0% acharam este documento útil (0 voto)
87 visualizações4 páginas

Orientacoes CUT - Contribuicao Assistencial

Cut
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
87 visualizações4 páginas

Orientacoes CUT - Contribuicao Assistencial

Cut
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 4

CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

Fundada em 28/08/1983

A CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES – BRASIL

Considerando os termos fixados no TERMO DE AUTORREGULAÇÃO DAS CENTRAIS


SINDICAIS - TACS CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL - TACS 01/2023 (28/09/2023), de que é signatária e
foi assim definido:

“Considerando a decisão do Supremo Tribunal Federal (ARE 1018459 ED), definida para
o Tema 935, nos seguintes termos: ‘É constitucional a instituição, por acordo ou
convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a todos os
empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito
de oposição’;

Considerando que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera legítima


contribuição que decorra de processos de negociação e cláusulas de solidariedade
aplicáveis para todos os beneficiários dos acordos coletivos ou convenções coletivas de
trabalho;

Considerando que a natureza jurídica das contribuições negociais/assistenciais decorre


de aprovação em assembleia e do processo de negociação coletiva;

Considerando que nas negociações coletivas, quando efetivadas, segundo dados do


DIEESE1, as categorias em sua expressiva maioria alcançam acordos e convenções
coletivos com aumento real de salário, sempre acima da inflação do período, e vantagens
adicionais às previstas em lei, que melhoram as condições de vida de todos os
abrangidos e, ao mesmo tempo, aumentam em bilhões de reais a massa salarial,
constituindo-se em vetor de incremento da demanda interna pelo consumo das famílias;

Considerando a importância do alcance da negociação coletiva para a proteção jurídica


das trabalhadoras e trabalhadores, sindicalizados e não sindicalizados, em temas
sensíveis como: adoecimento, assédios, licenças, auxílio refeição e alimentação e
inúmeras cláusulas econômicas, sociais, de saúde e de proteção ao trabalho da mulher,
formação dos jovens, proteção do emprego, não discriminação e tratamento igualitário;

Considerando que os acordos coletivos de trabalho e as convenções coletivas de


trabalho são fontes normativas de direito (artigo 7, XXVI da Constituição federal) e se
celebram com a participação dos sindicatos de trabalhadores e empregadores nas
negociações coletivas (incisos III, IV e VI do artigo 8º da Constituição Federal), com
aplicação para todas as pessoas sindicalizadas ou não sindicalizadas; Considerando que
a aplicação das normas das convenções e acordos coletivos são para todos os
trabalhadores e todas as empresas e organizações do âmbito de negociação,
sindicalizados e não sindicalizados, uma verdadeira regra de ouro do sistema de relações
de trabalho brasileiro;

1
https://www.dieese.org.br/boletimnegociacao/2023/boletimnegociacao36.html

1
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
Fundada em 28/08/1983

Considerando que cada categoria profissional tem a sua data base para a qual negocia
condições gerais de trabalho, com vantagens que se aplicam para todas as pessoas,
sindicalizadas e não sindicalizadas; Considerando que a legislação não assegura reajustes
salariais automáticos, exceto quanto ao salário-mínimo, os reajustes das categorias
profissionais são estabelecidos mediante processo de negociação coletiva;
Considerando que desde 2008, com a edição da lei 11.648, de 31 de março de 2008, já
se previu a regulamentação da contribuição negocial (artigo 7º); Considerando que a
praxe da negociação coletiva, desde muitos anos, contempla a inclusão de cláusulas, cuja
nomenclatura é diversa, mas que têm idêntica fonte normativa e natureza jurídica e que
na sua grande maioria definem valores com razoabilidade;

Considerando que alguns órgãos de imprensa e projetos de lei apresentados de


afogadilho no Congresso Nacional, estão provocando desinformação, constrangimento
e prática antissindical, seja por vincularem ao antigo imposto sindical, seja por passar a
impressão de que se trata de um desconto fixo, devido por todos, e que exige
manifestação individual desvinculado dos processos de negociação efetivos para cada
categoria.”

Considerando, ainda, que a CUT tem compromisso com a autonomia sindical, com a
valorização da negociação coletiva e o fortalecimento dos sindicatos;

Considerando que expressivos setores filiados à CUT promovem as melhores práticas e


obtêm os melhores resultados decorrentes da ação sindical efetiva e dos processos de
negociação;

Considerando o esforço de promoção da autorregulação como expressão da autonomia


sindical,

Vem orientar suas entidades filiadas para o cumprimento do compromisso firmado


conjuntamente no TACS 01/2023, explicitando:

a) A decisão do Supremo Tribunal Federal se aplica às negociações coletivas, acordos coletivos


de trabalho e convenções coletivas de trabalho que se firmam para composição de data-base ou
resultantes de processo de negociação, observadas a realização e a deliberação de assembleias;

Detalhamento: a contribuição negocial/assistencial decorre de processo de negociação coletiva


e a ele se vincula. A CUT não recomenda realização de assembleias desvinculadas de processos
de negociação coletiva para fins de aprovação de contribuição negocial/assistencial.

b) As assembleias deverão ser convocadas com garantia de ampla informação a respeito da


pauta a ser tratada, inclusive sobre a cobrança da contribuição negocial, e promovendo a
possibilidade de participação de sindicalizados e não sindicalizados.

