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A RENDICAO DO VIUVO - Livro Unic - Vanessa Correia

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Maressa Almeida
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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A RENDICAO DO VIUVO - Livro Unic - Vanessa Correia

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Table of Contents

Sumá rio
Sinopse
Nota da Autora
Dedicató ria
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Epílogo
Avaliaçõ es
Agradecimentos
Copyright © 2024 Vanessa Correìa

Capa: Jaque Summer


Diagramação: LM Barros
Revisão: Sheila Marins
Assessoria: Devassa Literá ria

Todos os direitos reservados.

Esta é uma obra de ficçã o. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos sã o produtos da
imaginaçã o da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.

Sã o proibidos o armazenamento e/ou a reproduçã o de qualquer parte


dessa obra, através de quaisquer meios – tangíveis ou intangíveis – sem
o consentimento escrito da autora.

A violaçã o dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98


e punido pelo artigo 184 do Có digo Penal.
Sumário

Sumá rio
Sinopse
Nota da Autora
Dedicató ria
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Epílogo
Avaliaçõ es
Agradecimentos
Sinopse
AGE GAP – VIÚVO – PAI DO MELHOR AMIGO – CHEFE X
FUNCIONÁRIA – MESMO TETO – CRIANÇA FOFA – SEXO POR
CONTRATO – GRAVIDEZ INESPERADA – HOT DE MILHÕES

Ele é um CEO.
Ela uma influencer.
Ele é viú vo e se culpa pela morte da esposa.
Ela acabou de passar por grandes decepçõ es.
Ele é o pai do melhor amigo dela
Ela é o fruto proibido.

Sara Smith julgava ter uma vida perfeita, mas de repente tudo se
transformou em um verdadeiro caos. Agora sendo a ú nica responsável
por sua irmã de 5 anos se ver obrigada a aceitar uma proposta que
mudará sua vida para sempre.

Wladimir Novak é um homem atormentando pelo luto. Viú vo há


anos, nunca conseguiu desapegar de sua esposa, vive para o trabalho,
tentando fugir das memó rias dolorosas do seu passado.

Um encontro desastroso no trâ nsito.


Uma convivência forçada embaixo do mesmo teto.
Um contrato onde a principal regra é... Nã o se apaixonar.
Uma gravidez inesperada.

Quando o destino intervém, o amor pode ser a salvação... ou a sua


ruína.
Nota da Autora

Oi, meu amor!


Bom dia, boa tarde, boa noite... Como você está ?
Espero que esteja bem.
Fico muito feliz em ter você por aqui e juntos embarcarmos na
histó ria do nosso Mingau de aveia e da sua Ninfeta. Eu estava muito
ansiosa para partilhar a histó ria dele com você, e finalmente esse dia
chegou!
Wladimir é um homem intenso com muitas camadas e tenho
certeza de que você vai se apaixonar por ele, mas também é marcado
por uma perda dolorosa e isso o transformou em um homem fechado
para o amor, entã o prepare seus panos, ele vai precisar. Sara é uma
mulher atrevida e promete enlouquecer o nosso mocinho de todas as
formas.
Vamos de aviso?
O livro é ú nico e recomendado para maiores de 18 anos. Contém
cenas de sexo explícito, palavras de baixo calão, luto e tentativa de
abuso.
Os meus casais sempre serã o sobre superar traumas, terem uma
segunda chance e juntos encontrarem a felicidade. O mundo real já é
difícil demais, né?
Entã o, espero que a histó ria deles te envolva e aqueça o seu
coraçã o assim como foi comigo no meu processo de escrita.
Dedicatória

Este livro é dedicado a você que assim como Wladimir perdeu o seu
amor e achou que era o fim, mas que a vida mostrou que sim, é possível ter
um outro grande amor e assim ser feliz.
E também a você que gosta do proibido, que não busca por um
príncipe encantado e sim pelo lobo mau, porque sabe que ele vai te comer
melhor.
Capítulo 1

Estou sentado em meu escritó rio completamente inerte a tudo ao


meu redor.
Hoje é o pior dia da minha vida, na verdade, a data de hoje tem sido
assim há malditos 20 anos. Levo meu polegar e indicador a base do meu
nariz e pressiono com força, entorno de uma ú nica vez a bebida â mbar
de meu on the rocks[1], ainda consigo sentir o perfume que ela usava,
ainda consigo senti-la aqui comigo e ainda vejo aquele flash de luz que
me cegou por alguns segundos, mas que foram suficientes para me
destruir para sempre.
Fecho os olhos e minha mente me teletransporta para o dia da
minha morte...
“Admiro minha mulher se arrumando, ela finaliza sua maquiagem,
enquanto eu ainda estou com a toalha envolta da minha cintura. Susie
insistiu para que fôssemos comemorar o meu aniversário e claro que eu
cedi, mesmo que a minha vontade seja ficar aqui com ela e Vitor, nosso
filho, e depois que ele dormir me perder a noite toda em seu corpo
perfeito.
— Ei, você ainda está assim? — Me questiona com sua voz suave. —
Você prometeu, amor, não vai me enrolar.
— Eu tinha outros planos para essa noite. — Me aproximo
enlaçando sua cintura. — Não acha melhor ficarmos em casa, eu, você e
Vitor, — tento uma última vez — e depois que ele dormir... — Mordo o seu
lábio, arrancando um gemido da minha mulher, deixando subentendido o
meu plano.
— Esse plano é delicioso, mas podemos executá-lo quando a gente
voltar.”
Sendo que ela nunca voltou... Suspiro com força e sinto o meu
celular vibrar, atendo no primeiro toque ao ver o nome que pisca na tela.
— Pai.
— Oi, meu filho, como andam as coisas por ai?
— Bem. — Ele fica calado por um tempo e eu sei o porquê. — Feliz
aniversário, coroa.
Todo ano Vitor me liga, mesmo sabendo que nã o comemoro essa
data amaldiçoada.
— Obrigado, filho — agradeço pois já sou um pai ausente, nã o
preciso ser um filho da puta.
Mesmo amando meu filho com a minha vida, nunca mais fui o
mesmo Wladimir de antes.
— Tem pretensão de vir para casa nos próximos meses?
— Nã o faço ideia. Estou com muito trabalho acumulado por aqui,
expandir para outro continente vai nos render muito, mas nã o só
dinheiro.
Possuo uma rede de boates, isso é até estranho, porque odeio
barulho, tumulto e exposiçã o da minha imagem, ou seja, totalmente
contraditó rio com os meus negó cios, mas achei um jeito de fazer dar
certo e venho trabalhando nisso há anos.
Recentemente entrei em um processo de expansã o da Seduction
Lounge[2] para a Europa e por isso estou aqui na Itá lia há alguns meses.
— Pai, eu não me lembro da mamãe, mas eu tenho certeza de que
ela não aprovaria o jeito que leva a sua vida. — Suas palavras sã o como
um soco no meu estô mago, porque ele tem razã o, Susie era radiante, era
a luz da minha vida. — O senhor só vive para o trabalho, eu sei que me
ama, do seu jeito se faz presente, mas e você pai? Onde o senhor se encaixa
nessa equação? Quando que o senhor vai voltar a viver? — Fico calado,
porque sei como sou, o que me tornei e se eu abrir minha boca vou
magoar a ú nica pessoa com quem me importo — Pai, o senhor precisa
sair, se divertir... — Ouço sua respiraçã o ruidosa. — Porra, pai, vai curtir,
namorar, o senhor só tem 42 anos.
— Vitor, eu nã o virei celibatá rio, pode ter certeza disso. Nã o é
porque nunca mais quis um relacionamento sério que nã o transo, mas é
isso, só sexo, nã o alimente coisas na sua cabeça que nunca vã o acontecer.
— Sinto a necessidade de deixar claro, mesmo que eu já tenha feito isso
outras vezes. — Estou bem vivendo do meu jeito, sou casado com o meu
trabalho e tenho você, isso me completa.
— Caralho, nunca ouvi algo tão triste, pai. — Ele fica em silêncio
por um tempo, entã o sua voz soa novamente. — Ok, não vou discutir
sobre isso hoje, mas saiba que nunca vou desistir da sua felicidade.
— Eu sei que nã o, moleque. — Sorrio, porque apesar desse
assunto me incomodar pra caralho, o meu filho é tudo para mim. — E
como andam as coisas na boate?
— Tudo perfeitamente bem, coroa, fica tranquilo — fala confiante.
— Ontem a noite tivemos a terceira apresentação do novo DJ que
contratamos, aquele que te falei, e o fluxo de pessoas foi incrível, parece
que o público super aprovou.
Meu filho tem 24 anos e apesar de novo domina o que faz.
— Muito bom, garoto, mas nã o esperava outra coisa vindo de uma
decisã o sua. — Nã o falo isso por falar, tenho muito orgulho do meu filho,
e ele conhece o gosto dessa nova geraçã o, desde que assumiu a
Seduction Lounge de Las Vegas, os lucros aumentaram
consideravelmente. — E o restante, algum problema? As finanças, como
tem fechado?
— Pai, eu aprendi com o melhor, fica tranquilo. — Sorrio de forma
sincera do jeito que se refere a mim. — Sei que se acontecer algo vou
conseguir resolver — garante.
— Eu também sei disso, meu filho, mas lembre-se que pode
recorrer a mim em qualquer momento. — Ele me pede um momento e
ouço uma voz feminina falando com ele.
— Oi pai, desculpa...
— Nada, filho, é a sua amiga? — Sinceramente nã o acho que essa
menina seja só amiga dele, vá rias vezes que me liga ouço a voz dela,
estã o sempre juntos.
— Sim, a Cupcake está aqui comigo.
— Por que você chama a menina assim?
Nã o gosto de apelidos de uma forma geral, mas esse achei ridículo.
— Quando o senhor vier para casa, vou apresentá-los, então irá
entender.
— Ok. Você também vai me contar que estã o namorando? —
insinuo, porque eu realmente acredito que eles sejam mais que amigos,
só nã o entendo o porquê ele nã o me conta a verdade.
— Já vem você com isso, pai... Eu não namoro a Cupcake, ela é mais
como uma irmã e graças a Deus por isso, essa garota é uma peste, tenho
pena do homem que parar com ela. Aiii, cacete, garota. — Ouço um estalo
e em seguida meu filho reclama — Tá vendo, pai, me bateu, — diz como
se eu conseguisse ver alguma coisa — uma peste, como eu disse.
Eles começam a rir do outro lado da linha e eu fico atento a
interaçã o deles. Passo mais um tempo conversando com meu filho, ele
termina de me atualizar sobre a boate, digo que confio plenamente nele
e em suas decisõ es, e peço para ele se cuidar.
— A cara nem treme, né, pai? — Sinto o deboche escorrendo em
suas palavras e seguro o riso. — Isso também serve pra você. E vê se sai
hoje... — O interrompo.
— Nã o tenho por que sair e nem tenho tempo para esse tipo de
coisa, Vitor — bufo, a insistência dele me irrita. — Estou aqui a trabalho.
— Esse tipo de coisa? — repete irritado. — Sair para comemorar a
sua vida, pai, se divertir, transar? Quando vai acordar e perceber que está
aqui, vivo? Que eu estou aqui e preciso do senhor? — Porra, me odeio um
pouco mais agora.
— Filho, me desculpa, eu vou tentar — minto descaradamente.
— Ok, pai, me desculpe também, eu prometi para mim mesmo que
não iria brigar hoje. — Suspira alto. — Mas me preocupo muito com o
jeito que vive, a forma como se anula.
— Eu sei...
— Eu te amo, pai. — Fica em silêncio e volta a falar, sua voz soa
triste. — Estou com saudades.
— Eu também te amo, meu filho e estou com muita saudade. Vou
arrumar um jeito de nos vermos em breve, prometo.
— Vou aguardar.
Mando um abraço para sua amiga, pois mesmo sem a conhecer
pessoalmente, se trata o meu filho bem, tem o meu respeito, e
desligamos.
Olho os papéis espalhados pela minha mesa, um suspiro pesado
sai pela minha boca, me levanto, volto a encher meu copo com o meu
whisky preferido, um Macallan 72 anos. Esse destilado que foi projetado
para trazer o á pice do sabor é algo que nã o abro mã o de ter por onde eu
estiver, seja no escritó rio, viajando ou em casa.
Retorno para minha mesa me enterrando no trabalho, fico tã o
concentrado que nã o percebo a hora passar, até que o telefone em minha
mesa toca e vejo que é o ramal da minha secretá ria.
— Pronto.
— Senhor Novak, o senhor Falcone chegou.
— Pode mandá -lo entrar.
— Sim, senhor.
Vincenzo Falcone é um homem muito poderoso, sua família
domina toda a regiã o da Sicília e nenhum negó cio é implantado aqui sem
o seu aval.
— Senhor Falcone, boa tarde! — Aperto a mã o do homem com ar
tã o sofisticado quanto sombrio. — Agradeço por ter disponibilizado um
tempo em sua agenda para conversarmos.
— Boa tarde, senhor Novak — responde me encarando de forma
intimidadora. — Me explique um pouco sobre o seu projeto.
Vai direto ao ponto, sem rodeios. Gosto disso.
— Claro. Sente-se, por favor. — Aponto para a cadeira a minha
frente e logo apó s ele se acomodar, eu faço o mesmo. — Aceita alguma
bebida? Tenho um Mallacan, perfeito para nos acompanhar nesta
conversa.
— Quantos anos?
— 72. — O homem sorri contidamente, mas é visível que aprovou.
Recebo seu gesto como um sim, sirvo duas doses, recebendo um
agradecimento em resposta e início nossa reuniã o.
— Minha boate consiste em um ambiente com três andares, sendo
o primeiro voltado para quem busca agitaçã o, diversã o, sendo assim, o
térreo sempre é dedicado a pista de dança e ao bar.
Me silencio por alguns segundos, vendo se irá se pronunciar em
algo, mas nã o, entã o continuo.
— No segundo possuímos uma á rea estilo lounge, reservados para
pessoas de poder que buscam marcar suas reuniõ es de negó cios,
acordos e qualquer tipo de assunto confidencial em um lugar discreto,
mas sem renunciar à sofisticaçã o — gosto de ser sempre muito objetivo,
mas aqui acho interessante explicar um pouco mais — E nó s
conseguimos oferecer essa privacidade absoluta juntamente com nossa
segurança de alta tecnologia. Também temos um bar elegante, á rea com
jogos e um palco mais intimista, pró prio para danças exclusivas.
Senhor Falcone esboça um pequeno sorriso sem mostrar os dentes
e começo a achar que essa é a sua forma de demostrar aprovaçã o.
— No terceiro oferecemos algo bem exclusivo, somente para
só cios. O ambiente amplo e igualmente sofisticado como toda a boate,
possui quartos privados onde nossos associados podem passar a noite
sozinhos ou muito bem acompanhados, como preferirem. — O homem
ouve atentamente, mas nã o esboça nenhuma reaçã o e se eu nã o fosse
muito seguro do que falo estaria me sentindo um merda. — Neste andar
temos algo bem inovador e que vem dando muito certo, quartos com
paredes de vidros, para quem gosta de algo mais excitante, estilo voyeur.
Um lugar onde o desejo e o luxo andam lado a lado.
— Interessante. — Vincenzo se inclina para frente, apoiando o
cotovelo na mesa, levando o indicador e polegar a ponta do seu queixo.
— Muito interessante mesmo. Confesso que vim até aqui achando que
era mais uma boate, igual a vá rias outras que temos por ai, mas, me
surpreendeu e isso nã o é uma tarefa fá cil. — Apesar do jeito que fala,
gosto de sua sinceridade e da maneira direta que diz o que pensa. —
Wladimir, nã o sei se conhece a fundo os negó cios da minha família, mas
preciso esclarecer que esta ilha... esta cidade é minha. Nada passa
despercebido aos meus olhos, tudo o que acontece aqui passa pela
minha permissã o. — Aceno em positivo uma ú nica vez, para deixar claro
que eu sei com quem estou falando. — A Cosa Nostra tem suas raízes
aqui, senhor Novak, e nada acontece sem o nosso aval.
Olho tranquilamente para o Don da má fia italiana, pois apesar do
peso de suas palavras, eu sei o profissional que sou e como minha boate
pode contribuir positivamente para as noites de Sicília e principalmente
para a economia local.
— Entendo perfeitamente, senhor Falcone, estou aqui para fechar
um negó cio lucrativo, nã o só para mim, mas também para a sua regiã o e
obvio, sua família, afinal, negó cios bem feitos sempre serã o benéficos
para ambas as partes. — Ele só acena.
O homem é realmente de poucas palavras.
— Só para esclarecer, sei exatamente quem vocês sã o, seria um
tolo se viesse para esta reuniã o sem fazer o mínimo do dever de casa,
sendo assim, tenho consciência do poder que o senhor e sua família
possuem, estou aqui para somar e claro, sem desrespeitar nenhuma de
suas regras.
Vincenzo me observa em silêncio por algum tempo e sinto que está
me analisando, fazendo uma leitura dos meus gestos somados a tudo
que falei. Por fim se recosta na cadeira, demonstrando estar relaxado.
— Respeito e lealdade sã o duas coisas que eu e minha família
valorizamos muito e por isso aprovo o seu projeto, Wladimir, pois além
de gostar muito do que me apresentou, vi que é um homem honrado. —
Ele pede um minuto e olha uma mensagem que chega em seu celular,
voltando sua atençã o para mim, logo depois de responder. — E para
selarmos este acordo, gostaria que me acompanhasse como meu
convidado em uma noite no meu cassino.
Porra, nã o esperava por isso, mas sei que nã o posso negar.
— Com certeza, senhor Falcone, será uma honra.
Assim que finalizamos a reuniã o, Vincenzo me entrega um cartã o
dizendo o horá rio que me aguardará em seu cassino. Sei que nã o deveria
estar fechando negó cios com a má fia italiana, mas expandir para a
Europa faz parte dos meus projetos e eu nunca desisto do que quero.
Capítulo 2

Termino de passar meu gloss ao mesmo tempo em que ligo o meu


computador, ajeito o meu tripé para ter uma boa iluminaçã o e me sento
iniciando a live do meu canal.
Há alguns meses criei o Devassas.com e meu ú nico
arrependimento foi nã o ter feito isso antes.
— Boa madrugada, devassas da minha vida, hoje nossa noite vai
ser diferente, vamos de enquete... Quero saber a opiniã o de vocês
quando um boy manda bem na hora H ou quando é uma verdadeira
perda do nosso precioso tempo, entã o — dou uma piscadela para a
câ mera — mã o na massa.
Compartilho minha tela com o título em letras garrafais “Sinais de
que ele manda... na cama” e abaixo a ilustraçã o que fiz de dois bonecos
um escrito mal, com o polegar para baixo e outro escrito bem, com o
polegar para cima.
— Prontas? — Começam a pipocar respostas das meninas que sim,
entã o continuo. — Gatas, acredito que todas nó s já nos deparamos com
um terrível soca fofo, Senhor, nenhuma mulher merece passar por isso,
— falo suspirando tristemente. — e se você ainda nã o passou, agradeça
ao universo. — digo sorrindo — E como classificamos este ser? Pra
vocês, ele manda bem ou mal na cama?
A mulherada começa a escrever uma enxurrada de mal, péssimo,
horrível e algumas até compartilham suas experiências nada agradáveis,
entã o escrevo no meu material que está compartilhado com elas o
classificando como “manda mal” já que a escolha foi unâ nime.
— Vamos lá , hoje estou nas mã os de vocês, vamos ver o
termô metro de cada uma para uma boa foda. — Elas ficam animadas,
respondendo com emojis. — Aquele boy que nã o tem nojinho, te chupa
com vontade, como se você fosse uma fruta deliciosa. Nossa, foi só aqui
que esquentou ou aí do outro lado também? — Abano a mã o na frente
do rosto. — Como classificamos?
No mesmo instante começam a chegar as respostas, um anjo, um
deus, caso com ele na hora e eu classifico conforme a escolha delas.
Seguimos falando de vá rias opçõ es, como o boy miojo, que em 3
minutos de foda goza, do que nã o está nem ai para satisfazer a mulher,
só pensa no seu pró prio prazer e também falamos dos que nã o sã o
capazes de achar o clitó ris nem com um gps guiando a criatura pelo
caminho, rimos muito em cada uma dessas opçõ es, mas também falamos
dos que fazem as preliminares sem pressa, nos fazendo gozar no
processo.
— E deixei por ú ltimo aquele carinha que tem pegada, mas é
aquela firme, que enrola seu cabelo nos pulsos, te empina, enchendo sua
bunda de tapas, te xinga e diz que você é dele, todo possessivo... —
começo a ri e digo — Corta para todas nó s precisando de terapia. Agora
bora mulherada, classificamos como?
Elas se empolgam respondendo, o boy da minha vida, um ser raro,
outra diz, o homem que vou pedir em casamento na hora...
— Esse merece ir para o nosso pó dio, né? — Todas respondem
sim, entã o anoto na opçã o manda bem pra caralho na cama. — Uau
meninas, amei a nossa madrugada, espero que vocês também tenham
gostado e por hoje é isso. — Elas começam a agradecer, dizendo que
amaram. — Agradeço por me deixarem entrar na casa de vocês mais
uma vez, até a pró xima live e nã o se esqueçam, usem camisinha, nã o
façam nada do que eu nã o faria e se masturbem sempre, só assim vã o
conhecer bem o corpo de vocês. — Mando beijos para a câ mera, dou um
tchauzinho e encerro a transmissã o.
A live durou quase duas horas.
Nunca pensei em me tornar uma influencer mega conhecida, a
ideia do canal era só de interagir mais com pessoas diferentes, amo
redes sociais, pessoas, conversar, mas nã o imaginava que iria crescer
tanto em tã o pouco tempo, contudo ainda nã o consegui monetizar o
meu canal.
Espero um dia conseguir.
Afinal, ouvi de uma profissional certa vez uma frase que nunca
mais esqueci: Putaria é o que vende. E eu super concordo.
Me levanto, alongando meu corpo e começo a desligar tudo, nã o
antes de colocar o vídeo da live no canal para quem nã o pô de entrar,
assistir depois. Logo entro no banheiro, tomo uma ducha rá pida e vou
me deitar.
Antes de dormir pego meu celular e mando uma mensagem para o
meu noivo...

Sara: Amor, estou com saudades, não nos vemos desde o fim de
semana.

Logo ele responde que está trabalhando, pede desculpas e diz que
amanhã me liga.

Sara: Tá bom, sem problemas, só acho que você está trabalhando


demais. Te amo.

Ele visualiza, mas nã o responde, entã o largo o telefone e me viro


na cama para dormir, me rendendo ao sono em seguida.
Ouço o despertador do celular e sério, as vezes acho que minha
cama é uma má quina do tempo, onde eu me deito nela e sei lá , algum
botã o é ativado e a tal 8h de sono, o que no meu caso hoje seriam
somente 6h, já que fui dormir as 3h e agora sã o 9h, passam em apenas 5
minutos.
— Merda. — reclamo esfregando os olhos tentando despertar,
parece que um trator passou por cima de mim.
Me levanto olhando meu quarto, finalmente ele está do jeito que
sempre quis.
Aqui é o ambiente que mais amo na minha casa, ele é um cô modo
pequeno, mas aconchegante, com tons claro e depois que consegui
montar o cantinho para o meu canal do jeitinho que eu queria e com o
dinheiro do está gio que fiz, ficou perfeito.
Vou para o banheiro, tomo um banho quente e faço minha higiene
matinal, enquanto me arrumo uma ideia passa pela minha cabeça.
— Pai, me empresta o carro? — grito ao sair do quarto descendo a
escada. — Ei, pai, cadê a chave do carro? — Olho no aparador e nã o a
encontro.
— Filha, o carro está na oficina. Deu problema no... no — ele fica
me olhando, como se estivesse tentando recordar o nome — freio. Isso,
deu problema no freio.
— Problema no freio e o senhor nã o recordava o nome, pai? —
Olho desconfiada.
— Ah meu amor, a cabeça do seu velho nã o anda boa. — Sorri e
beija minha testa ao se aproximar.
John Smith está no auge dos seus 53 anos e é um homem lindo, e
um pai incrivelmente amoroso, seu ú nico defeito é o vício em jogos e por
este motivo nã o consigo acreditar no que me diz.
— Pai, olha pra mim, — peço com angú stia no peito já prevendo o
que vou ouvir — o senhor perdeu o carro no jogo?
— Nã o Sarinha, juro filha, está na oficina.
Suspiro e mudo de assunto, uma hora eu vou descobrir.
— Onde está Liz?
Minha irmã zinha tem apenas 5 anos e é a luz da minha existência,
por ela sou capaz de tudo. Mamã e engravidou aos 39 anos, tendo uma
gravidez complicada e acabou morrendo na mesa de parto, apó s isso
meu pai mergulhou de vez no que é a nossa ruína, cada vez mais
perdemos tudo que eles conquistaram no decorrer dos anos e isso me
destró i por dentro.
— Ela está na casa da Carol, brincando. Beth passou aqui cedo,
perguntou se ela poderia dormir lá para fazerem uma tal de noite do
pijama.
Beth é nossa vizinha, era amiga da minha mã e e sempre toma
conta da minha irmã quando a gente precisa. Sua filha Carol tem a
mesma idade de Liz e as duas nã o desgrudam.
— Ok, pai. — Pego meu celular e solicito um carro por aplicativo.
— Vou na casa do Adam e devo ficar por lá hoje, mas amanhã cedo volto
para casa, porque tenho uma entrevista de trabalho na JP Company à s
11h.
— Nã o gosto desse garoto, mas você já é uma mulher adulta, —
fala o mesmo discurso de sempre — só cuidado com ele, meu amor.
— Quero saber quando vai acabar essa sua implicâ ncia com ele,
pai? — Reviro os olhos e mostro o meu anel de noivado. Faz uma
semana que Adam me pediu em casamento. — O senhor sabe que nó s
vamos nos casar, né?
É a vez do senhor John revirar os olhos.
— Pai, ele me faz feliz, eu o amo. — Fico na ponta dos pés e beijo
sua bochecha. — Mas pode deixar, eu vou me cuidar. — Meu pai retribui
o beijo e eu olho em meu celular, vendo que o carro que pedi chegou. —
Tchau, pai, eu te amo, se cuida e nada de cassino, hein.
— Pode deixar, filha e eu também te amo.
Saio apó s pegar minha bolsa e entro no carro.
Conheci Adam no 2º período da faculdade do nosso curso de
administraçã o e logo começamos a ficar com exclusividade, mas em
poucos meses estávamos namorando. Ele é um homem lindo, com seus
1,80m, corpo tatuado e definido, mas nã o musculoso, olhos e cabelos
castanhos. E apesar de ter um ciú me meio exagerado, sou
completamente apaixonada por aquele homem.
Meu celular toca me tirando dos meus pensamentos e sorrio ao ver
quem é.
— Oi Vi.
— Você cisma com essa porra de Vi, né? — meu melhor amigo
resmunga. — Já te falei que não existe apelido para o meu nome, Cupcake.
— Claro que existe, te falo três rá pido, sem parar pra pensar: Vi,
Vivi e Vitinho... Aaah, pode ser Tinho também. — falo entre risos porque
sei que meu amigo odeia.
— Nem vem com essa porra de Vivi que te deserdo do posto de
minha melhor amiga e Tinho só a Liz tem o direito de me chamar.
— Duvido, você me ama demais pra isso e seja menos puxa saco da
minha irmã , por favor.
— Impossível, Liz tem um superpoder — Rio concordando, minha
irmã é realmente encantadora — E quanto a você, só te amando muito,
sua peste. — Provoca rindo. — Saudades. Vamos fazer alguma coisa mais
tarde?
— Também Vi, mas estou indo fazer uma surpresa para o Adam,
porque nã o nos vimos esta semana, ele está trabalhando muito e se tudo
der certo para mim amanhã , vamos nos ver só no pró ximo fim de
semana — falo referente a minha entrevista de emprego.
Se eu passar serei secretá ria do CEO, o início será imediato e o
salá rio maravilhoso, tudo que eu preciso para ajudar meu pai em casa. A
verdade é que com seu vício nos jogos está cada vez mais difícil manter
as coisas bá sicas. Eu preciso passar.
— Podemos marcar algo amanhã à noite, o que você acha? Aí
comemoramos a minha admissã o.
Pensamento positivo.
— Combinado, Cupcake — diz, mas sinto que nã o ficou satisfeito.
— O que foi, Vi, desembucha?
— Não tenho nada pra falar, você sabe que não gosto desse seu
namorado, noivo, sei lá... Nessa eu estou com o tio John, ele não me passa
confiança. E outra, não sei que trabalho é esse a noite que você não sabe o
que é, onde é e o que ele faz. — Fica um tempo em silêncio, mas sei que
vem mais. — Mas eu estou de olho nele e juro que se aquele cara fizer
qualquer coisa contigo, eu acabo com ele. Ninguém mexe com a minha
família e sai ileso.
— Obrigada, meu amor, mas nã o será necessá rio, confio
plenamente no meu noivo. — Faço por menos e prefiro nã o responder,
afinal, já estou acostumada com todos odiando o Adam, só nã o entendo
o porquê. — Amanhã , combinado?
— Combinado. Se cuida e se precisar me liga.
Me despeço do meu amigo e desligo assim que chego em frente ao
prédio onde Adam mora. Entro no elevador, indo para o 13º andar e
assim que a caixa metá lica se abre no andar, saio, seguindo pelo longo
corredor. Paro em frente a porta, abro minha bolsa, pego a minha chave
e entro sem fazer muito barulho porque sei que ele está dormindo.
Todas as luzes do apartamento estã o apagadas, coloco minha bolsa
em cima do sofá e vou na direçã o do quarto, mas já do pequeno corredor
ouço vozes e penso que talvez ele tenha dormido com a televisã o ligada,
entã o eu abro a porta e meu mundo desaba.
— Baby, o que você está fazendo aqui? — o maldito se assusta ao
me ver e empurra a mulher a afastando dos seus braços
Adam está nu em cima da cama com uma ruiva peituda que estava
deitada em seu peito, enquanto ele acariciava suas costas, uma cena
ridícula de pó s sexo, exatamente como esse desgraçado faz comigo.
— O que eu estou fazendo aqui? — Rio sem vontade. — Você é
muito cara de pau, porra, — levo minhas mã os a cabeça e puxo meus
cabelos — todo mundo sempre me alertou.
A mulher está de joelho na cama, com o lençol em frente ao seu
corpo olhando nosso embate.
— Julia, sai daqui preciso falar com a minha mulher.
Dessa vez eu gargalho.
— Sua mulher? — questiono incrédula do quã o escroto ele é. —
Você acha mesmo que ainda existe algo seu aqui? — O fuzilo com o olhar
e sinto as lá grimas escorrerem pelo meu rosto sem que eu consiga
controlar.
Me direciono até o closet, pego uma mochila e começo a jogar
minhas roupas ali.
— Julia, né? — A mulher acena. — Muito obrigada por me livrar
desse traste antes que eu me amarrasse a ele de vez. Pode ficar pra você
e faça bom proveito.
Ao me virar para sair do quarto ele segura em meu braço.
— Amor, nã o é o que você está pensando.
— Ah nã o? Jura? — Cruzo os braços e olho para o seu corpo nu que
sempre desejei loucamente e neste momento me causa repulsa. — Entã o
me diz o que é?
— Isso foi um engano. — Tenta acariciar o meu rosto e eu me
afasto. — Ela nã o é nada, nã o significa nada.
— Um engano? — Ele acena. — Hum, deixa ver se eu entendi... —
coloco o indicador na lateral do meu queixo — Você acidentalmente
enfiou o seu pau diversas vezes na boceta dela, assim, por engano. Ah
tadinho, deve ter achado que era a minha, né? Somos tã o parecidas,
quase gêmeas — debocho. — Adam, pelo amor de Deus, nã o ofenda a
minha inteligência, já nã o basta o que você acabou de fazer com o meu
coraçã o.
— Nã o amor, nã o é assim. — Ele olha para a menina que já está
vestida e eu nem percebi quando que fez isso. — Julia vai embora, pelo
amor de Deus.
— Eu nã o sabia que ele tinha namorada. Em nenhuma das vezes
que vim aqui nunca vi nada que denunciasse que ele era comprometido.
— Olho para ele que empalidece na hora e parece perder a voz.
— Das vezes? — Arqueio as sobrancelhas o olhando incrédula. —
Vai se foder, Adam, e me esquece. — Me viro para ir embora e volto no
mesmo pé. — Ah, enfia isso no cu, seu desgraçado. — Jogo a aliança em
sua cara.
Saio sem olhar para trá s, me sentindo uma idiota por ter confiado
tã o cegamente nesse infeliz, chorando, com o coraçã o completamente
despedaçado e um turbilhã o de pensamentos rondando a minha cabeça.
— Meu Deus, eu nã o merecia isso — resmungo, passando as costas
da mã o no rosto, limpando inutilmente minhas lá grimas que nã o param
de cair. — Com certeza ela dormiu lá e aquilo era o sexo matinal. Ai Sara,
como você foi idiota — falo sozinha.
Vou andando sem rumo pela avenida Strip, perdida em meu
pró prio sofrimento, sem noçã o de tempo, cega pela dor da traiçã o e de
repente paro em frente a uma mansã o que conheço muito bem, e nem
sei como cheguei em Henderson, o bairro onde meu amigo mora.
— Cupcake? — Ouço a voz de Vitor. — Ei, você está chorando? —
pergunta saindo de sua moto, me envolvendo em seus braços e eu
desabo.
Tento abrir a boca para falar, explicar o que houve, mas minha voz
falha e um soluço sai no lugar.
— Calma, meu amor, respira. — Me puxa para dentro. — Vem,
vamos entrar.
Assim que entramos eu me distraio momentaneamente olhando a
beleza do lugar.
Nã o importa quantas vezes eu venha aqui, eu sempre vou ficar
impactada com o luxo da casa do meu amigo. Seu pai nã o economizou
em nada, eu nem conheço o velhote, mas uma coisa é fato, ele tem muito
bom gosto.
A sala é enorme com teto alto adornado por um belíssimo lustre de
cristal, possui janelas amplas que vã o do teto ao chã o, permitindo a
entrada da luz natural e nos oferece uma vista panorâ mica da cidade. O
ambiente é uma mistura harmoniosa de luxo e modernidade, e mesmo
que eu nã o conheça o pai do Vitor, os tons escuros deixam claro sua
personalidade. No centro do cô modo tem um amplo sofá cinza escuro
que se estende em linha reta, com almofadas pretas, a frente dele, uma
mesa de centro com vidro fumê com duas esculturas geométricas de
cobre em cima e um tapete lindo, preto como carvã o e com uma textura
meio espessa cobrindo parte do chã o.
— Toma, bebe um pouco de á gua. — Vitor me estende o copo e eu
nem percebi que ele tinha ido pegar. — Agora me diz o que houve? —
fala assim que termino de beber.
— Como eu pude ser tã o burra, Vi? — questiono voltando a chorar
e me jogo no sofá . — Meu Deus, você sempre falou, o meu pai... — ele me
interrompe.
— O que aquele desgraçado fez contigo, Sara? — Cruza os braços e
pergunta sério.
— Eu... — Respiro fundo para conseguir dizer. — Eu flagrei o Adam
na cama com outra mulher — minha voz sai completamente trêmula. —
Tá aí a porra do trabalho noturno, socador de boceta. — Levo as mã os ao
rosto, frustrada.
— Oh meu amor. — Meu amigo senta ao meu lado e me abraça
novamente. — Eu sinto muito, Cupcake, mas quem perde é aquele
infeliz. Nã o fica assim por causa dele.
Nã o é só por ele, nã o sei explicar o sentimento, mas é por mim
também, por ter sido tã o ingênua, tã o idiota.
— Eu sempre soube que esse filho da puta nã o era de confiança,
Sara — sua voz sai como se estivesse com raiva, mas logo o tom muda.
— Mas você nã o está sozinha, Cupcake, eu sempre vou estar contigo,
sempre e para sempre, meu amor.
Deito minha cabeça em seu peito e choro, até nã o aguentar mais,
sentindo um vazio enorme dentro de mim, mas também sentindo o peso
das palavras do meu amigo, pois sei que independente de qualquer
coisa, eu sempre poderei contar com ele.
Vitor Novak é meu melhor amigo e o conheci na faculdade, desde
entã o ele é meu porto seguro, o vejo como o irmã o mais velho que nã o
tive. Adam odiava essa amizade que temos e tentou por diversas vezes
me convencer de que Vitor só queria me levar para a cama. Por um
tempo eu cheguei a mudar meu jeito com meu amigo, mas conversei
com ele antes, disse que era provisó rio, só até o infeliz entender que
estava errado. Vi nã o gostou, contudo, me apoiou.
Como fui burra.
Ele me afastou de todos que eu tinha amizade na faculdade, me fez
sair do meu está gio e hoje vejo com clareza como me manipulava sem eu
perceber, me sinto suja, usada, uma grande idiota.
E uma coisa é certa, isso nunca mais vai acontecer, nunca mais
abaixarei a cabeça para alguém.
— Porque aquele infeliz fez isso comigo, Vi? — A pergunta sai
entre lá grimas.
— Nã o sei meu amor, mas eu só vou permitir você na fossa hoje, e
eu ficarei nela junto contigo. Vamos ver filme, tomar sorvete, comer
chocolate e tudo o que você quiser, depois vamos mandar esse infeliz
para a casa do caralho e jogar a chave fora, ok?
Assinto entre soluços e Vitor se afasta por alguns minutos, indo na
direçã o da cozinha... Meu amigo retorna minutos depois com uma
bandeja nas mã os com um pote de sorvete e duas colheres dentro,
barras de chocolate, salgadinho, duas latinhas de refrigerante e três
cupcakes trufado de chocolate, os meus preferidos.
— Onde você arrumou esses cupcakes, Vi? — pergunto por
curiosidade e me sentindo minimamente animada por ver essas delícias.
— Sempre tenho aqui para uma emergência com a minha pessoa,
— pisca pra mim ao falar — afinal, minha melhor amiga é uma
formiguinha.
— Meu Deus, eu tenho muita sorte de ter você.
— E eu vou estar aqui pra sempre. — Sorri gentilmente. — Sei que
logo você vai arrumar um homem de verdade, Cupcake, capaz de te
amar como você merece.
Abraço meu amigo novamente, sentindo que mesmo diante dessa
merda toda eu tenho um refú gio ali e me permito acreditar em suas
palavras.
Eu só nã o imaginava que o caos estava só começando.
Capítulo 3

Estamos sentados lado a lado no imenso sofá da sala de Vitor


assistindo o primeiro filme da minha saga favorita.
— Eu acho é pouco o que ele fez com esses filhos da puta —
comento referente a vingança de John contra os desgraçados que
mataram o seu cachorrinho.
— Concordo, Cupcake. Porra, nem sei quantas vezes já assisti esse
filme contigo, mas nunca perde a emoçã o.
— A saga do John Wick é a melhor que existe. — digo com
convicçã o.
O filme acaba e me espreguiço, percebendo que Vitor realmente
conseguiu me distrair.
Passamos o dia jogando conversa fora, contei para ele da minha
live dessa madrugada e ele disse que um dia ainda vai entrar comigo em
uma, assistimos ao filme e comemos muitas besteiras no processo, me
sinto muito melhor, pelo menos mais leve.
— Vamos ajeitar essa bagunça?
— Você sabe que eu tenho alguém pra fazer isso, né?
— Sim, eu sei, mas nã o precisamos abusar da Marie — respondo já
recolhendo as coisas e ele vem me ajudar. — Sério, como você consegue
morar sozinho em uma casa tã o grande? Quantos quartos tem aqui
mesmo? — pergunto algo que já questionei no passado.
— Sete quartos e oito banheiros. — Sorri com a careta que eu faço.
— Meu pai é muito exagerado, né?
— Vi, se pesquisarem o significado de exagero no dicioná rio, vai
vir o nome do velhote lá , com certeza.
— Você cisma em chamar o meu pai de velhote — fala rindo.
— Nã o sei qual é o seu drama de me mostrar uma foto dele e na
internet nã o consigo achar nada. — Dou de ombro.
Já joguei o nome do cara no google, redes sociais, nada, o homem
parece um fantasma.
— Entã o andou stalkeando o meu pai? — Cruza os braços
sorrindo.
— Aff, fala sério, né? — Reviro os olhos. — Stalkeando é pesado
demais, você até poderia pensar isso se estivéssemos falando de um boy
baita gostoso, mas do seu pai, nã o — afirmo mesmo sem conhecer, afinal
o homem tem idade para seu o meu pai.
— E como você pode afirmar que o meu pai nã o é “um baita
gostoso” — diz fazendo aspas com os dedos — se você nunca o viu? Olha
pra mim, sei que somos irmã os, mas você nã o é cega, — aponta para o
seu pró prio corpo — eu sou um baita gostoso e ele é o meu pai, né?
— Você é muito convencido, Vitor Novak, e o seu pai até poderia
ser gostoso quando novinho, mas a idade chega pra todo mundo e eu
nã o curto esse lance de pegar caras da terceira idade. — Faço cara de
nojo ao me imaginar beijando um velho.
Nossa, Deus me livre.
— E meu amigo, um pau murcho nã o me faria stalkear ninguém. —
Neste momento meu amigo solta um berro gargalhando. — Foi mais
uma curiosidade e como você fica fazendo essa porra de mistério
desnecessá rio sobre como ele é e nem um cacete de foto dele tem nessa
casa, fui fuxicar.
— Você nã o existe, Sara, pau murcho foi foda — tenta falar entre
risos. — Ele vai ficar muito puto se ouvir isso. — Dou de ombros, afinal,
nã o tenho culpa se a anatomia humana nã o resiste ao tempo.
— Ah Vi, me mostra uma foto dele, pode até ser uma 3x4 — peço
com um sorriso manipulador no rosto e ele acena que nã o.
— Sério, no início eu só nã o mostrei porque você é muito
fofoqueira... — O interrompo corrigindo que sou curiosa e ele revira os
olhos ao continuar. — Curiosa ou nã o, era só pra implicar contigo, mas
agora com você ai cheia de convicçõ es sobre alguém que nunca viu, eu
prefiro que se conheçam pessoalmente.
— Ok, — dou de ombros — entã o eu fico com a imagem que criei
na minha cabeça, — explico enumerando nos dedos — um velho calvo,
pançudo e fedendo a charuto.
Vitor gargalha novamente, até ficar vermelho.
— Meu Deus, é por isso que nã o vou te mostrar foto dele, — diz
ainda entre risos — você vai se surpreender e isso vai ser hilá rio.
Reviro os olhos indo na direçã o da cozinha, lavo rapidamente os
utensílios que usamos e ouço o toque do meu celular.
Franzo as sobrancelhas ao ver que Beth me liga e já atendo
preocupada, pensando que pode ter acontecido algo com a minha irmã .
— Oi Beth, está tudo bem com a Liz?
— Sim, Sara, Liz está brincando no quarto dela com a Carol... —
nã o a deixo finalizar porque acho estranho.
— Ué, no quarto dela? — questiono pensando que posso ter
ouvido errado. — Mas elas nã o teriam a noite do pijama hoje na sua
casa? — Minha vizinha suspira forte antes de prosseguir.
— Meu amor, eu preciso que você venha para casa, urgente. —
Noto o desespero me tomar ao sentir o pesar de suas palavras.
— O que houve? — pergunto em um fiapo de voz.
— Querida, o seu pai...
Minha mente nã o permite deixá -la terminar, sabendo tudo o que
meu pai faz, o tipo de gente que ele se mete, já imagino todo o quadro e
nã o vejo mais nada.

Sinto o contraste do vento em meu rosto molhado pelas lá grimas,


deixando minha pele gelada, estou na garupa da moto de Vitor a
caminho de casa. Apó s a ligaçã o de Beth desmaiei e acordei minutos
depois deitada com a cabeça sobre o colo do meu amigo.
Sei que ele sabe o que aconteceu, terminou de conversar com a
minha vizinha apó s o meu desmaio, mas nã o me contou, só disse o
mesmo que ela, que precisávamos ir para minha casa urgente, porém as
suas feiçõ es demonstravam o quanto estava preocupado com algo.
Meu amigo estaciona e segura minha mã o antes de entrarmos...
— Sara, você nã o está sozinha. Eu sempre vou estar contigo.
Só aceno, por medo de perguntar o motivo dele estar dizendo isso
e mesmo apavorada com o que vou encontrar, com o coraçã o apertado,
entro em casa.
A primeira a entrar no meu campo de visã o é Beth, seus olhos
estã o vermelhos denunciando que estava chorando a pouco tempo, Liz
nã o me vê, está sentada no sofá da sala, junto com Carol assistindo
frozen, seu desenho favorito.
— Beth, cadê o meu pai? — Liz se vira ao ouvir minha voz e corre
vindo em minha direçã o.
— Maninha, que saudade. — Minha princesa pula em meu colo. —
Sara, você vai colocar o papai de castigo, ele estava dormindo no chã o.
— Faz uma cara emburrada tã o linda, mas só consigo focar no que sua
frase pode significar. — Vamos colocar ele no cantinho do pensamento
quando os moços que levaram ele trazer de volta. Nã o pode dormir no
chã o, fica dodó i, né? — questiona ao finalizar seu pequeno monologo.
— Sim, meu amor, nã o pode, e vamos colocar ele de castigo. —
Beijo sua cabeça, sentindo o cheiro gostoso do seu shampoo de
morango. — Agora senta lá com a Carol, a maninha precisa conversar
com a titia.
Minha irmã assenti e corre de volta para o sofá .
— Vi, fica de olho nelas pra mim, por favor? — peço ao meu amigo
que acena e já senta no meio das duas fazendo có cegas. Ele e minha irmã
sã o super grudados.
Chamo Beth até a cozinha para falarmos longe das meninas,
sentindo que vou ouvir algo que irá me destruir para sempre.
— Beth, o que houve com o meu pai? — Sento na cadeira a minha
frente, me sentindo incapaz de me manter de pé, pois minhas pernas
estã o com a mesma consistência de uma gelatina.
— Sara, querida, eu sinto muito... — A mulher volta a chorar e eu
desabo mesmo antes dela concluir, imaginando o que vem a seguir. — Eu
só voltei aqui porque John esqueceu de mandar o Olaf da Liz e sabemos
que ela nã o dorme sem ele, entã o vim buscá -lo e quando chegamos a
porta estava encostada e ele estava caído pró ximo da porta.
Entre lá grimas Beth me explica como seguiu apó s encontrar meu
pai. Informa que ligou para a emergência e como nã o conseguiu evitar
que minha irmã o visse, disse para as meninas que ele tinha passado a
noite trabalhando e acabou dormindo ali, por estar muito cansado.
— Sara, um dos paramédicos era um conhecido meu e eles fizeram
todo o possível aqui, eu vi, porém Tom me disse que precisavam levá -lo
para o hospital apó s ele tentarem reanimá -lo e nã o conseguirem, — ela
fica em silêncio por um instante e quando me olha sei que vai falar o que
minha mente já entendeu, mas meu coraçã o nã o quer aceitar — meu
amor, sinto muito mesmo, seu pai teve um infarto e nã o resistiu
Juro que sinto o meu mundo todo desabar diante dos meus olhos e
se eu nã o estivesse sentada, com certeza teria caído.
Seguro o choro que quer romper pela minha garganta fazendo uma
força descomunal, pois nã o quero que minha irmã sofra, mas a dor que
eu sinto agora é inexplicável, irreparável, meus lá bios tremem
incontrolavelmente, meus olhos ardem... As lá grimas rolam por minha
face, meu corpo todo treme e preciso abafar os soluços literalmente
enfiando um pano de prato em minha boca. Sinto braços fortes me
rodeando e ouço a voz do meu amigo.
— Eu estou com você, Cupcake. Estou aqui com você.
Capítulo 4

Um mês se passou desde que o meu mundo desabou, meu pai


tinha muitos defeitos, mas era tudo na minha vida e era um pai incrível
para Liz e para mim.
Fiz tudo para amenizar o sofrimento da minha irmã , mas nã o
menti para ela...
“— Princesinha, vem cá. — Chamo minha irmã. — A maninha
precisa conversar contigo e é algo muito sério.
Seus olhinhos se arregalam e ela leva as mãozinhas a boca.
— Maninha, você descobriu, né? — ela pergunta com uma expressão
de assustada. — Eu juro juradinho de dedinho que nunca mais vou pegar
emprestado sem pedir os biscoitos recheados de morango.
Liz é simplesmente apaixonada por tudo de morango, de cheiro a
sabores.
— Pegar emprestado sem pedir? — pergunto segurando a risada.
Mesmo no pior momento da minha vida, minha irmã ilumina tudo
com o seu jeitinho astuto todos os dias e isso que tem me mantido de pé.
— Sim, maninha. Porque eu não roubei, isso é feio. Eu peguei
emprestado, só esqueci de pedir. — A cara de pau diz a sua versão dos
fatos.
— Entendi, mas você comeu, né? — Ela acena que sim. — E se a
senhorita pegou emprestado, como pretende devolver?
— Ah, mas isso é fácil. Quando eu fizer 23 anos igual você, vou
trabalhar e ganhar dinheiro, ai eu devolvo tudinho de uma vez. — Acho
incrível como no mundo dela tudo se resolve fácil.
Ah, meu amor, se eu pudesse te manter assim para sempre.
— Tudo bem, mas a maninha quer falar outra coisa importante com
você. — Retorno para o assunto real.
Acho que me permiti entrar no mundinho dela por alguns segundos
só para fugir um pouco do que realmente preciso contar, mas não tenho
como evitar, ela precisa saber.
— Meu amor, sabe quando aqueles moços vieram e levaram o papai?
— Ela acena e olhar para o seu rostinho tão inocente aperta o meu
coração e começo a chorar, me sentindo uma fraca por não conseguir
controlar.
— Maninha, não chora. — Ela encosta as mãozinhas em meu rosto.
— Meu amor, o papai... — Meu Deus, me ajuda, rogo mentalmente.
— Ele não vai mais voltar.
— Mas e a gente? — ela pergunta com os olhinhos cheios de
lágrimas. — É por causa dos biscoitos? Eu juro que não pego mais.
Abraço minha irmã, apertando-a em meus braços, precisando muito
senti-la comigo...
— Não meu amor, não foi por isso, o papai nunca iria embora por
vontade própria — digo e ela franze o cenho. — Ele nos amava muito.
Suspiro buscando forças e um meio de explicar para ela.
— Liz, lembra quando te contei que a mamãe era a estrela mais
brilhante do céu e que sempre que quisermos podemos falar com ela e
você me perguntou se ela não se sentia sozinha lá em cima, sem a gente?
— Novamente ela acena. — Então, o papai foi fazer companhia para ela,
porque ela estava triste, se sentindo sozinha.
Do nada minha irmã pula do meu colo e corre para o quintal, vou
atrás dela e a vejo olhando para o céu.
— Maninha, não consigo ver nenhuma estrela ainda, porque não
está de noite — ela diz meio desesperada.
— Não meu amor, mas elas estão lá, mesmo que não apareçam
agora por conta do horário. — Liz ajoelha, junta as mãos como se fosse
fazer uma oração e começa a falar olhando para o céu.
— Oi mamãe, oi papai, eu amo vocês e vou sentir muitas saudades
papaizinho, mas eu estou feliz, um pouquinho triste também, porque
nunca mais vai contar história pra mim, ou assistir frozen comigo e nem
me dar abraços quentinhos igual o Olaf, mas agora a mamãe não está
mais sozinha. Mamãe, papai, eu só peço para não levarem a minha
maninha também, não quero ficar sozinha aqui. Eu amo muito, muito
vocês, desse tamanhão aqui. — Ela abre os braços e eu estou quase tendo
um colapso de tanto chorar.
— Vem aqui meu amor. — Eu abraço minha irmã novamente. —
Você é a pessoa mais incrível do mundo, minha princesa, e eu te amo muito
— sussurro em seu ouvido que eu não vou há lugar nenhum e que agora
somos eu e ela para sempre.”
Volto das minhas lembranças e olho para a pilha de contas em
cima da mesa.
Incrível como sua vida pode virar de cabeça para baixo da noite
para o dia, literalmente, no mesmo dia que peguei meu até entã o noivo
na cama com outra e tinha convicçã o que nada poderia piorar naquele
momento, eu perdi o meu pai e vi que a dor de ver Adam com aquela
mulher nã o era absolutamente nada. Desde entã o vivo no automá tico.
O infeliz tentou falar comigo, mas Vitor o colocou para correr e
desde entã o ele nunca mais entrou em contato. Soube que foi para a casa
da mã e em Los Angeles.
Que fique por lá e nã o volte nunca mais.
Tenho procurado emprego todos os dias, pois a entrevista que eu
tinha marcada na JP Company era no mesmo horá rio do enterro do meu
pai e obviamente eu nã o fui.
— Sara, você precisa comer alguma coisa, vai acabar caindo
doente. — Ouço Beth.
Essa mulher tem sido um anjo em minha vida, sempre foi, mas
agora, nã o tenho palavras. Ela tem ficado com Liz todos os dias e quando
chego tem comida pronta, a casa está limpa e minha irmã cuidada.
Olho para o prato de macarrã o com molho de queijo cremoso, que
tenho certeza de que está divino, mas nã o consigo comer. Aperto as
mã os envolta da xícara de café e a levo a boca, sorvendo mais um gole da
ú nica coisa que meu estô mago aceita.
— Eu nã o estou com fome, Beth, me perdoe, sei que está
maravilhoso e sou muito grata por tudo que tem feito, mas nã o desce. —
Sinto sua mã o acariciar minha cabeça.
— Liz já tomou banho, jantou, escovou os dentes e já a coloquei
para dormir. — Olho para minha vizinha e a agradeço pela milésima vez
no dia. — Agora estou indo, minha querida, mas se precisar é só me
ligar, a hora que for. Tenta comer e vai descansar, amanhã eu volto.
Me despeço dela com um abraço e ouço a campainha, Beth diz que
atende para mim.
— Oi Cupcake. — Vitor tem vindo aqui todos os dias depois que sai
da boate e em alguns acaba dormindo. — Beth disse que você nã o
comeu nada.
Aperto os olhos, lutando contra as lá grimas, ultimamente chorar é
a ú nica coisa que faço e me sinto uma fraca por isso. Sinto falta do meu
eu alegre, cheio de vida, respostas afiadas e de humor duvidoso, até o
meu canal está abandonado.
— Vi, eu nã o sei o que fazer... Eu... — Uma lá grima escorre e a
limpo, tentando me fazer de forte e falhando miseravelmente. — Eu
simplesmente nã o sei.
Sem dizer nada Vitor me abraça forte por incontáveis minutos, até
que sua voz ressoa e ele me chama para irmos para a sala. Nos sentamos
no sofá e meu amigo diz que vai colocar um filme para assistirmos, sem
tocar no assunto, e ele me conhece tã o bem ao ponto de saber que neste
momento só preciso dele aqui ao meu lado, sem conversa, só a sua
presença.
Acabo adormecendo e acordo ouvindo a risada de Liz vindo da
cozinha, quando chego lá vejo a bagunça que os dois estã o fazendo.
— Meus Deus, o que é isso?
— Uma tentativa falha de fazer um café da manhã — meu amigo se
explica.
Minha irmã está toda suja de farinha, na verdade, nã o só ela... Cada
canto da cozinha e Vitor parece um fantasma.
— Deixa que eu faço isso. — Pego ovos, bacon e leite na geladeira.
— Mocinha, para o banho. — Aponto o dedo em riste para a minha irmã .
— E você, me ajude a limpar essa bagunça. — Os dois palhacinhos
batem continência para mim e Liz gargalha, seguindo para o seu quarto
logo depois da gracinha deles.
Logo a cozinha está limpa e temos ovos mexidos com bacon e
panquecas com geleia de morango para a refeiçã o matinal. Eles comem,
enquanto eu bebo minha xícara de café.
— Maninha, você nã o vai comer? — pergunta com a boquinha toda
melecada. — Isso aqui tá tã o gostoso, come só um pouquinho.
Os olhinhos me encarando de um jeito tã o fofo, acabo me
esforçando e dou umas garfadas.
— Só mais esse. Hum... — Faz igual eu faço com ela quando nã o
quer comer.
— Você é terrível, né?
— Você disse que agora sou eu e você para sempre, né? — Aceno
para ela. — Entã o estou cuidando de você, igual faz comigo. — As vezes
me espanto com essas coisas que minha irmã fala.
Como pode uma menina de 5 anos ser tã o esperta?
— Está certa Liz, e eu vou te ajudar a cuidar dela. — Vitor pisca
para minha irmã que abre um sorrisã o para ele.
Estou terminando de arrumar a cozinha apó s o café e a campainha
toca.
— Sara, tem um oficial aqui querendo falar contigo — meu amigo
avisa, meio que gritando, para que eu ouça da cozinha.
— Oi, bom dia, como posso ajudá -lo? — o cumprimento assim que
chego a porta de entrada.
— Senhorita Sara Smith?
— Sim, sou eu.
— Aqui. — Me entrega um envelope. — Assina aqui o recebimento
por favor.
— Mas o que significa isso? — pergunto ao olhar o conteú do do
documento em minhas mã os trêmulas.
— Senhorita, estou aqui para entregar esta notificaçã o de despejo.
O prazo para desocupar a propriedade é de uma semana, e a ordem foi
emitida para garantir que a execuçã o hipotecá ria se complete. — Olho
paralisada para o homem, sem acreditar que mais isso está acontecendo
comigo. — A senhorita tem alguma dú vida? — Aceno que nã o meio
robotizada. — Se você precisar de assistência para encontrar um lugar
temporá rio, eu posso fornecer algumas informaçõ es sobre organizaçõ es
que ajudam em situaçõ es como essa.
— Nã o, ela nã o precisa. — Vitor toma a frente. — É só isso?
— Lamento muito pela sua perda e pela situaçã o. Por favor, se
precisar de algo, entre em contato. — O homem me olha com pesar, mas
Vitor fecha a porta na cara dele sem nem se despedir.
— Cupcake, olha para mim... — Eu o escuto, mas nã o consigo
responder. — Porra, Sara, me olha, estou ficando preocupado.
Sinto meu corpo ser erguido do chã o e logo em seguida ser
colocado no sofá , estou ciente do que aconteceu, do mundo a minha
volta, mas nã o consigo reagir, meu cérebro parece em pane.
— Sara, ei, fala comigo. — Meu amigo segura meu rosto e conecta
nossos olhares. — Vocês nã o estã o sozinhas. Consegue entender isso?
— O que eu vou fazer da minha vida, Vitor? Meu Deus, a minha
irmã ... — Levo as mã os a cabeça, desesperada.
— Ei, vocês podem vir morar comigo pelo tempo que precisarem,
minha casa é enorme e meu pai mora lá só de fachada, porque nem
lembro a ú ltima vez que ele pisou em Las Vegas. — Meu amigo propõ e.
— Eu nunca deixaria vocês desabrigadas.
— Eu nã o sei, Vi — digo incerta. — Você tem seu ritmo de vida, é
um homem solteiro. Morar com uma criança nã o é fá cil, nã o quero te
atrapalhar. — Sou sincera em meus pontos. — E se o seu pai voltar,
mesmo que ele nã o venha a muito tempo, pode voltar a qualquer
momento, lá é a casa dele.
— Para de bobeira, Sara. Sou homem, sou solteiro e posso fazer o
que eu tiver que fazer em outro lugar, nã o tenho o costume de levar
mulheres para minha casa mesmo, você sabe. — Realmente nã o leva,
segundo ele isso evita que a mulher crie algum tipo de expectativa.
Vitor tem aversã o a relacionamentos, ele diz que nã o, que só nunca
sentiu nada que o prendesse ou o fizesse querer repetir o sexo, mas se
ele nunca sai com a mesma mulher mais de uma vez como algum
sentimento vai surgir?
— Amo a Liz e você como se fossem minhas irmã s. — Acaricia o
meu rosto. — E meu pai voltar? Sério? É mais fá cil o papai Noel aparecer
por lá do que o senhor Wladimir Novak — diz ironicamente. — Somos
amigos, Cupcake, me deixa fazer algo por vocês, por favor?
Olho para ele por um longo tempo em silêncio e minha irmã surge
em minha mente. Eu nã o posso ser orgulhosa, nã o agora.
— Tudo bem, Vi, eu aceito. Mas vou procurar por emprego e assim
que eu conseguir um, te reembolso tudo que vai fazer por nó s duas.
— Você é insuportável, sabia?
— E você me ama mesmo assim.
— Muito, como se fosse o meu pró prio sangue.
Abraço meu amigo, dizendo que nunca serei capaz de agradecer o
suficiente. Me levanto e digo que vou ver Liz, ao chegar em seu quarto
dou um sorriso fraco, mas sincero, ao vê-la ali brincando de boneca, tã o
descontraída de toda a merda que está acontecendo em nossas vidas.
Como é bom ser criança... Suspiro ao sair dali sem que ela me veja
e volto para a sala. Vitor está falando ao celular quando me sento ao seu
lado.
— Algum problema? — pergunto assim que desliga.
— Sim, minha dançarina exclusiva teve um problema urgente, seu
pai foi internado as pressas, entã o ela precisou pedir demissã o.
Ele conta que a mulher é filha ú nica e seus pais moram no México.
— Caramba. Sinto muito. — Entã o Vitor me olha estranho.
— Sara, você dança. — Sei que nã o foi bem uma pergunta, mas
respondo.
— Sim, bom, na verdade dançava, quando eu postava os vídeos no
meu perfil.
Outra coisa que Adam nunca apoiou e nã o descansou até me fazer
desistir.
Ele tinha um ciú me descontrolado sobre isso, entã o sem perceber
fui parando com as postagens aos poucos, até abandonar o meu perfil
completamente. Aquele maldito nunca priorizou minhas vontades ou
minha felicidade e o que mais me incomoda é que eu nã o enxergava isso,
nã o até pegá -lo na cama com outra, só depois daquele momento vi o
quã o tó xico ele sempre foi.
— Cupcake, isso é perfeito — fala empolgado. — Bom, sei que nã o
é o momento, e muito menos o que você gostaria, mas garanto que é só
dançar, eu nunca te colocaria na boate para outra coisa.
Vitor explica que o trabalho é para dançar exclusivamente no
segundo piso, para executivos, políticos e todo tipo de homem poderoso
que usa o local para reuniõ es ou simplesmente para passar o tempo. Diz
também que a dança é sensual e as roupas sã o mínimas, mas ninguém
pode encostar em mim, há nã o ser que eu permita.
— Você acha mesmo que eu conseguiria algo assim, Vi? —
questiono preocupada. — Gravar vídeos dançando para o tiktok é bem
diferente do que dançar profissionalmente.
— Tenho certeza de que você dá conta e você pode tudo, Sara. —
Pisca pra mim. — E paga muito bem, sem falar das gorjetas. Mas a
questã o aqui é se você já está pronta para trabalhar depois de tudo que
está passando.
— Vi, eu preciso estar pronta, nã o quero te explorar, tenho uma
criança que depende de mim e isso que está me oferecendo é muito
bom. — Sorrio sem muito â nimo. — Você sabe como eu danço e se está
dizendo que confia em mim para trabalhar na sua boate, entã o ok, eu
aceito. Afinal, preciso pensar no futuro da minha irmã .
— Entã o está decidido, mas preciso que você comece na sexta,
pode ser?
Mesmo relutante com a situaçã o, dentro do meu momento atual
nã o tenho muita escolha, entã o respondo a ú nica coisa que me cabe
agora.
— Claro, Vi, posso sim.
Conversamos mais um tempo e resolvemos fazer a mudança no dia
seguinte, porque como hoje é segunda, eu teria esses dias para me
organizar antes de começar na boate.
E sei lá , algo me diz que minha vida nunca mais será a mesma, e
isso pode parecer ó bvio com tudo que vem acontecendo, porém sinto
aqui dentro de mim algo diferente, que ainda nã o consigo explicar, mas
sei que logo vou descobrir.
Capítulo 5

Faz um pouco mais de três meses que estou morando na Itá lia, a
expansã o da minha boate está sendo um sucesso, a inauguraçã o da
Seduction Lounge foi muito mais do que imaginei, até mesmo o Don
compareceu junto com seu irmã o e um amigo deles. Durante nossa
conversa Vincenzo me propô s uma sociedade, sua ideia era incluir no
segundo piso da boate aqui da Itá lia alguns dos jogos do seu cassino e
vendo que isso seria vantajoso demais para os meus negó cios, aceitei. E
está dando tã o certo que resolvi levar essa ideia para a boate de Las
Vegas também, afinal, lá tem cassino espalhado por todos os lugares e
seria uma atraçã o a mais, entã o expandi minha sociedade com o homem
que hoje, com a convivência profissional acabamos criando um elo e por
isso ficamos mais pró ximo.
Ouço duas batidas na porta e autorizo a entrada de Beatrice,
minha secretá ria aqui na Europa.
— Senhor Novak todas as informaçõ es e updates que solicitou já
foram enviados para o seu e-mail, o relató rio está completo.
— Ok, Beatrice, muito obrigado.
— Precisa de algo mais?
— Nã o, por hoje é só isso mesmo, a senhorita está dispensada.
— Obrigada senhor, até amanhã .
Minha secretá ria fecha a porta ao sair e sentado à minha mesa
exibo todo o relató rio financeiro na tela do meu computador,
mergulhando satisfeito nos nú meros significativos que a boate me
rendeu. Apó s um tempo concentrado no meu trabalho meu celular toca
e vejo que é Vitor.
— Oi meu filho, tudo bem?
— Pai estamos com um problema. — Seu tom preocupado me deixa
em alerta.
— O que houve, Vitor?
Meu filho diz que descobriu um rombo no caixa e que a quantia é
significativa...
Explica que estava revisando as contas mensal, como sempre faz
ao final de cada mês, e foi aí que ele percebeu o desfalque de uma
centena de milhares de dó lares, afirma que refez os cá lculos, mas é real,
alguém da equipe está mesmo desviando dinheiro e Vitor está puto por
nã o ter percebido antes.
— Filhos da puta. — Levanto, nervoso pra caralho. — Vitor,
provavelmente esse desgraçado estava manipulando os relató rios para
você nã o notar.
— Logo agora, porra. — Ouço meu filho dizer e franzo o cenho com
o que disse.
— Tem mais alguma coisa acontecendo, filho?
— Pai, eu sei que foge de Las Vegas e tudo que te lembra a mamãe,
mas preciso do senhor aqui. — Ouço seu suspiro e aguardo ele concluir.
— A vovó levou um tombo e está hospitalizada, preciso passar um tempo
lá e se não fosse isso, poderia deixar com um gerente, mas nesta situação,
eu ou o senhor precisa estar presente e investigar tudo.
Maldiçã o, voltar para Las Vegas traz lembranças dolorosas,
momentos que vivo para esquecer. A cidade, a minha casa, mesmo que
completamente modificada pela reforma que fiz, e até mesmo o meu
filho, tudo me lembra Susie e o futuro que nos foi arrancando de
maneira tã o precoce.
— Pai... — Ouço meu filho me chamar.
— Estou aqui — digo sem muita vontade. — Ok, filho. Quando você
vai para sua avó ?
— Amanhã mesmo.
Me despeço de Vitor apó s informar que amanhã mesmo pegarei
um voo de volta e peço para que cuide de Grace.

A viagem de volta foi bem tranquila, assim que piso em Las Vegas
pego um tá xi e vou direto para casa, quando chego está tudo silencioso,
Vitor já viajou, entã o deixo minha bagagem em meu quarto, pego as
chaves do meu carro e sigo para a boate.
Apó s falar com Vitor fiz contato com meu chefe de segurança, que
também é meu amigo, e por ser uma das poucas pessoas que confio
plenamente deixei ele em Las Vegas para auxiliar meu filho, Max me
indicou um auditor e juntos fizeram um levantamento de tudo,
investigando discretamente, logo eles descobriram de quem se tratava, o
desgraçado se achou muito esperto, mas ninguém me passa a perna.
Passo pela avenida principal com os pensamentos nos problemas
que me trazem de volta a minha cidade, observo tudo em volta e pelo
horá rio o trâ nsito está até razoável, de repente vejo algo surgir muito
rá pido na minha frente e em um movimento ligeiro eu piso com tudo no
freio. Meu coraçã o acelera com a possibilidade de quase atropelar
alguém, entã o noto a mulher com um celular na mã o, parada, branca
feito um papel, com os olhos arregalados e vejo que parei a poucos
centímetros do seu corpo.
Caralho, eu odeio esses jovens da atualidade que nã o sabem viver
um segundo sem essa porra de celular, uma cambada de irresponsáveis.
Encosto meu carro para nã o atrapalhar o trâ nsito.
— Você está bem? — questiono realmente preocupado ao sair do
veículo, mas minha irritaçã o também está presente. — Você deveria ter
um pouquinho mais de responsabilidade social e também com a sua
vida. Será que nã o pode largar o celular pelo menos enquanto anda pela
rua?
A garota é visivelmente muito jovem, está se olhando,
provavelmente vendo se a machuquei, mas quando seus olhos me
encaram me sinto momentaneamente hipnotizado, com suas orbitas
azuis, é de uma intensidade tã o grande que eu pigarreio para voltar a me
concentrar na merda que ela quase causou. Pelo jeito que me encara,
nã o acredita no que está ouvindo, foda-se, essa menina poderia ter
causado um acidente muito feio, ter nos matado.
Algo parecido matou a minha mulher — minha mente filha da puta
me faz lembrar.
— Eu estou bem, muito obrigada. — Nã o a conheço, mas conheço o
tom de deboche quando usam comigo. — Agora me diz, você é fiscal de
celular alheio? Eu mereço... — Revira os olhos. — Quem você pensa que
é para falar assim comigo?
— Alguém com senso, algo que provavelmente uma pirralha
irresponsável como você nã o conhece o significado.
— Você me chamou de quê?
— Pirralha irresponsável. — Cruzo os braços ao dizer.
— E você é um intrometido. — Ergue o queixo em afronta. — Tio,
faz o favor, segue seu rumo... — Aponta o dedo na direçã o do fluxo dos
carros.
— Tio? — travo o maxilar, irritado com a sua petulâ ncia.
— Acho que vovô seria exagero, entã o tio fica menos ofensivo. —
Que coisinha irritante. Belo primeiro dia de volta. — Cara, sério, você
nã o tem nada a ver com a minha vida... — Nã o a deixo concluir.
— Se você por pura irresponsabilidade se joga na frente do meu
carro, quase me matando no processo, eu tenho tudo a ver com isso.
— Caralho, você é exagerado, né? — ri debochada. — E chato pra
cacete, acho que deve ser a idade.
— Garota, você nem me conhece para falar isso. — digo tentando
manter meu controle — Mas o que esperar de alguém tã o boca suja além
de falta de educaçã o?
— Ah, merda, eu devo ter picado salsinha na tá bua dos dez
mandamentos, nã o é possível essa minha falta de sorte — resmunga,
mas consigo ouvir claramente — Eu tinha que bater de frente com um
velho ranzinza. — revira os olhos.
— E você com certeza é uma pirralha mimada.
Nos encaramos por longos minutos sem dizer uma palavra, a
tensã o é palpável entre nó s dois. Nã o sei o que aconteceu, normalmente
nã o perderia o meu tempo discutindo com uma menina no meio da rua,
mas ela desperta o meu pior lado.
— Querido, eu posso ter me distraído, mas nã o estaríamos nesta
situaçã o se você nã o estivesse dirigindo feito um louco.
Rio com a cara de pau dela.
— Além de tudo é luná tica — digo incrédulo. — Menina, se você
estivesse prestando atençã o por onde anda, nada disso estaria
acontecendo e eu nã o precisaria estar aqui, perdendo meu tempo
precioso.
A insolente dá de ombros ao me dar as costas, pronta para me
deixar falando sozinho, por impulso seguro seu braço e solto no mesmo
instante, sentindo um choque irradiar pelo meu corpo, nã o sei explicar e
pelo jeito que me olha tenho certeza de que ela também sente.
Que merda foi essa? — penso totalmente confuso.
Entã o a criatura mais abusada que já conheci se aproveita do meu
estado de estupor e vai embora, me deixando plantado, olhando em sua
direçã o feito um idiota. Percebo um tempo depois que ainda estou
olhando na direçã o em que ela seguiu e balanço a cabeça em negativa,
ainda tentando entender o que aconteceu aqui.
Decido esquecer essa porra e volto para o carro, seguindo para o
meu destino.
Chego a boate e a sensaçã o que sinto por estar ali novamente
depois de tanto tempo é indescritível. Olho a fachada e o sentimento que
me invade é de uma saudade que eu nem sabia que existia.
Apesar de odiar barulho e exposiçã o, isso aqui é um sonho
realizado, porque nem sempre fui assim, tã o recluso, já existiu em mim
um homem que amava viver, que era grato por isso, nunca gostei de
expor a minha imagem, gosto da minha privacidade, porém, na minha
juventude, eu adorava as noites de Las Vegas e ainda na adolescência
nasceu o desejo de ter a minha pró pria boate. Venho de berço de ouro,
minha família era do ramo da engenharia, mas nunca me vi trabalhando
com eles, nã o era o que fazia meu coraçã o bater forte.
Ajeito meu terno ao entrar pela porta principal e observo em volta,
é realmente estranho pisar aqui de novo. Olho toda a agitaçã o da equipe
pelo ambiente para a abertura dessa noite e noto o exato momento em
que alguns funcioná rios começam a notar a minha presença, seus
olhares apreensivos... Eu nã o avisei que viria e nem permiti que Vitor o
fizesse, queria mesmo o fator surpresa.
— Senhor Novak, boa tarde, nó s nã o sabíamos que estava de volta
ao país.
— Boa tarde, Alice, retornei hoje — informo a recepcionista da
minha boate — e pelo que posso ver, no momento certo.
Sinto preocupaçã o em seus gestos, mas sei que Alice nã o tem nada
a ver com o que aconteceu, ela nã o tem acesso, é mais nervosismo pelo
desconhecido, por nã o saber o que me fez voltar.
— Max, — chamo meu amigo, mas aqui estamos no modo
profissional — preciso falar com o Jacob e com Mark, quero os dois em
minha sala em 10 minutos para uma reuniã o.
— Ok, senhor. — Aceno levemente com a cabeça e ele sai.
Sigo para o meu escritó rio com passos firmes e a fisionomia de
poucos amigos, porque eu realmente estou muito puto com essa
situaçã o de merda. A troca de olhares entre os funcioná rios deixa claro
que eles sabem que cabeças vã o rolar.
Entro em meu escritó rio e sou recebido pelo aroma familiar de
couro e madeira polida, meus olhos percorrem o ambiente com uma
sensaçã o mista de pertencimento e estranheza. Vitor nã o mudou nada
por aqui, mas parece que decorei este lugar há duas vidas atrá s. A luz
reflete suave nas paredes revestidas por madeira escuras, destacando a
riqueza do espaço, me aproximo da minha mesa de má rmore negro, fria,
imponente, assim como eu.
Tudo aqui é moderno e sofisticado, decorado com elementos de
luxo que refletem a minha paixã o por esta boate. Me sirvo do meu
whisky e meu gerente de operaçõ es e contador entram, apó s dar duas
batidas na porta.
— Senhor Novak, foi uma surpresa saber que estava de volta.
— Vamos cortar a bajulaçã o, Jacob. — Sou direto com o meu
gerente de operaçõ es. — Sabemos o porquê eu voltei, nã o estaria aqui se
algo muito grave nã o estivesse acontecendo.
— Senhor, se Vitor tivesse nos avisado eu teria preparado a
documentaçã o... — o interrompo.
— Vocês nã o sã o pagos e muito bem, por sinal, para se prepararem
só quando eu venho. — Meu humor está o pior possível, e ajudou a
piorar depois do embate com aquela garota abusada no trâ nsito, porra,
nem sei por que ela veio a minha cabeça agora. — Quero saber sobre o
rombo em meu caixa.
Me sento em minha cadeira e nem digo para se sentarem, que o
façam se sentirem vontade, hoje quem está aqui é o chefe carrasco. Nã o
que eu seja legal, sei que estou mais para um filho da puta, o lado
bonzinho e amigo deixo para o meu filho, mas especialmente hoje estou
no modo bem piorado.
Os dois estã o muito nervosos e a troca de olhares entre eles no
momento em que fiz a pergunta me faz os encarar fixamente.
— Senhor, estamos averiguando as informaçõ es que pegamos com
Vitor, mas ainda nã o temos nada concludente.
— Ok, entã o podem parar de investigar, eu já sei quem foi. — Jacob
empalidece.
— Sa-sabe? — gagueja ao questionar.
— Sim, Jacob, sei. — Olho bem dentro dos seus olhos. — E foi por
isso que voltei, para que todos saibam que eu posso estar longe, mas
ninguém — o encaro — me rouba e fica impune. — Me levanto,
ajeitando meu paletó . — As medidas já estã o sendo tomadas — informo
com a voz tranquila, mas por dentro sou capaz de matar alguém.
Eles também se levantam, entendendo que a reuniã o acabou.
— E senhores, — os chamo antes de saírem — vocês estã o
demitidos, — os dois arregalam os olhos — e você, — aponto para Jacob
— por justa causa. Meus advogados irã o te procurar.
— Senhor... — o desgraçado tenta se explicar, mas aceno para Max
que o tira da minha sala na mesma hora.
Mark entende a merda que fez e nem tenta se justificar, só acena
para mim, diz em voz baixa um “me desculpe” e sai.
Enfia sua desculpa no cu — penso.
Sigo para o hall, onde está um verdadeiro murmurinho entre
funcioná rios.
— Boa tarde a todos, — chamo a atençã o para mim quando o som
grave da minha voz ressoa — infelizmente o meu regresso nã o é por um
bom motivo, mas já está tudo parcialmente resolvido e vou ficar até que
tudo esteja totalmente solucionado — esclareço. — Só espero que todos
vocês estejam cientes de que nada passa despercebido, mesmo que eu
esteja do outro lado do mundo, de alguma forma eu sempre vou saber.
Também espero que a partir de hoje cada um aqui faça o seu trabalho
como deve ser. Tenham em mente que eu nã o sou bonzinho, isso eu
deixo para seus familiares e amigos, muito menos sou misericordioso,
isso deixo para Deus, eu sou justo e um pouco carrasco as vezes, —
confesso — e vou garantir a qualquer custo que tudo ande dentro dos
trilhos na minha boate. Entenderam?
Todos respondem em uníssono um “Sim, senhor” e eu
simplesmente aceno para eles antes de me virar e sair.
Deixo Max responsável pelo andamento das coisas, preciso tomar
um banho, tentar relaxar um pouco e comer algo, afinal, foram 16 horas
de viagem, sem falar o estresse com esses dois malditos. Sigo para o
estacionamento e entro em meu carro, tudo que eu quero agora é a
minha casa, preciso de algumas horas de paz e sossego.
Entretanto, o que encontro ao chegar é algo completamente
diferente.
Capítulo 6

Chego em casa espumando de raiva.


