devem ser preferidos.39 Recomenda-se a ingestão diária de
0,5 g/kg de fibra alimentar ou segundo a fórmula: idade em anos + 5 = quantidade de
fibras em gramas (máximo de 25 gramas).12
Micronutrientes: minerais (ferro, zinco, cálcio e iodo) e vitaminas (A, B2, B9, B12 E D)
As vitaminas e os minerais são os principais representantes dos micronutrientes,
que são definidos como elementos essenciais ao bom funcionamento do organismo,
requeridos em pequenas quantidades e ingeridos na alimentação diária.
Os minerais são amplamente encontrados na natureza e participam de impor-
tantes processos orgânicos. Aqueles com concentrações superiores a 0,01% do peso
corpóreo são denominados macrominerais (p.ex., cálcio, magnésio e fósforo) e aque-
les com concentração corpórea igual ou abaixo deste valor são denominados ele-
mentos-traço ou oligoelementos (p.ex., ferro, sódio, cloro, cobre, selênio, potássio,
cromo, manganês, zinco, flúor e iodo). Por sua vez, as vitaminas têm grande atividade
biológica e atuam como coenzimas e antioxidantes. Elas são classificadas quanto a sua
solubilidade em lipossolúveis (A, D, E, K) e hidrossolúveis (Complexo B e C). Embora al-
gumas de suas ações não sejam muito bem reconhecidas, estes micronutrientes estão
relacionados a inúmeras atividades metabólicas corporais.50-52
São muitos os fatores que influenciam as necessidades dietéticas de micronu-
trientes e podem determinar estados de carência ou excesso: a biodisponibilidade, a
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Ferro
A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia na infância, proporciona-
da principalmente pela sua ingestão insuficiente para suprir a demanda requerida pela
síntese da hemoglobina e eritrócitos.55,56 O ferro é um nutriente essencial para vários
processos metabólicos no organismo, como a transferência de elétrons, metabolismo
oxidativo, produção de energia, função mitocondrial, replicação e reparo de ácidos
nucléicos e produção de neurotransmissores.57,58
Este mineral existe em dois estados oxidativos estáveis: a forma ferrosa (Fe++) ou
heme e a forma férrica (Fe+++) ou não heme, que são absorvidos por mecanismos dife-
rentes e apresentam biodisponibilidades distintas. A forma férrica deve ser convertida
na luz intestinal para sal ferroso, a fim de ser absorvida. Essa conversão é facilitada por
fatores endógenos, como a presença do ácido clorídrico, ou por constituintes da dieta
considerados fatores facilitadores como ácido ascórbico, frutose, citrato, carotenoides,
alguns aminoácidos (cisteína, lisina e histidina) e vitamina A.
A absorção do ferro não heme pode ser prejudicada pela presença de fatores
inibidores, como fitatos (ou ácido fítico), presentes nos cereais (aveia, farelos de trigo e
arroz) e sementes de leguminosas, sais de cálcio e fósforo, presentes nos hidrolisados
proteicos da soja e nas proteínas do leite e do ovo (fosfoproteína), compostos fenólicos
(flavonóides, ácidos fenólicos e tanino) presentes nos vegetais, na cebola e nas bebidas
como achocolatados, chás, cafés e refrigerantes.
