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25691-Texto Do Artigo-67041-1-10-20151128

O texto analisa a ditadura militar brasileira sob a perspectiva da relação entre história, memória e ideologia, especialmente em um momento de reflexão sobre os 50 anos do Golpe Militar. A obra destaca a importância da memória coletiva na construção da identidade social e política, enfatizando a necessidade de resgatar e interpretar o passado para compreender o presente. Além disso, discute a influência das estruturas sociais e das relações de poder na construção e controle da memória histórica.

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25691-Texto Do Artigo-67041-1-10-20151128

O texto analisa a ditadura militar brasileira sob a perspectiva da relação entre história, memória e ideologia, especialmente em um momento de reflexão sobre os 50 anos do Golpe Militar. A obra destaca a importância da memória coletiva na construção da identidade social e política, enfatizando a necessidade de resgatar e interpretar o passado para compreender o presente. Além disso, discute a influência das estruturas sociais e das relações de poder na construção e controle da memória histórica.

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A ditadura brasileira e a

luta de classes no campo da


memória*
José Rubens Mascarenhas de Almeida**

Resumo:
Num exercício de reflexão, o texto procura mirar a ditadura no Brasil a partir de uma ótica
que relaciona história, memória e ideologia numa revisita ao tema nesse momento de (des)
memoração dos 50 anos do Golpe Militar. A reflexão passa pelo pressuposto de que o passado
é, ao mesmo tempo, passado e presente.
Palavras-chave: Ditadura militar brasileira; memória; luta de classes.

The Brazilian dictatorship and the class struggle


in the field of memory
Abstract:
In an exercise of reflection, this article seeks to examine the dictatorship in Brazil from a pers-
pective that relates history, memory and ideology, revisiting the topic on the occasion of the
50th anniversary of the military coup. The reflection is based on the assumption that the past
is, at the same time, past and present.
Keywords: Brazilian military dictatorship; memory; class struggle.

Não há túmulo que oculte


Os frutos da rebeldia.
Cai um dia em desgraça
A mais torpe ditadura
Quando os vivos saem à praça
E os mortos, da sepultura.
Santana (1987)

Não é nova a constatação de que o mundo em que vivemos é pautado por


contradições sociais e que elas refletem o nosso cotidiano de diversas formas e
conteúdos. Partindo do pressuposto de que o fazer social adquire, na memória

* Este texto constitui-se parte da produção de pesquisa vinculada à Licença Sabática do autor,
supervisionada pelo professor doutor Marcelo Ridenti (UNICAMP).
** Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP; docente da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, Vitória da Conquista-BA, Brasil. End. eletrônico: [email protected]

50 • Recebido em 13 de abril de 2014. Aprovado em 10 de maio de 2014.


e na História Oficial -o que implica produção/subjetivação de fatos e aconte-
cimentos-, formas ideológicas traduzidas como memórias nos documentos e
monumentos oficialmente produzidos, enfoca-se aqui um período mais que da
história do Brasil, da história da acumulação internacional de capital e de suas
marcas, destacadamente, da ditadura dos anos 1960-1980.
O tema ganha corpo e adquire singular importância na atual conjuntura
política da América Latina, onde eventos significativos são evidenciados: 50
anos do golpe civil-militar no Brasil, criação -e atuação- de várias comissões de
resgate da memória das ditaduras e de busca de punição para os perpetradores do
terrorismo de Estado1. Trata-se de um contexto em que parte dos povos latino-
-americanos decide acertar as contas com o seu passado recente, marcado por
crimes hediondos e terrorismo estatal contra aqueles que se insurgiram contra a
opressão/repressão levadas a cabo pelos regimes ditatoriais que, no período, se
instalaram na região.
No Brasil, destaque para a constituição da Comissão Nacional da Verdade
(sancionada em 18/11/20112, instalada oficialmente em 16/05/2012)3. Apesar
de ainda não apontar progressos, a CNV compõe o cenário latino-americano em
que -se espera- dará o julgamento global dos crimes cometidos pelos governos
ditatoriais dos anos 1970 e 1980 e dos que se envolveram nas operações do Plano
Condor4. Estes eventos, por si, justificam uma revisita à história -e lugares da
memória- que, de certa forma, trata-se de um modo de memória, aqui concebida
na expressão de Jelin, para quem
as memórias são processos subjetivos e intersubjetivos, ancorados nas experiências
e marcas materiais e simbólicas e em marcos institucionais. Isto implica analisar a
dialética indivíduo/subjetividade e sociedade/pertencimento [...]. As relações de
poder e as lutas pela hegemonia (domínio) estão sempre presentes, com intentos