— Quem aquele idiota pensa que é? — retruco andando de um
lado para o outro. — Você deveria ter um pouquinho mais de
responsabilidade social e também com a sua vida — repito de forma
debochada a fala do imbecil. — Escroto, ridículo.
Preferi fingir indiferença e virei as costas vindo embora, mas a
verdade é que camuflei o que estava sentindo com deboche porque nã o
ia montar palanque para aquele palhaço dar seu show no meio da rua.
Como eu odeio esse tipo de gente que nã o faz ideia do porquê o outro
estava fazendo tal situaçã o e já se acha cheio de razã o, porque só a porra
da verdade dele importa.
Liz tinha acabado de me enviar uma mensagem perguntando se
poderia ir ao cinema com Beth e Carol, claro que eu deixei, mas nã o iria
explorar a mulher de tal forma, afinal, ela tem sido o anjo de sempre em
nossas vidas e Liz tem dormido em sua casa com frequência, porque
infelizmente eu nã o tenho parado muito em casa nos ú ltimos meses,
entã o estava enviando um pix de emergência para as despesas da minha
irmã e nã o vi a merda do carro.
Estou trabalhado feito uma louca, focada em fazer uma grana
extra, juntando tudo que posso para conseguir sair dessa merda que a
minha vida se transformou desde a morte do meu pai. Ok, nã o posso ser
ingrata e dizer que estou vivendo mal, morando nesta mansã o e
comendo bem pra cacete, mas nã o me sinto bem em ser sustentada pelo
meu amigo, e o filho da mã e sabe ser cabeça dura, nã o aceita um tostã o
do meu dinheiro. Sei que por ele nã o tem problema de morarmos aqui,
mas quero ter logo o meu cantinho com Liz e nã o vou descansar até
conseguir.
Hoje vou virar a noite na boate, tenho a minha dança habitual e
depois tenho uma apresentaçã o particular para dois russos, pelo que
soube sã o tio e sobrinho, mesmo indo contra a vontade de Vitor tenho
aceitado alguns shows assim, as gorjetas sã o altíssimas e é só dança,
nenhum deles podem encostar em mim, a nã o ser que eu queira
estender o show para o terceiro piso.
Algo que nunca irei fazer.
Desde que me mudei para esta casa tive que mudar
completamente a minha rotina, tudo para nã o mexer tanto na rotina da
minha irmã e me prontifico diariamente em me deslocar para vê-la, pois
esse foi o combinado com a minha pequena, nos vermos todos os dias
até as coisas normalizarem, fora as horas que passamos em chamada de
vídeo.
E eu estava voltando de lá quando bati de frente com aquele ogro.
Lembro da sensaçã o que senti quando sua mã o rodeou o meu
braço, foi como se uma descarga de corrente elétrica me percorresse em
uma velocidade absurda, por isso sai enquanto vi sua confusã o. Ele
também sentiu, eu sei.
Chega, nã o quero mais pensar nele.
Estou sozinha desde ontem, meu amigo precisou fazer uma viagem
de ú ltima hora pois sua avó sofreu um pequeno acidente doméstico e
ficar nessa casa enorme sozinha é um saco. Subo até o quarto que estou
usando por tempo indeterminado, coloco um biquíni verde lindo e
desço, afinal, já estou aqui há três meses e ainda nã o dei um mergulho
sequer nesta piscina. Já usufrui dela vá rias vezes, mas nã o neste meu
período aqui e resolvo aproveitar um pouco das horinhas que tenho,
antes de ter que ir trabalhar.
Assim que me jogo, sinto o corpo relaxar de imediato.
— Ah, era disso que eu estava precisando.
Nado um pouco, indo e voltando de uma borda a outra e começo a
boiar, me concentrando no ritmo da minha respiraçã o, na sensaçã o da
á gua gelada em minha pele, deixando minha mente ficar vazia e do nada
a imagem de um homem invade o meu momento de paz com sua cara
amarrada e seu corpo gostoso.
Porra, um grande gostoso — penso.
Me debato na á gua, e levanto.
— Cacete, que merda foi essa? — Nã o consigo entender por que
minha mente traiçoeira trouxe o ogro para o meu momento relaxante. —
Gostoso porra nenhuma.
Claro que é, você não é cega — minha consciência grita.
— Cala boca. Eu mando em você. — Brigo com o meu eu interior
safado. — Chega de piscina — falo sozinha e saio da á gua.
Me sento na espreguiçadeira e pego meu celular para fuxicar
minhas redes sociais e vejo uma receita de cupcake de iogurte de
morango, penso logo na minha pequena viciada em morangos. Tento
tirar um print e simplesmente a porcaria do meu celular trava, a imagem
congela e se eu desligar para reiniciar vou perder a receita.
— Porra, celular de merda — digo irritada.
Já faz um tempo que preciso comprar outro, mas nã o posso me dar
este luxo agora.
— Já sei, vou fazer como os povos Maias e Astecas, vou anotar.
Começo a andar pela casa a procura de um lá pis ou caneta e apó s
um tempo considerável procurando, acho um lá pis e um pequeno bloco
junto.
— Perfeito.
Estou concentrada, sentada na bancada da cozinha anotando a
receita do cupcake quando ouço um barulho vindo da porta principal.
Ué, será que o Vitor voltou? — penso.
Sigo na direçã o da porta de entrada para saber o que houve e
paraliso ao ver quem está na minha frente.
— Você? — falamos juntos.
Fico sem reaçã o por alguns segundos e aparentemente, ele
também. Nos encaramos por um longo tempo e noto seus olhos
descerem pelo meu corpo e me lembro que estou só de biquíni.
— Além de um tremendo imbecil é stalker também? — falo
alterada. — Como você entrou aqui?
— Stalker? Eu mereço, você realmente é muito luná tica. — Ri sem
vontade. — Garota, eu que devo te perguntar como você entrou aqui?
— Luná tica é o teu rabo, seu ogro idiota.
Foda-se, é a segunda vez que ele me chama de luná tica e eu
prometi que nunca mais abaixaria a cabeça para ninguém. Mas isso
parece irrita-lo, pois ele estava parado pró ximo a porta e de repente,
apó s a minha ofensa ameaça andar na minha direçã o e eu reajo.
— Pode ficando aí, eu estou armada e nã o tenho medo de usar isso
contra você. — Levanto o lá pis que está em minha mã o, apontando com
o ar mais ameaçador que posso.
Ele arqueia as sobrancelhas e cruza os braços.
— Isso é um lá pis, — aponta para a minha mã o levantada — você
sabe, né?
— Claro que sei — respondo mantendo minha posiçã o de ataque.
— Tá, ok, supondo que eu te atacasse, você acha que conseguiria
me impedir com isso? — Aponta novamente para minha mã o. — Com a
porra de um lá pis?
— John Wick matou três homens com a porra de um lá pis em um
bar — digo cheia de razã o e o homem ri alto.
— Tadinha, fugiu do sanató rio.
— Hum, abriram a porta do asilo, foi?
— É uma fedelha muito abusada.
— E você um velhote ranzinza e muito insuportável.
— Caralho, eu devo ter imã para problema, nã o é possível. — Ele
passa a mã o na cabeça como se estivesse nervoso. — Menina, me diz o
que você está fazendo na minha casa?
— Sua casa? — pergunto confusa.
— Meu Deus, você fala a minha língua, né?
— Depende, o inglês sim, agora o idiotês, infelizmente nã o.
Ele me olha por um tempo calado, com o rosto totalmente
inexpressivo, de repente se vira fechando a porta ainda sem dizer nada e
entra, me deixando receosa sobre o que vai fazer, mas apesar disso,
estranhamente nã o sinto medo. O homem segue até o pequeno bar, pega
uma bebida e se serve.
— Você é o que do Vitor? — ele questiona de costa para mim.
— Amiga. — Resolvo responder sem confrontá -lo dessa vez,
preciso entender quem ele é.
— Nã o pode ser possível, só me faltava essa. — Ele suspira. —
Você é a tal da Cupcake, né?
— Como você sabe o apelido que ele me chama? — pergunto e ele
se vira. — Cacete — falo quando minha ficha cai.
Observo melhor os seus traços, e eles nã o sã o mega parecidos, mas
alguns pequenos detalhes deste homem lembram ao meu amigo e eu
nã o tinha reparado isso.
O seu rosto é bem definido com uma barba bem aparada com
vá rios pelos grisalhos espalhados, algo que o deixa absurdamente sexy,
seus olhos sã o expressivos e de um verde hipnotizante, daquele que
parece estar lendo a sua alma, seu cabelo castanho claro também possui
alguns pelo grisalhos nas laterais combinando perfeitamente com o seu
tom de pele e a sua altura, puta merda, o homem é enorme e lindo pra
caralho.
— Wladimir Novak, pai do Vitor — ele diz e eu fico sem saber o
que dizer.
— Isso nã o tá certo — murmuro bem baixinho para mim mesma
enquanto babo na beleza do pai do meu melhor amigo.
Merda, ele deveria ser velho, calvo, barrigudo, feder a charuto e ter
pau murcho, nã o que eu tenha visto, mas o conjunto da obra parece ser
perfeito.
Que droga.
Meu Deus, eu quero matar o Vitor por nunca ter me mostrado uma
foto do seu pai. Me diz, como vou conviver com esse homem, ainda mais
depois de tudo?
Respiro fundo e noto que ele ainda me encara depois de falar o seu
nome e vejo que me perdi em pensamentos. Decido tentar estender a
bandeira da paz e de alguma forma me redimir, mesmo que o escroto
tenha sido ele, mas sou eu que estou de favor em sua casa.
— Eu sou Sara Smith, senhor Novak. — Estendo minha mã o em
sua direçã o e é impossível nã o perceber que ele está se esforçando
muito para controlar os seus olhos em meu corpo. — Me descul... —
início um pedido de desculpa, mas o imbecil se vira e sobe as escadas,
me deixando com a mã o estendida feito uma idiota.
Bom, o cara pode até ser um baita gostoso, mas é um babacã o. Eu
tentei, mas se ele nã o quer minha amizade, foda-se, agora que aguente
as consequências ou me expulse daqui.
Capítulo 7

Eu quero matar o Vitor.


Ainda nã o acredito que ele fez isso, colocou uma pessoa para
morar dentro da minha casa e nem teve o trabalho de me informar. Ok,
que eu moro mais em qualquer outro lugar do que aqui, mas sou eu que
pago as contas deste caralho, essa merda é minha.
— Que inferno, porra — esbravejo.
Agora vou ter que aturar essa ninfeta andando sem roupa dentro
da minha casa?
Ela está achando que a minha casa é o quê?
Demorou um pouco para a minha ficha cair e eu entender quem
era ela, entã o quando aconteceu precisei de uma bebida, que virei de
uma ú nica vez e quando tive essa certeza, quis deixar claro quem eu era
também, mas meus malditos olhos nã o conseguiam se desviar do corpo
dela, causando um estímulo no meu pau e porra, isso é tã o errado.
Começando por ela ser a garota do meu filho e terminando em sua
idade, ela tem o quê, 21 anos?
— Puta que pariu, eu nã o tenho um minuto de paz nesse caralho.
Quando ela se aproximou estendendo a mã o, começando um
pedido de desculpas nã o pude me permitir ficar, entã o só virei as costas
e subi para o meu quarto, realmente precisava de um banho e também
gostaria muito de comer algo, porém, nã o quero descer agora com ela lá
embaixo. Sei que vamos nos esbarrar, mas prefiro protelar este
momento, entã o decido inverter minhas prioridades, descansando agora
e deixando para comer mais tarde.
Tomo um banho quente, perdendo uns bons minutos debaixo da
á gua... Fecho os olhos, sentindo meu corpo ainda tenso pelo estresse do
dia e minha maldita mente me trai, trazendo a imagem do seu rosto
lindo e do corpo perfeito.
Os grandes olhos azuis que prenderam a minha atençã o mais cedo
no trâ nsito fizeram o mesmo agora. Ela possui um olhar instigante,
expressivo, misterioso. Sua pele clara, com um tom que vai entre o
pêssego e a porcelana, parece ser tã o macia, completamente perfeita
para deixar marcada do jeito que eu gosto, assim como os cabelos longos
que ficariam perfeitos enrolados em meu punho e aqueles seios, porra...
Minha boca chega a salivar e sinto meu pau latejar.
Ela realmente não precisava ser tão gostosa — penso.
— Ah, caralho... — Desligo o chuveiro, porque nem aqui aquela
fedelha me dá paz.
E eu nunca vou me masturbar por uma menina.
Saio do banho frustrado por nã o conseguir relaxar como queria,
tudo por culpa da encrenqueira lá embaixo. Apó s me secar, sigo nu para
o closet e visto uma box preta, me jogando na cama de bruços e me
permitindo dormir pelo resto da tarde.
Acordo sei lá quanto tempo depois, me sentindo desorientado e
sem o mínimo de vontade de levantar da cama, mas preciso ir a boate,
Vitor me disse que estamos com uma dançarina nova no segundo piso,
preciso assistir e avaliar se sua apresentaçã o está dentro do nosso
padrã o, também preciso fazer alguns ajustes entre os funcioná rios e
durante a semana terei que contratar outro gerente de operaçõ es, caso
nã o consiga promover alguém para a funçã o e outro contador também.
Me arrumo o mais devagar que posso, cacete, agora estou recluso
na minha pró pria casa porque nã o quero bater de frente com a garota
problema.
— Nã o vou viver assim na minha casa — falo sozinho.
Desço e graças a Deus nã o encontro ninguém. Mas me pergunto
onde será que ela foi a uma hora dessas, está tarde para uma menina da
idade dela ficar andando por aí sozinha, é perigoso.
— Nã o é da sua conta, Wladimir. Foco — falo comigo mesmo
novamente. — Porra, agora estou feito doido falando sozinho.
Abro a geladeira para pegar alguns ingredientes para preparar um
sanduiche e me assusto com a quantidade de cupcakes que ocupa
espaço ali. Sorrio ao lembrar do Vitor dizendo que quando eu a
conhecesse iria saber o porquê do apelido.
Faço o meu sanduiche e praticamente engulo inteiro com a rapidez
que como, bebendo longos goles do suco de laranja que encontrei
pronto, volto ao meu quarto, realizo a minha higiene bucal, pego minhas
chaves, carteira e saio rumo a minha boate.
O trajeto é feito tranquilamente e logo estou no estacionamento da
Seduction Lounge, acesso o interior da boate e nossa, está lotado.
Observo tudo em funcionamento e sinto um sentimento bom dentro do
peito.
Sigo direto para o meu escritó rio que possui isolamento acú stico,
porque como eu já disse, amo o meu trabalho, mas odeio barulho. Entro
ligando as câ meras de segurança que tenho em todos os andares e em
lugares estratégicos, me sento com a minha bebida já em mã os e começo
a observar o andamento de tudo.
Meu celular toca e vejo que é meu filho, mandei mensagem mais
cedo perguntando por sua avó e pedi para que me ligasse por volta das
22h.
— Vitor — falo com um tom sério, porque estou puto com ele.
— Porra, o que foi que eu fiz?
— Sério mesmo que eu preciso dizer?
— Hum, vejo que já conheceu a Cupcake. — Percebo que está
sorrindo ao falar. — Ela é um encanto, né, pai?
— Um amor de pessoa, meu filho — debocho. — Mas quando você
pretendia me contar que tinha uma estranha morando na nossa casa?
— Pai, a Sara não é uma estranha, caramba, ela é minha melhor
amiga e recentemente levou tanta porrada da vida que não existia a
menor possibilidade de eu não a ajudar.
Vitor me conta de forma resumida sobre ela ter encontrado o filho
da puta do ex-noivo na cama com outra e nã o entendo o ó dio que sinto
do desgraçado se nem o conheço, mas deve ser pela repulsa que tenho
de traidores. O cara que trai a sua parceira de vida, para mim é um ser
humano desprezível.
Meu filho diz que no mesmo dia a menina perdeu o pai, vítima de
um ataque cardíaco e um mês depois recebeu a notificaçã o da justiça de
que havia perdido sua casa.
Meu Deus, nunca vi tanta desgraça em tã o pouco tempo.
Me sinto mal por ter sido tã o grosso com a menina, mas apesar de
nã o ver mais problema de ela ficar na minha casa pelo tempo que
precisar, nã o serei legal, gentil ou nada parecido, nã o quero
proximidade, essa menina me desperta algo estranho e nã o gosto do
desconhecido, do que nã o sei controlar.
Mantê-la o mais longe possível de mim será minha meta diá ria,
pelo menos até eu colocar tudo no lugar e poder ir embora novamente.
— Filho, ela pode ficar lá em casa, mas explique para sua amiga, —
dou destaque ao ró tulo do que ele diz que sã o de propó sito — que eu
nã o gosto de barulho e nã o suporto bagunça, quando estou em casa
busco e prezo por paz. — Lembro de algo importante. — Ah, e nunca em
hipó tese nenhuma ela deve ir no quarto ao lado do meu.
Sei que o cô modo está sempre trancado e que Marie entra lá uma
vez a cada três meses para limpar, mas é bom avisar.
— Ok, pai, pode ficar tranquilo.
Vitor me passa um resumo de como está a sua avó , explica que
Grace teve uma fratura exposta do fêmur e a recuperaçã o pode levar de
2 a 3 meses, o que me faz suspirar pesadamente, percebo que vou
precisar ficar aqui por mais tempo que imaginei, entã o mudamos de
assunto e eu o atualizo sobre o rombo no caixa.
— Porra, pai, ainda não acredito que Jacob teve coragem de fazer
essa sacanagem — diz indignado. — Não dá para confiar em ninguém.
Jacob era nosso gerente de operaçõ es desde o início da boate e até
o momento, nunca tinha dado motivos para desconfiarmos dele.
— É exatamente esse o problema, filho, confiamos demais nele. —
Ainda estou puto com esse assunto. — Mas descobri também que ele se
envolveu com um pessoal meio barra pesada, apostou alto no cassino e
perdeu o controle das coisas, ficou devendo quem nã o devia e viu no
caixa da boate uma oportunidade de desviar dinheiro para cobrir suas
dívidas. — Resumo o que Max descobriu.
— Maldito...
— Pois é, meu filho, fica aí uma liçã o para quando assumir o meu
lugar de vez, nunca confie demais em ninguém, nã o ao ponto de nã o
conferir vez ou outra. O negó cio é seu, logo o interesse que tudo caminhe
bem é seu — falo o que meu pai sempre me dizia e cada vez faz mais
sentido. — Mas fique tranquilo porque já tomei todas as providências,
Jacob foi demitido e Mark também, porque como meu contador, deveria
ter visto isso, mas diferente do traidor filho da puta, Mark teve todos os
seus direitos pagos.
Mesmo achando que Mark sabia tudo que estava acontecendo, por
isso se demonstrou tã o apreensivo durante toda a conversa, mas foi leal
e nã o quis denunciar o amigo, por isso me fiz de idiota, pois admiro
lealdade e eles sã o amigos de infâ ncia.
— Também já informei a todos que a partir de agora vou revisar
pessoalmente as finanças a cada semana e resolvi implementar um novo
sistema de controle, ainda estou analisando as opçõ es.
— Muito bom, senhor Novak, — Vitor brinca, sempre me chama
assim quando diz que estou no modo CEO — já tem tudo sob controle.
Desculpa não ter percebido, pai e também por ter largado tudo nas suas
mãos.
— Nã o tem pelo que se desculpar, moleque, foi tudo muito bem
camuflado por aquele infeliz. O importante é a casa estar em ordem
agora e por conta disso e também por saber melhor da situaçã o da sua
avó pretendo ficar por aqui por tempo suficiente para que tudo se
resolva e para implementar esse novo sistema, ver como funciona, ou
seja, vou ficar em Las Vegas por um bom tempo, como você sempre quis
— falo rindo.
— É muito horrível da minha parte agradecer ao Jacob pelo que fez?
Porra, sei que ele está brincando, mas sinto o fundo de verdade em
suas palavras, que vem como um verdadeiro murro no estô mago.
— Certo, filho, agora preciso desligar porque daqui a pouco vai
começar a apresentaçã o da nova dançarina do segundo piso e como
ainda nã o a conheço, quero assistir. — Vitor começa a tossir do outro
lado e me preocupo. — Filho, o que houve?
— Nada, — diz com a voz entre cortada, falhando ainda por conta
da tosse — estou bebendo água e me engasguei aqui. Vai lá, pai, espero
que goste do show.
— Também espero. — Minha cota de demissã o por hoje já deu. —
Se cuida aí, mande lembranças para Grace e nã o se preocupe com a
boate.
— Ok, pai, obrigado. Ah, seja legal com a Sara, antes de qualquer
atitude estupida, lembre tudo o que ela passou.
— Sem sensacionalismo para cima de mim, Vitor. Mas, ok, pode
deixar.
Nos despedimos e vejo pela câ mera três que está direcionada em
um â ngulo pró ximo ao palco que o show começou, mas pelo jogo de
luzes nã o consigo ver seu rosto, porém, é inegável o quanto tem um
corpo absurdamente lindo e como seus movimentos sã o um chamado
para o pecado.
Sua dança mistura ousadia e sensualidade, a mulher sabe ser
provocadora a um nível que está fazendo o meu corpo reagir só de olhar
através desta maldita tela e me pego pela primeira vez querendo um
show deste particular.
— Porra... — engulo seco e ajeito por cima da calça o meu membro
dentro da cueca.
Nunca fiquei assim com nenhuma das dançarinas que passaram
por minhas boates, nã o me envolvo com ninguém que trabalha para
mim, sou totalmente contra, é problema certo essa coisa de chefe e
funcioná ria.
Me afasto para pegar uma bebida e desfocar um pouco desta
mulher, acho que estou precisando transar, é isso. Já faz uma semana que
nã o fodo ninguém e diferente do que meu filho deve imaginar, sou muito
ativo em minha vida sexual.
Amanhã vou procurar um dos meus contatos aqui de Las Vegas.
Volto a me sentar em minha cadeira com minha bebida em mã os e
a cena que desenrola diante dos meus olhos me faz levantar novamente
em um rompante e eu aperto o copo em minhas mã os com tanta força
que nã o faço ideia de como nã o se quebrou.
— Sara... — sussurro incrédulo.
Um dos desgraçados, o mais novo, tenta passar aquela mã o
imunda em sua coxa, mas ela se afasta, visivelmente o xingando, em um
salto preciso ele sobe no palco a agarrando por trá s e o velho infeliz que
observa toda a cena de sua mesa, só gargalha, sem fazer nada para
intervir.
— Hoje eu perco a porra do meu réu primá rio.
Saio do meu escritó rio feito um animal, sentindo um misto de
sentimentos que nã o sei definir e disposto a cometer uma loucura.
Capítulo 8

Algumas horas antes

Logo depois que o troglodita do pai do meu melhor amigo subiu


também fui para o meu quarto tomar banho e me arrumar para ir
trabalhar. Tem alguns dias que nã o consigo gravar um vídeo sequer para
o meu canal, preciso organizar os meus horá rios urgentes, fora que
quero muito ter minha irmã aqui comigo.
Sério, nã o sei qual é a do meu karma, mas as vezes eu acho que foi
eu quem convenceu Eva a dar a merda da maçã para o Adã o comer,
porque nã o tem puta que pariu que chegue nos perrengues da minha
vida. Isso tudo só pode ser dívida da vida passada.
Ainda tenho que lidar com um velho fake tã o gostoso quanto
arrogante.
Você deve estar se perguntando por que fake, né?
Porque na minha cabeça velho é cheio de pelanca e com o pau
aposentado, e esse homem nã o me parece preencher nenhuma dessas
opçõ es, ou seja, velho fake.
Já arrumada e com a minha bolsa pendurada no ombro, vou até a
geladeira pego 4 cupcakes para devorar pelo caminho, só ingerindo
muito açú car para esquecer dessa merda de dia.
Chego um pouco atrasada na boate por causa do idiota do uber
que andava tã o devagar quanto uma tartaruga, entro correndo indo
direto para o camarim e as meninas que fazem atendimento exclusivo no
terceiro piso já estã o saindo, todas prontas.
— Sara, minha linda, está atrasada. — Nosso coordenador, vigia,
sei lá , ainda nã o entendi bem a sua funçã o além de tomar conta de cada
passo nosso aqui no camarim e nã o permitir atrasos ou erros, me fala.
Joe é um homem de meia idade muito simpá tico, que está sempre
impecável em seus ternos sob medida.
— Joe, me perdoe, tive um contratempo com o abençoado do uber,
mas em minutos estarei no palco.
— Sara, você tem 10 minutos, amiga. — Lia, a ú nica que fiz
amizade aqui durante este período diz e beija meu rosto. — Joe, para de
ser chato. — Ela beija o rosto dele também e rimos do seu jeito.
— Sim, Sara, você tem 10 minutos. Vamos rá pido com essa
maquiagem, ok — nosso coordenador fala. — E você, gatinha, para o
terceiro piso agora. O seu juiz particular já chegou.
— Hum, adoro um homem de poder... — diz fazendo caras e bocas.
— Fui ser feliz, meus amores.
Vou até o closet para escolher minha roupa e opto por uma peça
provocante, ao colocar vejo como fui certeira, pois valorizou cada curva
do meu corpo, me deixando incrivelmente sensual. Na maquiagem deixo
meus olhos em destaque, passando uma sombra escura com efeito
esfumaçado e finalizando com um delineador para um toque fatal, na
boca coloco um batom vermelho sangue, quando termino me olho no
espelho e fico completamente satisfeita com o que vejo.
Visto um sobretudo e saio do camarim, me dirigindo ao segundo
piso pelo elevador destinado aos funcioná rios, assim que a caixa
metá lica se abre no meu andar, vou direto para o palco principal e faço
minha apresentaçã o ali, uma ú nica dança essa noite, algo rá pido pois
hoje minha presença foi reservada para os dois russos que estã o de
passagem na cidade. Logo ao finalizar vou ao toilette retocar a minha
maquiagem rapidamente e sigo para o palco destinado aos shows
exclusivos.
Respiro fundo, pois nã o gosto dessas apresentaçõ es, sempre tenho
receio de que esses homens confundam as coisas, bom, até hoje nã o
aconteceu, mas o receio existe.
— É só uma apresentaçã o, Sara — digo para mim mesma e entro
no campo de visã o deles.
Sã o dois homens muito altos e bonitos, o mais velho possui um
cabelo mais alongado e veste um terno, já o mais novo está mais à
vontade, com uma camisa preta e calça jeans, deixando visível algumas
tatuagens.
As luzes caem, deixando um foco em mim e começo meu show,
aqui o palco é menor, para criar uma falsa intimidade com o cliente, os
jogos de luzes ajudam a deixar tudo mais sensual. Sinto seus olhos
devorarem o meu corpo a cada balanço de minhas curvas. Fecho os
olhos me entregando ao som sensual de Earned It de The Weeknd, me
envolvendo na batida como se fosse parte de mim, de quem eu sou, cada
movimento meu é calculado, feito para instigar, provocar.
De repente sinto uma mã o grande apertar a minha coxa e abro os
olhos, retesando o meu corpo na hora, me afasto fuzilando o desgraçado
com o olhar, ele sorri malicioso, e tenta me tocar novamente.
— Tira as suas patas nojentas de mim, seu maldito — esbravejo e
vejo em seus olhos que virei um desafio para ele.
Pela forma que me olha, nã o vai desistir e o infeliz do homem ao
seu lado, nada faz para contê-lo. Deve ser mais um mimado que está
acostumado a ter tudo que quer, na hora que quer, mas comigo ele nã o
vai arrumar nada. Viro pronta para sair do palco, foda-se a quantia
considerável que pagou, eles sabiam os termos e aceitaram. Entã o sinto
braços fortes me agarrarem, me debato em meio ao susto e desespero,
sua boca nojenta está em meu pescoço e ele fala algo em sua língua natal
que nã o entendo enquanto distribui beijos e mordidas ali.
— Me solta, merda — grito, em pâ nico. — Me larga agora, seu
maldito.
— Relaxa docinho, nó s vamos só nos divertir um pouco — fala em
meu ouvido e chupa o ló bulo da minha orelha. — Meu tio nem vai
querer participar, só vai ficar de voyeur mesmo — diz em um inglês
misturado ao seu sotaque.
— Ela é brava, meu sobrinho, mostra para ela como se doma uma
puta — o outro infeliz ri ao falar. Tudo parece ser muito engraçado para
eles. — Faça a felicidade do garoto, menina e aproveite para se divertir
um pouco também. — Pisca para mim e eu sinto um medo indescritível,
porque ninguém vai entrar aqui no período do show, essa é a porra da
regra.
Torço para que tenha alguém olhando as câ meras. Essa é minha
ú nica chance.
O maldito me joga no chã o, me imobilizando com facilidade, tento
lutar contra, mas nã o tenho forças contra seus mú sculos, sua boca segue
pelo meu busto, sua língua sobe pelo meu maxilar, enquanto aperta um
dos meus seios com a sua mã o nojenta por cima da roupa. Sinto uma
vontade absurda de vomitar, lá grimas rolam pelo meu rosto e já nã o
tenho mais esperança de que alguém virá me salvar antes que o pior
aconteça, entã o um estrondo ressoa pelo ambiente.
Wladimir entra com uma expressã o sombria, transmitindo raiva
em cada um dos seus movimentos e sobe no palco em um ú nico salto.
— Tira as mã os dela, porra. — Meu chefe segura o maldito russo
pela camisa e em um ú nico puxã o o joga para longe de mim.
O impacto do corpo batendo com força no chã o é ouvido com
nitidez, mas Wladimir nã o parece satisfeito, ele salta de cima do palco
indo até o maldito ficando sobre seu corpo e começa a socá -lo diversas
vezes no rosto, falando com sua voz baixa carregada de fú ria coisas que
nã o consigo entender, parece dizer em outra língua...
Ele parece estar possuído.
— Você... nã o... deveria... ter... encostado... nela — diz cada palavra
entre socos e agora falando em inglês. — Você mexeu com a garota
errada, nunca mais ouse chegar perto dela — segura o russo pela camisa
e o sacode — ME OUVIU, SEU FILHO DA PUTA.
Estou totalmente em choque, em um canto do palco olhando tudo
e me recordo do tio do saco de estrume, rapidamente minha mente se
pergunta o porquê do homem que nã o parece ser do tipo de levar
desaforo para casa nã o ter ido defender o seu sobrinho. Ao procurar por
ele vejo Max o imobilizando com seu braço em volta do pescoço do russo
mais velho e colocando seu braço para trá s, o impedindo de se mexer e
eu nem vi quando isso aconteceu e nem o momento em que o segurança
entrou aqui.
— Quem você pensa que é para me dizer o que fazer? — o infeliz
mesmo com o rosto todo ensanguentado, desconfigurado pelos socos,
questiona.
— Eu vou ser o seu pior pesadelo se você encostar um maldito
dedo nela novamente. — Neste momento Wladimir sai de cima do rapaz.
— Some da minha boate e nã o volte aqui nunca mais.
— Você nã o faz ideia de quem somos, de quem ele é filho — o tio
grita para meu chefe que se aproxima do homem.
— Estou pouco me fodendo para quem colocou esse verme no
mundo — diz com a respiraçã o ruidosa.
— Você vai pagar caro por isso, vai sentir o peso dos seus atos e aí
vai se arrepender, — entã o o maldito olha em minha direçã o me
causando um frio na espinha com sua ameaça velada — mas será tarde
demais.
Wladimir o segura pelo colarinho, o encarando por alguns
segundos sem dizer uma palavra e o solta com brusquidã o.
— Saiam daqui agora, antes que eu realmente faça algo do qual me
arrependa.
O russo olha com ó dio para mim e depois para Wladimir, entã o vai
até seu sobrinho e o ajuda, mas antes de saírem, olha mais uma vez para
o meu chefe.
— Você vai se arrepender e isso é uma promessa.
— Vou, se vocês nã o saírem daqui agora — diz com uma voz
cortante feito uma lâ mina. — FORA, PORRA.
Ele acena para Max com a cabeça que vai na direçã o dos dois e
junto com outros três seguranças que aparecem na porta acompanham
os russos para a saída.
Wladimir leva as mã os ao rosto e fica assim por algum tempo, ele
nã o fala comigo e nem se vira em minha direçã o, como se tentasse se
controlar, enclausurar o animal que libertou naquele momento.
— Sara, volte para o camarim, pegue suas coisas e vá para casa. —
Sua voz nã o está mais sombria, porém ainda nã o está controlada, posso
sentir sua raiva.
Nã o gosto do tom que se dirige a mim, ele nem me olha e caramba,
eu acabei de passar por uma situaçã o horrível, algo que nã o teria cura
em meu interior se tivesse se consumado. Sou grata a ele, serei para
sempre, contudo, nunca permitirei que me trate dessa forma.
Será que me culpa pelo que aconteceu?
Nã o, ele nã o seria tã o estupido. Eu estava trabalhando e na boate
dele, nã o creio que seja machista a este ponto.
Vá rios questionamentos rodeiam minha cabeça.
— Você é surda? — Sua voz soa mais perto, é dura, e só agora noto
que se aproximou em quanto estava perdida em pensamentos.
Hesito, nã o por nã o querer ir embora, mas porque meu corpo todo
ainda treme, minhas pernas nã o sã o capazes de me sustentar neste
momento e o infeliz apesar de ter sido o meu verdadeiro heró i essa
noite, sei que isso é brega, mas nã o consigo classificá -lo de outra forma...
Na verdade consigo sim, porque ele pode ter me salvado, mas também é
o maior imbecil que eu já conheci.
— Muito obrigada, Wladimir — consigo dizer com a voz trêmula,
segurando o choro e ele só me encara, sem oferecer ajuda para me
levantar, mantendo uma distâ ncia que nã o consigo compreender, nã o
depois da forma como me defendeu, como se eu fosse importante de
alguma forma.
Sei que isso pode ser delírio meu, afinal nos conhecemos a menos
de 24h.
Me levanto com dificuldade, respiro fundo e finalmente consigo me
manter de pé para sair desse lugar, da presença sufocante deste homem
que me causa tantos sentimentos ao mesmo tempo.
— Eu estou muito bem, obrigada mesmo por perguntar, — o
deboche fumegando em minhas palavras — seu ogro insensível. — Sinto
seu olhar queimando minhas costas.
Mas saio sem olhar para trá s, com um sentimento de gratidã o e
ó dio por esse homem.
Capítulo 9

Estou assustado comigo mesmo... Que porra de fú ria foi essa que
me dominou ao ver aquele infeliz encostando nela?
Fiquei cego com uma raiva que nunca senti antes, juro que me
controlei mesmo no descontrole, pois a minha vontade era de arrancar
os olhos daquele desgraçado por tê-la desejado, decepar dedo por dedo
por ter encostado nela e torturá -lo até a morte por ter cogitado a forçá -
la a qualquer coisa.
No instante em que a vi naquele canto acuada, minha ú nica
vontade foi de tomá -la em meus braços e dizer que eu estava ali, que nã o
permitiria que nada de ruim acontecesse a ela, que ninguém nunca mais
iria machucá -la.
Isso inclui o jeito imbecil como trata a garota? — minha mente me
afronta.
Nã o sei explicar o que Sara me faz sentir e essa merda de confusã o
nem faz sentido... Porra, ela é uma menina ainda e eu a conheci hoje, mas
no momento em que aqueles olhos azuis se conectaram aos meus, algo
que nã o sei explicar aconteceu, me sinto estranho em sua presença e por
isso fujo feito um adolescente covarde. Ela também me traz um senso de
proteçã o, uma vontade insana de querer mantê-la por perto, fazendo
com que eu me sinta sujo, e isso me causa uma raiva incontrolável por
querer algo que nã o posso ter, lembro do meu filho e do relacionamento
que mesmo nã o assumindo, sei que existe, da minha promessa a Susie e
vem a necessidade de afastá -la.
Preciso ficar longe dessa garota.
Respiro fundo apó s tomar a terceira dose seguida do meu whisky,
nã o tive coragem de ir vê-la no camarim, sei que foi embora agora a
pouco e pedi a Max para deixá -la em casa, mas eu nã o posso me
aproximar, nã o com essa vontade insana de...
— PORRA. — Jogo o copo na parede vendo-o se estilhaçar.
Me sento em minha cadeira levando minhas mã os a cabeça,
tentando me controlar, minha cabeça está um verdadeiro caos, quero
saber como ela está e tenho uma ideia.
Pego o celular e ligo para Vitor que me atende no segundo toque.
Meu filho estranha o horá rio que estou ligando, entã o resumo o que
aconteceu, omitindo alguns pontos e chamando sua atençã o, pois se
tivesse me contado quem era a dançarina eu poderia ter evitado, de
alguma forma eu teria cancelado esse maldito show.
— Pode deixar, pai, vou ligar para ela agora.
— Faça isso, ela saiu daqui bem fragilizada e com certeza precisa
do namorado. — Falar isso me incomoda de uma forma que nã o deveria.
— Porra, pai, para com essa merda. Nós somos irmãos, Sara é linda,
mas nunca a vi como mulher. — Chego a suspirar aliviado com essa
informaçã o e isso nã o deveria acontecer. — Sério, não sei por que acha
que eu não te contaria se tivesse com alguém gostosa feito ela.
— Respeita a garota, Vitor. Se nã o sã o namorados nã o acho
decente você se dirigir a ela com esse tipo de intimidade — minha voz
sai mais ríspida do que eu gostaria e juro que o ouço rir. — Qual é a
graça, gostaria de rir também?
— O coroa afim da novinha e tentando sondar se ela é sua nora ou
não — fala como se isso fosse algo natural. — Isso é engraçado pra
caralho, pai.
— Nã o sei de onde tirou essa merda, garoto — falo sério. — Ela
tem idade para ser minha filha.
— Mas não é e é muito gostosa. — Conheço meu filho, sei
exatamente o que ele está tentando fazer.
— Ok, Vitor, só liga para ela e agora me deixe trabalhar. — Ele nã o
vai conseguir, sou um homem experiente demais para me deixar levar
por um desejo.
É só transar com alguma mulher que passa e é isso que vou fazer
hoje mesmo.
— Vou ligar agora. Valeu coroa, vê se não trabalhe até tarde — diz o
mesmo de sempre. — Pai, — fico em silencio e ele continua — só se
permita ser feliz.
Nã o respondo, porque isso é algo que nã o está em pauta, nunca
será uma possibilidade e nos despedimos quando ele percebe que nã o
vou falar mais nada.
Apó s encerrar a ligaçã o com meu filho envio uma mensagem para
Chloe Fox, uma socialite que nã o quer nada sério com ninguém, perfeita
para o meu estilo de vida, além de ser gostosa, boa de cama e pró pria
para a minha idade. Logo recebo sua resposta de que estará aqui em
breve e peço para que separem a suíte de sempre, apesar de eu ter a
minha pró pria suíte aqui, nunca levei nenhuma mulher, ali é o meu lugar
de paz, assim como a minha casa.
Solicitei as fichas completas dos russos que expulsei hoje, preciso
analisar algumas coisas que estã o passando pela minha cabeça,
enquanto aguardo minha acompanhante... Verifiquei nas filmagens das
câ meras e o jogos de luzes fez com que o rosto dos infelizes nã o
aparecesse nitidamente. Uma hora se passa e eu nem percebo, imerso ao
trabalho, levanto todas as informaçõ es que consigo sobre aqueles
malditos, mas agora estou empacado, nã o tem nenhuma foto deles na
internet e tudo indica que sã o uma família milioná ria do ramo de
produtos químicos.
— Sei que nã o é só isso — falo sozinho, com os olhos vidrados na
tela do meu computador. — Eu vou descobrir o que vocês escondem.
Obviamente que só está disponível na internet o que eles
permitem.
Mas eu tenho meus meios, seus filhos da puta — penso.
Gosto de ter controle de tudo em minha volta e nã o vou ignorar a
ameaça velada que fizeram, nã o até ter certeza de que foi da boca para
fora. O que descobri até o momento nã o me causa nenhum tipo de
preocupaçã o, mas meu sexto sentido diz que tem algo muito pior por
trá s e preciso estar preparado.
Meu celular vibra com uma notificaçã o da minha amiga, avisando
que chegou e está vindo ao meu escritó rio.
Rapidamente abro meu e-mail criptografado com Vincenzo e envio
em anexo a ficha dos dois desgraçados, junto com a filmagem e tudo que
descobri, pergunto se ele pode levantar mais informaçõ es sobre Alexei
Volkov e Mikhail Volkov e apesar do vídeo ser alto explicativo, faço um
resumo do que aconteceu em minha boate e conto sobre a ameaça que
fizeram. Por serem russos, nã o existe ninguém melhor que o capo
italiano para me ajudar.
Desligo meu computador ao mesmo instante em que duas batidas
suaves ressoam na porta e eu autorizo que entre.
— Quem é vivo sempre aparece. — Chloe vem em minha direçã o
com um sorriso cheio de segundas intençõ es. — Achei que nã o voltaria
mais para Las Vegas.
— Nã o tinha mesmo a intençã o de voltar agora, mas o dever me
trouxe de volta. — Me aproximo e tomo sua boca em um beijo rá pido. —
Margarita? — Lhe ofereço sua bebida de sempre.
— Quem sabe mais tarde.
A mulher me empurra para o sofá que tem em meu escritó rio, sobe
em meu colo, passando uma perna de cada lado do meu corpo e me beija
cheia de desejo, fecho meus olhos me entregando ao momento, levo
minhas mã os para sua bunda a pressionando em meu pau e de repente
uma intrusa invade a minha mente, abro os olhos imediatamente,
tentando fazê-lo entender quem está aqui, mas a todo momento Sara
invade meus pensamentos e eu tiro Chloe do meu colo, puto pra caralho
comigo mesmo.
— O que houve? — ela pergunta confusa. — Fiz algo que nã o
gostou?
— Nã o, o problema sou eu. — Ela me olha com cara de quem diz
“sério que você está usando essa frase comigo?”. — Desculpe por fazer
você se deslocar até aqui à toa, Chloe, mas nã o vai rolar.
A mulher se levanta do sofá , ajeitando sua pró pria roupa e vem em
minha direçã o.
— Espero que ela valha a pena. — Beija meu rosto. — Só sinto por
perder a melhor foda que já tive na vida.
— O quê? Nã o, nã o existem ninguém, Chloe, é só minha cabeça que
nã o está boa hoje.
— Hum, entendi. Você ainda nã o está pronto para falar do assunto.
— Pega sua bolsa e me olha. — Mas Wladimir, acredite, eu sei do que
estou falando. Uma mulher sempre sabe quando perdeu para outra. Seja
feliz.
Chloe nã o poderia estar mais errada, nã o existe ninguém, essa
merda de confusã o vai passar, eu sei.
Frustrado por nã o ter conseguido seguir com meus planos de
passar a noite transando, balanço a cabeça deixando esse assunto para
lá e decido ir para casa, já passam das 2h e com certeza Sara já deve
estar dormindo.
Por ser de madrugada o trâ nsito estava tranquilo me permitindo
chegar rá pido em casa, assim que entro na garagem fico por alguns
minutos dentro do carro me sentindo culpado por toda essa confusã o de
merda que me atropelou desde o momento em que pisei em Las Vegas
novamente, pensando em minha vida, em Susie, em minha promessa e
como minha mulher fez falta em vá rios momentos que me senti perdido,
criando uma criança sozinho...
— Até hoje sinto sua falta, amor. — Fecho os olhos e suspiro.
“Me ajoelho em frente a lápide de Susie, com a voz embargada pelo
choro excessivo, é a única coisa que sei fazer desde o acidente, há 2 dias
atrás...
— Meu amor, ainda não acredito que você me deixou, tínhamos
tanto pra viver, você me prometeu voltar, me amar, que teríamos uma vida
juntos. — Um soluço escapa. Não consigo aceitar que perdi minha mulher
tão precocemente e grávida da nossa princesinha — Eu não sou ninguém
sem vocês, Susie, eu não quero viver sem vocês, mas preciso ser forte pelo
Vitor e te prometo que o transformarei em um homem integro e que ele
saberá quem você foi, como era uma pessoa cheia de vida, incrível, só não
sei se terei coragem de contar sobre sua irmãzinha, amor.
Não sei se meu filho vai me perdoar por tirar dele sua mãe e irmã.
Sinto uma dor rasgando a minha alma, meu corpo todo treme por conta
do choro.
— Eu... eu não sei como continuar sem vocês, amor, por minha culpa
você se foi, nossa filha nem teve a chance de vir ao mundo... Deveria ter
sido eu, me perdoe por não ter conseguido desviar daquele maldito carro.
— Acaricio seu nome na lápide com meus olhos embaçados, cheios de
lágrimas que rolam sem dificuldade pelo meu rosto. — Amor, eu prometo,
que nunca irei permitir que ninguém te substitua dentro da nossa casa, na
vida do Vitor e principalmente na minha vida, vou honrar sua memória e
nunca mais amarei outra pessoa. Você foi única em minha vida, em meu
coração e será assim para sempre.
Ainda fico ali buscando a presença da minha mulher, nunca acreditei
nessas coisas de vida após a morte, mas hoje eu quero acreditar, quero
sentir ela aqui, saber que me ouve... Mas não sinto nada, além do peso da
minha culpa, a dor em meu coração e o vazio dentro de mim.
Finalmente me levanto dando um último olhar para o túmulo do
amor da minha vida antes de me afastar, deixando enterrado ali com ela
parte do meu bem mais precioso, nossa família, e o homem que um dia eu
fui.”
Abro os olhos retornando do passado que vai me assombrar
enquanto eu viver e sinto uma lá grima escorrendo, a seco, tomando de
alguns segundos para me recompor e entro em casa.
Capítulo 10

Abro os olhos assim que sinto a luz do sol entrar pela janela.
— Merda — praguejo ao perceber que esqueci de fechar a cortina
e me espreguiço.
Demorei demais para pegar no sono, tudo que aconteceu na boate
me atormentou durante toda a noite, tive dois pesadelos horríveis e em
um deles aquele russo maldito conseguia me... Nã o consigo nem
completar.
Para piorar nã o consigo parar de pensar no Wladimir e em como
agiu, quero muito agradecê-lo, mas ele nã o contribui me tratando
daquela forma brusca e autoritá ria logo depois de me salvar. Me
perguntei durante boa parte da noite o que deu nele, busquei tentar
entender em alguns momentos, mas nã o consegui, nã o havia motivos
para me tratar daquele jeito e isso só me deixou profundamente irritada.
Hoje é um bom dia apesar de tudo, como o troglodita do meu chefe
decidiu por mim que eu precisava do final de semana de folga e mandou
seu garoto de recados me informar ontem ao me deixar em casa, decidi
buscar minha irmã para passar esses dois dias comigo, entã o sigo para o
banheiro, tomo um banho rá pido, me visto com a primeira roupa que
vejo em minha frente e sou recebida pelo silêncio dessa casa enorme ao
deixar meu quarto.
Meus olhos sã o puxados automaticamente para a porta do cô modo
que está sempre trancado, me pergunto o que tem ali, Vitor me falou
para nunca entrar neste quarto, disse algo sobre ser um lugar sagrado
para o seu pai e isso só me deixou mais curiosa, deixo esse pensamento
para lá , mas ao invés de descer outra porta puxa a minha atençã o feito
um imã em sua direçã o, observo o quarto dele...
Wladimir nã o deve ter dormido em casa, quando peguei no sono já
era bem tarde e nã o o ouvi chegar. Melhor ainda, assim fico em paz com
minha pequena sem aquele velho ranzinza do lado.
Como ainda é muito cedo o trajeto até a casa de Beth é tranquilo,
Liz já está pronta e pula no meu colo radiante, fazendo milhares de
perguntas, toda entusiasmada por saber que passará o final de semana
inteiro comigo. Converso um tempo com Beth, nunca deixando de
agradecer tudo que está fazendo por mim e minha irmã , ela me oferece
café, mas nego, dizendo que vou fazer um café da manhã com tudo que
Liz gosta para tomarmos ao chegar em casa.
— Vamos, princesa? — chamo ao chegar na sala.
Liz se despede da sua amiguinha e da tia Beth, como ela chama.
— Nã o esquece o seu Olaf, hein — lembro pois nã o quero ter que
voltar aqui hoje. — E nem sua mochila com suas coisas.
— Já peguei tudo, maninha. — Me mostra. — Até minha maletinha
de brinquedo.
Nos despedimos e saímos. Dessa vez nã o temos tanta sorte e
pegamos um pequeno trâ nsito, mas nada estrondoso, logo estamos
adentrando nossa casa temporá ria. Faço um pequeno tour com Liz pela
casa e a pequena olha tudo muito animada. As duas vezes que a trouxe
aqui só passamos pela sala, cozinha e á rea externa, na época viemos
para tomar banho de piscina, entã o a apresentaçã o dos cô modos de hoje
é bem diferente.
A levo para o sofá e a espertinha logo vê o embrulho, seu rostinho
travesso aquece meu coraçã o de um jeito impossível de descrever, como
amo esses momentos com a minha irmã .
— Tem alguém fazendo aniversá rio, maninha? — Sua forma para
tentar descobrir se o presente é para ela me faz segurar o riso.
Vou até o embrulho, o pego e entrego em suas mã ozinhas que
agilmente abrem o pacote.
Na semana passada enquanto fui resolver algumas coisas na rua
passei em frente a uma loja de brinquedos e vi algo que minha pequena
com certeza iria amar e nã o resisti, comprei. Seus olhinhos chegam a
brilhar ao ver as centenas de peças coloridas do seu desenho favorito.
— Uau, — seu sorriso largo faz tudo valer a pena e me sinto feliz
por ter feito isso por ela — é da Frozen... Olha, olha, tem o Olaf também.
— Pula batendo palminhas, me mostrando seu personagem favorito. —
Eu amo você, maninha, muito, muito obrigada. — Agarra minha perna e
eu me agacho para abraçá -la. — Podemos montar?
— Claro que sim, meu amor, mas depois que tomarmos café, tá? —
Ela acena que sim. — Se comporta enquanto estou na cozinha e se
quiser brincar, pode, só nã o faz bagunça.
— Mas eu nunca faço. — Sua carinha me enganaria se eu nã o a
conhecesse.
A deixo brincando na sala enquanto vou fazer nosso café da
manhã , comprei todos os ingredientes para fazer o cupcake de morango
e já deixei todos assados, agora é só decorar.
Sinceramente achei que encontraria Wladimir por aqui ao voltar, e
nã o sei por que me sinto meio frustrada, mas empurro esses
pensamentos para longe e foco no que estou fazendo, cozinhar me
distrai e passar esse tempo com a minha pequena me fará bem.
Há muito tempo nã o tinha uma noite tã o infernal como essa, tudo
que aconteceu com Sara, os malditos russos e para finalizar, eu nã o ter
conseguido transar com Chloe por conta de uma menina que nã o sai da
minha cabeça. Nã o preguei os olhos boa parte da madrugada, quando
consegui finalmente dormir o dia já estava amanhecendo.
Estou destruído e tudo que eu preciso hoje é paz, um dia tranquilo
em minha casa.
Com esse pensamento pego meu celular, aviso ao Max que
trabalharei de casa e qualquer coisa estarei disponível por telefone. Sem
disposiçã o nenhuma para ir ao escritó rio da boate, saio da cama, faço
minha higiene matinal, coloco somente uma calça moletom e desço para
tomar café, pois nã o como nada decente desde o almoço de ontem.
Estou descendo as escadas quando a resposta de Max chega por
mensagem e ao descer o ú ltimo degrau sinto uma dor aguda em meu
pé...
— Aiii, merda. — Instantaneamente levo minha mã o ao local e
massageio. — Puta que pariu. — Pulo feito um idiota em um pé só .
Vejo uma pecinha colorida no chã o e me agacho para pegar, me
questionando mentalmente como algo tã o pequeno pode machucar
tanto, entã o reparo o estado da minha sala, parece uma zona de guerra
infantil. Olho bem em volta e realmente me assusto, nunca a vi assim,
nem quando Vitor era pequeno.
— Que porra é essa?
Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa a cabeça de uma
criança com olhos arregalados aparece de trá s do estofado do meu sofá .
Ela é tã o pequena, linda com o cabelo amarrado no alto da cabeça e
grandes olhos azuis.
Eu conheço esses olhos — penso.
— Moço, xuuuuu... — a menininha me chama com o dedinho
indicador em frente a boca, como se me pedisse para falar baixo —
muito feia essas palavras aí que falou, a minha maninha nã o gosta e vai
te colocar de castigo no cantinho do pensamento. — É como se ela
quisesse me ajudar do tal castigo, mas ao mesmo tempo me direciona
um olhar de reprovaçã o, algo que ficou lindo no rostinho dela.
Logo lembro da minha filha, a que eu nã o dei a chance de vir ao
mundo, sempre me pego imaginando como ela seria, se pareceria
comigo ou com Susie, igual seu irmã o.
Encaro a menininha a minha frente surpreso e encantado com o
seu jeito, ela disse maninha, entã o acredito que seja irmã da Sara, algo
que eu nã o fazia ideia.
Você não sabe quase nada da vida dela — minha consciência me
lembra.
Será que ela também está morando aqui?
Procuro dentro de mim qualquer vestígio de irritaçã o por essa
constataçã o e nã o encontro nada além de preocupaçã o por nã o saber
com quem ela fica para Sara trabalhar.
— Oi mocinha, tudo bem? — Olho em volta me aproximando do
sofá . — Você é boa nisso, hein? — Aponto para as peças de lego e ela
solta uma risada que me deixa encantado.
— Você é engraçado — diz ainda rindo e a olho confuso, buscando
o que eu disse de engraçado.
— Eu, por quê?
— Oi mocinha, — ela repete tentando imitar a minha voz e isso
sim me arranca uma risada — ninguém nunca falou assim comigo.
— Hum, entendi. E como é o seu nome, — me aproximo e aperto
seu nariz levemente — mocinha?
— É Liz, e o seu, — ela repete o meu gesto — mocinho?
A irmã é insuportável, mas da criança eu gostei.
— Liz, um lindo nome, combina com você. O meu é Wladimir, —
estendo minha mã o para ela — prazer em te conhecer, mocinha.
Sou pego totalmente de surpresa quando a pequena olha para a
minha mã o estendida e a ignora, pulando em meu colo, envolvendo meu
pescoço em um abraço tã o gostoso e me dando um beijo estalado na
bochecha.
— Eu gostei muito de você.
— E eu de você, mesmo você bagunçando a minha casa toda.
— Eu nã o tô bagunçado nada, eu tô brincando — explica o seu
ponto de vista. — E você pisou no topo do castelo da Anna e da Elsa, fez
dodó i no seu pé, né, eu vi.
A menina fala sem parar para respirar e me pego segurando o riso
novamente.
— Quer que eu faça sarar? — Vejo uma preocupaçã o sincera em
seus olhos. — Meu papai antes de ir morar no céu com a minha mamã e,
porque ela estava se sentindo sozinha lá e ele foi fazer companhia para
ela, — entendo que provavelmente foi isso que Sara contou para a
menina e eu queria por um instante ter essa inocência — sempre dava
beijinhos no meu dodó i pra sarar, a minha maninha também dá , mas eu
nã o vou beijar o seu chulé. — Dessa vez eu gargalho com a sua fala e a
expressã o que faz, franzindo o nariz e balançando a cabeça de um lado
para o outro. — Mas eu posso fazer uma massagem, tio Wadimir, juro
juradinho que eu sou muito boa nisso e o dodó i vai embora rapidinho.
— Nunca pensei em me sentir tã o bem ao lado de um pequeno furacã o,
mas é assim que me sinto aqui com Liz. O jeito doce dessa menina é uma
armadilha.
— Nã o precisa, Liz, já passou. Está tudo bem. — digo sorrindo.
— Tá? — Faz uma carinha de desconfiada. — O meu papai também
falava um monte de coisa feia quando pisava nos meus brinquedos e eu
fazia massagem no pé dele pro dodó i sarar, aí ele nã o ficava bravo e
ainda me dava biscoito de morango.
Sinto meu coraçã o apertar em pensar nessa menininha tã o nova já
sem seus pais e Sara também surge em minha cabeça, porque ainda é
uma menina e já possui tanta responsabilidade, tendo que criar sozinha
sua irmã .
— Hum, entã o temos aqui uma apaixonada por biscoitos de
morango?
— Simmmm... — Ela se empolga batendo palminhas e me
confidencia. — As vezes quando nã o tem ninguém olhando eu pego um
ou dois biscoitos de morango emprestado, sem pedir, mas eu nã o tô
roubando tá , — se explica e eu estou me segurando muito para nã o rir
— porque quando eu tiver 23 anos igual a minha maninha, eu vou
trabalhar e devolver tudo. — Que menininha astuta, mas nã o passa
despercebido a informaçã o que ela sem querer me dá .
Eu sabia que ainda era uma menina... Quando ela nasceu, eu já era
pai.
— Mas nã o conta pra ninguém, tá? — Levanta o dedo mindinho
para mim e eu nã o sei o quer que eu faça. — Nã o saber fazer? — Aceno
que nã o e ela pega a minha mã o e entrelaça nossos dedinhos, bom o dela
é um dedinho. — Agora você jurou e nã o pode nunca contar.
— Seu segredo está seguro, Liz. — Pisco para ela.
— Vai querer a massagem tio Wadimir? — Ela desce do meu colo,
pronta para sua tarefa.
— Sabe o que eu acho? — Ela me olha em curiosidade. — Que o
dodó i do seu papai só sumia porque você na verdade é uma fada do
reino — olho o nome na caixa do brinquedo — da frozen e tem poderes
má gicos.
— Verdade, tio. — Leva as duas mã ozinhas a boca como se eu
tivesse acabado de descobrir algo incrível. — Quer montar um castelo
comigo? — Parece que alguém esqueceu da massagem. — Mas precisa
prometer que vai se comportar e nã o vai mais falar coisas feias. — Olha
na direçã o da cozinha e cochicha para mim. — Porque eu nã o vou contar
para a minha maninha que você falou, a gente é amigo e amigo protege o
outro, né? — Balanço a minha cabeça com os olhos marejados.
O que essas irmã s têm?
Observo Liz indo juntar as peças que vamos montar juntos e o
sentimento que mescla em meu peito é uma mistura de ternura com
leveza, algo que eu nã o sentia há muito tempo. É como se ela trouxesse
de volta a vida algo que se perdeu dentro de mim.
— Pode deixar, mocinha, eu prometo nã o falar coisas feias perto de
você. — Ela me olha envesada e eu rio, dando de ombro. — Amigos
também nã o metem um para o outro, né? — E o sorriso que me dá deixa
claro que ela entendeu o que eu quis dizer ou prefiro acreditar que sim.
Começamos a montar seu castelo e estou perdido na inocência
dela, em como é leve estar aqui, como essa pequena com toda sua
bagunça e esperteza conseguiu me fazer esquecer de tudo que me
atormentou durante toda a noite.
— Liz, Wladimir? — A voz de Sara me chama a atençã o. — Meu
Deus, que bagunça? — Ela olha em volta e Liz faz o mesmo monó logo
para a irmã , de que nã o é bagunça e só ela brincando.
— Desculpa por isso, Wladimir.
— Nã o precisa se desculpar, Sara. — Pisco para ela em um gesto
natural e vejo seu rosto ruborizar, ela pigarreia.
— Eu vim chamá -la para tomar café da manhã e prometo que
depois arrumo tudo aqui — informa cheia de receio, mal ela sabe que a
sua irmã zinha já me arrebatou. — Quer se juntar a gente?
— Claro, vamos lá , mocinha?
Liz acena que sim e Sara estende a mã o para ela, mas é para o meu
colo que ela pula.
— Desculpa, acho que roubei o seu posto. — Pisco novamente,
agora de propó sito porque vi o quanto ficou desconcertada da primeira
vez e sua reaçã o é a mesma.
Linda demais.
Ao chegar na cozinha temos um pequeno banquete com muitos
cupcakes e eu juro que nã o sei como é possível alguém gostar tanto
assim de algo, mas também temos frutas picadas, sucos, um bolo de
chocolate com calda do mesmo sabor, queijos, ovos mexidos, bacon,
pã es, panquecas, geleia e biscoitos de morangos.
Nos sentamos e a bagunça de risadas e conversas aleató rias
seguem durante todo o café, acho que a muito tempo nã o ria tanto de
forma genuína. E eu que estava buscando um final de semana de paz e
sossego tive algo muito melhor, só nã o sabia que precisava tanto disso.
Capítulo 11

Meu final de semana foi incrível e estranho, na mesma proporçã o,


ter Wladimir tã o à vontade comigo e principalmente com Liz, a tratando
com tanto carinho fez meu coraçã o errar algumas batidas, ó bvio que por
gratidã o, por tratar a minha irmã tã o bem. Mas logo no início da noite de
ontem Wladimir precisou ir a boate, achei um pouco estranho porque
ele disse que iria trabalhar de casa, nó s estávamos na piscina e de
repente o clima entre a gente esquentou absurdamente e do nada ele
saiu dizendo que tinha que fazer uma ligaçã o urgente, foi ao seu quarto,
ficou lá por um bom tempo, quando apareceu já estava arrumado para
sair e só se despediu porque apareci na sala. Achei tudo muito esquisito,
nã o sei se estava fugindo da minha presença pelo que quase aconteceu
ou se esses imprevistos sã o normais na vida de um CEO.
Logo depois levei Liz para a casa de Beth, foi de partir o coraçã o o
jeitinho que aqueles imensos olhos azuis me encararam ao se despedir.
Mas sei que isso vai acabar em breve.
Hoje ao acordar já nã o o encontrei e sinceramente, nã o entendo
essa merda de frustraçã o que se faz presente em mim, pois ele também
nã o veio almoçar em casa e talvez eu tenha feito almoço pensando em
agradá -lo de alguma forma.
Estou terminando de me arrumar para ir trabalhar, hoje volto a
minha rotina e apesar de estar apreensiva pelo ocorrido, estou animada,
nã o gosto de ficar sem fazer nada, sem dizer que sinto falta do Vitor, é
horrível ficar nesta casa imensa sem ele. Pego meu celular e envio uma
mensagem rá pida.

Sara: Vi, estou tão ansiosa para você voltar logo para casa. Falando
nisso, como está sua avó? Espero que se recuperando bem.
Sara: Ah, tenho novidades, descobri que existe um coração batendo
dentro do peito do insuportável do seu pai (risos)...
Sara: Quando você voltar te conto do nosso final de semana. Beijos,
te amo e não demora, preciso da minha dose diária de você.

Guardo o aparelho na bolsa e finalizo minha maquiagem.


Hoje optei por um vestido dourado de alcinha e as costas nua, que
nã o deixa muito para a imaginaçã o. Durante nossa tarde de ontem na
piscina senti em vá rios momentos o olhar de um certo velho ranzinza
devorando o meu corpo, mas como ele estava de ó culos escuros, nã o
tenho como ter certeza.
Nã o que eu queira algo com ele, gosto só de provocar mesmo.
Repete isso mais algumas vezes, talvez você acredite em algum
momento – minha maldita consciência zomba e eu a ignoro com sucesso.
Coloco um salto 15cm e saio apó s o carro que solicitei pelo
aplicativo chegar, em menos de 20 minutos estou entrando na boate.
Sigo para o camarim, mas nã o deixo de observar as pessoas me olhando.
Será que estou com a maquiagem borrada? – penso.
Assim que entro no local lotado de meninas cada uma concentrada
em sua pró pria funçã o, vou direto ao espelho verificar o que tem de
errado comigo e comprovo que estou perfeita.
— Nossa, como ela é gostosa. — Ouço a voz da minha amiga atrá s
de mim e me viro rindo em sua direçã o. — Mas o que você está fazendo
aqui, gata? — Lia pergunta.
— Ah, eu senti um desejo sú bito de comer asas de frangos
apimentadas ao molho de queijo e vim ver se aqui na boate vende. —
Reviro os olhos ao debochar. — Vim trabalhar, né amiga, nasci linda e
nã o rica, guerreira e nã o herdeira, infelizmente. — Rio e Lia me
acompanha.
— Tã o cavalinha — diz dando um tapa em minha bunda. — Amiga,
o patrã o nã o te falou?
— O quê?
Minha amiga me segura pela mã o, vamos em direçã o ao elevador e
ao chegarmos no segundo piso vejo uma mulher lindíssima se
apresentando, entã o rapidamente algo passa pela minha cabeça.
— É nova aqui? — questiono por que nã o lembro de tê-la visto nos
ú ltimos meses. — Mas o horá rio dela vai entrar em conflito com o meu
— externo o que pensei. — Espera, ela está apresentando o mesmo
show, — olho confusa — o mesmo que eu vou apresentar essa noite? —
Encaro Lia. — Amiga, Joe nã o viu isso?
— Sim, amiga, ela é nova aqui, exato, ela está apresentando o que
era o seu show, mas agora é dela.
— Oi? Você bebeu?
— Amiga, você nã o trabalha mais na boate. — Paraliso incrédula
com a informaçã o e agora entendendo por que estavam todos me
olhando. — Bom, pelo menos nã o mais dançando. Nã o sei se o Sr Novak
tem alguma outra... — Nã o consigo ouvir mais nada, viro e largo minha
amiga falando sozinha, indo na direçã o do escritó rio daquele filho da
puta arrogante.
Entro em seu escritó rio feito um furacã o, sem me dar o trabalho de
bater e o desgraçado está com um copo de bebida na mã o, vejo uma
confusã o passar rapidamente em seu rosto, mas algo que muda logo
para uma cara fechada, entã o Wladimir recosta seu corpo na cadeira
cruzando os braços na frente do peito e arqueia as sobrancelhas.
— Que porra de palhaçada é essa, Wladimir? — questiono
completamente alterada.
— Acho que eu é que deveria perguntar isso, nã o senhorita Smith?
— Nã o sei o que me irrita mais, o seu tom formal ou o deboche.
— Você pode ser estú pido, grosso, babaca, insuportável, mas burro
você nã o é — falo me aproximando de sua mesa, enumerando em meus
dedos cada adjetivo. —Você sabe por que estou aqui, seu infeliz, quero
saber que merda é essa de colocar outra mulher para dançar no meu
lugar?
O jeito que me encara, como se nada do que estou dizendo ou
fazendo o importasse, uma atitude extremamente calculada, mas que
nã o condiz com o olhar que me lança, vejo o quanto está irritado, seus
olhos literalmente brilham de raiva. Wladimir se levanta, calmamente
vai até sua garrafa de whisky, se serve de uma dose generosa e percebo a
respiraçã o profunda que dá antes de se virar em minha direçã o.
— Você quer saber? — suas palavras saem fria. — Interessante,
porque eu jurava que a porra dessa boate era minha e logo, nã o devo
caralho de satisfaçã o a ninguém sobre quem eu contrato ou — chega
com o rosto tã o pró ximo ao meu que sinto seu há lito de menta
misturado a sua bebida — demito.
Engulo em seco com as sensaçõ es que me invadem por ter ele tã o
perto assim, meu corpo reage a sua aproximaçã o de um jeito como
nunca antes, se esse maldito olhar para baixo vai perceber o bico dos
meus seios intumescidos.
Me sinto em transe com nossos olhos tã o conectados, entã o eu
bufo, permitindo que a raiva por sua ú ltima palavra vença o duelo
dentro de mim, a sua arrogâ ncia é algo insuportável de aturar.
— Sim, Wladimir, a porra da boate é sua e claro que você nã o deve
caralho de satisfaçã o a ninguém. — Meio que repito a sua fala dando
ênfase nos palavrõ es de propó sito. — Mas depois do final de semana
incrível que passamos, onde você demonstrou ter a merda de um ser
humano escondido aí dentro... — bato com meu dedo em seu peito —
Como eu fui inocente, juro que achei que a partir daquele momento você
seria diferente, que poderíamos tentar uma convivência, depois do início
desastroso que tivemos ao nos conhecer.
Me sinto ridícula falando essas coisas enquanto ele só me olha
duramente, com seu jeito impenetrável.
— Eu cheguei a fazer a porra do almoço hoje pensando em
agradecer a forma que tratou a minha irmã , que me tratou, mas pode
ficar tranquilo, já percebi que me enganei e que você continua sendo o
mesmo ogro insensível de sempre.
— As expectativas que você criou na sua cabecinha de menina
mimada sã o suas e eu nã o tenho nada a ver com elas, Sara — diz seco. —
Eu só fui educado, sua irmã é uma criança encantadora e nã o precisava
saber o quanto eu nã o suporto a sua presença. — Juro que uma bofetada
teria causado menos impacto.
— Concordo, as expectativas sã o mesmo só minhas, porque estou
vendo que na verdade você é só um covarde de merda que nã o teve nem
a coragem de me demitir pessoalmente.
O ofendo esperando que ele me diga o porquê me demitiu dessa
forma, vejo sua mandíbula pulsar vá rias vezes, sua expressã o é sombria,
mas nã o diz nada, é como se eu realmente nã o merecesse nenhuma
explicaçã o e isso só me deixa ainda mais irritada, decepcionada.
— Eu tenho pena de você, Wladimir, porque realmente deve ser
horrível saber que tem tudo mas é vazio, intragável, que é alguém que só
pensa no pró prio umbigo.
As palavras saltam pela minha boca sem controle, sinto raiva por
me sentir tã o afetada por sua presença e atitude, decepcionada por ter
sido uma idiota emocionada e desesperada pela minha situaçã o, por nã o
saber o que farei da minha vida a partir deste momento, porque
obviamente nã o vou ficar nem mais um dia em sua casa e minha maior
preocupaçã o é com a minha irmã .
— Você nã o me conhece o suficiente, garota, nã o sabe a merda que
está falando e só por isso vou tolerar. — Rio das suas palavras.
— Me pergunto se existe alguém neste mundo que te conheça de
verdade, mas fique tranquilo, eu nã o tenho interesse em ser essa pessoa.
— Ameaço me virar, mas volto e aviso. — Quando o todo poderoso
Wladimir Novak chegar em sua bela mansã o hoje, eu nã o estarei mais lá
com a minha presença insuportável. — E me viro para sair da sua
presença sufocante.
— Para de ser mimada, Sara, você nã o tem para onde ir. — Ele me
segura pelo braço. — O que vai fazer com a Liz?
— Nã o é da sua conta para onde irei ou a forma como vou cuidar
da minha irmã . — Cuspo as palavras cheia de raiva e má goa, mesmo que
ele nã o me deva nada, eu me deixei enganar pelo Wladimir do final de
semana e isso é o que mais está doendo. — Pode voltar a ser você de
verdade, nã o precisa fingir que se importa.
— Porra garota, você me tira do sério.
— Que pena, porque você é tã o insignificante para mim que nã o
me causa nada.
O nosso empenho de ofender um ao outro torna o ar do escritó rio
pesado, a tensã o entre nó s quase palpável, estamos consumidos por
raiva e algo a mais, um sentimento inexplicável, algo que me nego a
admitir, e seu olhar oscila entre minha boca e minha íris.
— Nã o te causo nada? — sua voz sai baixa e intensa, desafiadora.
— Absolutamente nad... — sou interrompida com a sua boca se
chocando com a minha.
Capítulo 12

Um dia antes...

O tempo está tã o gostoso que apó s o almoço sugeri um banho de


piscina com as meninas e algo assim sair da minha boca me pegou de
surpresa, pois nunca usufrui da minha pró pria piscina. Mais estranho
ainda é estar tã o relaxado na presença delas, como se isso fosse algo
normal.
— Pega Liz. — Jogo a bola sem colocar muita força.
— De novo, titio. — Liz pede ao me devolver.
— Chega princesa, já abusou demais do Wladimir — Sara fala. —
Ele já deve estar cansado.
Ela está deitada na espreguiçadeira exposta ao sol, linda, me
atraindo de todas as formas e eu precisei muito de algo para me distrair,
para desviar meus olhos do seu corpo e talvez eu tenha usado a energia
de Liz como um bote neste momento.
— Está insinuando que sou velho demais para aguentar a energia
de uma criança? — digo em tom de brincadeira me aproximando de
onde ela está deitada.
— Nã o foi o que eu pensei, mas talvez seja... — a danada responde
provocativa e porra, todas as caras que essa menina faz mexem com um
lado meu que nã o deve ser despertado por ela.
Nossos olhos se conectam um ao outro e o desejo é mú tuo, sou
experiente, sei quando uma mulher me quer e mesmo sabendo o quanto
isso é errado, nã o consigo desviar, sinto o ar mais pesado quando Sara
passa a língua pelos lá bios e me imagino sentindo seu gosto, entã o Liz se
aproxima coçando os olhinhos...
— Tô com sono, maninha — diz desfazendo nosso clima de tensã o.
Sara se levanta, pega a mantinha da menina que já estava dobrada
em cima de uma outra espreguiçadeira e a forra na sombra, pega um
boneco de neve, que agora sei que se chama Olaf e a menina o abraça
dormindo em poucos minutos. Sara vai na direçã o da casa e retorna
minutos depois com dois copos de limonada em suas mã os.
— Está muito quente aqui... — sinto o duplo sentido de sua frase,
merda, nã o quero lutar contra, mas preciso, e nã o respondo.
Aceno concordando com sua fala ao aceitar o copo de suco, dou um
gole generoso, porque realmente, tudo em mim está pegando fogo
mesmo que eu ainda esteja dentro da piscina.
— Você é muito bom com crianças, — diz sorrindo — estou
realmente surpresa. Liz te adorou.
— Nã o entendo o porquê está tã o surpresa. — Ela arqueia as
sobrancelhas e rimos. — Ok, talvez eu entenda sim. Mas a sua irmã é
uma criança incrível, fá cil de gostar e muito esperta para a idade dela.
Sara se senta na borda da piscina, com suas pernas para dentro da
á gua e beberica seu suco lambendo seus lá bios novamente, mandando
um sinal direto para o meu pau, me mantendo preso no movimento de
sua língua, engulo em seco com toda a cena.
Merda, ela faz isso com frequência ou só para me provocar
mesmo?
— Posso te fazer uma pergunta? — sua voz me desperta.
— Claro. — Pigarreio antes de responder.
— Sou amiga do Vitor desde a faculdade e nunca tinha te visto
aqui, também nunca encontrei uma foto sua nem pela casa, internet,
redes sociais, nada... — A interrompo antes de concluir sua pergunta.
— Você me procurou pela internet?
— Talvez... — Sorri ao responder. — Por curiosidade.
Apesar do meu lado coerente ter certeza de que nã o existe a
mínima possibilidade dela ter me procurando por nenhum motivo além
de curiosidade, gosto de saber que ela o fez, independente da motivaçã o.
— Curiosidade, sei... — Sorrio ao provocar.
— Você deveria sorrir mais, Wladimir. — Nos encaramos por
longos minutos em silêncio.
— Digo o mesmo para você, seu sorriso é lindo, Sara.
Você é toda linda — penso, mas nã o falo.
— Eu? Mas eu sorrio sempre.
— Nã o para mim.
Nã o sei quem se aproximou primeiro, muito menos como
chegamos nesta posiçã o, onde Sara está sentada bem na beirada e eu
entre suas pernas, com as mã os apoiadas na borda da piscina, nossos
rostos se aproximando cada vez mais, meu coraçã o acelerado... Seu jeito
de menina-mulher está acabando comigo, com minhas convicçõ es,
desmoronando com o meu autocontrole.
Minha mã o cria vida pró pria acariciando sua bochecha, Sara fecha
os olhos, deitando seu rosto em minha palma, sentindo o carinho, a
á urea que nos rodeia criando força e quando seus olhos se abrem me
sinto caindo em um precipício ao me inclinar um pouco mais, deixando
nossos lá bios a milímetros de distâ ncia...
Sou nocauteado ao sentir seu há lito literalmente incendiando meu
desejo por ela, seu calor me envolvendo, seu perfume me dominando
sem muito esforço e quando nossos lá bios resvalam algo dentro de mim
desperta, me trazendo de volta a realidade, me fazendo enxergar a
merda que eu ia fazer e me afasto bruscamente, como se tivesse sido
queimado.
E talvez eu tenha sido mesmo.
— Eu, — tento fazer meu cérebro funcionar na velocidade que eu
preciso neste momento, arrumando uma justificativa plausível e que nã o
pareça que estou fugindo — preciso fazer uma ligaçã o. Tinha esquecido
completamente, desculpe.
Puta que pariu, que merda de desculpa foi essa?
Sara é tã o expressiva, a confusã o em seu rosto é naturalmente
instantâ nea, mas nã o dou brecha para questionamentos, saio da piscina
com um ú nico impulso, pego uma toalha e entro em casa, indo direto
para o meu quarto com a porra do meu coraçã o disparado, o pau duro
feito pedra e sentindo a culpa me golpear tã o forte quanto o desejo louco
que sinto por essa menina.
Fecho a porta do meu quarto, respiro fundo algumas vezes,
tentando controlar essa avalanche de sentimentos que está me
atropelando, tentando fazer meu pau entender que ali nã o é possível.
— Que merda foi essa? — Levo as duas mã os ao rosto. — Você é
um homem feito, Wladimir, caralho, está parecendo um adolescente. Se
controle, porra!
Olho para a palma da minha mã o ainda sendo capaz de sentir a
maciez da sua pele ali, fecho os olhos e sua expressã o enquanto
acariciava seu rosto e em seguida a confusã o quando me afastei me
atormentam, eu nã o deveria ter ido tã o longe.
Quase beijei a menina, cheguei a encostar meus lá bios nos seus.
Vejo minha situaçã o de merda e resolvo tomar um banho gelado,
ao ligar o chuveiro, sinto a á gua fria cair sobre minha cabeça tentando
esfriar meus pensamentos, meu corpo, mas falhando miseravelmente.
Meu pau parece ter vida pró pria, se negando a me obedecer, entã o o toco
de olhos fechados e começo a bombeá -lo em um movimento de vai e
vem gostoso, Sara se fazendo presente nos meus pensamentos mais
impuros, mais insanos, entã o aumento a velocidade de acordo com o
meu desejo.
— Porra, Sara... — Gozo chamando por seu nome.
Encosto minha testa no azulejo frio completamente arrependido e
muito puto comigo, me masturbar pensando nela foi o cú mulo de tudo.
Termino o meu banho rapidamente e me arrumo certo do que preciso
fazer, isso nunca mais vai se repetir, eu nã o posso cruzar essa linha, mas
estou no limite, eu me conheço, e com ela por perto nã o serei forte o
suficiente, o ú nico jeito é afastá -la definitivamente.
Me arrumo para ir a boate, preciso resolver algumas coisas para
tudo já estar em funcionamento amanhã mesmo. Desço evitando fazer
barulho, nã o quero vê-la.
— Wladimir? — Sua voz me alcança quando levo minha mã o a
maçaneta. — Vai sair?
— Sim, surgiu uma emergência para resolver. Boa noite! —
respondo de costas mesmo, sem coragem de encará -la e saio.
Dirijo perdido em pensamento, mas nã o demoro a chegar na boate
e vou direto para o meu escritó rio. Passo por Max e ele me conhece, sabe
quando estou puto.
— Senhor, precisa de algo... — Tenta perguntar no profissional,
mas o interrompo.
— Preciso do meu amigo.
— O que houve, Wladimir? — Se senta a minha frente.
Nos sirvo do meu Mallacan, mas entorno a minha dose de vez e
trago a garrafa para a mesa.
— Estou muito fodido, Max.
— Sabe que nã o tenho bola de cristal, né? — Seu deboche entra em
cena quando o profissional é colocado de lado. — Fala logo, porra.
— Estou querendo uma mulher que nã o posso ter e isso está me
matando.
— Ela é casada ou sei lá , tem algum compromisso sério? —
Questiona o obvio.
— Nã o, nã o é o caso. — Entã o meu amigo me olha confuso, me
questionando sem palavras qual é o problema. — Ela é uma menina
ainda, cara.
— Porra, Wladimir, você quer transar com alguém menor de
idade? — Sua pergunta sai em tom de espanto.
— Tá maluco, porra.
— Ué caralho, você que disse “menina”, aí com o seu desespero,
quer que eu pense o quê?
— Eu nunca me interessaria por alguém menor de idade, você me
conhece, cara. — falo exasperado e explico para ele de forma resumida
quem é o foco do meu desespero e tudo o que tem acontecido.
— Estou aguardando a parte em que algo impede de vocês
transarem.
— Como assim, Max? — Rebato o absurdo que ele acabou de falar.
— A menina tem idade para ser minha filha, é melhor amiga do meu
filho, minha funcioná ria e está morando debaixo do meu teto, —
enumero nos dedos cada maldito empecilho, deixando omitido a minha
promessa a Susie, pois sei tudo o que ele vai dizer — isso nã o é
suficiente para você?
— Nã o — meu amigo diz firme. — Acorda porra, ela nã o é sua
filha, é amiga do seu filho e nã o namorada ou algo do tipo, você nã o seria
o primeiro, nem o ú ltimo chefe a ter um caso com uma funcioná ria e a
parte dela estar morando em sua casa, facilita mais ainda as coisas para
vocês, seu filho da puta sortudo.
— Você só pensa com o pau, né caralho?
— Melhor forma de ser prá tico. — Sorri e eu bufo.
— Nã o, isso nã o vai acontecer — digo convicto. — Sara é um limite
rígido para mim, nunca terei nada com ela.
— Tem certeza? — questiona. — Isso quer dizer que ela está livre
para qualquer um, inclusive eu? — O olho incrédulo e com a porra de
um sentimento intruso me tomando. — Porque ela é linda pra caralho e
eu nã o me importaria de...
— Se você presa por nossa amizade e seu emprego, nem completa
a porra dessa frase, Max. — Fulmino ele com o olhar ao interrompê-lo.
— Um caralho que ela está livre. Nã o chega perto dela.
Meu amigo sorri, parecendo muito satisfeito com a minha explosã o
e se levanta.
— Meu papel de amigo está feito por aqui, — diz todo cheio de si
— ajudo em algo mais, seu covarde de merda?
— Já chega, pode trazer o meu segurança de volta, porque estou no
limite com o seu lado amigo pau no cu.
— Claro. — O infeliz literalmente parece incorporar outra pessoa.
— Como posso ser ú til, senhor Novak?
Ordeno que ele providencie imediatamente a substituiçã o de Sara
como dançarina, agilize sua demissã o e a contrataçã o de outra pessoa já
para iniciar amanhã , noto em seu semblante a reprovaçã o por minha
atitude, mas o Max profissional nã o me contradiz, nunca.
— Considere feito, senhor. Com licença.
Dormi a noite passada na boate, pelo menos tentei, já que as
olheiras deixam claro que nã o consegui. Como tenho roupa de
emergência aqui isso nã o foi um problema.
O dia seguiu arrastado, e já estou trabalhando desde o final da
tarde, mas está uma merda para me concentrar, vez ou outra Sara se faz
presente em minha mente, atormentando meus pensamentos. Tomei
todas as providências para nã o ter a presença dela aqui, sei que estou
sendo um grande filho da puta, mas ela nã o vai ficar desamparada, vai
continuar morando em minha casa com sua irmã , as duas tendo tudo o
que precisam e eu ficarei revezando entre um hotel aqui perto e minha
suíte aqui na boate. Problema resolvido, pelo menos o mais urgente,
porque quero acreditar que essa porcaria de incô modo profundo em
meu peito por ter a certeza de que nã o a verei mais vai passar em breve.
Entã o de repente a porta se abre em um estrondo e vejo meu
pequeno furacã o entrar e juro que se um olhar fosse capaz de matar
alguém, nã o existiria mais nada de mim para contar histó ria.
Sara despeja em cima de mim toda a sua fú ria, decepçã o e
frustraçã o, me confrontando de igual para igual, e isso me fascina, o seu
comportamento e a sua beleza me hipnotizam, mas suas palavras me
golpeiam. Eu sei que nã o é justo o que estou fazendo e sempre me
orgulhei de ser justo, mas o medo de perder o resto do meu autocontrole
e me render a ela é maior do que qualquer coisa.
Entã o ela diz algo que me incomoda mais do que deveria...
— Para de ser mimada, Sara, você nã o tem para onde ir. — A
seguro pelo braço, sem colocar força, só para mantê-la ali me ouvindo.
— O que vai fazer com a Liz?
Pergunto de forma genuína, nã o quero que ela saia da minha casa,
nã o quero ela e Liz sem ter onde ficar ou morando com estranhos.
Você era um estranho para elas até poucos dias atrás — minha
mente me lembra e dou um grande foda-se para ela.
— Nã o é da sua conta para onde irei ou a forma como vou cuidar
da minha irmã . — Suas palavras me atingem cheia de raiva. — Pode
voltar a ser você de verdade, nã o precisa fingir que se importa.
— Porra garota, você me tira do sério — digo tentando manter
meu autocontrole que perto dela sempre resolve ir para a puta que
pariu.
— Que pena, porque você é tã o insignificante para mim que nã o
me causa nada. — Essa sua frase acorda o animal que existe em mim, um
que ama ser desafiado.
— Nã o te causo nada? — já nã o estou mais no comando das
minhas açõ es ao questionar.
— Absolutamente nad...
Calo sua maldita boca com a minha em um beijo cheio de urgência,
duro, repleto de desejo, luxú ria, me deixando levar de bom grado a beira
do precipício... Minha língua pede passagem e Sara demora alguns
segundos até ceder, amolecendo em meus braços em seguida, e sentir o
seu gosto misturado ao meu é como uma droga, viciante, alucinante.
Desço minha boca para sua mandíbula, deixando uma trilha de beijos ali,
indo para o seu pescoço e ela solta um gemido que acaba de se tornar o
meu som preferido.
— Porra, como o seu beijo é gostoso. — sussurro atacando sua
boca novamente.
A coloco sentada em cima da minha mesa e desço a alça do seu
vestido vendo seus seios perfeitos, levo minha língua em um mamilo, o
contornando...
— Wlad, por favor — ela implora, mas o que eu amo mesmo é a
forma como ela me chama.
Entã o abocanho seu seio com vontade, mamando com a urgência
do meu desejo e infiltro minha mã o por baixo do seu vestido.
— Ah delícia, você está toda melada, safada.
A penetro com dois dedos lentamente, mas acelero conforme ela
começa rebolar, deixando claro que está tã o necessitada quanto eu.
— Ah, Wlad, isso.
— Isso gostosa, se entrega pra mim — digo estocando meus dedos
freneticamente dentro dela.
Sinto um desejo insano de subjugá -la do meu jeito, mas nã o sei se
ela está pronta para isso e nã o quero assustá -la.
Seu rosto está avermelhado, seus lá bios inchados pelo beijo voraz
estã o entreabertos, ela sussurra palavras inaudíveis, entã o seu canal
aperta meus dedos e suas pernas começam a tremer, reconheço os sinais
sem a necessidade de palavras.
— Goza, minha ninfeta gostosa... — Sara chega ao á pice gemendo o
meu nome, me fazendo desejar isso todos os dias.
Quando retiro meus dedos de dentro dela, os levo a boca limpando
todo o vestígio do seu prazer, sentindo seu gosto e ali eu sei... Estou
muito fodido.
Capítulo 13

A semana passou como um borrã o e sigo morando na casa de


Wladimir.
Depois do á pice da nossa discussã o em seu escritó rio que levou a
explosã o do nosso maldito tesã o reprimido e eu terminei gozando em
seus dedos, achei que tudo entre a gente fosse finalmente mudar. Eu sou
muito idiota.
Mas graças a Deus ou nã o, fomos interrompidos em seguida por
uma urgência no terceiro andar da boate e só por isso nã o seguimos
adiante, minha vontade era mesmo ir embora, mas ele pediu para que eu
viesse para casa e que conversaríamos melhor sobre tudo.
Aguardo deitada, porque sentada já cansei.
Sinceramente, nã o sei qual sentimento tem mais força dentro de
mim neste momento, raiva ou frustraçã o, e Wladimir tem o dom de me
fazer sentir os dois com muita frequência. O filho da puta nã o veio para
casa a semana toda e só nã o fui embora no dia seguinte porque Vitor me
ligou e só pela minha voz percebeu que tinha algo de errado
acontecendo, apesar de nã o existir segredos entre eu e meu amigo, nã o
quis contar por telefone o que tinha acontecido. Entã o mesmo sem saber
conseguiu me acalmar com suas palavras e disse que nã o ficaria em paz
se eu saísse daqui, me fazendo prometer que iria esperá -lo, e nã o sou
capaz de negar um pedido da pessoa que mais me ajudou nos ú ltimos
meses.
Foda é que mesmo com muita raiva nã o consigo parar de pensar
naquele infeliz e na forma como me tocou, seu beijo afoito tomando tudo
que eu tinha para oferecer, o jeito que me fez gozar, como chupou seus
dedos provando o meu gosto e como sua fisionomia se transformou ao
fazer isso, como se o meu sabor tivesse virado o seu favorito. Aquela
cara de safado dele no auge do tesã o me atormentou toda maldita noite
desta semana.

