Disciplina Conservação e Manejo de Agroecossistemas Profa. Bianca G.
Ambrogi/DECO
Aula - Ecologia química aplicada à Agroecossistemas
Ecologia química aplicada à agroecossistemas
Os agroecossistemas abrigam diversas interações entre plantas, herbívoros e
inimigos naturais. Essa rede de relações se baseia principalmente na busca de alimentos
e reprodução. Ao longo do tempo, as plantas e os herbívoros mantêm relações de mútua
dependência, favorecendo o processo de co-evolução. Grande parte da comunicação
entre esses organismos é mediada por substâncias químicas, denominadas
semioquímicos. Quando essa comunicação é interespecífica, os semioquímicos são
denominados de aleloquímicos, quando a comunicação é intraespecífica são chamados
de feromônios. Em algumas situações, os aleloquímicos conferem vantagens apenas
para o organismo emissor do sinal (alomônios), já em outras somente para os
organismos receptores (cairomônios) e, em muitos casos, conferem vantagens para
ambos os organismos da interação (sinomônios).
A ecologia química é uma ciência que busca compreender a origem, função e o
significado dos compostos químicos naturais que regulam essas interações entre os
organismos. A maioria dos estudos em ecologia química se refere aos semioquímicos
presentes em plantas e insetos, principalmente de importância agrícola, apesar dessa
linha de pesquisa poder ser empregada em diversos grupos e em variadas situações
ecológicas. De acordo com diversas bases de dados (ISI, Scielo, Scopus), até 2009 já
tinham sido publicados 111 trabalhos referentes à feromônios de insetos-pragas da
agricultura brasileira.
Os semioquímicos são componentes importantes nos sistemas de comunicação
de vários táxons, mas os insetos particularmente são os organismos que mais exploram
o olfato como um canal de comunicação, talvez devido às limitações físicas impostas
pelo seu reduzido tamanho corporal, dificultando a produção e percepção de sinais
acústicos ou visuais. Os insetos utilizam os semioquímicos para desempenhar diversas
atividades vitais, como localização de presas, seleção de plantas hospedeiras, escolha
dos locais para oviposição, defesa, corte e acasalamento, manutenção da estrutura social
nos insetos sociais.
A ecologia química aplicada ao manejo de agroecossistemas busca entender de
que forma os organismos existentes nesse sistema emitem e recebem sinais químicos e
quais os compostos responsáveis por desencadear os mecanismos fisiológicos e as
reações comportamentais específicas. A partir disso, é possível isolar esses compostos,
coletá-los e identificá-los para a posterior síntese em laboratório, permitindo não só a
caracterização total dos semioquímicos naturais isolados, mas também fornecendo
material em quantidades suficientes para aplicação desses compostos na agricultura,
como uma ferramenta no manejo e controle de pragas agrícolas ou plantas invasoras, ou
até mesmo como uma ferramenta de atração de polinizadores e inimigos naturais para as
áreas de cultivo.
Em agroecossistemas, o surgimento de artrópodes-pragas pode decorrer
principalmente devido a implantação de monoculturas, que favorece o desequilíbrio do
ambiente pela baixa diversidade e complexidade ambiental aliado a uma ampla oferta de
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recursos, propiciando a explosão populacional desses organismos. O controle desses
artrópodes-pragas é tipicamente realizado mediante aplicações frequentes de pesticidas,
como método predominante para reduzir o risco de danos econômicos às lavouras.
Entretanto, nos dias atuais, com toda a informação sobre os efeitos colaterais desses
produtos, o manejo de pragas tende a reduzir gradualmente a utilização de agrotóxicos,
sendo substituídos por métodos alternativos de controle, que consideram os aspectos
econômicos, sociais e ecológicos. Esse novo conceito de controle de pragas recebeu o
nome de manejo integrado de pragas (MIP) e pode ser definido como um somatório de
tecnologias em várias áreas que, enfatiza o acúmulo de informações no auxilio do
melhor processo decisório, a fim de reduzir a aquisição de insumos e minimizar as
consequências causadas pelo controle químico, por meio do emprego de novos métodos
de controle. Entre as alternativas, a utilização de semioquímicos tem se destacado.