1
Só para citar países do Cone Sul da América Latina (por ordem cronológica de criação): Argentina:
Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas, criada em dezembro de 1983; Chile:
Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação, criada em 1990; Peru: Comissão da Verdade e
Reconciliação, criada em 2001; e, tardiamente, o Brasil, que criou a Comissão Nacional da Verdade
em maio de 2012, quase trinta anos depois da Argentina.
2
Conferir em : “Com Lei do Acesso à Informação e Comissão da Verdade, Brasil avança na
consolidação da democracia”. Disponível em http://blog.planalto.gov.br/com-lei-do-acesso-a-
informacao-e-comissao-da-verdade-brasil-avanca-na-consolidacao-da-democracia/. Acessado
em 22/03/2013.
3
Conferir em: Dilma anuncia integrantes da Comissão da Verdade. Disponível em: http://
agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-05-10/dilma-anuncia-integrantes-da-comissao-da-verdade.
Acessado em 22/03/2013.
4
Operação policial pautada em ações repressivas, integrada pelas forças da intelligentsia das
ditaduras de Chile, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia, em funcionamento entre meados
das décadas de 1970 e 1980. Sobre esta questão, ver Mariano (2003).

A ditadura brasileira... Almeida, J.R.M. • 51


de monopolização e de apropriação. Reconhece-se, assim, o caráter dinâmico dos
sentidos do passado, dos silêncios e esquecimentos históricos, assim como do
lugar que sociedades, ideologias, culturas e lutas políticas marcam a Memória.
Daí a necessidade de historicizar a memória (2012: 25).

Segundo a autora, os fenômenos ligados à memória, as interpretações e


sentidos do passado resultam da não linearidade temporal da primeira. Às vezes
o passado pode ser jogado no esquecimento e voltar a se atualizar de modos
diversos, e isto acontece porque existem segmentos sociais persistentes que não
deixam esquecer, também porque as novas gerações perguntam e dão novos sen-
tidos a partir de seu próprio lugar histórico (Jelin, 2012). Nesse sentido, em alguns
processos de resgate desta história e memória, passos foram dados. A Argentina,
que já havia condenado o ex-ditador Jorge Videla (1976-1981), convocou-o para
mais um julgamento (já tinha duas condenações à prisão perpétua), sendo citado
como principal acusado por violações de direitos humanos e políticos. Junto a ele
outros 25 acusados, dentre os quais o também ex-ditador Reynaldo Bignone e o
ex-general Luciano Benjamín Menéndez (condenado a sete prisões perpétuas).
Como afirmado por uma das advogadas do processo, representante das vítimas
argentinas e uruguaias, Carolina Varsky, trata-se do primeiro julgamento que in-
vestigará globalmente o Plano Condor, entendendo que se trata do primeiro em
seu tipo na América Latina.5 Estes julgamentos acontecem há 14 anos, durante os
quais a justiça havia pedido as extradições dos hoje falecidos ex-ditadores Alfredo
Stroessner (1954-89) do Paraguai, e Augusto Pinochet (1973-90) do Chile. No
conjunto de pequenos avanços, existe uma conta social e política ainda por ser
quitada. Muitos responsáveis por crimes dessas ditaduras continuam impunes
e, em alguns casos, ameaçando o resgate da memória de tais processos. Foram
crimes cometidos por regimes ditatoriais, mas personificados nas altas e baixas
patentes das Forças Armadas e seus patrões, as grandes corporações nacionais
e internacionais, que se beneficiaram com o terror estatal e continuam impunes.
No campo da memória, nos espaços públicos os arquivos crescem, ganham
corpo e são abertos, mesmo que subtraídos em parte; as datas comemorativas
trazem novas preocupações e novos olhares; as placas recordatorias e monumen-
tos proliferados desde a eclosão do processo são questionados nas mais diversas
expressões da memória que evidenciam. Os meios de massificação estruturam e

5
Conferir em: Começa primeiro julgamento de crimes cometidos durante a ditadura. Correio
Braziliense, 14/03/2013. Disponível em http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/
mundo/2013/03/05/interna _mundo,352945/comeca-primeiro-julgamento-de-crimes-cometidos-
durante-a-ditadura.shtml. Acessado em 14/03/2013.