Lia: Amiga, chego em 15 minutos.

Saio dos meus devaneios ao ler a mensagem de Lia e foco em


terminar de me arrumar. Nó s vamos almoçar juntas, bater perna um
pouquinho, estou realmente precisando disso. Depois que contei para
ela o que aconteceu, minha amiga xingou o covarde de merda até sua
ú ltima geraçã o e determinou uma tarde das meninas para hoje.
Logo Lia buzina e assim que entro em seu carro, seguimos para o
restaurante.
Ao chegarmos no Bella Luce Trattoria a hostess nos recebe com
um sorriso, Lia diz que temos uma reserva em seu nome e somos
direcionadas a nossa mesa. O local é lindo, evoca uma atmosfera
descontraída e luminosa, a decoraçã o mistura elementos modernos e
naturais, com grandes janelas oferecendo ao ambiente uma luz natural
muito bem-vinda e possui um aroma irresistível de comida fresca.
Enquanto caminhamos olho ao redor apreciando o charme do local
e nã o deixo de notar a vista maravilhosa que a janela ao lado da nossa
mesa nos proporciona e a privacidade também, já que estamos mais ao
fundo do local nos trazendo uma sensaçã o imediata de conforto. Lia
escolheu estrategicamente por conta da vista, mas aqui costumam ficar
pessoas que vem fazer suas reuniõ es de negó cios.
— Aqui estã o os cardá pios. — A hostess nos entrega assim que nos
sentamos. — Nosso garçom, George, irá atendê-las em breve. Se
precisarem de algo, é só me chamar.
Em poucos minutos o garçom chega.
— Boa tarde, senhoritas! Meu nome é George e cuidarei da
recepçã o de vocês hoje. Gostariam de alguma sugestã o?
— Sim, por favor. Estamos pensando em pedir Bruschetta al
Pomodoro como prato de entrada. — Olho mais um pouco me decidindo,
amo massas e sã o tantos pratos maravilhosos. — Hum, e para o prato
principal, Fettuccine Alfredo. — Olho para Lia. — O que acha, amiga?
— Perfeito. George, qual vinho nos sugere? — Minha amiga
recorre a sugestã o do garçom.
— Ó tima escolha, senhoritas, a Fettuccine Alfredo é a nossa
especialidade — diz com um sorriso gentil. — Um vinho branco como o
Pinot Grigio ou um Chardonnay mais leve combina perfeitamente com o
prato. Se preferirem algo mais robusto, um Chianti também é uma
excelente opçã o para contrastar com o molho cremoso.
— Perfeito. Acho que vou seguir a sugestã o do Pinot Grigio. E você,
Lia?
— Eu também vou pedir a mesma coisa, — minha amiga diz
olhando para o garçom — dois Pinot Grigio, por favor.
— Ó timo! Vou colocar o pedido e já volto com o vinho. Se
precisarem de algo mais, é só me chamar.
Engatamos uma conversa descontraída enquanto aguardamos, até
que o nome do velho ranzinza é mencionado pela minha amiga.
— Amiga, como você está depois de tudo? — Me olha com carinho.
— Wladimir apareceu?
— Apareceu nada, amiga. — Bufo. — Acho que estou com mais
raiva de mim do que dele. — Suspiro ao assumir em voz alta. — Mesmo
depois da forma como ele foi um grande escroto eu nã o paro de pensar
naquele maldito.
— Ele é meu chefe, mas foda-se, Wladimir está me saindo um belo
idiota. E eu que pensava que homens mais velhos, por serem mais
maduros nã o vaziam esse tipo de molecagem. — Lia revira os olhos. —
Amiga, quem perde é ele, você é um mulherã o da porra, tenho certeza de
que tem muito homem gostoso por ai, louco para ter uma chance
contigo. — Ouço suas palavras e apesar de concordar com ela, tem a
merda de uma vozinha dentro da minha cabeça que se repete “mas eu
quero ele”.
Sorrio com o jeito que minha amiga fala, tentando ignorar o meu
inconsciente e o sorriso logo morre quando meus pensamentos insistem
em se manter nele.
— Eu sei, amiga, você tem razã o. É tudo tã o complicado... — Tento
arrumar um jeito de explicar o que nem eu mesma entendo. — Esse
comportamento inexplicável dele me irrita tanto quanto me intriga,
sabe? — Ela se mantém em silêncio me olhando e eu só continuo. — E
mesmo sabendo que aquele ogro nã o vale a pena, as vezes, me sinto tã o
presa a ele, mas como isso pode ser possível se o conheci a tã o pouco
tempo?
Porra, me sinto uma grande idiota.
— Ah amiga, minha cabeça está uma confusã o.
E parece que adivinhando o timing certo o garçom chega com o
vinho e as entradas, porque eu realmente preciso da minha bebida.
— Amiga, você merece alguém muito melhor, que te valorize. —
Aceno concordando. — Agora vamos esquecer esse babaca do mingau
de aveia, aproveitar nosso almoço, rir bastante e paquerar uns gostosos
por aí.
— Mingau de aveia? — questiono confusa.
— Sim, eu classifico os homens assim, novinhos eu chamo de
mucilon e os mais velhos de mingau de aveia.
Preciso me controlar para nã o gargalhar alto dentro do
restaurante.
Lia é uma figura e acho que sua personalidade é de acordo com o
seu país. Minha amiga é brasileira e eu já tive o prazer de conhecer
outras pessoas da sua terra natal e todos eram assim, engraçados,
extrovertidos e muito espontâ neos. Ela foi uma grata surpresa que o
pouco tempo trabalhando como dançarina me trouxe.
Minha amiga começa a me contar uma fofoca que está rolando na
boate com o bartender e a dançarina nova.
— Menina, a Amelie foi pega chupando o Josh no camarim...
Caímos na gargalhada com os detalhes da situaçã o, logo o prato
principal chega e eu suspiro com a explosã o de sabores em minha boca.
Me permito esquecer de todos os meus problemas pelo menos por
enquanto e curtir minha tarde de meninas, como Lia nomeou ontem,
quando me mandou mensagem sugerindo esse passeio.
— Amiga, vou ao banheiro? — Aceno e ela se retira.
Pego meu telefone para enviar uma mensagem para Beth, saber
como minha irmã está , esse é o tipo de coisa que faço todos os dias,
entã o sinto uma presença ao mesmo tempo em que uma voz tã o familiar
quanto indesejável me alcança.
— Sara? — Adam ressurge do quinto dos infernos na minha frente.
— Que coincidência te encontrar aqui. — Sorri ao se aproximar.
— Eu diria falta de sorte — rebato sua fala friamente. — O que
você quer, Adam?
— Baby, eu me arrependo tanto da merda que fiz com a gente. —
Ignoro que me chama da mesma forma de quando estávamos juntos. Se
eu nã o o conhecesse até acreditaria na sua cara de cã o arrependido. —
Vamos conversar? — Olho incrédula ao ouvi-lo. — Eu só nã o fui atrá s de
você antes porque precisei viajar e só retornei hoje.
— Poderia ter ficado por lá e me polpar desse encontro
desagradável. — Corto seu papo furado. — Adam, acabou, nã o existe
mais nó s e eu estou ocupada. Tenha uma boa vida bem longe de mim.
Me viro para sair, indo em busca da minha amiga e juntas sairmos
dali, entã o sinto sua mã o rodear meu braço.
— Me solta — peço ríspida.
— Você nã o sai daqui antes de conversarmos, Sara.
— Conversar exatamente sobre o que, Adam? — falo sem
paciência. — Ah, já sei... — debocho. — Sobre como você é um filho da
puta traidor e nã o merece nem um segundo do meu tempo? — O
fulmino com o olhar. — Porque temos que concordar que já perdi tempo
demais contigo, né?
Ele me dá um puxã o aproximando nosso corpo, segurando meu
braço com mais força que o necessá rio.
— Tenho certeza de que você nã o quer fazer uma cena aqui, Sara
— fala baixo com o rosto pró ximo ao meu. — Eu só quero conversar.
— Eu já mandei me soltar, Adam, ou...
Entã o uma voz inconfundível corta a minha, ecoando firme.
— Que porra está acontecendo aqui? — Sou tomada pela surpresa
ao ver o motivo do meu estresse ali.
— Nã o é da sua conta, cara. Nã o se mete.
Em apenas dois passos Wladimir fica bem pró ximo da gente, sua
postura imponente dominando tudo.
— É mais da minha conta do que você pode imaginar, moleque. —
Seu olhar fixo em Adam. — Solte-a agora ou você vai se arrepender de
ter saído da cama hoje.
Adam olha entre mim e Wladimir, encarando o homem a sua frente
por um tempo maior, hesitante, desafiador, mas logo cede e solta meu
braço com uma expressã o de ó dio em seu rosto.
— Bom garoto — Wladimir provoca. — Presta atençã o, se eu te ver
perto da minha mulher de novo, a conversa será bem diferente. — Sua
voz sai baixa e ameaçadora.
Ignoro totalmente como o ó rgã o estupido em meu peito acelera ao
ouvir a forma como se referiu a mim. Adam me encara fixamente e eu o
conheço, nã o vai desistir, ele sai do restaurante pisando duro, mas sei
que este assunto nã o terminou aqui, entretanto, no momento só estou
tentando entender como um almoço com a minha amiga se transformou
na apariçã o de duas assombraçõ es.
Puta que pariu... Colabora aí universo, eu não sou Egito para
aguentar tanta praga assim — penso e vejo Wladimir se aproximar.
— Você está bem? — questiona com um tom suave. — Quem é esse
garoto, Sara, e o que ele queria contigo?
— Sério que você se acha no direito de saber qualquer coisa da
minha vida? — pergunto irritada. — Estou bem, muito obrigada pela
ajuda, mas isso nã o muda o fato de que você é um grande imbecil,
Wladimir, e eu quero distâ ncia de pessoas como você. — As palavras
praticamente pulam da minha boca. — Como pode perceber, a minha
cota de homem babaca já esgotou — digo seca.
Ele ameaça abrir a boca para responder, mas nã o estou a fim de
ouvi-lo.
— E se me permite, siga o mesmo conselho que deu para o Adam e
fique longe de mim também.
Me viro e saio pisando firme, sem dar brechas para que ele
responda qualquer coisa.
— Ei, resolveu ir ao banheiro também? — encontro minha amiga
retornando.
— Precisamos ir embora, amiga. Agora — digo respirando fundo,
me controlando.
— Claro, mas aconteceu alguma coisa?
— Te explico depois.
Lia entende que tem algo errado e só acena, me pede para
aguardar no estacionamento enquanto paga a conta.
Saio rapidamente para nã o correr o risco de encontrá -lo de novo,
borbulhando de raiva, e prometendo para mim mesma que nã o vou mais
permitir que homem nenhum me use como se eu fosse um objeto
descartável e nem que quebrem o meu coraçã o.
Capítulo 14

Wladimir: Max, cheguei aqui no Bella Luce Trattoria, tenho uma


reunião com o Dr. Carter, não devo demorar, qualquer coisa é só me ligar.

Guardo o meu celular apó s enviar uma mensagem para avisar ao


meu segurança pessoal e amigo onde estou, pois saí sem que ele
soubesse e se tem algo que deixa Max Sloan puto é quando, segundo ele,
atrapalho o bom andamento do seu trabalho com a minha teimosia.
Nã o julguei necessá rio a vinda dele junto porque o restaurante é
praticamente ao lado da boate, só marquei aqui por estar pró ximo do
horá rio de almoço e eu sou louco pelo Ravioli di Ricotta e Espinafre com
molho de manteiga de sá lvia e nozes torradas que eles servem aqui,
sério, nunca comi um melhor. Me sento no bar e peço um whisky duplo
sem gelo, enquanto aguardo meu advogado chegar.
Estou distraído, perdido em meus pensamentos que a todo
momento traz uma certa ninfeta dos infernos a minha mente. Depois do
que aconteceu no meu escritó rio fui um filho da puta covarde, prometi
para a menina que iríamos conversar, mas até hoje nã o voltei para casa,
estou praticamente morando na minha suíte da boate. Naquele
momento com Sara completamente entregue em meus braços fui
dominado pelo tesã o avassalador que sinto por ela e se Joe nã o tivesse
nos interrompidos para resolver uma discussã o entre um cliente metido
a machã o com uma das minhas dançarinas eu nã o teria me controlado, e
foder aquela garota seria foder com tudo que julgo certo.
Depois com a cabeça no lugar percebi a merda que fiz e surtei, por
isso nã o voltei para casa. Nã o posso ficar no mesmo ambiente que ela,
Sara me atrai com as mariposas sã o atraídas pela luz. Mas agora seu
gosto, seu cheiro, seus gemidos estã o marcados em mim, sonho com
eles, sinto cada sensaçã o como se as estivesse vivendo desde aquela
maldita noite.
— Porra. — Dou um gole generoso na bebida â mbar em meu copo,
frustrado por nã o conseguir me controlar.
Cheguei um pouco mais cedo porque senti a necessidade de
respirar um pouco fora da boate, tenho ficado muito tempo lá , olho em
volta sem prestar muita atençã o e meus olhos parecem atraídos para
uma mesa ao fundo, ela está de costas, mas a reconheceria em qualquer
lugar. Vejo que está com uma das dançarinas do terceiro andar e fico
feliz que tenha feito amizade. Observo as duas por um tempo, elas riem
enquanto comem, empolgadas com o assunto e fico curioso para saber
sobre o que falam, entã o Lia se levanta, penso em me aproximar, mas
enquanto decido se dou voz ao meu lado sensato ou o mando para a
puta que pariu um homem se aproxima dela.
Eu disse homem? Nã o. A merda de um moleque, que nã o deve
saber nem encontrar um clitó ris direito.
Porra, porque meus pensamentos estã o associando ela, esse
fedelho e a palavra clitó ris na mesma frase? Travo a mandíbula com a
raiva que me sobe só de responder mentalmente o meu pró prio
questionamento.
É meu amigo, quem não dá assistência perde para a concorrência —
a minha mente me provoca e as vezes acho que meu maior inimigo mora
na minha cabeça, porque caralho, nunca está do meu lado.
Volto meu olhar para os dois e vejo tudo vermelho ao ver a cena
que se desenrola...
O desgraçado segura Sara pelo braço e a expressã o que ela faz me
impulsiona a agir sem parar para pensar. Sinto meu sangue ferver e
minha ú nica vontade neste momento é arrebentar esse moleque na
porrada e ensiná -lo a tratar uma mulher, mas essa atitude chamaria
muita atençã o, entã o só intervenho ao me aproximar, deixando claro o
que vai acontecer se ele voltar a importuná -la.
Apó s esclarecer as coisas para o fedelho e ele ir embora, me
aproximo da minha garota problema para saber se está bem e o que
aquele garoto queria. Tenho uma ideia de quem ele seja, mas pergunto
para ter certeza.
E Sara explode de um jeito completamente inesperado por mim,
claro que nã o esperava beijos e abraços depois do que fiz, mas nã o
contava com essa agressividade... Suas palavras giram sem parar envolta
da minha cabeça, e fico olhando feito um idiota na direçã o que ela seguiu
pisando firme.
— E se me permite, siga o mesmo conselho que deu para o Adam e
fique longe de mim também — penso novamente em suas ú ltimas
palavras, antes de se retirar sem me dar a chance de me defender.
Pego o meu celular e digito uma mensagem rá pida para o meu
advogado.
Wladimir: Carter, surgiu um imprevisto e infelizmente nã o
poderei comparecer a nossa reuniã o. Minha secretá ria entrará em
contato para podermos remarcar.
Aproveito e já aviso a minha secretá ria.
Wladimir: Beatrice, verifique minha agenda e entre em contato
com o Dr Carter para remarcar a minha reuniã o de hoje, por favor.
Obrigado!
Beatrice trabalha comigo na Itá lia, mas ela também resolve tudo
referente a boate de Las Vegas. Deixo o restaurante logo apó s enviar as
mensagens, perdi a fome e nã o tenho cabeça para discutir nada
burocrá tico.
Retorno a boate e passo o resto da tarde pensativo, disperso, nada
muito diferente desde o dia que conheci essa mulher. Me sinto sufocado
reprimindo esse desejo desenfreado que me domina e parece que
quanto mais o aprisiono, maior fica, como se o proibido me arrastasse
feito uma força da natureza. A noite chega e decido descer para o
segundo piso, saio da minha suíte convicto que preciso me distrair um
pouco, até pensei em ir para o terceiro andar, ainda nã o fui lá depois que
retornei para casa, mas ao me recordar do desastre que foi o encontro
com a Chloe, desisti da ideia no mesmo instante. Chego ao meu destino e
resolvo me juntar há um grupo de homens que estã o jogando poker.
— Senhores, boa noite — saú do a todos, que me respondem no
mesmo instante, alguns em palavras e outros com aceno de cabeça. —
Tem vaga para mais um?
— Claro, Sr Novak. É sempre uma honra jogar com chefe da casa.
— Sorrio e me junto a eles.
Apesar de saber jogar praticamente todos os jogos que têm aqui ou
em um cassino de fato, nã o possuo o há bito, mas estou buscando por
qualquer coisa que possa me entreter, contudo, apó s algumas jogadas
percebo que estou falhando miseravelmente.
Desisto. Eu preciso beber.
O problema é que a bebida nã o é algo que me ajude muito, o que
sempre foi uma bençã o neste momento se torna uma maldiçã o, porque
sempre me vangloriei por nã o ficar bêbado com facilidade, nã o recordo
uma ú nica vez que tenha ficado de porre e a resistência a bebida sempre
foi bem-vinda, mas sinto que é exatamente disso que eu precisava para
conseguir esquecer dela por alguns instantes.
Ou perder totalmente o controle e me entregar a tudo.
Me despeço dos senhores e pego meu celular ao me direcionar
para o bar, envio uma mensagem para Max, quando o bartender vai me
servir de uma dose peço que deixe a garrafa, bebo enquanto aguardo
meu amigo subir.
— Senhor Novak? — Max nã o demora a chegar.
— Max neste momento sou somente o Wladimir, ok. — Ele acena e
se senta. — Cara, eu preciso distrair minha cabeça, estou
enlouquecendo. — Sirvo um copo para ele e empurro em sua direçã o. —
Beba comigo, preciso de companhia.
— Wladimir, eu nã o bebo em horá rio de trabalho e nã o preciso
disso para te fazer companhia.
— Que seja, idiota. — Entorno o whisky do meu copo e em seguida
a dose que servi para ele.
— Cara, você está horrível — meu amigo pau no cu fala. — Olha
essas olheiras. Há quantos dias você nã o dorme direito? — Dou de
ombros sem muita vontade de responder e ele continua. — Wladimir,
nunca te vi assim por mulher nenhuma. Você realmente acha que vale a
pena continuar lutando por um problema que visivelmente só existe na
sua cabeça?
— Nã o é simples assim. Porra, Max, sã o 19 anos de diferença. —
Levo as mã os a cabeça.
— Na minha opiniã o, você está complicando demais as coisas. Por
que nã o tenta conversar com ela? — Max inicia meio pensativo, como se
escolhesse as palavras. — Proponha algo sem ró tulos, jogue limpo, fale
para ela que vocês vã o curtir o momento, sem expectativas, só deixando
rolar. — Um lado meu repudia toda essa ideia absurda, mas o que me
assusta é ter um outro lado, o que cogita a possibilidade. — Você já
parou para pensar que talvez isso seja exatamente o que vocês dois
estã o precisando?
— Queria que fosse fá cil assim, cara. — Balanço a cabeça pensando
em todos os empecilhos.
Sei que estou sendo repetitivo pra caralho e nem vou citar a nossa
diferença absurda de idade de novo, mas ela é amiga de Vitor, nã o posso
correr o risco de ele ter sim algum interesse por ela e ficar entre os dois.
Mesmo que já tenha rolado algo entre a gente, ó bvio que eu agiria como
se nada nunca tivesse acontecido.
Porra, seria uma tortura vê-los juntos, mas eu me manteria
distante e um dia iria me acostumar.
Ainda tem a promessa que fiz para Susie, que ninguém nunca
ocuparia o espaço dela em nossa casa, tudo bem que a minha casa hoje
nã o é mais a mesma, tirando um cô modo onde a mantenho viva, porém
também prometi manter meu coraçã o intacto e sinto que essa menina é
um pequeno furacã o, nã o posso arriscar.
Lembro como me dirigi a ela mais cedo no restaurante... Minha
mulher. Nã o foi proposital, saiu tã o natural, mas gostei tanto de como
soou aquelas palavras.
— Vou pensar, Max. — Meu amigo sabe que estou dizendo isso só
para encerrar o assunto. Entã o ele se levanta, olha para o pró prio pulso,
conferindo a hora.
— Só um minuto — pede levantando o indicador para mim. —
Pronto, agora meu expediente acabou.
— E? — questiono tentando entender o porquê dessa informaçã o.
— E que agora dentro dos nossos termos de contrataçã o você nã o
pode me demitir, independente do que eu falar, entã o... Vai tomar no cu,
Wladimir e deixe de ser covarde, porra. Sempre te admirei e agora nã o
consigo enxergar o meu amigo nesse projeto de homem que está a
minha frente — fala realmente puto comigo. — Nã o acredito que role
nada entre ela e Vitor, mas Sara é linda e com todo respeito, — o olho
envesado porque toda vez que alguém diz essa frase, sempre vem a
maior falta de respeito que existe — gostosa pra caralho. Fica aí com
esses dilemas idiotas até outro vir e cair matando no que você poderia
estar desfrutando, seu idiota. Depois nã o adianta chorar pelo leite
derramado ou no seu caso, pelo leite que você poderia ter derramado,
mas nã o o fez por ser um cagã o — debocha.
— Porra, Max, como você é ridículo. — Sacudo a cabeça
negativamente. — Onde eu estava com a cabeça quando achei uma boa
ideia virar seu amigo?
— Sou realista, meu amigo... Realista — diz sorrindo. — Larga essa
merda de garrafa e vai para casa, conversa com ela feito dois adultos. E
se rolar um sexo, seja feliz, porra. — Dá um tapinha em meu ombro. —
Aproveite a privacidade que terã o, já que Vitor está na casa da avó pelos
pró ximos meses... Fui, a noite de Las Vegas me espera. — se despede e
sai.
Talvez conversar e colocar algumas regras, nã o rotular... A ideia do
meu amigo se mistura com outras em minha cabeça e eu realmente
começo a cogitar isso, entã o sinto a necessidade de fazer algo primeiro.
Decido voltar para casa.
Geralmente gosto de dirigir, isso inclusive foi palco de muitas
discussõ es com Max, mas hoje nã o estou com vontade, entã o chamo um
carro por aplicativo que nã o demora a chegar. Ao entrar em casa sou
recebido pelo silêncio, nã o tem sinal de Sara na sala, vou rapidamente
até a á rea externa, talvez ela esteja na piscina, mas nã o a encontro em
lugar nenhum, um maldito sentimento de inquietude, de urgência
começa a dar sinal de vida em meu peito.
Porra, e se ela foi embora?
Subo as escadas correndo, subindo de dois em dois os degraus,
desesperado, quando me aproximo do seu quarto ouço sua voz e um
alívio me invade, mas junto vem uma curiosidade pois a ouço nã o só
falar, como se estive realmente interagindo com alguém mais também
rir, caminho devagar para nã o fazer barulho, sua porta está entreaberta
e espio, congelando com o que ouço...
— Quem aqui já deu o cu? Sei que muitas acreditam que é doloroso,
mas vou ensinar como dar e sentir prazer. Papel e caneta para anotar
todas as dicas da Devassa de vocês.
Capítulo 15

Que porra é essa que ela está fazendo?


Continuo espiando, vendo que me tornei um maldito, sei lá ,
stalker? Nem sei se cabe ao que estou fazendo, mas nã o consigo me
afastar, cada palavra que sai da sua boca manda um estímulo para o meu
pau e faz minha mente impura criar todos os cená rios que ela está
ensinando, mas tendo nó s dois como protagonistas.
— Porra. — Aperto meu pau rígido feito pedra por cima da calça
social e me controlo para nã o deixar escapar um gemido feito um
maldito adolescente.
Sei que o correto seria me afastar, estou invadindo a privacidade
dela, mas nã o consigo, nã o sei quanto tempo fico parado ali, viajando em
suas palavras.
— Wladimir? — ouço sua voz.
Puta que pariu, tento pensar em uma desculpa rá pida, mas ao vê-la
vindo em minha direçã o vestindo essa merda de camisola faz meus
neurô nios entrarem em pane total e o ú nico que ainda se mostra em
atividade é meu pau, esse parece ter vida pró pria com os espasmos que
sinto.
— Precisa de alguma coisa? — Cruza os braços e meus olhos caem
para o volume dos seus seios. — Se puder olhar em meus olhos, senhor,
te agradeço. — Sua voz sai seca.
— Senhor? — Fico puto com essa porra, me faz sentir velho.
Mas para ela você realmente é — minha mente zomba.
— E como eu deveria me referir há um homem com o dobro da
minha idade?
— Você nã o pareceu se importar com isso naquela noite na boate...
— Me aproximo, invadindo seu quarto. Foda-se, ela está ferindo meu
ego. — Muito pelo contrá rio sua pirralha, — levo minha mã o ao seu
pescoço — parecia louca pra me dar essa bocetinha. — A ouço arfar e
percebo quando esfrega uma perna na outra.
— Acho que está vendo coisa onde nã o tem. — Me enfrenta. — Eu
nunca iria querer dar para alguém na terceira idade, tenho muito
respeito pelos velhinhos, ainda mais quando este, — me olha como uma
verdadeira diaba — é praticamente meu titio.
O som que sai da minha boca é quase um rosnado e a imprenso
com meu corpo na parede.
— Eu nã o sou nada seu, sua ninfeta dos infernos. — Resvalo meus
lá bios nos dela. — E quando meu pau rasgar sua boceta todinha, você
vai ver quem é velho.
A ataco sem lhe dar chance alguma de resposta.
Beijo sua boca com uma fome avassaladora, uma mistura de
desejo, tesã o e luxuria, sua língua penetra em minha boca provando o
meu sabor e me oferecendo o seu, a maldita chupa a minha como se
estivesse chupando o meu pau e o gemido que solto é vergonhoso para
um homem da minha idade, experiente como eu, mas é uma merda
reprimir tesã o, pois quando você cede, ele te humilha de todas as
formas.
— Você gosta de provocar, né? — Minha voz sai abafada, porque
nã o consigo me afastar dela.
— O senhor ainda nã o viu nada, titio. — A olho intensamente, me
sentindo desafiado e ela nã o faz ideia de como amo isso.
Enfio meu rosto em seu pescoço, chupo a carne macia e mordo, ela
grita com o ataque inesperado e geme assim que dou uma lambida no
local que amanhã terá minha marca com certeza. A levanto sem
dificuldade nenhuma e Sara envolve minha cintura com suas pernas, ela
estremece quando começo a esfregar minha rigidez no meio de suas
pernas. Arfamos e gememos juntos, loucos de tesã o.
Desço a alça da sua camisola e sem perder mais tempo tomo seu
seio em minha boca com toda necessidade que tenho por essa garota,
me sinto ensandecido ao ter seu biquinho durinho em minha língua.
Mamo com possessividade, louco como nunca me senti antes, passo
minha língua no mamilo, sentindo meu corpo todo incendiar com seus
gemidos, trilho beijos pelo seu colo, até o seu pescoço, chegando em sua
orelha, chupo seu ló bulo e mordisco ali, descendo mordidas misturadas
com lambidas por toda parte de pele que tenho acesso.
— Porra, Sara, você me enlouquece, garota. — A beijo novamente.
— Wladimir, por favor. — Me implora entre gemidos e hoje eu
darei tudo a ela.
— Me pede, — levo minha mã o ao seu pescoço fino, coloco um
pouco mais de pressã o — pede, safada, o que você quer de mim? —
minha voz sai rouca pelo tesã o.
Sara me olha com tanta lascívia que me faz arfar, essa mulher me
domina de uma forma inexplicável, acompanho feito um louco a sua
língua passear por seus lá bios, os umedecendo lentamente, me fazendo
engolir seco.
— Caralho de garota atrevida. — Grita ao se assustar pela minha
reaçã o a seguir.
A pego nos braços e a jogo em cima da sua cama, coloco-me por
cima dela, mas sem depositar meu peso sobre se pequeno corpo.
— Me diz, porra. — Seguro em seu queixo e vejo um brilho sá dico
em seus olhos, ela gosta do que faço. — Você gosta de jogos? Eu sou o rei
nesta terra, minha linda, entã o nã o brique comigo. — Seguro sua boceta
em minha mã o por cima da sua calcinha, coloco a peça para o lado e a
massageio de uma forma diferente, nã o com os dedos, mas com a palma,
colocando a pressã o certa.
Sara começa a gemer, sem que consiga controlar os olhos reviram
completamente excitada, palavras desconexas saem de sua boca e eu
paro.
— Nã o, por favor. — Ela choraminga e só a encaro. — Quero que
me foda, porra. É isso que quer ouvir, seu idiota? Me come, seu imbecil.
— Seu desejo é uma ordem, minha safada abusada. — Dou um
sorriso malicioso seguido por um tapa estalado na lateral da sua coxa e
minha gostosa arfa.
Tiro toda a camisola do seu corpo e a peça minú scula que chama
de calcinha, puta que pariu, Sara foi esculpida por algo sobrenatural, só
pode, caralho, nunca vi na minha vida tamanha perfeiçã o.
— Vai ficar aí só babando, tio, — a filha da puta atrevida cismou
com essa porra. Sei que faz só para me tirar do sério e o pior é que
consegue — ou sou muita areia para o seu caminhã ozinho. Ah, juro que
nã o conto para ninguém se precisar tomar um remédio para disfunçã o
erétil. — provoca.
Nã o respondo, ela vai ver se preciso de remédio. Começo a me
despir lentamente, deixando suas palavras alimentarem essa merda de
desejo, a minha excitaçã o. Já tirei minha camisa, agora abro o botã o da
calça e desço o zíper devagar, alimentando a sua expectativa, sei o que o
meu corpo causa nas mulheres e também sei que ela vai se assustar um
pouquinho com o que vai ver. Abaixo a calça junto com a box, ficando
completamente nu e seus olhos se arregalam ao recaírem sobre o meu
pau.
— Surpresa com algo, minha linda? — pergunto em tom de
deboche.
Sara suspira e vejo um certo receio misturado com tesã o se
mesclarem ao brilho dos seus olhos, sua boca está entreaberta e sua
respiraçã o acelerada, me aproximo olhando como um animal a sua
presa.
— Que os jogos comecem, minha ninfeta. — Seguro na parte
inferior de suas coxas e a puxo, trazendo seu corpo para a beirada da
cama, me ajoelho — Nã o sou gentil no sexo, Sara. — aviso sério.
Faço o que estou louco para fazer desde o dia que a vi de biquini na
minha sala e só aumentou no dia do escritó rio quando senti seu gosto
através dos meus dedos, caio de boca em sua carne macia, e merda, meu
corpo todo pega fogo. Sara se abre ainda mais para mim, se esfregando
em meu rosto, gemendo sem controle, suas mã os delicadas seguram em
minha cabeça, forçando-a para baixo... Enfio minha língua em seu canal
todo melado, sorvo do seu prazer e massageio seu clitó ris com meu
polegar, levando-a ao limite.
— Aaaah, Wladimir, isso porra. — Suas pernas tremem enquanto
geme o meu nome.
— Gostosa pra caralho. — Bato na lateral da sua coxa e a ouço
choramingar novamente.
Levo dois dedos para dentro do seu canal, a fodendo duro, com
força, sentindo a boceta gulosa me engolir com vontade e minha língua
castigando seu grelo, os seus gemidos me enlouquecendo, o cheiro da
sua excitaçã o me inebriando de tanto tesã o, tarado para me enterrar
todo dentro dela.
Envolvo seu pescoço delicado em um aperto firme por minha mã o
a privando de respirar, seus gemidos sã o silenciados imediatamente e
ela me olha assustada, mas também tem lascívia, curiosidade pelo novo.
Entã o ordeno...
— Goza na minha boca, safada — seu interior se contrai ainda
mais, estrangulando meus dedos e assim ela faz, ondulando seu corpo
pequeno, estremecendo toda, se desmanchando em minha boca e eu
bebo até a ú ltima gota do seu prazer.
Liberto seu pescoço e Sara puxa o ar com força. Isso foi só uma
pequena amostra do que gosto, aos poucos ela vai me conhecer.
Minha menina está deitada, languida pelo gozo recente, aproveito
desse momento para pegar minha carteira em meu paletó , retiro um
preservativo o abrindo com rapidez e cubro meu membro, ajeito a
cabeça do meu pau em sua entrada, completamente escorregadia e
enfio, sentindo a quentura do seu interior me receber e o som que solto
é gutural, animalesco, que se mistura com o grito que ela dá ao cravar
suas unhas em meus braços.
— Que boceta quente, porra, tã o molhada... — sinto que vivi a
minha vida toda para este momento.
Fico parado, esperando que seu canal se acostume com o meu
tamanho.
— Cacete, você é grande demais. — Sorrio malicioso.
— Quer que eu pare? — pergunto vendo em seu olhar que isso é a
ú ltima coisa que irá me pedir.
— Nã o, continue... — Sua resposta vem junto com o latejar de sua
boceta em meu pau.
— Se abra mais para mim, ninfeta, quero me enterrar todo em
você.
Sara obedece, ficando toda arreganhada para mim e eu penetro
fundo, estocando com força, segurando em seu mamilo, beliscando o
biquinho, a ouvindo gemer, gritar meu nome, beijo sua boca com
possessividade, chupo sua língua, seu lá bio inferior com tanta fome dela,
meto tã o profundamente que sinto a cabeça do meu pau batendo em seu
ventre e a sensaçã o é arrebatadora.
— Porra, você é minha ruína, menina — digo entre gemidos em
sua boca. — Sente sua bocetinha alargando com o meu pau te
invadindo? Sente, minha putinha? — pergunto, louco.
— Sinto, Wlad, aaaah, isso, me fode toda, acaba comigo.
— Porra... — Percebo como me chama e novamente gosto muito
como soa em sua voz.
Seguro por debaixo da sua bunda e aumento o ritmo do que já
estava frenético, me enterrando até as bolas nela, a sentindo quente
como o inferno, nossos olhos fixos um no outro e ela tomando tudo de
mim, me viciando com a porra dos seus gemidos.
Saio de dentro dela e em um movimento rá pido a giro na cama, a
deixando de bruços, monto em cima de seu corpo e penetro o canal que
virou minha perdiçã o, enrolo seu cabelo em meu punho e a safada se
empina toda, gostosa demais. Meto fundo, duro, com fome, quero acabar
com ela, castigá -la por me tirar do meu mundo confortável do jeito que
estava, porque eu sei, que isso nã o vai parar aqui, sei que vou precisar
comê-la mais algumas vezes até conseguir seguir minha vida em paz e
isso nã o fazia parte dos meus planos.
— Ai Wlad, isso, eu vou... — Mesmo em meus pensamentos
conflitantes nã o deixei de meter com vontade.
Tiro meu pau todo, só para voltar com tudo, penetrando até o
fundo da sua boceta, entrando e saindo com estocadas duras, Sara
perdendo o controle, estremecendo e gritando o meu nome, seu
rostinho lindo todo suado, avermelhado do sexo louco que nos consome,
sua boceta latejando em volta do meu pau e isso é o meu fim, gozo junto
com ela, com uma intensidade avassaladora, sugando tudo que tenho,
seu nome saindo pela minha boca como uma espécie de posse.
Rolo para o lado extasiado com o que acabamos de fazer, a puxo
para o meu peito e ficamos por um longo tempo em silêncio, tendo como
barulho somente o martelar dos nossos coraçõ es e o ruido de nossas
respiraçõ es, com vá rios pensamentos me consumindo, mas um me
atormentando, quase ao ponto da tortura. Porra, eu vou matar o Max por
envenenar minha cabeça com essa ideia.
Como vou propor para essa menina algo sem ró tulo, sexo sem
compromisso?
Capítulo 16

Minha aparência deve estar o verdadeiro caos.


Minha cama está completamente revirada, sinto uma dor gostosa
entre minhas pernas e tenho certeza de que tenho marcas por todo o
meu corpo. O sexo com Wladimir foi além das minhas expectativas e
cacete, ele tem cara de quem fode muito bem, mas o que esse homem fez
comigo é impossível descrever.
E o que foi ele me enforcando?
Primeiro me assustei, fui pega de surpresa, mas logo em seguida a
sensaçã o de lutar para respirar com o que sua língua e dedos faziam em
minha boceta, junto a necessidade insana de gozar, puta merda, me
chame de louca, mas foi o melhor orgasmo da minha vida.
Depois que ele literalmente me atacou, nã o que eu esteja
reclamando, na verdade, estou à disposiçã o para que faça outras vezes,
nó s transamos feito louco na cama e eu achei que terminaria ali, pelo
silêncio que se instaurou no cô modo quando gozamos, mas graças aos
meus chakras que finalmentes amanheceram alinhados, Wladimir de
repente se levantou, me pegou no colo e assim, sem falar nada fomos
para o banheiro onde tomamos uma ducha juntos, pude sentir um pouco
do seu cuidado ao lavar meu corpo, meus cabelos, mas estranhamente
sem dizer nada e eu preferi me manter calada também, nã o queria
estragar o momento. Entã o transamos de novo, depois mais uma vez na
cama e adormecemos.
Sinceramente achei que despertaria sozinha em meu quarto e ele
fingiria que nada aconteceu, ninguém pode me julgar por achar isso
dele, mas acordei com o melhor oral da minha vida e transamos
novamente. Meu Deus, nã o sei em que buraco de minhoca eu entrei, mas
nã o quero voltar para a minha realidade nã o... Nunca fui tã o bem comida
assim e muito menos gozei tantas vezes em um curto espaço de tempo.
Estou deitada em seu peito com Wladimir acariciando minhas
costas sem dizer nada, olhando para o teto, e essa é a ú nica parte muito
estranha, o homem vem com tudo no sexo, mas ao terminar parece
mergulhar em seus pensamentos ao ponto de se perder, esquecendo da
realidade ou duelando com ela. Pelo menos nã o me afastou, nem foi
grosso comigo, porque se for vai ser toma lá dá cá , comigo o buraco é
bem mais embaixo.
— Onde está Liz? — Sua voz finalmente ressoa e me surpreendo
que esse seja seu primeiro questionamento.
Levanto minha cabeça que estava recostada em seu peito, o
encarando e ele me olha de volta, procuro um sinal do porquê quer
saber, mas o homem sabe ser indecifrável.
— Minha irmã está passando um tempo na casa de uma pessoa...
— Ele me interrompe.
— Deixou Liz com estranhos? — Até me ofenderia com a pergunta,
caso ele me conhecesse, mas nã o, ele nã o sabe como minha irmã é tudo
para mim.
— Se você me deixar concluir. — Ele acena e eu continuo. — Liz
está passando um tempo na casa de uma pessoa que era amiga da minha
mã e, uma mulher muito boa e que é praticamente nossa família também.
Beth tem uma filha da idade de Liz e as duas sã o muito amigas, entã o
preferi deixá -la com elas até que eu me ajeite.
— Entendi. Mas porque preferiu isso? — Ele meio que levanta o
corpo, recostando na cabeceira e me leva junto. — Ela nã o gostou daqui?
— Ela amou, Wlad, inclusive passou a semana perguntando por
você. — Ele ri e isso meio que me congela, pigarreio e retomo o assunto,
nã o posso me deslumbrar com esse momento. — Eu sei o quanto é
agitado morar com uma criança e se fosse com o Vi, até teria deixado ela
aqui, mas contigo, nã o quis atrapalhar a sua rotina.
— Vi? — franze o cenho.
— Vitor, eu o chamo assim.
— Imaginei que fosse. — Por um milésimo de segundo ele pareceu
estar incomodado, mas logo mudou a expressã o. — E quem disse que
ela me atrapalharia?
— Ninguém, mas eu preferi assim até eu arrumar um lugar pra
gente, nã o quero causar mais transtornos. — Ele me encara sério, mas
nã o diz nada. — Só vou trazê-la vez ou outra aqui, na maioria das vezes
eu que vou para lá , e em breve vou embora, prometo.
Me incomoda pra cacete essa sú bita falta de interaçã o, e isso só me
confirma que estou certa, a sua indiferença me diz que Liz seria mesmo
um estorvo. Nã o quero que minha irmã se sinta assim em lugar nenhum
e se ela nã o é bem-vinda, eu também nã o sou.
Wladimir está com seu olhar vago, ele parece estar sempre
pensando mil coisas, me levanto do seu colo, foda-se, estava bom demais
para ser verdade, entã o com o movimento que faço atraio sua atençã o.
— Sara, precisamos conversar sobre o que aconteceu. — Sua voz
sai firme, mas sinto o receio que tenta esconder.
Será que ele está com medo de que eu conte alguma coisa para o
Vitor? Ou que, sei lá , o chantageie de alguma forma?
— Wladimir nã o temos nada para conversar. Somos dois adultos
que estavam com tesã o, transamos e fim. — Ergo-me da cama
completamente na defensiva. — E nã o precisa se preocupar com
absolutamente nada, pois eu sei que isso, — aponto de mim para ele —
nã o irá mais acontecer e sobre o Vi, nã o contarei uma ú nica palavra.
— Sara, você costuma compartilhar com o meu filho seus
momentos íntimos?
O olho incrédula, de tudo que falei ele só prestou atençã o nisso?
— Esse é o conceito de amizade, Wladimir. — Sua expressã o diz
que nã o está gostando do que ouve. — Creio que tenha um melhor
amigo e que também compartilhe tudo com ele.
— Mas meu amigo é homem como eu, e você compartilhar esse
tipo de assunto com o Vitor é completamente impró prio. — Olho
debochada para seu machismo. — Você nã o tem uma amiga? Vi você
com a Lia no restaurante naquele dia... — Eu o interrompo.
— Você tem ideia do quã o ridículo e machista é esse seu
pensamento, né? — E lembro o que ele disse antes. — E é sobre o nível
de intimidade que tenho com Vitor que você quer conversar comigo?
— Nã o, nã o é sobre essa amizade de vocês. — Ignoro o tom que
usa. — É sobre a gente.
— Nã o existe a gente, Wladimir. — Ele suspira, percebo que
buscando calma.
— Sara, respira e me escuta. Você pode por favor, fazer isso? —
Continuo nã o gostando do seu tom, mas cruzo os braços e aceno.
Ele leva o dedo indicador e polegar até a base do seu nariz,
apertando ali de olhos fechados, como se estivesse buscando uma forma
de iniciar a conversa.
— Estou esperando...
— Eu sei, só me dê alguns segundos, por favor.
Apó s alguns minutos intermináveis para alguém ansiosa como eu,
ele finalmente corta o silêncio.
— Sara, eu tentei muito resistir a tudo isso que aconteceu hoje,
lutei muito contra tudo o que você me faz sentir desde a primeira vez
que te vi, — quando ameaço falar, ele leva o indicador a minha boca — e
sendo bem sincero, ainda quero me enterrar em você, e depois de hoje,
de sentir o seu gosto, a sua quentura, a maciez da sua pele, o seu cheiro,
— engulo em seco ao perceber a sua voz ficando rouca conforme vai
citando e sinto um latejar no meio das minhas pernas — já vou entrar
nessa luta derrotado. Entã o quero tentar algo diferente, mas preciso que
você mantenha a mente aberta.
— O quê? — Depois de ouvir toda sua declaraçã o, isso é tudo que
consigo formular.
— Ainda preciso ter mais disso, — imita meu gesto de minutos
atrá s e aponta de mim para ele — acho que você também — diz meio
presunçoso.
— Eu nã o preciso de nada. — Minto descaradamente e ele me olha
debochado — O que você quer propor?
— Um contrato.
Oi? Acho que cochilei, nã o sei, mas parece que me perdi no rolê.
— O quê? Contrato? — questiono completamente confusa com o
rumo dessa conversa.
— Sim, um contrato de sexo sem compromisso.
— Como assim? Do que você está falando?
Acho que me enfiaram em um daqueles filmes de comédia
româ ntica.
— Isso mesmo que você ouviu, um contrato com regras para
seguirmos, nada exagerado, só o suficiente para nã o nos perdermos no
meio do caminho. — Ele me olha esperando a minha reaçã o, mas eu
estou aguardando uma explicaçã o que dê ló gica ao assunto. — Sara, eu
nã o posso te prometer nada, nã o me envolvo fixo com ninguém, nã o sou
o tipo certo de homem para relacionamento sério, sabe, mas como eu
disse, ainda te quero e estou tentando viabilizar um jeito de ficarmos
juntos até esse tesã o acabar de ambas as partes.
— Você está mesmo me propondo um contrato de sexo? — Encaro
o homem a minha frente sem acreditar no que estou ouvindo. — Isso é
alguma brincadeira?
— Nã o sou o tipo que faz brincadeiras também. — Me responde
sério. — Seria algo bom para nó s dois, um envolvimento sem ró tulos,
sem expectativas, só carnal mesmo, mas como eu disse, com regras...
Pensei em um tempo como 3 a 4 meses, mas podemos conversar melhor
sobre isso. — Nã o consigo responder nada, parece que a qualquer
momento vai aparecer um comediante aqui e dizer que cai numa
pegadinha. — Eu também quero te ajudar com a Liz, tenho meios de dar
uma vida confortável para vocês e quero fazer isso.
Balanço a cabeça em negativo, agora com a raiva borbulhando.
Quem ele pensa que eu sou?
— Wladimir, nã o sei que tipo de mulher você está acostumada a
ter, mas eu nã o sou desse tipo aí, saiba que a minha resposta é nã o —
digo exaltada. — Eu nã o estou a venda.
— Nã o, Sara, nã o é nada disso, o contrato nos dará segurança e
clareza — explica calmo. — Ele deixara claro o que estamos dispostos a
dar um para o outro.
— Eu vou dar a boceta e você literalmente entra com o pau... —
falo grossa. — E para que precisamos de um contrato para definir isso?
O babaca ri.
— Você falando assim parece simples, mas quero te dar além do
meu pau, acho que podemos incluir meus dedos e língua, e amei comer a
sua boceta, mas ficarei muito feliz de foder essa sua boquinha atrevida
também — ele fala e passa o polegar pelos meus lá bios — e se você se
sentir à vontade, podemos tentar reproduzir as técnicas que estava
ensinando ontem. — Meu cérebro demora um pouco a entender, mas
logo compreendo o que ele quer.
— Você acha que esse tronco de á rvore que você chama de pau
cabe no meu cu? — E pela primeira vez na minha frente ele gargalha, e
sério, esse homem fica lindo demais assim, relaxado, rindo.
— Eu sei que sou grande, mas com o jeito certo cabe sim, e tenho
certeza de que vai ser o melhor anal da sua vida. — Penso em dizer que
vai ser o primeiro, mas me calo.
Nunca consegui fazer, já tentei vá rias vezes, mas doía muito e
desistia sempre. O babaca do Adam nã o tinha paciência.
Sei exatamente o que você está pensando... Eu sou uma farsa. Sim,
eu sou. A maioria das coisas que ensino no meu canal nunca fiz, eu só
estudo muito para falar sobre o assunto com propriedade e graças a
Deus dá certo para elas, porque muitas vezes voltam para contar seus
relatos e fico muito feliz em poder ajudar o meu pú blico. Essa técnica
que ensinei ontem aprendi recentemente e gostaria de tentar, mas nã o
sei se com esse pau mutante do Wladimir iria funcionar.
— Muito convencido você, né? — provoco — Mas agradeço, nã o
quero transformar meu â nus em um poço sem fundo.
— Garota, você nã o tem filtro, né? — fala entre risos. — Ok, vamos
deixar esse assunto em aberto.
Dou de ombro, afinal, minha decisã o está tomada.
— Sobre ajudar você e Liz, nada tem a ver com o contrato. Eu
quero fazer isso, independente se aceitar ou nã o. — Ele segura minha
mã o, me fazendo olhá -lo nos olhos. — Mas realmente quero tentar...
Vamos? — Beija minha mã o com carinho. — Eu quero você, Sara, só nã o
posso oferecer mais que isso.
— Isso é ridículo demais. Você já ouviu o termo ficar? Nó s
podemos fazer isso...
— Nã o abro mã o do contrato, quero ter segurança e te oferecer
uma. — Aproxima sua boca e me dar um beijo rá pido. Ele nã o joga
limpo. — Diz que sim, minha linda, você vai gostar. Nã o leve o contrato
tã o ao pé da letra, é só para que nada saia do controle.
— Nã o sei, sinto como se estivesse me vendendo para você.
Wladimir traz seu corpo para cima do meu e me beija dessa vez
lento, mas profundamente, sua língua explorando cada canto da minha
boca, me arrancando um gemido.
— Tire isso da cabeça, Sara, nã o tem nada a ver. — Beija meu
pescoço e sussurra em meu ouvido. — Eu só nã o quero deixar de ter isso
ainda. Você quer abrir mã o dessa química que temos? — Sua boca beija
meu colo, desce lambendo a minha barriga e me olha, subindo
novamente com um sorriso de quem sabe o que fez.
— Você joga muito sujo. — O filho da mã e me excitou novamente.
— Nã o posso negar isso. — Morde me lá bio.
— E como vai ser esse contrato? Como faríamos para nos
encontrar? Porque Vitor volta em alguns meses.
— Eu vou resolver tudo isso — responde me beijando de novo,
demonstrando que realmente nã o consegue ficar longe de mim e eu
nunca vou reclamar disso. — Almoça comigo na segunda-feira para
assinarmos o contrato?
— Nã o disse que aceitei — digo petulante.
— Tã o atrevida quanto gostosa. — Me dá um tapa estalado na
perna. — Ok, almoça na segunda comigo para me dizer se aceita e
conforme for, assinamos o contrato?
— Ok.
— Esteja pronta amanhã as 12h, mandarei Max te buscar.
— Tã o controlador.
— Você nã o faz ideia, ninfeta. — Ele segura firme em minha
cintura. — Agora chega de papo, quero te comer de novo antes de
tomarmos café da manhã .
E como se nã o estivéssemos transando feito coelhos desde ontem,
Wladimir me vira do avesso novamente, só para deixar claro o que eu
iria perder caso nã o aceitasse os seus termos.
Capítulo 17

Termino de organizar tudo no escritó rio para seguir o meu


destino, já pedi Max para buscar Sara e levá -la direto para o restaurante
onde vamos conversar. Assino o regulamento de segurança atualizado,
dando o meu aval para as alteraçõ es que foram sugeridas nas inspeçõ es
de segurança e no plano de evacuaçã o caso aconteça algum incidente e
me levanto, pego em minha gaveta a pasta com os documentos que o Dr
Carter redigiu no fim de semana conforme solicitei.
Logo adentro o Epicurean Escape, escolhi esse restaurante por
alguns motivos, o primeiro é a vista que ele nos proporciona da cidade,
linda demais, o segundo é por conta da privacidade e por ú ltimo, a sua
alta gastronomia com pratos sofisticados de vá rias partes do mundo é
incrível. Nã o sei explicar, mas quero oferecer o melhor para ela. A
hostess me recebe sempre muito gentil, me direciona para a minha mesa
e minutos depois minha acompanhante também chega.
Sara caminha em minha direçã o totalmente alheia do quanto
chama atençã o do pú blico masculino, minha garota veste um vestido
preto justo, moldando todas as curvas do seu corpo e nã o tenho dú vidas
de que vou enlouquecer até o final da nossa conversa querendo arrancar
os olhos de cada filho da puta que ousar desejar o que é meu, seus
cabelos estã o soltos em cascatas e no rosto nã o usa praticamente nada,
somente um gloss nos lá bios.
Simplesmente perfeita.
— Boa tarde, senhor Novak. — A abusada me dá um sorriso
debochado ao falar.
— Boa tarde, senhorita Smith, — entro em seu joguinho de
formalidade. Me levanto, vou até ela e puxo a cadeira para que se sente
— Você está deslumbrante. — Elogio ao mesmo tempo em que lhe dou
um beijo no rosto e retorno para o meu assento.
Percebo que a afeto, mas nã o sei se pelo cavalheirismo, pelo elogio
ou pelo beijo no rosto.
— Obrigada. Fico feliz que tenha aprovado, já que tive muita
dú vida do que vestir para a nossa reuniã o de, hum... — coloca o indicado
na lateral do queixo de forma teatral, como se estivesse pensando —
negó cios. — Sorri provocativa e sinto que estou passando a ansiar por
esses atrevimentos dela.
Seu cheiro domina o ambiente, é algo frutado, ou seria floral? Nã o
sei direito, mas com certeza tem alguma nota quente, sofisticada ao
fundo, é inebriante, limpo a garganta me concentrando em manter o
controle de tudo, pego a pasta e a coloco sobre a mesa.
— Espero que tenha gostado da escolha do lugar, — ela olha em
volta parecendo apreciar bastante — afinal, precisamos de privacidade
para acertar os detalhes. — Levo minha mã o direita para cima da pasta.
— Vejo que você é tã o organizado quanto apressado, senhor. —
Pelo seu tom, que já começo a diferenciar, sei que vem algo petulante. —
Eu ainda nã o te dei minha resposta, como sabe que teremos detalhes
para acertar?
— Um homem pode sonhar, minha linda. — Sorrio sedutor. — Mas
confesso que sim, gosto de resolver tudo rá pido, ainda mais quando é
algo... — olho maliciosamente para sua boca e deixo meu olhar cair para
os seus seios — que eu quero muito.
Sara fica com sua boca entreaberta, a deixei sem reaçã o com minha
resposta. Minha ninfeta gosta de provocar, vou mostrar para ela que esse
jogo pode ser para dois.
Logo o garçom chega para anotar os nossos pedidos, minha
acompanhante olha atentamente para o cardá pio, enquanto eu só
consigo admirá -la.
Porra, eu preciso me controlar.
Sara desvia seu olhar do menu, me pegando no flagra e eu
pigarreio...
— Você come carne? — questiono para disfarçar. — Sou fascinado
pelo Filet mignon com reduçã o de vinho tinto e cogumelos selvagens
que eles servem aqui.
— Como sim. Vamos de Filet, entã o? — Me devolve a pergunta e eu
aceno.
O Garçom anota e nos sugere um Barolo para acompanhar, um
vinho tinto italiano, perfeito para harmonizar bem com a intensidade do
prato. Aceitamos a sugestã o e ele se retira. A conversa flui de forma
natural, apó s alguns minutos abro a pasta e puxo os documentos sobre o
escrutínio do seu olhar.
— Sara, aqui está o documento que conversamos no sá bado,
gostaria que olhasse atentamente — início cauteloso. — Nele constam
todos os termos de forma bem clara para o nosso contrato de... — busco
uma palavra suave para o que isso significa — Conveniência. — Ela ri.
— Jura? Contrato de conveniência? — Aceno. — Para quem
exatamente?
Sara começa a folhear os papeis, olhando tudo com bastante
atençã o.
— Sério, Wladimir, o que vejo aqui é você tentando me controlar.
— Nã o é a minha intençã o — explico calmamente. — Sara, será
uma troca benéfica para ambos e isso, — aponto para os papéis — é
para nossa segurança.
Sei que sou repetitivo, mas ela precisa entender.
— Clá usula um: Nã o se apaixonar — lê em voz alta e me olha
debochada. — Sério? — Morde o lá bio segurando o riso. — Tirou isso de
qual comédia româ ntica?
— Acha que nã o consegue cumprir? — Sorrio presunçoso.
— Eu? Claro que consigo. — O sorriso em seus lá bios e a
espontaneidade para responder me incomoda um pouco, mas ignoro
essa merda. — E você, Wlad, vai conseguir? — Me encara desafiadora,
com o olhar em chamas.
Devolvo o olhar com a mesma intensidade, meu corpo reagindo a
tudo o que ela me faz sentir. Me inclino levemente sobre a mesa e minha
voz ressoa rouca.
— Eu nã o sei ser nada menos do que intenso, Sara, mas está tudo
sob controle, fique tranquila, me apaixonar nã o é uma possibilidade
nesta vida.
— Se você diz, entã o estamos seguros quanto a isso. — Volta sua
atençã o ao documento com um ar de riso. — Interessante... — sussurra.
— Clá usula dois: Sem cobranças, ciú mes ou demonstraçã o de afeto em
pú blico. Isso, — aponta na direçã o do termo que acabou de ler — serve
para nó s dois, correto?
— Sim. — Vejo refletir um brilho em seu olhar, mas nada me diz,
simplesmente volta para a sua aná lise.
Sara continua olhando o contrato, passando pelas clá usulas uma a
uma, vamos alinhando algumas questõ es, debatendo o que ela julga
exagero, como o termo em que diz que ela irá em uma ginecologista
escolhida por mim para iniciar o uso de um método contraceptivo.
— Eu já tomo pílula, senhor controlador.
— Há quanto tempo? — Uma dú vida surge e me sinto
desconfortável em perguntar, mas preciso. — Você tinha relaçã o sem
proteçã o com o seu ex?
— Nunca transei sem camisinha, Wladimir — diz séria. — Uso
pílula porque minha menstruaçã o sempre foi desregulada.
O alívio que sinto com essa informaçã o é tã o grande que quase
suspiro.
— Entã o você quer exclusividade? — indaga ao ver a clá usula a
seguir.
Que porra de pergunta é essa? É claro que eu quero.
Será que ela quer ficar comigo e outros homens ao mesmo tempo?
Será que ela está transando com alguém atualmente? E por que
essa merda incomodou tanto?
Vá rios questionamentos vagam por minha cabeça ao mesmo
tempo.
— Ciú mes, senhor cheio de si? — Sua pergunta me faz encará -la,
mas nã o consigo explicar o que estou sentindo por conta das minhas
dú vidas internas. — Cuidado, — se inclina um pouco sobre a mesa para
sussurrar — você está quebrando a clá usula dois do nosso contrato
antes mesmo de começarmos. — Sorri largamente ao falar, mas eu
prefiro explicar ao levar na brincadeira. Nã o posso deixar que crie
expectativas por confundir as coisas.
— Sara, vamos esclarecer uma coisa, eu nã o tenho um coraçã o
aberto a essas baboseiras, o ó rgã o em meu peito serve somente para
bombear sangue para o meu corpo. Me apaixonar nunca será uma
possibilidade e nã o sinto ciú mes de ninguém — Ela me encara de forma
indecifrável. — Eu chamo essa clá usula de zelo com o que será meu por
alguns meses.
Seus olhos voltam para os papéis, sinto que nã o gostou do meu
tom, mas nã o vou permitir que ela se iluda ao meu respeito, eu só vou
oferecer sexo e isso é a ú nica coisa que quero de volta.
— Interessante como pensou em tudo. — Pelo tom, parece que
pensou alto e mesmo nã o sendo uma pergunta, eu respondo.
— Gosto de ter tudo sob controle, Sara, entã o sim, procuro sempre
cobrir todas as possibilidades.
— Você já fez isso antes? — pergunta receosa.
— Nã o, nunca — esclareço rá pido demais para o meu gosto e ela
acena sorrindo sem mostrar os dentes.
— Juro que se você nã o me dissesse que gosta de ter controle
sobre tudo, eu nem saberia, Wladimir — debocha.
— Sinceramente, acho que você gosta tanto quanto eu, — me
inclino como ela fez para sussurrar — mas na cama você gosta de ser
mandada que eu sei. — Ela solta um “porra” baixinho, quase inaudível e
eu rio. — Isso vai ser interessante, nã o acha?
Minha garota morde o lá bio e sinto vontade de arrastá -la para a
merda do banheiro. Porra, estou parecendo um maldito moleque que
nã o consegue controlar os hormô nios. Como em um timing perfeito a
nossa comida chega, realmente precisava mudar o rumo dos meus
pensamentos antes que fizesse uma besteira. Deixamos o contrato de
lado um pouco e durante a refeiçã o conversamos sobre assuntos
aleató rios,
Sara me conta que hoje de manhã sua irmã aprontou na escola, na
aula de artes de hoje teve um trabalho de pintura criativa e a pequena
travessa convenceu a amiguinha de que o trabalho delas seria o melhor
da turma se ela pintasse o cabelo da menina bem colorido. Entã o elas
foram para um canto escondido e Liz literalmente fez a sua arte.
Resultado: A menina chorando muito porque a tinta secou e elas
nã o conseguiam tirar.
— Terei que conversar muito sério com ela e castigá -la. — Suspira
entristecida. — Nã o gosto de fazer isso, mas ela precisa entender que o
que fez é errado. Minha irmã é muito esperta, Wlad, — diz pensativa —
ela sabia que estava fazendo coisa errada, tenho certeza, e mesmo assim
fez.
— Sara, ela é uma criança, isso é comum acontecer. Vitor me deu
muito trabalho na idade dela, era arteiro e dissimulado, fazia merda e
depois fingia que nã o tinha feito nada, mas eu conhecia meu filho, sabia
quando estava mentindo ou escondendo algo. — recordo com saudades
desse época — Converse com ela, mas te garanto que essa fase vai
passar.
— Deve ter sido muito difícil criar uma criança sozinho. — Merda,
um gatilho é acionado em minha cabeça. — Mas você fez isso muito bem,
Vitor é um ser humano incrível.
Sua fala traz Susie a minha mente, imagino minha mulher me
julgando, perguntando que tipo de homem eu me tornei para fazer um
acordo sexual com uma menina que tem idade para ser minha filha. Pego
a taça de vinho e entorno o líquido de vez, voltando a enchê-la e
bebendo mais um longo gole, buscando desesperadamente me manter
no controle.
Capítulo 18

Caralho, eu precisava muito de algo mais forte agora.


— Está tudo bem? — Sua voz suave chama a minha atençã o.
— Sim. — Minha voz sai um pouco ríspida. — Já terminou?
Podemos voltar ao contrato?
Ela acena, porém o jeito que me olha, com o cenho franzido e com
a cabeça levemente inclinada para o lado, tenho certeza de que
estranhou minha mudança repentina, mas é algo que nã o consigo evitar.
Eu sei que ela nã o tem culpa de nada, mas minha mente é fodida demais,
a culpa é uma merda.
— Perfeito. Dê uma olhada por favor na ú ltima clá usula... — Pego o
contrato novamente e entrego em suas mã os. — E depois vamos
conversar sobre o outro documento anexado a ele.
— O que significa isso, Wladimir? Medo da concorrência? — Sua
expressã o é de puro deboche. — Quer dizer que é estritamente proibido
que eu saia e/ou mantenha qualquer tipo de relacionamento com outro
homem, exceto por motivos de trabalho ou... O que você julga como
compromissos essenciais?
— Médico, por exemplo — respondo seco. — E sim, essa clá usula é
muito séria e nã o é negociável.
— Alguma delas é?
— Nã o, ajustável talvez, como a do ginecologista por exemplo, mas
nã o vou retirar nenhuma delas.
— Exatamente como imaginei. — Suspira. — Mas tudo bem, só
achei interessante a sua forma de camuflar o seu lado ciumento através
de uma clá usula, muito inteligente. — Ignoro suas palavras de
provocaçã o, até porque ela nã o está completamente errada, só a parte
do ciú me, pois na realidade é só possessividade.
— Sara, espero que tenha ficado claro que eu nã o sou homem de
dividir o que é meu e pelo tempo que esse contrato durar, — passo a
língua pelos lá bios que parecem secos — você será minha, só minha.
Seu rosto assume uma coloraçã o vermelha e sei que minhas
palavras a atingiram tanto quanto a mim mesmo.
— Falando no tempo, vi aqui que você nã o colocou exatamente o
período que conversamos.
— Sim, coloquei três meses podendo ser renovado de forma
automá tica por mais três meses. — A verdade é que quando fui ler o
documento que meu advogado redigiu e vi aquele período ali, 90 dias,
me pareceu muito pouco para abrir mã o dela, entã o pedi para que ele
fizesse essa pequena alteraçã o. — Claro, se isso for do interesse de
ambos, jamais obrigaria você a nada.
— Entendi. — Ela passa para a pró xima folha e chega ao
documento anexado ao contrato e me olha confusa. — Termo de
confidencialidade?
— Sim. Sara, isso foi uma exigência do meu advogado, segundo ele
é extremamente necessá rio para a nossa segurança.
— Nossa? E é por isso que eu pago uma multa de 3 milhõ es a você
caso eu conte para alguém sobre a gente? Por que isso é para a nossa
segurança? — questiona visivelmente irritada. — Para mim, Wladimir,
você tem medo de que eu espalhe por aí que o todo poderoso e
respeitado CEO da Seduction Lounge de Las Vegas está propondo um
contrato de sexo sem compromisso para uma, — me encara por um
tempo — ninfeta. Nã o é assim que você me chama?
— Sara... — chamo seu nome em tom de alerta, ela está levando
para um lado desnecessá rio, entã o ela me interrompe.
— Foda-se Wladimir, se eu concordar com essa sandice toda, eu
nã o me importo de assinar essa merda. Eu nã o contaria nada para
ninguém mesmo, ou você pensa que eu me orgulho de estar fechando
algo assim contigo? — fala ríspida.
Suspiro e opto por desviar parcialmente o foco do assunto.
— Você tem alguma dú vida? — De cara fechada ela só acena que
nã o, entã o continuo. — Ó timo, agora vou te explicar algumas questõ es
que nã o constam aí, mas antes, Vitor ligou, disse que Grace já foi
operada.
— Sim, eu sei, passei uma boa parte da madrugada em uma
chamada de vídeo com ele. — O sorriso que dá de maneira espontâ nea
ao falar do meu filho parece fazer ela esquecer que estava chateada, e
isso me causa uma pontinha de inveja dele, ela sorri para mim, mas
nunca assim. — Estou com tanta saudade daquele chato. Mas sobre que
questõ es quer falar?
Explico que já estou providenciando um apartamento para nos
encontrarmos depois que meu filho retornar e a questiono sobre seus
limites.
— Limites? — pergunta confusa.
— Sim, Sara. O que você nã o está disposta a fazer no sexo? — Levo
minha taça de vinho a boca.
— Nã o parei para pensar nisso, mas anal é algo inviável contigo.
Engasgo com a quase gargalhada que dou e assim ela faz dispersar
completamente o clima pesado que o assunto anterior tinha deixado.
— Porra. — Limpo minha boca com o guardanapo. — Garota, você
é surpreendente. Mas se for esse o seu receio, deixa isso comigo. —
Pisco para ela rindo. — Algum outro?
— Nã o tenho nenhum em mente.
— Entã o eu posso te amarrar, bater, chicotear? — Penso em como
seria levá -la ao terceiro andar da minha boate e meu amigo se anima ali
embaixo.
— Continuo sem pensar em nada que seria um limite rígido para
nó s.
Caralho, essa mulher fode comigo sem nem encostar em mim,
arrasto minha cadeira para perto dela, mandando para a puta que pariu
qualquer regra de etiqueta e enfio minha mã o entre seus fios, levando
minha boca a centímetro da sua...
— Estou louco para te mostrar o meu pior, garota. — Passo a ponta
da minha língua em seus lá bios. — Eu nã o sou um príncipe encantado,
Sara.
— E quem disse que eu busco por um? — Sua voz sai sussurrada,
seu há lito misturado ao vinho me alcança. — Nã o gosto dos bonzinhos,
Wlad, eles têm cara de socar fofo, prefiro os lobos maus, — desfaz a
distâ ncia mínima que ainda existia entre nossas bocas e morde meu
lá bio inferior — feito você.
— Porra. — Beijo seus lá bios buscando ensandecido por sua
língua e a safada chupa a minha ao mesmo tempo em que aperta meu
pau duro por debaixo da mesa, me arrancando um gemido. — Assina
logo essa merda, Sara, eu preciso sair daqui contigo.
— Eu ainda nã o me decidi.
— Um caralho que nã o, sua safada. — Ela ri sabendo do poder de
seduçã o que tem sobre mim.
Toda a discussã o acontece com nossas bocas grudadas, buscando
uma à outra com uma fome desenfreada, esquecendo completamente do
ambiente em que estamos. Me afasto dela com dificuldade, bebo mais
um gole da minha bebida e juro que preciso do meu whisky.
— Tudo bem, eu aceito. — Sinto um tom de “porém” em sua
resposta, entã o aguardo — Mas, com uma condiçã o.
Sabia.
— Qual?
— Quero meu emprego de volta.
Olho para ela, ponderando o seu pedido, eu nã o quero a minha
garota sensualizando para aqueles filhos da puta, mas sei que
entraremos em uma discussã o sem fim se eu disser isso ou qualquer
coisa contra, entã o jogo ao meu favor, mesmo sabendo que isso vai dar
merda depois.
— Ok, vou providenciar seu retorno à boate. — Mas nã o disse em
que funçã o, isso eu deixo para o meu eu do futuro lidar. — Porém terá
que seguir as minhas regras.
— Sabe o que dizem sobre regras? — fala com um ar travesso e
aguardo que diga. — Que elas servem para serem quebradas.
Sorrio com a excitaçã o que corre em minhas veias passando por
todo o meu corpo, algo gostoso de sentir, diferente de tudo que já vivi.
— Nã o as minhas, ninfeta. — Correspondo a sua provocaçã o e
pego uma caneta em meu paletó para ela.
— Se você diz... — Responde atrevida ao aceitar a caneta que
ofereço.
Observo enquanto Sara assina e tudo que passa pela minha cabeça
é o quã o maluco eu sou por ter colocado essa ideia de Max em prá tica,
mas que ele tem razã o, talvez isso seja tudo o que nó s dois precisamos
para nos livrarmos desse desejo cru e latente que sentimos um pelo
outro. Ela me entrega o contrato assinado.
Está feito.
Agora vou me entregar a este tesã o insano, afinal, nã o tem como
nada sair errado com esse contrato.