Em resumo, o ferro heme deriva da hemoglobina, mioglobina e outras hemepro-
teínas presentes em alimentos de origem animal, especialmente nas carnes, vísceras,
aves e peixes. Esta forma tem elevada biodisponibilidade (10 a 30% de absorção) e não
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
lentilhas, grão de bico, abóboras secas, sementes de abóbora, castanha de caju, semen-
tes de girassol, tahine, cereais fortificados, batatas assadas (incluindo pele).66
Em conjunto, tais medidas podem fornecer quantidade suficiente de ferro bio-
disponível na dieta. Porém, parte dos vegetarianos é contrário ao uso de alimentos
processados e preferem o consumo de alimentos crus e não refinados, o que pode le-
var a deficiência de ferro, pois, embora em maior quantidade, o ferro desses alimentos
tem menor biodisponibilidade.54,61
Crianças vegetarianas devem ser avaliadas de forma habitual sobre o seu estado
de ferro que, na prática, se faz pela determinação da hemoglobina, ferritina sérica,
ferro sérico, transferrina e saturação da transferrina.54 Marcadores mais recentemente
utilizados incluem a determinação do receptor solúvel da transferrina (sTfR), que não se
modifica diante processos inflamatórios, e a determinação da hepcidina.54,67
Em 2017, estudo na Polônia com crianças pré-púberes de 5 a 9 anos de idade,
onívoras e vegetarianas, observou ingestão de ferro semelhante entre os grupos, assim
como os parâmetros hematológicos, níveis de transferrina e as concentrações de ferro
sérico estiveram dentro da faixa de referência em ambos. No entanto, as concentra-
ções de ferritina foram significantemente menores nos vegetarianos.67
Zinco
O zinco participa de diversos processos enzimáticos, sendo componente essen-
cial de enzimas responsáveis pelo equilíbrio metabólico. Por promover rápido turnover
celular, é essencial ao crescimento, particularmente em tecidos como ossos, pele e
cabelo.50-52 Sua ação biológica no crescimento, no desenvolvimento cognitivo, na repa-
ração tissular e na replicação celular torna o elemento de grande importância para o
organismo, particularmente para o sistema imunológico.50,68
O zinco tem função estrutural, enzimática e reguladora, sendo necessário para
síntese proteica, replicação de ácidos nucleicos, divisão celular, metabolismo da so-
matomedina, modulação da prolactina, ação da insulina e hormônios do timo, tireoide,
suprarrenal e testículos. É essencial para o funcionamento de linfócitos e fibroblastos,
tornando-o importante na imunidade e cicatrização.50,54,68
A deficiência adquirida habitualmente se associa a níveis baixos de zinco ao nasci-
mento, perdas durante episódios de doença diarreica, fases do crescimento com elevada
demanda, práticas inadequadas da alimentação complementar e uso de dietas vegetaria-
nas com baixa biodisponibilidade.68 Os sinais de deficiência incluem retardo de crescimento,
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Cálcio
O cálcio constitui aproximadamente metade do conteúdo mineral do corpo. Os
ossos e dentes, principais reservatórios corporais, são formados na sua quase totalidade
por sua forma orgânica. Este mineral tem várias funções fisiológicas essenciais, sobretu-
do ligadas ao crescimento, assim como a muitos processos incluindo coagulação san-
guínea, comunicação celular, exocitose, endocitose, contração muscular e transmissão
neuromuscular. Sua ingestão adequada é essencial para o aumento da massa óssea e
diminuição do risco de fraturas na adolescência e de osteoporose na senilidade.12,50,51,73
Dietas com teores inadequados de cálcio ou o comprometimento da capacidade
de absorção por tempo prolongado podem levar a alterações do crescimento e sintomas
de raquitismo semelhantes àqueles associados à deficiência de vitamina D em crianças.50,74|
O leite e os derivados são a principal fonte de cálcio. Vegetais folhosos verde es-
curos, algumas frutas e oleaginosas também são fontes do mineral, no entanto, pela bai-
xa biodisponibilidade, não são considerados como substitutos adequados dos alimentos
lácteos.50,51 A presença de oxalatos (encontrados em frutas, vegetais, legumes e grãos)
e fitatos (encontrados em cereais com alto teor de fibra, legumes e sementes) na dieta
reduz a biodisponibilidade do cálcio.64,66. Apesar disso, há boas fontes vegetais de cálcio:
brócolis, repolho, couve, nabo, quiabo, produtos fortificados de soja (bebidas à base de
soja, iogurtes, tofu, tempeh), cereais fortificados, figo seco, amêndoas, tahine com ger-
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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Iodo
O iodo é componente essencial na formação dos hormônios tireoidianos tiro-
xina (T4) e tri-iodotiroxina (T3). Peixes e outros animais marinhos são boas fontes do
mineral. O teor de iodo nos alimentos é variável e dependente das características do
solo. A principal fonte de iodo na nutrição é o sal de cozinha enriquecido, iniciativa
isolada de maior eficácia na prevenção da sua carência.51,52,78