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organizam essa presença do passado em todos os âmbitos da vida contemporânea,
com intuitos politico-ideológicos, entre outros.
Nesse traçado de questões pertinentes e ainda candentes, ressaltam-se
preocupações contemporâneas: que mecanismos condicionam a construção da
memória coletiva -processo socialmente constituído- à reprodução das estruturas
sociais e de suas relações? E que vínculos inter-relacionais envolvem história,
memória e ideologia no contexto das ditaduras latino-americanas?
Para respondê-las, não basta que se abram arquivos, mas estuda-los, discerni-
-los, interpretá-los com o intuito de entender o passado e nortear o presente,
tal como entendido por Benjamin (2012: 243): “O passado só se deixa capturar
como imagem que relampeja irreversivelmente no momento de sua conhecibi-
lidade”. Assim, a memória concebida aqui é entendida como elemento social e
não como mero aporte biológico ou psíquico, a brotar de indivíduos isolados,
como era pensado no século XIX. Aliás, a arquitetura do conceito de memória
de que aqui nos apropriamos trata da sua natureza social, de seu caráter de cons-
tructo social nos marcos de uma determinada sociedade, a partir da interação
e do lugar que os sujeitos ocupam nela. A concepção de memória aqui exposta
aproxima-se sobremaneira da elaborada pelo sociólogo durkheimiano Maurice
Halbwachs (2006), afirmando que, no campo da memória, o individual se desenha
no coletivo, compreendendo a memória como a reelaboração de um processo
de vivências ou experiências reconhecidas pelos grupos sociais.
Para além do funcionalismo característico da obra do citado autor e de seus
aportes teórico-metodológicos, memória será contemplada na perspectiva do
Materialismo Histórico e de sua dialética, portanto extrapolando as fronteiras
da concepção que a concebe como faculdade relacionada meramente ao passado
e circunscrita aos grupos sociais imediatamente associados àquele que reme-
mora. Em outras palavras, alçada na concepção de que indivíduos e coletivos
produzem suas memórias como fruto do universo material em que se inserem
historicamente6. Esta perspectiva do conceito de memória implica contemplá-la
à luz da história em toda a objetividade/subjetividade a que está submetida, à luz
da dialética. Implica afirmar que, em consequência, a relação passado/presente
é simbiótica quando arrolada à memória. Quando falamos dela recorrendo ao
passado, sua rememoração passa pelos olhos do presente, isto é, quando reme-
moramos reminiscências, estamos revisitando o passado -distante ou recente-,
mas com um olhar de retorno a momentos e lugares antes vividos (ou não).

6
Este talvez seja o caso em que as memórias pessoais (que são construídas social e coletivamente)
se misturem como “recordações congeladas de uma época” (Ridenti, 1993: 16) com os aspectos
históricos sem que possam ser separados. Em Ridenti, história e memória perpassam relatos de
aspectos sociais, políticos e culturais profundamente marcados por esta imbricação.

A ditadura brasileira... Almeida, J.R.M. • 53


História e memória do autoritarismo na América Latina
Em Pêcheux (1988), a memória discursiva legitima a existência histórica
dos enunciados relativos às expressões concretas, materiais, da ideologia em
movimento. Isto é, memória subsistente (que sobrevive do passado no presente,
sentido de preservação e reprodução da sociedade). Inseparável da ideologia,
sofre interferência desta última, aspecto que imprime aos atos de esquecer ou
lembrar o significado inerentes à dominação político-econômica. Esquecer ou
lembrar produz, nos sujeitos sociais, um efeito de ocultação/emergência daquilo
que precisa ser memorizado, rememorado, festejado, ou daquilo que deve ser
olvidado para o bem de uma dada ordem; contribui para alimentar um projeto
e/ou sepultar outro. Nesse sentido, concorda-se com Marx e Engels, quando
entende que superar a condição de exploração “é um ato histórico, não um ato
mental” (1996: 65). Diferentemente do propugnado pelo discurso hegemônico,
tal superação só pode dar-se por vias reais, concretas.
Nesse sentido, a atribuição das ditaduras na América Latina meramente à
cultura militarista e autoritária das classes dominantes da região, trata da apa-
rência fenomênica de um processo muito mais amplo e complexo que envolveu
forças nacionais e internacionais, setores civis e militares, instituições diversas
(entre elas a Igreja), grandes corporações empresariais e governos, entre outros
agentes. A ditadura brasileira não foi um caso isolado e anômalo, mas parte de
um processo desenvolvido num complexo de forças e agentes que se deu em
quase todo o Cone Sul da América. O simplismo de tais atribuições é marca-
damente ideológico, pela tentativa de apagar memórias, negar silenciamentos/
esquecimentos tratando de obscurecer processos e agentes a eles intrínsecos.
Tais insinuações só podem ser compreendidas considerando-se a existência
de um controle da transmissão da memória social, definindo o que se recorda
coletivamente e que aspectos são selecionados no processo de memorização
social, aproximando, sobremaneira, a relação memória e ideologia. Nesse senti-
do, se constituem memórias sociais (de grupos ou de classes) que são validadas,
legitimadas e, consequentemente, evidenciadas e reproduzidas em detrimento
de outras (Magalhães e Almeida, 2011). Tais mecanismos de controle procuram
encobrir aspectos da história política da América Latina, relacionados a fenô-
menos autoritários que se processaram na região desde a chegada dos europeus,
passando pela conquista e colonização e adentraram a república; buscam esquecer
marcos autoritários que se tornaram históricos e que não são apenas militares.
Aliás, nem os conquistadores europeus, nem os coronéis da América portuguesa
ou os caudilhos da América hispânica que dominaram o espectro sócio-político
latino-americano eram, via de regra, profissionais militares.