— Sarinha. — Ouço a voz do meu bartender e quando olho ele já


está girando a minha garota no ar.
Que porra de intimidade é essa?
A boate ainda nã o está aberta e a ú nica movimentaçã o aqui sã o
dos poucos funcioná rios que vem antes do horá rio de funcionamento
para colocar tudo em ordem para o show da noite. Depois que
terminamos de conversar no restaurante, chamei Sara para vir a boate
porque precisava pegar uns documentos e daqui iriamos para casa.
Preciso me enterrar em sua boceta, finalmente desfrutar do nosso
acordo.
Como se não tivesse transado com ela o final de semana todo. —
meu subconsciente lembra e eu o ignoro.
— Que saudades, princesa. Me dê uma boa notícia... Voltou? —
Encosto na parede com os braços cruzados, puto pra caralho, só
observando essa interaçã o entre eles.
— Oi Josh, como você está ?
— Sara, nã o tenho todo tempo do mundo — falo alto de propó sito,
assustando aos dois que provavelmente acharam que eu tinha seguido
para o meu escritó rio e deixando claro a minha irritaçã o pelo meu tom
de voz. — Josh, seu expediente já acabou? — questiono ironicamente.
— Nã o senhor Novak, desculpe — o rapaz começa a se explicar. —
Eu vi a Sarinha e... — O encaro com cara de poucos amigos.
— Nã o te pago para me dar desculpas, volte a trabalhar. — A
minha ninfeta cruza os braços, acho que tentando me intimidar. — Sara,
na minha sala, agora. — Me viro e saio sem esperar por sua resposta.
— Desculpe Sara, espero que isso nã o atrapalhe o seu retorno. —
De onde estou escuto Josh falar baixinho.
— Nã o atrapalhou em nada, ele que é um velho rabugento. — A
atrevida fala pouco se importando se estou escutando ou nã o.
Estou recostado pró ximo de uma pilastra no corredor, me
mantendo escondido e vejo quando ela manda um beijo no ar para o
moleque e vem ao meu encontro.
Ah, você vai se arrepender, sua abusada.
Assim que entra no corredor que dá para o meu escritó rio a puxo
pelo braço e imprenso seu corpo na parede.
— Nã o tem nem uma hora que assinou o contrato e já está
descumprindo uma das clá usulas. — Minha mã o direita segura seu
queixo, mantendo seu rosto imó vel em minha direçã o e a esquerda está
em sua cintura, em um aperto firme.
— Acho que você também está , titio. — Debochada do caralho. —
Ah, e eu esqueci de te falar, nã o sou muito obediente.
— Nã o se preocupe, ninfeta, vou te ensinar a me obedecer.
Sem que ela espere a jogo em meu ombro, a ouvindo gritar pelo
susto e ao invés de entrar em meu escritó rio, a levo para o terceiro
andar, mas nã o vamos na direçã o do pecado, nã o, seguimos na direçã o
contraria, indo para a minha suíte.
— Me solta, Wladimir. — Soca minhas costas, mas nã o sinto
absolutamente nada. — Me coloca no chã o seu infeliz.
— Eu vou te soltar, safada, mas só depois de te ensinar que você é
minha.
Sara grita xingamentos por todo corredor.
— Algum problema aqui? — Ouço Max e ao olhar em sua direçã o
vejo o divertimento em seu olhar.
— Meu Deus, que vergonha. Eu vou te matar, seu ogro. — Sara
resmunga.
Estou com minha mã o em sua bunda, mantendo o vestido no lugar,
tampando o que só meus olhos podem desfrutar.
— Nenhum, Max, só vou colocá -la de castigo, muito malcriada. —
Pisco para o meu amigo que ri balançando a cabeça e sai.
Capítulo 19

Ao entrar na minha suíte caminho sem pressa com a abusada


ainda em meu ombro e me sento na beirada da cama, a coloco de bruços
sobre o meu colo e a imobilizo com minha perna por cima do seu corpo,
levanto o seu vestido apreciando muito o que vejo, abaixo sua calcinha e
acaricio sua bela bunda.
— Isso é para você aprender a respeitar os mais velhos, minha
safada.
— Vai se foder — ela grita.
— Ah, pode deixar, nó s dois vamos e muito durante esses meses.
Entã o sem aviso prévio dou o primeiro tapa e acaricio o local em
seguida, Sara grita quando minha mã o esquenta em sua pele, quando
dou o segundo, o grito sai em forma de gemido e tenho certeza de que
ela sentiu uma ardência gostosa. Vejo quando se remexe em meu colo
tentando aplacar sua excitaçã o ao esfregar as pernas, está com tesã o.
— Eu ainda vou foder muito esse rabo.
— Sonha — a danada responde com sua voz rouca.
Sorrio ao confirmar, ela está excitada.
— Me diz por que estou te castigando, Sara?
— Porque você é um troglodita escroto.
— Resposta errada. — bato mais uma vez em sua bunda com mã o
aberta, vendo sua pele deliciosamente avermelhada — Vamos tentar
mais uma vez, Ninfeta — acaricio onde bati — A quem você pertence?
— A ninguém.
— Tã o teimosa.
Sem aviso dou outro tapa, e outro, outro...
— Aaaah porra — ela geme.
— A quem? — minha voz sai rouca e meu pau já está duro
ansiando para entrar nela.
— Você, merda. — grita ofegante, tentando esfregar as pernas, mas
nã o permito — Eu sou sua.
— Isso, você é minha, toda e somente minha, Ninfeta.
Admiro sua bunda toda vermelha, com a marca da minha mã o,
caralho, que delícia... Levo dois dedos para dentro da sua boceta a
sentindo encharcada e a desgraçada lateja ao ponto de eu sentir.
Porra, sou capaz de gozar feito um adolescente só com isso.
Em um movimento rá pido a tiro da posiçã o em que estava, viro seu
corpo de frente para o meu e a sento em meu colo, com uma perna de
cada lado.
— Entã o nó s temos uma putinha que gosta de apanhar aqui, —
beijo sua boca, mordiscando seu lá bio — você nã o decepciona em nada,
minha linda.
Levanto com ela no meu colo e a deito na cama, com meu corpo
por cima do seu.
— Eu nã o quero nenhum babaca com demonstraçã o de intimidade
contigo, está me ouvindo — falo olhando dentro dos seus olhos.
— Esse contrato nã o te dá direto de mandar em mim, Wladimir. —
Me enfrenta. — Esquece se acha que vai me controlar.
— Paga pra ver, garanto que vai se arrepender, e depois nã o
adianta me odiar — aviso.
Tiro seu vestido me deliciando com a visã o e arrebento sua
calcinha em um ú nico puxã o, arreganho suas pernas para mim, e porra,
que boceta linda, lisinha, rosada.
Ela é toda linda.
Esfrego meu nariz em sua carne molhada, querendo impregnar seu
cheiro em mim.
— Caralho, acho que estou viciado em você — declaro sem
conseguir me controlar.
Enfio minhas mã os embaixo da sua bunda erguendo seu corpo
para mim, dando uma lambida em seu cu, enlouquecido, beijando seu
buraquinho com devoçã o, como se estivesse em seus lá bios e Sara grita
alucinada, vou para a sua boceta a fodendo com a minha língua, enfiando
vá rias vezes em seu canal, fazendo minha mulher se contorcer de prazer.
— Aaaaah, Wlad, porra — ela geme rouca.
— Eu amo te chupar, você é tã o gostosa. — Minha boca saliva só de
olhar os lá bios rosados brilhando pela excitaçã o.
Devoro seu grelo, esfomeado, Sara começa a se esfregar em meu
rosto, buscando sua libertaçã o, e eu mamo com vontade, levando minha
língua para dentro da sua boceta, sugando seu sabor e voltando para o
seu clitó ris, chicoteando seu nervo sensível, chupando alucinado,
ansiando por seus gemidos, por ouvir meu nome saindo de sua boca.
Subo minha mã o encontrando seu seio, massageio a carne macia, belisco
seu biquinho e a sinto estremecer quando giro minha língua em seu
canal, enfio meus dedos em sua boceta em um ritmo ensandecido e volto
a mamar seu grelo.
— Wlad, aaah, eu vou... Isso — geme alucinada e se liberta em
minha boca.
Bebo cada gota do seu gozo, louco pelo que essa mulher me faz
sentir, hipnotizado ao vê-la assim depois de ter um orgasmo. Fico de
joelhos na cama e seus olhos vã o direto para o meu pau que está ao
ponto de rasgar minha calça.
— Wlad, eu preciso sentir o seu gosto — me pede com essa
carinha de anjo e lambe os lá bios.
Puta que pariu, eu já disse que ela vai ser a minha ruína?
Abro os botõ es da minha camisa, jogando a peça no chã o, em
seguida tiro a calça junto com a box e meu membro salta para fora,
totalmente rígido, em toda sua potência. Minhas bolas estã o pesadas
tamanho é o meu tesã o por essa mulher.
Paro em frente a cama e a chamo, o olhar de Sara em meu corpo
queima de tesã o e quando seus olhos param na direçã o do meu membro,
a minha ninfeta passa a língua pelos lá bios causando um espasmo no
meu pau e ela dá um sorrisinho, entendendo bem o que me faz sentir.
Minha safada fica de quatro e vem na minha direçã o, envolve meu pau
com sua mã o fazendo um movimento de vai e vem apertando na medida
certa, me torturando da forma mais deliciosa que existe. Sara sai da
cama e se ajoelha na minha frente e passa a língua na cabeça inchada,
limpando até o ú ltimo vestígio do meu pré-gozo, entã o me engole o
má ximo que consegue e porra, trinco os dentes ao sentir sua boca
quentinha e macia mamando gostoso.
— Ah, tã o perfeita... — Jogo a cabeça para trá s, fechando os olhos.
Sara usa a mã o direita para auxiliar onde sua boca nã o alcança, e
porra estou alucinado com a sua maciez e quentura, a outra mã o ela
massageia minhas bolas e que sensaçã o do caralho.
— Isso minha putinha, abre a boquinha pra mim, me deixa foder
com vontade — peço, mas seria capaz de implorar se fosse preciso.
Minha garota se levanta me deixando confuso por alguns segundos
e entã o ela se deita na cama, com a cabeça inclinada para fora do
colchã o.
— Vem, fode como você quiser.
— Porra, minha ninfeta, assim eu nã o vou conseguir te liberar no
fim do contrato. — Ela ri toda provocante e abre a boca.
Fico com o pé esquerdo no chã o e o direito apoio na cama, início
com movimentos lentos, entrando e saindo, a forma que meu pau entra
em sua boca é fodidamente perfeita, sinto como se a sua boquinha
tivesse sido moldada para me receber, como se eu estivesse no paraíso.
Sara coloca a língua para fora, fazendo uma sucçã o sempre que a
cabeça do meu pau sai da sua boca, saio lentamente curtindo todas as
sensaçõ es que ela me causa e invado até ela engasgar. Olho para a minha
garota completamente nua, a boceta lisinha, os seios do tamanho
perfeito para a minha mã o, minha boca, sua pele clara toda marcada por
mim, porra, que tesã o em vê-la assim...
Apoio minha mã o no colchã o ao lado da sua cabeça para melhorar
o equilíbrio e movimento meu quadril para frente, metendo com
vontade, feito um verdadeiro animal. Deslizo o má ximo do meu pau para
dentro da sua boquinha, sentindo a ponta da cabeça bater em sua
garganta e é foda demais ouvi-la engasgando, ver as lá grimas que saem
dos seus olhos.
— Isso vadia, me engole todo. — Diminuo um pouco a velocidade,
mas continuo empurrando profundamente. — Porra, que delícia, como
você chupa gostoso. — Minha voz está irreconhecível.
Minha garota leva as mã os para a minha bunda e começa a
impulsionar ainda mais meu quadril para frente, caralho, ela é perfeita
demais.
Volto a meter descontrolado sentindo meu membro todo babado,
deslizando profundamente em sua garganta, sua saliva escorrendo, seu
rosto todo vermelho e a respiraçã o ofegante, sério, ela nunca esteve
mais linda do que neste momento. Me sinto necessitado de tê-la assim,
me chupando até o limite. Sara me engole com os olhos conectados aos
meus o tempo todo e isso me faz chegar ao limite.
— Sara, eu vou gozar...
Obvio que quero que ela beba meu leite todo, mas aviso caso
queira se afastar, e a safada simplesmente me segura pela bunda
novamente e essa sua atitude foi como jogar gasolina no fogo, me
incendiando por completo, me fazendo explodir em sua boca, gozando
forte, causando espasmos no meu corpo, tamanha é a intensidade.
Me deito na cama e puxo seu corpo para cima do meu, preciso
senti-la perto. Fecho os olhos, tentando controlar a minha respiraçã o,
porra, acho que do coraçã o eu nã o morro, me sinto meio que em outra
dimensã o ainda.
Que boquete foi esse?
Quando abro os olhos e a encaro, ela me hipnotiza, é como se me
sentisse preso por alguns segundos, sem ter controle para desviar. Essa
mulher é perigosa, preciso tomar cuidado. Filha da puta sexy do caralho.
Sara sobe mais o corpo, aproxima sua boca da minha em um
selinho demorado e acaricia meu rosto.
— Sério, acho que desloquei o maxilar.
Gargalho.
Acho incrível como ela tem esse poder, de me fazer rir com tanta
facilidade.
— Você nã o existe, Sara — falo dando um tapa em sua bunda.
— Eu existo sim, o que nã o é normal existir é esse mutante no
meio das suas pernas. — Faz uma careta. — Sério, como você consegue
carregar? Olha, — aponta para o meu pau — até meia bomba é enorme.
— Nã o lembro de te ouvir reclamar — provoco.
— Eu reclamar? Tá maluco? — Morde o lá bio. — Quero mais é que
você me arrebente toda...
— Porra, garota, desse jeito vai ser difícil manter minhas mã os
longe de você e nó s nã o podemos passar seis meses só transando.
— Nã o? — Faz biquinho. — Que pena. Achei que iria chegar ao fim
desse nosso contrato sem conseguir andar direito.
— Se é isso que você quer, nã o será um problema, minha safada. —
Enfio o rosto na curva do seu pescoço e mordo.
Me levanto sob o seu olhar curioso, vou até onde guardo meus
“brinquedos”.
Quando eu perguntei para ela se poderia bater, chicotear e amarrar,
nã o foi à toa... Sou um homem muito ativo sexualmente, e apesar de nã o
me considerar um dominador, nã o sou muito adepto do sexo comum,
faço també m, mas prefiro uma atividade mais intensa, como breath
control[3], mas isso já ofereci uma pequena amostra para ela, poré m,
també m curto cordas, chicotes e outros apetrechos.
Quando Sara vê o que trago para a cama seus olhos arregalam.
— Aquele papo de quais eram os meus limites eram sérios?
— Por quê? A sua resposta nã o foi?
Ela nã o me responde, mas percebo um misto de sentimento a
percorrendo como uma corrente elétrica, ao mesmo tempo que ela
parece hesitar, seus olhos possuem um brilho de curiosidade e luxú ria.
— Gostaria de tentar algumas coisas, você está disposta? —
Acaricio seu rosto. — Se qualquer coisa for demais para você é só me
mandar parar.
— Tudo bem.
Ao receber sua resposta devoro seu corpo com os olhos e nã o
perco mais tempo, tomo sua boca em um beijo voraz, mordo seu lá bio,
seguindo para o maxilar, lambendo, chupando, devorando todo pedaço
de pele, chego ao seu mamilo e o sugo com vontade, maltratando o
biquinho com meus dentes arrancando gemidos altos da minha garota.
Porra, ela é tã o gostosa.
Subo mordiscando até chegar em seu ouvido e ordeno.
— Fica de quatro.
Pego a corda ao seu lado e sinto sua respiraçã o ofegante, mas ela
vai ver que se sentir privada de um dos seus sentidos deixará tudo mais
intenso.
— Confie em mim, garanto que vai ser a melhor experiência da sua
vida, mas preciso que relaxe. — Aviso fazendo um carinho em sua
bunda. — Agora deita a cabeça no colchã o, empina bem sua bunda e
coloque os pulsos para trá s.
Passo a corda pelo seu pulso, fazendo as voltas e nó s necessá rios
para a té cnica ushiro[4], mantendo suas mã os bem presas, mas nã o
aperto ao ponto de machucar.
Abro mais suas pernas a deixando arreganhada para mim e porra,
que visã o do caralho. Dou um tapa de mã o aberta na sua boceta a
pegando de surpresa.
— Wlad. — Meu nome sai de sua boca em um gemido alto.
— Você tinha que se ver assim, Sara. — Passo minha língua indo do
seu grelo inchado até o seu cu e ela estremece gemendo alto. — Porra,
juro que é a visã o mais linda que já vi.
Me afasto rapidamente para pegar a camisinha e volto, a colocando
sem deixar de admirá -la um segundo sequer, bombeio meu pau
hipnotizado com a excitaçã o que escorre entre suas pernas. Me
aproximo e sem conseguir esperar mais nenhum segundo, enfio até o
talo.
Um gemido escapa pelos meus lá bios, gutural.
— Caralho, tã o apertada.
Minha voz sai profundamente rouca.
Seguro um punhado do seu cabelo, os enrolando em meu punho e
com a outra mã o seguro a corda e meto, arregaçando com vontade a sua
bocetinha, ouvindo seus gemidos que só me impulsionam a continuar.
— Porra Wlad, mais forte, por favor.
Puta que pariu, ouvir Sara implorando desse jeito...
Se eu nã o fosse experiente e conseguisse me controlar, isso me
levaria ao limite fá cil.
Solto a corda e me curvo um pouco, levando minha mã o ao seu
pescoço e o aperto interrompendo seus gemidos, quase a privando de
respirar.
Dessa vez aperto mais forte, realmente como gosto.
— Está demais para você?
Ela acena que nã o.
Levo minha outra mã o ao seu clitó ris e massageio intensamente
seu nervo inchado, estocando em sua boceta rá pido, duro, fundo, sinto
suas paredes internas estrangularem o meu pau, me enlouquecendo.
— Porra, como você está melada.
Mordo sua nuca, suas costas, seu ombro a deixando toda marcada
pelos meus dentes, meus chupõ es...
A desgraçada impulsiona o corpo para trá s, rebolando, buscando
por sua libertaçã o e meus olhos reviram, nunca senti tanto tesã o.
Ela me olha de lado, seus olhos estã o vidrados, intensos, seu rosto
está vermelho, ela está entre o sufocamento e o prazer, eu sei, entã o suas
costas arqueiam e seu corpo todo estremece.
— Isso, deixa meu pau todo melado, minha putinha.
Sei que ela quer respirar, mas continuo privando seu ar,
prologando seu clímax e incrivelmente ela mantém a calma, confiando
em mim como pedi. Quando seu corpo vai parando de tremer afrouxo o
aperto e acaricio o local.
Continuo metendo a ouvindo tossir.
— Respira, devagar. — Forço minha voz para orientar, porque
estou no meu limite.
Seguro sua cintura impulsionando seu corpo para frente,
estocando com força uma, duas, três vezes e gozo.
— Caralho.
Encosto minha testa nas costas dela, respirando ofegante.
— Isso foi... — ela diz tã o ofegante quanto eu.
— Incrível pra caralho.
Me levanto, desamarro seus pulsos e a deito de bruços.
— Relaxa, minha linda, vou cuidar de você.
Começo a massagear seus pulsos, seus ombros, costas, cuidando
do seu bem-estar depois do sexo incrível que fizemos, olho as marcas
que deixei em seu corpo e me sinto como um homem das cavernas, um
sorriso desponta em meus lá bios, gostando do que vejo. Me deito e a
puxo para o meu peito, acariciando suas costas.
— Está tudo bem?
Pergunto preocupado porque hoje eu me mostrei de verdade e sei
que isso é novo para ela, mesmo que nã o tenha me falado em palavras.
— Tem como nã o está ?
Sorrio satisfeito.
— Hum, entã o eu tenho uma grande safada ao meu lado? Que sorte
a minha.
— Que sorte a minha ter um sugar daddy com tanta disposiçã o só
para mim — provoca.
— Sugar daddy? — A olho divertido. — Vou te mostrar quem é o
coroa aqui...
Mudo nossa posiçã o e começo a fazer có cegas em sua barriga
arrancando gargalhadas profundas da minha garota e me dou conta que
há muito tempo nã o me sentia assim tã o leve com alguém. Aproximo
meus lá bios dos seus e a beijo, mas dessa vez é suave, explorando cada
canto da sua boca sem pressa, misturando nossos gostos e porra, esse é
o melhor sabor do mundo.
— Você é minha, Sara, toda minha. — Beijo seu pescoço, queixo,
maxilar. — E eu vou fazer valer a pena cada segundo dos seus pró ximos
meses em minha cama.
E isso nã o era só uma declaraçã o, mas também uma promessa.
Capítulo 20

Um mês depois

Meu ú ltimo mês foi estranhamente delicioso, desde que assinei o


tal contrato de conveniência com Wladimir estamos transando até a
exaustã o todas as noites e sou acordada da melhor forma também, o
homem gosta de foder de um jeito bruto, selvagem e eu nã o estou
reclamando.
Que Deus o preserve assim.
Outra grata surpresa é a sua capacidade de ser uma pessoa
agradável no dia a dia, na cama tem pegada, é bruto de um jeito
excitante, focado em me satisfazer de todas as formas, mas fora dela é
cuidadoso, gentil do jeito dele. Conversamos bastante esses dias, me
perguntou muitas coisas sobre a minha vida, meus sonhos, sobre meus
pais, minha irmã , até sobre Adam quis saber, e foi visível que o assunto o
incomodou, só nã o falou muito sobre ele, respondeu todas as minhas
perguntas de forma rasa, mesmo assim estou muito feliz com a nossa
dinâ mica.
Tenho falado com meu amigo todos os dias, estou morrendo de
saudades daquele safado, mas entendo sua preocupaçã o com sua avó
materna, pelo que me contou Grace tem uma pessoa que fica com ela,
mas Vitor é cuidadoso demais com todos que ele ama e nunca deixaria
sua avó em uma situaçã o delicada. Ele quis trazê-la para Las Vegas, mas
a mulher nã o aceitou sair de Nova York, dizendo que sua vida e suas
coisas estã o lá . Graças a Deus ela está se recuperando bem.
Eu e Wlad criamos uma rotina, ontem apó s nosso sexo matinal,
tomamos banho juntos, como fazemos sempre que dá tempo e descemos
para o nosso café da manhã , que também preparamos juntos e em
seguida fomos buscar Liz. Assim que chegamos em casa chamei a
pequena para conversar sobre sua mais nova arte na escola, mesmo
Wlad tentando me convencer a nã o puni-la novamente, pois segundo ele
isso era coisa de criança, contudo, sei que a carinha de anjo dela já
deixou o homem rendido aos seus encantos e ela está cada vez mais
travessa, se eu nã o corrigir agora tenho receio que perca o controle
depois.
A lembrança recente do seu rostinho triste com o castigo que dei
me invade...
“— Liz, você sabe que sua atitude com a Evy foi errada, né?
— Maninha... — tenta se explicar.
— Não tem justificativa, Liz — falo firme.
— Desculpa, maninha — diz cabisbaixa e parte o meu coração, mas
como disse, conheço a peça.
— Desculpo, mas sabe que vai ter uma pequena punição por isso... —
Ela acena de cabeça baixa. — Sem sobremesa esse final de semana inteiro,
ok?
Liz me olha com os olhos marejados, Wladimir sussurra em meu
ouvido me chamando de sem coração, mas mantenho posição.
— Tá bom, maninha. — Suspira triste.”
Saio da recordaçã o ao olhar para as poltronas ao lado da minha e o
sorriso sai de forma involuntá ria.
— Olha, olha tio Wadimir, a Elsa vai fazer o castelo de gelo agora.
— Liz o chama eufó rica e ele sorri para a pequena.
Estamos assistindo Frozen pela segunda vez neste final de semana,
a pedido da minha irmã , e a criança age como se nunca tivesse assistido,
e o engraçado é que Wladimir segue o mesmo caminho, fingindo que
nã o sabe exatamente o que vai acontecer.
— Será que ela vai fazer de um formato diferente dessa vez,
princesa? — ele responde fantasiando e Liz o olha encantada.
— Nã o titio, — minha irmã diz sorrindo radiante — vai ser
igualzinho da outra vez.
Fico observando calada a interaçã o deles e uma sensaçã o boa
aquece meu peito, Wladimir é uma pessoa incrível quando quer. Minha
irmã passa o filme inteiro tagarelando, explicando as cenas, vez ou outra
soltando suas pérolas, nos arrancando risadas e todo o cená rio me faz
sentir em casa, me traz uma impressã o de normalidade, como se já
vivêssemos isso há muito tempo.
Cuidado, você sabe que isso tudo é temporário e ele só está sendo
gentil com a sua irmã — minha mente me avisa.
Solto um suspiro audível com o alerta da minha consciência e sinto
um olhar sobre mim, sei exatamente a quem pertence, mas prefiro
ignorar, direciono meu olhar para a grande tela a frente, vejo que o filme
já está no final, e neste momento minha irmã boceja esfregando os
olhinhos.
— Preciso levá -la em casa.
— Ou... — a voz de Wladimir ressoa em tom divertido. — Podemos
ir lanchar e depois levamos ela.
— Sim, sim, sim titio... — Liz que até entã o estava super
concentrada no seu filme preferido agora pula em cima da poltrona toda
empolgada. — Você é o melhor do mundo todinho, tio Wadimir.
— Sou o melhor do mundo é? — Wlad começa uma sessã o de
có cegas em minha irmã que se debate entre altas gargalhadas, tentando
escapar. — Eu sou o ú nico, princesa, nã o aceito outro em sua vida,
ouviu? — ele brinca com ela.
— Para titio, para... Tá bom, tá bom — ela concorda com ele, nó s
três rindo e eu apaixonada por toda a cena.
Wladimir para e a pega no colo em um abraço que imediatamente
foi retribuído por minha irmã .
— Tem certeza, Wlad? Nã o vamos te atrapalhar? — Ele acena que
nã o. — Entã o, ok, podemos ir — respondo feliz.
Pego a mochila da minha pequena e saímos, Liz no colo de
Wladimir, os dois rindo, brincando e ver ele todo atencioso com ela faz
meu coraçã o acelerar. Sei que nã o devo me deixar envolver
emocionalmente, mas vê-lo tratar minha irmã assim mexe demais
comigo. Entramos no carro e opto por empurrar esses pensamos
inoportunos para o fundo da minha mente, afinal, nã o posso dar voz a
nada disso.
Já no restaurante abro o cardá pio em frente a Liz e os olhos da
menina sã o atraídos diretamente para as sobremesas.
— O que você vai querer, meu amor? — pergunto já sabendo o que
ela vai tentar pedir.
— Hummm... Essa tortinha cheia de moranguinhos tá tã o bonita.
— Seus olhos brilham ao falar. — Posso titio? — Essa pequena
manipuladora pede a quem ela sabe que convence rá pido.
Mesmo conhecendo Wladimir a pouco tempo ela já sabe que o tem
nas mã os e que dele consegue qualquer coisa.
— Pode sim, minha princesa, tudo o que você quiser. — Ela sorrir
largo, se achando vitoriosa.
— Claro, meu amor, pode tudo, menos sobremesa — corto o seu
barato. — Lembra, mocinha?
— Poxa, — faz um biquinho lindo, capaz de derreter qualquer
coraçã o — mas essa tortinha tá tã o bonitinha, cheia de moranguinhos
em cima... Eu queria tanto, titio. — Suspira, tentando manipular o bobã o
que está me encarando, implorando com olhar para que eu ceda.
— Mas hoje a senhorita nã o pode. Lembre-se disso antes de fazer
coisa feia na escola ou em qualquer outro lugar — reforço o porquê ela
nã o vai comer.
— Tá bom, — minha pequena atriz suspira teatralmente — entã o
quero um hamburguer gigante assim oh — abre os braços — batata frita
e — me olha — maninha, bebida nã o é sobremesa, né?
— Nã o, meu amor, o que você quer?
— Milkshake de morango pode? — Wladimir segura o riso.
— Você é terrível, garotinha. — Aperto sua bochecha. — Ok, pode
sim. — Ela bate palminhas e faz um yes junto com o grandalhã o ao seu
lado.
Sei que estou cedendo, mas nã o sou tã o forte assim aos encantos
da minha pequena. Pedimos nossos lanches e conversamos enquanto
aguardamos, mas nã o demora muito.
— Nossa Liz, você vai comer isso tudo? — pergunto brincando.
Nem tanto, porque sei que realmente tem muita coisa ali para ela.
— Claro que nã o, né Sara? — Wlad me responde sério. — O Olaf
vai comer junto com ela, né princesa?
— Sim, tio. — Ela ri. — Ele come muito, maninha, olha o barrigã o
dele. — Me mostra o boneco em suas mã os.
Voltamos a conversar de forma descontraída enquanto comemos,
Liz falando sem parar, contando para Wladimir quais eram seus outros
desenhos favoritos, brincadeiras, sobre sua melhor amiga Carol e falou
da menina chata da escola que queria mandar em todo mundo.
— Hum, e qual é o nome dessa menina chata, Liz?
— Evy — responde entre uma sugada e outra no seu milkshake,
fazendo barulho com o canudo.
— E princesa, por que você colocou sal no suco dela?
Liz coloca algumas batatas na boca antes de se endireitar em sua
cadeira, como se estivesse preste a se defender em um tribunal.
— Tio Wadimir, a Evy é muito chata e muito mal comigo. Ela nã o
deixa ninguém brincar do que eu quero, — faz cara de nojo — e sabe o
que ela fez? — Ele acena que nã o. — Aquela bobona disse que o Olaf nã o
existe — fala com uma carinha muito indignada e eu e Wlad estamos
fazendo muito esforço para nã o rir. — Eu fui pra casa muito triste com o
que aquela mentirosa feia falou do meu Olaf, porque ele existe sim, —
fala convicta — e no outro dia eu peguei um pouquinho de sal da tia
Beth emprestado sem pedir, guardei na minha mochila e na hora que a
bobinha foi fazer xixi eu coloquei no suco dela. — Sorri como se
estivesse orgulhosa. — Ela nunca mais vai falar do meu Olaf. — declara
séria como se tivesse feito justiça com as pró prias mã os.
Wladimir rompe em uma gargalhada, visivelmente encantando
com a doce vingança de uma menininha tã o inocente, ou nem tanto
assim.
Direciono um olhar repreensivo para ele, tentando manter minha
pró pria seriedade, confesso que minha irmã tem esse dom.
— Desculpa, Sara, mas essa foi muito boa.
— Liz, nó s já conversamos e você sabe que foi muito errado o que
fez, nã o quero que faça isso nunca mais — digo séria. — Promete?
— Prometo maninha, nunca mais vou colocar sal no suquinho da
Evy... Se ela continuar sendo muito chata, coloco sal em cima do bolinho
que ela leva, mas no suco eu nã o coloco mais. Juro juradinho. — Wlad
vira o rosto para nã o mostrar que está rindo
— Nã o Liz, se ela ou qualquer outra pessoa fizer algo que você nã o
goste, conte para a professora ou para mim e resolveremos da melhor
forma.
— Prefiro colocar sal, mas tá bom. — Balança o ombro.
Wladimir gargalha de novo e eu nã o consigo segurar dessa vez.
— Difícil, né Wladimir? — Ele dá de ombros, como quem diz “tem
como nã o rir?”
E sinceramente, sei que nã o tem como.
Assim que terminamos de lanchar levo Liz ao banheiro para limpá -
la um pouco e Wlad diz que vai pagando a conta para adiantar, quando
retorno ele já nos aguarda na porta com a mochila da minha irmã em
seu ombro. No carro Liz faz planos para o pró ximo final de semana,
incluindo uma nova rodada de Frozen em nossa programaçã o e
Wladimir sorri feito bobo concordando com tudo que ela diz.
— Pronto meu amor, chegamos. — A pego no colo e saio do carro.
— Maninha já está morrendo de saudade. — Beijo sua cabeça.
— Eu também, maninha. — Me abraça forte. — De você também,
titio.
Wlad pega Liz do meu colo e beija seu rostinho com tanto carinho,
dizendo que também vai sentir falta dela e começa a caminhar em uma
conversa só deles, mas que eu escuto, mesmo que estejam falando
baixinho.
— Princesa, o Olaf pediu para que eu te contasse um segredo. Quer
saber? — Diz com ar de mistério.
— Sim, sim... — minha irmã sussurra empolgada.
Wladimir faz um teatro olhando para os lados, como se estivesse
averiguando que mais ninguém está escutando além dela e minha irmã
repete seus atos.
— Ele disse que tem uma surpresa em sua mochila, algo muito,
muito gostoso... — Faz mais um mistério. — Eu acho que é algo de
morango. Mas é segredo, hein.
Liz ri cumplice da travessura, com os olhos brilhando de felicidade,
entã o segura o rosto de Wlad com as duas mã ozinhas...
— Eu amo muito, muito você tio Wadimir.
Estou totalmente atenta a eles e vejo quando o grandalhã o passa a
mã o no rosto rapidamente, na regiã o dos seus pró prios olhos e a abraça,
dizendo que também a ama muito. Isso me desmonta, vou até eles e me
incluo no abraço.
— Eu queria nã o ir embora nunca — ela sussurra em meio ao
nosso abraço triplo. — Queria morar com vocês.
— Logo a maninha vai ter uma casinha só pra gente, meu amor, e
vamos ficar juntinhas todos os dias — respondo afagando seu cabelo.
— Mas eu nã o quero só a gente, maninha, — olha para Wladimir
com tanto carinho — quero o titio junto.
Vejo que Wladimir além de surpreso fica satisfeito com a fala da
minha irmã , mas eu fico completamente sem graça, meu rosto queima e
sei que estou vermelha feito um pimentã o. Para encerrar esse assunto
ligo para Beth avisando que estamos em seu portã o e a mulher logo
aparece com a filha. Minha irmã entra apó s prometermos que vamos vir
buscá -la novamente no pró ximo sá bado.
Ao colocar o carro em movimento Wlad coloca a mã o em minha
coxa e dirige assim por todo o trajeto...
— A Liz é incrível. — Me olha de lado ao dizer, com um sorriso no
rosto.
— Sim, ela é, e obrigada por tudo que faz por ela, por nó s.
— Nã o tem o que agradecer, Sara.
Sorrio grata por mais um fim de semana maravilhoso que ele
proporcionou a minha irmã , até ignoro o fato dele ter comprado a tal
sobremesa sem me comunicar e começo a falar do quanto estou
animada para retornar para o trabalho amanhã , e pode parecer coisa da
minha cabeça, mas sinto seu corpo ficar tenso com o assunto.
Capítulo 21

Abro a porta do cô modo que para mim é sagrado, um lugar que


mantenho intocável e que nã o permito a presença de ninguém, nem
mesmo do meu filho, meus olhos ardem ao vagar pelo ambiente, inspiro
profundamente na esperança de sentir seu cheiro, mas nada vem. Vou
até a penteadeira e pego o vidro do seu perfume, borrifo no ar e volto a
inspirar, sentindo a sensaçã o de paz me abraçar.
— Ah meu amor, sinto que estou errando contigo, desculpe nã o vir
aqui te sentir com mais frequência, mas... — me jogo na poltrona e fecho
os olhos com força — ando me sentindo tã o sujo para estar em sua
presença, Susie. — Suspiro. — Estou descumprindo tudo que te prometi
e nã o consigo me parar, pela primeira vez em 20 anos amor, estou sem o
controle das minhas emoçõ es. O que eu faço? — Confesso em voz alta o
que me atormenta.
Espero por sua resposta, uma bronca, qualquer coisa, mas só o
silêncio me faz companhia. Houve um tempo em que sentia a presença
da minha mulher aqui e isso me confortava sempre, agora tenho certeza
de que ela está decepcionada comigo, por isso nã o a sinto mais.
— Eu sei que você deve estar me olhando com aquele olhar
reprovador que sempre me direcionava quando eu fazia alguma merda.
Sei também que eu nã o deveria ter ouvido o Max, mas... — As
justificativas morrem em minha boca.
Como vou conversar com a minha mulher falecida sobre o desejo
desenfreado que estou sentindo por uma menina que tem idade para ser
minha filha, pior, que fiz um contrato sexual com a garota e que estou
desfrutando de toda e qualquer maldita oportunidade para tê-la em
minha cama, para me enterrar nela.
— Porra... — olho o porta retrato ao lado do seu vidro de perfume
e o pego — você nã o poderia ter me deixado, amor, eu nã o estava pronto
para viver sem você, — acaricio sua foto sentindo verdadeiramente a
falta da mulher que amei com a minha vida — nunca vou estar —
sussurro isso mais para mim do que para ela.
Nã o posso me permitir estar, nunca vou permitir que Susie seja
substituída, esquecida.
Tirei essa foto um dia antes do acidente, ela estava feliz, estávamos
sentados em nosso jardim aproveitando o fim de tarde e foi logo apó s
essa foto que ela deu a ideia de sairmos para comemorar meu maldito
aniversá rio. Abro a gaveta e pego o exame que me destruiu de todas as
formas, uma lá grima escorre sem a minha permissã o.
— Me perdoe, amor, mais uma vez. — Me levanto, certo de que
neste momento com tudo que ando fazendo, nã o estou sendo digno do
que esse lugar representa. — Me perdoe minha filha, minha menina, por
nã o ter sido capaz de te proteger. — Pego o par de sapatinhos rosa que
guardo junto com o exame e o levo ao meu nariz, inspirando, buscando
por seu cheirinho que nunca teve a chance de impregnar na pequena
peça.
Susie estava grávida da nossa menininha e eu nã o fazia ideia, nã o
tinha nada que demonstrasse isso no seu corpo, mas pelo que entendi
ela tinha descoberto a pouco tempo e queria me fazer uma surpresa
quando chegá ssemos em casa, mas eu soube ainda no hospital, quando
vieram me dar a notícia que nã o tinham conseguido salvar minha
mulher e que sentiam muito por minhas perdas, no plural, na hora eu
achei que fosse só um equívoco, mas logo o médico esclareceu, dizendo
que minha esposa estava com a gestaçã o avançada, algo em torno de 18
semanas e isso acabou ainda mais comigo. Quando cheguei em casa, vi
em cima da cama o exame, os sapatinhos e um cartaz dizendo que nossa
família estava aumentando, que Vitor estava sendo promovido a irmã o
mais velho e que o aniversá rio era meu, mas nó s dois estávamos
ganhando um presente lindo.
E nesse momento eu morri, junto com as minhas meninas.
— Amor, vou ficar um tempo sem aparecer aqui, me envergonho
de vir falar contigo e estar fazendo as coisas que estou fazendo, mas
dessa vez eu realmente nã o consegui me conter — falo olhando sua
fotografia. — Assim que esse contrato finalizar, voltarei a ser somente
seu, o mesmo Wladimir de antes, entã o volto aqui, digno da sua
presença outra vez.
Devolvo sua foto para o mesmo lugar, o sapatinho e o exame
também, e meus olhos correm novamente pelo ambiente, a camisola que
usou em sua ú ltima noite ainda está em cima da cama, o livro que estava
lendo está na cabeceira, velho, amarelado pelos anos, mas nunca o tirei
dali, está tudo igual...
Tive muito trabalho, mas reformei toda a minha casa em volta
deste quarto, o engenheiro precisou se reinventar, mas eu queria tudo
diferente e aqui dentro tudo igual, intacto. E assim foi feito.
— Te amo, Susie — digo com tristeza e a culpa me corroendo. —
Papai te ama, minha princesa. — E saio, trancando a porta em seguida.
Ontem apó s deixar Liz em casa, assim que estacionei o carro em
minha garagem já agarrei Sara, dentro do veículo mesmo, a trazendo
para o meu colo, necessitando matar o desejo louco que tenho por
aquela mulher. Com sua irmã aqui mantive distâ ncia e nã o imaginei que
seria tã o difícil sentir seu cheiro e presença me dominar sem poder
tocá -la, beijar sua boca. Depois de fazê-la gozar em meus dedos
entramos em casa ainda com nossas bocas grudadas e nos rendemos ali
no tapete da sala mesmo. O que sinto por essa garota é algo
incontrolável e eu já desisti de lutar contra, mas precisa acabar até o fim
desse contrato.
Acordei ainda de madrugada sentindo o peso do seu corpo sobre o
meu braço e fiquei perdido, admirando sua beleza, sentindo meu
coraçã o bater forte, me trazendo a certeza de que naquele momento nã o
era só desejo o que eu sentia e a culpa me atropelou sem pena. A peguei
no colo com cuidado e a levei para o seu quarto, indo para o meu em
seguida, tomei uma ducha demorada, tentando colocar meus
pensamentos em ordem e resolvi visitar o santuá rio da minha mulher,
talvez ali eu conseguisse despertar e voltasse a ser quem eu era antes de
cruzar com Sara.
Falhei em cada minuto.
Resolvo nã o retornar ao quarto onde meu tormento dorme, prefiro
nã o voltar a ver Sara agora na parte da manhã , de qualquer forma irei
vê-la a tarde, hoje ela retorna para o trabalho e isso é outra coisa que
está me incomodando.
No dia em que assinamos o contrato essa foi a exigência da minha
garota, que eu desse o seu trabalho de volta, na hora eu aceitei de
imediato, mas precisava ganhar tempo, pensar em como faria isso, entã o
tive a brilhante ideia de pedir um mês para ela, com a desculpa de que
quando contratei Amelie o quadro dos shows tinham ficado todos
preenchidos e que precisava desses dias para remanejar as coisas. Sara
me olhou desconfiada, mas no final acabou aceitando.
Foda que o meu prazo se esgotou e eu continuo na mesma...
Preciso arrumar uma funçã o para ela, pensei em algumas
possibilidades, mas todas foram recusadas imediatamente pela minha
mente e como dançarina ela nã o volta, isso nem por cima do meu
cadáver. Entro no meu carro e sigo para a boate, como ainda é muito
cedo chego antes de qualquer outro funcioná rio, me trancando em meu
escritó rio.
Passo o resto da manhã mergulhado em burocracia e na
companhia do meu whisky, entã o uma batida na porta me faz desviar os
olhos da tela do meu notebook.
— Entre.
— Senhor Novak, bom dia. — Os olhos do meu amigo vã o direto
para a garrafa do meu Macallan quase vazia.
Max suspira balançando a cabeça negativamente, fecha a porta e se
senta a minha frente.
— Nã o acha que está muito cedo para beber, Wladimir? — E assim
sei que ele colocou meu segurança de lado e aqui está o meu amigo.
— Você sabe da minha resistência ao á lcool e só algo forte para
aplacar toda essa confusã o que estou vivendo.
— O que houve, problemas no paraíso?
Desabafo com ele como estou atormentado ao perceber o quanto
estou me sentindo feliz, leve neste ú ltimo mês, conto sobre Liz, como
aquela menininha me devolveu algo que havia se quebrado e meu amigo
me olha com cautela sobre isso, Max sabe que este é um assunto
delicado para mim, falo também sobre a forma como tenho vivido com
Sara e que algumas dinâ micas entre a gente estã o indo muito além do
contrato.
— Estou me sentindo tã o culpado, Max. — Entorno o restante da
minha bebida. — Porra, eu nã o mereço a felicidade, irmã o, eu nã o posso
viver esses momentos.
— Caralho, cara, para com isso. — Vou pegar a garrafa para encher
meu copo mais uma vez e ele tira da minha mã o. — Wladimir, foi um
acidente, você nã o teve como evitar. — Me olha de uma forma que odeio.
— Irmã o, você merece reconstruir sua vida, seja com Sara ou com outra
mulher, mas chega de se atormentar por algo que você nã o conseguiria
evitar, você sabe disso, só nã o aceita.
Eu concordo com ele em relaçã o ao acidente, isso foi, mas eu tinha
que ter evitado, era minha obrigaçã o proteger a minha família, entã o
sim, foi minha culpa.
Bufo e levanto, estou agitado demais para me manter parado.
— Nã o é só isso que está te incomodando. — ele afirma.
— Sara volta trabalhar hoje. — Penso que ele vai soltar alguma
gracinha, mas nã o diz nada, entã o continuo. — E tenho — olho em meu
reló gio — menos de uma hora para arrumar uma funçã o para ela.
— Ué, achei que ela voltaria como dançarina — diz com o cenho
franzido.
— Nem fodendo. — o filho da puta ri.
— Entendi tudo.
— Tudo o que, Max? — pergunto irritado.
— Que a ideia de ter outros homens observando a sua garota com
desejo ou até mesmo admiraçã o pelo bom trabalho dela, o deixa louco
de ciú mes.
É exatamente isso, mas nem sob tortura vou admitir.
— Nã o exagere, seu idiota, nã o é ciú mes. — Minto
descaradamente. — Eu só nã o acho que é o lugar certo para ela e
também quero protegê-la de passar por algo parecido com aquela
merda que passou com os russos. — Isso nem é mentira, mas com
certeza nã o é toda a verdade.
Fato que nã o vou ficar tranquilo enquanto nã o souber quem sã o
esses russos de verdade. Vincenzo me enviou uma mensagem há poucos
dias dizendo que tem algo de muito estranho, os nomes que informei
nã o existem e como as filmagens nã o ficaram nítidas por conta dos jogos
de luzes, isso acabou atrapalhando na identificaçã o dos russos, o que
dificulta um pouco as coisas, mas garantiu que vai encontrar.
— Hum, sei... Nã o é ciú mes, mudou de nome — o deboche do
infeliz me tira dos meus pensamentos. — Vamos fazer assim, você tenta
me enganar e eu finjo que acredito, mas confesso que é engraçado ver o
grande Wladimir coraçã o de gelo perder o juízo por uma mulher.
— Nã o estou perdendo nada, Max — resmungo puto. — Você vai
me ajudar a pensar em algo ou só veio me atazanar ainda mais?
Meu amigo levanta as mã os em rendiçã o.
— Você sabe que Sara nã o vai aceitar uma nova funçã o só porque
você quer, né? — Aceno frustrado. — E se ela quiser mesmo dançar,
acredito que você nã o terá escolha e vai acabar cedendo, mesmo contra
sua vontade. A menos que...
— A menos que o quê? Fala, porra — pergunto em expectativa.
— Wladimir e se você criar uma funçã o nova, algo voltado para
ela? — O encaro incerto. — Desmancha essa cara e pense, você é o dono
desse lugar, invente um cargo.
Meu cérebro começa a trabalhar a mil por hora... Max tem razã o,
porra, só que qual cargo inventaria? Nos ú ltimos dias cheguei a pensar
em colocá -la para trabalhar no bar, mas logo veio a minha cabeça como
meu bartender a recebeu e essa ideia foi para a puta que pariu, cogitei
como recepcionista, mas nã o quero a minha mulher lidando com uma
cambada de bêbado e muito menos com os malditos playboyzinhos da
idade dela, entã o pensei como gerente de eventos, mas para esse cargo é
necessá rio experiência e ela nã o tem.
— E se você a colocasse como sua assistente pessoal? — a voz de
Max me arranca dos meus pensamentos. — Alguém para te ajudar a
lidar com assuntos da boate que você precisa delegar, tipo
agendamentos, recepçã o de clientes vip’s, alguns assuntos burocrá ticos,
aqueles que você odeia e que ela poderia fazer tranquilamente, como
organizar a sua agenda, marcar suas reuniõ es, comprar suas passagens,
reservar sua estadia nos lugares... — meu amigo vai citando tudo que ela
poderia fazer e porra, esse desgraçado é o melhor amigo do mundo, mas
nã o vou dizer isso em voz alta. — Além disso, você poderia ter sua
garota onde mais quer... — o olho envesado — debaixo das suas asas,
meu querido amigo protetor.
Está vendo? Nã o posso elogiar. Dou o dedo do meio para o maldito
e começo a pensar em tudo que falou, considerando a ideia.
— Você sabe que a Beatrice exerce essa funçã o, né? — por um
instante esqueci da minha secretá ria na Itá lia, que também me ajuda
com a boate de Las Vegas.
— Tenho certeza de que ela nã o vai reclamar em poder ter mais
tempo livre. E ela pode auxiliar Sara, caso sua garota tenha alguma
dú vida.
— Assistente pessoal... — penso em voz alta
Isso a manteria longe dos palcos, como eu quero e seria uma ó tima
justificativa, sem parecer que estou impondo algo. Realmente seria
interessante ter uma assistente pessoal aqui e precisa ser alguém de
confiança, ninguém melhor do que ela, de contrapartida, ninguém
ousaria tentar algo com a pessoa que trabalha diretamente comigo.
Perfeito.
Olho para Max e ele está de braços cruzados rindo.
— Nã o sei o que anda acontecendo comigo que agora dei para dar
ouvidos a todas as suas sandices. — Bufo, fingindo que sua ideia é
absurda.
— Pode assumir, eu sou um gênio — diz convencido. — Quem mais
te daria uma ideia tã o perfeita ao ponto de manter sua mulher fora dos
holofotes masculinos e melhor, a um passo de distâ ncia das suas mã os.
Eu sou foda demais.
Reviro os olhos para o seu convencimento.
— Bom, agora vou voltar ao trabalho. — Meu amigo se levanta. —
Meu chefe é chato pra caralho — diz rindo e eu arqueio a sobrancelha.
— O quê? Estou desabafando com meu amigo, posso falar o que eu
quiser. — Quando gira a maçaneta me olha novamente. — Boa sorte,
irmã o.
Aceno para ele. Tenho sorte em tê-lo como amigo.
— Max, mantenha tudo o que conversamos só entre nó s, ok?
— Nã o, estou indo agora mesmo convocar uma coletiva de
imprensa. — Me dá o dedo do meio e me chama de cuzã o, rimos juntos.
— Obrigado, irmã o — o agradeço nã o só pela ajuda, mas também
por me ouvir sempre. — Avise a Alice, por favor, para pedir Sara para vir
falar direto comigo quando chegar. — Ele acena e sai.
O plano é realmente perfeito, agora só preciso manter isso em
segredo para que ela nã o descubra e tire conclusõ es precipitadas, e
claro, convencê-la. Sei que Sara nã o vai aceitar de cara, o sobrenome
daquela garota tinha que ser teimosia, mas eu nã o desistirei fá cil.
Capítulo 22

Despertei sozinha em meu quarto e se nã o fosse pelos sinais em


meu corpo que o furacã o Wladimir passou por aqui, eu pensaria que a
noite de ontem foi apenas um sonho muito gostoso. Sei que dormimos
na sala apó s transarmos até a exaustã o, como também sei que ele me
deixou no meu quarto, mas nã o havia indícios de que se deitou ao meu
lado. Apó s constatar que estava sozinha em casa fiz minha higiene
matinal, tomei meu banho, um café da manhã reforçado e fui organizar o
conteú do que vou gravar para o meu canal, depois de deixar tudo
pronto, me arrumei e sai para a boate.
Assim que avisto o letreiro da Seduction Lounge me sinto feliz,
finalmente vou voltar a trabalhar e assim juntar dinheiro para
estruturar minha vida com minha irmã . Entro na casa de show
cumprimentando quem vejo pelo caminho.
— Sara, entã o é verdade o que dizem, você voltou. — Alice sai do
seu posto e vem me abraçar.
— Sim, estou de volta.
— Ah, fico muito feliz, seu jeito maluquinho fez falta. — Sorrio e
ela retribui.
— Já tem alguém no camarim, sabe dizer?
— Sim, Lia, Amelie e Joe estã o lá , mas o chefe pediu para você ir ao
escritó rio dele assim que chegasse.
Aceno e me despeço indo falar com Wladimir, mas estranho o fato
dele nã o ter me ligado ou enviado uma mensagem, se queria falar
comigo.
Talvez porque seja assunto de trabalho e ele está mantendo cada
coisa no seu quadrado — minha consciência reforça.
Bato em sua porta e entro ao ouvir sua voz autorizando.
— Boa tarde, senhor Novak, — digo formalmente para implicar —
recebi o recado de que quer falar comigo.
— Senhor Novak? — Arqueia as sobrancelhas.
— Nã o é assim que devo tratar meu chefe?
O homem está sentado em sua cadeira e a á urea imponente que ele
transmite me deixa excitada, sinto seu olhar queimar o meu corpo, a
forma como me encara demonstra sua luta entre ser profissional ou me
agarrar e foda-se, eu amo o fato dele me desejar assim. Sei que está
incomodado com a roupa que escolhi, meu vestido vermelho nã o chega a
metade das minhas coxas, ele deixa minhas costas toda a mostra e
possui um decote generoso, optei por um batom do mesmo tom e um
salto alto fino.
— Onde você comprou esse vestido nã o tinha para o seu tamanho?
— Oi? — Ele cruza os braços. — Nã o confunda as coisas, Wladimir,
você nã o manda nas minhas roupas.
— Nã o me provoque, Sara, você nã o vai gostar do que posso fazer.
— Está me ameaçando? — Olho com raiva.
— Estou te alertando. — Sua voz sai rouca. — Porque quando eu
rasgar em pedaços essa porra que você chama de roupa e te castigar
com uma surra de pau, nã o adianta ficar com raiva.
Engulo em seco.
— Se é assim, — passo a língua pelos lá bios — acho que vou te
provocar mais vezes.
— Porra de mulher safada. — Passa a mã o pelo cabelo. — Senta,
Sara, preciso conversar contigo e você está me desviando do foco.
Wladimir nã o se levantou, está visivelmente se controlando e
estranho um pouco isso, entã o deixo as provocaçõ es de lado e me sento
como pediu.
— Sou toda ouvidos.
— Quero conversar sobre seu retorno à boate. — O jeito como fala
nã o me agrada. — Decidi que você nã o vai mais trabalhar dançando.
Olho confusa, nã o acredito que ele vai agir de forma tã o baixa em
prometer que me deixaria voltar e agora vai voltar atrá s.
— Como assim? — questiono ainda me negando a acreditar. —
Wladimir nó s combinamos isso quando assinei o contrato, essa foi
minha ú nica exigência, voltar a trabalhar... — Ele me interrompe.
— Mas você vai voltar a trabalhar, só nã o vai ser como dançarina e
sim como minha assistente pessoal.
— Sua o quê? — questiono um pouco exaltada. — O que você está
querendo com isso, Wladimir? — Estou com raiva, custa cumprir o que
conversamos. — Olha, nã o sei de onde tirou essa merda, mas eu nã o
quero ser tratada diferente só porque estamos transando.
— Sara, eu nã o estou te favorecendo em nada.
— Ah nã o? Entã o por que parece que está ?
— Porque você como todo jovem da sua idade nã o sabe parar e
escutar, porra — diz irritado.
— Ah, era só o que me faltava. — sorrio debochada — Agora eu
sou jovem demais, mas pra me comer todos os dias estou na idade certa?
— Estou realmente com raiva e só esse homem tem esse dom. — Melhor,
para me convencer a assinar a merda de um contrato sexual a minha
idade nã o te incomodou, né? — Ele bufa e bebe a porcaria do seu
whisky.
— Pode calar a boca e me ouvir? — Aceno que sim, mas minha
vontade é de voar no pescoço dele. — Você entendeu tudo errado, Sara,
eu nunca iria tentar te favorecer em algo. Eu já tinha a intençã o de
contratar alguém até o final do mês, na Itá lia eu tenho a Beatrice, minha
secretá ria, que desempenha este papel lá e aqui, mas sei que isso é
cansativo, porém eu nunca contrataria qualquer pessoa para este cargo.
— explica com uma falsa calma, eu já o conheço neste aspecto — E como
nã o sei mais por quanto tempo vou precisar ficar, preciso ter uma
assistente aqui em Las Vegas.
Ouvi-lo insinuar que em algum momento vai embora me
incomoda, mas eu já sabia disso e nó s nã o somos nada um do outro,
além de uma foda contratual com data certa para acabar.
Sua voz me tira dos pensamentos.
— E se estou te contratando como minha assistente pessoal é
porque acredito no seu potencial para a funçã o e claro, precisa ser
alguém em quem confio e nada melhor do que a minha mul... — ele se
interrompe, pigarreia — do que você.
Impossível nã o notar a forma que ele quase me chamou e o jeito
que ficou desconcertado com isso. Descruzo os braços desfazendo a
postura de pronta para guerra que fiz e nem havia notado, mas
mantenho minha expressã o séria, ele ainda nã o me convenceu, porém
conseguiu a minha atençã o.
— E o que exatamente eu faria nesta funçã o? — Wladimir respira
fundo, passando a mã o em sua barba antes de começar a falar.
— Você vai trabalhar diretamente comigo, aqui, — me olha de um
jeito cauteloso — no meu escritó rio. Vou montar uma mesa para você
com tudo que precisa bem ali. — Aponta para o lado esquerdo da sua
sala, onde fica a poltrona.
— Aqui no seu escritó rio? Junto contigo o tempo todo? — retruco
porque é fato que isso nã o vai dar certo.
— Sim. — Ele cruza os braços sério. — Algum problema em
trabalhar ao meu lado?
— Só nã o acho necessá rio. Posso ser sua assistente trabalhando de
qualquer outro lugar da boate, aqui ao lado do seu escritó rio mesmo tem
esse pequeno anexo, posso organizar lá e montamos uma espécie de
antessala ali e colocamos uma mesa para mim. O que acha? — proponho.
— Nã o — responde secamente.
— Wladimir, para de ser teimoso, e outra, eu nã o quero tirar a sua
privacidade... — Ele me interrompe.
— Eu já disse que nã o, Sara, chega — responde firme. — E só para
refrescar a sua memó ria, aqui eu sou o seu chefe, entã o nã o confunda as
coisas — fala todo autoritá rio e faz minha raiva subir níveis altíssimos.
— Claro, senhor Novak — respondo rude.
Nos encaramos por um tempo mais longo do que o necessá rio e eu
levanto minha cabeça o olhando de igual para igual, pouco me fodendo
para minha posiçã o aqui... Ele está muito enganado se pensa que vai me
intimidar só porque é a porra do chefe.
— Sobre a sua funçã o, — ele toma a iniciativa de dar fim ao nosso
embate silencioso — você ficará responsável por cuidar da minha
agenda de uma forma geral, reuniõ es, viagens, incluindo a compra de
passagens e estadia nos hotéis, vai recepcionar também os clientes vips
e outras coisas que vamos alinhando. — Ouço tudo calada e sinto que ele
espera por alguma provocaçã o da minha parte. — Pode acontecer de eu
precisar que você viaje comigo em alguns casos, mas sempre vou te
avisar antes. Alguma dú vida a respeito disso?
— Viajar contigo? Isso nã o me soa muito profissional.
— Isso é comum, Sara. E eu nã o preciso inventar uma viagem para
ter você na minha cama.
Me calo, afinal, fico irritada porque esse desgraçado prepotente
tem um ponto.
— Amanhã mesmo sua mesa já estará ali, — aponta para o mesmo
lugar de antes — como eu já havia te falado. — Percebo que reafirma de
propó sito, só para mostrar quem manda.
Como eu disse, um desgraçado prepotente.
— Também já defini seu salá rio, será um valor justo e está de
acordo com suas novas responsabilidades. — Salá rio foi algo que nã o
pensei sobre, nã o que eu fosse trabalhar de graça, mas achei que seria o
mesmo que ganhava como dançarina. — Vai ser $150.000 por ano, o que
dá cerca de $12.500 por mês, claro, sei que isso nã o é muito, mas vou
incluir alguns bô nus dependendo do seu desempenho.
Estou em choque e minha boca está completamente aberta
comprovando tal situaçã o. Nã o é muito? Esse homem é louco?
— $12.500 por mês é dinheiro demais, Wladimir, você é louco? —
externo meu pensamento. Isso pode nã o ser nada para um homem
milioná rio feito ele, mas para mim é sim. — Nã o, nã o quero. Pode me
pagar o mesmo que eu recebia como dançarina.
Quando Vitor me falou meu salá rio como dançarina aos fins de
semanas eu já achei muito, tanto que só aceitei o valor trabalhando
todos os dias. Imagina isso?
— Wladimir, sei que você disse que nã o está me favorecendo em
nada, mas vou insistir que nã o quero tratamento especial só por causa
do nosso contrato, — evito falar sobre o que é para nã o correr riscos de
alguém ouvir. Sei que falei antes, mas foi na hora da raiva — bem, você
sabe.
— Já disse que isso nã o tem nada a ver com o contrato, Sara. Você é
qualificada para a funçã o, é formada em administraçã o e estou te
pagando o que o cargo exige, assunto encerrado.
Ele nã o dá brecha para que eu continue contestando e me diz
como vai funcionar minha carga horá ria, algo que gostei bastante, será
bem flexível, vou conseguir fazer outras coisas. Ele só pede para eu me
organizar para estar presente sempre que tiver eventos na boate e
reforça sobre eu precisar acompanhá -lo em suas viagens algumas vezes.
— Bom, é isso. Quer perguntar alguma coisa? — Aceno que nã o.
Wladimir se levanta e a altura desse homem é impressionante.
Ele é todo de tirar o fôlego — minha mente grita.
— Agora que já decidimos tudo, — ele fica de frente para a cadeira
que estou, segura minha mã o e me impulsiona a levantar, ficando com o
meu corpo entre ele e a sua mesa — quero um beijo — sussurra bem
pró ximo a minha boca.
Passo minha língua pelos meus lá bios, sedutoramente, e o mordo,
deixando nossas bocas bem pró ximas e falo.
— Você deixou claro vá rias vezes hoje para eu nã o confundir as
coisas, porque aqui você é o chefe e eu — deixo minha mã o sobre seu
peito e sei que meu há lito o atinge — nã o me envolvo com meu chefe.
— Mas no contrato eu também sou seu chefe — ele retruca me
segurando firme pela cintura.
— É diferente. — Levo minhas mã os a sua nuca passando minhas
unhas ali, sentindo sua respiraçã o afetada, sei que ele é sensível nessa
regiã o. — Aqui na boate é só trabalho, chefe.
Me afasto porque senã o eu mesma vou cair na minha armadilha.
— Tudo bem, entã o, vamos manter isso só no profissional. — Em
um movimento muito rá pido ele me puxa, levando o rosto ao meu
pescoço mordiscando o local e dando um chupã o em seguida, me
arrancando um grito com o susto e um gemido ao mesmo tempo. — Por
enquanto... — sussurra em meu ouvido e me solta, sorrindo
maliciosamente, sabendo exatamente o que fez.
O maldito arruinou a minha calcinha.
Capítulo 23

Hoje eu e Sara completamos dois meses do nosso relacionamento


atípico e decidi fazer uma surpresa para a minha garota, uma nã o, duas,
mas confesso que uma delas vai me beneficiar também, entretanto,
minha ú nica intençã o é vê-la feliz. Passei os ú ltimos dias saindo antes de
Sara acordar e chegando ao escritó rio na parte da tarde, tudo para
colocar em prá tica o que estou planejando. No início da semana entrei
em contato com Cló vis, um corretor de imó veis da minha confiança e
expliquei para ele o que estava buscando, deixei claro que valor nã o era
um problema, só queria algo pró ximo a boate, que oferecesse segurança
para elas e que os ambientes fossem amplos, arejados e com uma á rea
externa privativa, pensando em Liz ter onde brincar. Como agora Sara
está responsável por atender minhas ligaçõ es na boate, pedi para o
corretor entrar em contato diretamente comigo e logo no segundo dia
ele me retornou dizendo que tinha três opçõ es dentro do que eu havia
descrito e marcamos para que me mostrasse. Nã o gostei muito dos dois
primeiros, mas o ú ltimo é exatamente o que pensei, entã o informei que
meu advogado entraria em contato com ele para resolver todos os
tramites contratuais e hoje cedo peguei as chaves.
— Senhor Novak, onde gostaria que eu colocasse? — o decorador
chama minha atençã o e vejo o enorme boneco de neve em seus braços.
— Pode pô r em cima da cama, depois a minha princesinha resolve
onde quer deixar.
Nã o sei se estou depositando em Liz tudo que nã o pude fazer pela
minha filha, mas a realidade é que mesmo em pouco tempo aquela
menininha me tem nas mã os. Olho o quarto que mandei decorar todo
com o tema Frozen e estou satisfeito. Escolhi o quarto ao lado do que
fica sua irmã e sei que minha ideia de trazer Liz para morar conosco vai
atrapalhar um pouco a nossa relaçã o, mas nã o faz sentindo Liz morar
com estranhos, se sua família está aqui. Vitor também está voltando,
entã o nã o é como se a gente fosse poder ter algo aqui em casa mesmo.
Por isso comprei o apartamento pró ximo a boate, para nossa
privacidade.
— Senhor, terminamos.
— Ok, vamos ao meu escritó rio.
Apó s finalizar uma semana inteira de trabalho, tendo o cuidado de
fazer tudo sem que Sara visse ou sequer desconfiasse de algo, pago ao
homem que se dedicou ao que combinamos, o lembrando que entrarei
em contato para a decoraçã o do apartamento. Já comprei o imó vel
mobiliado, mas quero que Sara deixe tudo do jeito dela, que se sinta feliz
no lugar. Sigo ansioso para a boate, pretendo levar minha garota para
estrear o apartamento hoje e também contarei sobre o quarto de Liz e os
planos de trazê-la de vez para esta casa, para morar com a sua família,
onde é o seu lugar.
De vez? Família? Não esquece que em algum momento o contrato
vai acabar e elas vão embora — minha maldita mente me lembra e sinto
algo estranho no peito com esse pensamento, mas prefiro ignorar neste
momento.
Entro na boate sem falar com ninguém, louco para ver minha
assistente, nã o consigo entender essa necessidade de vê-la, tocá -la, estar
com ela, sei que isso é temporá rio e logo vai passar, entã o estou me
permitindo enquanto os benefícios do nosso contrato me permitem.
Chego em frente à entrada do meu escritó rio e ouço vozes seguida de
risos, abro a porta com tudo e o que vejo faz meu sangue ferver... Max
está encostado na mesa de Sara com os braços cruzados, super a
vontade conversando sei lá o que com a porra da minha mulher e ela
está sentada, rindo excessivamente na minha opiniã o de algo que esse
idiota falou. O sentimento que me atinge é inexplicável, mas algo como
vontade de socar até desfigurar a cara do infeliz do meu melhor amigo é
o mais forte dentro de mim.
— Estou atrapalhando alguma coisa? — minha voz sai tã o á cida
quanto meu humor neste momento.
Sara me olha com o cenho franzido, parecendo confusa com a
minha reaçã o e Max abre a merda do seu sorriso debochado que
conheço muito bem, mas juro, se ele vier de graça vai levar um soco.
— Claro que nã o, senhor Novak — minha garota responde
profissionalmente, como sempre faz aqui na boate na frente de outras
pessoas, mas neste momento eu odeio essa distâ ncia entre a gente.
Ela nã o faz ideia de que Max sabe do nosso acordo, pior, que a ideia
foi dele.
— O senhor atrapalhando, chefe? De forma alguma. — Fecho
minha cara, olhando dentro dos seus olhos, deixando claro que nã o
estou para brincadeiras e ele está visivelmente se divertindo muito com
a situaçã o. O filho da puta me conhece. — Só estávamos batendo um
papo, nã o é, Sarinha?
Sara sorri para ele, aprovando o maldito apelido e a encaro,
deixando explicito que depois eu me resolvo com ela.
— Sarinha? — questiono cada vez mais puto. — Muita intimidade
com uma funcioná ria, nã o acha, Max?
— Seria, se ela fosse uma simples funcioná ria, senhor.
Esse desgraçado está insinuando o que eu entendi?
— Que merda você quer dizer com isso, Max? — Seguro ele pelo
seu paletó , perdendo o controle. — Pense muito bem em suas pró ximas
palavras — alerto.
Sara se levanta da cadeira, assustada com meu rompante.
— Calma, chefe. Nã o quero dizer nada demais, só que somos muito
amigos, né, Sarinha? — o maldito dá ênfase na porra do apelido
novamente.
Dessa vez ela nã o sorri, ainda me encara assustada.
— Mas eu já estou de saída. — Afasta minhas mã os do seu paletó e
o endireita, com um maldito sorriso debochado que nã o saiu do seu
rosto nem um minuto sequer e anda em direçã o a porta. — Nã o vacile
chefe e se cuidem — diz antes de sair.
Volto meu olhar e atençã o para a mulher que está tirando cada vez
mais a minha sanidade, mas nã o consigo dizer nenhuma palavra, tenho
receio de falar algo do qual me arrependa.
— Que merda foi essa, Wladimir?
Essa merda foi eu morrendo de ciúmes de você, porra — minha
mente grita e eu me assusto com o que pensei.
Ciú mes? Nã o, eu nã o sinto isso de ninguém.
Nunca senti ciú mes nem de Susie, por que sentiria por uma mulher
que nem tenho um compromisso real?
— O que vocês estavam fazendo aqui sozinhos, Sara? — Nã o a
respondo porque nã o sei dizer que merda foi essa.
— Nã o estávamos fazendo nada demais, só conversando... — A
interrompo.
— Claro. E deveria ser algo muito engraçado, né? — O deboche
escorre por minhas palavras, junto com algum outro sentimento que
aperta meu peito. — Porque dava pra ouvir os malditos risos lá de fora
— falo exaltado.
— Wladimir, só para refrescar a sua memó ria, nó s nos pegamos
sem nos apegar, lembra? É uma das clá usulas do seu contrato. — joga na
minha cara e apesar de saber, nã o gosto que ela fale assim — Eu sinto
que já te conheço bem, e se nã o fosse isso diria que você está com
ciú mes, mas como sei que você nunca se apaixonaria por mim, assim
como também nã o vou por você, se controle, — coloca o dedo em riste
no meu rosto —nó s nã o somos nada sério um do outro.
Odeio como se refere ao que temos. Sinto uma sensaçã o sufocante
com suas palavras, com a porra da sua afirmaçã o.
— Claro que eu lembro, nã o exagere — nego rapidamente. — Mas
faz parte do nosso contrato, Sara. E você está violando a clá usula.
Uso isso ao meu favor. Foda-se, cada um luta com as armas que
tem.
— E para que ele veio aqui?
— Max veio te procurar, mas nã o falou o que queria.
— Claro, veio me procurar e como nã o me encontrou, você muito
solicita, resolveu ficar de papo com ele. — Sei que estou exagerando,
mas nã o consigo controlar essa raiva em ver outro homem perto dela.
— Wladimir, sério, eu nã o estou conseguindo te entender. Ele é seu
segurança pessoal e melhor amigo. — Arqueia as sobrancelhas ao se
justificar.
— Ele é homem, Sara. — Me aproximo e a seguro pela cintura. — E
você é minha.
Sara revira os olhos e tenta se afastar de mim, sinto que ficou
chateada com minha reaçã o, mas eu nã o permito que se afaste.
— Wladimir, só quero deixar claro que você nã o manda em mim,
nã o decide com quem eu falo e muito menos me controla, ok?
— Já falei que faz parte do nosso contrato e ao assinar você
concordou. — Relembro algo que nã o vou abrir mã o, muito menos com
ela e Sara solta uma risada.
— E você acha que pode controlar a minha vida por causa de um
contrato?
— Sim, posso e vou. — Aperto seu corpo ao meu. — Sara,
enquanto este contrato estiver vigente você é minha mulher e nã o quero
nenhum babaca perto do que me pertence.
— Nã o aumente as coisas, Wladimir, eu nã o sou sua mulher. —
trinco o maxilar com suas palavras me sentindo incomodado pra
caralho, mas me calo. — Sou no má ximo seu contatinho fixo. — Puta que
pariu, ela hoje está disposta a me irritar — E me solta, aqui somos só
chefe e funcioná ria.
Tomo sua boca em um beijo furioso fazendo-a sentir o quanto é
minha, nã o peço espaço com minha língua, eu invado a sua boca,
deixando claro quem manda nessa porra, mordo seu lá bio, querendo
castigá -la por estar me mudando, meu pau já está duro feito pedra, ela
resiste por um tempo, mas logo se entrega.
— Um caralho essa merda de contatinho, — desço meus lá bios por
seu pescoço e subo mordiscando até sua boca novamente — você é
minha, porra, toda minha.
A seguro pela bunda com a intençã o de trazê-la para o meu colo e
suas pernas rodearem minha cintura, querendo foder sua boceta duro,
fundo.
— Eu mando sim em você, minha putinha, e sei que você adora
isso. — Entã o ela me empurra.
Estamos ofegantes pelo tesã o, sua boca está inchada pela
intensidade do beijo, mas seus olhos mesclam raiva e desejo.
— Nã o manda nã o, Wladimir. — Me olha firme. — Eu até sou sua
puta, mas na cama e só lá você manda em mim. — Pega sua bolsa e volta
a me encarar. — Nã o se iluda achando que a porra de um contrato vai te
dar poder sobre mim. Se você é um homem das cavernas, trate de mudar
ou te garanto que vai passar muita raiva. — Se vira, indo em direçã o a
porta.
— Onde você pensa que vai? O seu horá rio ainda nã o acabou —
falo a segurando pelo braço.
— Vou embora, nã o quero ficar nem mais um segundo na sua
presença. — Puxa o braço. — Desconte da pequena fortuna que vai me
pagar.
Sai pisando firme, batendo a porta com força ao sair.
— Merda... — Dou um soco na mesa, esbravejando.
Enfio a mã o em meu bolso com a intençã o de pegar meu celular e
enviar uma mensagem para Max, o chamando para conversar e deixar
claro que nã o gostei disso hoje, entã o sinto a chave do apartamento.
— Porra, Max, você estragou minha tarde, seu infeliz.
Respiro fundo e decido nã o falar com meu amigo agora, preciso me
controlar primeiro, entã o sento em minha cadeira e faço o de sempre,
mergulho de cabeça no trabalho tentando camuflar minhas emoçõ es,
mas dessa vez nã o funciona.
As horas passam e Sara nã o sai dos meus pensamentos.
— Foda-se — penso alto ao me render o que realmente quero.
Nã o vou ficar em paz enquanto estivermos brigados.
Desligo tudo e encerro meu expediente por hoje, afinal, é para isso
que sou o dono dessa porra, para poder usufruir quando preciso. Vou
para o estacionamento e entro em meu carro, decidido a fazer as pazes
com a minha mulher.
Capítulo 24

Abro a porta do meu quarto soltando fogo pela boca, maldito,


infeliz, gostoso...
— Merda, merda, merda. — Me jogo na cama, com raiva de mim,
do meu corpo por se deixar seduzir tã o fá cil por ele.
Eu empurrei essa semana com a barriga, nã o me sinto no direito
de questioná -lo em nada, afinal sou só sua foda por contrato, mas é
impossível nã o me sentir incomodada com a sua mudança nos ú ltimos
dias. Sei que eu impus que dentro do escritó rio como em toda a boate
nos tratá ssemos com profissionalismo, até porque senã o nã o teria
sentido o tal termo de confidencialidade. Mas o infeliz saiu todas as
manhã s antes que eu acordasse e quando eu chegava na boate ele ainda
nã o estava lá e só aparecia a tarde, com a cara mais deslavada do mundo,
dizendo a porra de uma boa tarde, me tratando somente como a merda
da sua funcioná ria.
Mas é isso que você é, querida. Somente a assistente pessoal dele, ou
seja, uma simples funcionária — minha consciência me lembra e eu a
mando para puta que pariu.
— Eu sei, merda, sei o que sou e o que temos, mas ele nã o tem o
direito, exclusividade também está na porra do contrato — grito sozinha
dentro do quarto. — Ah que maravilha, agora estou feito uma maluca
falando sozinha, muito obrigada, Wladimir.
Para piorar teve a forma como agiu ao chegar hoje e me vê
conversando com Max. Se eu nã o soubesse o que significo para ele, pois
isso é algo que ele deixou bem claro, o que somos um para o outro,
acharia que estava com ciú mes de mim. Ele nã o tratou Josh muito
diferente no dia que voltei para a boate, e ainda teve a forma como agiu
com Adam, e ali, por mais que estivesse me defendendo, nã o deixou de
marcar territó rio. Essa possessividade de Wladimir está ultrapassando
os limites do aceitável.
Ele acha o quê, que eu teria algo com seu melhor amigo? Quem ele
pensa que eu sou?
Foi impossível nã o lembrar das mentiras de Adam com esses
sumiços do Wladimir nesta ú ltima semana e duas coisas que nã o vou
permitir nunca mais é que me façam de idiota ou me privem de viver do
meu jeito.
Esse homem me confunde tanto, quando estamos aqui em casa,
sozinhos, ele é outra pessoa, como se eu importasse, como se o que
temos fosse além de um documento assinado com data para acabar,
quando um homem se aproxima demais pelo ponto de vista dele, fica
furioso, mas em outros momentos é tã o indiferente e isso me faz sentir
tã o...
— Chega, você está sendo patética, Sara — continuo o meu
monologo. — Você assinou a porcaria do contrato sabendo o que seria
para ele. Entã o pode parando de graça, aproveita o pau gostoso te
fodendo por alguns meses e depois vida que segue.
Me levanto decidida a parar de pensar no meu estresse diá rio e
aproveitar um pouquinho do sol desse fim de tarde, vou ao meu closet
pego um biquini vermelho e depois de colocá -lo vou para a piscina, mas
ao passar pela cozinha me recordo que nã o almocei hoje, entã o vou até a
geladeira pego um sanduiche de frango, um suco de melancia, dois
cupcakes, levo para uma espreguiçadeira e como enquanto mexo no meu
celular, buscando ideias para o meu canal. Ando postando poucos
conteú dos, nã o tenho tido tempo para deixar tudo preparado e nunca
colocaria qualquer coisa para as minhas seguidoras.
Tiro alguns prints de ideias que curti e tenho certeza de que
minhas devassas vã o surtar também, descanso um pouco o meu almoço
improvisado e mergulho na piscina, sentindo a delícia que é o contraste
da á gua gelada em contato com a minha pele quente. Dou algumas
braçadas indo de uma borda a outra para ver se assim consigo
extravasar a frustraçã o que estou sentindo, mas meus pensamentos
continuam um turbilhã o, entã o começo a boiar, tentando esvaziar minha
mente de tudo, me permitindo por alguns instantes esquecer de todos
os problemas, fecho os olhos e suspiro com a sensaçã o.
Quando estou conseguindo alcançar meu objetivo, sinto um
impacto na á gua e me levanto rá pido, ofegante e assustada, passo as
mã os no rosto, tirando o excesso de á gua que escorre ao mesmo tempo
que tento entender o que aconteceu, entã o o vejo e me espanto.
— O que pensa que está fazendo, Wladimir? — Olho para o homem
vestido dentro da piscina. — Você bebeu, está ficando maluco ou o quê?
Questiono completamente confusa ao vê-lo caminhando em minha
direçã o, com sua roupa toda molhada, até cogito inicialmente que ele
pode ter caído, mas logo me desfaço deste pensamento ao ver seus
sapatos ao lado da espreguiçadeira que eu estava lanchando e seu
paletó , celular, carteira e chaves em cima dela.
— Acho que sim, Sara, na verdade estou quase convencido de que
estou de fato enlouquecendo — diz sorrindo, com um brilho diferente
nos olhos. — Você, menina, você está acabando com a minha sanidade.
O jeito como diz isso faz meu coraçã o acelerar, ele parece
realmente fora de controle, se deixando levar pela emoçã o de algo forte,
intenso, suas mã os seguram firme em minha cintura e mesmo abalada
com este cená rio me mantenho firme.
— Wladimir, estou muito chateada contigo, nã o, na verdade estou
com raiva de você. — Tento me afastar, mas ele nã o permite, porém
também nã o se aproxima mais do que já está . — Me solta, eu preciso
pensar.
— Sei que está , minha linda, e você tem todo o direito. Eu perco o
controle quando vejo alguém perto de você. — Acaricia meu rosto. — É
um sentimento incontrolável que cresce aqui, Sara, — coloca minha mã o
em seu peito — e o animal que existe em mim surge, querendo deixar
claro para qualquer babaca a quem você pertence.
Olho dentro dos seus olhos, tentando entender o que ele tem,
chego a pensar que... Sim, claro, estou sonhando. Devo ter dormido na
espreguiçadeira e vou acordar a qualquer momento. Vejo um sorriso
travesso em seu rosto e resolvo acabar com isso.
— Aiii... — Aliso meu pró prio braço. — Merda, doeu.
— Por que você se beliscou? — Ele acaricia meu braço me olhando
confuso, mas logo essa expressã o se desfaz. — Você acha que está
sonhando? — Aceno e seu sorriso se amplia. — Nã o está , minha ninfeta,
estou aqui mesmo, em carne, osso e todo molhado.
— Por quê? — Estou genuinamente tentando entender. — O que
você quer com isso? — Aponto para ele dentro da piscina vestido.
— Nã o sei, só nã o consigo ficar longe de você. — Dá de ombro.
Sua resposta me paralisa, vejo seu rosto se aproximar do meu
delicadamente e antes que eu consiga protestar ou responder ele me
beija tã o suavemente, como se tivesse com medo de me quebrar, sinto
algo muito diferente de tudo que já senti até hoje com todos os nossos
beijos, um sentimento que nã o consigo colocar em palavras e mesmo
que ainda esteja com raiva, chateada, me sinto incapaz de resistir a ele e
ao que está me dando neste momento.
Wladimir deposita vá rios beijos pelo meu rosto, beija a ponta do
meu nariz e volta a tomar meus lá bios, deslizando sua língua para
dentro da minha boca e a intensidade do que faz me arranca um gemido
baixo, sua mã o sobe pelas minhas costas e segura firme em minha nuca,
seus dedos se infiltrando em meus fios. Minhas mã os vã o ao zíper da sua
calça e o abro, libertando seu pau que está completamente rígido e ele
geme em minha boca quando seguro seu membro em minha mã o.
— Isso, eu preciso entrar em você, minha ninfeta, agora.
Suas mã os me seguram pela bunda e ele afasta meu biquíni para o
lado se encaixando em minha entrada, me penetrando delicadamente,
soltando um gemido longo ao processo que vai me invadindo com toda a
sua extensã o. Jogo minha cabeça para trá s, perdida na sensaçã o de tê-lo
dentro de mim e sinto sua boca em meu colo, beijando toda a á rea com
tanto carinho, suas mã os me subindo e descendo em seu pau, me
causando sensaçõ es que nunca senti antes, seus olhos nos meus a todo
instante, me dizendo milhares de coisas sem uma palavra sequer, meu
coraçã o está quase saindo pela boca e por estar com minha mã o em seu
peito, na direçã o do seu coraçã o sinto que ele está tã o entregue quanto
eu a este momento.
Seus dentes agarram na borda da parte de cima do meu biquini e
ele consegue afastar a cortininha, libertando um dos meus seios e logo
suga meu mamilo me fazendo delirar com o calor da sua boca.
— Wlad...
— Isso, porra, geme o meu nome. — Chupa com mais força, me
fazendo gemer mais alto, quase gritar. — O nome do seu homem.
Sinto minha boceta latejar e ele me morde.
— Que boceta gostosa, minha ninfeta. — Me força para baixo me
preenchendo até o talo. — Isso estrangula meu pau, safada.
Apesar das palavras sujas que eu amo em sua boca, hoje nã o
fazemos sexo selvagem como em todas as outras vezes.
Wladimir está me enlouquecendo enquanto se reveza em castigar
meus mamilos com seus dentes, os mordendo de uma forma deliciosa
para chicoteá -los no minuto seguinte com sua língua e logo em seguida
sugá -los com força, mamando com vontade, com fome, mas nã o
deixando de me penetrar um instante sequer, e mesmo que lentamente,
como se quisesse prolongar o que estamos fazendo, mete tã o fundo que
parecemos um só . O homem solta meu mamilo e começa a gemer em
meu ouvido e cacete, isso deveria ser considerado um crime.
Me agarro ainda mais a ele ao sentir que meu orgasmo se
aproxima e vejo quando ele trinca seu maxilar, suas mã os apertam
minha bunda com tanta força que tenho certeza de que ficaram
marcadas ali...
Empertigo minha coluna, meu corpo treme e minha boceta pulsa
vá rias vezes.
— Vem comigo, minha ninfeta linda. — Entã o ele empurra até o
talo, metendo profundamente, atingindo um ponto dentro de mim capaz
de me fazer sentir mais prazer do que já senti em toda a minha vida. —
Goza pra mim, chama por mim.
— Wlad... — Gozo chamando seu nome com seus olhos conectados
aos meus, entã o sinto seu pau latejar e seus jatos intenso, quente, me
atingem.
Ele encosta sua testa na minha, tã o ofegante quanto eu e entã o
sussurra...
— Porra, Sara, o que você está fazendo comigo?
Capítulo 25

Uns minutos antes...