Sal iodado, vegetais marinhos e alguns alimentos à base de cereais são a melhor
fonte de iodo para os veganos. Laticínios e gemas de ovo são opções nas demais die-
tas vegetarianas. As algas marinhas comestíveis podem ser uma importante fonte de
iodo. No entanto, como seu conteúdo é altamente variável, assim como o de arsênico,
devem ser usados com cautela em lactentes e crianças pequenas.53
Lightowler et al. (1996) afirmaram que um número limitado de estudos foi realiza-
do com iodo e dieta vegetariana. Os resultados desses estudos indicam que os vega-
nos não estão apenas em risco de baixa ingestão de iodo, mas também de consumos
excessivos, especialmente se assumem alguma forma de suplemento dietético. Investi-
gações sobre o conteúdo de iodo de dietas veganas e as consequências em curto, mé-
dio e longo prazo da deficiência e toxicidade ainda são escassas.78 Mais recentemente,
estudo realizado na Noruega e publicado em 2018, avaliando crianças, adolescentes,
grávidas, idosos, lacto-ovo-vegetarianos e veganos, demonstrou ingestão inadequada
de iodo em idosos, grávidas, mulheres em idade fértil e veganos. Crianças em geral
tiveram a maior probabilidade de ingestão adequada de iodo (82%) enquanto as vega-
nas apresentaram o menor percentual (14%).79
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Vitamina A
A vitamina A atua na formação e crescimento dos tecidos, na construção óssea, no
desenvolvimento embrionário, na diferenciação das células do sistema imune, na forma-
ção de glicoproteínas e como componente do ciclo visual. Sua deficiência causa proble-
mas na visão, hiperqueratose folicular, prejuízo na imunidade e no crescimento físico.80
Nos alimentos de origem animal, a vitamina A está presente na forma de retinol,
um composto de alta biodisponibilidade. Já em alimentos de origem vegetal, podem-se
encontrar os carotenoides, que são precursores da vitamina A que devem ser hidrolisa-
dos a retinal e convertidos em retinol para serem utilizados pelo organismo. Estes com-
postos, presentes em vegetais e frutas alaranjados e vegetais verde-escuros, podem ser
convertidos em vitamina A em pequenas quantidades e, por serem compostos lipossolú-
veis, dependem da ingestão concomitante de lipídios para serem absorvidos.80
Apesar do risco de deficiência, uma dieta vegana bem balanceada e com boa
ingestão de vegetais e frutas alaranjadas potencialmente atinge as recomendações de
ingestão necessárias para atender a demanda metabólica.
Vitamina B2
A riboflavina ou vitamina B2 é uma vitamina hidrossolúvel e estável ao calor, que
auxilia na metabolização dos lipídeos, proteínas e carboidratos em glicose para fonte
de energia. Atua como um antioxidante para o funcionamento adequado dos sistemas
imunológico e nervoso, na manutenção da integridade de mucosas, pele e olhos, e
auxilia no desenvolvimento físico e na reprodução.80
São excelentes fontes de riboflavina: leite, produtos lácteos, ovos, carnes (especial-
mente miúdos) e peixes gordurosos. Os cereais integrais, feijões e certas frutas e vegetais
verde-escuros também contêm concentrações relativamente altas, embora tenham menor
quantidade de riboflavina livre, forma que é absorvida no intestino delgado.80
A microbiota do intestino grosso produz vitamina B2, que pode ser aproveitada
pelo organismo humano. No entanto, mudanças na sua composição podem afetar se-
veramente nossas necessidades dietéticas, uma vez que grande parte desta vitamina
produzida na luz intestinal pode ser absorvida pelos microrganismos intestinais não
produtores, que competem com o hospedeiro.81
Dessa forma, mesmo uma criança em dieta vegana potencialmente não apresentará defici-
ência de riboflavina se receber uma dieta que contenha alimentos com esta vitamina na sua compo-
sição, que seja equilibrada e que efetivamente promova uma microbiota intestinal saudável.
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Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Vitamina B12
A vitamina B12 é um nutriente crítico em potencial, porque fontes naturais dessa
vitamina são alimentos de origem animal. Apesar de poder ser encontrada em algumas
algas ou fungos, tem biodisponibilidade limitada. Cerca de 2.000 mcg podem ser ar-
mazenados no fígado, porém essa reserva dura apenas alguns anos, sendo insuficiente
para suprir as necessidades por um longo período de vida. A biodisponibilidade de
absorção no intestino delgado varia entre 10 e 60%, sendo maior quando essa vitamina
é ingerida em pequenas quantidades e de forma fracionada.9,80,85
Na deficiência de vitamina B12, pode ocorrer anemia megaloblástica, elevação
dos níveis de homocisteína (fator de risco à saúde cardiovascular), fraqueza, prejuízo
de raciocínio, irritabilidade e desmielinização. Sabe-se também, que a alta ingestão
de ácido fólico pode mascarar os sintomas da deficiência de vitamina B12. Assim, a
investigação pode ser feita por meio dos níveis de homocisteína, ácido metilmalônico
e holotranscobalamina II.85
29
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