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Tomando por referência a formação colonial, e depois republicana, brasi-
leira, o autoritarismo tornou-se marca registrada, chegando aos dias atuais, por
mais que os discursos floridos e maquiados da democracia burguesa queiram
esconder. Passada a barbárie instalada aqui pelos europeus que conquistaram e
colonizaram o Novo Mundo, o pós-independência (1822) do Brasil foi marcado
pelo autoritarismo: a escravidão sobreviveu quase meio século após a Independência,
revelando um projeto de nação contraditoriamente moderno e escravocrata; a
Proclamação da República (1889), calcada de aspirações modernizantes e libe-
ralizantes, foi distinguida como a primeira intervenção militar da nação; até a
década de 1920, ostensivamente as oligarquias agroexportadoras transformaram
a América Latina numa grande fazenda, dominada por caudilhos e coronéis,
sinônimo do autoritarismo mais rude; daí às ditaduras, entremeadas por curtos
períodos marcados pela democracia representativa burguesa, o que não impediu
ao Estado brasileiro desenvolver sua vocação autoritária. Exemplo curioso na
região foi o da implantação do neoliberalismo. Contraditoriamente, aquilo que
se autodenominou ultraliberal foi imposto autoritariamente: Chile (Pinochet),
Peru (Fujimori) e Brasil (FHC).

O entulho ditatorial
Para reafirmar o que se alegou até aqui, a violência institucional contra as
manifestações públicas de junho (2013) no Brasil mostra que as políticas de segu-
rança pública pós-ditadura passam pelos fundamentos da Doutrina de Segurança
Nacional (DSN)7, herança nefasta do último processo ditatorial. Exemplo disso é
a Polícia Militar (PM) brasileira, hoje instrumento anacrônico de um modelo idem
de segurança pública daqueles tempos sombrios. Em suas atuais características, a
PM, fruto do Golpe Militar de 1964 e fundada na concepção de inimigo interno,
à época justificava-se como instrumento de combate ao comunismo, antono-
másia usada para a repressão a todo e qualquer opositor ao regime, atendendo
às prerrogativas da ideologia da DSN. Ainda hoje continua atuando como se a
ditadura estivesse vívida. Segundo Calveiro (2013), trata-se de um “passado que
não quer passar” e que, aqui no Brasil, é marcado pela persistência de boa parte
do entulho autoritário da ditadura militar de 1964 que, governo após governo,
vem sido varrido para debaixo do tapete. Mesmo a CNV, trata-se de uma comissão
de “meia-verdade”, pelos poderes a ela outorgados, submetidos à Lei da Anistia
(Lei nº 11.961/2009, regulamentada pelo do Decreto nº 6.893/2009), que tem
por pressuposto as prerrogativas militares da ditadura.

