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Fernando Pessoa e o Modernismo

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Modernismo x Fernando Pessoa

Bom dia a todos, hoje venho-vos falar sobre a influência de Fernando de


Pessoa no movimento modernista. Vou começar por uma breve biografia,
seguida de uma pequena introdução ao Modernismo e por fim abordarei a
relação entre ambos destacando também características modernistas nas suas
obras e nos seus heterónimos.

Fernando Nogueira Pessoa, nascido a 13 de junho de 1888, filho de um


funcionário do Ministério da Justiça e de uma mãe com uma destacável
formação em letras, teve uma infância e adolescência complicadas devido à
morte do seu pai e recém-nascido irmão. No entanto, foi também nesse período
que o autor deu vida ao seu primeiro heterónimo, Chevalier de Pas, como
forma de lidar com a perda. Mais tarde, mudou-se para Dubberman, uma
cidade na África do Sul, com o seu padrasto e a sua mãe. Foi aí que fez o
primeiro ciclo numa escola inglesa, criando um profundo domínio do idioma,
que influenciou a criação de mais dois heterónimos, Charles James Search e
Alexander Search, desta vez, uma dupla de irmãos. Após frequentar mais
algumas escolas, nomeadamente Dubberman High e a Universidade do Cabo da
Boa Esperança, Pessoa decide regressar a Portugal trabalhando como comercial
e tradutor de obras mediáticas. Como em território português, os cursos tirados
nas escolas estrangeiras não eram legíveis, o autor voltou a dedicar-se aos
estudos, desta vez na Faculdade de Letras, mas acabou por apenas frequentar
dois anos do curso, ficando assim por terminar. Por fim, ao longo da vida
Fernando Pessoa criou mais de 40 heterónimos, alguns deles abordados
futuramente , cada um com diferentes personalidades, pontos de vista e estilos
de escrita.

Quanto ao Modernismo, este é um conceito que define, de modo geral, as


correntes artísticas que surgiram na primeira metade do século XX, tal como o
cubismo, o futurismo e o surrealismo e baseia-se na rutura de tradições e
críticas à alta sociedade e também no subjetivismo e reflexão, muito presentes
na escrita de Pessoa como ortónimo. Em Portugal, o Modernismo teve uma
expressão muito rica, em particular, devido à Geração d’Orpheu, criada a partir
da revista Orpheu publicada pela primeira vez em 1915. Este grupo contava com
vários artistas e autores sendo Fernando Pessoa uma das figuras pioneiras deste
movimento, ao lado de Miguel Torga e Almada Guerreiros, entre outros. Foi
com a introdução de vanguardas europeias, ou seja pequenos movimentos, que
a arte e literatura portuguesa se revolucionaram.

Fernando Pessoa, uma das principais personagens do Modernismo


português fora ter participado ativamente na publicação trimestral da
revista, revolucionou a literatura introduzindo os heterónimos, num
conceito singular e interessante. Uma das identidades que se destaca na
onda modernista é Álvaro de Campos, cosmopolita e engenheiro por
profissão é altamente influenciado pelo futurismo, um movimento criado
na Itália que tem como fim celebrar as grandes cidades, a evolução
tecnológica e o distanciamento do passado. Inspirado por este
movimento, Campos escreveu textos como “Ode Triunfal” onde celebra
de forma, quase estérica o poder da industrialização, das fábricas e das
máquinas tal como podemos ver neste excerto:

"Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!


Ser completo como uma máquina!
Ir na vida triunfante como um automóvel último modelo!"

Neste poema encontramos características que simbolizam a dinâmica e


agitação do mundo moderno tal como os versos longos e caóticos que refletem
o impacto da industrialização no progresso do ser humano.

Em contrapartida, com a evolução da sua escrita, o que começou por ser


um entusiasmo cego passou rapidamente para uma crise existencial. “Tabacaria”
é um dos poemas em que podemos verificar um lado mais introspetivo e
pessimista que reflete na alienação e no vazio que a vida moderna nos
proporciona. este pequeno excerto dá-nos a entender que a euforia inicial cede
o seu lugar a uma sensação de fracasso e desesperança elementos comuns na
literatura modernista que revelam a insânia do ser humano numa sociedade
mecanizada e impessoal.

Os restantes heterónimos encarnam visões distintas dentro do


modernismo, por exemplo, Ricardo Reis apresenta uma visão classicista da vida
que tem tendência a rejeitar a modernidade, sendo assim uma espécie de
anti-modernista, dando prioridade ao equilíbrio e à sanidade. Já Alberto Caeiro,
conhecido como o mestre, para além de anti-modernista é quase anti-filosófico
da vida, rejeitando a complexidade do mundo moderno e procurando uma
ligação direta entre a vida e a natureza. No que toca ao ortónimo de Pessoa, este
sim já tem uma visão mais modernista porém dedica-se mais à exploração da
multiplicidade das identidades e do sentido da vida na era moderna, guiando-se
pela reflexão e o subjetivismo, características já referidas anteriormente.
Cada um destes heterónimos oferece uma resposta diferente à
modernidade e à sua envolvência, desde a aceitação expressa por Campos até à
recusa contemplativa de Caeiro. Esta diversidade é uma das principais
características do Modernismo e aborda a complexidade do pensamento do
Homem moderno.

Para concluir a minha apresentação quero apenas salientar que Fernando


Pessoa foi sem dúvida uma das maiores influências tanto no Modernismo
português como em todo o mundo já que, como referi ao longo da minha
apresentação, sendo o pai de tantos heterónimos, teve a oportunidade de dar
voz às várias facetas da modernidade. Foi também ele que deixou um enorme
legado literário e continua a ser inspiração para muitos autores, sendo
considerado um dos poetas mais complexos e inovadores da literatura
ocidental. O seu trabalho é até hoje utilizado como ponto de referência para o
Modernismo e todas as experiências que o envolvem.
Foi esta a minha apresentação, espero que tenham gostado.

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