30
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
As necessidades de vitamina B12 variam entre 0,4 e 2,4 mcg/dia na faixa etária
pediátrica. Como os alimentos fonte são de origem animal, ela deve ser suplementada
em pessoas de todas as faixas etárias que seguem uma dieta vegana estrita sem con-
sumir produtos de origem animal.14,35,95
Vitamina D
A vitamina D desempenha importantes papéis na modulação do sistema imune,
expressão gênica e no metabolismo do cálcio e fósforo. Além disso, atua na regulação
da pressão arterial, da secreção de insulina e de hormônios tireoidianos, do transporte
de cálcio através da placenta e da concentração de cálcio no leite materno. A deficiên-
cia deste nutriente causa raquitismo em crianças, problemas de mineralização óssea e
suscetibilidade a fraturas e hipocalcemia.80
A vitamina D está diretamente relacionada com a exposição solar. No entanto,
o estilo de vida moderno (falta de tempo e indisponibilidade de espaços abertos) e a
necessidade de prevenção das doenças de pele associadas aos raios ultravioleta têm
prejudicado essa exposição. Especificamente em dietas veganas, a ingestão de vitami-
na D pode ser consideravelmente menor, uma vez que esse nutriente está presente em
alimentos de origem animal, principalmente leite e derivados, mas também na gema
de ovos e em peixes gordurosos. Em casos de baixa exposição solar e baixa ingestão
de vitamina D em alimentos, a suplementação é recomendada.9,96
31
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
32
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
nido para cada paciente, dos seguintes grupos: grãos, alimentos ricos em proteínas,
vegetais, frutas, oleaginosas, lipídeos, alimentos ricos em cálcio e alimentos ricos em
ômega-3. Nesse guia, recomenda-se a manutenção do aleitamento materno, uma vez
que ele é considerado de boa qualidade mesmo em mães vegetarianas, mas com es-
pecial cuidado durante a introdução da alimentação complementar.
Sugere-se que se evite o excesso de fibras para evitar saciedade precoce e pro-
blemas de absorção, o que pode ser obtido com a escolha de vegetais refinados e sem
pele. Deve-se atentar para a adequada oferta de lipídeos e calorias. Para as crianças não
amamentadas, devem-se usar fórmulas infantis à base de proteínas vegetais. Após um
ano de idade, todas as crianças poderiam, segundo esse documento, seguir as regras
gerais do “The VegPlate Junior”, mantendo-se cuidado com deficiência de cálcio, vita-
mina D, ácidos graxos ômega-3 e vitamina B12, ferro, proteínas e com o excesso de fibras.
No ano anterior, em 2017, a Sociedade Italiana de Nutrição Humana havia publicado um
posicionamento,84 em que reconhecia que, de uma forma geral, crianças pré-escolares
vegetarianas apresentavam crescimento adequado, sugerindo-se monitoramento mais
rígido daquelas em dietas macrobióticas por terem sido relatados estudos com cresci-
mento inferior. O documento sugeria cuidado com a vitamina B12, cálcio e ômega-3.
A Academia de Nutrição e Dietética (AND) dos EUA publicou um posicionamen-
to em 2016 que recomenda aleitamento materno exclusivo até os 6 meses ou fórmulas
adequadas quando ele não for possível.1. A alimentação complementar deve ser rica
em energia, proteínas, ferro, zinco e pode incluir homus, tofu, legumes bem cozidos e
abacate. Bebidas vegetais fortificadas podem ser iniciadas após 1 ano de idade, mas
com cuidado, pois podem conter açucares e aditivos. A AND ressalta que as dietas
vegetarianas têm efeito protetor para o desenvolvimento da obesidade, entretanto
atenção deve ser dada ao ferro, zinco e vitamina B12. Para alguns casos, a depender do
substituto lácteo escolhido, também deve haver preocupação com cálcio e vitamina D.
O estado nutricional de vitamina B12 deve ser monitorado e sugere-se o uso de alimen-
tos fortificados com essa vitamina.
Em 2017, o Departamento de Nutrologia da SBP destacou como pontos principais:12
• Mães vegetarianas devem ser estimuladas a amamentarem ao seio até 2 anos
de idade ou mais, sendo de forma exclusiva até os 6 meses; naqueles casos em que o
aleitamento ao seio não for possível, a opção deve ser feita por fórmulas à base de pro-
teínas vegetais, como arroz (em qualquer idade) ou soja (apenas a partir dos 6 meses);
• Mães vegetarianas devem dar especial atenção à ingestão adequada de ácidos
33
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
graxos essenciais, folato, ferro, zinco e vitamina B12 durante a gestação e a lactação;
• A alimentação complementar deve seguir as regras gerais já bem estabeleci-
das para essa prática, mas levando-se em conta que o período de desmame se confi-
gura em momento particularmente sensível, em que os cuidados com calorias e micro-
nutrientes devem ser redobrados;
• Como regra geral, o documento ressalta que na maioria dos casos apenas a
orientação nutricional não é suficiente, devendo-se suplementar os nutrientes em risco
de deficiência como: cálcio, ferro, zinco, vitaminas D, B1, B2, B6 e B12.