7
Importante abordagem acerca da DSN, ver Comblin (1978).

A ditadura brasileira... Almeida, J.R.M. • 55


Outro aspecto desse passado que não quer passar é ressaltado no fato atual
de hoje existirem, no Brasil, 16 projetos de criminalização das manifestações
populares8. A um só tempo questiona-se o autoritarismo das classes dominantes
e se busca viabilizar projetos de recrudescimento da repressão através de projeto
de lei “antiterrorista”, tendo a Lei de Segurança Nacional como parte do arca-
bouço jurídico, delatando que o próprio Direito, em grande parte, é originário
daquele exercido na ditadura. Repressão e criminalização dos movimentos sociais
mostram a fragilidade do regime político brasileiro que ainda se pauta na herança
ditatorial dos anos 1960-1980.
Matar suspeitos pobres sem julgamento é rotina na polícia brasileira, tal qual
se exerceu nos obscuros tempos da ditadura. Segundo a professora da UERJ,
Maria Helena Moreira Alves, a PM brasileira hoje mata mais gente que matou
durante a ditadura militar9. Levantamento feito pela BBC Brasil, a PM do Rio
matou seis vezes mais pessoas durante ações de combate ao crime do que seus
pares da Polícia Civil em São Paulo no ano de 201110. Dados de 16/07/2007
dão conta de que a polícia do Rio de Janeiro matava 41 civis por cada policial
morto11. E, quando alguns discursos policiais justificam o genocídio corrente
no país afirmando que estamos vivenciando uma “guerra” interna, não é um
discurso vazio, mas profundamente ideologizado. A guerra que se explicita é a
luta de classes, fato evidenciado na origem do grande contingente das vítimas
dela: os pobres. Os fatos são tão gritantes que, em 30/05/2012, o Conselho da
ONU sugeriu o fim da Polícia Militar no Brasil, recomendação apresentada pela
Dinamarca, alegando execuções sumárias e diversos desrespeitos aos direitos
humanos12. De que filhos seria este solo “mãe gentil”?
A história é, nesse sentido, duração. “O passado é, ao mesmo tempo, pas-
sado e presente”, como afirmava Le Goff (2003: 41). A memória, construída

8
Consultar “Em ano eleitoral, Congresso tem fila de projetos contra manifestante violento”.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/03/1424810-em-ano-eleitoral-
governo-tem-fila-de-projetos-contra-manifestante-violento.shtml. Acessado em 31/03/2014.
9
Examinar “A polícia mata mais hoje do que na ditadura militar: uma entrevista com Maria Helena
Moreira Alves”. Disponível em: https://medium.com/medium-brasil/a3695eac613e. Acessado em
18/04/2014.
10
Ver “PM mata seis vezes mais que Policia Civil em São Paulo”. Disponível em: http://www.bbc.
co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120601_direitos_humanos_policias_onu_lk.shtml. Acessado
em 31/03/2014.
11
Consultar “Polícia do Rio mata 41 civis para cada policial morto”. Disponível em: http://www1.
folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1607200701.htm. Acessado em 31/03/2014.
12
Ver “Conselho da ONU sugere fim da Polícia Militar no Brasil”. Disponível em: http://www.estadao.
com.br/noticias/nacional,conselho-da-onu-sugere-fim-de-policia-militar-no-brasil,880073,0.htm.
Acessado em 31/03/2014.

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e constituída socialmente, não está isenta das incongruentes relações sociais
que envolvem os agentes desses processos, eivados que são de contradições: de
classe, mas também sexistas, racistas, religiosas, etc., interações constitutivas da
dinâmica da produção da memória e da ideologia subjacente ao processo social
de produção e de apropriação privada. Assim, pressionado pelas contradições
sociais e pela ideologia dominante produzida nesse processo, o campo da me-
mória acaba por refletir as explosões das lutas de classe, imprimindo seletividade
às memórias produzidas. Isto é memória e ideologia, mas também história.

A relação memória, história e ideologia


A tradição dos oprimidos nos ensina que o
“estado de exceção” (“Ausnahmezustand”) em que
vivemos é a regra
Benjamin (2012: 245).

Lembrar e esquecer não são exercícios fortuitos e casuais, mas processos


construídos socialmente, e, enquanto tais, susceptíveis de usos políticos. Nesse
sentido (da memória), ao criticar a obra de Halbwachs, Aróstegui (2004) ressalta
que, nela, estão ausentes os problemas derivados dos usos da memória, as possi-
bilidades de sua manipulação, sua importância ideológica como instrumento de
poder, seu papel na luta política pela dominação, ou mesmo sua fragmentação
em favor dos interesses dominantes.
As memórias são produção social e, como tal, constructos político-ideoló-
gicos e, portanto, lócus de conflitos e contradições. Estas sobrevêm do conteúdo
prático social capitalista, explodido também no plano institucional da ação do
Estado burguês. Nesse entendimento, as ditaduras latino-americanas não se
deram por um estalo casual das instituições militares brasileiras que, num surto
psicopático coletivo, resolveram implementar atrozes regimes. Elas (as ditaduras)
foram uma variante da violência de classe, imposta pelo Estado em favor da
manutenção da dominação burguesa. Não por acaso se deram em sequência13 e
em todos os países da região nos quais as classes dominantes locais não tinham
forças à altura da dominação do espectro da luta de classes no então regime
político de democracia representativa burguesa.
Embora a diversidade dos mecanismos de dominação respondesse à pedago-
gia do medo como forma de docilizar os corpos sociais (através da coerção física,