Assim que entrei em casa e o silêncio me recebeu, novamente senti


a angú stia do outro dia, aquela sensaçã o de desespero só em pensar que
ela poderia ter me deixado, ido embora desta casa, entã o fui até a porta
de vidro da cozinha que dá para a á rea externa, antes de ir olhar nos
cô modos de cima e lá estava a razã o da minha insanidade, boiando na
piscina, linda demais. Fiquei observando a minha mulher por um tempo
com uma mistura de desejo e um outro sentimento a mais, o mesmo que
tem estado frequentemente presente quando se refere a Sara, mas que
eu nã o consigo explicar o que é, meu coraçã o acelerou sem nenhum
motivo em meu peito e uma loucura passou por minha cabeça, entã o
lembrei da bandeja de cupcakes em minha mã o, havia notado que ela
sempre comprava em um mesmo lugar nesses dias em que está
trabalhando como minha assistente, entã o no caminho para casa parei e
comprei para ela.
Coloquei os bolinhos em cima da espreguiçadeira, retirei meus
pertences dos bolsos, os colocando ali também, deixei meu paletó de
uma forma que tampasse os cupcakes, queria fazer uma surpresa, e tirei
meus sapatos, sem pensar muito me joguei com tudo na piscina,
parcialmente vestido, a á gua fria envolveu meu corpo instantaneamente,
mas seu efeito foi quase nulo pois as chamas do desejo que sinto por
esta mulher é muito maior, bem mais urgente e a forma como me
entreguei a isso hoje foi diferente de tudo que já fiz. Hoje nó s nã o
fodemos feito loucos, foi algo que me consumiu a cada arremetida que
dava em seu interior, cada beijo, cada toque tomava de mim muito mais
do que pensei que estava disposto a dar.
— Porra, Sara, o que você está fazendo comigo? — sussurro
ofegante, com a testa colada a dela.
Sara fica calada, mas sei que ela também está sentindo o mesmo
que eu, entã o me dou conta do deslize que cometi...
— Porra, transamos sem camisinha. — Olho para ela realmente
preocupado com o que vai pensar. — Desculpa, nã o é justificativa, mas
eu perco o controle perto de você.
— Wlad, está tudo bem, eu tomo remédio e nunca transei sem
camisinha antes.
— Eu também, minha linda, sempre uso preservativo e graças a
Deus que você toma pílula — digo aliviado por ela está de boa com o que
aconteceu.
Ela me olha diferente, mas nã o diz nada. Guardo meu pau dentro
da cueca de novo, ajeito minha calça e seu biquini e a seguro pela mã o.
— Vem, minha ninfeta, tenho uma surpresa pra você.
— O que é?
— Já vai ver curiosa. — Seguro seu rosto e beijo a ponta do seu
nariz.
Saímos da á gua, me sento em uma das espreguiçadeiras e a coloco
sentada a minha frente, o sol está quase se pondo.
— Aqui, pra você, espero que goste. — Retiro meu paletó , pego a
bandeja e entrego em suas mã os.
— Pra mim, Wlad? — Seus olhos brilham. — Meu Deus, muito
obrigada, mas como você sabe o sabor que eu gosto?
— Você realmente acha que eu nã o presto atençã o em você?
Ela sorri timidamente com o meu questionamento e abre a
embalagem, retirando um cupcake, que me oferece, mas eu nã o aceito e
digo que só quero vê-la comer. Uma das muitas coisas que Sara nã o sabe
ao meu respeito é que nã o sou fã de doce.
Acaricio sua barriga, arranhando levemente com a unha, só
curtindo a paz do momento enquanto a minha garota devora a
sobremesa que trouxe para ela, soltando um gemidinho gostoso a cada
mordida.
Acho que vou passar a comprar essa bomba de açúcar todos os dias...
— penso.
— Posso te fazer uma pergunta? — Sua voz me tira dos meus
desvaneios.
— Claro, o que quiser saber.
— Você nã o pensa em ter mais filhos?
Franzo o cenho, realmente confuso com essa pergunta.
— Se nã o quiser responder, fique à vontade, Wlad, só perguntei
por curiosidade. — Se apressa em explicar. — O seu alívio foi diferente,
quando disse que tomava pílula.
— Eu já sabia que tomava, você me disse no dia que assinamos o
contrato, o alívio foi de graças a Deus, o meu descuido nã o te chateou.
— Entã o isso é um sim, você pensa em ter?
— Nã o, linda, eu nã o quero mais filhos, em hipó tese nenhuma —
respondo sério. — Nã o tenho mais idade, porra, eu seria quase avô e
também por outros motivos que prefiro nã o falar. — Acaricio seu rosto.
— Mas nada que precise se preocupar, o motivo só é pessoal demais, ok?
— Ela acena e um silêncio desconfortável reina.
Sara dá mais algumas mordidas finalizando seu ú ltimo cupcake e
lambe os dedos, cena essa que prendeu totalmente a minha atençã o.
— Você acha que pode me comprar com cupcakes, Wladimir? —
fala de repente e sei que faz isso para dispersar o clima que ficou com o
assunto anterior.
— Comprar? Nã o — digo em tom de divertimento. — Mas me
desculpar pelo que aconteceu na boate, talvez.
— Entã o continue, está no caminho certo.
Rimos juntos, entã o vou aproximando meu rosto do seu e a beijo,
sentindo seu gosto misturado ao sabor adocicado.
— Sara, — digo ainda entre o beijo — quero muito te levar em um
lugar.
— Onde? — diz gemendo depois de eu chupar seu lá bio inferior.
— É surpresa.
Minha pequena safada senta em meu colo de frente para mim, suas
pernas cada uma de um lado do meu corpo e diz que sim, que vai onde
eu quiser levá -la, a beijo novamente e ficamos assim, namorando feito
dois adolescentes até a noite chegar.

Olho para a mulher ao meu lado, dormindo serenamente, sua boca


está levemente aberta e novamente sinto uma sensaçã o me tomar por
completo, a mesma que tenho sentido há alguns dias quando estou ao
lado dela, a observo por um longo tempo e sussurro, expondo a minha
confusã o interior.
— Nã o sei o que você está fazendo comigo, mas isso precisa parar
de crescer, nã o sou homem pra você. — Acaricio seu rosto lindo.
Saio da cama e resolvo tomar uma ducha rá pida, se eu deixar para
tomar banho com ela nã o vou conseguir resistir e vou me enterrar mais
uma vez em sua boceta apertada e sei que sou grande demais, que nó s
estamos transando muito e provavelmente ela precisa de um descanso,
entã o vou me esforçar para nã o foder com ela hoje, isso, até amanhã eu
consigo esperar. Desço com a intençã o de preparar nosso café da manhã
e durante o processo ligo para Max, informando que eu e Sara nã o
iremos para o escritó rio hoje...
— Nossa, preciso parabenizar a menina — meu amigo fala.
— Por quê? — questiono e algo importante vem a minha cabeça.
— Por um acaso hoje é o aniversá rio dela? E por que você sabe a data do
aniversá rio da minha mulher?
— Sua o quê? — Max pergunta literalmente gargalhando. — Calma,
porra. — Tenta se controlar para falar. — Cacete, sério, eu não imaginava
que você já estava assim. Eu vivi para ver isso, obrigado Deus — diz entre
risos.
— Vai se foder, Max, agora me responde o que eu te perguntei.
— Calma, senhor não tenho ciúmes de ninguém, eu não sei quando é
o aniversário da sua mulher. — Sinto o deboche escorrendo desse filho
da puta. — Mas posso descobrir, se você quiser ou você pode dar uma
folga pra menina e só conversar, feito pessoas normais, ao invés de ficar só
fodendo o dia todo.
— Max... — chamo em tom de alerta.
— Ok, ok. — Ele entende o que quero dizer. A verdade é que nã o
gosto de brincadeiras quando se refere a minha garota. — Mas quero
parabenizá-la por te domesticar em tão pouco tempo. A menina merece
um prêmio.
— Porra, nã o sei por que paro pra te ouvir, e pode deixar que
descubro o aniversá rio dela sozinho — digo enquanto preparo os ovos
mexidos. — Mas te liguei por outra coisa também, quero que reserve o
helicó ptero para mim, vou precisar dele para o final da tarde, ok? — Ele
me responde com um “Uhum” resmungado, como se estivesse
segurando o riso. — E se você disser alguma gracinha, juro que vou
esquecer que é meu amigo — ameaço.
— Eu não disse nada, tá muito estressado para quem está transando
direto.
— Max, faz o que mandei e vai tomar no cu. — Desligo na cara dele
e rio. — Mala do caralho.
Me olho de avental, com uma frigideira na mã o e logo vem a voz do
desgraçado na minha mente “quero parabenizá-la por te domesticar em
tão pouco tempo...”
— Domesticado porra nenhuma — bufo.
Pego uma bandeja, ajeito os pã es, frios, ovos mexidos, café, suco de
laranja, pico alguns morangos e coloco um cacho de uva, pego um ú nico
cupcake que já estava na geladeira e faço uma nota mental para
reabastecer para ela e subo para acordá -la.
— Ei dorminhoca, sei que acabei com você, mas está na hora de
acordar. — Entro no quarto falando e coloco a bandeja na cô moda ao
lado da cama. — Princesa... — a chamo suavemente, beijando seu rosto,
boca e chupo seus lá bios.
— Hum, nã o, eu nã o escovei os dentes ainda, sai Wlad — ela
resmunga, virando o rosto para me afastar.
— Nã o me importo com isso, Sara, para de besteira. — Tento beijá -
la novamente, mas leva a mã o a boca. — Eu me importo contigo me
negando o que me pertence.
— Deus, homem, você é tã o insuportável com esse ar controlador
— fala com a mã o nã o boca.
Eu a encaro por um tempo, deixando-a pensar que desisti, mas eu
quero um beijo e eu vou ter o meu beijo. Entã o sem que espere pelo
ataque, me coloco sobre o seu corpo, ouvindo-a gritar com o susto, com
uma das minhas mã os, seguro as suas sobre a sua cabeça e com a outra
seguro seu queixo, mantendo seu rosto imobilizado para mim.
— Coloca na sua cabeça que você é minha e nã o pode nunca me
negar um beijo. — Ataco seus lá bios, enfiando minha língua em sua
boca.
Sara se debate, resistindo por um tempo, mas logo amolece e cede,
correspondendo meu beijo com a mesma fome que tenho dela,
esquecendo completamente da sua objeçã o anterior.
— Mandã o... — ela sussurra em minha boca.
— Você gosta que eu sei. — Mordo seu lá bio e lembro da bandeja
que eu trouxe. — Vem, — impulsiono o seu corpo a recostar na
cabeceira e pego a bandeja, vendo a surpresa tomar seu rosto — fiz seu
café da manhã , espero que goste.
— Você fez pra mim? — Aceno ao pegar uma uva, colocando em
sua boca e sinto que ela está afetada com o gesto. — Tã o româ ntico... —
sussurra motivada pela surpresa e segura minha mã o, sei que ficou feliz
e me sinto bem com isso.
— Nã o, linda, nã o confunda as coisas, eu nã o sou româ ntico. — Me
sinto na obrigaçã o de esclarecer, quero cuidar dela, mas nã o quero que
se iluda comigo. Ela abaixa a cabeça e uma mecha cai na frente do seu
rosto, a coloco para atrá s da sua orelha. — Só estou sendo gentil contigo,
cuidando do jeito que você merece.
Ela sorri timidamente e como sempre meus olhos ficam presos
neste movimento dos seus lá bios, no tom levemente rosado que seu
rosto toma quando isso acontece...
— Entendi Wlad e muito obrigada, mas cuidado com isso, lindo. —
Pelo sorriso já sei que vem alguma provocaçã o.
— E com o que eu devo ter cuidado, Sara?
— Para nã o quebrar a primeira clá usula do seu contrato — fala
rindo e bebe um gole do café.
Dessa vez nã o respondo, realmente preciso tomar cuidado com
essa ninfeta, mas ainda tenho tudo sob controle.
Capítulo 26

O quarto de Liz continua trancado, depois que Max quase estragou


a minha tarde de ontem, resolvi revelar esta surpresa somente no final
de semana para as duas juntas e quanto ao apartamento teremos tempo
para essa revelaçã o também, no momento estou focado em aproveitar
tudo que posso da minha garota pelos pró ximos 30 dias, enquanto meu
filho ainda está em Nova York.
Assim que terminamos nosso café passamos o dia fazendo algo
que eu particularmente nã o fazia há muito tempo, ficamos de bobeira, e
foi maravilhoso. Almoçamos juntos e a tarde pedi para que se vestisse
pois iriamos a um lugar especial, e graças ao trâ nsito que estava bem
tranquilo estamos chegando ao nosso destino inicial.
— Wlad, estou curiosa, isso nã o se faz. Me fala pelo menos uma
dica — ela praticamente implora com o indicador levantado em minha
direçã o.
— Nã o, se eu contar vai perder a graça. — Sorrio ao dizer, amando
a sensaçã o de poder proporcionar isso a ela. — Espero que goste, é o
meu lugar favorito e quis dividir contigo — declaro ao estacionar e ao
me virar para ela noto que está me olhando com um brilho diferente.
Dou um selinho em seus lá bios e saio do carro, indo até a porta do
passageiro abrindo para ela.
— Nossa, como ele é cavalheiro — provoca e segura minha mã o.
— Aproveita que o ogro está de folga. — Sorrimos juntos e
seguimos para onde nos aguardam.
Sara está visivelmente desconfiada, eu por outro lado, estou
ansioso para saber o que vai sentir quando souber o que planejei,
adentramos o heliporto e Jack nos recebe, mas percebo como olha para
minha garota, ele disfarça rapidamente e se dirige a mim.
— Senhor Novak, boa tarde. — Aperta a minha mã o. — O
helicó ptero já está pronto, será um prazer levá -los.
— Nó s vamos voar de helicó ptero? — Ela me olha admirada. — É
sério, Wlad?
— Vamos sim — respondo sorrindo e a abraço possessivamente
pela cintura, seus olhos arregalam ainda mais, totalmente surpresa com
meu gesto. — Jack, esta é minha namorada, senhorita Sara Smith. — Dou
uma certa ênfase no pronome possessivo ao apresentá -la.
Sei que estou quebrando a porra da clá usula dois do nosso
contrato e nã o sei explicar de forma racional por que estou fazendo isso,
mas esse fedelho precisa saber que ela é minha ou sou capaz de arrancar
os olhos dele.
— Minha linda, esse é Jack, o piloto que vai nos acompanhar
durante o nosso passeio. — Dou um selinho em seus lá bios para deixar
claro o que acabei de dizer.
— Prazer Jack. — Ele acena para ela de maneira contida e volta seu
olhar para mim.
É isso aí moleque, a novinha tem dono — penso.
— Será uma honra levar o casal para esse passeio tã o lindo.
Aproveitem! — diz de forma profissional nos pedindo em seguida para
acompanhá -lo e entramos na aeronave.
O helicó ptero decola suavemente deixando as luzes brilhantes de
Las Vegas cada vez mais distante. Sara parece uma criança,
completamente encantada, seu sorriso é contagiante e me pego sorrindo
pelo simples fato de vê-la feliz.
— Nã o acredito que você está me levando para sobrevoar o Grand
Canyon — diz deslumbrada com as formas rochosas abaixo de nó s. — Se
um dia eu te xinguei, retiro tudo que eu disse — diz me arrancando uma
risada.
— Tudo por esse sorriso — digo e recebo um beijo que retribuo
imediatamente e subo minha mã o para sua coxa, apertando levemente.
— Se comporte, nã o estamos sozinhos — ela diz batendo em
minha mã o.
Eu amo essa sensaçã o de voar e sobrevoar aqui, é algo que nã o
faço a muito tempo, porém, é uma das coisas que mais gosto de fazer,
sempre que estou precisando relaxar esse é o meu refú gio e nunca dividi
com ninguém. Fazer isso com ela está sendo diferente. Olho os tons
alaranjados das rochas esculpidas pelo melhor artista de todos, o tempo,
que fica ainda mais incrível sob a luz do sol se pondo, observo as falésias
descendo com toda sua imponência na direçã o do rio Colorado dando
um toque majestoso ao passeio.
Logo a voz do piloto ressoa falando sobre alguns pontos turísticos e
Sara suspira, completamente encantada quando passamos por cima da
Eagle Point e a Skywalk[5]. Estamos sentados lado a lado em um silê ncio
confortável, minha garota aprecia cada detalhe que a linda vista
proporciona, enquanto eu nã o consigo desviar meus olhos dela, me
perdendo em cada detalhe da maior beleza que os meus olhos já viram.
Sara me olha e nã o consigo evitar, puxo-a para um beijo, necessitando
sentir seu gosto, minha língua explora sua boca com desejo e ela geme
baixinho, quase inaudível, mordo levemente seu maxilar, seguindo uma
trilha de beijo até seu pescoço.
Sinto o aperto que ela dar em meu braço e se afasta, tentando se
recompor, buscando controle e eu amo o jeito que a enlouqueço, pelo
menos nã o estou nessa sozinho.
— Wlad, muito obrigada por esse passeio. — Ela sorri radiante
para mim ao dizer, no mesmo instante em que a aeronave começar a
descer. — Eu amei a surpresa.
— Fico feliz que esteja gostando. — Resvalo meus lá bios nos seus
suavemente e beijo seu rosto.
Mal ela sabe que ainda nã o acabou. Pedi a Max que organizasse
tudo e Jack pousa em uma á rea isolada dentro do Grand Canyon, longe
do fluxo de turistas para nos dar privacidade.
O piloto já está ciente sobre como vai proceder a partir de agora,
tudo já foi acertado cedo, entre ele e meu amigo, entã o quando
descemos, me despeço e ele diz que estará de volta dentro de duas horas
para nos buscar, vejo a confusã o no rosto da minha mulher, mas sem dar
explicaçõ es entrelaço nossos dedos e a conduzo ao local que Max
montou o que pedi e quando Sara visualiza a segunda surpresa do dia a
sua frente, sua expressã o se transforma e um brilho lindo contrasta em
seus olhos, seus lá bios se abrem em admiraçã o e logo um sorriso surge,
me preenchendo com uma felicidade a muito tempo esquecida por mim
e me pego desejando fazer isso sempre por ela, por toda a vida.
— Meu Deus, Wlad... — Ela leva as mã os a boca.
Estou devendo uma ao meu amigo, o filho da puta caprichou.
A nossa frente tem um piquenique com tudo que eu sei que ela
gosta, coisas que descobri neste período de convivência e passei para o
Max quando nos falamos. Sob a modesta tenda com um tom meio de
palha, decorada com muitas almofadas e flores silvestres, com a
paisagem indescritível do Grand Canyon ao fundo tem uma pequena
mesa com vinho, duas taças, frutas frescas, queijos, alguns sanduiches
gourmet e claro, os cupcakes trufados de chocolates. Estou
acompanhando vidrado cada reaçã o do seu rosto e ela se vira para mim,
sempre que isso acontece sinto um impacto dentro do meu peito.
— Você... — Volta a olhar a tenda e retorna seus olhos para mim.
— Meu Deus, Wlad, nã o sei o que falar — diz meio sorrindo, meio
surpresa. — Você fez tudo isso para mim? — Aceno me aproximando e
coloco minhas mã os em sua cintura.
— Você merece o mundo, Sara, e quero te proporcionar momentos
inesquecíveis, — seguro seu rosto com carinho — eu vou te dar o mundo
nesses meses que vamos ficar juntos. — A insinuaçã o de que temos um
prazo me incomoda, mas opto por ignorar esse sentimento.
— E você ainda diz que nã o é româ ntico. — Literalmente se
pendura em meu pescoço. — Isso tudo é incrível demais. — Fica de
frente para a paisagem e eu a abraço por trá s. — Nunca vi nada tã o lindo
na vida — diz admirando o cená rio a nossa frente.
— Eu também nunca tinha visto nada tã o perfeito, — digo olhando
a paisagem e viro minha garota de frente para mim. — até conhecer
você, Sara. Nada se compara a sua beleza.
Sara engole seco com minhas palavras e enrubesce
instantaneamente. Acho lindo esse jeito tímido dela ao receber elogios,
porque nada tem a ver com a sua boca atrevida quando quer provocar.
— Ninguém nunca fez nada nem parecido para mim antes, Wlad.
— Sua voz soa doce e ela nã o para de sorri. — Muito obrigada.
— Vem... — A puxo para a tenda.
Nos sentamos, coloco ela a minha frente e encho nossas taças de
vinho, optei por um Far Niente Chardonnay, pois suas notas de frutas
tropicais combinam bastante com o clima quente do deserto, além de
ser muito sofisticado, suave.
— Você trouxe até cupcakes — diz ao pegar um.
— Como nã o traria? — falo e ela sorri.
Comemos em um clima gostoso, falando sobre vá rios assuntos,
conto para ela sobre meus pais, falo vagamente como eles morreram e
minha garota se sensibiliza quando digo que eles faleceram em um
acidente no iate que meu pai tinha dado para minha mã e em
homenagem aos 50 anos de casamentos deles. Sara diz que senti muito,
entã o deixo claro que apesar de sentir uma saudade eterna, hoje prefiro
me lembrar dos momentos bons que vivi com eles, de tudo que fizeram
por mim. Falo um pouco sobre o ramo da minha família e ela pergunta
por que optei por entrar no ramo em que estou ao invés de seguir o
mesmo que meu pai... A conversa segue confortável, ela também me
conta um pouco sobre o seu canal e como surgiu a ideia.
— E nestas lives costuma entrar homens?
— À s vezes entra sim, geralmente uns babacas machistas, escrotos,
mas só ignoramos e eles saem por nã o alcançar seus objetivos.
— Se acontecer me conte, vou fazer com que se arrependa.
— E como faria isso, Wlad? — pergunta divertida. — Sabe que nã o
tenho acesso a informaçõ es pessoais.
— Você nã o, mas eu consigo e tenho meus meios que prefiro
deixar oculto. — Beijo seu rosto. — Nã o é viável que você saiba tudo
sobre mim, minha linda.
No meu ramo nã o dá para ser apenas empresá rio, lidamos com
todo tipo de gente e precisamos estar sempre preparados. Entretanto,
ela nã o precisa saber que apesar de ser um CEO respeitado, faço o que
for necessá rio, sem restriçã o ou receio, para proteger os meus e o que é
meu, de pessoas a bens, que já precisei sujar as mã os antes e faria
novamente, se preciso. E criei meu filho do mesmo jeito, temos porte de
arma, sabemos atirar muito bem, dominamos boa parte das técnicas de
lutas e se for necessá rio, nã o entramos em nada para perder. Vejo que
seu olhar agora é desconfiado, na verdade está mais para curioso, mas
isso é o má ximo que irei contar. Sara se vira, olhando para a paisagem e
a brisa suave balança seus cabelos, levo meu indicador ao seu queixo e
trago sua boca para a minha.
Nossos beijos ultimamente têm sido mais suaves, exceto quando
estamos fodendo com desespero, mas a intensidade do que sinto dentro
do meu peito com ela aqui em meus braços é inexplicável. Em alguns
momentos eu literalmente esqueço que existe um contrato entre nó s e
isso nã o pode acontecer. Tenho vontade de falar coisas para ela, coisas
que nã o julgo sensatas, porque nã o somos um casal convencional, entã o
hesito, porque nã o estou aberto a isso, nã o quero isso... Nã o posso
querer viver isso.
Deixo todos esses pensamentos e sentimentos intrusivos de lado,
decidido a aproveitar cada segundo ao lado da mulher em meus braços...
A deito, colocando meu corpo por cima do seu e me perco a admirando,
fecho os olhos e passo a ponta dos meus dedos em seu rosto, sentindo
seus traços, é como se o meu subconsciente quisesse gravar todas a
feiçõ es dela para quando nã o a tiver mais comigo.
— Você é absurdamente linda, Sara — sussurro, voltando a beijá -
la.
A explosã o que sinto em meu interior com o toque dos nossos
lá bios vai além de tudo que já senti um dia, seguro firme sua cintura e
me esfrego nela, quero que sinta como me deixa louco, entregue. Infiltro
meus dedos em seus fios, colocando uma pequena pressã o e elevo um
pouco sua cabeça, tendo o acesso que necessito do seu pescoço e chupo
o local, desejando marcá -la como minha para sempre, para que todos
saibam a quem ela pertence.
— É tã o estranho como me sinto com você, — digo ao abrir os
olhos, a impressã o que tenho é que as palavras simplesmente pulam da
minha boca sem que eu as consiga controlar — nunca senti nada assim
com ninguém — declaro e ela me olha intensamente.
— Wlad... — Levo meu indicador aos seus lá bios impedindo que
fale.
— Nã o vamos dizer nada, só quero me permitir ser feliz contigo
por esse tempo que temos. — Ela acena sorrindo.
Prefiro assim, sem promessas que nã o poderei cumprir. Nã o quero
magoá -la quando isso acabar.
Porque vai acabar.
— Te beijar virou meu vício, sabia? — Beijo seus lá bios
novamente. — Minha vontade é ficar assim contigo 24 horas do meu dia.
— Bom, — me dá um selinho e chupa meu lá bio inferior — eu nã o
iria me opor a isso. — Sorrimos juntos com nossas bocas coladas.
Literalmente conversamos entre beijos e caricias, porque assim
como eu, ela parece nã o conseguir se manter afastada um segundo
sequer.
— Você está me surpreendendo tanto, Wlad — sussurra e eu
aprofundo o beijo para nã o responder em voz alta o que grita em minha
cabeça.
Eu estou me surpreendendo também, minha linda... Você nem faz
ideia do quanto.
Capítulo 27

Hoje eu tive o melhor dia da minha vida e ainda estou surpresa


com tudo que Wladimir se prontificou a fazer por mim. Apó s comermos
todas aquelas delícias que ele organizou para o piquenique, ficamos nos
curtindo feito um casal de adolescente que começou um namoro recente
e como foi gostoso ficar assim com ele. Depois Wlad me chamou para
explorar o local, caminhamos de mã os dadas por uma trilha curta que
nos levou para uma vista do desfiladeiro de tirar o folego, entã o nos
sentamos em uma pedra abraçados, ele com o corpo atrá s do meu e
ficamos admirando a paisagem. Entã o para terminar de me surpreender
ele tirou duas selfies nossa, do seu pró prio celular, uma abraçados da
forma que nos sentamos e a outra nos beijando.
Agora dentro do helicó ptero estamos voltando para casa e apesar
de exausta, estou absurdamente feliz. Vejo o horizonte do Grand Canyon
ficando para trá s e sorrio, ainda sem conseguir acreditar no dia de hoje,
encosto minha cabeça no peito do meu... Nã o sei como chamá -lo apesar
de ele ter me apresentado como sua namorada e isso é algo que eu
deveria ter questionado, mas me deslumbrei tanto com tudo que fez que
acabei me esquecendo. O piloto avisa que estamos pousando em Las
Vegas e Wlad segura minha mã o, fazendo um carinho suave com o
polegar.
Nos despedimos de Jack e seguimos para o carro.
— Entã o, gostou do passeio? — pergunta assim que entramos em
seu carro.
— Você só pode estar de brincadeira — digo sorrindo. — Eu amei,
Wlad, cada minuto do dia de hoje foi inesquecível.
— Fico muito feliz, meu a... — pigarreia — meu anjo.
Apesar de sorrir ao me responder, nã o é o mesmo sorriso que me
direcionou durante todo o dia, este nã o chega à altura dos seus olhos,
sem dizer que seu tom de voz mudou e do nada a leveza que estava
entre nó s se dissipou.
— Está tudo bem? — tento iniciar alguma conversa, porque esse
silêncio repentino está me incomodando.
— Está sim, Sara, só estou prestando atençã o no trâ nsito.
Será que ele se arrependeu do passeio, de ter passado o dia comigo?
— penso entristecida, tentando entender se fiz ou falei algo de errado.
Estava muito bom para ser verdade... Olho para ele e parece tã o
distante de mim, preso nos seus pensamentos. De volta a Las Vegas, de
volta o Wladimir que está sempre pensando mil coisas ao mesmo tempo.
Precisando me distrair pego meu celular, o deixei de lado durante
todo o dia, até porque onde estávamos nã o tinha sinal e vejo algumas
chamadas perdidas e duas mensagens de Beth, pedindo para que eu
entrasse em contato assim que visse.
Instantaneamente meu sangue gela, minhas mã os começam a
tremer.
Não, não, minha irmã não, Deus, por favor — rogo mentalmente,
desesperada e ligo para Beth.
— Alô, Sara, graças a Deus...
— O que houve com a minha irmã , Beth? — a interrompo indo
direto ao ponto. Nã o tenho estrutura para enrolaçã o neste assunto e
Wladimir me olha alarmado.
Beth explica que hoje cedo Liz se queixou de uma dor fraquinha ao
redor do umbigo e por isso nã o a mandou para a escola, mas no decorrer
do dia ficou amuada e a tarde começou a chorar, dizendo que estava
doendo muito na barriga e apontou para o lado direito inferior do
abdô men, entã o ela achou melhor levá -la para a emergência.
— Sara, eles fizeram uma ultrassonografia nela e foi confirmado, Liz
está com uma apendicite aguda e vai precisar entrar para uma cirurgia de
emergência para evitar complicações, como a ruptura do apêndice —
Beth termina de me explicar com a voz tomada por preocupaçã o.
— Oh, meu Deus... — Minhas lá grimas começam a cair. — Beth,
estou a caminho, muito obrigada por tudo.
Desligo sentindo um medo absurdo, sei que essa cirurgia é mais
comum do que muitos pensam, mas só em pensar na minha irmã zinha
passando por algo assim tã o novinha me dá frio na espinha e é inevitável
o desespero crescente em meu peito.
— O que houve com a Liz? — Estou tã o absorta a tudo, que esqueci
dele.
Faço um resumo do que Beth me contou e vejo sua expressã o
mudar...
— Nã o quero te atrapalhar, mas se você nã o puder me deixar no
hospital, me deixa no ponto mais pró x...
— Enlouqueceu, Sara? — diz alterado. — Você acha mesmo que eu
nã o iria contigo para ver a Liz?
O ouço bufar quando minha resposta nã o vem, sem hesitar ele
acelera com tudo na direçã o do hospital, sem dizer mais nada. Encosto
minha cabeça na janela do carro, pedindo a Deus mentalmente para
cuidar da minha irmã . Logo chegamos ao hospital, Wladimir estaciona
de qualquer jeito e entramos na emergência.
A emergência está lotada, pessoas andando de um lado para o
outro, telefone tocando e acho que estou à beira de um colapso de tã o
nervosa que estou, entã o sinto sua mã o se entrelaçar a minha, o olho
confusa com suas mudanças e ele me puxa para a recepçã o.
— Boa noite, estamos aqui pela paciente Liz Smith, 5 anos, ela deu
entrada para uma cirurgia de apendicite. — A voz de Wladimir sai firme
ao assumir o controle da situaçã o.
A recepcionista nos pede para aguardar um momento enquanto
procura e quando retorna nos direciona para a sala de espera, onde Beth
se encontra aguardando por notícias. Wladimir agradece a mulher e
assim que entramos na sala de espera Beth vem ao meu encontro me
abraçar, com os olhos vermelhos e a voz trêmula, denunciando que
estava chorando.
— Oi, Beth. Obrigado por cuidar da Liz com tanto carinho. —
Percebo a confusã o no rosto da mulher ao acenar, afinal, ela nã o faz ideia
da minha relaçã o com o pai do meu amigo. — Os médicos disseram
alguma coisa?
— Nã o muito, senhor Novak. Só informaram que a cirurgia iria
começar imediatamente e que nã o costuma demorar, mas para mim já
está durando uma eternidade. — Ela esfrega o rosto nervosa. — É tã o
difícil esperar...
— Só Wladimir, ok? — ele diz e ela assente. — Vamos manter a
calma, a nossa menininha vai ficar bem, logo vai estar tagarelando sobre
suas travessuras com a gente.
Suas palavras soam muito verdadeiras e me sinto bem mais
tranquila com ele aqui comigo.
— Sara, pode contar comigo para o que precisarem, ok? — diz com
convicçã o olhando em meus olhos. — Eu estou com vocês. — Me abraça
e eu correspondo, preciso dos braços dele para me sentir segura.
Depois de um longo tempo, pelo menos para mim a porta da sala
de espera se abre e o médico entra, busco algo em sua expressã o, mas
nã o consigo decifrar nada.
— Familiares da menor Liz Smith.
— Sou Sara Smith...
Me aproximo de imediato informando que sou a irmã e
responsável por Liz e Wladimir se coloca ao meu lado, novamente
entrelaçando seus dedos aos meus.
— Sara, eu sou o doutor Stwart e a cirurgia foi bem-sucedida. —
Com a informaçã o eu solto o ar que nem sabia que estava segurando. —
Conseguimos remover o apêndice antes que ele se rompesse, o que foi
ó timo. Agora a pequena Liz está na sala de recuperaçã o e vai precisar
ficar em observaçã o por algumas horas — explica calmamente. — Se
tudo continuar correndo bem, ela poderá ir para o quarto hoje mesmo.
— Doutor, nó s podemos vê-la? — Wladimir pergunta.
Olho em expectativa para o médico e sinto que ele hesita por
alguns segundos, mas entã o suspira e acena positivamente.
— Ela ainda está sob efeito da anestesia, entã o só poderã o ficar ao
lado dela e por alguns minutos, ok?
— Ok, ok. — Aceno vá rias vezes, concordando. — Muito obrigada,
doutor Stwart.
Sigo para a sala de recuperaçã o e sinto meu coraçã o apertar ao
entrar e ver minha irmã em cima dessa cama, pá lida. Me aproximo e
seguro sua mã ozinha, minha princesa mal reage ao toque, ainda está
grogue pelo efeito da anestesia.
— Oh, meu amorzinho, logo você vai estar com a maninha e vamos
passar um dia inteiro fazendo tudo que você quiser. — Seco me rosto
com as costas da mã o e sinto uma presença atrá s de mim.
— Ela vai ficar bem, minha linda. — Wladimir me abraça por trá s e
encosta o queixo em meu ombro. — Eu estou aqui com você, vamos
cuidar da nossa princesinha juntos — ele sussurra em meu ouvido e
suas palavras tem um efeito estranho dentro de mim.
Opto por nã o responder e mudo de assunto.
— E Beth?
— Eu disse para ela entrar, mas disse que agora que estávamos
aqui e Liz saiu bem da cirurgia, ela precisava ir buscar a Carol, que ficou
na casa de uma vizinha — ele explica falando baixinho para nã o
incomodar Liz. — Pediu para darmos notícias e para eu cuidar de vocês.
— Assinto.
Depois de um tempo uma enfermeira informa que precisamos sair,
de volta a sala de espera me sento, nã o pretendo sair daqui para nada e
entã o Wladimir senta ao meu lado.
— Ei, vai para casa descansar — digo com sinceridade. — Muito
obrigada por tudo, mas o dia hoje foi puxado e amanhã tem trabalho... —
me interrompe.
— Eu nã o vou a lugar algum, Sara. — Segura minha mã o. — E nã o
se preocupe com a boate, tire o tempo que precisar, o importante agora é
a recuperaçã o da Liz.
— Nã o precisa mesmo... — Novamente me impede de concluir.
— Nã o tem discussã o sobre isso — fala firme. — Vamos focar no
bem-estar dela, ok? Ao sair daqui ela vai lá para casa e vamos fazer todo
o necessá rio para ela se recuperar totalmente.
— Nã o tenho palavras para te agradecer, Wladimir, e pode
descontar o tempo que vou precisar cuidar dela — digo me sentindo
cansada, nã o só pelo dia, mas também mentalmente.
— Sara, acho que você ainda nã o se deu conta do que você e Liz
significam para mim, entã o só vamos focar nossas energias nela, ok? —
Aceno lentamente, sentindo o peso de suas palavras.
Sinto uma gratidã o enorme por tudo que está fazendo, mas este
homem é tã o difícil de entender, nã o conheço seu passado a fundo, só o
que Vitor já dividiu comigo em seus desabafos, preocupado com o jeito
do pai levar a vida, mas a questã o é que nã o posso amolecer meu
coraçã o para alguém tã o preso a um fantasma...
Seu toque em meu rosto me faz encará -lo, arrancando-me dos
meus pensamentos conflitantes, de repente Wladimir aproxima seu
rosto do meu e me dá um selinho demorado, quando fecho os olhos para
me render ao beijo recordo de onde estamos e me afasto como se tivesse
levado um choque.
— Wladimir, nó s estamos em pú blico, enlouqueceu?
— Estou tentando nã o enlouquecer, Sara, mas... — Ele me olha
intensamente e suspira. — Estou falhando miseravelmente a cada
maldito minuto.
Capítulo 28

Sara abre a porta e entro com Liz em meu colo, hoje essa
menininha que me conquistou por completo em tã o pouco tempo
recebeu alta e finalmente vou conseguir mostrar a surpresa que fiz para
ela e de uma certa forma, também para sua irmã .
— Ah finalmente em casa — Sara diz ao soltar a sacola com os
medicamentos de Liz em cima do aparador. — Me entrega ela Wlad, eu
mesma a levo para o meu quarto.
Sinto uma sensaçã o boa ao ouvi-la se referir a minha casa como
dela.
— Nã o maninha, deixa o titio me levar, ele é fortã o. — Seu
comentá rio vem junto com um leve aperto em meu braço e me arranca
uma risada.
— Nã o vamos explorar o Wladimir mais do que já estamos
fazendo, meu amor. — Suas palavras acompanham seus braços, vindo
pegar a menina do meu colo.
— Nem pensar, Sara — falo firme. — Nã o vejo problema em ajudar
vocês, posso carregar Liz sem problema algum e — olho em expectativa
para ela — tenho uma surpresa para vocês duas, principalmente para
você, minha princesa. — Beijo a cabeça de Liz.
— Pra mim? — Seus olhos se ampliam junto com seu sorriso. —
Eu amo surpresas, titio. — Bate palminhas.
— Sim, para você. — Começo a subir as escadas. — Vem, Sara, nos
acompanhe também.
Subimos os degraus com Liz tagarelando sem parar, diferente da
irmã , que nã o disse absolutamente nada e isso começa a me deixar
receoso se fiz certo em nã o revelar para ela antes. Sara passa a minha
frente quando chegamos ao corredor dos quartos e ameaça abrir a porta
do seu quarto.
— Nã o, linda, abre essa porta aqui, por favor. — Aponto para o
quarto ao lado do seu e ela vem em minha direçã o com o cenho franzido
— Abre... — A incentivo e cubro os olhos de Liz.
— Ah nã o, titio, eu quero ver.
— Calma, meu amor, você já vai ver tudo — falo ao mesmo tempo
que a minha garota abre a porta.
Observo Sara girar em seus calcanhares lentamente, olhando todo
o ambiente, sem dizer nada e a minha vontade é de sacudir essa mulher
e implorar que fale alguma coisa. No período em que os profissionais
estavam aqui fazendo tudo como pedi, fiquei ansioso a cada segundo,
mas depois passou e os dias que se seguiram fiquei tranquilo, mas agora
a porra da ansiedade voltou com tudo e a ú nica coisa que passa pela
minha cabeça é que eu deveria ter incluído ela no projeto.
Porra, onde eu estava com a cabeça em querer fazer surpresa até
para a irmã da menina?
Meu maior receio é de Liz nã o gostar, mas se isso acontecer eu
refaço tudo.
— Eiii, titio, me deixa olhar — minha pequena me desperta dos
meus pensamentos e ao olhar Sara, o sorriso em seu rosto é capaz de
iluminar o mundo.
Sinto um alívio e lentamente retiro minha mã o da frente do rosto
de Liz...
— Titio, de quem é esse quarto?
— É seu, meu amor, fiz pra você, mas se você nã o gostou de algo, a
gente muda, — me apresso a falar — e se quiser mudar tudo, tudo bem,
ok?
— Titio Wadimir, me coloca no chã o, vou andar devagarzinho,
prometo — Liz me pede e meu sangue gela, certeza de que ela nã o
gostou.
Atendo ao seu pedido e fico acompanhando cada um dos seus
gestos com o coraçã o apertado, Liz vai até o trio de nichos cheios de
brinquedos, passa pela pequena estante de livros infantis, olhando tudo
admirada, passa sua mã ozinha pela parede pintada com flocos de neves
e ao fundo tem o desenho de um enorme castelo, caminha até a sua
cama acariciando a colcha com os personagens de Frozen... Ela foca no
enorme boneco de pelú cia em cima da cama.
— Olaf... — sussurra boquiaberta e a ouço fungar.
— Nã o chora, Moranguinho. — Me ajoelho para ficar da sua altura
e a viro para mim, vendo seus olhinhos brilhando pelas lá grimas. — O
titio fez algo que você nã o gostou?
— Você é o melhor titio do mundo todo. — Envolve meu pescoço
com seus bracinhos. — Eu amei tudinho, titio Wadimir. Obrigada,
obrigada, obrigada — fala tudo com a voz carregada de felicidade.
— Jura que você gostou, Moranguinho? — a chamo pela segunda
vez com o apelido que acabei de dar para ela.
— Juro juradinho, titio. Gostei do Olaf grandã o, dos brinquedos,
dos livrinhos, do desenho na parede, olha a minha cama que linda —
aponta toda feliz — até de você me chamando de Moranguinho eu gostei
muito.
Olho para Sara em um canto do quarto e a forma em que me olha,
sorrindo, com os olhos marejados, aquece minha alma.
— Fico tã o feliz que tenha gostado, princesa.
— Eu amei, aqui agora é o meu lugar favorito da vida. — Sua
vozinha ainda sai alterada pelo choro. — Eu te amo, titio Wadimir, muito
mesmo.
Pego minha princesinha no colo e a abraço com todo amor que
essa menininha conseguiu despertar em mim, entã o olho novamente
para a sua irmã , a mulher que entrou feito um furacã o em minha vida e
despertou algo que nunca pensei que seria capaz de sentir novamente.
Elas duas passaram a significar tanto.
— Eu também te amo muito, Moranguinho.
— Titio, agora eu nã o preciso mais ir embora, né? — a pequena
murmura e porra, isso é o que mais quero, que aqui seja a casa delas. —
A minha maninha já é a minha mamã e desde que nasci e agora você
pode ser o meu papai. — Fico completamente sem saber o que
responder. — Titio, você aceita casar com a minha maninha e virar o
meu papai para sempre? — Meus olhos arregalam, literalmente
dobrando de tamanho e ouço Sara ter uma crise de tosse ao nosso lado.
— Ei, você está bem? — pergunto preocupado ao ver o rosto da
minha garota vermelho pelo esforço ao tossir e ela só acena que sim.
— Maninha eu quero que ele seja o meu papai... — baixa a cabeça
cabisbaixa.
— Moranguinho, nã o é assim que as coisas funcionam para os
adultos, mas eu sou o seu titio, né? — Ela acena. — E vou sempre fazer
tudo por você, nã o preciso me casar com a sua irmã para isso — explico,
mas o que sinto é completamente diferente das minhas palavras. — Aqui
é a sua casa, meu amor e você nunca vai precisar ir embora. — O sorriso
de Liz é radiante.
— Wladimir, posso falar com você? — Sara me olha sério e me
pergunto o que falei de errado.
— Claro. — Coloco Liz na cama. — Descanse, Moranguinho, eu
volto daqui a pouco.
Ligo a televisã o e coloco frozen para ela assistir antes de sair do
seu quarto, Sara foi na frente e estranho sua mudança repentina, sigo
para o seu quarto, sei que foi para lá porque deixou a porta aberta.
— Oi...
— Wladimir, você nã o pode falar essas coisas para a minha irmã .
— Atropela minhas palavras. — Eu agradeço muito o que está fazendo
por nó s duas, seu apoio tem sido muito importante, e esse quarto, meu
Deus, é um verdadeiro sonho, mas sabemos que isso que existe entre a
gente é passageiro, nã o tem sentimento e que vou embora em alguns
meses.
Talvez se eu tivesse levado um tiro nã o doeria tanto quanto ouvir
suas palavras, mas porra, ela está certa, entã o por que dó i tanto?
— Ok, Sara, me desculpe, só pensei em agradar a Liz porque eu
realmente amo aquela menina. Mas nã o menti, aqui sempre vai ser a
casa de vocês e isso independente do contrato. — Opto por dar uma
resposta mais sensata, porém, sincera. — Agora vou tomar um banho,
estou muito cansado, descanse você também, provavelmente Marie
deixou comida pronta, já desço para ver isso. — Saio sem esperar por
sua resposta.

Dez dias... Malditas 240 horas sem sentir o gosto dela. Juro, sinto
meu corpo tremer em abstinência.
Saio do meu quarto vestindo somente uma calça moletom, gosto
de ficar à vontade em casa, sigo para a cozinha necessitando de um café
forte, bebi um pouco ontem à noite enquanto trabalhava e acordei com
dor de cabeça. Dei folga para Sara pelo tempo em que Liz precisar de
cuidado, apó s a cirurgia e também estou trabalhando de casa, nunca
deixaria minhas meninas sozinhas.
Início o preparo da bebida e sinto um cheiro familiar preencher a
cozinha, nã o me viro, nossa convivência depois do que me falou ficou
estranha, nã o sei como agir perto dela porque eu a quero, mas sei que
ela nã o está errada, meus sentimentos podem estar confusos, mas
continuo com a mesma opiniã o, nã o estou aberto há relacionamento
sério, nunca irei substituir Susie por ninguém, nem mesmo por Sara.
— Bom dia, Wladimir.
— Bom dia, quer café? — Me viro já com duas xicaras nas mã os e
sua aparência me espanta. Ela está abatida, nã o sei se é só cansaço. —
Está tudo bem?
— Nã o se preocupe, vim só pegar á gua para tomar um analgésico.
— Sara, eu decido com o que me preocupo ou nã o — respondo
ríspido. — O que você está sentindo?
A teimosia em pessoa ergue o nariz ameaçando me afrontar, entã o
cruzo meus braços em resposta e ficamos feito duas crianças birrentas,
numa guerra silenciosa.
— Tenho todo tempo do mundo, Sara. — Entã o ela se curva dando
um gemido de dor e eu corro até ela na mesma hora. — Ei, fala comigo
sua teimosa, o que você está sentindo? — questiono levando minha mã o
até a sua barriga.
— Nã o é nada sério, Wladimir, coisa de mulher... Ai, merda. — Seu
corpo retesa em meus braços. — Estou com uma có lica estranha e muita
dor de cabeça.
— Costuma ter có lica assim quando fica menstruada?
— Até tenho, mas nã o está no período da minha menstruaçã o vir,
ainda falta uns dias.
— Entendi, vem, vou cuidar das minhas meninas. — A pego no
colo e caminho para as escadas.
— Me coloca no chã o seu maluco, nã o precisa disso.
— Claro que precisa. — Nã o dou margem para ser contrariado. —
Estou aqui pensando, pode ser que seu período tenha adiantado por
conta de todo o estresse com a Liz.
— Sim, pode ser. — Ela resmunga novamente.
Entro em seu quarto depositando seu corpo suavemente em cima
da cama, ajeito os travesseiros e dou um beijo em sua cabeça.
— Vou até a cozinha pegar sua á gua e já volto. — Antes de sair do
cô modo a olho novamente. — Pode deixar que vou ver como Liz está .
Susie tinha có licas horríveis, sei algumas coisas a respeito, entã o
coloco um pouco de á gua para aquecer e procuro o sache do chá de
camomila, minha mulher sempre falou que ajudava a acalmar suas
dores.
Preparo o chá , coloco uns biscoitos, já que seus cupcakes acabaram
e subo levando também sua á gua.
— Oi, trouxe a bebida que pediu, mas também preparei um chá , —
dou a xicara em sua mã o e percebo sua surpresa — a mã e de Vitor
sempre disse que esse chá a ajudava muito neste período. — Percebo
como me referi a Susie perto dela e isso me causa um incomodo.
— Nã o precisava, Wladimir, mas muito obrigada. — Ela pega a
cartela de comprimidos ao seu lado e toma um com a á gua e em seguida
beberica o chá . — Está muito bom. — Sorrio contidamente.
— Vou ver Liz, daqui a pouco eu volto, descanse.
Vou até o quarto da Moranguinho e vejo que ainda dorme, seu
corpinho está em cima do Olaf de pelú cia, entro para ajeitar a minha
pequena em sua cama e saio em seguida. Olho para o quarto de Susie
sentindo uma vontade imensa de entrar, mas nã o consigo, nã o com essa
confusã o dentro de mim, me sinto desrespeitando a minha mulher.
Desço e vou para o escritó rio passando o resto da manhã por lá ...
Capítulo 29

Acabei dormindo pelo resto do dia depois que Wladimir me trouxe


o chá , levanto me sentindo bem melhor, coloco me celular para carregar
ao ver que descarregou totalmente, tomo um banho e desço, ao me
aproximar da cozinha sinto um cheiro diferente e noto algumas sacolas
em cima do balcã o, entã o o vejo, com uma calça de moletom diferente da
que estava cedo, sem camisa e de avental.
Porra, esse homem precisava ser tã o gostoso?
— O cheiro está bom. — Minha voz chama a sua atençã o.
— Ei, o que está fazendo fora da cama?
— Estou melhor, Wlad, muito obrigada. — Me aproximo. —
Preciso fazer algo para Liz comer, — olho a hora no pequeno reló gio que
está em cima do balcã o — meu Deus, já anoiteceu.
— Nã o se preocupe, cuidei da nossa menina. — Ouvi-lo falar assim
mexe comigo de um jeito que nã o deveria. — E fui ao mercado, comprei
algumas coisas para a pró xima semana, principalmente para Liz, nã o
tinha nada muito infantil aqui e abasteci o estoque de biscoito de
morango. — Me conta como se isso fizesse parte da nossa rotina. — Ah,
olha aquela sacola ali.
Sigo para uma embalagem de papel e quando abro minha boca
chega a salivar com os cupcakes que vejo.
— Wlad, nã o precisava se preocupar...
— Eu sei, mas eu amo cuidar de vocês e nã o tinha mais nenhum
aqui em casa.
— Muito obrigada. — Já pego um e começo a comer. — O que Liz
almoçou?
— Eu sei que poderia pedir algo, mas quis fazer, entã o liguei para
Marie pedindo orientaçã o do que poderia dar para a Moranguinho e
minha governanta me ensinou a fazer um frango grelhado com purê de
batata e arroz. — Fico realmente impressionada.
— Conseguiu?
— Sua fé em mim é tã o pouca — responde rindo. — Consegui sim
e a minha princesinha aprovou o meu dote culiná rio.
Eu também aprovo os seus dotes — penso
— No início da tarde comemos o bolo que tinha pronto, assistindo
desenho e agora estou preparando um mingau de aveia para ela lanchar,
já que nã o quer jantar. — Sua voz me tira dos pensamentos impró prios.
Juro que meu coraçã o erra uma batida com tudo que ele fala e nem
foi nada româ ntico, mas o jeito que ele tem se empenhado a cuidar da
gente, nunca vou poder agradecer.
— Muito obrigada por tudo isso, Wlad. — Ele faz dá de ombros,
como se nã o fosse nada demais.
— Vem, prova e vê se tá bom.
Me aproximo mais, ele coloca uma quantidade na colher e sopra,
seu há lito me atinge, fazendo com que eu engula em seco e minha boceta
lateje, estou louca de saudade desse homem.
— Nossa, que delícia — digo ao provar.
— O mingau de aveia? — pergunta provocativo.
— Sim, os dois...
— Que dois, Sara? — questiona confuso e eu sorrio ao lembrar de
Lia.
— Nada, bobeira minha. — Melhor deixar como estamos. — Está
muito bom.
Wlad sorri satisfeito, pega três tigelas e distribui as porçõ es do
mingau ali.
— Vem, vamos subir e comer com ela. — Segura a bandeja. — A
deixei vendo televisã o, mas ela já está enjoada de ficar no quarto.
— Acho que amanhã as coisas já vã o amenizar.
Durante esses ú ltimos dias pó s cirurgia tivemos muito cuidado
com ela, Wladimir entã o, se mostrou superprotetor, graças a Deus Liz
nã o teve sinais de infecçã o, como vermelhidã o, inchaço ou secreçã o e
por isso vamos conseguir retirar seus pontos amanhã .
Comemos todo o mingau, enquanto ele brinca com ela de adivinha
quem eu sou, desço novamente com as tigelas para lavar, entã o ouço um
barulho na porta...
— Wlad, vai sair? — grito da cozinha e quase tenho uma sincope
tamanha é minha felicidade quando vejo quem é.
— Quanta intimidade com o velho calvo, barrigudo, fedendo a
charuto e de pau murcho — meu amigo provoca e eu corro, pulando em
seus braços.
— Você voltou. — Estou tã o feliz em vê-lo que ignoro totalmente a
sua implicâ ncia.
— Voltei, meu amor — ele me gira no ar e quando para coloca as
mã os em meu rosto e beija minha bochecha demorado. — Que saudade
eu estava de você, cupcake.
— Nossa, como senti falta de você me chamando assim, Vi. —
Meus olhos estã o marejados.
— Acredita que senti falta até de ouvir essa porra de apelido
ridículo?
— Eu sei que você reclama, mas ama. — Meu amigo revira os
olhos, mas estamos os dois rindo, entã o um pigarro nos chama a
atençã o.
Olhamos de forma sincronizada para a escada e Wlad está
encostado na parede com os braços cruzados na altura do peito e com
uma feiçã o de poucos amigos em seu rosto.
— Desculpe atrapalhar o reencontro do casal. — Assim como eu,
meu amigo também nota a ênfase na palavra final e entorta a boca em
deboche.
— Oi pai, — Vitor me dá outro beijo no rosto, antes de ir até o seu
pai para cumprimentá -lo direito — é tã o bom estar em casa e te ver
aqui. — Os dois se abraçam e Wladimir me fuzila com o olhar sem que o
filho consiga ver. — E já falei, eu e a Cupcake somos mais para irmã os,
para com essa insinuaçã o sem sentido.
— Bom te ver também filho. — Ele coloca a mã o no ombro do filho.
— Pode ser, mas só acho um excesso de intimidade com alguém que é só
sua amiga.
— Entã o acostume-se, porque vai ver coisa pior.
— Pior? — Wladimir encara o filho com uma expressã o que nã o
consigo descrever. — O que quer dizer com pior?
— Ah, as vezes nó s dormimos juntos de conchinha, essa maluca
anda só de camiseta na minha frente, já tomamos banho juntos algumas
vezes, conversamos abertamente sobre sexo, tipo posiçõ es, o que
gostamos... — Vitor vai falando coisas absurdas, que nunca fizemos e
minha vontade é de explodir em uma gargalhada com a expressã o de
Wladimir, o homem está vermelho — coisas assim, de amigos, nada
demais.
De tudo que meu amigo falou só é verdade a parte em que já
dormimos juntos, mas nunca de conchinha e nó s dois sempre estávamos
de camisa e short, e a parte das conversas, nó s realmente falamos
abertamente sobre esses assuntos.
— Realmente, nada demais. Todo amigo faz isso. — Wlad
semicerra os olhos e me encara. — Grace, como está ? — Sinto que ele
muda de assunto para conseguir se controlar.
— Bem, graças a Deus se recuperou, ainda precisa de alguns
cuidados, mas nada que se faça necessá rio à minha presença lá , a
menina que a ajuda pode dar conta.
— Entendi.
— O que foi, pai? Está chateado com algo?
— Nada nã o. Só vim ver o que era porque escutei barulho. — Me
olha de cara fechada. — E falando nisso, quando desci ouvi algo sobre
muita intimidade com alguém, sobre quem falavam?
— Ninguém.
— Você.
Eu e Vitor falamos ao mesmo tempo e Wladimir nos encara
tentando entender.
— Como assim? — ele questiona olhando entre mim e seu filho.
— Nada, Wladimir, Vitor que é idiota demais.
— Eu? — Meu amigo aponta o dedo para o pró prio peito. — Você
que disse que nunca se interessaria por alguém da idade do meu pai por
nã o curtir velho calvo, barrigudo, fedendo a charuto e de pau murcho.
Juro, nã o sei definir qual é a minha maior vontade neste momento,
sair correndo para bem longe de um certo olhar que está totalmente
voltado para mim ou matar meu amigo.
— Interessante, Sara.
— Nã o vê que seu filho é um idiota e obviamente está inventando
isso só para me perturbar? — minto descaradamente. — Me diz, porque
eu falaria isso se nem te conhecia e a gente nem tinha transa... — me
interrompo ao ver que ia falar merda. — E nunca vi o seu pau.
Vitor explode em uma gargalhada alimentando ainda mais esse
momento constrangedor. Juro, hoje eu perco meu réu primá rio.
— Vitor, pode viajar de novo, a saudade já foi pra puta que pariu —
digo bufando. — Vou ver como está Liz.
Subo as escadas sem esperar por nenhuma resposta, desesperada
para fugir desse assunto. Passo no quarto de Liz e minha princesinha
está dormindo feito um anjinho, vejo que Wlad a ajudou com o banho,
eles estã o tã o agarrados um ao outro e isso apesar de aquecer meu
coraçã o também me causa muito medo, pois é visível como está feliz
aqui, mas sei que tudo isso é temporá rio e nã o quero que sofra quando
acabar.
— Maninha te ama muito e vou te proteger sempre — sussurro
antes de beijar sua cabecinha sentindo o cheirinho do seu shampoo de
morango. — Boa noite, meu amor.
Saio do seu quarto e vou para o meu, preciso de um banho urgente,
dormi o dia todo e estou sem um pingo de sono, Vitor com certeza vai vir
ficar comigo durante a noite, me contar as novidades e eu vou arrancar o
coro dele pelo que fez.
Pego meu pijama favorito, um de cupcakes que Vi me deu de
presente no ú ltimo natal, ele é decente, caso meu amigo realmente
venha para o meu quarto e vou para o banho. Quando estou terminando
ouço a porta abrindo e grito.
— Vi, já estou saindo. — Só termino de me vestir quando nã o
obtenho resposta. — Olha o que estou vestindo... — Saio do banheiro
rindo, secando meus cabelos e deixo a toalha cair ao ver Wladimir
parado feito uma está tua olhando uma foto minha com seu filho.
— Sara, o que você sente pelo Vitor? — Arqueio as sobrancelhas
para a sua pergunta e ele se vira para mim. — Você ia receber o meu
filho, vestida assim?
— Assim como, Wladimir? — Ele ainda nã o entendeu que nã o
manda em mim.
— De forma inapropriada.
— Inapropriada? — retruco. — Sério, o que você tem de
controlador tem de velho.
— Velho? — Ele se aproxima e me segura pela nuca. — Nã o lembro
de você reclamando sobre a minha idade quando estou entre as suas
pernas te fazendo gritar a porra do meu nome. — Seu rosto está bem
perto do meu. — Muito pelo contrá rio, você geme gostoso, gozando a
noite toda, minha ninfeta.
Minhas pernas perdem a capacidade de me manter de pé e preciso
me segurar nele.
— Inapropriado é você entrar no meu quarto assim — digo
qualquer coisa só para desfazer a imagem que ele evocou para o meu
cérebro de quando está entre as minhas pernas.
— Nã o se faça de idiota, Sara, estamos brigados, mas eu posso,
você é minha. Sabe disso — diz todo possessivo e isso me irrita
— Estamos brigados? Eu sou sua? — debocho. — Interessante o
seu ponto de vista para as coisas. — O empurro me afastando dele.
Ele ameaça se aproximar novamente, mas eu dou dois passos para
trá s e ele para.
— Eu nã o sou sua, estou com você por um período contratual e
nem sei mais qual é a nossa condiçã o.
— Sara, você nã o me respondeu... — Ele inspira fundo antes de
repetir com dificuldade a pergunta. — O que você sente pelo meu filho?
— Eu o amo, Wladimir.
Ele dá dois passos para trá s ao ouvir minhas palavras e em um
primeiro momento seus olhos arregalam, para logo depois buscar pelo
meus me encarando profundamente e vejo ali um misto de raiva, ciú mes
e algo que ele camufla rapidamente, dor talvez.
— Porque você nunca me disse isso, Sara, eu nunca teria me
aproximado de você e...
O interrompo.
— Wladimir, acho que está entendendo tudo errado. O seu filho é
uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu o amo com toda a
minha alma, mas como um irmã o mais velho, e daria minha vida por ele,
assim como daria pela Liz.
— Porra... — O homem fecha os olhos ao sussurrar, como se
estivesse aliviado.
— Agora se me der licença, estou aguardando o meu amigo. —
Aponto para a porta.
Estou com raiva desse afastamento que ele nos impô s depois de
ter me viciado em dormir todas as noites em seus braços nos ú ltimos
meses. E agora com o fim do contrato se aproximando, creio que nã o vai
querer a tal renovaçã o automá tica. Foda-se, é o melhor mesmo, assim eu
me desapego ao que me acostumei e nem deveria.
— Nó s precisamos conversar.
— Nã o temos o que conversar e por favor saia, sei que aqui é sua
casa, mas o Vitor provavelmente vai entrar aqui daqui a pouco.
Ele me olha por alguns segundos e vai até a porta, penso que vai
sair, mas Wladimir simplesmente gira a chave, nos trancando e vem em
minha direçã o.
— Depois nó s vamos conversar, mas agora eu preciso de você.
Sem me permitir o direito de resposta ele me suspende com
facilidade em seus braços, me imprensando na parede e me consome em
um beijo voraz, cheio de saudade, loucura e desejo.
— Porra, que saudade eu estava de sentir seu gosto. — O homem
parece louco para beijar toda parte em que consegue alcançar ao mesmo
tempo. — Eu estou tã o louco por você, Sara, desculpa, — meu cérebro
nã o consegue acompanhar sobre o que ele está se desculpando — eu
nã o consegui evitar. Eu preciso de você.
Sua declaraçã o mexe comigo de uma forma que eu nã o deveria
permitir.
— O Vitor, Wlad, ele vai vir a qualquer minuto — aviso, mas estou
completamente agarrada a ele, correspondendo com a mesma
necessidade.
— Foda-se, — me leva pró ximo a cama — ninguém vai me impedir
de ter a minha mulher agora.
O homem me coloca no chã o e a velocidade em que tira meu
pijama o jogando em um canto qualquer mostra o quanto tem urgência.
— Eu vou acabar com a sua boceta, Sara, vou te comer tanto que é
capaz de precisar de uma cadeira de rodas de verdade — ameaça com a
voz rouca, beliscando meus mamilos.
— Isso era pra me causar medo? — respondo em um gemido.
— Ah, minha putinha, você vai se arrepender e isso é uma
promessa que nã o pretendo quebrar.
— Pelo quê? — Sua fala deveria me causar algum tipo de receio,
mas só aumenta meu tesã o.
— Por me fazer quebrar promessas, por me fazer quebrar
clá usulas, me tirar da minha zona de conforto e principalmente — me
empurra na cama se colocando sobre o meu corpo em seguida — por me
fazer te querer assim, desesperadamente.
Capítulo 30

Tomo sua boca com lascívia, um tesã o arrebatador, Sara suga


minha língua se entregando a loucura que somos, enfio minha mã o em
seus cabelos os segurando com firmeza, expondo seu pescoço, desço
uma trilha de beijo, chupõ es e mordidas, ouvindo minha mulher gemer
alto e a calo com meus lá bios novamente em um beijo cheio de desejo.
— Geme baixo, porra — ordeno com nossas bocas grudadas.
Desço minha boca por seu maxilar, sigo mordiscando até chegar
em seus seios, passo minha língua envolta do seu mamilo e chupo com
vontade ouvindo meus sons favoritos, sou viciado nos gemidos dessa
mulher, amo a maciez da sua pele, a explosã o de sensaçõ es que sua
textura causa em minha língua, dou atençã o ao outro seio, fazendo o
mesmo enquanto belisco o outro.
— Wlad...
Ela geme meu nome como sú plica e arqueia as costas, desço mais,
lambendo sua barriga e chego em sua boceta, mordisco levemente,
sentindo seu corpo se contorcer, seguro suas coxas firmemente, as
abrindo bem para mim e ataco seu clitó ris, chupando seu nervo sensível
com vontade, chicoteio o local com a minha língua indo até o seu cu,
beijando de língua esse buraquinho que ainda vai ser meu também,
mesmo que ela diga que nã o. Volto para sua boceta, chupo seus lá bios
rosados, mamo seu grelo e introduzo minha língua em seu interior
quente e encharcado do seu prazer
— Porra, como você está melada. — Enfio minha língua vá rias
vezes, fodendo minha garota com a boca. — Gostosa pra caralho.
Levo dois dedos para o seu interior metendo com força quando
sinto seu canal me estrangular, me ajoelho na cama e aumento o ritmo,
sentindo a carne de sua boceta fervendo, sugando cada vez mais os
meus dedos, seus fluidos escorrendo, entã o suas pernas começam a
tremer loucamente e ela leva sua mã o a boca, mordendo, para controlar
seus gemidos.
— Aaaah, Wlad... Porra — geme contida. — Eu vou...
Seu rosto é de puro prazer, uma mã o continua em sua boca,
mordendo, enquanto a outra está agarrada ao lençol e seu corpo
convulsiona, se entregando ao prazer quando inicio movimentos de
“vem cá” com meus dedos fodendo minha garota freneticamente e ela
começa a esguichar.
— Isso, minha putinha, goza, porra.
Continuo metendo a ouvindo gemer, choramingar, entã o dou uma
lambida torturantemente deliciosa do seu cu até a sua boceta, enfiando
minha língua em seu canal sensível pelo gozo recente e sugando tudo
que posso do seu prazer. Estou quase explodindo de tanto tesã o, me
afasto minimamente dela, retiro minha calça com a box e tudo, e retorno
a penetrando, delirando a cada centímetro engolido por sua boceta
apertada, rosnando feito um animal ao senti-la toda escorregadia,
deliciosa demais.
— Porra, Wlad — ela geme fincando as unhas em meus braços.
— Caralho, ninfeta, você virou meu vício. — Meto. — Quero te
comer pra sempre. — Enfio meu pau ainda mais profundo.
Estoco em um ritmo alucinado, como o que sentimos, morrendo de
saudade de estar dentro dela, sem conseguir controlar muito os meus
pró prios gemidos.
— É disso que você gosta, né sua putinha safada? Gosta que eu te
coma assim, né?
— Aaaah, Wlad, isso, acaba comigo — a desgraçada fala e se abre
mais pra mim.
— Olha como é safada. — Levo minha mã o ao seu pescoço,
enforcando-a. — Assim mesmo, minha ninfeta, abre bem suas pernas
pra essa boceta gostosa me receber todinho.
Fodemos olho no olho, pele na pele, uma conexã o que nunca tive
com ninguém, uma fome inexplicável, um desejo avassalador, beijo sua
boca enquanto meto, engolindo seus gemidos, sentindo seu canal
estrangulando meu pau.
A levanto, me deitando em seu lugar.
— Quero você quicando feito uma putinha no meu pau.
Mudamos a posiçã o, me encaixo em sua entrada e minha safada
começa me cavalgar lentamente, apertando meu pau de um jeito
torturante a cada vez que desce, me engolindo, agarro seus seios em
minhas mã os, os biquinhos duros pelo tesã o, seu rosto transtornado de
prazer enquanto ela quica, agora com mais rapidez, tomando um ritmo
alucinante.
— Isso, rebola. — Dou um tapa estalado em sua bunda.
Levo minha mã o ao seu pescoço e vejo em seus olhos que minha
safada anseia por isso.
— Você que isso, né, putinha? — ela acena que sim com um olhar
capaz de nocautear qualquer homem deixando o infeliz rendido aos seus
pés.
Aperto seu pescoço e Sara fecha seus olhos, sua boca se abre em
um gemido mudo, minha mã o a enforcando nã o permite que o som saia,
seu rosto está vermelho, ela quer respirar, mas está viciada nisso tanto
quanto eu.
Solto um palavrã o e sem conseguir me controlar meus olhos
reviraram de tanto prazer, estou louco de tesã o, mas afrouxo o aperto
querendo ouvir seus gemidos, vivo nesta guerra interna quando estou
dentro dela, fico louco para vê-la ao ponto de quase desmaiar buscando
por ar e sentindo prazer em se submeter a mim desta forma, contudo
sou viciado em seus gemidos, necessito deles. Sara geme alto e porra,
nã o deveríamos fazer barulho assim, sei que nã o estamos sozinhos, mas
essa mulher é a ruína do meu lado sensato. Seguro sua cintura, cravando
meus dedos em sua carne, suspendo levemente o seu corpo e meto forte,
rá pido, fundo, sentindo meu pau bater em seu ú tero e caralho, os seus
gritos só me incentivam a continuar.
— Porra... — rosno feito um animal ao sentir o latejar da sua
boceta. — Goza, pro seu homem, safada.
— Aaaaah, Wlad.
Minha mulher joga a cabeça para trá s, contraindo sua boceta
envolta do meu pau delirando ao gozar e eu me entrego, explodindo
dentro dela com uma intensidade que nunca imaginei ser possível.
Trago seu corpo para deitar em cima do meu e a abraço forte,
querendo senti-la grudada em mim, nossas respiraçõ es ofegantes, minha
porra escorrendo nos sujando todo e nosso cheiro misturado. Fito o teto
enquanto sinto nossas respiraçõ es se acalmarem, sua mã o acaricia meu
peito e eu estou cada vez mais fodido com essa teia que eu mesmo me
enfiei.
Quando estou com ela tenho certeza de que foi a melhor coisa que
eu fiz, mas ao mesmo tempo me pergunto para que fui dar ouvidos ao
Max. Cada vez mais me sinto incapaz de deixá -la ir ao fim de tudo isso.
— O que vamos falar para o Vi? — Sua voz chama a minha atençã o.
— Vocês nã o sã o só amigos, por que precisamos dar alguma
explicaçã o? — Sei que preciso parar de sentir essa porra de incomodo
com a amizade deles, mas ainda nã o consigo evitar.
— Como porque Wlad? Nó s temos um contrato a seguir e ainda
tem o termo de confidencialidade.
Fico encarando Sara que espera por minha resposta, mas a
verdade é que sei que esta merda de contrato está cada vez mais
irrelevante.
— O Vitor deve ter ido dormir, quando subiu disse que estava
cansado da viagem. Nã o deve ter escutado nada.
— Tomara. Eu sinceramente achei que ele ia vir dormir comigo.
A fuzilo com o olhar, esperando que ela diga que está brincando,
mas isso nã o acontece.
— Como assim, Sara? — Estou me controlando para nã o ser
estupido com ela. — Você nã o está sozinha e mulher minha nã o dorme
com outro homem.
— Mulher sua? — provoca.
— Quem acabou de te foder agora? — Mudo nossa posiçã o e fico
por cima do seu corpo. — Isso mesmo, eu. Foi no meu pau que você
quicou feito uma puta, foi o meu maldito nome que você gritou e é
comigo que você está nua agora, toda suja da minha porra, entã o sim,
caralho, você é a minha mulher.
Beijo sua boca com raiva, um beijo duro, para castigá -la por me
fazer sentir essa merda de ciú me constantemente, mas a desgraçada se
entrega a tudo que ofereço e geme.
— Wlad, ele é meu melhor amigo, nada mais e é seu filho.
— Ele é homem e você é jovem, linda e o principal, minha.
— Meu Deus, sério, você precisa se tratar. — Ela me empurra, sei
que a irritei. — Parece a merda de um homem das cavernas com essa
possessividade toda — fala exaltada. — O Vi nunca me viu assim. Acha
mesmo que já nã o teríamos transado se houvesse qualquer desejo entre
a gente?
Nã o gosto do tom e muito menos das palavras que usa, mas nã o
quero brigar novamente, já passei dias sem encostar nela, nã o quero
passar por essa tortura de novo, me sento encostado a cabeceira e a
puxo para o meu colo, ela tenta resistir, mas cede.
— Desculpe. — Acaricio seu rosto. — Você tem razã o em partes,
mas nã o mudo minha opiniã o de que isso nã o é normal, mesmo que
sejam amigos.
Voltamos a nos beijar e a levo para o banheiro, onde tomamos
banho juntos e nos rendemos a este desejo que nos consome mais uma
vez. Depois de nos vestirmos saímos do quarto e vamos para a cozinha,
já está de madrugada, mas estamos com fome.
Pego na geladeira os ingredientes necessá rios para montarmos um
sanduiche de frango, suco de laranja e claro que minha garota pega o
cupcake dela. Preparamos nosso lanche juntos e comemos ali mesmo, na
cozinha, em um clima gostoso, descontraído, conversando sobre Liz, a
boate, ela me pergunta como é a boate da Itá lia e eu mostro algumas
fotos, explicando que o conceito é igual, subitamente sinto uma vontade
louca de levá -la para conhecer e trato de empurrar essa ideia insana
para um canto proibido dos meus pensamentos.
Porra, nã o sei que poder é esse que essa mulher tem sobre mim,
mas me sinto tã o bem quando estamos assim, como se ela tivesse
nascido para mim.
Meu Deus, estou indo longe demais com meus pensamentos.
— Ei, por que você sempre fica tã o pensativo do nada?
— Por nada que valha a pena discutir agora — respondo e dou
uma piscadela com um meio sorriso.
Me levanto, levo a louça que usamos para a pia, lavo e guardo e a
vejo guardar o que sobrou dos ingredientes na geladeira, a abraço por
trá s quando pega seu bolinho para comer e beijo sua nuca, decidido a
ignorar todos os meus dilemas internos porque mesmo achando errado,
eu quero viver esses momentos com ela, pelo menos até o contrato
acabar.
— Eu amo seu cheiro, sabia?
— Ama? — Aceno que sim ao me sentar na banqueta de novo e a
colocar entre as minhas pernas.
Enfio meu dedo no cupcake que está em sua mã o, lambuzo seus
lá bios, só para limpar com a minha língua e ela geme baixinho.
— Sabe, acho que nunca te contei que eu nã o gosto de doces, mas
assim, — repito a açã o — sinto que posso ficar viciado.
A verdade é que Sara me deixou como a porra de um drogado, e
minha droga sã o seus beijos, seu cheiro, sua boceta, ela...
Estou completamente viciado nela.
Capítulo 31

Me espreguiço ao despertar, abro os olhos lentamente e busco por


seu corpo ao meu lado, mas a ú nica coisa que sinto é o seu calor ainda
presente em meus lençó is. Apó s o nosso momento na cozinha fomos
para a sala e mesmo correndo risco que meu amigo descesse ou até
mesmo minha irmã , ficamos agarrados no sofá , conversando, nos
beijando e nessas horas até parece que temos um relacionamento de
verdade. Já era tarde da madrugada quando subimos cada um para o seu
pró prio quarto, fiz minha higiene bucal e eu já estava deitada quase
dormindo quando o maluco do Wladimir invadiu meu quarto dizendo
que nã o conseguia dormir sem o meu cheiro, ainda argumentei que
Vitor ou Liz poderiam entrar e ele disse que eles também poderiam ter
aparecido na cozinha ou na sala, mas que tinha uma soluçã o para o
provável problema... Entã o o homem seguiu até a porta, a trancou, e se
deitou ao meu lado com um sorriso presunçoso no rosto. Confesso que
foi gostoso demais dormir de conchinha com ele, com esses braços
enormes me abraçando com firmeza envolta da minha cintura, como se
quisesse ter a certeza de que nã o vou fugir.
Me estico e pego o meu celular em cima da cô moda, vejo que tem
uma notificaçã o de mensagem e resolvo mudar seu nome na minha
agenda.
— Muito melhor assim. — Sorrio sozinha.
Mingau de aveia: Bom dia, minha linda. Desculpe por não te
acordar do nosso jeito favorito, (fiquei sem meu café da manhã hoje) mas
tive um imprevisto no trabalho, e por ser inadiável não poderei te
acompanhar ao hospital para retirar os pontos de Liz.
Mingau de aveia: Deixei Vitor encarregado de acompanhar vocês
duas. Aguardo notícias e até mais tarde. Seu Wlad.