Em 2016, a Sociedade Alemã de Nutrição20 reconheceu que, em uma dieta pu-
ramente vegetal, a oferta suficiente é difícil ou impossível para alguns nutrientes, sendo
a vitamina B12 o nutriente mais crítico. Outros nutrientes potencialmente críticos em
uma dieta vegana incluem proteínas e aminoácidos essenciais, ácidos graxos ômega-3
e outras vitaminas (riboflavina, vitamina D) e minerais (cálcio, ferro, iodo, zinco, selênio).
Para lactentes, crianças e adolescentes, uma dieta vegana não é recomendada, mas
aqueles que desejam seguir dieta vegana devem tomar permanentemente suplemen-
to de vitamina B12, alimentos fortificados e suplementos nutricionais.
Em documento de 2017, que trata da alimentação complementar, a Sociedade
Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) incluiu uma parte
especial para falar de dietas veganas e vegetarianas, enfatizando a necessidade de
cuidado particular durante a alimentação complementar, incluindo supervisão dietética
médica regular e especializada. Sugere-se especial cuidado com vitamina B2, vitamina
B12, vitamina D, ferro, zinco, folato, ômega-3, proteínas e cálcio.99
Na França, em 2019, o Grupo de Hepatologia Gastroenterologia e Nutrição afir-
mou que uma dieta vegana "não é recomendada para lactentes, crianças e adolescen-
tes devido ao risco de múltiplas deficiências nutricionais que são inevitáveis na ausên-
cia de suplementos".100 A suplementação sistemática de B12, vitamina D, cálcio e DHA
alga foi recomendada juntamente com o consumo de sal iodado e monitoramento
contínuo de concentrações de ferritina e zinco.
O Guia Alimentar Americano 2020-2025,101 sugere, para crianças acima de 1
ano, uma dieta lacto-ovo-vegetariana que inclui o consumo regular de ovos, laticínios,
produtos de soja, nozes ou sementes e vegetais, incluindo feijão, ervilha e lentilha, fru-
tas, grãos e óleos. O ferro pode ser de particular preocupação, porque os alimentos de
origem vegetal contêm apenas ferro não heme, que é menos biodisponível do que o
ferro heme. A vitamina B12 também merece atenção, porque está presente apenas em
34
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
alimentos de origem animal. Ao alimentar lactentes e crianças com uma dieta ovo-lác-
teo-vegetariana os responsáveis devem consultar um profissional de saúde para de-
terminar se a suplementação de ferro, vitamina B12 e/ou outros nutrientes é necessária.
Em 2020, o Comitê de Nutrição e Aleitamento Materno da Associação Espanho-
la de Pediatria publicou um posicionamento sobre o tema.95 Um dos aspectos que o
documento chama a atenção refere-se à necessidade de que dietas vegetarianas para
crianças devem ser bem planejadas e, apesar de se considerar que elas podem ser
seguras, o comitê recomenda que crianças sigam dietas onívoras ou, pelo menos, lac-
to-ovo-vegetarianas. A Tabela 2, reproduzida desse documento, é usada pelos autores
para justificar essa recomendação.
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35
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Tabela 3. Fontes alimentares dos principais nutrientes que podem apresentar baixa
ingestão nas dietas vegetarianas/veganas.
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*Alimento milenar, típico da Indonésia, produzido pela junção de dois ingredientes - grãos cozidos e o fungo
Rhizopus Oligosporus.
36
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
37
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
A sobremesa pode ser composta por fruta fonte de vitamina C ou outros ácidos orgâni-
cos para auxiliar na absorção do ferro não-heme.13,106 A Tabela 4 apresenta um exemplo
de como elaborar um cardápio para lactentes a partir dos 6 meses de idade.
Tabela 4. Sugestão de cardápio para crianças de 6 meses até 5 anos de idade que
seguem dieta vegetariana/vegana.
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38
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Dicas culinárias
• Proteína texturizada de soja (PTS) e glúten (seitan) possuem digestibilidade seme-
lhante àquelas de origem animal sendo boa opção para adeptos à dieta vegetariana.100
Porém, PTS, shoyu e missô não devem ser incluídos na alimentação de menores de dois
anos de idade por serem industrializados, além de conter corante e excesso de sódio.106 O
tofu coagulado com cálcio pode ser introduzido na alimentação eventualmente.106
• As carnes devem ser substituídas por alimentos ricos em proteínas, como legu-
minosas, legumes, soja e seus derivados (leite, iogurte, tofu). Frutas secas ou sementes
oleosas esmagadas e adicionadas à comida aumentam a variedade de proteínas com
uma ingestão calórica correta.