13
Peru (1962); Equador, Guatemala, Honduras, República Dominicana (1963); Brasil e Bolívia
(1964); Argentina (1966 e 1976); Chile (1973).

A ditadura brasileira... Almeida, J.R.M. • 57


psicológica, econômica...) que se contrapunham àquelas condições de existência,
atendiam a um mesmo propósito (Padrós, 2007). Foram produto histórico de
seu tempo e lugar no contexto da acumulação internacional. Não se trata apenas
de uma cultura das instituições militares brasileiras, representações do poder
dominante e, por sê-lo, reprodutoras de sua lógica. Assim, não basta que setores
reacionários das Forças Armadas queiram e uma ditadura seja implantada. Se a
acumulação de capitais não tivesse sido ameaçada naquele contexto, nenhuma
ditadura se implantaria. Aliás, a ditadura está aí, há quem o diga.
Nesta lógica de raciocínio, memória é também expressão ideológica a
refletir as diferentes forças que se digladiam na sociedade pelo domínio social
no presente se apossando do passado. Acompanhando Benjamin (2012: 250),
entende-se que não se pode “renunciar ao conceito de um presente que não é
transição (...). Porque esse conceito define exatamente aquele presente em que
ele escreve a história...”. Portanto, memória não diz respeito apenas ao passado
e, sendo presente, aponta para o futuro, por isto também um campo da luta. Não
por acaso as forças dominantes (através do Estado e seus aparelhos repressivos
e ideológicos) nomeiam ruas, praças, avenidas, escolas, monumentos, etc., com
representações calcadas de seus referenciais, seus valores. Trata-se da luta pela
dominação socioeconômica que se estende também para o âmbito da memória,
buscando perpetuar códigos ideológicos de classe. Assim, a cidade de Mimoso do
Oeste (Bahia), transforma-se em Luiz Eduardo Magalhães; a Praça das Borbole-
tas, em Vitória da Conquista, transforma-se em Tancredo Neves; o professor de
tortura sem deixar marcas físicas, agente da ditadura, é homenageado com nome
de rua em Belo Horizonte14; escolas, ruas, praças e monumentos são nomeados
em homenagem aos referenciais exploradores, históricos ou de plantão.
Do mesmo modo, uma escola de Salvador (Bahia), que homenageava um
ex-ditador (Colégio Emílio Garrastazu Médici) passou a chamar-se Colégio Es-
tadual do Stiep Carlos Marighela, em tributo a um dos baianos que lutou contra
a ditadura e foi assassinado por ela. O que explica este processo senão a luta
pela perpetuação memorialística dos referenciais de classe e de seus agentes, da
história oficial versus a história concreta da luta dos trabalhadores contra o do-
mínio burguês, fazendo com que emerjam memórias e histórias que ratifiquem
ou neguem o status quo? Do que trata esse fenômeno, senão da luta de classes no
campo da memória?

14
Agente estadunidense a serviço da DSN no Brasil de 1960-67, Dan Mitrione era especialista em
tortura com choques elétricos sem deixar marcas na vítima. Em Belo Horizonte, dava aulas usando
indigentes, mendigos, moradores de rua, presos, seguindo os manuais da CIA. A farsa durou 13
anos, quando, em 1983, por iniciativa de vereadores à época, o nome da rua foi mudado para José
Carlos Mata-Machado, assassinado sob tortura nos porões da ditadura em Pernambuco.

58 • Lutas Sociais, São Paulo, vol.18 n.32, p.50-63, jan./jun. 2014.