Nã o sei quanto tempo fico presa no final da sua mensagem e um


sorriso desponta em meus lá bios fazendo algo se remexer dentro de
mim. Decido levantar e agir a vida, prefiro me manter no controle do
meu coraçã o, prometi nã o dar mais poder a ninguém sobre mim e para
isso nã o posso ser emocionada com esse tipo de coisa.

Tudo correu bem e minha irmã pode voltar a rotina dela.


Poder passar a manhã com os amores da minha vida é
maravilhoso, deixamos para tomar café da manhã na rua, depois que Liz
retirasse os pontos para comemorarmos isso e o retorno do meu Vi, o
Tinho dela. Só Liz tem permissã o para chamá -lo assim.
— Onde minha princesinha quer comer? — meu amigo pergunta
para minha irmã que está em seu colo, toda feliz.
— Lá naquele café que tem brinquedinhos, Tinho. — Ele a olha
com cara de bobã o, ela tem o dom de deixar todos assim. — Quero
brincar depois de comer.
— Sim, senhorita. Um café com direito a travessuras a caminho.
— O tio Wadimir nã o vem?
— Já me trocou por ele, é?
— Nã o, Tinho, ele é meu titio favorito. — Meu amigo finge estar
triste. — Você é meu Tinho. — Aí seu sorriso amplia.
— Opa, e o que sobra pra mim, dona Liz? — reclamo fazendo
cocegas em sua barriga.
— Você é minha maninha e minha mamã e.
Sua mã ozinha vem para o meu rosto e meus olhos lacrimejam.
Entramos no carro e por ser bem pró ximo do hospital, logo
chegamos ao Berryland Coffee e os olhos da minha menininha brilham,
ela ama quando a trago aqui, mas infelizmente nã o posso fazer isso com
frequência. Ao entrarmos nos sentamos em uma mesa pró ximo ao
playground, para que possamos vigiar Liz quando ela for brincar.
— Entã o, hoje a senhorita pode pedir o que quiser — Vitor fala
para Liz que dá o maior sorriso do mundo para ele, batendo palminhas.
— Só hoje — ironizo.
— Pode parando, ela passou por uma cirurgia, precisou ficar numa
dieta horrível, deixa a menina.
— Você e seu pai jogam por ralo abaixo toda educaçã o que dou a
ela.
— Falando no meu pai...
— Tinho, Tinho... — Liz nos interrompe. — Eu quero isso aqui,
hum que delícia, — fala passando a língua nos lá bios — e isso também.
— Ok, meu amor. E você, Cupcake, o mesmo de sempre? — Aceno
que sim e o garçom se aproxima.
— Bom dia, vejo que estã o olhando nosso cardá pio, já se
decidiram?
— Oi, bom dia... Sim, vamos querer dois sucos naturais de morango
com laranja, um milkshake de morango com pedaços de chocolate
branco, panquecas com caldas de frutas vermelhas, o combo de
cupcakes trufados de chocolate e um super pedaço de strawberry
dream.
Aproveito que Vitor está fazendo o pedido e envio uma mensagem
rá pida para Wladimir.

Sara: Wlad, Liz já tirou os pontos. Graças a Deus ela já pode seguir
com a rotina dela.
Sara: Ah, viemos no Berryland Coffee para comemorar.
Mingau de aveia: Oi minha linda, bom falar com você e fico feliz
que a nossa menininha já pode voltar a rotina. Queria estar aí
comemorando com vocês, mas não tem problema, outro dia saímos todos
juntos, em família.
Mingau de aveia: Vou entrar em uma reunião agora, beijos e até
mais tarde.

Nã o sei por que suas falas sempre mexem tanto comigo, mas como
costumo fazer, empurro isso para um canto me focando em minha irmã e
meu amigo.
— Ok, já retorno com o pedido de vocês.
Liz pede a cada cinco segundos para ir brincar enquanto seu
pedido nã o chega, mas nã o permito porque conheço minha pequena
travessa, graças a Deus logo o garçom retorna e começamos a comer.
Minha irmã mal termina seu café da manhã e corre feito um mini
furacã o para o playground.
— Ser criança é tã o bom, né? — comento olhando para minha irmã
escalando no brinquedo. — Olha quanta energia.
— Mas pelo visto nã o sã o só as crianças que possuem muita
energia. — Nã o entendo o porquê deste comentá rio.
— Por que está falando isso?
— Nada, esquece. Mas, me diz, como foram as coisas por aqui
neste período que estive fora? — Vitor cruza os braços me encarando. —
Alguma novidade, melhor amiga? — Nã o passa despercebido seu tom
irô nico.
— Nenhuma. Tudo que aconteceu já te contei por telefone —
minto e ele nã o disfarça o olhar desconfiado.
— Nada? Certeza?
— O que você tem, Vi? Está estranho e com uma conversa esquisita
também.
— Nada demais, Cupcake, só curioso para saber como meu pai está
te tratando.
— Ah, isso? No início ele foi um ogro, mas agora acho que se
acostumou com a minha presença.
— Uhum, percebi como ele se acostumou. — O encaro, parece que
todas as suas respostas estã o irô nicas ou debochadas. — Mas também
estou muito preocupado, deve ser por isso que você está me achando
estranho.
— Preocupado com o quê?
— Ratos.
Arregalo meus olhos, nã o querendo acreditar no que ele está
insinuando.
— Ratos onde?
— Lá em casa.
— Vitor, nem brinca com isso. — Já sinto o nervoso me tomar. —
Você viu algum?
— Nã o, mas ouvi...
— Meu Deus, precisamos chamar uma empresa para resolver isso
logo. — Minha mente já trabalha a mil, tenho pavor dessas pragas.
— Nã o sei se vai resolver.
— Porque acha isso, Vitor?
— Eles me parecem ser de uma espécie diferente, sabe?
— Espécie diferente, por quê? — olho confusa para ele.
— Porque eles fizeram barulho a noite toda e com certeza eram
dois, porque um era algo mais grave, as vezes meio rouco e a outra que
com certeza era fêmea, essa aí tadinha, parecia estar morrendo de tanto
que gemia. Ah, as vezes tinha uns estalos também, como tapa. Doido
isso, nã o?
Olho ainda mais confusa, mas assim que as peças da merda que
inventou se juntam na minha cabeça eu me engasgo com o suco que
estava bebendo ao entender sobre o que esse idiota está falando. Vitor
se levanta e dá leves tapas em minhas costas, rindo, enquanto eu nã o
consigo parar de tossir.
— Nã o vai morrer sem me contar a novidade — debocha enquanto
ainda bate nas minhas costas.
— Você é um idiota. — Minha voz ainda sai com dificuldade.
— Porra, Sara, sério mesmo que você nã o ia me contar?
— Te contar o que, garoto? Nã o sei do que você está falando —
continuo negando.
— Ah, nã o sabe? — nego.
Meu amigo estala a língua e sorri com um ar de quem realmente
sabe que estou mentindo.
— Ah Sara, Sara, sabe qual é o mal do esperto? — ele continua ao
perceber que nã o vou responder. — É achar que o resto a sua volta é
burro.
— Sério, Vi, você está imaginando coisas. Eu nuca ficaria com o seu
pai, meu Deus, ele tem idade para ser o meu pai. — Agora sei que
Hollywood está perdendo uma atriz.
— Fico impressionado que a cara nem treme. — Ele ri com
vontade e olho para ver Liz. — Ok, supondo que eu acredite em você, —
sua voz me faz olhá -lo novamente — por que meu pai entrou no seu
quarto ontem logo depois que eu subi para tomar banho?
— Ele foi perguntar se a Liz ainda precisava tomar mais alguma
dose do remédio — invento a primeira coisa que me vem à cabeça.
— Hum, sei. Entã o, porque quando fui até o seu quarto e bati, você
nã o ouviu?
Puta merda, ele foi ao meu quarto. — penso.
— Deveria estar dormindo...
— Nã o, tinha uns barulhos vindo de lá , algo como aaaaah, Wlad, —
o filho da puta imita um gemido e eu fico vermelha — aí ouvi um estalo e
outras coisas que prefiro nem lembrar.
Fecho os olhos por um instante, precisando me recompor... Merda,
como posso continuar negando?
— Falando nisso, porra, meu pai é sinistro, hein, porque esse
chupã o aí no seu pescoço é digno de um quadro.
Levo minha mã o ao pescoço imediatamente e Vitor gargalha alto
chamando a atençã o de outras pessoas para a nossa mesa.
— Porra, nã o tem nada aí, garota.
— Imbecil. — Dou um soco no seu braço.
— Relaxa, nã o sou ciumento, cupcake. — O idiota pisca para mim
ainda rindo. — Na verdade fico feliz, porque sei que você está ajudando
o meu coroa a relaxar — ele provoca dando ênfase na ú ltima palavra,
mexendo as sobrancelhas maliciosamente — e de quebra, ele te faz
esquecer aquele imbecil do Adam.
— Adam? Pá gina virada.
— Caralho, meu pai é foda mesmo.
— Nã o tem nada a ver com o seu pai, querido, é só amor-pró prio.
— E isso nem é mentira, mas confesso que esses dias com o meu
mingauzinho de aveia tem ajudado muito a esquecer dos problemas.
— Agora me conta como foi que isso começou e principalmente
como foi conhecer o velho de pau murcho pela primeira vez?
Reviro os olhos e balanço a cabeça.
— Você nã o tem jeito, né? — Sorrio rendida, sei que vou ter que
contar.
Relato para Vitor que na verdade conheci seu pai no trâ nsito,
quando ele quase me atropelou e foi um tremendo babaca comigo, meu
amigo gargalha, dizendo que isso é muito a cara do seu coroa. Conto
também sobre como foi o primeiro contato em sua casa e ele quase tem
um treco de tanto rir quando falo que ameacei Wladimir com um lá pis e
ainda disse a fala de John Wick.
— Nã o, porra, eu nã o acredito que você fez isso. Zerou a vida
depois dessa... — Vitor está vermelho de tanto rir.
Falo de como foi quando ele conheceu a Liz, do quanto foi incrível
com ela desde o primeiro momento e concluo com um resumo de como
foi nossa interaçã o na boate, mas omito a parte do contrato.
— Caramba, isso tudo em 3 meses? — Aceno sorrindo, mas por
dentro estou nervosa, nã o sei como Wlad vai reagir ao saber.
Meu amigo me encara e coloca sua mã o sobre a minha, ficando
sério de repente.
— Cupcake, você sabe que eu te amo, né? — Aceno e nã o preciso
dizer de volta, ele sabe que é recíproco. — Eu só quero te ver feliz, seja
com o meu pai ou qualquer outro. E se ele for idiota contigo é só me falar
que dou um jeito no coroa. — Acaricia minha mã o. — Espero que seja
com ele, vocês três sã o as pessoas mais importantes da minha vida —
diz e olhamos para Liz, brincando com um sorriso lindo no rosto.
— Obrigada por tudo, Vi. — Abraço meu amigo. — Só te peço para
disfarçar, por favor, nã o deixe o seu pai saber que você sabe.
— Por quê?
— Porque esse foi o nosso combinado. — Dou de ombros. — Algo
casual, sem ró tulos.
— Você convenceu o meu coroa careta a isso?
Ah, Vitor, se você soubesse o quanto o seu pai é careta — penso ao
mesmo tempo em que assinto dando um falso sorriso de fodona, para
ele acreditar que isso veio de mim.
— Ok, deixa comigo. — Pelo tom já sei que vem gracinha. — Só me
avise quando devo começar a te chamar de madrasta. — Pisca para mim
e caímos na gargalhada.
— Você é um grande idiota, cara.
Nos viramos para ficar de frente para Liz, ainda rindo e conto para
Vitor algumas das cenas de ciú mes do pai dele, e meu amigo se espanta,
dizendo que esse nã o pode ser o mesmo homem que ele conhece. Falo
de como agiu por me ver conversando sozinha com Max, conto sobre ter
me apresentado como namorada para o piloto e lembro...
— Vi, de onde você tirou aquelas histó rias que falou que fazemos
juntos? — Ele dá de ombros rindo. — Você quase matou o seu pai do
coraçã o com aquelas mentiras e ainda sobrou pra mim.
— Entã o o coroa é possessivo? — Esfrega uma mã o na outra. —
Isso vai ser interessante.
Quando penso em retrucar, ele se levanta chamando Liz para irmos
embora.
Antes de entramos no carro sinto uma sensaçã o estranha, de estar
sendo vigiada, sei lá ... Olho para os lados, mas nã o vejo nada diferente.
— Ei, está tudo bem? — Vitor está com a porta do carro aberta e
nem percebi quando fez tal ato.
— Nã o é nada, Vi. — Forço um sorriso, mesmo com um frio
esquisito subindo pela minha espinha.
Disfarçadamente olho envolta mais uma vez e entro no veículo
tentando me convencer que foi coisa da minha cabeça. Meu amigo me
olha preocupado e pergunta outra vez o que houve e novamente o
tranquilizo. Minha pequena começa a tagarelar e segue assim por todo o
caminho, dizendo que vai contar para o tio Wadimir como foi legal
brincar no parquinho do restaurante.
Capítulo 32

Acordo assustado com a merda de um pesadelo com Susie, muito


tempo que nã o sonhava com a minha mulher, minha respiraçã o está
ofegante, sua decepçã o comigo era tã o real, quase palpável.
— Porra...
Me sento na cama olhando envolta para a penumbra do cô modo,
meio desorientado e noto que nã o estou no meu pró prio quarto, olho
para o lado e vejo Sara, dormindo tranquilamente, sem nenhum motivo
meu coraçã o acelera me fazendo perceber que estou perdendo o
controle das coisas, por mais que eu negue para mim mesmo, isso está
indo muito longe. Tenho dormido com ela praticamente todas as noites,
exceto o período que ficamos brigados e sei que depois terei
dificuldades para deixá -la livre, mas nã o estou e nunca estarei pronto
para dar o que ela merece, sem dizer que eu deveria ter vergonha de
fazer o que estou fazendo com ela, nossas idades sã o inconcebíveis.
Fecho os olhos me recordando das palavras da minha mulher no
pesadelo, as sentindo me rasgarem de dentro para fora...
“O que você está fazendo, Wladimir? Meu Deus, eu não reconheço
mais o homem que casei, que amei... — Susie diz em lágrimas. — Sua filha
teria a idade dela, seu doente, a filha que você matou ao ser imprudente
com a minha vida.”
Tenho consciência que foi um pesadelo, mas de contrapartida é
exatamente o que penso de mim, ela realmente tem a idade que minha
filha teria, como me deixei convencer pelo Max, como deixei as coisas
chegarem neste ponto?
Olho para a mulher que domina cem por cento dos meus
pensamentos, ela tem tanta vida pela frente, tanto o que viver, um futuro
lindo, construir sua pró pria família, coisas que nã o fazem mais parte dos
meus planos, coisas que já vivi e destruí. Mas sei que nã o tenho forças
para lutar contra o que estamos vivendo, fazer o que é certo...
Essa porra de luta interna está acabando comigo.
Decido tomar um banho para tirar essa sensaçã o ruim que o
pesadelo deixou, levanto e dou um beijo na cabeça de Sara e saio.
Tomo uma ducha rá pida, me visto e ao invés de retornar para a
cama, pois sei que ainda está muito cedo, vou ao meu santuá rio, preciso
abrandar essa culpa e só lá encontro a paz que preciso nestas horas.
Entro e me sento na poltrona de sempre, pego o porta retrato de Susie e
os sapatinhos da minha filha, fecho os olhos tentando deslumbrar tudo
que por minha culpa nã o pude viver com elas, peço perdã o mentalmente
e choro, desejando com todas as minhas forças ter morrido no lugar
delas.
A verdade é que eu bebi naquela noite e mesmo sabendo da minha
tolerâ ncia a bebida fico tentando puxar em minha lembrança o meu
estado real naquela maldita noite, me questiono e se eu nã o tivesse
bebido, se eu tivesse insistido mais para nã o sairmos, se eu nã o tivesse
olhado para ela por um segundo, será que teria conseguido ver o carro a
tempo e assim desviado? Esses “se” vã o me assombrar para sempre.
Meu celular vibra com uma mensagem me tirando do meu
momento de autoflagelo.

Max: Wladimir, desculpe a hora, mas preciso que venha a boate


assim que visualizar esta mensagem. Algo aconteceu.
Levanto imediatamente, coloco a foto de Susie com o sapatinho em
cima da cô moda e deixo o quarto atordoado, preocupado com o que
possa ter acontecido. Saio de casa teorizando mil coisas, afinal Max nã o
costuma me enviar mensagens para situaçõ es que pode resolver, ele tem
carta branca para agir como julgar necessá rio independente da situaçã o
e depois eu me encarrego de contratar uma empresa de confiança para
fazer a “faxina”. Neste meio à s vezes precisamos ir além e eu nã o me
oponho.
Chego a Seduction Lounge e antes de sair do carro pego minha
arma no porta luvas, algo que nã o costumo fazer, mas nã o sei o que está
acontecendo, aparentemente está tudo normal, entã o acesso ao interior
da minha boate e sou recebido pelo silêncio.
— Aqui, Wladimir. — Ouço a voz do meu segurança vindo na
direçã o do bar.
Travo minha Glock antes de colocá -la na cintura e vou em sua
direçã o.
— O que houve?
— Alguém entrou aqui, cara — informa sem rodeios. — Já olhei
tudo e aparentemente está tudo no lugar, mas quero que olhe seu
escritó rio, veja se está faltando alguma coisa.
Aceno e vamos ao meu local de trabalho, olho tudo atentamente e
realmente nã o parece estar faltando nada, vejo também a mesa de Sara e
nã o sinto a falta de nenhum item, mas uma sensaçã o estranha se faz
presente, como se algo estivesse passando despercebido.
— Acho que está tudo aqui.
— Bom, mas nã o estou tranquilo.
— Muito menos eu. Invadiram a minha boate e essa porra nã o vai
ficar assim — digo exaltado. — Já buscou nas câ meras, achou algo?
Digitais?
— Wladimir, já busquei por imagens e as câ meras foram
manipuladas, ainda nã o consegui descobrir como, mas
coincidentemente elas pararam de funcionar ontem à noite e só
voltaram milagrosamente a funcionar hoje de manhã , exatamente a uma
hora atrá s. Também já busquei por digitais, fio de cabelo ou o caralho de
qualquer coisa que me leve a estes desgraçados, mas nã o encontrei nada
— meu amigo diz visivelmente frustrado. — É fato que quem quer que
tenha invadido sabia o horá rio ideal e principalmente o que estava
fazendo.
Observo minha mesa de trabalho, ligo meu computador e acesso
alguns documentos importantes, tudo ok, aqui nã o fica nada
confidencial, nã o sou amador. Olho para os documentos que deixei ali
parecem exatamente do mesmo jeito, vou até o cofre constatando de que
está fechado, o abro e verifico que sim, também nã o mexeram em nada
que tem em seu interior, minha gaveta que contêm chave está trancada,
a abro para conferir e tudo está no lugar.
Mas que porra vieram fazer aqui?
— Sabe o que é mais estranho? — Max me tira dos meus
pensamentos. — O alarme nã o foi ativado em nenhum momento.
— Entã o entraram aqui, tiveram acesso ao nosso sistema de
segurança e nã o levaram nada? — Externo meus pensamentos,
processando a informaçã o.
— Sim, Wladimir. Temos que fazer algo, quem fez isso é altamente
treinado e o foda é que como nã o levaram nada nos deixaram no escuro.
— Max está tã o puto quanto eu. — Vamos olhar tudo de novo, buscar até
mesmo por um fiapo de fibra de roupa desses filhos da puta.
Nã o respondo.
Quem fez isso conhecia o sistema da boate, entendia de tecnologia.
Me levanto da minha cadeira e caminho pelo escritó rio lentamente, com
olhos de á guia analiso atentamente cada detalhe, cada objeto. Meus
instintos dizem que isso nã o foi uma simples invasã o, era um aviso de
que eu mexi com alguém grande, alguém que nã o devia...
Isto é a declaraçã o de uma guerra velada — chego à conclusã o,
mas ainda nã o compartilho com Max, claro que nã o é uma informaçã o
que vou esconder dele, porém preciso saber algo com Vincenzo antes.
— Eu nã o chamei a polícia porque precisava que visse tudo antes e
aí decidir como vai proceder.
— Fez bem, nada de polícia.
Vou resolver isso do meu jeito, eles estã o enganados se pensam
que podem entrar na minha boate e acham que vai ficar por isso mesmo.
— Max, continue investigando, mas nã o deixe ninguém da boate
desconfiar, quero tudo funcionando normalmente.
— Deixa comigo. — Sirvo uma dose dupla do meu Mallacan, sei
que ainda é cedo, mas preciso muito beber algo forte e nã o ofereço pois
sei bem que Max nã o bebe em serviço. — Wladimir, se alguém soube
manipular o nosso sistema de segurança de alta tecnologia, conseguindo
entrar e sair sem ser notado, nã o estamos lidando com um ladrã ozinho,
o cara é profissional. — Ele me encara demonstrando que já chegou a
mesma conclusã o que eu. — Isso foi um recado, é pessoal, meu amigo.
— Recado recebido — sibilo e dou um longo gole no líquido â mbar
em meu copo.
Tenho minhas desconfianças, mas se eles acham que vã o me acuar
fazendo isso se foderam.
— Max, contrate seguranças bem treinados para serem guarda-
costas de Sara e Liz, de preferência ex-forças especiais, as quero seguras,
vou conversar com ela e com Vitor, sei que meu filho é capaz de se
proteger, mas acho que chegou o momento de ele ceder e ter um
segurança também.
— Sim senhor, hoje mesmo verei isso.
— Também quero mais seguranças à paisana na boate e você ficará
com Sara e sua irmã até conseguir os guarda-costas para elas, depois
passará a ficar comigo novamente — dou as ordens e ele acena.
Quando contratei Max ele era meu motorista e segurança pessoal,
mas sempre gostei de dirigir e sei me defender, com o tempo mesmo sob
seus protestos, passei a deixá -lo mais na boate como chefe dos
seguranças, com o Vitor em algumas situaçõ es e comigo só quando se
fazia muito necessá rio, agora as coisas mudaram.
— Reú na seus homens, vamos montar uma nova estratégia caso
aconteça de novo.
Enquanto Max está entrando em contato com os seguranças para
nossa reuniã o de emergência recebo uma mensagem de Sara.

Sara: Wlad, Liz já tirou os pontos. Graças a Deus ela já pode seguir
com a rotina dela.
Sara: Ah, viemos no Berryland Coffee para comemorar.

O sentimento de querer estar com elas bate forte, mas nã o tenho


muito tempo para pensar nisso porque meu amigo entra dizendo que
falou com todos, entã o a respondo rá pido.

Wladimir: Oi minha linda, bom falar com você e fico feliz que a
nossa menininha já pode voltar a rotina. Queria estar aí comemorando
com vocês, mas não tem problema, outro dia saímos todos juntos, em
família.
Wladimir: Vou entrar em uma reunião agora, beijos e até mais
tarde.

Sei que nã o deveria falar assim, dizer essas coisas para ela pode
alimentar sentimentos que nã o poderã o ser cultivados, mas é mais forte
que eu, nada disso é fingimento, é como me sinto quando o assunto está
relacionado a Sara.
Uma hora mais tarde estamos todos em meu escritó rio, explico
resumidamente o que aconteceu e Max explica como iremos trabalhar
daqui em diante. Passamos a pró xima hora inteira debatendo a
estratégia e quando tudo está devidamente definido os dispenso.
— Max, pegue o carro, — entrego minha chave para ele — preciso
ir em casa, quero conversar com Sara pessoalmente sobre isso e
convencê-la a andar com um segurança nã o será fá cil. Me aguarde que já
estou indo ao seu encontro.
Com certeza eles já devem estar em casa.
Sozinho, levo a mã o a cabeça e sinceramente nã o sei explicar a
raiva que estou sentindo. Pego o meu celular e envio uma mensagem.

Wladimir: Vincenzo, não quero te apressar, mas acho que recebi um


recado dos seus “amigos”. Invadiram minha boate esta noite e isso não vai
ficar assim.
Wladimir: Tem alguma resposta sobre aquelas informações que
pedi? Aguardo o seu retorno. Obrigado!

Deixo a boate e entro na parte de trá s do veículo, quando existe


risco a minha vida esta é uma exigência do Max e nã o o contrá rio, é para
isso que eu o pago e nã o teria ló gica nã o o deixar fazer seu trabalho. Sigo
todo o caminho em silêncio, nã o posso colocar a vida delas em risco, nã o
vou me perdoar se algo acontecer com ela.
Capítulo 33

Quando estávamos retornando para casa, minha irmã pediu para ir


brincar com Carol e como ela estava a dias sem ver a amiguinha, pedi
Vitor para nos levar até lá , avisei Beth por mensagem e a mulher se
demonstrou muito feliz e receptiva como sempre. Assim que chegamos
minha pequena mal se despediu e já entrou correndo com Carol para
dentro da casa e Beth insistiu que entrá ssemos para tomar uma xicara
de café, mas neguei, tinha que montar um conteú do para o meu canal,
esse período que Liz ficou de repouso nã o postei nada e vou aproveitar
que estarei sozinha para fazer tudo com calma, sem dizer que volto a
trabalhar amanhã na boate, entã o vou deixar tudo organizado para o
meu retorno. Logo estamos a caminho de casa, mas minha cabeça está
longe.
Hoje de manhã quando peguei minha necessaire notei algo que
com a correria pó s cirurgia da minha irmã passou despercebido.
— Terra chamando Cupcake. — Ouço a voz do meu amigo e sorrio
para disfarçar. — Está tudo bem? Parecia tã o distante.
— E estava. Pensava em como minha vida mudou em tã o pouco
tempo. — Invento rapidamente, mas isso nem é uma mentira. —
Obrigada por tudo, Vi.
— Nada, meu amor, somos família — meu amigo repete sua frase
de sempre e eu sou muito grata por tê-lo em minha vida. — Sara, tudo
bem se eu te deixar em casa e sair em seguida?
— Claro que sim.
— Nã o vai precisar de mim para buscar Liz?
— Nã o, Vi. Talvez ela até durma por lá hoje, mas qualquer coisa
peço um carro por aplicativo.
— Ok, é porque tenho um compromisso agora, mas se precisar
pode me ligar, tá?
Arqueio a sobrancelha olhando em sua direçã o, pronta para
provocá -lo, amo perturbar meu amigo.
— Compromisso? — Olho para ele de lado. — Sei bem o tipo de
compromisso que você tem, sem vergonha.
— E o que a senhorita acha que é?
— Tenho certeza de que esse compromisso envolve um par de
peitos
— Um homem precisa ser feliz.
— Tã o safado. — Dou um soquinho em seu braço e rimos. — Pode
me deixar em casa e seja feliz, garanhã o.
Vitor para em frente a mansã o e me despeço dando um beijo em
seu rosto, antes de sair do carro. Quando meu amigo se afasta, vou na
direçã o contraria e logo chego à farmá cia, com as mã os tremulas pego
três testes, pago e saio. Sigo meu caminho todo com o pensamento
positivo de que só estou atrasada por conta do susto que passei com Liz.
Apesar de ter passado mal há alguns dias e juro que pensei que fosse um
sinal da chegada do meu período menstrual, a abençoada nã o desceu.
Entro em casa e vou direto para o quarto, preciso tirar isso da minha
cabeça o quanto antes, afinal, eu tomo anticoncepcional, nã o tenho como
estar grávida, nã o posso estar grávida.
— Nã o vou ficar sofrendo por antecipaçã o — sussurro para mim
mesma enquanto subo as escadas.
Passo em frente ao quarto da minha irmã lembro da zona que
estava quando saímos logo cedo e resolvo arrumar. Rapidamente dobro
as cobertas, alinho o lençol na cama e finalizo jogando a colcha por cima,
ajeito os brinquedos espalhados no nicho e olho com satisfaçã o o
ambiente organizado.
— Pronto mini furacã o, tudo arrumado — falo sozinha e saio.
Levo minha mã o a maçaneta da minha porta, mas outra coisa
chama a minha atençã o, me fazendo desviar automaticamente do meu
caminho.
— Está aberta...
O quarto misterioso de Wladimir está com a porta entreaberta,
fico de frente a entrada, congelada, mil pensamentos circulando minha
cabeça, meu coraçã o está tã o acelerado que parece que vai sair do meu
peito a qualquer momento.
— Cupcake, fique à vontade, a casa é sua, só nunca entre neste
quarto.
— Ok, mas... O que tem aí? — pergunto por pura curiosidade.
— Meu pai nunca me deixou entrar, só sei que é algo importante pra
ele, quase sagrado.
— Seu pai é estranho, mas pode deixar, não tenho por que entrar aí.
Me recordo da conversa que tive com Vitor no dia em que me
mudei e o que ele falou antes de mostrar o meu quarto.
Em meu inconsciente sei que estou fazendo merda, sei que este é
um lugar proibido para mim, mas Wlad está trabalhando e só vou olhar,
matar a minha maldita curiosidade e sair, ninguém nunca vai saber.
Reforço para mim mesma, tomando coragem.
Sem que eu perceba meus pés me levam para dentro do ambiente,
meus olhos escrutinam o lugar minuciosamente, o ar parece pesado, a
decoraçã o é suave, delicada, em tons claros, mas a minha primeira
impressã o é como se estivesse em uma espécie de cá psula do tempo.
Parece mesmo um lugar sagrado, e apesar de estar visivelmente cuidado
também parece abandonado ou sei lá , congelado no tempo. Na cama
vejo uma camisola dobrada, a peça está amarelada, envelhecida, como
muitas das coisas que vejo aqui, inclusive as folhas de um livro que está
aberto em cima da cô moda ao lado. O pego com muito cuidado e
percebo que é um romance, leio um pequeno trecho da pá gina
marcada...
“Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus
sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer-lhe
que eu a admiro e amo ardentemente”
— Orgulho e Preconceito — sussurro ao reconhecer o livro de Jane
Austen.
Estou tomada por um sentimento que nã o sei descrever, uma
mistura de tristeza com paz, sei que é muito estranho a dualidade dos
dois, mas é o que sinto aqui dentro. Devolvo o livro e continuo andando
em passos lentos pelo ambiente, noto um porta-retrato, um vidro de
perfume e um sapatinho rosa de bebê, me aproximo e pego o perfume,
borrifo no ar, sentindo um aroma gostoso que nã o sei identificar, mas é
suave, olho para a fotografia e vejo uma mulher linda, seu sorriso é tã o
contagiante que sorrio também, minha mente trá s sua imagem, tento
lembrar onde eu a vi e de repente me recordo... Vitor me mostrou a foto
da sua mã e uma vez.
— Meu Deus, é a esposa falecida do Wladimir.
O verdadeiro significado de tudo isso cai sobre mim feito uma
avalanche... Ele tem um santuá rio montado para ela aqui, de alguma
forma, Wladimir a mantém viva e isso é tã o, nã o sei nem o que falar,
pensar.
O sapatinho de bebê puxa minha atençã o novamente, franzo o
cenho, porque isso é a ú nica coisa fora do contexto de tudo que tem
neste quarto. Abro a gaveta da grande cô moda e vejo um papel, ao abrir
meus olhos dobram de tamanho e lá grimas caem sem minha permissã o.
Ainda com o exame em uma das minhas mã os, pego o sapatinho na
outra e também a foto, ando até a cama e me sento na beirada, ainda
sem acreditar nisso...
— Você estava grávida? — falo para a mulher sorridente da
fotografia — Por que Vitor nunca me falou isso?
— Porque Vitor nã o sabe e nunca vai saber.
Levanto em um pulo da cama com o susto descomunal que levo,
deixando o porta-retrato cair no chã o, com a voz sombria que me
responde.
Encaro Wladimir com os olhos arregalados, quero me explicar, mas
sei que nã o tem o que falar, nã o era para eu estar aqui e minha voz
parece ter travado, nã o sei se pelo jeito que falou ou como me olha, com
uma raiva que nunca vi antes, o homem parece preste a libertar um
animal enjaulado a qualquer momento, seu peito sobe e desce
rapidamente, sua mandíbula está travada, vejo que tenta se controlar,
mas está furioso. Me abaixo para pegar o objeto que caiu, verifico e
graças a Deus nã o danificou, volto a olhá -lo e seus olhos vã o para as
minhas mã os.
— O que você está fazendo aqui?
— Wladimir, me desculpe, a porta estava entreaberta, aí eu me
aproximei para fechar... — Ele me interrompe.
— E achou que era uma boa ideia bisbilhotar onde nã o é da sua
conta?
— Ei, desculpe, nã o fiz nada demais... — Novamente sua voz
sombria me corta.
— Nã o interessa, porra. — Seu grito me assusta. — Esse lugar é
sagrado, pertence a ela e você contaminou com a sua presença. — Me
sinto humilhada com suas palavras, mas nã o sou alheia a dor em sua
voz. — Como ousa mexer nas coisas da minha mulher, logo você, a
pessoa com quem estou traindo a memó ria dela... Você nã o tinha o
direito de entrar aqui e desrespeitá -la assim.
Nã o encontro voz para me defender de suas acusaçõ es absurdas,
dó i ouvir isso dele, as lá grimas continuam caindo e ele pouco se importa
com o que estou sentindo, nem parece o mesmo homem que está
comigo nos ú ltimos meses, atencioso, carinhoso e tã o protetor.
— A culpa disso é minha, eu deixei essa merda ir longe demais...
Acabou Sara, você nã o vale a pena, minha mulher nã o merece isso — ele
fala como se ela estivesse viva. — Te dei muita liberdade ao ponto de
você nã o respeitar a ú nica coisa que sempre exigi.
— Wladimir, calma, vamos conversar, sei que errei em entrar aqui,
mas nã o quis desrespeitar nada...
— Mas desrespeitou, caralho. E uma boceta nã o vai mudar nada.
— Dou um passo para trá s com o que diz. — É Sara, é isso que você é
para mim, uma boceta, somente um corpo gostoso que me satisfez, mas
acabou, você está confundindo as coisas, — o maldito anda em minha
direçã o ameaçadoramente — e saiba que nunca vai substituir a minha
mulher, nunca vou deixar de amá -la com todas as minhas forças e
qualquer outra em minha cama só será um corpo para satisfazer uma
necessidade humana.
— Substituir? E quem disse que é o que quero? — Finalmente
consigo falar. — Você está se ouvindo, Wladimir? Está vendo o que se
tornou? — Cada questionamento sai com dor. — Eu poderia ficar com
ó dio por tudo que está me dizendo, nã o que eu nã o esteja, porque você é
um filho da puta desgraçado, mas o que mais sinto é tristeza, você é tã o
digno de pena, está tã o doente que nem percebe o quã o tudo isso é
louco. — Giro o dedo no ar.
— A pior merda que fiz foi aceitar aquela ideia maldita de
contrato.
Sua voz sai sussurrada, mas consigo ouvir.
— Oi? Aceitar? — digo incrédula. — Foi você que me induziu a esta
merda, seu idiota. Me prendeu a um maldito contrato sexual, a ilusã o de
um homem que nã o existe, seu imbecil e nã o, eu nã o me apaixonei por
você antes que pense isso, mas o carinho, respeito e admiraçã o que
conquistou acabou de ir para a puta que pariu, aproveita e vai junto, e
fique por lá .
— Cuidado, menina, você nã o é ninguém para falar assim comigo
— murmura cada palavra com ó dio.
— Muito melhor ser uma ninguém do que ser a porra de um
covarde de merda que se esconde em meio a um mausoléu, vivendo a
sombra de um fantasma. — Cada célula do meu corpo treme de raiva. —
Procure ajuda, Wladimir, você precisa no mínimo de terapia.
Sei que estou indo longe, mas ele me falou coisas que machucaram,
que eu nã o merecia ouvir. Seus olhos me fuzilam, contudo, nã o recuo, o
encaro em pé de igualdade, de nariz empinado. Wladimir se vira, vai até
a porta e a abre, apontando para fora...
— Saia daqui. — Praticamente rosna a ordem. — Suma da minha
vida.
— Com prazer. — Passo por ele com o coraçã o acelerado. — Até
nunca mais.
Saio do quarto o deixando com as memó rias de uma vida que
nunca conseguiu desapegar e pelo que vi nunca deixará .
Ao chegar no portã o vejo Max em frente o carro, ele franze a testa
demonstrando preocupaçã o ao ver o meu estado...
— Sara, o que aconteceu?
Eu olho por menos de dois segundos para ele e abaixo a cabeça
para seguir meu caminho, sendo incapaz de responder, nã o quero
conversar com ninguém, muito menos alguém ligado ao Wladimir.
— Sara, espera.
— Nã o, Max.
É a ú nica coisa que respondo erguendo a mã o para ele entender
que só quero ficar em paz e continuo meu caminho, ainda o ouço me
gritar, mas nã o respondo, nã o olho para trá s, preciso colocar a cabeça
em ordem e decidir para onde vou, nã o peguei nada além da minha
bolsa que já estava comigo, depois que definir meu destino peço Vitor
para trazer minhas coisas. Mentalmente dou graças a Deus de Liz ter ido
para a casa de Beth.
Como minha pequena vai sentir a falta desse infeliz — penso com
tristeza.
Deixo a mansã o de Wladimir com um peso inexplicável em meu
peito, sentindo as lá grimas rolarem por meu rosto e me questionando
como tudo ruiu do nada.
Mas logo a resposta vem em minha mente como uma faca afiada...
Como sempre acontece em minha vida.
Capítulo 34

Ela nã o tinha o maldito direito de entrar aqui, sua presença é uma


afronta direta para Susie e isso eu nã o posso permitir. A raiva ainda
borbulha dentro de mim...
Raiva de mim mesmo, dela e do que me faz sentir por ela.
Fiz o que era certo, essa merda já tinha ido longe demais.
Se é tão certo, então por que você está sentindo essa dor absurda em
seu peito? – minha consciência faz questã o de jogar a pergunta em
minha cara.
Ouço a porta batendo com força no andar de baixo e sei que foi
embora, caio de joelhos no chã o, sentindo algo me rasgar e nã o sei
explicar o que é, como fazer parar, só sei que nã o suportei vê-la aqui,
mas pensar em nã o a ver mais, nã o sentir mais seu gosto, a textura da
sua pele, ouvir seus gemidos, suas provocaçõ es, me causa uma dor tã o
profunda capaz de fazer meu corpo todo tremer, me sinto
desmoronando por dentro.
— PORRAAAA... — grito dando vá rios socos no chã o.
Meu celular começa a tocar e eu ignoro, nã o quero falar com
ninguém, a pessoa é insistente, mas quem quer que seja, nã o me
importa, quero que se foda, que o mundo vá pra puta que pariu. Entã o
escuto um barulho no andar de baixo, me levanto com um pequeno
lampejo de esperança, nã o sei pelo que, se foi eu que a mandei embora,
só posso estar enlouquecendo, mas desço os degraus correndo,
desejando internamente que seja ela e meu rosto é pura decepçã o ao ver
Max vindo na direçã o da escada.
— Wladimir, o que aconteceu? — meu amigo pergunta com
cautela. — Cara, você está horrível e Sara nã o saiu daqui muito diferente
disso. O que houve entre vocês lá em cima?
Ignoro a pergunta do meu amigo e vou na direçã o do meu whisky,
preciso beber até esquecer de como existir, estou tã o exausto de tudo,
minha vida é uma merda total e nada nunca vai mudar isso, mas eu
estava feliz nos ú ltimos meses, ela estragou tudo.
— O que aconteceu lá em cima? — repito a pergunta de Max e um
sorriso amargo surge em meus lá bios.
Passo as mã os pelo rosto com brusquidã o e tomo minha bebida
direto do gargalo, necessitando que ela faça o seu efeito e desça
queimando por minha garganta, que adormeça essa merda dentro de
mim.
— Sara ultrapassou um limite imperdoável, Max. — Me jogo na
poltrona. — Ela nã o deveria ter entrado lá .
— Wladimir, nã o estou entendendo caralho nenhum. — Ele se
senta na outra poltrona. — Onde ela nã o deveria ter entrado?
Meu amigo assim como meu filho sabe da existência do quarto,
sabem que ninguém pode entrar lá , somente Marie entra a cada três
meses para limpar, mas ela assinou um termo de confidencialidade e nã o
pode falar sobre o local com ninguém. Olho para Max e vejo o momento
em que ele compreende o que aconteceu.
— Como ela entrou no quarto? Você nã o o deixa sempre trancado?
— Sai hoje com pressa depois que vi sua mensagem e acho que
esqueci de trancar.
— Mas o que cacete tem neste quarto que torna tã o imperdoável
Sara ter entrado lá ?
Balanço minha cabeça e tomo mais um longo gole do meu
Mallacan.
— Você nã o entenderia...
— Tenta.
Pela primeira vez falo em voz alta sobre o quarto de Susie, sobre a
forma que encontrei de mantê-la viva, de me manter sã o depois do
acidente, continuo omitindo a parte da minha filha. Conto para Max que
o quarto é um santuá rio e está exatamente do mesmo jeito em que ela
usou da ú ltima vez, explico que gastei uma fortuna para reformar minha
casa inteira mantendo o quarto que era nosso, intacto. Termino de falar
e espero o sermã o sem fim, mas o silêncio que se faz é pesado, chega a
ser opressor.
— Meu amigo, você sabe que isso nã o é saudável, né? — Sua voz é
baixa, controlada, mas conheço Max. — Isso é tã o sem sentindo. Sério,
nã o sou insensível a sua dor, a sua perda, mas porra, já se passaram 20
anos e você age como se ela fosse entrar por aquela porta a qualquer
momento, pior, age como se a estivesse traindo. A Susie nã o vai voltar,
cara, por mais foda que seja de aceitar isso, ela morreu e você está aqui,
vivo, cacete. — Ele passa a mã o pelo cabelo, nervoso. — Você ainda nã o
se deu conta do que sente pela Sara, e nã o sou eu quem vai te falar, mas
espero que nã o seja tarde demais quando descobrir.
Eu acho que já descobri, meu amigo e por isso estou surtando —
penso.
Fecho os olhos, apoio minha cabeça no encosto da poltrona,
cansado demais para debater qualquer coisa e o ouço suspirar
pesadamente.
— Falando em Sara, conseguiu conversar com ela sobre o ocorrido
da boate ou só entrou feito um filho da puta e pouco se importou com a
segurança da mulher que até a noite passada estava aquecendo a sua
cama?
O jeito que ele fala me faz mesmo me sentir um grande filho da
puta.
Talvez eu seja.
— Porra.
Eu vim para casa todo preocupado com ela, disposto a convencê-la
a andar com guarda-costas, mas ao vê-la no quarto de Susie a fú ria me
fez esquecer de tudo, inclusive da merda da invasã o a boate e do perigo
que a minha gar... que Sara pode estar correndo.
— Você esqueceu, né? — Assinto.
Max fica calado, mas sinto seu olhar sobre mim, sei o que está
pensando e ele nã o precisa me julgar, já estou fazendo isso suficiente por
nó s dois.
Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer com ela.
— Max encontre-a para mim, vou te passar os possíveis lugares
que ela pode ter ido, se precisar ligue para o Alec e peça para rastrear o
nú mero dela, diga que é algo pessoal e ele fará imediatamente. — Passo
para ele por mensagem os contatos e endereços de Lia e Beth. — Ela é
teimosa, provavelmente nã o vai querer sua ajuda, mas diga que eu nã o
sei de nada, que está fazendo isso porque Vitor pediu, por favor, meu
amigo, nã o a deixe sozinha, sem proteçã o — suplico. — Cuide dela e de
Liz por mim.
O pedido que faço nã o é para o meu funcioná rio e sim para o meu
amigo e ele sabe disso.
— Claro que faço, nã o sou um amigo pau no cu, mas você precisa
acordar para a vida, irmã o.
Me levanto e sinto como se um trator tivesse passado por cima de
mim, vou até a escrivaninha e pego a chave do apartamento.
— Aqui, leve-a para este endereço. — Entrego para ele um cartã o
com o endereço do local e as chaves. — Eu comprei este apartamento
para nos encontrarmos com privacidade, depois tinha a intençã o de
deixar para ela e Liz, mas algumas coisas aconteceram que nem cheguei
a falar com ela sobre este lugar.
Max suspira e assente ao se levantar indo na direçã o da porta, mas
antes de sair se vira em minha direçã o.
— Cadê o Vitor?
— Nã o faço ideia, mas vou ligar para ele.
— E você vai ficar bem aqui sozinho?
— Vou sim, fique tranquilo. — Forço para soar convincente. — Só
me mantenha informado.
— Ok.
Max sai e o silêncio reina sendo meu ú nico companheiro, apago a
luz, deixando o ambiente tã o escuro quando o meu interior, apenas
coexistindo em minha pró pria culpa e afundo meu corpo na poltrona
bebendo um gole seguido do outro, nã o sei quanto tempo se passa, meu
celular volta a tocar, mas novamente eu o ignoro, fecho os olhos e
permito que a dor envenene um pouco mais a minha alma.
— Me perdoe, meu amor.
Sussurro, mas nã o sei se para o fantasma da minha esposa ou se
para a mulher que eu expulsei da minha vida, mas nã o do meu coraçã o.

— Pai. — Ouço ao longe. — Pai, acorda, porra.


Escuto mais perto a voz de Vitor seguido do sacolejar em meu
corpo me despertando lentamente, sinto minha visã o desfocada ao abrir
os olhos e minha cabeça está pesada.
— Vitor. — Endireito meu corpo na poltrona, derrubando a garrafa
vazia de whisky no chã o. — Porra, — levo a mã o a cabeça, sentindo-a
latejar — o que você está fazendo aqui?
Sinto minha língua estranha, o gosto amargo do á lcool... Passo as
mã os pelo rosto tentando despertar, me orientar. Sei que nã o estou
bêbado, mas nunca senti o efeito da bebida assim.
— O que eu faço aqui, pai? Eu moro aqui. — Sua voz tem um
timbre diferente, ele está com raiva. —Agora eu que te pergunto, que
merda você fez com a Cupcake?
A mençã o a ela vem como um soco no meu estô mago.
— Como assim o que eu fiz com ela? — Resolvo ir por este
caminho, nã o sei até onde ele sabe.
— Pai, vamos deixar as coisas claras aqui, eu sei que vocês estã o
transando, estavam, sei lá , entã o sem teatro pra cima de mim.
— Entendi, era de se esperar com a amizade que vocês têm —
divago. — E como você soube do que aconteceu agora, falou com ela,
sabe onde Sara está ?
Um fio de esperança cresce dentro de mim, tudo que preciso é
saber se Sara está bem, segura. Só nã o fui atrá s dela porque sei que nã o
vai querer me ver depois das coisas que falei, mas tenho certeza de que
logo Max me trará notícias.
— Eu tentei ligar para ela vá rias vezes, mas chamou até cair e ela
nunca deixa de me atender, entã o sabendo do lance entre vocês,
imaginei que pudessem estar juntos, te liguei e o mesmo aconteceu, mas
contigo, agora sei por que nã o me atendeu. — Olha com desdém para as
duas garrafas de whisky caídas ao chã o. — Muito fá cil, né, pai, fazer
merda e depois beber até desmaiar.
Meu filho me dando sermã o de mal comportamento, realmente
cheguei ao fundo do poço. Opto por ignorar sua “bronca”.
— Se nã o foi ela quem te falou...
— Foi o Max. — Nã o me deixa concluir a pergunta e já esclarece. —
Como nã o consegui falar com vocês dois, tentei ele para saber se o
senhor estava na boate e preocupado com o seu estado, me fez um
resumo da sua atitude de moleque com a garota. — Suas palavras
transbordam raiva e decepçã o comigo e isso me dó i também. — Pai,
sempre tive orgulho do seu jeito, mesmo sendo ausente, nunca deixou
de me dar os melhores exemplos. O que está acontecendo contigo?
Fico em silêncio por um tempo, porque nã o sei responder a sua
pergunta com sinceridade e Vitor se retira soltando um suspiro
frustrado, vai na direçã o da cozinha e volta em seguida com uma
bandeja em mã os.
— Toma esse analgésico, vai se sentir melhor. — Me entrega um
copo com á gua que bebo tudo. Nã o tinha percebido o quanto estava com
sede. — Agora toma esse café forte, está sem açú car, vai te fazer bem
também.
— Obrigado. — Dou um gole na bebida fumegante. — Filho,
desculpa pelo que fiz, mas a Sara ultrapassou um limite que me deixou
furioso e eu simplesmente nã o consegui me controlar no momento.
— Pai, eu sei o que ela fez. — Claro que sabe, Max e sua boca
grande. — O senhor acha mesmo plausível sua atitude por conta de
coisas, objetos, — ameaço abrir a boca para contra-argumentar, ele nã o
vai desvalorizar as lembranças de Susie desse jeito — eu sei que sã o
importantes, caramba, eu era pequeno, mas eu amo a minha mã e,
mesmo que ela nã o esteja aqui fisicamente, vai sempre estar aqui. —
Aponta para o seu pró prio coraçã o.
Pisco para controlar a ardência que sinto subitamente em meus
olhos.
— Um santuá rio, pai, sério? Como se ela ainda estivesse ali, o
senhor acredita mesmo nessa sandice? — Ri sem humor. — Nã o, eu
preciso saber, porque aí seu caso é de internaçã o.
Nó s dois nos encaramos por um tempo e sentir o peso dessa
realidade é duro demais, eu sempre soube que isso nã o era saudável e
nunca compartilhei com ninguém porque sempre soube que ninguém
me apoiaria, me entenderia, mas eu precisava desse quarto, precisei me
fazer acreditar de que a sentia ali durante todos esses anos, me apeguei
a esta ideia e as suas coisas, fiz isso por mim, foi o ú nico meio que tive
para me manter sã o mediante a minha culpa, a minha dor.
— Nem você e nem ninguém que nunca passou pelo que eu passei
ao perder a sua mã e grávida da sua irmã — vejo sua cara de choque —
por culpa minha, por uma imprudência que poderia ter sido evitada, vã o
conseguir entender a minha dor. — Minhas lá grimas caem.
— Pai...
— Entã o sim, eu me agarrei a ideia de que mantendo tudo do jeito
que ela deixou, eu a teria ali comigo.
— Pai, eu nã o sabia que a mamã e estava grávida. Por que nunca
me contou?
— Nunca te contei por que nã o tive coragem, meu filho, eu destruí
a nossa família e nunca consegui me perdoar, nem sei se um dia
conseguirei.
Sinto o momento em que as lá grimas que estava segurando caem.
— Pai, pelo amor de Deus, foi um acidente, para de se culpar por
isso. Você precisa superar, desse jeito nunca vai seguir em frente, ser
feliz.
Meu celular toca e como um covarde uso esta oportunidade para
fugir do caminho que a minha conversa com Vitor se direcionou e
atendo.
Capítulo 35

— Alô .
Olho para Vitor sussurrando um pedido de desculpa e meu filho
assente.
— Wladimir, fanculo[6], o que houve? — O sotaque italiano preenche
o ambiente ao colocar a ligaçã o no viva-voz. — Estou tentando falar
contigo desde cedo.
— Oi Vincenzo, desculpe, estava resolvendo vá rios problemas da
invasã o da boate. — Invento uma desculpa. — Sobre o que quer falar,
posso te ligar daqui a pouco?
— Não, o que tenho para falar não pode esperar, Wladimir. — Suas
palavras me deixam em alerta, e vejo que meu filho também. —
Finalmente consegui levantar a ficha dos dois russos que estiveram na sua
boate há alguns meses.
Nã o sei explicar o frio que sinto subir pela espinha, e Sara
preenche meus pensamentos.
— O que descobriu?
— Não foi fácil porque os desgraçados usaram nomes falsos e até as
informações que você conseguiu levantar na internet também foram
criadas exatamente para isso, uma provável pesquisa sobre eles, na
verdade eles são Serguei Petrov e Andrei Petrov, irmão mais novo e filho
mais novo de Boris Petrov, capo da máfia russa.
Os olhos de Vitor dobram de tamanho e eu sinto um pavor me
tomando em ondas, sinto como se o mundo estivesse desabando sobre
mim.
— Wladimir, você não está lidando com qualquer tipo de pessoa,
tenha em mente que eles não costumam esquecer esse tipo de coisa,
Serguei é a escória da máfia russa e esse moleque, apesar de ser sobrinho
segue os passos do tio. — Minha respiraçã o sai pesada a cada explicaçã o
que fornece. — Apesar de sermos inimigos declarados, não posso mentir, o
Boris é justo e conheço pessoas a quem ele deve favores, pessoas que me
devem, entende?
— Claro, entendo. — Sei que vou ficar devendo um favor a ele.
Como ele me disse quando nos conhecemos, para ele tudo sã o
negó cios.
— A sua dançarina, Sara, é esse o nome dela, correto? — Confirmo e
ele continua. — Ela virou um desafio para o Andrei e por isso ele deve
estar obcecado pela garota.
Vitor anda de um lado para o outro e eu preciso fingir uma calma
que nã o existe para saber como irei agir.
— Só estou te dizendo tudo isso para que entenda a gravidade da
situação, esse moleque é realmente muito mimado e o tio faz todas as
vontades dele, — ouço em silêncio e tenho certeza de que Vincenzo só
sabe que estou aqui por conta da minha respiraçã o ruidosa — pelo que
conheço deles, acho que são os dois que estão de volta a Las Vegas e
invadiram sua boate esta noite, como uma ameaça velada ou talvez, um
aviso da ameaça anterior. E arrisco a dizer que muito provavelmente o
capo não tenha ciência de nada disso.
— Vincenzo, com a permissã o da palavra, estou pouco me fodendo
de quem ele é filho, se ele encostar um dedo na minha mulher eu vou
acabar com esse desgraçado, mesmo que isso custe a minha vida.
Vitor me encara com o rosto em confusã o e logo sua feiçã o muda
para algo como divertimento, e eu nã o faço ideia do que é engraçado
nesta merda. Estou preste a explodir com ele, quando Vincenzo
questiona.
— Sua mulher?
— Nã o, de onde você tirou isso? Sara é minha funcioná ria.
Como se estivessem sincronizados, os dois riem, mas me espanto
com o homem que está ao telefone comigo, porque nunca ouvi Vincenzo
rindo.
— Não sou surdo e muito menos louco, Wladimir, eu ouvi muito bem
quando a chamou de sua mulher, o que não está me contando?
Olho para o meu filho que faz uma mímica com sua boca, dizendo
que sim, eu falei isso. Puta que pariu, estou com tanta raiva dessa porra
toda, que nem percebi o que falei.
— Vincenzo, é complicado — digo resignado.
— Está explicado tanto empenho. — Noto que pensou alto. — Meu
amigo, tenha cuidado e proteja a sua mulher. — Percebo a ênfase em
forma de provocaçã o. — Ouve bem o que vou dizer.
Ouço suas orientaçõ es atentamente, dizendo que o ideal é mantê-
la longe das vistas desses malditos, se possível escondida, até que ele
possa contactar dois associados a Cosa Nostra para cobrar alguns
favores e assim chegar ao tal Boris sem provocar outra guerra entre eles.
Vincenzo também diz que teria vindo pessoalmente em Las Vegas para
falar sobre isso, mas neste momento está enfrentando uma guerra
territorial em Palermo que prometeu apoio e nã o pode abandonar. E
finaliza oferecendo três dos seus melhores homens para me auxiliar na
proteçã o de Sara, mas que eu digo nã o ser necessá rio neste momento.
— Muito obrigado, Vincenzo.
— Se mudar de ideia sobre o reforço na segurança me avise. E não
precisa agradecer, tudo que prezamos é família e lealdade, nós somos
sócios e amigos, se Sara é sua mulher, ela também é da família. — Nã o
esperava por isso vindo dele. — Mas confesso que não é só pelo nosso elo,
tudo que vem desses russos se torna pessoal para mim.
Nã o sei exatamente por que desta declaraçã o, mas sei que a guerra
entra a má fia italiana e russa está muito além de um conflito de poder.
— Mesmo assim agradeço — digo antes de nos despedirmos e
encerrar a ligaçã o.
Me levanto e percebo que os efeitos da bebida praticamente
sumiram, tenho certeza de que isso é reaçã o do meu subconsciente, em
meu interior existe um duelo entre o medo de perdê-la, de nã o
conseguir protegê-la como Vincenzo disse que tenho que fazer e o
arrependido, eu sei que nã o deveria ter expulsado Sara daquele jeito, sei
que fiz merda e pior, nã o sei se ela será capaz de me perdoar.
O toque alto do celular de Vitor me arranca dos meus conflitos.
— Oi Max, encontrou a Cupcake? — Olho ansioso para o meu filho
que só ouve a resposta calado.
— Coloca essa porra no viva-voz, Vitor.
— Só um minuto, Max. — Apó s fazer o que pedi ele autoriza meu
amigo a continuar.
Max informa que esteve na casa de Beth e que a mulher disse que
Sara só esteve lá pela manhã , quando deixou Liz e meu amigo precisou
inventar uma desculpa para tranquilizá -la.
Tomo o celular das mã os de Vitor porque ao ouvir falar de Beth,
lembrei da minha Moranguinho.
— Max, viu a Liz? Como a minha pequena está ? Ela sabe de alguma
coisa?
O encho de perguntas, mas ele resume dizendo que nã o a viu, mas
que Beth disse que ela estava bem, no momento estava brincando com a
Carol no quintal e que nã o estava sabendo de absolutamente nada.
Pelo menos por isso posso respirar aliviado.
Max volta a dizer que no caminho ligou para Lia e ela sim esteve
com Sara, mas essa enrolaçã o toda já está me deixando puto e explodo.
— Que merda, Max, fala logo, quanta enrolaçã o porra.
— Ok, mas acho que você não vai gostar muito do que vou dizer.
— Caralho, eu juro que vou dar um soco no meio da sua cara
quando nos encontramos se você nã o falar logo.
Ouço meu amigo rir.
Certeza de que esse desgraçado está gostando de me torturar.
— Lia disse que Sara ligou para ela chorando por culpa de um certo
velho babaca, palavras dela, — ele esclarece ainda rindo — então se
encontraram em uma cafeteria, porque Sara não estava se sentindo muito
bem...
— O que ela tem?
— Estava enjoada, algo assim, mas o fato é que o Adam chegou e...
— Porra, o que aquele moleque maldito foi fazer atrá s da minha
mulher?
— Isso eu não sei te dizer, o que eu sei é que ele pediu para conversar
com Sara e ela aceitou, pediu Lia para voltar para casa e que depois a
encontraria.
Meu maxilar trava e juro que nã o sei como nã o parti o celular ao
meio com a força que aperto o aparelho em minha mã o.
— E até agora Sara ainda não voltou para a casa de Lia...
— Deixa eu falar com a Lia.
— Não estou com ela neste momento.
— Como você nã o está com ela no momento, porra? — grito puto
pra caralho. — E onde você está ?
— Estou na tal cafeteria, seu idiota e eu queria ser uma mosquinha
para ver a sua reação caso você visse o que estou vendo.
Como eu disse, esse desgraçado está gostando de me torturar e
porra, está conseguindo.
Sinto minha boca secar, minha respiraçã o acelera assim como o
meu coraçã o que parece querer explodir a minha caixa torá cica, caralho,
acho que estou infartando só com a possibilidade do que se passa pela
minha cabeça.
— O que você está vendo? — Mesmo nã o tendo certeza se estou
preparado para ouvir, me forço a perguntar.
— Estou vendo os dois sentados de frente um para o outro, o
moleque falou algo que a fez rir, porra...
— Porra o quê, Max?
— O moleque é bom em aproveitar as oportunidades, hein.
— Max... — Minha voz sai afiada e ele percebe o tom de alerta.
— O tal Adam está segurando a mão dela rindo feito um imbecil
apaixonado para a sua ex-mulher.
Sinto sua provocaçã o e caio feito um idiota nela.
— Ex é o caralho, me diz onde você está , vou agora mesmo
arrancar a minha mulher das mã os imundas desse infeliz.
E meu amigo gargalha, dizendo em seguida que enviou para o meu
celular a localizaçã o por mensagem. Encerro a ligaçã o depois de pedir
para Max nã o tirar os olhos deles, até porque o perigo com os russos
existe e preciso protegê-la a todo custo.
Viro na direçã o de Vitor para entregar o seu aparelho e percebo
um certo divertimento em seu rosto, como se estivesse se controlando
para nã o rir.
— Posso saber o que é tã o engraçado? — questiono puto.
— Bom, primeiro que te ver morrendo de ciú mes da Cupcake é
hilá rio demais.
Reviro os olhos porque acho esse apelido ridículo e ele sabe, por
isso faz questã o de me irritar.
— Nã o sinto ciú mes de ninguém.
— Claro que nã o, pai. — debocha.
O fato é que nem eu mesmo acredito nas minhas palavras. Sei o
que estou sentindo e estou sim com ciú mes dela, pra caralho se eu for
bem sincero, mas nã o vou assumir isso pra ele.
— E segundo, — ele continua — vou amar assistir de camarote o
coroa tombando pela novinha, — agora ele ri alto — porra, pai, isso daria
um bom livro, nã o acha?
— Vitor vai a merda e me deixa em paz.
— Que isso, papai, quanta agressividade com o seu filho.
— Nã o tenho tempo para perder contigo, preciso buscar a Sara.
— Errado, pai, você precisa consertar a merda que fez, e eu a
conheço, ela nã o muda de ideia fá cil, o senhor vai precisar suar a camisa
para reconquistar a minha Cupcake.
Sinto a provocaçã o escorrer por cada uma das suas palavras, mas
também sinto a realidade do peso do que fiz e sei que ele tem razã o. Sem
perder mais tempo o deixo para trá s, pego a chave da minha Ferrari e
saio, nã o tenho o costume de usá -la, Vitor que desfruta de toda sua
potência com frequência, nas noites de Vegas, mas como Max levou
minha Mercedes quando saiu atrá s de Sara, hoje vou abrir uma exceçã o.
Mas tudo bem, neste momento preciso de algo que combine mais
com a atmosfera vibrante do meu interior, ligo o carro e o coloco em
movimento, buscando pela adrenalina para tentar me acalmar.
Capítulo 36

Sigo pela calçada sem um destino certo, sentindo meu corpo


tremer de raiva, frustraçã o, mas acima de tudo uma dor intrínseca e eu
me odeio por me permitir estar tã o vulnerável, por nã o conseguir
controlar essa tristeza profunda que consome meu coraçã o. Abraço meu
pró prio corpo ao me lembrar de suas palavras, de como me
machucaram ouvi-las e um soluço tenta romper por minha garganta,
mas nã o permito, me recordo das promessas que fiz a mim mesma...
Nunca mais permitir que nenhum homem me usasse como um objeto
descartável.
Nunca mais permitir que um homem quebrasse meu coração.
Quebrei as duas, e nã o consigo descrever como me odeio por isso.
Meu celular começa a tocar e aperto os olhos com força ao ver
quem é, como se com este gesto eu pudesse mudar minha realidade...
Pela primeira vez na vida nã o quero falar com o meu amigo, — outro
motivo para odiar o Wladimir — mas neste momento nã o quero falar
com ninguém que seja ligado a ele e infelizmente Vitor é seu filho.
Mais tarde, quando eu estiver mais calma, retorno para ele e
explico tudo, meu amigo vai entender.
Respiro fundo sentindo um enjoo forte me tomar, levanto a cabeça,
inspirando e expirando algumas vezes e assim consigo amenizar a
sensaçã o. Procuro o contato de Lia e logo no segundo toque minha
amiga atende.
Eu nã o quis falar com o Vi, mas é fato que preciso conversar com
alguém.
— Fala gostosa, saudades, e como andam as coisas com o seu
mingau de aveia?
Minha amiga já atende toda animada, mas sinto meus olhos
arderem novamente com sua pergunta sobre ele?
Sim, mesmo tendo um contrato e um maldito termo eu contei para
ela sobre nó s dois. É o que dizem, uma mulher nunca leva tudo no sigilo
total, ela sempre tem uma melhor amiga que sabe de tudo.
— Lia — tento falar firme, mas falho só em dizer o seu nome.
— Ei, você está chorando?
— Amiga, você está ocupada? — Respiro fundo de novo tentando
nã o chorar, mas minha voz denuncia o esforço. — E-eu preciso tanto
conversar.
— Meu amor, se eu estivesse ocupada deixaria de estar neste
instante.
— Obrigada, amiga. A gente pode se encontrar?
— Claro, amiga. Mas o que aconteceu?
Balanço a cabeça negativamente, mesmo sabendo que minha
amiga nã o consegue me ver.
— Nã o Lia, quero falar pessoalmente.
— Ei, tudo bem, me encontra naquela cafeteria aqui perto de casa,
pode ser?
Concordo com sua sugestã o e antes de encerrarmos a chamada ela
me diz que já está indo para o local. Opto por ir caminhando, preciso
espairecer, e andar sempre me faz bem.
Assim que entro na cafeteria o cheiro do local embrulha meu
estô mago e sinto a bile subindo, imediatamente vou para o lado de fora e
elevo um pouco a minha cabeça com os olhos fechados, respirando
devagar e aos poucos consigo novamente afastar as ná useas.
Sei que ainda nã o fiz o teste, mas prefiro acreditar de que essa
merda é pelo estresse de hoje.
Ao abrir os olhos dou de cara com uma Lia muito preocupada.
— O que foi isso?
— Só acordei enjoada hoje, nada demais.
Faço pouco caso com a esperança de que ela nã o aprofunde este
possível assunto e ela me olha com cara de quem nã o acreditou, mas
entendeu que eu nã o quero falar sobre isso.
— Ok, entã o vamos para o Viva La Vita, lá pedimos um suco pra
você.
Aceito a troca de lugar e como é bem pró ximo logo entramos no
pequeno restaurante, tã o aconchegante quanto o anterior, mas sem o
cheiro de café imperando no ar. Nos sentamos mais ao canto, o garçom
se aproxima para nos mostrar o cardá pio, que dispensamos, pedindo as
duas um suco de laranja.
— Vai, agora me contar por que você está essa bagunça? —
Gesticula com a mã o apontando para o meu rosto.
— Ele me expulsou, amiga. — A voz sai embargada. — O
desgraçado do Wladimir me expulsou.
— O quê?
As lá grimas querem cair novamente, mas chega dessa porra,
respiro fundo e só me permito falar quando consigo assumir o controle.
Neste momento nossos sucos chegam e antes de iniciar dou um pequeno
gole.
— Eu entrei no maldito quarto que ele construiu para a fantasma
de estimaçã o dele.
Sei que estou sendo insensível e escrota com a situaçã o, afinal,
Susie nã o tem culpa do traste de marido que tinha e ela é mã e do meu
melhor amigo, mas estou sofrendo aqui, entã o foda-se, estou no meu
direito.
— Quarto para um fantasma de estimaçã o? — Lia questiona
confusa. — Caralho, acho que minha bebida veio batizada. — Ela leva o
pró prio copo até o nariz para cheirar e consegue me fazer sorrir
minimamente.
Resumo para a minha amiga o que aconteceu desde o início, falo
sobre Susie e ela diz que já tinha ouvido falar por alto, porque lá na
boate o pessoal tem um pouco de medo da cara fechada do Wladimir e
evita o assunto. Entã o conto que o quarto é uma espécie de santuá rio
para a falecida e detalho as coisas que encontrei no cô modo e ela fica de
boca aberta com a forma que ele é apegado ao seu passado.
— Cacete Sara, esse homem precisa de terapia, urgente — diz
exasperada.
— Lia, ele me olhou tã o furioso, sei que o conheço a pouco tempo,
mas nunca o vi assim. — Minha voz soa fragilizada. — Parecia que eu
tinha cometido um crime, sabe, desses imperdoáveis.
Ela bufa.
— Incrível como homem é idiota independentemente da idade.
— Amiga, foi horrível as coisas que ele me falou, me senti tã o
humilhada.
Quando minha mente ameaça me levar de volta para aquele
momento mordo o lá bio com força, tentando manter minha cabeça
focada nesta sensaçã o.
— O ó dio que ele me direcionou, a forma como fez me sentir suja,
intrusa. — Fecho os olhos ao lembrar uma das coisas que mais me
machucou. — Ele disse que o lugar era sagrado para ele, que eu nã o
deveria ter entrado lá , que estava contaminando o local.
Omito a parte em que ele disse que eu era só uma boceta, um
corpo gostoso.
Nã o consigo replicar isso em voz alta, nem para Lia.
— Ele o quê? — Sua voz se altera, entã o ela respira fundo para se
controlar. — Ele é um escroto, esse filho da puta nã o tinha o direito de te
tratar assim.
— Lia eu entrei nessa merda achando que poderia me manter só
no sexo, mas ele foi tã o maravilhoso comigo, com a minha irmã , ele é tã o
perfeito na cama que...
Nã o quero concluir, mas ela entende.
— Eu sei, amiga, eu sei.
Minha amiga segura meu rosto entre suas mã os com tanto carinho,
secando minhas lá grimas que voltaram a cair e me faz olhar em seus
olhos.
— Escuta, você nã o fez nada de errado, ele que nã o deveria ter te
proposto esta merda se nã o era capaz de manter a distâ ncia emocional
necessá ria, sem antes cuidar do luto dele. — Assinto fungando. — A
forma como ele te tratou fala muito mais sobre ele do que sobre você,
Sara, entã o nã o fique assim, porque você é uma pessoa incrível e quem
saiu perdendo nesta histó ria foi ele.
Fico em silêncio, absorvendo as palavras da minha amiga, quando
penso em abrir a boca para responder, ouço uma voz familiar me
chamando.
— Sara? — Adam surge do quinto dos infernos. — Ei, você está
chorando? — Ele soa realmente preocupado.
— O que você faz aqui, Adam? — questiono ignorando a sua
pergunta.
— Adam? — Lia sibila com a testa franzida. — O ex-noivo traidor?
Assinto confirmando, porque minha amiga nã o o conhece
pessoalmente, mas sabe o que ele me fez e também que foi ele que
esteve no restaurante há alguns meses atrá s e tentou se aproximar
enquanto ela foi ao banheiro, mas Wladimir chegou e o expulsou.
— Oh desquerido, pode voltando pelo mesmo portal do inferno
que se abriu, ok? — ela dispara. — Você nã o é bem-vindo aqui.
Adam ignora Lia totalmente e foca apenas em mim.
— Sara, eu só quero saber se você está bem.
— Adam, por favor, vai embora, — imploro sem forças para
discutir — eu nã o estou com disposiçã o para lidar com outro idiota hoje.
Ele hesita por alguns segundos, entã o ameaça se virar, mas inspira
profundamente e agacha a minha frente.
— Sara, sei que eu nã o tenho o direito de te pedir nada, mas por
favor, em nome do que vivemos, — implora — eu sei que você me amou
e por mais que nã o acredite, e eu te entendo por isso, eu também te
amei, — ele me olha dentro dos olhos — ainda amo, mas sei que a
merda que fiz nã o tem conserto.
Lia bufa e chama a nossa atençã o, mas Adam volta a focar em mim.
— Eu só preciso desta conversa para seguir em frente, Sara. Por
favor.
— Bravo, bravo... — Minha amiga debocha fingindo bater palmas.
— Tã o comovente. Você a traiu seu cretino de merda, agora quer uma
conversa para seguir em frente? — ela explode. — Vou desenhar um
mapa para você seguir pra casa do caralho. Some daqui. — Ela aponta
para a direçã o da rua.
Pensa em uma mulher estressada? Minha amiga é pior.
Lia é a personificaçã o de um pinscher raivoso quando quer, e sei
que ela está certa em mandar Adam embora, eu deveria apoiá -la, mas a
verdade é que estou exausta com tudo e pode me chamar de idiota, mas
sinto que em nome do que vivemos posso dar isso a ele, uma conversa,
nã o me custa.
Adam me traiu, foi um tremendo filho da puta, mas até aquele
momento ele só tinha me feito bem, por mais que eu nã o saiba se me
traiu outras vezes, o que desconfio que sim, ele esteve ao meu lado em
momentos muito difíceis, sempre me apoiou.
— Ok, Adam, senta.
Minha amiga me olha como se tive nascido um terceiro olho em
minha testa.
— Nã o, Sara, ele nã o merece essa consideraçã o.
— Amiga, está tudo bem. — Tento sorrir para convencê-la, porém
o gesto deve ter parecido mais uma careta triste. — Eu nã o vou demorar
aqui, ok? — Olho para o Adam deixando claro. — A conversa vai ser
rá pida e em seguida vou para a sua casa.
— Ok, amiga, como quiser. — Ela lança um olhar fulminante para o
meu ex. — Estou a uma ligaçã o de distâ ncia, qualquer coisa chego aqui
em poucos minutos.
— Eu sei, eu amo você.
— Eu também te amo, safada.
Lia se vira e sai visivelmente insatisfeita.
— Obrigado por isso, Sara.
— Ok, Adam, sem enrolaçã o. — Corto seu papinho. — Hoje eu já
aturei decepçã o demais para um ú nico dia, entã o por favor vai direto ao
ponto.
Capítulo 37

Ter Adam assim na minha frente depois do que me fez e nã o sentir


nenhum lapso do que sentia por ele no passado, nem mesmo a raiva ou a
má goa pela traiçã o, me faz ter certeza de que aquilo já foi superado.
— Sara, eu sei o quanto errei contigo, o quando fui um idiota, um
moleque, — sua voz soa firme — te machuquei de um jeito que nunca
deveria ter feito, e sei que isso é imperdoável, mesmo assim eu quero
pedir o seu perdã o. — Ele me olha, tem algo diferente nele,
arrependimento talvez. — Você pode me perdoar?
Me mantenho calada, assimilando sua fala e tentando entender por
que os homens sã o assim, primeiro fazem merda, precisam perder o que
tem nas mã os, para depois se arrepender?
O foda é que em muitos casos já é tarde demais, como agora.
— Adam, você já me pediu perdã o, lembra? No mesmo dia e no dia
seguinte quando tentou falar comigo apó s o sepultamento do meu pai,
— ele assente — entã o eu acho que nã o precisamos dessa conversa —
digo sem raiva, só constando um fato.
— Mas a diferença é que naquele momento eu ainda achava que
poderia te reconquistar, que de alguma forma você poderia me perdoar
e me dar uma nova chance. — Ele balança a cabeça de um lado para o
outro e suspira. — Agora, eu sei que te perdi para sempre.
Arqueio as sobrancelhas, confesso que estou surpresa com essa
versã o dele e toda essa sinceridade.
— Sara, eu quero que saiba que se eu pudesse voltar no passado,
faria tudo diferente...
— Este “se” — faço aspas — nã o existe, Adam.
— Sim, eu sei, mas eu gostaria de ter o poder de mudar essa merda
que fiz, contudo, como você mesma disse, nã o é possível. — Entã o ele
me olha incerto, como se estivesse com receio de algo. — Nã o sei se
posso te pedir isso, mas gostaria muito de ter você em minha vida de
alguma forma, será que a gente pode ser pelo menos amigos?
Busco qualquer vestígio de má goa dentro de mim e nada, também
exploro algum sinal de fingimento ou manipulaçã o em seu olhar e nã o, o
que vejo é sinceridade, mas este homem que já foi alguém que eu
planejava construir minha família, viver o resto dos meus dias, hoje nã o
me faz sentir nada e acho isso muito estranho. Como alguém que já foi o
seu mundo, se transforma em alguém tã o indiferente?
— Adam, eu já te perdoei, nã o tenho mais raiva alguma de você,
também nã o guardo mais má goa, mas nã o, eu nã o posso ser sua amiga.
Ele franze a testa, confuso.
— Eu nã o entendo, Sara, se me perdoa, se está dizendo que nã o
tem mais raiva ou má goa, por que nã o podemos ser amigos?
Sustento seu olhar procurando internamente uma forma de
explicar para ele o meu ponto de vista sobre tudo isso.
— Para mim perdoar nã o é esquecer. — A confusã o em seu olhar é
mais clara do que á gua cristalina. — Isso é Alzheimer, concorda? —
Sorrio tentando trazer leveza para a conversa. — Perdoar é lembrar de
tudo que alguém te fez, de todo o mal que te causou, e ainda assim, nã o
sentir mais dor, nem rancor e o auge disso na minha opiniã o é nã o
desejar o mesmo para a pessoa que te machucou.
Adam me encara de uma forma diferente, como se processasse
minhas palavras e pouco a pouco sua ficha vai caindo.
— É assim que você se sente? — murmura. — Entã o, você me
perdoa?
— Sim. Eu nã o sinto mais nenhum sentimento ruim em relaçã o a
você quando lembro da traiçã o, muito pelo contrá rio, sinto gratidã o.
— Gratidã o?
— Sim, sou grata por você ter feito o que fez antes que eu
prendesse minha vida a sua em um casamento. Você me libertou de um
erro, nó s nã o estávamos preparados para este passo e hoje eu enxergo
aquela traiçã o como um mal necessá rio. — Noto a incredulidade em sua
expressã o. — É aquele tipo de coisa que acontece, você questiona a
Deus, mas um tempo depois você só olha para o céu e diz: O Senhor sabe
das coisas, né?
Ele abaixa a cabeça, incapaz de continuar me encarando, sinto que
está envergonhado, mas também está triste. Adam põ e os cotovelos na
mesa e apoia a cabeça em suas mã os, balançando negativamente. Entã o
ele segura minha mã o sobre a mesa, a acariciando com o dedã o e me
encara, seus olhos brilhando.
— Eu sou tã o burro, porra. Como fui perder uma mulher como
você, Sara?
— Só nã o cometa o mesmo erro com a pró xima.
— Nã o, eu aprendi a liçã o.
Puxo minha mã o gentilmente da sua, rompendo o contato.
— Você ainda nã o me disse por que estava chorando quando
cheguei?
— Nã o quero falar sobre isso com você, Adam.
Sem condiçõ es de falar sobre o meu ex-sexo sem compromisso com
o meu ex-noivo.
— Agora eu preciso ir. — Me levanto ao falar.
— Sim, claro. — Passei tempo suficiente com ele para saber que
quer me pedir algo. — Eu poderia te dar um abraço?
Sabia.
Penso em negar, mas de verdade, nã o vejo problema e assinto.
Sinto seus braços me envolverem com cuidado, me apertando
levemente em seu peito e ouço seu coraçã o acelerado, entã o sua voz
ressoa baixa em meu ouvido.
— Sara, de todo o meu coraçã o eu desejo que outro possa fazer por
você o que eu nã o fiz.
Em seguida seus lá bios encontram meu rosto e eu fico paralisada
por alguns segundos com sua declaraçã o e sou despertada com o som
grave de outra voz muito familiar e que eu nã o esperava ouvir nem tã o
cedo.
— Posso saber que porra é essa?
Me afasto dos braços de Adam no susto e encontro a figura
imponente de Wladimir parada ali, com os olhos faiscando de raiva, sua
mandíbula chega a pulsar e suas mã os estã o fechadas em punho.
— Era por causa dele, né?
Adam questiona e atrai os olhos de Wladimir para sua direçã o que
até o momento nã o tinham deixado de me encarar.
Sim, é por causa dele — respondo mentalmente, mas Adam
entende o meu silêncio.
— Cara, nó s nã o somos amigos e nunca seríamos, você tem algo
que eu... — Ele olha para mim e balança a cabeça. — Enfim, isso nã o
importa mais, só nã o seja burro como eu fui.
Wladimir o encara com a expressã o dura, mas Adam sempre foi
abusado demais, nã o se deixa intimidar, prova disso que ele beija minha
testa e se despede sobre o olhar quase assassino do homem a nossa
frente.
— Até logo, Sara. Se precisar sabe onde me encontrar.
Wladimir observa calado Adam se afastando, entã o seus olhos
voltam a me encarar, tempestuosos, faz apenas algumas horas que deixei
sua casa, mas ele parece tã o cansado que sinto vontade de cariciar seu
rosto.
Nã o, para de ser idiota, Sara, este homem nã o merece seu lado
complacente.
— Sara...
— Nã o, Wladimir. — Ergo minha mã o para que pare com qualquer
tentativa de algo. — Eu nã o quero falar com você, nã o quero te ouvir e
nã o quero te ver. — A má goa voltando com tudo. — Sabe qual é a ú nica
coisa que eu quero? É esquecer que um dia te conheci.
Saio pisando firme, mas sinto sua presença vindo atrá s de mim.
Era só o que me faltava.
— Você tem problema de audiçã o, merda? — Viro bruscamente o
encarando com raiva. — Ah, já sei, deve ser a idade, né? — Rio com
escá rnio.
Wladimir ignora minha provocaçã o e se aproxima
ameaçadoramente, seu olhar me queimando, meu corpo sentindo sua
presença.
— Engraçado, com o seu ex traidor você estava conversando, cheia
de intimidade, — dar dois passos a mais — oferecendo sorrisinhos,
deixando aquele imbecil te tocar. O quê, teve recaída? Resolveu voltar
com esse moleque desgraçado?
Ah, mas quem ele pensa que é?
— E se eu quiser voltar com ele? — O sarcasmo escorre por
minhas palavras. — Afinal, tenho minhas necessidades de mulher e ele é
alguém que eu conheço.
— Você está me dizendo que sente falta de transar com esse
fedelho, Sara?
Não, seu infeliz, você me estragou para qualquer outro homem.
O sexo com Adam era bom, na época eu achava incrível, mas depois
de Wladimir tenho certeza de que nenhum homem vai me satisfazer.
Mas ele nã o precisa saber disso.
— E se for, Wladimir? O que você tem a ver com isso?
O homem trinca seu maxilar me encarando como se fosse capaz de
me consumir inteira, seu peito sobe e desce violentamente, como se seu
corpo fosse um vulcã o prestes a explodir e ele estivesse tentando
controlar.
— Exatamente o que pensei... Isso nã o é da sua conta.
Sem aviso prévio Wladimir avança sobre mim, agarra meu pulso e
me puxa de encontro ao seu corpo, tento me desvencilhar, mas ele nã o
permite.
— Um caralho que nã o é... — Rosna com sua boca tã o pró xima a
minha que seu há lito me faz fraquejar. — Você é minha, Sara e eu nã o
permito que ninguém toque no que me pertence.
— Eu nã o sou sua — sussurro.
— Claro que é, temos um contrato, esqueceu?
Que babaca!
O empurro sentindo meu sangue ferver, nã o acredito que ele citou
essa porra de contrato.
— Enfia esse contrato no centro do seu...
Nã o consigo terminar de falar.
Meu corpo é empurrado contra a parede e ele toma meus lá bios
em um beijo devastador. Nã o há gentileza, nem suavidade, a sensaçã o é
como se ele quisesse me castigar por algo, exigisse resposta, seu toque é
possessivo, tento resistir, o empurro com toda minha força, mas
Wladimir segura meus pulsos me imobilizando e sua boca domina a
minha com um desespero selvagem. Luto, tentando resistir ao turbilhã o
de emoçõ es que me atropelam, mas meu maldito corpo traidor se
entrega a ele com facilidade. Percebendo minha derrota ele desliza suas
mã os até minha nuca puxando meus cabelos com a pressã o que me
deixa mole em suas mã os e um gemido escapa por meus lá bios.
Sua língua explora a minha boca com necessidade, busca pela
minha em uma dança sensual, o desejo pulsa por todo o meu corpo, mas
de repente minha mente traz à tona que a mesma boca que está me
devorando a poucas horas atrá s me humilhou com palavras que me
feriram profundamente e as lá grimas caem por raiva dele, mas
principalmente de mim, por nã o ser forte o suficiente.
— Sara? — Ele para ofegante ao sentir a umidade em meu rosto.
— O que você quer de mim, Wladimir? — explodo chorando. — Já
saí da sua casa, da sua vida e do seu maldito santuá rio. — Começo a
socar o seu peito com toda a minha força, extravasando minha raiva. —
Vai viver com o seu fantasma de estimaçã o, porra e me deixa em paz.
De repente o ar fica pesado, o chã o parece se mover debaixo dos
meus pés e minha visã o fica turva, tudo acontece muito rá pido... Ainda o
ouço gritar meu nome ao mesmo tempo em que seus braços rodeiam
minha cintura e tudo escurece.
Capítulo 38