• Para lactentes e crianças é importante combinar na mesma refeição cereais e
leguminosas, variando os tipos ao longo da semana.84,109 A técnica de deixar de molho
(imersão dos grãos em água) por pelo menos 12 horas, com troca de água (remolho)
e cozimento em panela de pressão, reduz os fatores antinutricionais (polifenóis, fitatos
e taninos), melhora a digestibilidade proteica e absorção de ferro e zinco.84,100 Outra
técnica que pode ser realizada após o remolho é a germinação. Basta deixar os grãos
descansando em um tecido perfurado e lavá-los pelo menos 2 vezes ao dia até que se
inicie o processo de germinação (exceto do feijão preto e mulatinho).84,100 A fermenta-
ção de produtos vegetais, que melhora a digestibilidade do alimento, pode ser realiza-
da em casa, mas exige um pouco mais de disponibilidade para o seu preparo.100
• Os cogumelos podem ser utilizados bem cozidos, desde que se conheça sua
procedência.106
• Alguns autores recomendam evitar a ingestão de alimentos fontes de cálcio
nas refeições principais (almoço e jantar), assim como incentivam o consumo de ali-
mentos fontes de vitamina C, ácido cítrico, ácidos orgânicos e betacaroteno, para au-
mentar a absorção de ferro e zinco.13,39,108, 109
• As oleaginosas podem ser oferecidas no início da alimentação complementar
na forma de pastas ou trituradas (1 colher de chá) para evitar riscos de engasgo.103,106
• Na primeira infância, a ingestão de gorduras não deve ser limitada e deve pos-
suir adequada proporção de ômega-6/ômega-3.39 Preferir óleos de linhaça, chia, nozes,
canola e soja para compor as grandes refeições (1 a 2 porções ao dia).100,106 Deve-se
evitar ou limitar a ingestão de óleos de sementes ricas em ômega-6 (girassol, milho e
amendoim), gorduras trans (margarina), óleos tropicais (óleos de coco, palma) ricos em
gorduras saturadas.
39
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
• Nos primeiros dois anos de vida, a criança não tolera grandes volumes de refei-
ções e o excesso de fibras pode causar saciedade precoce, além de interferir na absor-
ção de minerais (como ferro, cálcio, zinco e magnésio), proteínas e gorduras, incluindo
os ácidos graxos essenciais.29,39,107 Desta forma, seu consumo deve ser limitado, optando
por escolhas como grãos refinados, remolho e/ou retirada da casca de leguminosas.12,39
• Após os seis meses de idade, podem ser utilizados cereais enriquecidos com
ferro e zinco e sem fibras para aumentar a absorção, além de utilizar farinhas com ferro
e cálcio para reduzir o risco de anemia e alterações ósseas.
• Dieta vegana apresenta maior dificuldade para atingir a adequação de cálcio,
já que a criança necessitará ingerir de 3 a 5 porções de alimentos fontes ou fortificados
por dia, podendo ser necessário suplementá-lo.39,54,109
• Famílias vegetarianas/veganas preferem preparar quase todos os alimentos de
seus filhos, mas isso pode expor a criança a dietas não balanceadas. Refeições contendo
soja, feijão, gérmen de trigo, abacate, amendoim e manteiga de amendoim são boas
fontes de energia, proteína, gordura, ferro e zinco e seu consumo deve ser enfatizado.
• Excesso de sódio, cafeína (café, alguns chás, cacau), refrigerantes fosfatados e
ácido oxálico ou oxalato (espinafre, folha de beterraba, acelga e cacau em pó) devem
ser desencorajados junto com refeições contendo cálcio.108 Já agrião, brócolis e couve
podem ser consumidos 4 vezes por semana por ser rico em cálcio.106
• A leitura de rótulos de alimentos processados ou ultraprocessados deve ser estimu-
lada para que não haja consumo de alimentos que não façam parte da dieta vegetariana.109
40
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
8. SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR/MEDICAMENTOSA
– QUAL NUTRIENTE, QUANDO, COMO E DOSES RECO-
MENDADAS
41
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Proteína
A quantidade proteica deve ser por volta de 12,5% do valor energético total (%
de distribuição dos macronutrientes). A oferta proteica deve ser maior nas dietas de
lactentes e crianças veganas, de acordo com a faixa etária e a digestibilidade da fonte
vegetal (Quadro 7).