Na contradição que caracteriza essa disputa, a sua institucionalização tende
a desconstruir a luta material dos agentes sociais em pugna, ressignificando os
conflitos de grupos e criando mitos. A memória oficial, drasticamente ideolo-
gizada constrói/desconstrói, produz/reproduz memórias sistematicamente nos
mesmos marcos da produção/reprodução da sociedade burguesa.
O que, no Brasil, se (des) comemora (enquanto antítese de memoração)
os 50 anos do Golpe Militar no Brasil, reconstitui-se a memória recorrendo
ao passado e lendo-a no presente da rememoração. Em outras palavras, é o
acontecido passado em revisita pelos olhos do presente. Quando se rememora
reminiscências, se revisita o passado -distante ou recente-, mas com um olhar
eivado da subjetividade de quem refaz o percurso através da memória social.
Os movimentos políticos (com deferência aos aspectos ideológicos) e sociais
transitam pela relação história, memória e ideologia, mostrando que o sistema
vigente sustenta-se por uma rede de produção/reprodução das estruturas ma-
teriais que se espraia pela relação poder/saber, determinando o que pode, o que
deve e o que é realmente dito. No campo aqui aludido, o que é evidenciado -ou
silenciado- reproduz formas e práticas prototípicas do exercício de poder político
e econômico vigentes. Para entende-lo, deve-se buscar desnudar os processos
relacionais aparência/essência (Marx & Engels, 1996), concreticidade/pseu-
doconcreticidade (Kosik, 1976). Assim, a partir da identificação de práticas de
sociabilidade e processos de dominação, proceder a reconstrução/desconstrução
da memória em perspectiva histórica, na qual o discurso/narrativa reproduzido
num determinado tempo/contexto histórico responda às necessidades postas
pelas relações entre os homens para a produção/reprodução de sua existência
em sociedade num determinado padrão. É nesse sentido que o nacionalismo,
como ideologia do estado burguês, atua como elemento essencial, rememorando
e perpetuando marcos como datas cívico-militares, lembrando e fazendo lem-
brar “o dia da independência”, “o dia da bandeira”, ou “o dia do índio” (este já
docilizado, civilizado, aculturado....).
De tal modo, lembrar e esquecer são processos típicos da luta de classes
quando explode no campo da memória histórica, e por isto ela é sempre seletiva,
e assim susceptível à rememoração ad nausean ou ao silêncio e ao esquecimento,
a depender da correlação de forças nas lutas sociais. As classes dominantes res-
saltarão memórias e reminiscências que dizem respeito ao caráter da sociedade
que querem imprimir, fazendo-o através de seus aparelhos ideológicos (meios de
comunicação de massa, escola, etc.), num processo que ressalta heróis fabricados
pela história oficial e pela memória nacional.
Na inextrincável relação memória/ideologia, ambas ressaltam as contradi-
ções sociais nas quais se encontram imersas. No campo da memória, algumas
são constantemente ressaltadas, perenizadas, e outras relegadas, esquecidas, o

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que é explicado pela existência de um controle do uso da memória valendo-se da
necessidade de manutenção e/ou reprodução de determinadas relações sociais
(Magalhães e Almeida, 2011: 101). Com relação à ideologia nacional, por seu
caráter burguês, ela reproduz a sociedade capitalista. Segundo Almeida, “existe
um nexo estrutural entre nação e capitalismo, na medida em que este modo de
produção constitui classes sociais distintas e antagônicas como uma comunidade
cujo interesse é representado pelo Estado burguês” (1995: 17).
Símbolo caro à classe burguesa, a ideologia nacional sempre amparou as
classes dominantes no capitalismo desde os processos de emancipação política
da América Latina até os dias de hoje, embasando a dominação política e social
também durante os processos ditatoriais. O exercício contínuo e às vezes enfado-
nho, desde a nossa mais tenra idade, de comemorar o “Dia da Independência”,
o “Dia da Bandeira”, etc., tem muito a oferecer à manutenção do status quo. Ele
dá um sentido simbólico carregado de significado, constitui e alimenta memórias
propícias à dominação de classe, construída e cultuada para além do significado
próprio de sua existência cívica.
Do ponto de vista da memória, o culto à bandeira nacional: todo município
tem uma Praça da Bandeira; comemoração nacional do Dia da Bandeira (19/11,
no caso da brasileira); existe um hino à bandeira; hasteamento em eventos oficiais
(desde fúnebres, de honraria político-militar, administrativa a eventos esportivos
de pequenas e grandes montas), entre outros, forja uma identidade nacional. Ela
(a bandeira) não é uma mera flâmula, mas o símbolo do nacionalismo, elemento
altamente ideológico que mascara a discrepante realidade concreta da sociedade
burguesa a partir de uma identidade abstrata (o nacionalismo), unindo compa-
triotas indiferentemente das condições políticas, sociais, culturais, tão opressoras
e desiguais. Mata-se e morre-se por ela, mas se tolera todo tipo de injustiça social.
Nesse relacionamento entre memória e ideologia nacional, as ditaduras
latino-americanas utilizaram os símbolos do nacionalismo para cobrir sequestros,
execuções, ameaças de morte, saques e outras tantas aberrações. A bandeira
nacional foi evocada insistentemente para fazer emergir no senso comum um
sentimento de pertença mais profundo que o de solidariedade de classe, de pa-
rentesco, de religião, etc. Exemplo disso foi o relato das memórias da prisão e
torturas sofridas pela historiadora e presa política da ditadura militar no Brasil,
Dulce Pandolfi, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em 28 de maio
de 2013, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ)15: “No dia 20