2
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
Fundada em 28/08/1983

Detalhamento: as assembleias deverão ser convocadas nos termos dos estatutos de cada
entidade, observando-se, para isso, divulgação e formas de participação.

c) Deve-se observar a autonomia sindical e estatutos das entidades para fins de fixação de
percentual e valores razoáveis, com limites que não caracterizem formas indiretas de filiação
obrigatória;

Detalhamento: não se considera razoável a fixação de percentual de desconto mensal que possa
caracterizar forma direta ou indireta de filiação obrigatória. Assim, a fixação de percentual de 1%
(um por cento) ao mês para toda a categoria (sindicalizados e não sindicalizados), sem limitação,
durante toda a vigência da norma coletiva ou do ano civil está em desacordo com as boas práticas
sindicais.

d) Que as assembleias são soberanas na apreciação de todo o instrumento coletivo, cuja


aplicação beneficia a toda a categoria (convenções coletivas) ou todas as pessoas empregadas
da empresa (acordos coletivos), atinge todas as empresas do âmbito de negociação, compondo
instrumento uniforme para sindicalizados e não sindicalizados, ocasião em que se dará a
manifestação de vontade para a sua aprovação e oposição, inclusive ao relacionado ao desconto;

Detalhamento: cada entidade sindical tem autonomia para a convocação e a aprovação de


descontos, bem como, para a efetiva participação na assembleia convocada para deliberar sobre
esse ponto, reforçando a importância de que o instrumento coletivo (acordo coletivo de trabalho
ou convenção coletiva de trabalho) reconheça a integridade e estabeleça as condições do
desconto.

e) Que cada entidade sindical deverá, no seu âmbito de negociação, oferecer mecanismos de
esclarecimento e condições de manifestação de vontade de sindicalizados e não sindicalizados;

Detalhamento: os instrumentos coletivos trazem vantagens significativas para toda a categoria


ou para todas as pessoas que se vinculam ao acordo coletivo. Assim, recomenda-se que se dê
divulgação ampla do resultado negocial, em especial das cláusulas e condições que são
superiores ao previsto na legislação. Que o direito de oposição seja exercido observadas as
condições de cada categoria e o processo de negociação coletiva

f) Que práticas antissindicais de desinformação ou de incentivo à manifestação individual de


recusa ao desconto, em especial quando desvinculadas das condições reais das negociações
coletivas e de seu resultado mediante a formalização de acordos e convenções coletivos, possam
ser punidas;

g) Que em nenhuma hipótese se admita a entrega de oposição ao desconto de contribuição


negocial/assistencial, decorrente de negociação coletiva, diretamente para a empresa,
caracterizando, nessa hipótese, prática antissindical;

h) Que não se pratique cobranças abusivas e que fujam dos padrões de razoabilidade e
proporcionalidade relacionados ao contexto socioeconômico da categoria;

i) Que os acordos e convenções coletivos ofereçam segurança jurídica para a sua aplicação,
comprometendo-se as partes signatárias ao seu efetivo cumprimento;

3
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
Fundada em 28/08/1983

j) Que eventuais questionamentos sobre cláusula de contribuição assistencial, negocial ou seu


equivalente, sejam examinados a partir do quadro concreto em que se desenvolveu o processo
de negociação coletiva, observando-se os procedimentos adotados pelas entidades, sem
generalização e, em havendo abuso, que seja corrigido, sem prejudicar a esmagadora maioria de
entidades que se conduzem de boa-fé para a ação sindical protetiva e efetiva.

k) Que sejam estimulados os procedimentos de autorregulação, evitando a intervenção ou


interferência nas entidades sindicais, conforme previsto no art. 8º da Constituição federal e na
Convenção nº 98 da Organização Internacional do Trabalho;

l) Que as centrais sindicais, integrantes do Grupo Tripartite, instituído pelo Decreto nº 11.477/23,
juntamente com a bancada patronal e o governo federal, estão em esforço de construção de
regulação para o fortalecimento do sistema sindical brasileiro, a promoção da negociação
coletiva e de mecanismos de autorregulação que contemplem formas de correção do sistema
para seu maior alcance e mais ampla representatividade.

m) Que as Centrais Sindicais implementarão Ouvidoria, para receber denúncias de práticas


antissindicais e procedimentos que não se coadunam com condutas assentadas na razoabilidade
e em boas práticas nacional e internacionalmente reconhecidas, definindo procedimentos
padronizados para a tomada de medidas necessárias para corrigir os desvios identificados e as
punições às condutas de má-fé.

São Paulo, 10 de outubro de 2023.

Você também pode gostar