Todas as classes de semioquímicos (feromônios, cairomônios, alomônios e sinomônios)
tem potencial para serem utilizadas no MIP.
Apesar das inúmeras possibilidades de uso dos semioquímicos em estratégias de
manejo de artrópodes fitófagos, os maiores avanços estão relacionados ao uso de
feromônios. Eles podem ser empregados tanto para monitorar a densidade populacional
desses organismos, como para controlá-los. Dentre os feromônios, os mais empregados
em agroecossistemas, como parte integrante das táticas de manejo têm sidos os
feromônios sexuais e os de agregação. Os feromônios sexuais são compostos químicos
produzidos por um sexo com a finalidade de atrair o sexo oposto para acasalamento e
reprodução. Estes compostos estão entre as substâncias fisiologicamente mais ativas já
conhecidas, pois provocam respostas mesmo em baixa concentração. Já os feromônios
de agregação, são substâncias produzidas por um sexo para atração de ambos os sexos.
Esses feromônios possuem diversas finalidades como encontrar parceiros para o
acasalamento, indicar locais para forrageamento, vencer a resistência das plantas, defesa
contra dessecação e predadores entre outras.
O monitoramento é um fator chave no MIP, que fornece informações precisas
sobre o status do artrópode (presença e quantidade), para que o agricultor decida se o
controle deve ser aplicado ou não. Nesse aspecto, a ecologia química tem se mostrado
uma das principais ferramentas, relacionando de forma eficiente a captura nas
armadilhas com a abundância de insetos ou com o dano causado às plantas nos
agroecossistemas. Ele é feito por meio de uso de armadilhas contendo uma isca atrativa
com quantidades pequenas de feromônios (miligramas), pelas quais os insetos são
atraídos e capturados. As armadilhas são distribuídas no campo e após um período pré-
determinado, procede-se à contagem do número de insetos capturados. Dessa maneira, o
monitoramento pode ser utilizado para: detectar as primeiras infestações de uma
determinada praga, em áreas onde ela não se encontrava anteriormente; para monitorar
populações já estabelecidas; como uma medida para calcular ou predizer o momento de
ocorrência do estágio mais susceptível da cultura ou mais danoso do ciclo de vida do
inseto; para aplicar medidas de controle somente no momento em que o inseto atinge o
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nível de dano econômico e na detecção de pragas introduzidas, visando evitar a sua
dispersão.
A utilização dessa estratégia torna o controle de insetos-praga mais econômico e
efetivo, racionalizando as pulverizações de inseticidas e preservando os inimigos
naturais no agroecossistema. Esta técnica hoje é mundialmente utilizada para uma
grande variedade de culturas. Estima-se que pelo menos 20 milhões de liberadores de
feromônio para monitoramento e coleta massal sejam produzidos e comercializados por
ano. Isso inclui todos os setores de controle de pragas, como horticultura, agricultura,
grãos armazenados, florestas e também o uso doméstico em casas e jardins.
Para exemplificar a importância do monitoramento utilizando feromônios no
manejo de agroecossistemas alguns casos merecem destaque. O bicudo do algodoeiro,
Anthonomus grandis (Coleoptera: Curculionidae) é uma das principais pragas dessa
cultura, que se alimenta principalmente do botão floral, podendo causar perdas de até
70% na lavoura. Esse curculionídeo tem sido monitorado por meio de armadilhas
contendo feromônio (grandlure) desde a sua introdução no Brasil em 1983. O feromônio
utilizado é de agregação e é produzido pelos machos da espécie. Levantamentos
populacionais têm sido realizados, visando informações sobre o comportamento desse
inseto e sua sincronia com a fase mais susceptível da lavoura e sobre sua sobrevivência
na entressafra. Um trabalho realizado durante uma safra na região oeste da Bahia
avaliando a eficiência do monitoramento do bicudo, numa área estimada em 45.000 ha
verificou uma economia de dois milhões de dólares somente com inseticidas, além da
economia nos custos ambientais, que são difíceis de se contabilizar.