Seguro Sara em meus braços com uma preocupaçã o latente, seu


rosto está tã o pá lido, seu corpo mole, tento controlar o medo que quer
me dominar, a coloco com cuidado dentro do carro e dirijo desesperado,
com uma urgência que nunca senti antes.
Dou graças a Deus por nã o estar tã o distante do hospital.
Mal consigo respirar quando entro na emergência com minha
mulher desacordada em meus braços, a sensaçã o de impotência me
corró i por dentro, peço por ajuda e dois enfermeiros a tiram dos meus
braços e entram por uma porta com ela, vou logo atrá s, mas sou
impedido.
— Senhor, precisamos que espere aqui.
Mal consigo assimilar suas palavras, meus olhos estã o fixos na
porta por onde levaram Sara.
— Preciso ir com a minha mulher.
— Nã o senhor, vã o cuidar dela e logo lhe trarã o notícias, agora o
senhor precisa ir até a recepçã o e fazer a ficha dela. — Aponta o local. —
Depois é só aguardar aqui.
Faço o que me orienta e volto para a sala de espera, mas o tempo
nã o parece ser meu amigo, porque puta que pariu, a sensaçã o que eu
tenho é que Sara passou por aquela porta há horas.
Cada segundo aqui parece uma eternidade e meu coraçã o está
apertado sem saber o que ela teve, porque desmaiou e a ú nica coisa
certa dentro de mim é que eu nã o posso perdê-la.
Eu nã o sei mais viver sem essa mulher.
Me sento com um turbilhã o de pensamentos e sentimentos me
invadindo, lembro de tudo que falei para Sara e caralho, se eu pudesse
voltar no tempo, mudar tudo que disse. Joguei nela toda a minha
frustraçã o e agora aqui na sala de espera deste hospital caio em mim.
Nã o preciso de muito tempo para entender que o medo de que algo
aconteça com ela e eu a perca é maior do que qualquer outra coisa. Está
decidido, preciso me desfazer daquele quarto, abandonar meu passado,
lutei contra até onde pude, mas fui derrotado pelo meu pró prio coraçã o
e meu pró ximo passo e deixar Susie descansar, ela nunca deixará de ser
uma pessoa importante para mim, porém pertence ao meu passado.
Sara é o meu presente e o meu futuro.
Agora eu vou viver para conseguir o perdã o e reconquistar a
mulher que eu amo.
Meu Deus, a mulher que eu amo.
Mesmo sem entender como isso aconteceu ou quando começou, os
sinais estavam aqui, se mostrando aos poucos. E agora nã o tem mais
volta...
Estou completamente apaixonado, e essa é uma verdade
incontestável.
É estranho chegar a esta conclusã o e nã o me assustar, surtar... Tive
nas mã os a chance de deixá -la ir, mas nã o consigo me ver sem ela ao
meu lado. A realidade é que nunca me senti tã o feliz como nos ú ltimos
meses ao lado de Sara.
— Porra. — digo ao olhar a hora.
A falta de notícias sobre seu estado está acabando comigo, o
silêncio parece pesado demais em contraste com os batimentos
descompensados do meu coraçã o, entã o de repente a porta se abre e um
médico vem em minha direçã o.
— O senhor é o acompanhante da senhorita Sara Smith?
— Sim, ela é minha mulher — digo nervoso. — Ela está bem?
Posso vê-la?
— Pode sim, ela já está no quarto, vem comigo.
Entro no quarto e a vejo deitada no leito, ainda muito pá lida, mas
acordada, solto um suspiro aliviado por isso e o som deste gesto chama a
sua atençã o, a fazendo virar o rosto em minha direçã o.
Seus olhos me encaram, mas ali nã o tem aquele brilho ardente de
sempre, estã o frios e sua indiferença me incomoda pra caralho.
— Como você está se sentindo?
— Bem, obrigada. — Sua voz soa baixa, ainda fraca. — Wladimir,
agradeço por me socorrer e peço desculpas pelo inconveniente, pois sei
que é um homem muito ocupado. Mas pode ir, eu ligo para alguém vir
me buscar.
A observo calado por um tempo, absorvendo suas palavras, afinal,
ela acabou de me agradecer e dispensar logo em seguida. Sua frieza e
formalidade sã o como lâ minas no meu peito, o jeito que me trata faz
parecer que sou um estranho que a socorreu na rua.
Me sinto totalmente dispensável e porra, essa sensaçã o é horrível.
— Nã o existe nenhum outro lugar onde eu deva estar senã o ao seu
lado, Sara. — Me aproximo e finalizo olhando em seus olhos para que
entenda. — A ú nica coisa que importa agora é você.
Ela simplesmente desvia os olhos dos meus como se minhas
palavras fossem vazias para ela e antes que eu possa reforçar que estou
sendo sincero, o médico entra.
— Como está se sentindo senhorita?
— Agora estou bem, doutor, muito obrigada.
— Ó timo.
O médico olha a prancheta por um momento e nos encara, sua
expressã o mudando de suave para profissional e até mesmo surpreso.
— Bom, os exames da senhorita estã o bons, mas antes de darmos
alta precisamos conversar sobre o resultado do seu exame de sangue de
rotina. — Fico em alerta e noto que Sara também fica preocupada.
— O que eu tenho doutor?
— Doutor, fala logo, o que deu no exame dela? — pergunto
nervoso.
Sem rodeios o médico revela.
— Sara, a senhorita está grávida de aproximadamente oito
semanas.
Eu acho que entendi errado.
A impressã o que tenho é que o mundo congelou, pisco algumas
vezes tentando sair deste estado de inércia, acho que isso é estar em
choque, meus pensamentos estã o em um looping eterno em uma ú nica
palavra.
Grávida
— Desculpe... E-eu — Sara nã o consegue completar sua frase. —
Grávida?
O médico sorri gentilmente e assente.
— Sim, parabéns aos papais, vocês estã o grávidos.
A voz do médico ecoa em minha cabeça, indo e vindo, sinto o meu
corpo estranho, olho para Sara, em seguida para o doutor e subitamente
minhas pernas cedem, só consigo sentir o baque surdo no chã o e ouço
ao longe o grito de Sara.
— Wladimir!
E tudo apaga.
Abro os olhos desorientado, a claridade do ambiente me incomoda
e volto a fechá -los, os abrindo novamente, porém, mais devagar.
Noto um médico ao meu lado e duas enfermeiras.
— O que aconteceu? — minha voz sai um pouco rouca.
— Como você está ?
Olho na direçã o da voz que me questionou e encontro Sara ainda
pá lida, mas desta vez com um olhar preocupado.
— Acho que estou bem. — Levo a mã o a cabeça. — Só uma
pressã o.
— Fique tranquilo, o senhor só desmaiou.
Como assim desmaiei? Isso nunca aconteceu antes.
— Isso é muito comum. É apenas uma reaçã o ao choque. — O
doutor diz achando graça. — Sugiro que o senhor respire fundo algumas
vezes, beba pequenos goles de á gua e acalme-se. Tudo vai ficar bem.
Até o momento eu ainda nã o estava compreendendo muito bem as
orientaçõ es do doutor, mas agora o meu cérebro traz de uma ú nica vez a
lembrança de tudo que aconteceu hoje.
Meu Deus, Sara está grávida.
Passo minha mã o pelo rosto, respiro fundo algumas vezes
enquanto processo tudo.
Um bebê.
Eu vou ser pai quase na idade de ser avô do filho de uma menina
que tem a idade para ser minha filha.
O pâ nico inicial ainda se fazendo presente, me vejo surtando por
coisas sem sentido, mas que aos poucos sã o substituídas por um
turbilhã o de sentimentos que nã o consigo descrever.
Vou ser pai, porra.
Eu e Sara vamos ter um bebê.
— Vou deixá -los a só s. — A voz do médico me tira dos meus
desvaneios. — Volto daqui a pouco para dar alta para nossa paciente.
Ouço a porta fechar e o silêncio a seguir é esmagador.
— Wladimir, você nã o precisa se preocupar com nada, — Sara
quebra o silêncio — o filho é meu e vou cuidar dele sozinha.
Pisco incrédulo.
Ela só pode estar maluca se pensa que vou permitir isso.
— O quê? — Raiva e choque se misturam. — Que loucura é essa,
Sara?
— Loucura nenhuma — diz firme. — Você foi bem claro ao me
afirmar no outro dia que ser pai novamente nã o fazia parte dos seus
planos, entã o nã o se preocupe. Eu e meu filho nã o precisamos de você.
— Você me faz parecer um monstro falando desse jeito.
Sim, eu disse que nã o queria mais filhos, mas porra, eu tenho 42
anos e nã o tinha planos de me apaixonar de novo, até uma certa ninfeta
aparecer e virar minha vida de cabeça pra baixo.
— Nã o é a intençã o, só entendo suas prioridades. — Sua voz me
desperta dos meus pensamentos. — E meu bebê é a minha prioridade
agora.
— Nã o, Sara. — Praticamente rosno. — Você nã o vai cuidar dele
sozinha. Esse filho também é meu, você nã o fez sozinha e eu tenho tanto
direito quanto você.
Porra, eu errei, mas ela nã o vai me manter longe do meu filho de
jeito nenhum, nem mesmo da gestaçã o.
Sei que mereço a forma que está me tratando, mas vou mudar
isso...
Preciso urgente corrigir a merda que fiz e conquistar a mã e do
meu filho.
— Nã o ouse me dizer o que fazer, Wladimir — fala me enfrentando
de queixo erguido. — Depois de hoje, você nã o tem direito de nada.
— Acho que está confundindo as coisas Sara, nã o ouse você tentar
me afastar do meu filho.
Se ela está pensando que vai ganhar essa briga, está muito
enganada.
Os dois serã o meus, ela e o nosso bebê.
— Em relaçã o ao nosso filho eu tenho todo o direito do mundo. —
Me aproximo dela deixando claro minhas intençõ es. — E você, Ninfeta,
nã o se iluda achando que vai sair da minha vida. Você é minha. —
Acaricio seu rosto. — Você vai voltar para a minha casa e eu nã o abro
mã o disso.
Ela nega com a cabeça.
— Acho que o iludido aqui é você, porque eu nã o sou de ninguém,
Wladimir. — sua voz sai firme — E sério que você acha mesmo que eu
vou pisar novamente na sua casa depois de hoje?
Consigo enxergar no fundo dos seus olhos o quanto está magoada
e me odeio por isso.
— Eu e meu bebê queremos distâ ncia. E também nã o quero
contaminar nada com a minha presença.
Porra, sou um merda.
— Sara, me perdoe, por favor. — Ressoo sincero. — Eu sei que te
magoei, mas me arrependi, nã o vou tentar justificar, só quero que saiba
que tudo vai ser diferente, vocês sã o minhas prioridades.
— E você acha que eu vou acreditar que de uma hora para outra
você mudou?
— Me deixa te provar?
— Nã o, obrigada. Até porque nã o temos um relacionamento, era só
uma foda por contrato e acabou. — Sei que ela tem razã o ao dizer que
nunca tivemos nada sério, mesmo assim me incomoda. — Vou ficar uns
dias na casa da Lia e depois arrumo um lugar para mim.
— Isso nã o vai acontecer — digo firme. — Você vai voltar para a
minha casa, Sara, nem que eu tenha que te carregar de volta. — Ameaço.
— Entã o, eu acho melhor tentarmos resolver como dois adultos.
— Está me chamando de criança?
— Nã o haja como uma. Você está grávida, precisa ser racional.
— Fá cil falar quando nã o foi você a pessoa humilhada.
— Já te pedi desculpas, porra.
— Enfia sua desculpa no rabo, seu idiota.
Porra, que mulher teimosa do cacete.
Respiro fundo antes de voltar a falar, tentando ser mais calmo.
— Sara, escuta, eu sei que errei contigo, estou arrependido, mas
nã o quero ficar falando, quero te mostrar no dia a dia. — Olho dentro
dos seus olhos. — Me deixa fazer isso, por favor?
Ela hesita por alguns minutos, mas vejo em seus olhos o exato
momento em que resolve ceder.
— Wladimir, quero que saiba que você nunca mais vai tocar em
mim, a nossa relaçã o é restritamente sobre o bebê. Entendeu?
Meu nome nã o sai mais da sua boca como antes, agora está
carregado de dor e raiva.
E essa constataçã o juntamente com suas palavras me deixam puto,
mas comigo, porque sei que eu sou o culpado por isso... Fecho minhas
mã os em punho e travo minha mandíbula, as palavras querendo pular
pela minha boca, quero gritar que ela sempre será minha, mas vou lutar
uma guerra por vez.
— Entendido.
— Tudo bem, entã o eu aceito voltar.
Eu sei que minha luta para a reconquistar está só começando...
Primeira batalha vencida.
Capítulo 39

Faz um mês que minha vida deu mais uma reviravolta, — passo a
mã o em minha barriga que só tem uma pequena voltinha, quase nã o
cresceu — trinta dias que descobri que meu grã ozinho crescia dentro de
mim.
Eu e Liz continuamos na casa de Wladimir, mesmo achando
completamente desnecessá rio, mas ele está cumprindo o que prometeu,
mesmo que esteja mais protetor e possessivo que antes, ainda sim está
respeitando a minha decisã o. Bom, nã o que ele nã o me devore com os
olhos em vá rios momentos e marque territó rio sempre que se sente
ameaçado de alguma forma, mas pelo menos nã o tentou nada e
agradeço por isso, nã o sei se eu conseguiria ser tã o forte. Minha libido
aumentou absurdamente e está sendo uma tortura viver com esse
homem, saber o que ele faz na cama e nã o me render.
Mas nã o posso, isso nunca mais vai acontecer.
Minha irmã é completamente louca pelo titio Wadimir dela e ele é
realmente incrível com a minha pequena, mas nada disso vai mudar
minha opiniã o. Nosso relacionamento será sempre restringido as
crianças.
Estou no escritó rio da boate finalizando as ú ltimas anotaçõ es da
agenda de Wladimir, organizando os compromissos da semana quando a
porta se abre revelando um grande gostoso dentro de um terno cor de
chumbo feito sob medida segurando um pacote nas mã os.
Cacete, ele não precisava ser tão lindo, nem ter esse olhar penetrante
e esse sorriso destruidor de calcinha — penso.
— Sara... Sara. — O ouço me chamar e paro de secar meu ex-sexo
sem compromisso vulgo meu chefe, vendo que ele realmente tem um
sorriso presunçoso no rosto.
Merda.
— Oi. — Finjo naturalidade.
— Está tudo bem? — Sinto o tom irô nico. — Você estava me
encarando meio... estranho.
— Eu te encarando? Nã o viaja, Wladimir — minto
descaradamente. — Só estava pensando se faltava alterar mais alguma
coisa na sua agenda de hoje.
Olho para o computador e digito “Você poderia ser menos gostoso
seu idiota” e disfarçadamente apago em seguida, só para reforçar minha
mentira e fingir que lembrei de algo.
— Bom dia. Já posso passar os seus compromissos de hoje?
Opto por um assunto mais seguro.
— Nã o antes de me dizer como você e meu filho estã o.
— Wladimir você sabe exatamente como estamos. Afinal, nó s
moramos juntos.
A tensã o entre nó s é palpável e ele está determinado a me
demonstrar que se arrependeu, e diariamente vem provando isso, me
levando café na cama, me deixando cupcake com uma rosa em minha
mesa todas as tardes apó s o almoço, estando presente em cada fase da
gestaçã o, se emocionando nos pequenos detalhes como um verdadeiro
pai babã o, mas uma atitude que me deixou sem palavras foi quando me
chamou no cô modo onde mantinha as coisas de Susie algumas noites
atrá s e o quarto estava totalmente vazio. Nã o fiz disso um evento em sua
frente, mas confesso que me surpreendi com sua atitude e isso me
balançou.
Nos primeiros dias Wladimir tentou uma aproximaçã o, mas
percebeu que eu estava decidida e essa distâ ncia que impus a nó s dois é
necessá ria para que eu mantenha o imbecil do meu coraçã o em alerta de
tudo que ele me fez. Nã o posso permitir que nem ele e nem homem
nenhum volte a me tratar como nada.
Ele acena para minha resposta á cida e se aproxima da minha mesa.
— Trouxe pra você. — Deposita o pacote. — Já deixei Liz na escola.
Nó s criamos uma rotina a respeito da minha irmã .
Ele faz questã o de levar Liz para a escola todos os dias e ela ama
isso, a Beth pega, pois ela continua na mesma escola, — eu nã o quis
mudar a rotina dela e muito menos afastá -la de Carol — e geralmente a
buscamos juntos, no final do nosso expediente e com Max dirigindo
sempre. Salvo os dias em que ele precisa ficar até mais tarde, entã o vou
com seu segurança pessoal e amigo.
— Obrigada — digo ao abrir para conferir o conteú do do embrulho
e sinto minha boca salivar e meu estô mago roncar instantemente. —
Mas nã o precisava. — Aponto para o embrulho.
Ele nã o precisa saber que eu e meu filho amamos, afinal, somos
duplamente apaixonados por suco de laranja com morango e cupcake
trufado de chocolate.
Graças a Deus nã o enjoei do vício de vida, na verdade o meu desejo
pela sobremesa só aumentou.
— Claro que precisava, você precisa se alimentar bem. — Seus
olhos se conectam aos meus. — Estou apenas cuidando do que é meu.
— Eu nã o sou sua, Wladimir. — Sustento seu olhar. — Nunca fui e
nunca serei.
Ele nã o me responde, mas nã o deixa de me encarar, nã o sei se por
segundos ou minutos e o que vejo refletir no fundo dos seus olhos é um
brilho de desafio, algo que ele nã o faz questã o de esconder ou disfarçar.
— Pode me passar a minha agenda, por favor — diz ao seguir para
a sua mesa.
Passamos os minutos seguintes discutindo e reajustando alguns
dos seus compromissos, informo sobre sua reuniã o com um investidor e
informo sobre a ligaçã o do seu advogado.
— E o que o Dr Carter disse?
— Só pediu para te informar que a situaçã o do apartamento que
você adquiriu recentemente está resolvida e que depois falaria sobre os
detalhes contigo.
— Ok. Obrigada, Sara.
Percebo como fica pensativo, penso em perguntar se está tudo
bem, mas nã o é da minha conta, entã o foco em meu trabalho e deixo isso
pra lá .
Uma hora depois ele sai para a sua reuniã o e eu faço uma pausa
para lanchar.
Encontro Max e Lia tomando um café e me junto a eles, dou uma
mordida generosa no meu cupcake, soltando um gemido no processo.
— Meu Deus, como eu precisava disso — penso alto.
Enquanto como, conversamos sobre assuntos aleató rios, os dois
me perguntam sobre o bebê e instantaneamente o sorriso aparece em
meus lá bios, o que sempre acontece quando falo do meu amorzinho.
Resumo para eles sobre a minha gravidez, digo como Wladimir está
mais superprotetor do que nunca e que o danadinho do meu grã ozinho
nã o quis se mostrar no pré-natal.
Mudamos de assunto e questiono externando minha curiosidade.
— Agora me falem, o que o pessoal está comentando sobre isso?
O maluco do Wladimir fez questã o de deixar claro que estou
grávida e que ele é o pai, — como eu disse, ele marca territó rio sempre
que possível — e quando o questionei do porquê estava fazendo isso ele
se limitou a dizer que só estava falando a verdade, o que nã o pude
discordar. Mas quando o indaguei sobre a porra do contrato e do tal
termo, ele teve a cara de pau de dizer “O contrato e o termo se tornaram
inconsistente quando você passou a ser a mã e do meu filho”.
— Está na hora de voltarmos — Max fala e vejo o olhar estranho
que ele e Lia trocam.
— Uma porra que vocês vã o sair daqui. Podem me contar.
— Amiga, o que esse povinho fofoca nã o tem relevâ ncia.
— Concordo, mas quero saber. — Cruzo os braços.
— Resumindo, que você está dando o golpe da barriga.
— O quê?
— Porra, Lia. — Max reclama.
— Ué, eu falei que nã o conseguiria esconder isso dela por muito
tempo.
— Esconder o que de quem? — Wladimir chega de repente e
pergunta, olhando sério para nó s três.
— Nada, senhor, assunto nosso.
Max toma a frente.
— Quer mesmo saber? — Aponto o dedo em sua cara e os dois ao
nosso lado arregalam os olhos.
Eles podem ter medo do senhor Wladimir Novak, mas eu nã o.
— Por sua culpa seu desgraçado de merda eu estou sendo
chamada de golpista. — Sua expressã o fica sombria, mas continuo. —
Nã o era necessá rio você contar que é o pai do meu bebê, eu pedi pra
você nã o falar porque tudo indicaria isso.
Apoio o cotovelo na mesa e levo a cabeça a minha mã o.
Obvio que a pobre assistente pessoal que seria a vadia que deu o
golpe no chefe bilioná rio com o dobro da sua idade.
— Ei, princesa, fica calma, vai fazer mal para o nosso bebê — diz
todo cuidadoso. — Max, quero nomes, quem está falando essa merda?
— Nã o. — Levanto em um rompante. — Você nã o vai demitir
ninguém por minha causa.
— Sara, quem eu demito nã o é da sua conta.
— Concordo, mas se você demitir alguém por conta deste assunto
eu deixo de ser sua assistente e saio da sua casa hoje mesmo.
O encaro desafiando-o a me contrariar.
— Max, reú na todos. Quero uma reuniã o rá pida em 15 minutos.
Wladimir se retira e meus amigos me olham como se eu fosse uma
alienígena.
— O que foi?
— Caralho, esse ranzinza é meu amigo há anos e eu nunca o vi
ceder a nada e muito menos permitir ser xingado assim.
— Isso sim é o poder do verdadeiro chá de boceta — Lia fala de
repente arrancando uma gargalhada de nó s três.

Estou encostada em uma pilastra, afastada da pequena multidã o


de funcioná rios enquanto Wladimir com sua postura ereta e imponente
está em cima do pequeno palco, e ajeita o microfone para fazer o
pronunciamento...
— Quero ser claro e breve, sinceramente nunca imaginei que um
dia precisaria reunir vocês para esse tipo de assunto, porque a minha
vida pessoal nã o é da conta de ninguém, eu nã o pago vocês para falar da
minha vida. — Seu olhar é duro, o conheço, está com raiva. — Tenho
conhecimento dos comentá rios que circulam sobre Sara e fico admirado
e nã o de um jeito bom, com a ousadia que alguns de vocês tiveram em
chamar a mã e do meu filho de golpista. — Sua voz soa firme e cortante.
— Isso é inadmissível.
O silêncio é tã o pesado que se cair uma pena no chã o todos nó s
seremos capazes de ouvir.
— Vocês nã o sabem de porra nenhuma, entã o se ocupem em
trabalhar e honrem o coraçã o grande que está mulher tem, porque por
mim teria demitido os responsáveis, mas Sara nã o permitiu.
Meus olhos arregalam com sua admissã o. Ele deixou claro que eu
nã o permiti, como se eu mandasse nele.
— Mas saibam que nã o haverá uma segunda chance, quem ousar
desrespeitar a minha mulher novamente estará demitido no mesmo
instante.
Puta que pariu, se antes meus olhos se arregalaram, agora eles
saltam do meu rosto com sua afirmaçã o.
Minha mulher.
Wladimir só pode ter enlouquecido.
— Estã o dispensados.
Ele desce do palco vem na minha direçã o enlaça a minha cintura e
me leva na direçã o do escritó rio.
— O que foi aquilo, Wladimir? — Saio do estado de choque e tiro
sua mã o da minha cintura.
Calmamente ele fecha a porta do escritó rio.
— Aquilo foi eu deixando claro que ninguém mexe com a minha
mulher.
— Mas eu nã o sou sua mulher.
— Se você acredita nisso... — Dá de ombros e se vira. — Tenho
mais alguma reuniã o hoje?
Fico por um tempo olhando para ele de boca aberta.
— Sara, acorda. Preciso que veja se eu tenho mais alguma reuniã o
hoje.
Me sento para fazer o que me pediu e apó s confirmar que ele nã o
tem mais nenhuma reuniã o o informo e prossigo com meus afazeres
puta, mas comigo, porque o idiota do ó rgã o no meu peito acelerou feito
um imbecil quando o ouviu me defendendo daquele jeito e quando disse
minha mulher, meu coraçã o quase explodiu minha caixa torá cica.
Passo o restante do dia trabalhando, mas vez ou outra, sem que eu
consiga controlar meus olhos desviam para ele. Tenho lutado com todas
as minhas forças e nã o vou ceder, mas quando Wladimir faz esse tipo de
coisa dificulta um pouco para mim.
Meu chefe leva seu copo de whisky a boca e a cena nã o deveria ser
tã o sexy, mas me pego com inveja daquela porra de copo...
— Precisa de algo, Sara?
Merda.
Seu sorriso presunçoso desponta ao me pegar no flagra.
— Nã o preciso de nada.
— Estava pensando de novo? — debocha.
— Sim, estava. Nã o posso?
— Calma, querida. Claro que pode. — A ironia escorre por suas
palavras. — Mas, se estiver precisando de algo, qualquer coisa, só pedir
que atenderei com muito prazer.
O duplo sentindo é palpável em todo conjunto desta frase,
principalmente nas palavras que ele fez questã o de ressaltar.
— Já disse, Wladimir, nã o preciso de nada — falo ríspida.
— Se você diz...
Capítulo 40

Finalmente chegou sexta e o final do expediente.


Meu Deus, eu vivi toda esta semana por este momento.
Estou terminando de fazer minhas ú ltimas anotaçõ es, de uma
ligaçã o que mesmo Wladimir dizendo que eu nã o precisava atender
porque já tinha passado do meu horá rio, atendi, entã o ouço duas batidas
na porta que chamam a nossa atençã o e logo Max entra.
— Aconteceu alguma coisa? — Wladimir já pergunta.
— Nã o, só vim te chamar para bebermos alguma coisa hoje,
quando terminar por aqui. Pode ser?
— Porra, Max, seria uma boa jogar conversa fora, mas estou tã o
cansado. — Presto atençã o em cada palavra, fingindo que estou
trabalhando ainda.
— Tranquilo, deve ser coisa da idade.
Dou uma risada alta, quase uma gargalhada e o som parece atrair a
atençã o de Wladimir que me olha de um jeito diferente, com um brilho
nos olhos. Entã o finjo que nã o estou dando atençã o e Wladimir mostra o
dedo do meio para seu amigo que ri alto.
Outra batida ressoa na porta e meu chefe autoriza a entrada.
— Oi, boa noite — Lia cumprimenta a todos e se direciona a mim.
— Safada, hoje é minha folga e como você tinha me dito que Liz vai ficar
na casa da Beth este fim de semana, que tal tirarmos uma noite das
meninas para dançarmos e nos divertirmos muito? — fala toda animada
— Lia, Sara está grávida, isso nã o é apropriado.
Sério mesmo?
É muito intrometido. Bufo.
— Estou grávida, Wladimir e nã o morta — respondo irritada.
— Isso aí amiga, gravidez nã o é doença.
Sinceramente, nem ia aceitar, mas só pela intromissã o deste
abusado, vou ficar.
— Exatamente. Vou ficar sim, Lia, só vou me arrumar no camarim.
— Uhull... A Seduction que nos aguarde, estamos prontas para
perder o controle.
A careta que Wladimir faz quando Lia usa parte do slogan da boate
para insinuar que vamos a caça é impagável.
Antes de sair com minha amiga o escutar resmungar sem muito
â nimo.
— Sabe de uma coisa, eu aceito o seu convite.
Max gargalha.
— Claro que aceita.
Logo sigo para me arrumar e das poucas roupas que deixei aqui
escolho um vestido vermelho muito sexy, justo ao meu corpo e por isso
mostra o pequeno ovinho que já aparece em minha barriga, mesmo
assim valoriza cada uma das minhas curvas e meus seios que já estã o
bem maiores. Ele é curto, fica um pouco acima da metade das minhas
coxas e finalizo com um batom da mesma cor, faço um esfumaçado
escuro na regiã o dos olhos para destacar bem o meu olhar e coloco uma
sombra escura também e calço minha sandá lia de salto quadrado.
— Eita, safada, assim você vai enlouquecer o mingauzinho. —
Minha amiga entra no camarim e diz ao me ver.
— Quero distâ ncia dele, Lia.
— Repete isso mais vezes, quem sabe assim você consegue se
convencer disso, amiga. — me provoca rindo e eu a ignoro sobre isso.
Você a ignora porque sabe que é verdade. — minha mente zomba.
Foda quando nem seu eu interior está do seu lado.
— Bora, — resolvo ignorar tudo e todos — hoje quero dançar
muito.
Conforme avançamos pelo corredor o pulsar da mú sica vai nos
alcançando. Entro na pista de dança totalmente envolvida, imersa nas
batidas de 34+35 de Ariana Grande, vejo Vitor e sigo rebolando em sua
direçã o, meu amigo abre os braços para nos receber e juntos dançamos
a mú sica que fala sobre uma mulher que quer passar a noite acordada
fazendo bebê.
— Tirando a parte de fazer bebês, daqui a pouco vou para o
terceiro andar colocar a letra dessa mú sica em prá tica, — o safado diz
todo empolgado com mais uma foda nesta semana — marquei com uma
gostosa — meu amigo fala em meu ouvido.
Acho que até hoje nã o conheci alguém que transe mais vezes por
semana com mulheres diferentes que meu amigo.
Ele tem um lema ridículo: Foda repetida nã o completa á lbum.
Pois é, Vitor Novak nunca transa mais de uma vez com a mesma
mulher.
— Sorte a sua, eu ultimamente estou na seca.
— Duas — Lia fala fazendo bico.
— Meu pai está à disposiçã o, tenho certeza.
Bufo revirando os olhos.
— Vi, nã o quero mais nada com o seu pai, inclusive, nem falar dele
eu quero.
Me afasto e meu amigo me puxa novamente.
— Vacilã o. — Vejo Lia dando uma cotovelada nele
— Desculpa Cupcake, nã o fica assim, hoje vamos só nos divertir
sem falar de problema, ok?
Aceno e sinto suas mã os em minha cintura me induzindo a rebolar.
Voltamos a dançar ao som de uma batida eletrô nica dessa vez.
Nó s três estamos bem no centro da pista que já está lotada, as
luzes coloridas deixando uma atmosfera mais atraente, a fumaça
preenchendo o ambiente e por hoje nã o quero ser nada além de uma
mulher normal, se divertindo com amigos da minha idade.
Sem problemas, sem uma vida complicada pra caralho, sem pensar
nele.
— Sara, olha quem está ali?
— Quem?
Entã o minha amiga direciona meu rosto para o local exato e nossos
olhos se conectam.
Porra, difícil seguir um simples roteiro de esquecer os problemas
deste jeito.
— Seu mingau de aveia nã o tira os olhos de você.
Wladimir está no bar com seus olhos fixos em mim e ao seu lado
está Max, que fala algo sem perceber que o amigo nã o está prestando
atençã o. Algo dentro de mim revira, mas resolvo ignorá -lo junto com
essa merda de sensaçã o, e volto a dançar de costas para ele.
— Você e o Vitor tem que parar com essa merda, Lia — falo firme.
— Ele nã o é nada meu e eu espero que se divirta bastante e me deixe em
paz.
Minha amiga pede desculpas, mas sei que tanto ela quanto o Vitor
nã o fazem por mal. Meu amigo se afasta dizendo que vai cumprimentar
o pai e pegar uma bebida para a gente.
Ele retorna rá pido com nossas bebidas, tequila para eles e um
coquetel sem á lcool de Shirley Temple decorado com cereja marasquino
para mim, danço mais algumas mú sicas e depois de beber o terceiro
coquetel minha bexiga pede socorro.
— Vou ao banheiro, já volto.
No caminho sinto uma sensaçã o estranha, como se estivesse sendo
vigiada, nã o sei, mas um frio sobe a minha espinha na mesma hora, um
medo que nã o sei explicar.
Ignoro a sensaçã o, afinal estou em uma boate, muitas pessoas
podem estar me olhando. Desvio dos corpos que dançam pelo caminho e
consigo chegar ao banheiro com dificuldade, dou graças a Deus por ter
uma cabine vazia, levanto meu vestido e faço minha necessidade, lavo as
mã os, confiro minha maquiagem, vendo que apesar de um pouco suada
estou intacta e saio, quando vou acessar a pista novamente trombo com
uma parede de mú sculos e sinto mã os fortes me segurarem.
— Ai. — Apoio minhas mã os em seu peitoral.
— Desculpe, você está bem? — Uma voz rouca, gostosa de ouvir
me alcança e o encaro pela primeira vez.
O rapaz é jovem, nem sei se tem idade para esta aqui na boate,
lindo demais, e apesar de nã o estar vendo seu corpo, sinto a dureza do
seu peitoral, ele tem um ar travesso no olhar, seu sorriso é daqueles que
faz qualquer mulher com o coraçã o livre ficar com as pernas bambas.
— Sim, estou, graças a você que nã o me deixou cair.
— Eu nunca permitiria que uma mulher tã o linda quanto você se
machucasse. — Sorri e pisca para mim, mas apesar de enxergar sua
beleza nã o sinto nada.
Que ó dio. Poderia me permitir, mesmo ele sendo novo.
Sossega, Sara, você está grávida — me repreendo mentalmente.
— Muito obrigada, mas estou bem. — Me afasto gentilmente dele.
— Sou Fernando, mas pode me chamar de Nando. É como todos
me chamam. — Estende a mã o para mim.
— Oi Nando, prazer, me chamo Sara.
— Sara, um lindo nome.
— Obrigada. — Sorrio. — Está perdido por aqui?
Pergunto por que ele ia acessar o corredor do banheiro das
mulheres.
— Nã o. Estava ficando com uma menina perto da saída de
emergência. — Coça a cabeça meio sem graça e eu entendo.
Ele estava flertando comigo agora a pouco, mas nã o tem nada a ver,
entã o o incentivo a continuar.
— E ela veio ao banheiro?
— Nã o, ela já foi. Mas estou com a minha irmã e primo, eles
estavam dançando quando sai e agora sumiram, você viu uma loirinha
dos olhos azuis lá dentro?
— Hum, desculpa, nã o vi ninguém com essas características lá
dentro. Talvez eles tenham ido ao bar e já tenham voltado para a pista.
— Pode ser. — Ele coça a cabeça novamente e me olha. — Vamos
até o bar comigo, posso te pagar uma bebida como pedido de desculpa?
— Nã o precisa...
— Por favor, eu insisto.
— Ok, mas sem á lcool.
— Sem problema, mas acho interessante conhecer alguém que nã o
bebe.
— Ah nã o, eu bebo. Só nã o posso pelos pró ximos meses. — Ele me
olha confuso e entende quando aponto para a minha barriga.
Seguimos para o bar e nã o achamos sua irmã e seu primo no local,
mas nos sentamos e ele pede a nossa bebida depois de me perguntar o
que eu queria. Estranhamente a conversa flui entre nó s dois e de onde
estamos consigo ver as costas largas de Wladimir, ele está do outro lado
do bar.
Fernando me conta que eles sã o do Brasil e que estã o aqui
comemorando o seu aniversá rio e de sua irmã que é sua gêmea, diz que
estã o fazendo 21 anos.
Sabia que era bem novinho.
Falou a coroa, né? Está se sentindo a experiente só porque se
relacionou com um cara mais velho — meu subconsciente provoca.
— E você é casada?
Apesar de achar a pergunta um pouco invasiva, entendo a
curiosidade... Afinal, sou nova e estou grávida. Respondo que nã o e digo
que foi um relacionamento rá pido e complicado que tive.
Josh me cumprimenta ao entregar a bebida para Fernando, e
compreendo o seu olhar receoso.
Wladimir está ali.
— Está tudo bem, Josh. — Ele acena e volta a trabalhar.
— Você pelo visto vem muito aqui, né?
— Eu trabalho aqui.
Fernando se surpreende e seguimos bebendo, conversando sobre
amenidades. Nã o me importo em voltar rá pido para os meus amigos
porque os conheço, aposto que Lia já está se pegando com alguém e
Vitor subiu para o seu encontro no terceiro piso.
Observo um casal logo a frente, uma química irradia dos
movimentos que fazem e eles prendem a minha atençã o por alguns
instantes, me perco admirando o jeito como dançam coladinho, a
menina esfrega a bunda no pau do rapaz que desliza a mã o pelo seu
corpo e a vira de frente para ele em um gesto rá pido, entã o ele segura a
cintura dela com possessividade e fala algo em seu ouvido, ela joga a
cabeça para trá s rindo, visivelmente o provocando, ele a segura pela
nuca olhando fixo dentro dos olhos dela e encurta a distâ ncia entre suas
bocas, mas nã o a beija, só resvala os lá bios, e parece que passa a língua,
mas com o jogo de luzes nã o dá para ver direito.
— Sara...
— Oi Nando, desculpa, viajei.
— Percebi. — Ele ri.
— Só que... — suspiro. — Feliz é aquele que pode viver o seu amor
sem complicaçõ es, né? — Desabafo e nem sei o porquê. — Como aquele
casalzinho ali. Tã o lindo o jeito deles de se provocar.
Fernando segue o olhar para onde meu dedo aponta e gargalha.
— Eles? — Aponta, creio que para confirmar se está olhando para
o casal certo e digo que sim. — Nã o, Sara, eles nã o sã o um casal.
— Tem certeza?
— Absoluta, eles sã o primos e muito amigos, vivem grudados. Ela é
Isabela, minha irmã , mas todos a chamam de Belinha e ele é o meu
primo Noah.
Franzo a testa porque tudo que vi enquanto Nando estava de
costas para eles nã o foi fruto da minha imaginaçã o, mas deixo pra lá ,
isso nã o é da minha conta.
— Vem, vou te apresentar para eles.
Nando segura minha mã o no mesmo momento em que Wladimir
aparece e cruza os braços, com seu ar autoritá rio, seus olhos desviam
para a minha mã o unida a de Nando e seus olhos criam um tom
enfurecido.
Merda.
Capítulo 41

— Posso saber quem é você e o que está fazendo segurando a mã o


da minha mulher?
Wladimir questiona com um falso controle.
— Sara, quem é esse? — Fernando pergunta sem se deixar
intimidar pelo olhar mortal que recebe. — Lembro bem de você dizendo
que nã o era casada — diz encarando Wladimir.
— E nã o sou — afirmo irritada. — Ele só é o pai do meu bebê.
— Nã o sou só isso e você sabe. — Segura me braço como se fosse
meu dono. — Vamos.
— Ela só vai sair daqui contigo se quiser.
Fernando o enfrenta e Wladimir sorri de um jeito sombrio.
— Garoto, vai procurar uma novinha solteira. Nã o quero problema,
muito menos com um fedelho, mas nã o vou fugir de um se mexer com a
minha mulher.
— Acho que uma mulher só é nossa se for um desejo mú tuo,
correto?
— Chega — grito para os dois. — Fernando muito obrigada, mas
está tudo bem. Sei lidar com ele, ok?
Ele acena e se retira do caminho, mas nã o deixa de encarar o
homem ao meu lado.
— Foi um prazer te conhecer e feliz aniversá rio.
Puxo meu braço e saio andando na frente sem esperar pelo motivo
do meu estresse diá rio, mas nã o preciso olhar para saber que está logo
atrá s de mim.
— Sara, que histó ria é essa de ficar de papinho com aquele
moleque?
Ele novamente segura meu braço sem colocar força, só para
chamar a minha atençã o e viro furiosa.
— Eu nã o sou nada sua, Wladimir, me deixa em paz. — O empurro,
mas ele nem se move. — Merda, eu posso conversar com quem eu
quiser, beijar e até mesmo transar com quem eu...
Ele nã o me permite concluir minha frase ao colar sua boca na
minha. Seu beijo é exigente e possessivo como sempre, mas tem
saudade, o jeito que me segura é diferente, como se quisesse me fundir a
ele. Luto, o empurro, mas meu corpo o reconhece e cede, o beijo se torna
intenso quando nossas línguas se misturam, me sinto sendo tragada por
ele, pelo sentimento que me atropela.
— Porra, que saudade, princesa... — ele diz dentro do nosso beijo e
geme ao apertar a minha bunda.
Estamos na pista, as pessoas dançando ao nosso redor e Wladimir
me aperta com força, suas mã os habilidosas instigam o meu corpo que
me trai sem receio nenhum, se entregando por inteiro a este homem.
Estamos no ritmo sensual de Promises – Emo e como a mú sica diz o
sangue realmente corre quente por minhas veias ao senti o toque dele,
sinto o seu pau duro em minha barriga. Entã o Wladimir infiltra a mã o
por debaixo do meu vestido e toca meu clitó ris me arrancando um
gemido.
— Minha putinha nunca decepciona. — Me penetra com dois
dedos. — Tã o melada.
A atmosfera envolvente do local que estamos considerando o
tempo que estou sem transar aumenta absurdamente o meu tesã o, sua
voz rouca em meu ouvido e o trabalho perfeito que seus dedos fazem em
minha boceta completam o meu quadro desesperador, me fazendo
literalmente escorrer em sua mã o.
— Geme baixo, amor. Eu sou egoísta, você sabe.
Estou completamente entregue, mas nã o deixo de notar como me
chama.
Prefiro nã o pensar nisso, nã o agora.
A sensualidade da mú sica envolve meu corpo, o tesã o avassalador
nubla meus sentidos e seus dedos brincam com meu clitó ris, me tocando
com a pressã o certa.
— Wladimir...
Ele morde meu pescoço causando a sensaçã o de dor que me viciou
no sexo e sou obrigada a levar a mã o a boca para morder e evitar um
gemido alto.
— Rebola no meu dedo, safada, fode essa boceta apertada.
Seu comando vem junto com um tapa no meu grelo. Mordo a mã o
com mais força.
— Porra, Wlad.
Incrível como o meu corpo o conhece.
Como ele domina o meu prazer.
Seus dedos me invadem profundamente e eu rebolo, cavalgando no
ritmo da mú sica, como se estivesse dançando, a multidã o a nossa volta
completamente alheia ao que estamos fazendo. De repente a mú sica
muda para uma batida mais rá pida e meu torturador assume o comando
das arremetidas, metendo seus dedos habilidosos com movimentos
frenéticos dentro de mim.
Aproximo minha boca do seu ouvido e imploro...
— Me enforca, por favor.
Seus olhos brilham com o meu pedido e ele passa a mã o envolta do
meu pescoço, mas sem apertar.
— Tã o puta. Tã o perfeita pra mim.
Sua mã o aperta meu pescoço me trazendo a sensaçã o de
sufocamento que me alucina, minha boceta começa a latejar esmagando
seus dedos que estã o com movimento violentos dentro de mim...
Sinto o ar faltar, tenho a impressã o de que vou desmaiar — porra
— entã o seu polegar pressiona meu clitó ris e meu corpo treme todo
enquanto caio precipício abaixo. Minhas pernas vacilam e ele larga meu
pescoço para me segurar.
Se nã o fosse seu braço em volta na minha cintura eu estaria no
chã o.
— Só eu te faço gozar assim, safada — sussurra em meu ouvindo
mordiscando meu ló bulo. — Você é minha, Sara, entenda isso.
Eu entendo, mais do que gostaria.
— Quer meu pau rasgando sua boceta agora? Te fodendo todinha.
— Sim, quero.
— Entã o você sabe onde me procurar.
O filho da puta me larga e sai.
Fico desorientada por alguns segundos com a porra da minha
calcinha toda melada, a respiraçã o ofegante e minha mente como uma
verdadeira gelatina. De repente sinto uma mã o em meu ombro.
— Ei amiga, você sumiu.
Demoro alguns segundos para perceber que é Lia a minha frente.
— O que houve, Sara, você está bem?
— Si... — minha voz está rouca, entã o pigarreio. — Sim, estou.
Onde você se meteu?
— Surgiu um gatinho, aproveitei pra sair da seca. — Sorri
maliciosamente. — Te vi conversando com um gatinho no bar também. E
aí, rolou?
— Nada, Fernando é só um amigo.
— Que pena. Jurava que tinha deixado o mingau de aveia de lado
para pegar um mucilon gostosinho.
Rimos.
Se ela soubesse o que acabou de acontecer.
Lia me chama para ir até o bar dizendo que precisa de uma bebida,
e como eu queria poder beber algo mais forte agora. Ainda estou
nublada com o que aconteceu, a forma que ele dominou meu corpo
rapidamente e como me largou sozinha em seguida. Olho em sua direçã o
e flagro o infeliz me encarando.
— Nossa a tensã o entre vocês é palpável, hein — Lia comenta e eu
ignoro.
Disfarçadamente, o maldito leva os dedos que a pouco tempo
estavam dentro de mim a boca, os chupando como se fosse uma
sobremesa saborosa e sinto minha boceta latejar novamente, como se eu
nã o tivesse acabado de gozar.
— Merda.
Bebo meu coquetel em um gole só e viro de costas para ele, melhor.
Me distraio conversando com Lia, ela conta sobre o seu peguete da
noite, como o cara era gostoso, mas nã o tinha essa pegada toda na hora
do vamos ver.
— Sério, amiga, o homem era enorme, gostoso pra cacete, mas
gemia fino e ainda chamou o pau dele de super bilau, puta que pariu... —
gargalho alto junto com ela que mal consegue contar — Juro, se eu
tivesse um pau, tinha brochado neste momento.
— Caralho, super bilau é foda. — comento ainda sem conseguir
controlar o riso — Isso deve ser brochante mesmo — comento e lembro
da pegada que Wladimir tem.
Seu gemido rouco, gostoso, o jeito que me enforca, como estapeia
meu clitó ris, minha bunda...
Porra, sinto meu corpo esquentar. É uma merda nã o conseguir ter
uma conversa sem pensar nele.
— Triste, amiga, mas com muita concentraçã o gozei. Pelo menos
isso, né?
Concordo entre risos, entã o vejo seus olhos se desviarem para um
ponto atrá s de mim e em seguida ela me puxa, me chamando para sair
dali. Acho estranha sua atitude repentina e me viro, me deparando com
uma cena ridícula.
O filho da puta está de conversa com uma mulher cheia de sorriso
pra cima dele.
— Que hipó crita do caralho.
— Amiga, você disse que nã o quer nada com ele, entã o só ignora e
vamos nos divertir como se ele nã o existisse.
Tarde demais pra ignorar a existência dele, mas minha amiga tem
razão, por hoje posso me esforçar — penso.
Quando estou prestes a dizer para Lia que concordo com ela, a tal
mulher coloca a mã o na perna dele e o maldito sorri, neste momento
vejo tudo vermelho. Abandono minha amiga falando sozinha e marcho
até o desgraçado, me sento descaradamente ao seu lado sob dos dois.
— Atrapalho?
— Nem um pouco. — O filho da puta diz e nos apresenta de uma
forma vaga e fico ainda mais puta com isso. — Sara esta é Chloe uma
grande amiga.
Grande amiga meu ovo.
Juro que se eu tivesse o poder de matar com o olhar os dois
estariam mortos e ele percebe. Lembro bem das vezes em que disse que
nã o tinha amigas mulheres, fazendo insinuaçõ es sobre a minha amizade
com Vitor.
Outra coisa, eu nã o sou imbecil, conheço intimidade entre homem
e mulher. Certeza de que eles já transaram.
Ou ainda transam. — dessa vez mando meu subconsciente pra casa
do caralho.
— Wlad, estou com sede. — Apoio minha mã o na parte de cima da
sua coxa de forma bem intima falando a primeira coisa que me vem à
cabeça. E em uma atitude ridiculamente possessiva me aproximo
propositalmente e deixo um beijo em seu rosto.
Wladimir sorri convencido ao sair e sei que ele percebeu que estou
com ciú mes, mas foda-se, se eu nã o posso ficar de conversa com
ninguém, ele também nã o vai ficar.
— Vocês se conhecem a muito tempo? — sondo.
— Uns 10 anos.
Porra, muito tempo.
Um silêncio desconfortável reina e quando penso em tentar me
aproveitar do momento para obter mais informaçõ es ele retorna e me
surpreende.
— Aqui amor, sua á gua. — Beija minha bochecha, espelhando meu
gesto anterior.
Fico paralisada.
É a segunda vez que ele me chama de amor hoje, ouvi muito bem
quando disse enquanto me fodia com seus dedos, mas minha cabeça
estava em outra dimensã o naquele momento e o impacto agora foi
diferente.
— Wladimir, estou indo. — A mulher se despede. — Sara, foi um
prazer finalmente te conhecer e dar um rosto ao nome e parabéns aos
dois pelo bebê.
Cacete, ele falou de mim para ela.
Contou do nosso bebê.
— Até mais Chloe e obrigado.
A mulher sai e o desgraçado sussurra em meu ouvido.
— Vejo que nã o sou o ú nico possessivo por aqui. Gostei de saber
disso.
— Nã o faço ideia do que você está falando. Só estava com sede.
— Claro que estava. — Ele ri debochado.
Nem sob tortura eu admito isso para ele.
Bebo minha á gua em pequenos goles, sentindo um turbilhã o de
emoçõ es em meu peito e o olho com desdém, fingindo nã o estar nem aí
para a forma que o seu olhar queima a minha pele.
Capítulo 42

Mantenho a concentraçã o em minha bebida como se minha vida


dependesse disso.
Inventei que estava com sede para me aproximar, agora nã o
aguento mais beber um gole sequer da á gua que já está quente, mas me
nego a dizer isso e ver o sorriso presunçoso de Wladimir pra cima de
mim. O homem nã o para de me encarar de um jeito que parece me
despir e odeio o fato de como sua presença me afeta, ao ponto de sentir
minha calcinha ú mida.
Devem ser os hormô nios, só pode ser isso.
— Engraçado você dizer que estava com sede — seu corpo se
aproxima do meu. Se aproxima demais — e com dois, três goles...
Problema resolvido.
— A sede passou.
— Ah sim, claro. Passou. — O deboche escorre por suas palavras.
— Virou fiscal de sede agora?
— Nã o, a conveniência só é interessante.
— Nã o seja ridículo, Wladimir. — O encaro. — E eu nã o preciso me
justificar para você.
Um sorriso se abre em seus lá bios, aquele que amo e odeio na
mesma proporçã o.
Algo que ele raramente oferta a alguém.
Ele riu para a Chloe. Lembro e fico puta.
— Claro que nã o. — Seu tom de voz tã o perto me faz ferver. —
Deve ser só uma grande coincidência. Afinal você estava ali na pista de
dança e eu... — Sua mã o pousa em minha coxa e eu entendo bem sua
insinuaçã o. — Estava aqui, acompanhado.
Seus olhos caem para minha boca que sinto secar
instantaneamente.
Sua mã o sobe por minha perna acendendo meu corpo, dominante,
sinto o sangue borbulhar em minhas veias. Passo a língua nos lá bios e
seus olhos acompanham o movimento, noto quando ele engole seco.
Como eu consigo estar com tanto desejo quanto com raiva ao
mesmo tempo?
— Nossa, sério, inacreditável... Você nã o cansa?
Desvio o foco.
— De quê?
— De ser tã o ridículo.
A verdade é que eu estou cansada, mas é de fugir dessa merda de
tesã o que sinto por esse homem, desse joguinho silencioso entre nó s
dois, das palavras carregadas de desejo, dos olhares provocadores, da
forma como ele domina o meu corpo sem fazer absolutamente nada.
Isso sim é ridículo.
Estou no meu limite.
— Eu? — Ele aproxima seu nariz do meu pescoço, arrepiando
minha pele por onde passa. — Mas só estou tentando entender o que
aconteceu para você se sentar ao meu lado e... — sussurra em meu
ouvido — algo me diz que nã o foi sede.
— Acho que você se superestima demais, Wladimir. — Tento nã o
transparecer que estou ridiculamente entregue e ele mal encostou em
mim. — Eu vim porque quis e pronto.
Um gemido baixo e vergonhoso escapa por minha boca quando sua
língua passa levemente em meu pescoço.
Fecho os olhos tentando manter meu controle.
— Sim, você quis. Mas a questã o é... O que mais você quer, Sara? —
Respiro profundamente com o seu calor tã o perto. — Sabe que pode me
dizer e na mesma hora faço acontecer.
Cacete, o ar nã o está circulando direito ou meus pulmõ es
esqueceram como trabalhar?
Nã o sei em que momento seu rosto se aproximou tanto do meu,
mas sinto sua respiraçã o tã o pesada quanto a minha, seus lá bios
acariciam os meus ao ponto de eu conseguir sentir o calor da sua boca.
Estou por um fio...
— Sabe o que eu acho?
— O quê?
— Acho que você sabe exatamente por que veio.
— Nã o faço ideia do que você está falando.
— Ah, minha linda, você faz sim. — Seu há lito misturado a sua
bebida sendo um convite à tentaçã o. — E você está tã o perto de admitir
quanto eu estou de te beijar.
Em um movimento rá pido Wladimir me coloca sentada em seu
colo e o mundo a nossa volta parece desaparecer. O barulho da boate, as
luzes, as pessoas, tudo sumiu, deixando apenas nó s dois presos nesse
vó rtice de desejo incontrolável. Seus olhos estã o fixos ao meu e eu me
sinto afundar nas profundezas do seu olhar.
Minha boca anseia por este beijo, cada célula do meu corpo pede
por ele por seu toque, minha pele queima por antecipaçã o...
Que merda eu estou fazendo?
— Nã o, Wladimir. — Me levanto tã o rá pido que quase caio e suas
mã os me seguram. — Eu... Eu preciso ir embora.
— Até quando você vai fugir do que sentimos, Sara?
Nã o respondo porque eu simplesmente nã o sei o que dizer.
Wladimir me encara por um tempo, seus olhos mesclam desejo e
frustraçã o. Sem dizer mais nada ele pega seu celular e digita
rapidamente algo.
— Vem, vamos pra casa.
— Nã o quero atrapalhar sua noite. Posso ir sozinha.
— Sara, só cala a boca e vamos embora. — Entrelaça nossos dedos
e nos leva para a saída. — Max já está a caminho com o carro.

Max estaciona em frente a mansã o, sem fazer contato visual com


nenhum dos dois abro a porta para deixar o veículo sem aguardar por
Wladimir.
— Boa noite — digo ao sair, sem olhar para trá s.
— Max pode descansar. Qualquer coisa te ligo — o ouço dizer.
Desde que voltei do hospital Max tem passado suas noites em uma
residência que tem nos fundos da mansã o. Ele também tem dirigido
para Wladimir, exceto quando preciso sair, nestes momentos o chefe da
segurança me acompanha. Também percebi que o nú mero de
seguranças em volta da casa aumentou e que agora sempre tem duas
SUV nos seguindo na ida e volta da boate ou dos lugares aonde vamos.
Lembro de ter perguntado o porquê disso para Wladimir da
primeira vez que notei e ele se limitou a dizer que era necessá rio para a
nossa segurança.
Entro na casa buscando por distâ ncia, espaço.
Subo as escadas rapidamente, entro no meu quarto trancando a
porta e vou direto para o banho. Tiro as roupas e embaixo do jato de
á gua quente permito que as lá grimas que segurei durante todo o trajeto
para casa caiam, se misturando com a á gua que escorrem sobre minha
pele.
Encosto a cabeça no azulejo do box, frustrada demais com tudo,
exausta de lutar contra o que sinto.
Eu odeio esse desgraçado, infeliz, maldito.
Ele me deixa louca e sabe exatamente como me provocar.
Inferno.
A quem eu quero enganar?
Wladimir nã o é qualquer um, ele nã o é só o pai do meu filho... Eu o
amo e nã o posso mais mentir para mim mesma.
— Nã o. Eu nã o vou ser fraca. — Levo minha mã o a minha barriga.
— Por você, meu amor, a mamã e vai ser forte.
Ninguém nunca mais vai me usar para descartar em seguida.
Ainda que cada fibra do meu corpo grite por ele, pelos seus toques,
seus beijos e caricias a cada segundo da minha maldita vida, eu vou
resistir. Eu preciso resistir.
Saio do banho, coloco uma lingerie antes de me deitar na cama e
ponho minha playlist para tocar...
Você está fazendo o certo — reforço mentalmente.
Lá grimas rolam pelo meu rosto enquanto me forço a acreditar em
minhas pró prias palavras, mas no fundo sei que estou falhando.
Maldita hora que aceitei assinar aquele contrato.
— Eu sou tã o burra. — Abraço meus joelhos. — Por que fui me
apaixonar por ele?
Sussurro sozinha e meus ombros tremem com o choro compulsivo
quando começa a tocar Better Man de Taylor Swift.

I know I'm probably better off on my own


Than lovin' a man who didn't know
What he had when he had it
And I see the permanent damage you did to me
Never again, I just wish I could forget when it was magic[7]

— Maldito, desgraçado... — Um soluço escapa. — Porque você me


fez acreditar nas suas palavras, por que seus gestos pareciam tã o
sinceros?
Nã o faço ideia de quanto tempo estou assim, largada à s traças em
cima da minha cama, chorando, tentando desintoxicar minha alma de
tudo que Wladimir injetou em mim desde que o conheci. Cada mú sica
que toca me lembra de algum momento que vivenciamos, mas quando
inicia Earned It de The Weeknd e a primeira letra ressoa...

I'mma care for you


I'mma care for you
You make it look like it's magic
Cause I see nobody, nobody
But you
I'm never confused
I'm so used to being used[8]
Fecho os olhos e sinto como se estivesse revivendo aquele dia...
Sinto Wladimir encostar a testa em minhas costas, nossas
respirações aceleradas depois do orgasmo incrível que tivemos.
— Isso foi... — Não consigo completar, meu cérebro ainda está
entorpecido.
— Incrível pra caralho — diz tão ofegante quanto eu.
Então seu corpo sai de cima do meu e imediatamente sinto falta do
seu calor. Ele liberta meus pulsos das cordas e me ajeita de bruços na
cama. Em um primeiro momento acho que ele vai voltar a me devorar de
alguma forma, mas então ele me surpreende.
— Relaxa, minha linda, vou cuidar de você.
E ele cuidou. Massageou cada pedaço de pele, venerou meu corpo
com beijos, caricias, e me deixou sem palavras, porém o silêncio exterior
não fazia jus ao estrondo dos batimentos do meu coração.
— Eu vou cuidar de você — repito a letra da mú sica.
Praticamente a mesma frase que ele me falou naquele dia.
Nã o sei dizer o que acontece dentro da minha cabeça, do meu
peito, mas algo transborda e isso é o fim de tudo que me forcei a
acreditar durante toda a noite. Com uma coragem que nã o sei se vem do
desejo que devasta sem pena tudo que me prometi nã o fazer mais ou se
vem dessa dor que me consome inteira, mas a decisã o é tomada quase
que involuntariamente.
Determinada saio do meu quarto e invado o seu sem nem sequer
bater na porta, que para a minha sorte nã o estava trancada.
Wladimir está deitado em sua cama com um livro nas mã os,
vestindo nada além de uma box preta, seus cabelos estã o levemente
desalinhados e seu semblante tranquilo, até seus olhos caírem sobre
mim, sobre o meu corpo seminu e se transformarem em duas bolas de
fogo.
E meus olhos varrem cada parte do seu corpo sem nenhum pudor.
— Aconteceu alguma coisa? — A confusã o se faz presente.
Wladimir fecha o livro e se senta. — Você e o bebê estã o bem?
Antes que ele pudesse falar algo a mais ou até mesmo a sú bita
coragem se esvaísse acabei com a distâ ncia entre nó s, subi na cama e
passei uma perna por cima do seu corpo, o montando.
Suas mã os vã o automaticamente para a minha bunda, mas é visível
que ele está surpreso.
— Sara, o que significa isso?
— Wladimir, nã o fala nada. — Nossos olhos fixos, queimando. —
Eu nã o quero desistir do que vim fazer.
Sinto a rigidez do seu pau e solto um gemido baixo.
— Achei que você quisesse ficar sozinha — sua voz sai baixa,
rouca, carregada de malícia.
— Shiiii... — Coloco meu indicador em sua boca. — Nã o quero
pensar, nã o vamos dizer nada. — Dou um selinho e ele respira pesado.
— Só cala a boca, ok, eu preciso ser sua hoje.
Sem a necessidade de nenhuma palavra a mais nossos lá bios se
chocam ao mesmo tempo, como se fosse o encontro de dois mundos em
colisã o, Wladimir me segura com força, tomando meus lá bios em um
beijo explosivo, intenso, esvaindo todo o tesã o reprimido, exigindo tudo,
nossas línguas duelando, se entregando sem ressalvas.
Meu coraçã o bate acelerado, somos uma confusã o de braços,
pernas e língua.
Wladimir aprofunda o beijo com urgência em me sentir, me
devorar, suas mã os seguram minha cintura forçando meu corpo para
baixo e ele se esfrega em minha intimidade.
— Eu sabia que você nã o iria resistir por muito tempo a isso que
sentimos.
As palavras saem entrecortadas, abafadas pelo beijo afobado.
— Qual a parte do cala a porra da boca que você nã o entendeu?
Murmuro contra seus lá bios antes de puxá -lo de volta,
necessitando aplacar esse desejo que me consome. O sinto ri em meio ao
nosso beijo e afundo meus dedos em seus cabelos, arranhando sua nuca,
o fazendo gemer.
Wladimir muda nossa posiçã o, ficando por cima do meu corpo e o
beijo se torna ainda mais feroz, mais profundo. Seus lá bios descem para
o meu pescoço, minha mandíbula, sinto seus dentes se fechar em minha
pele causando a dor que tanto amo e arqueio as costas.
— Wlad.
— Isso, geme o meu nome. — Ele me morde novamente. Mais forte
dessa vez. — Eu vou marcar cada parte do seu corpo, amor.
Meus gemidos estã o incontroláveis, minha mente completamente
nublada com seus toques que queimam a minha pele, o sabor do seu
beijo me deixando ainda mais entorpecida de desejo.
— Você me enlouquece tanto, Sara... — Lambe meus lá bios. —
Você é minha, toda minha. — Olha no fundo dos meus olhos. — Eu nã o
sei mais viver sem você.
Sua declaraçã o me atinge profundamente, parece tã o sincera.
As suas palavras anteriores também pareciam — minha mente me
lembra e isso quase me faz desistir.
Mas estou decidida demais a tê-lo mais uma vez.
Ainda tem essa tensã o constante entre nó s, pulsando, exigindo,
clamando por atençã o, como se fosse impossível ignorá -la. Nã o vai
desaparecer, nã o vai nos dar trégua até que obtenha o que deseja
novamente. E se estou à beira do abismo... Entã o eu me jogo e o beijo.
Colo nossos lá bios e sem palavras respondo que também nã o
consigo mais viver sem ele, mas pelo meu filho e também por mim, vou
aprender. O ar parece eletrificado, seu calor torna tudo ainda mais
avassalador.
— Você está deliciosa com essa lingerie preta, mas prefiro você
nua.
Seus dedos se infiltram por baixo das minhas costas e abrem meu
sutiã com facilidade, libertando meus seios, seu corpo se afasta
minimamente, só para tirar a peça que logo é jogada ao chã o.
— Porra. — Seu polegar e indicador beliscam meus mamilos. —
Você é perfeita demais.
Sua boca desce até chegar em meu seio, sua língua circula meu
mamilo, mas Wladimir nã o deixa de me olhar intensamente nem por um
segundo, entã o sua boca suga meu bico de uma maneira insana. Sua mã o
acaricia minha barriga, descendo de um jeito sensual, causando uma
expectativa gostosa e quando chega em minha boceta, a sinto latejar,
ansiando que ele me toque do jeito que só ele sabe.
— Wladimir, por favor — imploro sem vergonha nenhuma.
— Calma, amor. — Acaricia meu nervo inchado por cima da
calcinha, prologando minha tortura. — Nã o temos por que ter pressa.
Capítulo 43

Quando chegamos em casa Sara se trancou em seu quarto e eu até


pensei em entrar, tomá -la pra mim, afinal, ela me pertence e apesar de
fugir sabe disso, meu corpo implorava pelo seu, contudo, fiz diferente,
dei o espaço que me exigiu sem palavras. Vim para o meu quarto, tomei
um banho e peguei o livro de finanças que estava lendo na noite anterior,
mas a concentraçã o estava muito longe dessas pá ginas. Eu só conseguia
pensar nela, em como seu corpo se entregou ao que eu ofereci na pista
da boate em meio aquela multidã o. Isso despertou algo que nã o faço há
um tempo, bateu uma curiosidade de saber como seria levá -la ao quarto
de vidro e criar uma cena de voyeur com a minha ninfeta, de
contrapartida nã o sei se sou capaz de compartilhar com outras pessoas
a perfeiçã o que é o seu corpo se entregando ao prazer que o meu pau te
dá , a forma como seus olhos ficam com um azul cintilante ainda mais
intenso ao gozar e o som dos gemidos que me enlouquecem. Nunca tive
problema com isso, mas com ela sou egoísta, ciumento e possessivo
demais.
Fechei os olhos e como um maldito viciado minha mente viajou,
desejando que ela invadisse esse quarto e desistisse dessa merda de
ficar me evitando. Entã o quando ouvi a porta se abrir e vi a figura
pequena e seminua a minha frente cheguei a pensar que estava
alucinando.
Nunca acreditei nesta coisa de lei da atraçã o, mas tamanha foi a
minha surpresa ao ver Sara parada a minha frente só de lingerie, gostosa
pra caralho, me olhando com um desejo cru e pronta pra ser minha.
— Wladimir, por favor. — Seu gemido me tira dos meus
pensamentos.
— Calma, amor. — Massageio seu grelo por cima da calcinha. —
Nã o temos por que ter pressa.
Porra, a peça minú scula está totalmente molhada.
O corpo de Sara se molda ao meu e meu sangue ferve
violentamente em minhas veias, quero devorar essa mulher, marcá -la de
todas as formas para nunca mais pensar em ficar longe de mim
novamente.
Nunca mais me privar do que me pertence.
— É isso que você quer, safada? — Coloco sua calcinha para o lado
e brinco, ameaçando entrar, mas nã o o faço. — Quer que eu meta em
você? Quer ser fodida?
— Wladimir, por favor. — Implora novamente, choramingando,
desta vez eu a invado.
Ouvir Sara gemendo meu nome ao mesmo tempo que sinto sua
boceta esmagar meus dedos me faz rosnar feito um animal. Seu interior
está quente feito o inferno, melado, ela escorre em minha mã o, mordo
seu mamilo o sugando com força em seguida e meto ainda mais fundo
em sua boceta. A safada se contorce, estremecendo toda.
— Aaaah Wlad.
Sara rebola em meus dedos, exigindo mais.
— Isso, minha puta, esfrega essa bocetinha com vontade. — Estoco
com os dedos curvados. — Goza pra mim, gostosa.
Retiro meus dedos melados do seu canal quando os tremores
cessam e os aproximo do seu rosto.
— Vem, prova comigo, assim você vai entender por que sou tã o
viciado em você.
Imediatamente a minha safada coloca a língua para fora e juntos
lambemos com vontade, chupamos cada vestígio do seu prazer, enfio
meus dedos entre seus lá bios e a beijo com vigor, querendo tudo ao
mesmo tempo. Chupo sua língua e caralho sentir o gosto da sua boca
misturado ao sabor da sua boceta deixa tudo mais obsceno e logo nã o
estamos nos beijando e sim fodendo com nossas bocas.
Sua mã o delicada aperta meu pau por cima da box e trinco meus
dentes, estou ao ponto de explodir só de sentir a pressã o do seu toque
tamanho é o tesã o que estou. Tenho vivido de punheta e lembranças da
sua boceta neste ú ltimo mês.
Conheço minha mulher, sei que ela quer me chupar e eu também
estou louco por isso, sentir sua boquinha quente me engolindo inteiro é
delicioso demais, mas preciso me enterrar nela agora, entã o me encaixo
entre suas pernas e meu pau desliza através dos seus lá bios melados
arrancando um gemido rouco do fundo da minha garganta a cada
centímetro invadido.
— Cacete, Wlad — choraminga.
Por mais que seja uma tortura para mim, penetro lentamente, sei
que sou grande, grosso e sua boceta é pequena, deliciosamente
apertada. Estoco devagar, mas firme, fundo e Sara crava suas unhas em
minha pele me marcando, sangrando, e a ardência me faz enlouquecer
um pouco mais.
Volto a beijar sua boca enquanto estoco dentro dela. Nunca fui um
homem de perder o controle, até mesmo no sexo sempre fui controlado
com gemidos, mas com ela, nã o sei explicar, Sara arranca tudo de mim.
Reviro os olhos me sentindo arrebatado.
— Porra, Sara, sentir sua boceta me esmagando é o meu paraíso.
— Aumento a velocidade que enfio meu pau, metendo até o talo.
Sara me empurra e imediatamente paro, pensando que a
machuquei.
— Nã o se preocupe, só quero sentar em você. — Meu pau parece
escutar e lateja em expectativa.
Me encosto na cabeceira e logo minha mulher monta, encaixando
meu pau em sua entrada melada que desliza enquanto ela rebola no seu
ritmo, se acostumando. Deixo que Sara controle, subindo e descendo de
um jeito sensual pra caralho, seus mamilos balançando em frente a
minha boca, como um convite ao pecado, que eu aceito de bom grado.
Abocanho, mamando o biquinho rosado e agarro seu cabelo sentindo o
suor escorrer entre nó s dois, minha mulher geme alto quando mordo
seu mamilo.
Passo minha língua por sua pele, louco de tesã o, mordendo sua
carne macia, a marcando onde minha boca alcança. Encaro minha
ninfeta completamente rendido, feito um adolescente apaixonado, me
cavalgando como uma verdadeira amazona...
Porra, essa filha da puta é muito linda.
— Era isso que você queria, safada? Meu pau atolado nessa boceta
gostosa.
— Ah Wlad, sim.
Apoio minha mã o em cada lado da sua bunda, intensificando seus
movimentos, dando mais velocidade a forma em que senta, a fazendo
gritar, delirando, toda vez que a cabeça do meu pau bate em seu ú tero.
— Porra.
Possessivamente seguro sua cintura fina, movimentando meu
quadril freneticamente, fodendo sua boceta feito um animal, seu corpo
começa a tremer e Sara fecha os olhos, jogando a cabeça para trá s,
gemendo fora de controle, delirando ao gozar.
— Abra os olhos, Sara — ordeno. — Olhe dentro dos meus olhos
enquanto goza no meu pau.
Puxo o ar me sentindo fora de mim quando seus olhos se fixam aos
meus, o rubor em seu rosto apó s alcançar o seu á pice me hipnotiza.
Sara apoia suas mã os em meus ombros enquanto movo meus
quadris a fodendo profundamente, mantendo seu corpo ao meu bel-
prazer, comendo sua boceta com luxú ria, entã o eu explodo dentro dela,
gozando de um jeito que nã o imaginava ser possível. Termino de gozar e
ainda continuo metendo por mais um tempo, ouvindo seus gemidos,
querendo prolongar este momento.
Abraço seu corpo tã o suado quanto o meu quando saio de dentro
dela e nos deito de lado, acaricio seu rosto lindo, seus olhinhos se
esforçando para me encarar.
— Você está bem? — Levo minha mã o a sua barriga
instintivamente.
— Estamos bem. — Coloca a mã o sobre a minha. — Só cansada.
Nossas pernas estã o entrelaçadas, e sinto algo escorrendo.
Sei exatamente o que é... Minha porra.
— Vamos tomar um banho?
— Preciso ir. — Franzo a testa. — Para o meu quarto, Wladimir.
— Eu pensei que... — Entã o antes de completar a frase eu entendo.
Ela nã o teve a intençã o de me perdoar em momento nenhum.
Engulo meu orgulho e peço.
— Fica aqui comigo.
Sara ameaça se sentar, mas a prendo em meus braços e ela nã o luta
contra.
— Wladimir, nada mudou. — Seu olhar está diferente de minutos
atrá s, a má goa voltou. — Isso foi só sexo.
Acho que um tiro doeria menos.
— Entã o você me usou para se satisfazer?
— Nada que você nã o tenha feito antes.
— Eu nunca te usei, Sara — me defendo, puto. — O tesã o sempre
foi mú tuo.
— O contrato foi algo mú tuo também?
A olho incrédulo, realmente nã o acredito que ela esteja falando
isso.
— Nã o te obriguei a assinar nada.
Ela me encara por um longo tempo e o silêncio se torna
desconfortável, entã o ela muda parcialmente de assunto.
— Falando no contrato, nã o quero mais.
— Nã o se preocupe, já faz um tempo que ele nã o tem mais
validade para mim.
Fito o teto, nã o suportando o jeito que me olha, vá rios
pensamentos serpenteando a minha cabeça.
Porra.
Sei que a magoei muito com as merdas que disse e mesmo
sentindo uma dor aguda em meu peito, sei que mereço isso. Sua
indiferença, desprezo.
Respiro fundo, nã o vou desistir de lutar por ela, pelo nosso filho,
nossa família.
Ela sente algo por mim, eu sei. Enquanto estava dentro dela vi
muitos sentimentos refletirem em seus olhos e tenho certeza de que nã o
fantasiei nenhum deles.
— Pode ficar mais um pouco? — imploro e ela vira o rosto para me
encarar, seu olhar cansado, quase fechando. — Por favor, Sara.
Ela suspira e acena.
Ficamos deitados na mesma posiçã o, acaricio suas costas do jeito
que ela gosta, e pouco tempo depois noto sua respiraçã o diferente, sei
que dormiu. A observo por um tempo, arrependido demais por ter feito
o que fiz e implorando mentalmente que eu tenha tempo de demonstrar
que me arrependi.
Que eu a amo.
— Papai fez besteira, meu amor — sussurro para o meu filho ao
aproximar meu rosto de sua barriga. — Mas te prometo que vou
consertar isso e vamos ficar juntos, felizes, como uma família deve ser.
Minha mulher se mexe, mas está tã o cansada que dorme
profundamente. Beijo seu rosto, me levanto e vou até o banheiro, tomo
uma ducha rá pida e volto com duas toalhas molhadas.
Observo a vermelhidã o entre suas pernas, minha porra escorrendo
e me sinto como um homem das cavernas orgulhoso, por saber que eu
fiz isso. Com Sara me sinto um adolescente de novo, até esse tipo de
sentimento brota quando estou ao seu lado, a necessidade de marcá -la
como minha de todas as formas. Pego a toalha e passo com cuidado em
sua boceta, limpando o líquido espesso, depois passo a outra em seu
rosto, seguindo para o seu corpo com delicadeza para nã o a acordar,
tentando amenizar o suor em sua pele.
Deixo as toalhas no banheiro e volto, me deito ao seu lado,
sentindo o cheiro do nosso sexo impregnado no ambiente e me sinto
feliz, completo.
Apoio minha mã o em sua barriga e com esse sentimento de paz
deixo o sono me alcançar.
Capítulo 44

Sinto uma mã o grande e forte me puxar contra um peitoral quente,


se aconchegando a mim, um calor gostoso irradia por toda minha pele,
entã o desperto, meus olhos se abrem lentamente e vejo o responsável
por esta sensaçã o.
Wladimir.
Contemplo cada detalhe do seu rosto enquanto ele dorme
tranquilamente, sei que preciso fazer o que era pra ter feito ontem à
noite, mas me permito esse tempo. É tã o raro ver este homem assim,
com uma expressã o serena, quase vulnerável que nem dá para notar a
expressã o dura que ele sempre carrega.
Lembranças da noite anterior invadem minha cabeça me
arrancando um suspiro... Cedi ao desejo desenfreado que sinto por ele e
nã o me arrependo disso, faria de novo se pudesse voltar no tempo. Eu
precisava disso, fiz por mim.
E ele foi tã o perfeito.
Olho a hora no reló gio ao lado da cama e vejo que sã o 05:15.
Hora de ir, Wladimir se levanta cedo.
Fecho os olhos e uma lá grima cai ao me lembrar do seu olhar
quando eu disse que nada mudou. Se o que pareceu refletir ali fosse
verdade, se ele me amasse, mas nã o, nã o vou me deixar enganar
novamente e muito menos ficar só pelo sexo, agora além de Liz terei
meu filho para criar, tenho que priorizá -los e preciso estar bem para
cuidar deles. Me aproximo inspiro seu cheiro, dou um selinho em seus
lá bios e me levanto com cuidado para nã o o acordar, pego um lençol o
enrolo em meu corpo e olho para o homem que amo uma ú ltima vez e
murmuro...
— Adeus, Wlad. — Levo minha mã o a minha barriga. — Apesar de
tudo, muito obrigada.
Sigo para o meu quarto com o coraçã o pesado, sem ter muito
tempo disponível entro no banheiro e literalmente jogo uma á gua no
corpo, faço tudo numa velocidade inexplicável sem me dar a chance de
parar para pensar nele e nos sentimentos conflitantes que me causa. Ao
terminar visto a primeira roupa que pego no closet, uma legging preta,
um casaquinho segunda pele da mesma cor e calço meus tênis, prendo
meu cabelo em um rabo de cavalo e jogo algumas peças de roupas na
mochila. Pretendo ficar um tempo na casa de Lia, pelo menos até
arrumar um lugar para mim e minha irmã .
De preferência longe de Las Vegas.