e tage a se a es ida a e ta de te as
ai a et ia a s
Digestibilidade alta Digestibilidade ≤ 85%
фϮ ϮϬй ϯϬĂϯϱй
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Atenção: Bebidas à base de soja ou outros grãos podem causar graves deficiências energética/proteica e
Vitamina B12
A suplementação de cobalamina é imprescindível para crianças ovo-vegetarianas
e veganas de qualquer idade. Tem-se que a absorção de vitamina B12 é muitas vezes infe-
rior a 50%, então sugere-se que a dose a ser suplementada deve ser 40% a mais da quan-
tidade recomendada para faixa etária. A suplementação profilática deve ser de 5 mcg/
dia em crianças de 6 meses a 3 anos e de 25 mcg/dia em crianças de 3 a 5 anos.84,102,116
Lactantes veganas, com pouca ou nenhuma suplementação, expõem seus filhos
em aleitamento materno à deficiência de vitamina B12, de modo que a suplementação
para a lactante também é obrigatória. Lactentes em uso de fórmulas infantis à base de
arroz ou soja, que têm um teor adequado de vitamina B12 podem não necessitar de
suplementação medicamentosa, porém é prudente considerar a menor biodisponibili-
dade dos micronutrientes das fórmulas infantis.117
Cálcio e Vitamina D
A ingestão adequada de cálcio e vitamina D é crítica na infância para garantir a minerali-
zação óssea. Os níveis de cálcio e vitamina D diminuem significativamente em crianças ovo-ve-
getarianas/veganas, especialmente entre 10 e 20 meses de idade, com maior risco de fraturas.118
42
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Lactentes amamentados por mães veganas recebem cálcio suficiente, pois a ab-
sorção materna de cálcio é aumentada em resposta a concentrações sanguíneas de
calcitriol e o cálcio é mobilizado dos ossos da mãe. Lactentes alimentados com bebi-
das à base de grãos podem adquirir deficiência de cálcio, inclusive com consequências
clínicas, como convulsões. Fórmulas infantis à base de arroz ou soja suplementadas
com cálcio e vitamina D são uma alternativa segura.99 Estes alimentos fortificados po-
dem ser uma alternativa para crianças não expostas rotineiramente à luz solar, usuários
de protetor solar e aqueles de pele escura.119
A SBP recomenda que toda criança, da primeira semana de vida até 1 ano de
idade, receba suplementação de 400 UI/dia de vitamina D, e de 1 a 2 anos de idade,
600 UI/dia.96 A suplementação é recomendada não apenas para lactentes, mas tam-
bém para grupos de risco de crianças que não ingerem pelo menos 600 UI de vitamina
D na dieta e não se expõe ao sol regularmente, no Brasil e em alguns países europeus,
independentemente de serem vegetarianos ou onívoros.9,14,82,84
As apresentações comerciais de vitamina D para crianças normalmente são sob
a forma de vitamina D3 (colecalciferol), que podem ser extraídas da lanolina da lã de
ovelha (geralmente não aceita por veganos) ou na forma sintética. As cápsulas de vita-
mina D3 podem ser recobertas com material também de origem animal, o que também
pode ser um impeditivo de aceite. Em caso de recusa por pais veganos, uma alter-
nativa é a suplementação da lactante e/ou lactente com vitamina D2 (ergocalciferol)
derivada de fungos.120,121
Ferro
Se a suplementação profilática de ferro é importante para lactentes onívoros,
de acordo com a recomendação atual da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)59,
muito mais será para aquelas em vegetarianismo, devido às limitações impostas ao
consumo de ferro heme presente em produtos de origem animal. Mesmo as crianças
amamentadas exclusivamente devem iniciar a suplementação aos três meses, em vir-
tude do risco da menor concentração de ferro no leite materno de mães vegetarianas
e sem suplementação medicamentosa. A suplementação é recomendada mesmo que
lactentes consumam quantidade suficiente de fórmula infantil vegetal de boa qualida-
de (enriquecidas com ferro), que poderia ser a base de proteína isolada da soja (para
maiores de seis meses) ou hidrolisado do arroz.59
As necessidades de ferro nos primeiros 5 anos de vida variam de 0,27 mg/dia,
43
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
nos primeiros seis meses, até 10 mg/dia, nas crianças de 5 anos116. As dietas vegetaria-
nas e veganas contêm boas quantidades de ferro, mas sua biodisponibilidade é menor
em comparação com as fontes animais (2-5% vs 20-30%). No entanto, pode-se me-
lhorar essa absorção administrando-se concomitante com frutas e vegetais contendo
carotenos, retinol e ácidos ascórbico, cítrico, láctico, málico e tartárico. Os grãos ativam
as fitases, aumentando a absorção de ferro. Na alimentação complementar, devem-se
utilizar alimentos ricos ou enriquecidos com ferro, por exemplo, cereais.97,121,122
As doses e a idade de início da suplementação de ferro segundo a SBP para
recém-nascidos e lactentes com fator de risco, como filhos de mães vegetarianas sem
orientação alimentar ou suplementação medicamentosa são apresentadas no quadro
8.59 Para crianças maiores de 2 anos, a suplementação de 10 a 30 mg/dia fica condicio-
nada a presença ou não de consumo alimentar adequado. A ingestão de ferro deve ser
1,8 a 2 vezes maiores do que o recomendado para as crianças onívoras, uma vez que as
fontes vegetais de ferro são menos biodisponíveis.12,64
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RNT, recém-nascido a termo; RNPT, recém-nascido pré-termo; PAIG, peso adequado para a idade gestacional.