15
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ZwyKtFdZrKk&hd=1. Acessado em: 20/04/2014.
O depoimento escrito por completo se encontra disponível no site: http://racismoambiental.net.
br/2013/05/integra-do-depoimento-da-historiadora-dulce-pandolfi-a-comissao-estadual-da-verdade-
do-rio-de-janeiro/. Acessado em: 20/04/2014.

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de outubro, dois meses depois da minha prisão e já dividindo a cela com outras
presas, servi de cobaia para uma aula de tortura. O professor, diante dos seus
alunos fazia demonstrações com o meu corpo. Era uma espécie de aula prática,
com algumas dicas teóricas. (...) A segunda parte da aula foi no pátio. O mesmo
onde os soldados diariamente faziam juramento à bandeira, cantavam o
hino nacional. (...) Ali fiquei um bom tempo amarrada num poste, com o tal
do capuz preto na cabeça. Fizeram um pouco de tudo. Ali simularam meu fuzi-
lamento. Levantaram rapidamente o capuz, me mostraram um revolver, apenas
com uma bala, e ficaram brincando de roleta russa. Imagino que os alunos se
revezavam no manejo do revolver porque a “brincadeira” foi repetida várias
vezes.”
A “mãe gentil” devorava seus mais guerreiros filhos.
Talvez a mais forte expressão desse sentimento nacionalista, no âmbito da
ditadura, tenha se projetado no campo musical. A um só tempo em que quase
todo o país cantava “caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos
iguais, braços dados ou não.... nos quartéis lhes ensinam antigas lições, de morrer
pela pátria e viver sem razão” (Geraldo Vandré, 1968), outro coro contagiava
euforicamente toda a nação: “Eu te amo meu Brasil, eu te amo. Meu coração
é verde, amarelo, branco, azul anil....” (Dom, 1970), pintando as cores da
bandeira nacional nos corações e mentes dos cidadãos comuns, dos brasileiros.
A ideologia nacionalista insistentemente cimentava os anos do “Brasil: ame-o
ou deixe-o”. Êxtase e frenesi como dose analgésica para as dores nacionais.
Assim, o nacionalismo (o que, no campo da memória implica laços identitá-
rios a partir da nacionalidade) talvez seja a mais completa e pernóstica forma de
memória social, por buscar uniformizar a memória coletiva a partir de referenciais
alienados e alienantes à realidade diversa e desigual em que vivem seus sujeitos.
Contrariamente à memória oficial, a própria história pede passagem. Concor-
dando com Marx & Engels (2006), para quem as ideias dominantes de uma época
são as ideias das classes dominantes, estas controlavam as memorias redivivas
como mecanismo de reprodução ideológica, através do nacionalismo. E, se a ide-
ologia dominante assim o fazia, os reprimidos, os presos políticos das ditaduras,
tinham um instrumento de defesa profícuo de suas vidas e da dos companheiros:
o esquecimento. Afirma Calveiro (2013: 77) que “a resistência à tortura é uma
das formas mais claras da limitação do poder do campo [de concentração]”, e
diz que o esquecimento é um mecanismo que sabota a dinâmica desse campo
(idem: 103). Lembrar e esquecer são armas de defesa e ataque quando a luta de
classes explode no campo da memória.
Para finalizar, ressalta-se que, discutir o direito à verdade, à memória, a des-
vendar os esquecimentos acerca do processo ditatorial no Brasil, é um exercício

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saudável e um experimento importante, quer do ponto de vista social, intelectual
ou político -que são uma só coisa- inda mais por sabermos viver num regime
político de fragilidade imensa, constantemente ameaçado pelo autoritarismo,
fardado ou não, mesmo depois de meio século de deflagração desse episódio
sórdido da história do país.

Bibliografia
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