Outro exemplo de sucesso do monitoramento utilizando feromônios é para o
bicho furão dos citros, Gymmandrosoma aurantianum (Lepidoptera). As fêmeas adultas
fazem a postura direta no fruto e as lagartas se alimentam da polpa, passando toda a sua
fase larval (15 a 30 dias) dentro fruto. Esse microlepidóptera é de grande importância,
pois causa o dano direto ao produto comercializado. As perdas podem chegar até duas
caixas de laranja por planta por safra. O monitoramento desse inseto é feito utilizando
feromônio sexual das fêmeas em uma armadilha a cada 10 hectares (3.000 a 3.500
plantas). Por meio de estudos, foi determinado que é necessário controlar a população
desse inseto quando as armadilhas capturam seis ou mais machos por semana. Além
desses, diversos outros insetos-praga têm sido monitorados por meio de feromônios.
Além de monitorar, os feromônios podem ser utilizados para o controle dos
artrópodes-praga, mantendo suas populações abaixo no nível de dano econômico,
mediante algumas técnicas.
Uma dessas técnicas é a coleta massal, na qual se utiliza um grande número de
armadilhas contendo o feromônio sintético com a finalidade de capturar seletivamente o
maior número possível de indivíduos, reduzindo dessa maneira a população dos insetos.
Vários aspectos devem ser considerados para uma maior eficiência na aplicação dessa
técnica, tais como as características da espécie a ser controlada (hábitos de
acasalamento, estrutura da população, perfil de emergência, longevidade e mortalidade,
padrões de liberação de feromônios, padrões de respostas); se as fêmeas capturadas são
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virgens ou acasaladas, o número ideal de armadilhas por área, a manutenção das
armadilhas no campo e os fatores econômicos.
Apesar da carência dessas informações para muitas espécies, diversos trabalhos
têm demonstrado resultados positivos no uso desta técnica. Os melhores resultados têm
sido encontrados para insetos que utilizam feromônios de agregação, capturando, dessa
forma, ambos os sexos. Com isso, é possível reduzir boa parte dos descendentes que
seriam produzidos. Uma revisão realizada recentemente na família Curculionidae
(Coleoptera) demonstrou que já foram identificados feromônios em pelo menos 28
espécies de curculionídeos de importância agrícola e que a maioria são feromônios de
agregação. Além disso, muitos deles já são produzidos comercialmente e têm sido
utilizados com sucesso no monitoramento e na coleta massal desses insetos.
Um exemplo de sucesso desta técnica é para o controle de Rhynchophorus
palmarum (Coleoptera: Curculionidae), uma importante praga de coqueiro,
principalmente no nordeste do Brasil. Esse inseto além de causar danos diretos á planta,
o adulto é o principal vetor do nematóide, agente causal da doença do anel-vermelho.
Esta doença é mortal para coqueiros, dendenzeiros e outras palmeiras. A utilização de
inseticidas para o controle dessa praga não tem sido muito eficiente, uma vez que são
coleobrocas, permanecendo no interior das plantas durante quase todo o seu ciclo de
vida.
O controle, por meio de coleta massal, tem sido feito utilizando armadilhas do
tipo balde contendo o feromônio de agregação (rincoforol) sempre associado com
voláteis de plantas (toletes de cana de açúcar ou pedaços de tronco das palmeiras), que
desencadeiam uma ação sinérgica, aumentando a atratividade ao feromônio. Alguns
trabalhos têm demonstrado que a presença desses voláteis de plantas junto com o
feromônio, em alguns casos aumenta a captura em até 10 vezes.
A maior restrição dessa técnica é a necessidade constante de manutenção das
armadilhas, o que, às vezes, aumenta o custo de produção devido a grande necessidade
de mão de obra.
Apesar das técnicas de monitoramento e coleta massal serem amplamente
utilizadas em todo o mundo, a aplicação de semioquímicos em agroecossistemas mais
difundida e utilizada é sem dúvidas a técnica denominada confusão sexual dos machos
ou confundimento. Essa técnica se baseia na interferência ou na interrupção dos sinais
entre os parceiros sexuais. Essa interferência é obtida com a liberação de feromônio
sexuais sintéticos em altas doses na área em que se deseja fazer o controle, ocorrendo
então uma saturação do ambiente com esse odor. Essa saturação diminui ou impede que,
geralmente os machos localizem as fêmeas, reduzindo os acasalamentos e
consequentemente o número de indivíduos na próxima geração.
