Grande Oriente Lusitano Unido –
Rompimento com a Grande Loja da
Irlanda -1892
25/11/2022
GOLU Grande Oriente Lusitano
Unido
“A atenção já foi chamada para a
nova Grande Loja de Portugal nestas
páginas (AQC Vol. VII, p.209). A
Grande Loja solicitou reconhecimento
às Grandes Lojas da Alemanha e
apoiou a sua petição com uma carta
circular datada de 15 de Novembro de
1894, da qual condensamos os
seguintes detalhes.
O Grande Oriente Lusitano Unido foi
formado em 30 de Outubro de 1869,
por meio da fusão dos rivais Grande
Oriente de Portugal e Grande Oriente
de Lusitânia. Naquela época existiam
em Lisboa quatro Lojas sob a Grande
Loja da Irlanda, ou seja nºs 338, 339,
341 e 344, que formavam a Grande
Loja Provincial e eram os únicos
corpos maçónicos em Portugal
naquela época reconhecidos por
Grandes Lojas estrangeiras. Em 1872.
O Grande Oriente Lusitano Unido
emitiu um manifesto em que
solenemente assumiu em nome da
Maçonaria Portuguesa abandonar a
discussão de questões políticas em
que ela tinha se envolvido em anos
anteriores. Desta forma, a Grande
Loja da Irlanda reconheceu o Grande
Oriente Lusitano Unido e aconselhou
as suas quatro lojas de Lisboa a se
filiar ao referido Grande Oriente e,
desta forma, acabar com as divisões
na Maçonaria Portuguesa. Sob estas
circunstâncias, as quatro Lojas
abandonaram o título de Grande Loja
Provincial e fundiram-se numa única
Loja a que deram o nome de
Regeneração Irlandesa. Uma tratado
foi então celebrado entre o Grande
Oriente Unido e a Loja Regeneração
Irlandesa, onde a cláusula 13 era a
seguinte: – “Caso, a qualquer tempo,
o Grande Oriente Lusitano Unido se
afaste dos princípios fundamentais da
Maçonaria, a Loja Regeneração
retirar-se-á, com tudo o que lhe
pertence, da sua jurisdição.” Este
tratado foi assinado em Março de
1872 e igualmente ao manifesto já
mencionado, publicado no mesmo
ano no Boletim Oficial do Grande
Oriente Lusitano Unido.
Mas, sob a data de 2 de Novembro de
1892, o então Grão Mestre do Grande
Oriente Lusitano Unido, Irmão
Visconde de Ouguella publicou o
seguinte decreto:
“Nós, Visconde de Ouguella, Grão-
Mestre, etc. Chefe da Maçonaria em
Portugal, declaramos por meio deste
que o Conselho da Ordem tendo
representado a nós as dificuldades
que experimenta na interpretação da
parte final da primeira cláusula do
Artigo 2 da constituição, e em
conformidade com o referido
conselho,
Decretamos o que segue:
Art.º I – A última parte da primeira
cláusula do Artigo 2 da Constituição
que reza “Portanto, toda discussão
sobre política e religião é proibida nas
nossas assembleias” será eliminada,
por ser condicionada por uma regra
que não é encontrada no Artigo I da
referida Constituição.
Art.º II – Uma cópia do decreto será
comunicada imediatamente pelo
Secretário Geral da Ordem a cada
Loja sob a sua jurisdição para
imediata execução.
Dado e traçado no Conselho do Grão
Mestrado neste 2 de Novembro de
1892
O Grão Mestre (assinado) Visconde
de Ouguella (N.T.: Carlos Ramiro
Coutinho)
Pelo Presidente do Conselho da
ordem (assinado) A. Resenando
Marques
O Secretário Geral da
Ordem (assinado) André Joaquim
de Bastos
Além disso, a Loja Regeneração, como
as outras lojas, recebeu em 5 de
Novembro de 1892 um comunicado
do Secretário Geral aludindo à
eliminação da cláusula em questão,
em que o Grão Mestre “seguindo o
conselho de todos os Veneráveis
Mestres, convida à discussão dos
seguintes temas em Loja, pois em
consequência da sua importante
natureza, eles são de grande
importância para a vida económica,
social e política do nosso país”. Os
assuntos que se seguiam eram
diversos e é impossível negar a sua
natureza política: por exemplo –
Franquia Universal – Independência
Comunal – Supressão de Títulos
Nobiliárquicos e Feudais e a sua
substituição por títulos honorários
cívicos – Reforma da Lei das
Hipotecas – Substituição do sistema
prisional por um sistema de colónias
penais agrícolas, etc. A carta conclui
com “Toda loja nomeará um Relator
que ao final do debate comunicará ao
Conselho da Ordem a resolução
adoptada, e quaisquer outros pontos
dignos de atenção, de modo que o
sentimento e convicção de
Fraternidade Maçónica possam ser
conhecidos.”
A Loja Regeneração achou que desta
forma, a cláusula 13 do tratado de
aliança fora quebrada pelo Grande
Oriente Lusitano Unido; chamou a
atenção do Grande Oriente para isso
numa carta datada de 29 de
Dezembro de 1892 e acrescentou que
a Loja tinha, na sua sessão do dia
anterior, decidido romper as suas
relações com o Grande Oriente e
retirar-se da sua jurisdição, de acordo
com as estipulações do referido
tratado. Ela constituiu-se como
Grande Loja independente, recuperou
para a sua jurisdição a Loja Obreiros
do Trabalho de Lisboa, fundou novas
lojas e forneceu-lhes cartas
constitutivas. O restante pode ser
encontrado na página 209 do nosso
volume VII. – G. W. Speth.
(Publicado em AQC – Vol. 8 – p.24)
Adaptado de tradução feita por José
Filardo
Fonte
Bibliot3ca Fernando Pessoa
https://www.freemason.pt/grande-
oriente-lusitano-unido-rompimento-
com-a-grande-loja-da-irlanda-1892/
https://www.freemason.pt/?s=Cis
%C3%B5es+na+Ma%C3%A7onaria+
https://www.freemason.pt/?s=Cis
%C3%B5es+na+Ma
%C3%A7onaria+do+Brasil+%2B