Fonte: adaptado de SBP (2021).59
44
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
Zinco
Mesmo que a presença de algumas substâncias em frutas (ácidos orgânicos,
aminoácidos contendo enxofre, peptídeos contendo cisteína ou hidroxiácidos) e que
a realização de procedimentos diferentes (fermentação, embebição, moagem ou fer-
mentação) aumentem a absorção de zinco,123,124 os lactentes amamentados de mães
veganas requerem alimentos fortificados depois dos seis meses de idade ou suple-
mento medicamentoso, devido a menor biodisponibilidade e o risco do comprometi-
mento das funções metabólicas do zinco.125,126
Uma ingestão regular e habitual de zinco é necessária, pois não existem esto-
ques no organismo. As necessidades de zinco nos primeiros 5 anos de vida variam de
2 mg/dia, nos primeiros seis meses de vida, até 5 mg/dia, nas crianças de 5 anos.13,116,125
A absorção de zinco é cerca de 15-26% nas dietas vegetarianas/veganas e de 33-35%
nas dietas onívoras.123,124
Assim, recomendamos a suplementação de 3 mg/dia de zinco medicamentoso
para lactentes vegetarianos/veganos (6 meses a 2 anos) que não ingerem pelo menos
1,5 vezes a recomendação diária seja por alimentos vegetais naturais, fórmulas infantis
ou alimentos fortificados. Uma exceção, que deve ser ponderada, são os lactentes em
aleitamento materno, desde que a alimentação materna seja rica em zinco e a mãe
esteja recebendo suplementação medicamentosa.
Iodo
A ingestão diária recomendada de iodo nos primeiros anos de vida varia entre
50 e 80 mcg/dia.13 Em geral, a deficiência de iodo não é comum em vegetarianos que
consomem sal iodado. Se o sal utilizado não for iodado e/ou não houver consumo
substancial de alimentos vegetais que contenham iodo (ex. laticínios, ovo, banana,
ameixa e ervilha), os alimentos fortificados ou um suplemento de algas são indicados.12
Em lactentes, o sal iodado não é recomendado antes dos 12 meses de idade e 400
ml de leite materno ou 900 ml de fórmula infantil fornecem uma quantidade suficiente
de iodo. Após 12 meses, a ingestão recomendada de sal varia entre 2 e 5 g/dia, depen-
dendo do teor de iodo no sal. Este consumo fornece 90 a 155 mcg de iodo, quantidade
suficiente para atender as necessidades nutricionais desse micronutriente.102,127
45
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
leite materno de mãe suplementada ou fórmula infantil com DHA, recomenda-se a sua
suplementação, pois crianças, especialmente as mais jovens, não conseguem pela die-
ta atingir as necessidades diárias e, devido à imaturidade enzimática, não conseguem
converter o ALA ingerido na quantidade de DHA necessário para garantir o adequado
desenvolvimento cognitivo e visual.128,129
Além disso, recomenda-se também a suplementação durante a gravidez e lacta-
ção, pois foram encontrados menores níveis de DHA no leite materno de mães vege-
tarianas/veganas em comparação com onívoras.102
O quadro 9 mostra a recomendação de ingestão diária de DHA segundo a Orga-
nização Mundial da Saúde e o Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia sobre
recomendações de DHA durante gestação, lactação e infância.130,131
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46
Consenso do ILSI Brasil sobre vegetarianismo nos primeiros cinco anos de vida
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