O mecanismo pelo qual ocorre esse bloqueio na comunicação provavelmente
consiste de uma combinação de alguns fatores, como a adaptação do sistema sensorial e
habituação do sistema nervoso dos insetos, o mascaramento da pluma natural de
feromônio bem como a formação de trilhas alternativas pelo feromônio sintético. A
quantidade de feromônio utilizada nessa técnica é dependente do inseto que se quer
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controlar, das características físico-químicas do feromônio e do estágio fenológico da
cultura na época da aplicação. Geralmente a quantidade utilizada é maior do que para as
demais técnicas que utilizam semioquímicos. Para lepidópteras, por exemplo, tem-se
utilizado em média de 10 a 100 gramas por hectare, o que pode encarecer um pouco a
sua aplicação. Porém, o preço dos feromônios tem caído bastante desde o início da sua
produção para aplicação em agroecossistema. O codlemone, por exemplo, feromônio
sexual sintético de Cydia pommonela (Lepidoptera), no início dos anos noventa era
muito caro nos EUA para ser utilizado por todos os produtores que necessitavam de
aplicações. Porém, com o desenvolvimento da síntese desses compostos em grande
escala, foi possível explora-lo melhor comercialmente. Hoje em dia a produção anual de
codlemone é da ordem de 25 toneladas, e o preço agora é bem mais baixo 1,000
US$/Kg.
O controle direto de insetos-praga por confusão sexual de machos tem
apresentado resultados bastante positivos, principalmente para as espécies da ordem
Lepidoptera. Essa técnica tem sido amplamente utilizada em pomares comerciais,
principalmente na Europa. Excelentes resultados têm sido obtidos no controle da
mariposa-das-maçãs, C. pomnonella e para mariposa oriental, Grapholita molesta,
pragas de frutas temperadas (maça, pêssego, nectarina). A área mundial de pomares
tratados com confusão sexual de machos para C. pomnonella já ultrapassa 200.000 ha,
referente a quase metade da área de pomares da Europa.
No Brasil, essa técnica ainda é pouco utilizada, porém seu uso deve crescer nos
próximos anos, uma vez que diversos avaliando a eficiência dessa técnica para algumas
pragas de culturas importantes para o agronegócio brasileiro têm sido publicado. Como
para o bicho mineiro do café, Leucoptera coffeella e para as mariposas descritas acima
G. molesta e C. pomonella, também consideradas pragas de pomares no sul do país.
Essa técnica deve ser utilizada preferencialmente para populações de insetos-
praga em baixa densidade, para espécies que possuem um ciclo de vida protegido dos
tratamentos convencionais ou possuem hábitos endofíticos e em áreas que não possam
ser reinfestadas por fêmeas acasaladas de áreas vizinhas. Diversos fatores podem afetar
a eficiência dessa técnica, como altas temperaturas, fortes ventos e vegetação densa
podendo acarretar numa disseminação não homogênea na área em que se pretende
realizar o controle.
Considerando as interações ecológicas existentes nos agroecossistemas, outra
forma de aplicação dos semioquímicos é associada ao controle biológico de insetos.
Durante o comportamento de busca e seleção do hospedeiro, os insetos entomófagos
(parasitóides e predadores), utilizam sinais químicos de diferentes naturezas,
provenientes de plantas hospedeiras, de insetos fitófagos e até de materiais inertes para
se orientarem até o seu hospedeiro.
Muitos aleloquímicos liberados pelas plantas após indução por herbivoria estão
envolvidos na atração de inimigos naturais dos herbívoros, e essa hipótese tem sido
suportada por um número crescente de estudos. Já foi demonstrado que os voláteis
liberados pelas plantas de mandioca atacadas pela cochonilha Phenacoccus manihoti
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(Hemiptera) podem atrair ativamente os inimigos naturais deste inseto. Outra evidência
sólida do papel ativo das plantas na comunicação química é o que foi observado em
plantas de feijão atacadas pelo ácaro-rajado, Tretanychus urticae, que liberam uma série
de voláteis, a maioria terpenóides, que são atrativos ao ácaro predador do ácaro-rajado,
Phytoseiulus persimilis. Porém, P. persimilis apresenta uma resposta flexível para
diferentes misturas de voláteis que pode ser regulada por meio de uma experiência
prévia do ácaro para os compostos específicos liberados pelas plantas.
Alguns trabalhos têm demonstrado que inimigos naturais generalistas, como a
maioria dos predadores, são menos seletivos nas respostas para os voláteis de planta,
quando comparado com a maioria dos parasitoides, que geralmente são especialistas
requerendo pistas específicas do seu hospedeiro.
Além dos voláteis capazes de atrair inimigos naturais (predadores e parasitoides)
de tais herbívoros, muitas plantas também produzem metabólitos secundários ou
proteínas associadas às defesas, que agem como uma defesa direta, repelindo o
herbívoro, ou dificultando a oviposição e alimentação por esses herbívoros.
Os feromônios produzidos pelos insetos herbívoros também podem ser utilizado
pelos seus predadores e parasitoides, orientando-os na localização de seus hospedeiros
(cairomônios). Um estudo realizado recentemente verificou que o parasitóide
Telenomus podisi (Hymenoptera) utiliza o feromônio de alarme do seu hospedeiro,
percevejo-pequeno-da-soja, Piezodorus guildinii (Hemiptera) para localizá-lo.
Todos esses aleloquímicos tem potencial para serem utilizados nos programas de
MIP, aplicando os voláteis de defesa das plantas para repelir herbívoros ou para
manipular o comportamento de inimigos naturais atraindo ou retendo parasitoides e
predadores na área, incrementando dessa forma o controle biológico de pragas. Apesar
de vários estudos nessa área, ainda não existem produtos comerciais com essa
finalidade.
Por fim, outra técnica utilizando semioquímicos naturais de plantas é o sistema
denominado empurra e puxa, utilizado principalmente por sistemas agrícolas familiares.
Esse sistema normalmente é estruturado com o plantio de espécies repelentes aos
insetos-praga nas áreas de cultivo (empurra) e com o plantio de plantas atrativas no
entorno das áreas de cultivo (puxa), concentrando esses insetos em um local e
facilitando, dessa maneira, sua eliminação.
A ecologia química aplicada para o manejo de pragas em agroecossistemas
apresenta diversas vantagens em relação ao controle convencional. Isso ocorre porque
semioquímicos, em geral, são específicos e atingem somente a espécie-alvo, são
atóxicos e, portanto não deixam resíduos no ambiente, evitam o surgimento de pragas
secundárias e o desenvolvimento de plantas resistentes. Quando utilizados no
monitoramento, é necessária uma quantidade muito pequena do produto. São muito
eficientes para insetos de difícil controle, que permanecem dentro da planta, como
insetos minadores de folhas ou coleobrocas. Além disso, são compatíveis com outros
métodos de controle, atendendo os princípios do MIP.
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Um grande número de programas de MIP já adotou os semioquímicos,
principalmente os feromônios, como uma ferramenta indispensável no monitoramento e
controle de populações de pragas. Para se desenvolver técnicas eficientes de uso
comercial de semioquímicos é necessário conhecer profundamente a biologia e o
comportamento da espécie alvo. Quando se tem esse conhecimento, os semioquímicos
se tornam uma ferramenta extremamente eficiente para supressão populacional.
Por fim, a aplicação de semioquímicos em agroecossistemas pode minimizar
diversos problemas na agricultura, reduzindo o uso e o impacto dos pesticidas,
auxiliando, portanto na diminuição dos custos de produção, melhoria da qualidade e
competitividade dos produtos agrícolas, melhorando as condições socioeconômicas da
região e consequentemente contribuindo para a sustentabilidade da atividade e do
ambiente.
Referência utilizada
BENTO, J.M.S. 2001. Fundamentos do monitoramento, da coleta massal e do
confundimento de insetos-praga. In: Vilela, E.F. & Della Lucia, T.M.C. (eds),
Feromônios de insetos: biologia, química e aplicação. Editora Holos, Ribeirão Preto, p.
135-144.