Sara: Amiga, estou indo para a sua casa, preciso de um lugar para
ficar por alguns dias. Explico melhor quando chegar. Beijo e te amo.

Envio uma mensagem rá pida para minha amiga e faço uma nota
mental de conversar com Beth e pedir para Liz passar essa semana lá ,
pelo menos até eu ajeitar minha vida.
Olho envolta do quarto mais uma vez, um lugar que nã o deveria,
mas me acostumei a chamá -lo de meu e saio...
Terei que reaprender a viver sem ele.
Desço as escadas com cuidado, cada degrau me fazendo lembrar o
que estou deixando para trá s e me obrigando a reforçar para mim
mesma que estou fazendo a coisa certa. Sei que Vitor nã o dormiu em
casa esta noite, ele nunca volta quando vai para o terceiro piso da boate.
Deixo a mansã o e agradeço ao universo por nã o encontrar Max de
plantã o, mas sã o quase 6h, preciso me apressar.
Decido chamar um carro por aplicativo e me afasto um pouco, nã o
quero correr o risco de ser vista se alguém aparecer. Pego o meu celular
quando percebo que estou em uma distâ ncia segura, entã o vejo um
carro preto parado pró ximo a casa de Wladimir. Tento ver se reconheço
a pessoa, impossível, os vidros sã o absurdamente escuros.
Será que é um dos seus seguranças? — penso.
Mas nã o é um SUV e já vi que isso é um padrã o dos seguranças
dele.
Olho o celular e constato que nenhum motorista aceitou a corrida
ainda, logo vejo o tal veículo se mover bem devagar e um frio sobe pela
minha espinha.
— Merda, o que eu faço?
Minha mente começa a trabalhar rá pido nas possibilidades que
tenho... Voltar para a casa do Wladimir nã o dá , mas eu posso correr.
— Ou estou sendo neuró tica demais — sussurro para mim mesma.
Pode ser só alguém que saiu cedo de casa e está meio perdido, por
isso está andando tã o devagar.
Quando estou praticamente convencida do meu desespero
desnecessá rio o tal motorista faz algo muito estranho, ele praticamente
cola a lateral do carro na direçã o da calçada em que estou sendo que a
mã o dele é o outro lado da via.
Em passos rá pidos começo a caminhar na direçã o contraria, penso
no meu bebê, nã o posso pagar pra ver e neste momento o carro ganha
velocidade, meu coraçã o acelera, um bolo se forma em minha garganta e
o medo toma cada grama do meu corpo.
Merda... Merda... Merda.
— Como fui estú pida de sair cedo assim — falo sozinha enquanto
corro.
Seguro minha mochila com força e aumento a velocidade o
má ximo que posso, minhas pernas estã o tremulas, minha respiraçã o
está ruidosa, oscilante, procuro por ajuda, mas nã o vejo uma alma
sequer na rua. O infeliz parece querer me torturar, como se eu fosse sua
caça, uma presa.
Está brincando comigo, com o meu medo.
Porra, ele está de carro e se mantém atrá s de mim, em nenhum
momento ameaça me ultrapassar e sei que pode a hora que quiser.
Falei cedo demais.
Ouço o carro acelerar e em questã o de segundo se aproxima,
freando bruscamente ao meu lado me arrancando um grito quando joga
o veículo na minha direçã o...
— SOCORRO.
A porta se abre violentamente e uma figura que nã o queria ver
nunca mais sai me direcionando um sorriso que me causa repulsa no
mesmo instante.
— Você?
Congelo ao vê-lo.
— Sentiu saudades, docinho?
Meu estô mago embrulha ao ouvir o inglês misturado ao sotaque
russo.
O desgraçado me chama com o mesmo maldito apelido que me
chamou naquele dia.
— Demorei porque tive alguns contratempos, mas agora vamos
nos divertir muito.
— Nã o, nã o por favor. — Lá grimas rolam pelo meu rosto, um choro
de desespero, medo pelo meu bebê, por minha irmã que só tem a mim.
Meu Deus, só consigo pensar neles.
— Eu imploro, me deixa ir.
Penso em falar da minha gravidez, mas tenho medo com o que ele
pode fazer com essa informaçã o.
— Prometo que você vai gostar.
O maldito russo me ataca, tenta me segurar pelo braço.
— Nã o, me solta. — Instintivamente puxo meu braço com força.
Sem que eu controle o meu modo sobrevivência age e volto a
correr no automá tico.
Ouço a porta do carro se fechar e sei que o infeliz está atrá s de
mim novamente. Meus pulmõ es estã o ardendo, meu coraçã o bate
descompensado, minhas pernas queimam pelo esforço, mas nã o posso
desistir.
Corro o mais rá pido que posso, só consigo pensar que preciso
proteger o meu bebê a qualquer custo, preciso voltar para minha irmã .
Eu nã o posso morrer e deixar minha Liz sem ninguém, sem conhecer o
meu filho, sem que ele venha ao mundo.
E tudo acontece tã o rá pido que nã o consigo assimilar...
Sinto um impacto em meu corpo seguida de uma dor aguda em
minha cabeça quando sou projetada ao chã o, minha barriga queima,
arde e sinto algo escorrer por ela, entã o escuto um som estridente
cortando o ar, parecido com som de tiro. Pisco meus olhos, tentando
entender o que aconteceu, tento levantar, mas nã o consigo, luto para nã o
perder os sentidos, minha visã o está embaçada.
Não, Deus, protege o meu bebê, por favor — em prantos levo a mã o
ao meu ventre e rogo mentalmente.
Desesperada tento gritar, pedir ajuda, implorar para que de
alguma forma salvem o meu filho, mas nã o ouço minha pró pria voz.
Entã o tudo silencia dentro de mim e a escuridã o me alcança.

Ainda de olhos fechados estico o braço na cama procurando por


ela, mas o encontro o vazio. O lençol já estava frio, o que indicava que ela
nã o saiu agora.
— Sara — chamo ainda sonolento, tendo o silêncio como resposta.
Esfrego os olhos ao me sentar e me levanto, visto uma camisa,
minha calça moletom e noto que a lingerie dela nã o está mais por aqui,
saio apressado e entro em seu quarto sem bater, mas nã o a encontro ali
também. Decido olhar os cô modos de baixo e desço as escadas
rapidamente, o clique da porta principal se abrindo me faz parar.
— Bom dia, senhor Novak.
— Max, bom dia. Está cedo demais para o meu chefe de segurança.
— Desço o ú ltimo degrau. — Viu Sara?
— Nã o. Ela nã o está no quarto dela?
Antes que eu consiga debochar da sua pergunta ouço um som alto
de freada acompanhado de um grito de socorro e meu sangue gela, pois
tenho certeza de que é a voz da minha mulher.
— Sara.
Abro a gaveta do aparador, pego minha Glock e corro para a rua
desesperado com Max logo atrá s, meu coraçã o para de bater por alguns
segundos ao ver um carro preto a perseguindo, nã o consigo descrever o
sentimento de medo e fú ria que me assola neste momento.
Entã o o desgraçado joga o carro para cima dela e beira o
insuportável o pavor que sinto de perder minha mulher e meu filho
quando vejo seu corpo caído no chã o.
— SARA.
O maldito dá ré e acelera...
— Ah, mas você nã o vai a lugar nenhum, filho da puta.
Seja lá quem for, mexeu com a pessoa errada e vai pagar caro por
isso.
Miro no pneu e atiro sentindo uma ira incontrolável. O carro perde
o controle, batendo violentamente em um muro logo a frente, a porta se
abre, vejo que se abaixa e cospe sangue, mas ainda nã o consigo ver seu
maldito rosto.
— Max, feche a porta do carro, nã o quero que chame a atençã o de
curiosos e que por isso alguém tente socorrê-lo. Se alguém perguntar,
ele fugiu. — Meu chefe de segurança assente obedecendo
imediatamente. — E fique de olho neste infeliz, nã o o deixe sair deste
carro.
Corro na direçã o da minha mulher.
Ajoelho em frente ao seu corpo caído no chã o, meus olhos ardem,
levo meus dedos trêmulos ao seu pescoço, procurando por seus sinais
vitais.
Nã o sinto nada.
— Nã o amor, nã o... Por favor Sara, nã o faz isso comigo. — Sinto
minhas lá grimas caírem. — Eu te imploro, minha linda, nã o me deixa.
Continuo procurando seus sinais, minhas mã os estã o trêmulas e
nã o consigo sentir nada.
— Você nã o pode chegar na minha vida virar tudo de cabeça pra
baixo e me deixar aqui. — Tiro seus cabelos da frente do seu rosto
tomando cuidado para nã o a mover e vejo o hematoma em sua cabeça.
— Porra, nã o. Eu te proíbo de me deixar, Ninfeta, te proíbo.
Pego seu pulso, desesperado, ainda procurando e sinto algo ali,
muito fraco, mas ela está viva.
— Isso, você é forte, você nã o vai me deixar, nã o pode.
Procuro por meu celular e caralho, nã o o trouxe comigo.
— Wladimir, já estou ligando para a ambulâ ncia — meu amigo diz,
com certeza ele percebeu. — Oi, tem uma mulher ferida, atropelamento,
ela está grávida. Preciso de uma ambulâ ncia urgente na rua...
Ouço a voz dele ao longe, nã o consigo deixar de olhar para ela, a
noite que tivemos invade meus pensamentos, minha mulher cheia de
vigor, cheia de vida e agora... — um soluço me escapa — Nã o consigo
entender que merda eu fiz para nã o merecer ser feliz. Nã o mexo em seu
corpo, tenho medo de piorar sua condiçã o, me abaixo chorando
compulsivamente e encosto o ouvido em seu peito, necessitando ouvir
seus batimentos cardíacos.
Fraco, muito fraco.
— Eles estã o a caminho, meu amigo. — Max coloca a mã o em meu
ombro. — Ela vai ficar bem, cara. Ela e o bebê, eles sã o fortes.
— Eles sã o fortes sim — repito porque eu preciso acreditar nisso.
— Eu nã o vou suportar, Max. Nã o vou aguentar passar por isso de novo.
— Meu corpo treme com o choro.
Nã o me importo que ele esteja me vendo neste estado, nã o é como
se eu conseguisse controlar o que estou sentindo. Olho para Sara ali, tã o
debilitada, machucada, eu queria poder abraçá -la.
— Sara se tornou o meu mundo, Max, nã o posso perdê-la.
As palavras saem embargadas, entrecortadas pelos soluços e a
culpa pelas merdas que falei para ela quando entrou no quarto que
mantinha para Susie volta com tudo. Me deito ao lado do seu corpo, feito
uma criança perdida, chorando, e sussurro em seu ouvido.
— Amor, se você estiver me ouvindo por favor me perdoe, eu sou
um idiota e sei que nã o mereço alguém como você, mas saiba que nada
daquilo foi verdade, eu te amo desesperadamente, você é tudo pra mim e
vou viver para te fazer feliz. Só nã o me deixa... — minha voz falha — Nã o
posso perder você e o nosso bebê.
Ouço o barulho da sirene e logo vejo a ambulâ ncia.
Me levanto sem a mínima vontade de sair do seu lado, mas os
paramédicos precisam fazer o trabalho deles, logo a colocam na maca,
conferem os sinais vitais e quando estã o para sair me apresso a dizer.
— Eu vou com ela.
— Nã o, senhor, nã o é permitido... — o interrompo.
Ele pensa mesmo que vai conseguir me impedir?
— Ali dentro estã o a minha mulher e o meu filho — falo
ameaçadoramente. — Entã o nem você e nem porra de protocolo
nenhum irã o me impedir de ir junto.
— Eu entendo o seu nervosismo, senhor, mas para mim ali dentro
estã o duas vidas que eu preciso salvar.
— Você nã o sabe com quem está falando?
— Nã o, nã o sei e desculpe, mas nã o me importa quem o senhor é,
só preciso que confie em mim para salvar sua mulher e filho. Posso ir
fazer o meu trabalho?
Aceno, puto pra caralho com a petulâ ncia dele, contudo, no fundo
sei que ele está certo e eu estou sendo um babaca por conta do meu
medo. É uma merda esse sentimento de impotência.
E ele nã o é o culpado por isso.
Viro-me, direcionando minha fú ria para quem ela realmente
pertence. Me aproximo do carro do desgraçado que atropelou minha
mulher grávida, Max está ao lado do carro destruído pela batida, abro a
porta e o maldito está com a mã o na costela, gemendo de dor,
provavelmente está fraturada.
Mas garanto que isso será o menor dos seus problemas.
Capítulo 45

Cada grama do meu corpo está tomada pelo ó dio, nunca senti tanta
ira por alguém.
Me aproximo do carro e arranco o desgraçado com brutalidade e
só agora vejo de quem se trata.
— Entã o é você seu russo maldito. — Meus olhos queimam em
fú ria.
Recebo como resposta um gemido de dor que escapa dos seus
lá bios, nã o me importo, na verdade o que mais quero é que ele sinta
muita dor. E eu terei o prazer de proporcionar isso a este filho da puta.
O seguro pela gola da camisa, o sacudindo com brusquidã o,
batendo suas costas diversas vezes na lateral do seu pró prio carro e ele
tosse, grunhido.
— Saiba que se algo acontecer com a minha mulher ou com o meu
filho, você está morto, seu desgraçado — berro na cara dele o batendo
diversas vezes contra o veículo.
Um sorriso ensanguentado surge na boca do infeliz.
— Ah, se eu soubesse desta informaçã o antes, teria dado um jeito
de mandar o bastardinho para o inferno. Mas agora vã o os dois, com
certeza.
Soco a cara dele com tanta força que ouço um estalo e vejo dois
dentes voarem, junto com uma poça de sangue.
O corpo do maldito tomba no chã o feito um saco de merda e eu o
monto na mesma hora, fora de mim, desfiro vá rios golpes em seu rosto,
um apó s o outro, vendo tudo vermelho, xingando, gritando de ó dio a
cada murro que eu dava.
— Seu filho da puta, desgraçado... — Meu mundo neste momento é
um borrã o de pura violência. — Eu vou te matar, seu infeliz.
Seu rosto está completamente desconfigurado, o corpo está mole,
ele desmaiou. Mas eu nã o paro de socar, nã o consigo parar, estou cego de
ó dio.
— Você vai se arrepender de ter chegado perto da minha mulher.
De repente o meu corpo é tirado de cima do russo.
— Porra, Wladimir, chega. Olha como ele está , você quer começar
uma guerra com a má fia russa? — Só enxergo sangue, respiro raiva. —
Porque é isso que vai acontecer se você matar esse infeliz.
Arfo, meu sangue está fervendo, meu peito sobe e desce
rapidamente.
— Max, se algo acontecer com Sara ou com o nosso bebê... —
Aponto para o saco de merda ao chã o. — Ele é um homem morto. Eu
juro.
Foda-se de quem ele é filho.
— Eu sei, meu amigo, mas para e pensa, Sara está no hospital, ela e
seu filho precisam de você.
Embora o ó dio ainda esteja queimando cada fibra do meu corpo,
Max tem razã o. Assinto para ele e ordeno.
— Leve-o para a sala escura da boate e deixe-o lá até eu voltar. —
Olho para o infeliz. — Vou dar um tratamento vip para este merda.
Max me olhou atravessado, ele sabe o que acontece quando
precisamos levar alguém para lá .
Houve um tempo em que esta sala era muito usada, um período em
que eu tive que sujar minhas mã os para conquistar o meu respeito, um
período em que as pessoas achavam que podiam me passar para trá s só
porque eu era novo e eu tinha o dever de mostrar que nã o. Mas tem
muito tempo que nada disso é mais necessá rio.
— Wladimir. — Meu nome sai em tom de alerta.
— Max, é uma ordem.
— Sim senhor, considere feito.
Peço ao meu chefe de segurança para limpar a bagunça, evitando
que chegue aos ouvidos das autoridades. Nã o preciso explicar nada
mais, ele sabe o que fazer.
Temos pessoas na nossa folha de pagamento que camuflam certos
atos quando precisamos.
Volto para casa e entro no meu carro do jeito que estou, dirijo até o
hospital com o coraçã o apertado, meus pensamentos preso no corpo
dela estirado no chã o. Invado a emergência e vou direto a recepçã o.
— Minha mulher deu entrada aqui agora a pouco, atropelamento e
ela está grávida.
A senhora baixinha de ó culos me encara assustada, olha para as
minhas mã os ensanguentadas e retorna sua atençã o para o meu rosto.
Nã o faço questã o de explicar nada, nã o é da conta dela.
— Sim senhor, entrou a pouco uma mulher com os paramédicos.
— Informa digitando em seu computador evitando me olhar novamente.
— Senhor, ainda nã o temos informaçõ es, peço que aguarde na sala de
espera e assim que os médicos terminarem virã o trazer notícias.
Sem ter o que fazer aceito o que me diz e sigo para a maldita sala
de espera depois de passar os dados de Sara, me jogo na cadeira, levo as
mã os ao rosto odiando nã o ter o controle da situaçã o, esse sentimento
de nã o poder fazer nada é uma merda.
Sinto meu mundo desmoronando sem que eu consiga lutar, meu
corpo inteiro treme, meu coraçã o parece querer explodir a qualquer
momento.
— Por favor, Deus, eu sei que nã o falo com o Senhor há muito
tempo, mas nã o permita que a histó ria se repita, eu nã o vou suportar...
Eu preciso dela. — As lá grimas voltam a cair enquanto oro. — Eu te
imploro, por favor, nã o os tirem de mim, permita que eles sejam fortes.
Estou andando de um lado para o outro, já faz mais de uma hora
que Sara está lá dentro e nada. Porra, vou enlouquecer aqui.
Entã o o médico aparece.
— Doutor, como a minha mulher está ? E o meu filho?
O médico também encara meus punhos, mas nada diz a respeito.
— Senhor, sua esposa sofreu uma concussã o craniana leve e
também teve algumas laceraçõ es superficiais no abdô men, sendo uma
delas um pouco mais delicada. — Preciso me sentar enquanto o médico
vai falando. — Já fizemos todos os procedimentos e exames necessá rios,
agora precisamos aguardar o corpo da mã e reagir. Eles estã o
momentaneamente fora de perigo, mas seguem em observaçã o.
— Mas eles ainda podem... — Nã o consigo concluir a pergunta. —
Ainda tem risco de algo grave acontecer, alguma sequela, doutor?
— Minha equipe está cuidando dela, garantindo que nã o haja
sequelas cerebrais, senhor Novak. As chances de uma recuperaçã o
completa da mã e e do bebê sã o enormes.
— E essa laceraçã o no abdô men?
— Essa laceraçã o nã o foi tã o profunda, mas causou preocupaçã o
porque foi muito pró xima ao ú tero e tivemos que fazer uma sutura no
local, por isso requer um cuidado especial, temos que monitorar
constantemente para garantir que o bebê nã o foi afetado e que nã o há
infecçã o ou sangramento interno.
— Doutor, posso vê-la?
— Sim, ela ainda está sedada, mas antes passe na enfermaria e
cuide destes punhos, se limpe e depois a enfermeira o levará ao quarto
dela.
Aceno e faço o que me orienta.
Respiro fundo ao entrar no quarto em que Sara está e o ú nico som
que preenche o ambiente sã o dos aparelhos que monitoram os seus
sinais. Sua expressã o está serena, mas sua pele está muito pá lida e tem
um hematoma bastante roxo na lateral direita do rosto. Ouvir o médico
me garantir que apesar de precisarem ficar em observaçã o o estado de
Sara e do nosso bebê está sob controle, me deixou um pouco aliviado,
mas sei que preciso vê-la acordada, escutar o som da sua voz, ver o seu
sorriso.
Me aproximo e sento ao seu lado, seguro sua mã o fria e com uma
emoçã o que transborda do meu peito começo a falar...
— Oi amor, que susto você me deu — sussurro. — Estou aqui
aguardando você acordar, temos tanto para viver juntos, eu quero tudo
com você, minha linda. Volta logo pra mim.
Como em um filme lembro de tudo que vivemos, sã o poucos
meses, mas parece que foi uma vida inteira e tudo que senti hoje, o medo
de perdê-la só reforçou o que eu já sabia.
— Eu amo você, Sara.

Silêncio, vazio... É tudo que venho sentindo e essa sensaçã o de


nada está tirando a minha paz.
De repente sinto um toque e muito distante ouço algo, nã o consigo
distinguir, um ruido, me esforço para entender que barulho é esse, um
som distante que lentamente vai tomando forma.
É uma voz.
Eu nã o consigo entender o que ele fala, mas gosto do som, me traz
conforto, paz, segurança e me apego a isto com uma â ncora no vazio em
que me encontro.
Nã o faço ideia onde estou, me sinto presa e a sensaçã o que tenho é
que estou aqui há tempo demais, me sinto flutuar em uma espécie de
tú nel, tento me mover, mas nã o consigo, forço meus olhos a abrirem e
nada. Isso está me agoniando.
Mas esta presença me conforta, nã o sei explicar, é uma presença
familiar que sinto constantemente ao meu redor e agora está mais forte,
um calor irradiando onde toca, como se estivesse me puxando de volta
para o seu mundo, sua voz ficando mais clara, audível.
— Oi minha Bela adormecida, como você está hoje? — Parece estar
cansado, sua voz está rouca como se tivesse chorado. — Amor, sei que
está descansando, mas já tem três dias que você está assim, e eu preciso te
ouvir, ver seus olhos, saudades das suas provocações. — Sinto sua caricia.
— Volta pra mim, por favor.
Sinto seu toque suave em minha barriga...
— Oi meu amorzinho é o papai de novo. — Ouço o barulho de um
riso baixo. — Convence a sua mamãe a voltar logo.
Mamã e?
— Nosso bebê está bem, amor. Estou cuidando de vocês.
Nosso bebê?
Meu filho.
Ele segura minha mã o ao dizer e tento apertar sua mã o, dizer que
estou bem, estou ouvindo... Me concentro, me esforço e tento de novo
corresponder ao seu toque.
— Sara? Você está me ouvindo, amor? — Sua voz é baixa, mas
urgente, ansiosa. — Mexe os dedos de novo se está me ouvindo...
Consegue?
Sua voz chegava a mim com perfeiçã o, seu toque em minha pele é
um bá lsamo e me concentro para fazer mais do que me pediu, tento
novamente abrir os olhos, faço um esforço descomunal e consigo, mas
nã o vejo nada, minha visã o está completamente desfocada, fecho
novamente, pisco lentamente algumas vezes e um sorriso vai criando
forma na frente dos meus olhos.
— Meu Deus, você voltou pra mim.
Seus olhos estã o marejados e fundos, sua expressã o está cansada,
como se nã o dormisse a dias, mas ele sorri segurando minha mã o. E esse
sorriso mexe com tudo dentro de mim.
— Você está sentindo alguma coisa, está bem, amor?
Aceno devagar com a cabeça.
— Wladimir. — Me esforço a dizer seu nome, minha voz fraca,
baixa.
— Sim amor, sou eu. — Beija minha testa, minha bochecha, meus
lá bios. — Vou chamar o médico, ok? — Aceno. — Já volto.
Instantaneamente sinto sua falta quando sai e aos poucos vou me
recordando de tudo que aconteceu, nossa histó ria conturbada, nossa
noite na boate, a ida para casa, eu chorando no meu quarto ouvindo
mú sica e depois quando invadi o seu quarto, o sexo incrível que me
permiti, uma despedida ao amor que eu nã o viveria e que o fiz acreditar
que só o estava usando. Meus olhos ardem, sinto as lá grimas caírem ao
lembrar de quando acordei decidida a ir embora de vez e tudo que
aconteceu a seguir.
Meu Deus, meu filho. Levo minha mã o a minha barriga e Wladimir
volta.
— Meu filho, ele está bem? — pergunto desesperada.
— Ei, está tudo bem com você e o nosso bebê. Eu juro. — Seca as
lá grimas que caem. — O médico já está vindo.
Me sinto aliviada com suas palavras e me permito admirá -lo, senti-
lo, ele está diferente, quanto tempo fique desacordada? Apesar da
aparência cansada, continua lindo, mas nã o é só isso, tem um brilho no
olhar, uma chama, o sorriso que me direciona é como se eu fosse o seu
mundo.
Está diferente.
O médico chega e confere meus sinais, faz uma checagem rá pida,
algumas perguntas simples e sorri ao dizer.
— Oi Sara, sou o Dr Karev. Você teve sorte, hein? — diz
gentilmente. — Os sinais vitais estã o normais, nã o houve nenhuma
complicaçã o e o bebê está perfeito. Vamos te manter aqui só mais uma
noite em observaçã o e se tudo correr bem amanhã de manhã poderá ir
para casa. — Olha para Wladimir. — Seu marido está ansioso por isso.
Você tem um grande homem ao seu lado, Sara, ele nã o saiu daqui um dia
sequer.
Meu marido? Olho para Wladimir que só sorri em resposta.
— Ok, vou deixá -los, qualquer coisa pode me chamar.
Balanço a cabeça lentamente ao concordar, feliz com o que o
doutor informou, mas me sinto cansada.
— Vitor e Lia vieram aqui todos os dias te visitar, a Beth veio
ontem, por conta das crianças, Marie e Josh também vieram e Max nã o
pode vir, mas ligou para saber de você. — Vejo que fecha a cara.
— O que foi?
— O tal Adam também veio, mas ó bvio que aquele moleque eu nã o
deixei entrar.
Estou vendo que não está tão diferente assim — penso mas nã o
externo isso.
— E como está a minha irmã ?
— Ela está bem, amor. Nã o sabe o que aconteceu, preferi nã o dizer.
A Moranguinho é tã o pequena ainda e já perdeu os pais, nã o sei como
iria reagir ao descobrir que você tinha sido atropelada e estava no
hospital.
Realmente foi melhor assim.
— Obrigada, Wladimir.
— Nã o precisa agradecer, princesa. — Segura minha mã o e seu
olhar muda. — Foi tã o difícil te ver assim, — aperta os olhos — nunca
mais me dê um susto desses.
— Desculpa, sei que é velho demais para essas coisas.
Sorri com a provocaçã o.
— Porra, como eu senti falta disso.
Acaricia meu rosto com tanta ternura e aproxima sua boca da
minha me dando um selinho demorado, quando se afasta minimamente
diz no tom de promessa que amo.
— Mas nã o pense você que nã o vou te castigar por essa falta de
respeito comigo. — Morde levemente meu lá bio inferior. — Vou acabar
com você, Ninfeta.
— Minha ansiedade tem ansiedade, Wlad. — Mordo os lá bios e ele
ri.
— Aguarde, minha linda, prometo que nã o vai se arrepender.
— Só nã o demore, você sabe como amo ser castigada por você.
O ar está pesado entre nó s dois, uma tensã o sexual explode por
nossos poros.
— É tã o bom ter a minha safada de volta. — Coloca o meu cabelo
atrá s da minha orelha.
O encaro em silêncio, porque nã o sei dizer o que vou fazer, eu
estava indo embora quando tudo aconteceu, mas é fato que alguma coisa
mudou.
— Amor, eu sei que precisamos conversar, mas por favor, me dê
uma chance de te mostrar que me arrependi, de conquistar o seu
perdã o. — Nã o respondo porque as palavras ainda sã o um campo
perigoso. — Eu tive tanto medo de te perder, Sara.
Acaricio minha barriga imaginando a possibilidade de criamos
nosso bebê juntos, como uma família. Sinto sua mã o pousar suavemente
em cima da minha e sem mais nenhuma palavra ficamos assim, e a
forma como meu coraçã o bate acelerado é denunciada pelo monitor,
Wladimir sorri ao perceber, sabendo exatamente o motivo.
— Eu também, amor. — Ele beija minha mã o. — Eu também.
Capítulo 46

Estaciono o carro nos fundos da boate, hoje minha vinda aqui nada
tem a ver com a minha funçã o de CEO, e sim para findar algo que
queimou em meu interior durante os ú ltimos malditos dias em que vi
minha mulher naquela cama de hospital, todo o medo que senti de
perdê-la, perder o meu filho, a sensaçã o de impotência... Mas hoje o
desgraçado vai pagar por tudo.
Sara saiu do hospital hoje de manhã , passei o dia cuidando dela,
fazendo suas vontades e a deixei dormindo antes de sair.
Abro o porta-malas do carro e pego a maleta com tudo que vou
precisar, acesso a entrada de serviço da boate e sigo para a sala escura.
Minha fú ria havia amenizado pelo dia que passei com a minha mulher,
sua luz me preencheu em cada momento, mas agora sinto que a
escuridã o ainda estava aqui com toda a sua ira, só aguardando o
momento certo de se mostrar e agora sou puro ó dio.
Entro na sala e vejo o desgraçado amarrado em uma cadeira, pã o e
á gua, foi a ú nica coisa que permiti dar para ele, uma vez ao dia, só o
suficiente para nã o morrer antes do que planejei. Duas figuras chamam
minha atençã o e me espanto, nã o por ver Max ali, mas por quem está ao
seu lado.
— Boa noite, Wladimir.
Sua voz fria demonstra o quanto está puto.
— O que você faz aqui?
— Vim te impedir de fazer uma grande merda.
— Me impedir? — Sorrio sem humor. — Vincenzo, você nã o tem
nada a ver com isso.
— Tem a ver comigo quando suas atitudes impensadas
respingarem nos meus negó cios, na minha família. — Seu tom é
controlado, mas o conheço bem. — Eu te disse que resolveríamos isso
do meu jeito, Wladimir, mas você parece ignorar meus conselhos,
entretanto se esquece que eu conheço bem os russos e garanto que você
nã o faz ideia com quem está lidando.
Olho para o filho da puta do meu amigo que passou por cima da
minha ordem.
— Vamos conversar em outro lugar? — digo seco.
Os dois acenam e me seguem até ao meu escritó rio, assim que
entramos nos sirvo do meu Mallacan e pergunto ao Max.
— Posso saber por que você ligou para ele?
— Wladimir, eu nã o poderia permitir que destruísse a sua vida
desta forma. — Ele dá dois passos à frente. — Porra, você nã o está
pensando direito, esse verme desgraçado é filho do Capo da Rú ssia.
O homem ao seu lado só nos encara calado.
Estamos tã o agitados que nenhum dos três se senta.
— Eu também quero matá -lo meu amigo, mas isso nos mataria no
processo. Pense na Sara, no bebê de vocês, porra, ainda tem o Vitor, a
irmã dela. — Sua voz está alterada. — Tem ideia do quanto essa sua
atitude implicaria?
Sei que estou sendo movido por minha sede de vingança e talvez
nã o esteja pensando direito, mas caralho, quem nã o faria o mesmo que
eu? Olho para Max, depois para Vincenzo e me aproximo deles, o sangue
pulsando em minha têmpora.
— Esse maldito quase matou a Sara. Ele perseguiu e atropelou a
minha mulher grávida. — Cerro os punhos ao lembrar. — Vocês acham
que eu conseguiria deixar isso passar?
— Eu te entendo. — O capo da Itá lia responde. — Mas trancá -lo
em uma sala escura e espancá -lo até a morte apesar de muito tentador,
nã o é inteligente.
— Se eu conseguir infringir a ele pelo menos a metade da dor que
senti, serei um burro muito satisfeito.
— E depois? — questiona com as mã os no bolso. — Vai conseguir
lidar com as consequências disso? Você nã o faz ideia do que é uma
guerra com a má fia, meu amigo.
Fico em silêncio, absorvendo o que me diz, sei que meus olhos
denunciam minha intençã o que nã o mudou, minha falta de controle é
visível.
— Se fosse com a sua mulher, Vincenzo?
Sei que mexer com qualquer um dentro da má fia é um ato de
traiçã o e a retaliaçã o é certa, mas tentar algo contra alguém com tal
importâ ncia na vida de um Capo é sentença de morte.
— Wladimir, se fosse com a minha mulher eu pensaria no que é
melhor para ela, para o meu filho e nã o para mim. — Sua voz é firme. —
Sara precisa de você, sua família precisa e morto você nã o vai conseguir
protegê-los.
Porra.
Penso em retrucar, mas o que posso dizer? Ele tem razã o.
— Qual é a sua ideia, Vincenzo?
O desejo de vingança borbulha dentro de mim de uma forma
insuportável, pensar em desistir de matar com as minhas pró prias mã os
esse desgraçado me corró i, contudo, suas palavras me atingiram.
— Você lembra quando te falei ao telefone que eu tinha dois
associados que me deviam favores e de contrapartida Boris Petrov devia
favores a eles? — Aceno que sim. — Pois bem, descobri com esses
associados que Boris nã o fazia ideia da vinda do filho para Las Vegas, era
para o moleque estar em um treinamento, mas o tio o ajudou a burlar as
coisas e deu essa merda toda.
Sinto que tem mais...
— E?
— E além da mentira que contaram para o capo, Boris repudia
qualquer tipo de violência a mulher, algo muito pessoal, do seu passado,
mas a situaçã o é que usaremos isso ao nosso favor. Temos tudo que
precisamos, Wladimir.
— E o que sugere que eu faça?
— Eu consegui marcar uma reuniã o com o Capo da Rú ssia e vamos
apresentar provas do que eles fizeram. Só preciso que separe o vídeo do
dia da apresentaçã o da sua mulher.
— E se esse tal de Boris passar a mã o na cabeça do filho?
— Por tudo que descobri, nã o vai.
— Desculpa Vincenzo, sei que está só me ajudando, mas nã o sei se
consigo confiar em promessa de quem nã o conheço.
— Você confia em mim?
— Claro que sim.
— Entã o é o que importa — diz com frieza. — Eu me certifico que
ele cumpra tudo que vamos conversar.
— Ok, como eu disse, confio em você. E para quando é a reuniã o?
— Ele deve estar chegando em uma hora.
Completamente surpreso encaro os dois homens a minha frente.
— Você sabia disso? — pergunto para Max.
— Sabia sim, Wladimir.
— E você, como sabia que eu iria aceitar? — indago ao capo
italiano.
— Foi só um palpite. — Sorri arrogante, como quem diz que
sempre sabe de tudo.
Nã o estou satisfeito. Só de pensar que Andrei vai continuar vivo
depois de hoje me deixa doente, mas tudo que busco é o bem-estar da
minha família e preciso admitir que Max tomou a melhor decisã o em
ligar para Vincenzo.

Uma hora mais tarde

Estamos há 20 minutos com nossos copos de whisky nas mã os em


uma sala de reuniã o aguardando a chegada do capo russo. Vincenzo
tomou a liberdade de marcar esta conversa em um hotel luxuoso no qual
Boris só ficou sabendo o endereço ao chegar em Las Vegas.
Cuidados necessá rios para alguém da sua posiçã o.
O ambiente é pesado, nã o sei se pelo assunto que iremos tratar ou
se eu que estou sombrio, mas a imagem de Sara no chã o, no hospital e
seus olhos apavorados ao passar em nossa rua no retorno para casa
ainda estã o muito vivas dentro de mim.
Deixei Max no carro com o maldito moleque e isso ainda está me
incomodando, preciso me controlar, este encontro será delicado e eu nã o
posso arruinar com tudo.
— Respira, Wladimir, tudo vai se resolver hoje, nã o da forma como
planejou, mas ainda sim é uma soluçã o.
Antes que eu pudesse responder um homem alto, forte e com uma
barba espessa adentra a sala de reuniã o acompanhado de dois homens
de Vincenzo que ficaram responsáveis por trazer Boris para onde
estávamos e quatro seguranças do pró prio capo russo.
— Boris, boa noite. — Vincenzo é o primeiro a cumprimentar. —
Agradeço a disponibilidade por vir até aqui.
— Fui informado que vocês tinham algo sobre meu filho. — Sua
voz é tã o gélida quanto seu olhar. — Espero que seja algo realmente
importante.
— Nã o marcaria esta reuniã o se nã o fosse. — Vincenzo se impõ e.
— Assim como você, também nã o tenho tempo disponível para perder.
O capo russo só acena e se senta.
— Boris, este é Wladimir e o motivo da nossa reuniã o está todo
ligado a ele. — O russo me encara altivo e sustento o seu olhar. — Antes
que qualquer palavra seja dita, temos um vídeo que deve ser assistido
com atençã o, assim você vai compreender melhor a gravidade da
situaçã o.
Me levanto sem dizer uma palavra sequer e dou play na gravaçã o.
As cenas começam a desenrolar e percebo inicialmente as feiçõ es
de confusã o no rosto do russo, ele me olha e em seguida questiona.
— Ainda nã o consigo entender o que esse vídeo tem a ver comigo
ou minha família.
— Boris, olhe com atençã o, a nitidez nã o está favorável por conta
dos jogos de luzes deste ambiente da boate, mas tenho certeza de que se
prestar atençã o vai compreender tudo. — Apesar do homem ter olhado
para mim ao falar é Vincenzo que responde.
Noto quando Boris franze a testa e aperta os olhos, como se
forçasse a visã o ou tentasse reconhecer, até porque os rostos nã o estã o
nítidos nas filmagens, mas seu filho está com as tatuagens em seus
braços expostas, e sempre reconhecemos os nossos pelo porte físico e
outros traços. Vejo o exato momento em que ele reconhece seu filho e
irmã o, sua expressã o se transforma em algo mesclado como decepçã o e
desprezo.
O homem continua assistindo calado, entã o Andrei passa sua mã o
nojenta na perna de Sara e vejo Boris se esticar feito galo de briga, logo
minha mulher o xinga e se vira para abandonar seu show, e é neste
momento que o homem vê o seu filho pular em cima do palco e agarrar
Sara por trá s, a derrubando no chã o em seguida mantendo seu corpo
por cima do dela.
Cerro meus punhos, ainda nã o tinha assistido esta merda.
Boris trinca seu maxilar quando assiste Sara lutando contra a
violência de Andrei enquanto seu irmã o ri, debocha da situaçã o e por
mais que nã o tenha tocado um dedo sequer nela, Serguei a desrespeitou
tanto quanto, com a forma que se referiu a ela e por nã o ter feito nada
para impedir seu sobrinho de cometer tal atrocidade. O homem desvia
seu olhar para mim por alguns segundos quando me vê entrando furioso
no salã o, desferindo vá rios socos contra seu filho enquanto Max tem seu
irmã o imobilizado.
O vídeo termina, mas ninguém fala nada, Boris está com suas mã os
a frente dos seus olhos os apertando e vejo o exato momento em que o
mú sculo da sua mandíbula se contrai.
— Meu pró prio sangue fazendo algo tã o monstruoso, nã o consigo
acreditar.
Sussurra mais para si do que para o restante de nó s na sala.
Convivendo com Vincenzo Falcone aprendi que mafiosos tem seu
pró prio có digo de honra, principalmente no que se refere a família, seja
ela de sangue ou a pró pria má fia, e por mais que eles matem ou até
mesmo torturem alguém, existem atos que eles repudiam. Claro, nem
todo mafioso pensa desta forma, também existe crá pulas entre eles,
Andrei e Serguei sã o a prova disso.
— Antes de mais nada quero deixar claro o meu repú dio a este
comportamento do meu filho. — Respira fundo, cheio de desprezo. —
Eu tive alguém muito importante em minha vida traficado. — Seu
semblante agora é triste, ele fala como se estivesse distante. — O que
minha irmã sofreu nas mã os daqueles animais... Mas eu cacei um por
um, fiz todos eles pagarem com requinte de crueldade e prometi para
mim mesmo que nenhum tipo de abuso seria perdoado sob o meu
comando.
Suas palavras sã o visivelmente sinceras, sua dor é pungente.
Nunca imaginei que um homem em sua posiçã o, com o seu poder,
carregasse algo tã o devastador em sua histó ria, tudo bem que isso foi
antes dele se tornar quem é, mas nunca passaria pela minha cabeça.
Porém acho que isso o tornou ainda mais perigoso.
— Ver meu pró prio filho agir da mesma forma que aqueles
malditos fizeram com minha irmã ... — Cerra a mã o em punho e bate na
mesa. — É inaceitável.
— Boris a forma como ele agiu e depois a perseguiu nã o parece ser
algo do acaso, isso parece ser um ato recorrente. — Sinceramente nã o
acho que a Sara seja a primeira mulher que eles fazem algo assim. —
Talvez ele se apegue a força do seu nome e por isso tenha a certeza da
impunidade. Lembro do seu irmã o me ameaçar dizendo que eu nã o
sabia com quem estava mexendo, mas na verdade eles que estavam
desrespeitando a mim, a minha boate, mas principalmente a minha
mulher.
— Wladimir peço desculpa em nome da minha família para você,
sua mulher e sua família. — Percebo que aqui falando neste momento é
um pouco do capo e um pouco do pai decepcionado. — Te dou a minha
palavra que nenhum deles nunca mais será um problema para vocês e
meu filho enfrentará as consequências dos seus atos, assim como meu
irmã o.
Vincenzo observa tudo calado.
— Me permite saber o que vai acontecer com eles?
Preciso saber.
— Andrei voltará para a Rú ssia comigo, mas nã o como um
príncipe, ele perderá todos os seus privilégios... O nome, poder, a
proteçã o. Viverá o resto dos seus dias isolado da sociedade, sem direitos,
prisioneiro em sua pró pria casa. — Como pai sinto a sua dor, mas como
homem admiro seu senso de justiça. — Nã o matarei meu filho, mas
viverá com a vergonha de ser um pá ria entre os nossos e te garanto que
isso é pior que a morte.
Sei que o que me fala é verdade.
Para um homem criado no mundo da má fia, ser privado de poder e
respeito é de fato o equivalente a uma morte lenta.
— E seu irmã o?
— Com ele serei mais severo. Nã o entendo como pode apoiar algo
assim, sabendo tudo que Irina passou. — Suspira pesado. — Mas por ter
permitido, considero isso como uma traiçã o imperdoável. Ele será
executado e nã o terá direito a funeral, nem aos ritos da família. Serguei
será apagado da nossa histó ria.
O homem se levanta e aquela imponência de quando chegou está
completamente abalada, entã o faço uma ú ltima pergunta.
— Boris sei que está me dando a sua palavra sobre seu filho e nã o
duvido, vejo que tem honra, mas creio que entenda a minha pergunta,
afinal, nã o sei como vai conseguir controlar seus passos. — Ele fica em
silêncio entã o prossigo. — Como pode me garantir que Andrei nã o vai
voltar?
— Tenho meus meios Wladimir. — Um brilho mortal perpassa os
seus olhos. — E se ele ousar me desobedecer, coisa que nã o vai, será
caçado e morto como qualquer outro inimigo. Eu mesmo darei a ordem.
— Obrigado Boris e como pai digo sinceramente que sinto muito
por você.
Estendo minha mã o e o capo russo aceita em um aperto firme.
— Entã o agora eu creio que terminamos? — Aceno em
concordâ ncia. — E onde está meu filho?
— Christopher vai te levar até ele. — Olho para um dos meus
seguranças e dou a ordem.
Boris nos direciona um ú ltimo olhar e sai, logo pego meu celular e
digito uma mensagem para meu chefe de segurança.

Wladimir: Max, Boris está descendo, retira o moleque do porta-


malas e o entrega para o pai.

A voz do homem ao meu lado chama a minha atençã o.


— Como está se sentindo, Wladimir?
— Sinto que foi feito o que era possível.
Sou o mais sincero que posso.
Seria hipocrisia da minha parte se eu dissesse que estou
plenamente satisfeito, eu queria aquele infeliz executado junto com o
seu tio, mas aceito essa justiça invisível.
— Sim, meu amigo, mas sinta-se vingado, como Boris bem disse
para nó s nascidos no berço da má fia a puniçã o de desonra e exílio é
pesada, e muito pior que a morte.
Aceno, porque eu realmente acredito nisso.
— Muito obrigado, Vincenzo.
— Nada, Wladimir.
Falamos sobre a boate da Itá lia. Ele me diz como andam as coisas e
digo que vou tentar viajar para ver tudo de perto, mas ele me garante
que Matteo, o nosso gerente está dando conta de tudo.
— E você, vai ficar um tempo em Las Vegas?
— Nã o, volto hoje mesmo para a Itá lia. Tenho que resolver
algumas pendências pessoais, meu pai continua pegando no meu pé
como se eu fosse a porra de um adolescente.
Dominic Falcone comandou a má fia com mã o de ferro durante
anos e mesmo depois de passar o poder para o seu primogênito nã o
deixa nada correr solto. Vincenzo me contou que seu pai anda
pressionando, dizendo que ele precisa se casar e providenciar um
herdeiro.
— Você sempre arranja uma saída para tudo, acredito que nã o será
diferente.
Ele ri sem humor.
— É mais fá cil comandar um exército, liderar a porra de uma
guerra do que confrontar meu pai, Wladimir. — Estende sua mã o e eu a
aperto imediatamente. — Mas nã o adianta ficar adiando, vou resolver
logo isso. Até breve.
— Até logo e boa viagem.
Saio do hotel com a sensaçã o de dever cumprido, afinal
conseguimos a tal justiça sem guerra. Sei que nã o por minha vontade,
mas entendi e aceitei que era o certo a se fazer.
Agora tudo que eu quero é seguir em frente com a mulher que amo
e nossa família.
Capítulo 47

É tã o bom estar em casa.


Estou sentada na espreguiçadeira em frente a piscina, tem uma
semana que saí do hospital e Wladimir ficou um porre de tã o protetor
esses dias, nã o me deixando fazer nada e eu odeio me sentir ociosa.
— Senhorita, o senhor Novak pediu para trazer essa vitamina à s
10h.
Reviro os olhos, o homem mesmo fora de casa controla meus
horá rios.
— Obrigada, Marie e só Sara, por favor.
— Ok, Sara. — Ela sorri. — Se precisar de algo é só chamar.
— Obrigada. — Lembro que hoje minha irmã vem. — Marie, você
poderia fazer alguma sobremesa de morango?
— Já estou fazendo. — Seu sorriso amplia. — O senhor Novak
disse que a Moranguinho vem hoje.
— Sim. Estou morrendo de saudades da minha sapequinha.
Agradeço e ela se retira. Aqui todos sã o apaixonados por Liz e
como esta semana foi muito complicada com tudo que aconteceu,
Wladimir preferiu deixar minha irmã com Beth, mas eu odeio essa
inconsistência em nossa rotina. Queria ela comigo sempre e espero
poder dar isso a ela a partir de agora, com a decisã o que tomei.
— Maninhaaaaaaa.
Um mini furacã o atravessa a porta dupla da cozinha acessando a
á rea externa que estou e quase pula em cima de mim, quando duas mã os
grandes a seguram e a giram no ar.
— Moranguinho o que conversamos?
— Desculpa, titio Wadimir. — Abaixa a cabeça cabisbaixa. —
Esqueci por causa da saudade.
— Nã o precisa ficar triste, amor, nã o estou brigando. —
Carinhosamente ele beija o rosto de Liz. — Eu entendo a saudade que
sentiu, mas vamos ter cuidado com ela, tá?
Minha pequena acena e ele a coloca no chã o.
— Maninha, o titio Wadimir disse que tem um bebê dentro da sua
barriga.
— Sim, meu amor. Você vai me ajudar a cuidar dele?
— Sim, ele vai ser meu maninho.
Meus olhos marejam e aceno para ela. Sei que minha irmã nã o
sente falta do amor de pai e mã e, nó s damos isso a ela, mas sei que ela
sente falta de usar o status da palavra.
— Sim, meu amor, afinal eu sou a sua mamã e, né?
Seus olhos brilham.
— Sim, sim. — Ela olha para o Wladimir e a conheço, sei o que
quer falar, ele também sabe, entã o se senta e a coloca em seu colo.
Mas ela muda de assunto e sem perder tempo me chama como
sempre quis. E nã o é que antes eu a proibia, nunca fiz isso, mas deixava
claro quem eu era para ela pois minha mã e foi uma mulher incrível e eu
queria que Liz criasse esse vínculo materno com a memó ria de Shelly
Smith. Hoje sei que nã o corro o risco dela nã o saber quem nossa mã e foi.
— Mamã e, quem é o papai da minha maninha?
Sim, teremos uma menina, dois dias depois que sai do hospital
fomos fazer uma consulta com a minha obstetra e conseguimos ver o
sexo da nossa pequena Mia.
— Sou eu, meu amor.
Wladimir responde e Liz o encara confusa. Ela nã o sabe do nosso
estranho relacionamento.
— Vocês sã o namolados?
Antes que eu consiga explicar para ela que nã o, mas que é
complicado para uma criança entender, ele responde.
— Sim, Moranguinho.
Liz sai do colo do Wladimir, se senta na beira da espreguiçadeira e
o encara séria.
— Hum, e quais sã o as suas intençõ es com a minha mamã e, titio
Wadimir?
Nó s dois gargalhamos.
De onde essa menina tira essas coisas?
Mas ao olharmos para ela, a pequena está com um ar sério e de
braços cruzados, como quem diz: Estou aguardando.
Ele se levanta, pigarreia e se ajoelha de frente para mim e para ela.
— Moranguinho eu nã o sei explicar quando aconteceu, mas a sua
mamã e se tornou o meu mundo. Ela é o meu primeiro pensamento ao
acordar e o ú ltimo antes de dormir, vê-la assim que abro os olhos é a
minha certeza de que terei um bom dia e mesmo que haja problemas a
certeza de que a tenho me aguardando em casa é a minha força para
lidar com qualquer coisa que possa surgir. — Ele me olha e vê que estou
chorando. — Amor, sei que fui um tremendo idiota com você... — Liz o
interrompe e sussurra em seu ouvido, mas eu escuto.
— Titio nã o fala palavra feia, a mamã e vai te colocar de castigo.
— Desculpa, meu amor. — Wlad volta a me olhar segurando as
minhas mã os. — Sei que fui um bobã o com você, — olha para nossa
pequena que faz um joinha com a mã o me arrancando uma risada — e
vou viver cada dia para conquistar o seu perdã o, para te fazer feliz,
viverei por esta família linda que estamos construindo. Você aceita
namorar comigo, amor?
Sou só lá grimas e sorrisos. Quando penso em responder Liz chama
a nossa atençã o batendo palminhas e ele volta sua atençã o para ela.
— Essas sã o as minhas intençõ es com a sua mamã e, Moranguinho,
viver por ela e para ela. — Liz funga sorrindo. — E também tenho algo
que quero pedir a você e seria uma honra para mim se você aceitasse.
Ela o olha confusa, seu rostinho vai para o lado ao franzir a testa.
— Você permite que eu seja o seu papai do coraçã o, Moranguinho?
Primeiro Liz arregala os olhos e em seguida ela tampa o rostinho
caindo em um choro compulsivo, nó s olhamos preocupados e Wladimir
a pega no colo.
— Oh meu amor, nã o chora, se você nã o quer, tudo bem, continuo
sendo o seu titio.
— Nã - nã o é isso. — As palavras saem entrecortadas pelo soluço.
— E-eu quero muito. Mu-muito mesmo.
— Entã o por que você está chorando assim?
— Porque eu tô muito feliz, papai.
E ouvi-la chamar o Wlad assim e ver os olhos dele marejados
enche o meu coraçã o de certeza e gratidã o.
— Eu te amo tanto, Moranguinho.
— Eu também, papaizinho, amo muito. — Ela o abraça forte. — E
nó s aceitamos o seu pedido.
Sorrio.
— Pensei que eu deveria responder a parte do meu pedido?
— Ah mamã e, todo mundo sabe que você vai aceitar.
— Ah é?
Ela acena, cheia de si.
— Sim, essa carinha de bobinha com os olhinhos assim de
peixinho que você olha pro meu papai diz tudo.
— Você me olha desse jeito, amor? — pergunta provocativo.
— Nunca te olhei assim.
Digo dando graças a Deus por nã o passar por um detector de
mentiras, meu coraçã o bate por esse homem.
— Olha lá , papai, é esse o olhar.
Wladimir gargalha e nos abraça, beijando meu rosto e a cabeça de
Liz.
— Eu aceito, amor.
Respondo dentro dos seus braços e quando me encara vejo o
brilho intenso que tem no fundo dos seus olhos, nunca o chamei assim.
— Eu também nã o sei quando aconteceu, afinal como alguém se
apaixona por um velho tã o ranzinza?
Implico e ele me olha como quem diz: Mais tarde te mostro o velho
ranzinza.
— Eu amo você, Sara.
— Eu também te amo muito, meu Mingau de aveia.
Wladimir ri alto.
Ultimamente ele tem feito muito isso e me sinto feliz que seus
sorrisos sejam direcionados a mim e a nossa família. Lembro do dia em
que ouviu Lia se referir assim a ele e quando expliquei o significado
achou ridículo, mas nã o teve outro caminho a nã o ser se acostumar.
— E eu? — Uma mini querida emburrada declara seu ciú me.
— Nó s também amamos você, Pequena.
A abraçamos e beijamos um de cada lado do seu rosto.
Wladimir chama Liz para colocarem roupa de banho e quando
voltam Marie traz um lanche, logo Vitor chega e se junta a gente.
— Opa, cheguei na hora certa. — Meu amigo mete a mã o em um
mini sanduiche o jogando todo dentro da boca, beija minha barriga e me
abraça com a intimidade de sempre. — Nunca imaginei te ver grávida,
Cupcake. Tá linda demais.
— Na verdade meu filho, ela é linda de qualquer jeito. — Wladimir
se aproxima sorrindo. — Mas será que você pode por gentileza soltar a
minha mulher?
Reviro os olhos.
— Ah Coroa, só um conselho, é melhor aceitar a minha intimidade
com a Cupcake ou vai infartar cedo.
Rio e balanço a cabeça porque sei que agora é só provocaçã o dos
dois, Wladimir nã o tem mais ciú mes do Vitor, ele entendeu que somos
muito mais que amigos e respeita a nossa amizade.
Passamos o resto do dia assim, na piscina, conversando, Wlad e
Vitor brincam de tubarã o com a Liz que dá altas gargalhadas, enquanto
eu os admiro agradecendo por tê-los em minha vida. Entã o vejo Vitor vir
em minha direçã o e se senta ao meu lado.
— Quem diria que você se apaixonaria pelo velho do pau murcho e
se tornaria a minha madrasta, hein?
Rimos juntos da sua fala idiota.
— Pau murcho é algo que o seu pai literalmente nã o tem.
— Porra, eu nã o quero saber disso. — Vitor faz cara de nojo me
arrancando uma risada.
— Entã o nã o comece o assunto. — provoco.
— Você o faz feliz, nunca vi meu pai assim, Cupcake, — Vitor olha
para o pai que sorri brincando com Liz — e me sinto grato, porque vejo
que ele também te faz feliz.
— Muito, Vi, tenho até medo disso.
Meu amigo me olha com tanto carinho e sorri.
— Nã o tenha, vocês dois já passaram por tantas coisas, Sara. Vocês
merecem toda essa felicidade, meu amor.
— Vi, acho que nunca vou conseguir agradecer o suficiente tudo
que fez por mim.
— E nem precisa, sempre estarei aqui pra você. — ele olha para a
direçã o da piscina novamente, Wlad está nadando com Liz pendurada na
suas costas e volta sua atençã o para mim, acariciando a minha barriga
— Sempre estarei aqui pra vocês.
Abraço meu amigo e seguimos conversando assuntos aleató rios.
A noite chega e hoje Wladimir resolveu ficar em casa, Vitor que
ficará responsável pela boate. Subimos depois de jantar, colocamos a
pequena para escovar os dentes, visto seu pijama do Olaf e nos deitamos
com ela em sua cama, Wlad pronto para contar uma histó ria.
— Mamã e?
— Oi, meu amor.
— Como que o bebê entrou na sua barriga? — Wladimir se
engasga com a saliva, tossindo intensamente.
— Ah, minha princesa foi... — Wladimir me interrompe.
— Foi um remedinho, Moranguinho.
Olho para ele divertida, essa eu quero ouvir.
— Remedinho?
— Sim, amor.
— Mas a mamã e comprou na farmá cia? — Ela me olha. — Compra
pra mim, mamã e, eu também quero um bebê.
Wladimir fica branco feito uma folha de papel, sua cara é
impagável.
— Nã o, meu amor, nã o é assim. — Ele começa parecendo pensar
no que vai falar. — A cegonha trá s o remedinho para a pessoa escolhida
por ela para se tornar mamã e.
— Entã o eu preciso esperar?
— Sim, Moranguinho, você vai ter que esperar muito, muitos anos
mesmo.
Seguro o riso.
— Entã o, há muito, muito, tempo em um reino distante... — Ele
corta qualquer possibilidade de Liz perguntar mais alguma coisa
iniciando a histó ria.
Minha pequena dorme na metade da histó ria e apó s beijarmos sua
cabecinha saímos do quarto indo para o nosso.
— Meu Deus, essa menina vai encher minha cabeça de cabelos
brancos ainda mais rá pido com essas perguntas — ele resmunga ao
fechar a porta.
— Ser pai velho dá nisso.
— Velho?
Aceno que sim o olhando com luxú ria, afinal eu sei exatamente o
que vem agora.
Capítulo 48

Dou um tapa estalado em sua bunda gostosa.


— Quando você vai aprender a respeitar os mais velhos, Ninfeta?
— Nunca...
— Vai ser um prazer passar a vida te castigando.
— Vou viver por isso, meu Mingau de aveia.
Enlaço sua cintura, seus braços envolvem meu pescoço e beijo sua
boca, sua língua se move junto com a minha em uma sincronia perfeita,
mordo seu lá bio inferior e o chupo logo em seguida, engolindo seus
gemidos abafados. Desço minha boca por seu maxilar, colo e abaixo a
alça do seu vestido capturando seu mamilo que estã o muito maiores por
causa da gravidez.
— Gostosa demais.
— Aaaah, Wlad.
Volto a chupar com fome, louco de tesã o, castigando o outro
mamilo entre meus dedos. A encosto na parede e vou descendo
distribuindo beijos molhados por sua barriga que está absurdamente
linda, chego em sua boceta e inspiro profundamente, porra, eu amo o
cheiro da minha mulher.
— Apoia um pé aqui. — Puxo a cadeira que estava pró ximo. —
Isso, gostosa.
Com um puxã o arrebento a peça minú scula e mergulho de boca
aberta em sua carne macia, chupando, mamando seu grelo inchado e
vou para o seu rabo, enfio minha língua no buraquinho que é minha
perdiçã o e Sara ondula o corpo, gritando de prazer.
Enfio um dedo em seu â nus, entrando e saindo, enlouquecendo
nó s dois e logo meto outro, voltando a chupar seu nervo sensível.
— Porra, Wlad. — suas pernas tremem.
— Segura na cô moda, amor.
Estico minha mã o, abro a gaveta da cô moda que está ao nosso lado
e pego um vibrador, ligo, ajusto a potência e ela geme descontrolada
quando o levo ao seu clitó ris, sem deixar de foder o seu cu com meus
dedos.
— Isso vadia, geme alto. — Aumento as estocadas no seu rabo. —
Porra, que delícia, só consigo imaginar esse cuzinho apertando a minha
rola desse jeito.
— Merda — geme se estremecendo.
Chupo sua boceta ensandecido de tesã o, enfiando minha língua em
seu canal bebendo do seu prazer direto da fonte.
— Caralho, você é deliciosa demais.
A beijo para que sinta o seu gosto, enrolo seu cabelo no meu punho
e ataco o seu pescoço, o mordendo e chupando, amo marcá -la toda.
— Eu espero nã o me arrepender disso — diz manhosa e eu nã o
entendo. — Cacete, muito provavelmente nã o vou conseguir sentar por
dias, talvez nem andar depois de ser invadida por um tronco de á rvore.
Normalmente eu iria rir disso, mas quero tanto comer o cu da
minha mulher, parece que espero por isso a minha vida inteira, que só
consigo a encarar em alerta.
— Você vai dizer o que acho que vai dizer?
Ela ri meio entorpecida do orgasmo, mas nã o sei se da minha frase
ou da minha cara de surpresa versos expectativa.
— Fode meu, cu, Wlad, eu preciso sentir você em todos os lugares.
Porra. Fico congelado por um segundo.
— Se você nã o fizer algo agora, vou desistir.
Nem fodendo.
Em um impulso rasgo seu vestido o jogando no chã o e ela me olha
espantada.
— De quatro, agora.
Ordeno e amo como ela é submissa na cama.
Assim que eu percebi como a minha ninfeta amava um sexo bruto,
como ela é curiosa e gosta de explorar todas as possibilidades de prazer,
comprei um equipamento completo de bondage, com cordas e algemas,
e o instalei em nossa cama.
Algemo seus pulsos, seus calcanhares e meu pau lateja dentro da
cueca só em vê-la assim.
— Você é tã o linda, amor. Consigo gozar só de ficar te olhando. —
Passo meu dedo em sua carne macia, rosada, toda melada do gozo
recente. — Você tinha que conseguir se ver assim.
E uma ideia surge.
Me afasto para pegar alguns acessó rios na mesma cô moda onde
estava o vibrador e também pego nossos celulares e suportes, volto com
tudo que vou precisar os coloco em cima da cama.
Sei que minha mulher está curiosa, mas nã o explico nada.
Pego a mesma cadeira que estávamos usando antes e a posiciono
estrategicamente onde quero, vejo que nã o dá altura, entã o coloco três
dos meus livros, apoio o suporte do meu celular em cima deles com o
aparelho direcionado para a boceta de Sara e aí sim, fica perfeito para o
que quero.
— Ei, o que você está tramando?
— Você já vai ver, Ninfeta. — Dou um tapa em sua bunda. — E
garanto que vai se viciar.
Ligo por chamada de vídeo para ela e encaixo o suporte com o
aparelho dela na cabeceira da cama em frente ao seu rosto e volto a me
posicionar atrá s do seu corpo.
— Wlad, pra quê isso?
Ao invés de explicar com palavras eu demonstro...
Levo meu rosto na direçã o do seu rabo, abro sua bunda e enfio
minha língua com vontade, o beijo como se estivesse em sua boca,
preparando seu buraquinho para receber me pau.
— Cacete, que delícia. — Sara rebola com a bunda na minha cara
ao gemer.
Volto a brincar com suas dobras, dessa vez enfio dois dedos em sua
boceta, meto lentamente enquanto chupo seu rabo.
— A partir de hoje safada, nã o vai existir um buraco seu que meu
pau nã o tenha entrado. — Lambo seu rabo de novo sentindo meu rosto,
minha barba toda molhada dos seus fluidos. — Eu vou te marcar como
minha todos os dias, amor.
— Porra, Wlad, como eu queria de tocar. — Sua voz está rouca. —
Assistir você assim é tã o... — Ela nã o consegue concluir gemendo
prolongado quando meto dois dedos no seu rabo apertado.
— Você sabe como é gostoso ser restringida de alguns sentidos. —
Ela responde um “uhum” entre gemidos ao sentir meus dedos entrando
e saindo do seu buraquinho ainda virgem. — Quero seus olhos no
celular, Ninfeta. Hoje você vai me ver comendo o seu cuzinho.
Pego o plug anal que comprei exatamente para esse dia, porque
um homem pode sonhar e eu tinha esperança de que ela cedesse em
algum momento... O acessó rio tem uma pedra linda, da cor dos olhos da
minha safada, o lubrifico bem, nã o quero que ela sinta nenhum
desconforto. Começo a introduzir em seu cu devagar e Sara resfolega.
— Mas antes de comer o seu rabo, minha vadia, eu vou prepará -lo
pra mim — sussurro e ligo o controle do vibrador do plug.
Sim, escolhi um plug com vibrador remoto, porque além de
preparar o seu cu para mim, ele também vai estimular a parede interna
da vagina da minha mulher e isso a deixara muito mais relaxada para
sua primeira vez.
— Aaaaah Wlad...
Tiro minha roupa e meu pau está duro feito pedra, a cabeça
robusta brilhando com a excitaçã o. Me encaixo em sua entrada e meto.
— Porra. — Fecho os olhos ao gemer, jogando a cabeça para trá s.
— Que boceta gostosa do caralho.
— Ah amor, isso.
— Olha vida, como sua boceta é gulosa. — Estoco de baixo pra
cima. — Olha como ela me engole todo, sua vadia gostosa.
— Wlad... Me fode.
Minha Ninfeta força o quadril de encontro ao meu, desesperada
por mais e eu estoco com força, metendo meu pau até o talo em seu
canal apertado. Me inclino por cima do seu corpo, seguro seu cabelo o
enrolando em meu punho e fodo minha mulher, arregaçando sua
bocetinha toda.
— Amor, eu vou... Ah porra.
Seu corpo estremece todo, ela se contorce e goza.
— Isso cachorra, deixa meu pau todo melado pra enfiar no seu
rabo.
Retiro o plug, sem parar de meter... Admiro o formato que o
pequeno acessó rio deixou em seu cu.
Saio da sua boceta e encaixo a cabeça do meu pau no seu
buraquinho forçando lentamente, sentindo seu cu me engolir aos
poucos, sedento de tesã o trinco os dentes e solto um urro animalesco
quando a glande passa e logo estou todo dentro dela.
— Ai caralho...
A ouço grunhir e fico um tempo parado, esperando que ela se
acostume, e começo mexer aos poucos, torturantemente devagar.
— Está doendo, amor?
— Só ardendo, mas pode foder.
Cacete ouvir esse comando sair de sua boca é a porra de um sonho.
— Caralho, Sara, você nã o tem ideia do quanto desejei ouvir você
dizendo isso. — Enfio até o talo e tiro, repetindo o ato algumas vezes só
para ver seu rabo se abrindo. — Eu vou arregaçar você todinha, amor.
Aumento as estocadas aos poucos, deixando que ela se acostume,
levo minha mã o ao seu grelo, massageando o nervo duro pelo tesã o.
— Aaaah, Wlad, que gostoso.
— Eu disse que você ia gostar. — Enfio o dedo em sua boceta. —
Olha como a minha safada está toda melada.
Pego o vibrador e o posiciono no seu clitó ris, sinto os tremores no
corpo da minha mulher, Sara geme enlouquecida quando aumento o
ritmo das estocadas no seu rabo.
— Nã o quero você gozando agora. Só quando eu permitir.
Ela joga a cabeça para trá s.
— Olha pra porra do celular. — Bato na sua bunda. — Quero você
vendo como esse cuzinho guloso me engole.
— Ah Wlad, porra, eu nã o aguento.
— Aguenta sim, você é uma puta, claro que aguenta.
A desgraçada empurra o cu de encontro a minha pica e eu
literalmente deliro.
— Puta que pariu. — Trinco os dentes.
— Fode, Wlad — ela pede desesperada. — Acaba comigo, porra.
E assim ela destró i o meu autocontrole em segundos.
Tesã o, loucura, luxú ria me dominam por completo neste momento.
— Porra, Sara.
Me inclino novamente por cima do seu corpo e envolvo seus
cabelos de novo no meu punho e o puxo para trá s com firmeza.
— Você que pediu, safada.
Meto alucinado, sentindo seu rabo estrangular o meu pau, seus
fluidos escorrem melando tudo, somos uma mistura descontrolada de
desejo, fú ria e excitaçã o, nossos gemidos saem ensandecidos pela fome
que temos um do outro.
— Ah, seu filho da puta, gostoso. — O corpo da minha mulher
estremece e sinto seu cu piscar. — Eu nã o aguento mais.
— Goza, Ninfeta. Agora — ordeno, tendo o controle total do seu
prazer e o som dos seus gemidos dominam o quarto.
Eu explodo em jatos fortes dentro da sua bunda em seguida, gozo
tanto que minhas pernas ficam fracas. Respiro fundo, ainda metendo,
mesmo depois de gozar além do meu limite meu pau continua duro.
É loucura o que sinto por essa mulher.
Saio do seu â nus minutos depois, sei que minha garota está
cansada, mas antes de soltá -la admiro meu trabalho. Seu rabo está todo
esfolado com meu gozo saindo, escorrendo por suas pernas.
Porra, que visã o perfeita.
A solto e ela desaba de lado na cama, suada e tem lá grimas nos
seus olhos.
— Você é perfeito. — Sua voz sai em um sussurro.
— Perfeita é você, amor. — Beijo seu rosto, seus olhos, sua boca. —
Perfeito é gozar nesse cuzinho apertado e ver minha porra escorrendo.
Pego o celular dela e desligo a chamada.
— De onde você tirou essa ideia?
— Surgiu na hora, queria que você visse meu pau invadido sua
bunda e lembrei que existe a abençoada chamada de vídeo.
Ri da minha fala e seus olhos se fecham. A pego no colo, levo minha
mulher para o banheiro.
— Se apoia em mim, amor — peço ao colocá -la de pé no chã o.
Lavo com carinho cada parte sua, cuidando do meu bem mais
precioso, quando termino seco seu corpo e a deito novamente na cama.
Volto ao banheiro, tomo uma ducha rá pida e quando retorno ela já
dormiu. Limpo os assessó rios os guardo, me deito ao seu lado e acaricio
seu rosto.
— Bom descanso, meu amor e obrigado por fazer de mim um
homem tã o realizado. — Dou um selinho suave em seus lá bios. — Eu
amo você.
— Eu também te amo.
Ela sussurra de olhos fechados e eu a puxo sorrindo feito um bobo,
aconchegando seu corpo ao meu, me sentindo feliz pra caralho por
saber que ela realmente me perdoou.
Capítulo 49

6 meses depois...

Desperto ainda sem abrir os olhos, meio grogue me viro para o


lado da cama procurando o corpo gostoso da minha mulher... Vazio. Abro
os olhos devagar e comprovo que estou sozinho.
— Amor — chamo na esperança de que ela esteja no banheiro.
Sara está na reta final da gestaçã o da nossa princesa e isso tem
feito com que ela precise levantar muitas vezes durante a noite para ir
ao banheiro urinar. Como nã o obtenho resposta me levanto, visto minha
calça e saio do quarto sendo recebido por um aroma delicioso.
Bacon — penso e meu estô mago ronca no mesmo instante.
Antes de descer passo no quarto da minha pequena e Liz também
já nã o está mais dormindo, o que é muito estranho. Minha Moranguinho
nunca acorda cedo aos fins de semana.
Ao chegar na sala o cheiro que vem da cozinha fica ainda mais
irresistível e sigo até o cô modo, sendo arrebatado com a visã o mais
perfeita que existe.
Sara está vestindo minha camisa que normalmente ficaria no meio
das suas coxas, mas como está com a barriga enorme, carregando a
nossa princesinha a peça fica abaixo da sua bunda deliciosa, seus
cabelos estã o presos em um coque frouxo que ficaria comum em
qualquer mulher, mas na minha fica incrivelmente sexy...
Porra, como ela é linda.
Minha respiraçã o falha pelos segundo que passo absorvendo sua
imagem. Ela está descalça, e com fone de ouvido escutando uma mú sica
que nã o faço ideia de qual é, mas o ritmo que seu corpo balança chega a
ser indecente. Fico completamente hipnotizado.
Deveria ser um crime ser tã o gostosa.
Minha garota está tã o concentrada em sua tarefa que nã o vê que
possui um telespectador alucinado por seu pequeno espetá culo. Sara
está batendo ovos, preparando nosso café da manhã e vejo que ao lado
da bancada já tem bacon frito e ovos, me aproximo sorrateiramente,
encosto no balcã o da cozinha acompanhando o rebolado do seu corpo
perfeito e nã o suportando mais manter distâ ncia a abraço por trá s.
— Eu sou um filho da puta de sorte — sussurro em seu ouvido e
Sara inclina a cabeça para trá s apoiando em meu peito e sorri manhosa
quando beijo seu pescoço.
— Bom dia, amor.
— Bom dia, minha linda.
Viro seu corpo de frente para o meu e nossos olhares se
encontram. Seus olhos sã o fascinantes.
Tudo nela me fascina.
Minha boca é puxada para a sua como um imã e a beijo
lentamente, misturando nossos sabores, nossas línguas buscando uma à
outra com necessidade...
— Eu amo tanto você.
O som sai abafado pelo beijo, porque nã o consigo me afastar dela
nem por um minuto, as palavras pulam direto do meu peito que
comprime tamanho é o que eu sinto por esta mulher.
Desço minha mã o por suas costas, chego em sua bunda...
— Sem calcinha.
— Eu durmo sem, você sabe.
— E eu amo isso.
A levanto sem nenhuma dificuldade e a coloco sentada no balcã o
da cozinha, levanto sua camisa, passo minha língua no vale dos seus
seios avantajados e seguro os dois montes com minhas mã os, os unindo,
lambendo um de cada vez a ouvindo gemer quando fecho minha boca ao
redor do mamilo, chupando loucamente, cheio de tesã o e infiltro meus
dedos em sua boceta.
Tã o melada. Puta que pariu.
— Só vou te perdoar por ter saído da cama antes que eu acordasse
me privando da minha refeiçã o matinal predileta, porque agora você nã o
vai escapar...
Abro suas pernas e admiro por alguns segundos suas dobras
rosadas, brilhando de excitaçã o, abaixo o meu rosto e arrasto meu nariz
por sua vulva, me embriagando do seu cheiro e Sara tenciona o corpo,
gemendo.
— Sou viciado no seu cheiro, amor. — Passo minha língua em toda
sua carne. — Sou louco por você.
E a ouço gritar quando abocanho seu nervo sensível, sentindo seu
sabor impregnar no meu paladar. Minha garota se abre mais quando
começo a fazer movimento circulares com a minha língua em seu grelo e
a invado com meus dedos incansáveis.
— Ah amor, isso.
Mantenho a tortura em seu clitó ris em um ritmo só nosso, entã o
seu corpo enrijece e minha mulher se desmancha em minha boca.
Agora sim meu dia começou.
Sara ainda está aérea pelo orgasmo e o cheiro de queimado toma o
ambiente.
— Merda.
Rapidamente a desço da bancada e vejo o desastre quando ela abre
o forno.
— Olha o que você fez. — Bate em meu braço meio reclamando,
meio choramingando.
— Eu? — Sorrio da sua expressã o. — Nã o lembro de te ouvir me
mandando parar.
Ela solta um muxoxo audível e a abraço por trá s quando ela coloca
o tabuleiro com um bolo completamente queimado.
Percebo que ela realmente ficou triste.
— Ei, está tudo bem. Ovos, bacon e panquecas estã o ó timos para o
café da manhã . — Sara acena e beijo seu rosto. — Seu gosto está todo na
minha boca, gostosa.
A beijo para que sinta.
— Tenho que te recompensar pelo orgasmo incrível.
— Você vai, mais tarde. — A beijo um pouco mais rá pido desta vez.
— Agora vou pô r a mesa para o nosso café.
Pego as xicaras, talheres e tudo que preciso, arrumo a mesa só
para nó s dois e me lembro de perguntar por Vitor e Liz. Meu Deus,
esqueci completamente de perguntar por eles, mas se estivessem na
casa Sara teria avisado.
— Sara, onde estã o Vitor e Liz? — falo um pouco mais alto ao
perguntar, pois estamos em cô modos diferente.
— Ela tinha uma consulta de rotina hoje e pedi Vitor para levá -la e
depois deixá -la na casa de Beth para brincar com Carol, mais tarde
estará em casa.
Minha Moranguinho todos os sá bados vai para casa da amiguinha
brincar.
— Amor, já organi... — as palavras morrem ao me virar e me
deparar com a minha mulher com uma bandeja e dois dos seus cupcakes
com velas em cima, um com o nú mero 4 e o outro o nú mero 3.
— Bom, você me fez queimar o bolo, entã o. — Ela se aproxima
cantando parabéns pra você e minha expressã o define bem a minha
confusã o neste momento.
— O que significa isso?
Sara sorri, coloca a bandeja em cima da mesa.
— Se eu nã o estiver louca dia dezesseis de abril é a data do seu
aniversá rio, né?
O choque que essa informaçã o me causa é indescritível.
Porra, como eu esqueci?
A data da morte da Susie.
Isso nunca aconteceu. Em todos os anos anteriores a chegada de
Sara em minha vida eu sempre me mantive mais recluso que o normal
neste período, afundado em uma tristeza aterradora e no dia, somente o
meu filho conseguia me encontrar.
Entã o tenho um estalo.
— Como você soube?
— Vitor.
— Claro que sim.
— Algum problema, Wladimir?
Absorvo sua pergunta e procuro dentro de mim se existe algum
problema e a resposta é clara como á gua cristalina.
— Nenhum, meu amor. — Seguro seu rosto em minha mã o para te
passar segurança. — Só nã o gosto de comemorar meu aniversá rio.
— Que pena. — Morde os lá bios inferior atrevida. — Porque eu
amo comemoraçõ es principalmente se ela é o aniversá rio do homem da
minha vida, entã o querido, se acostume, pois vamos comemorar todos
os anos.
Sorrio com a forma que essa mulher é abusada.
Mas ela pode tudo que quiser.
— Eu já te disse que você foi a melhor coisa que aconteceu na
minha vida?
A beijo com carinho e levo minhas mã os a sua barriga.
— Agora para essa felicidade se tornar completa, só falta a nossa
pequena vir ao mundo, né? — Me abaixo e falo com minha filha. — Oi
amor, o papai está tã o ansioso para ver o seu rostinho. Que tal dar esse
presente para o seu papaizinho e nascer hoje?
Sinto um chute seguido de outro e meu sorriso amplia.
— Isso é um sim? — Outro chute ainda mais forte e Sara tira minha
mã o do seu ventre.
— Nã o, nã o e nã o. Nem pense nisso mocinha. — Minha mulher
aponta para sua pró pria barriga chamando a atençã o da nossa princesa.
— Hoje a mamã e tem muito compromisso inadiável e você nã o invente,
Wladimir. — Termina sobrando pra mim.
Sara voltou a se dedicar ao seu canal com força total e como neste
ú ltimo mês mesmo contra a sua vontade eu a afastei da boate, ela
acabou tendo ainda mais tempo para o Devassas.com e hoje a minha
mulher irá fazer uma live especial, a ú ltima antes da pausa que vai dar
para o nascimento de Mia, que está marcado para o início da pró xima
semana. Ela só nã o imagina o quanto será especial.
Nos sentamos para tomar nosso café e tento sondar para ver se
nã o houve nenhuma mudança em seus planos para hoje.
— A que horas é a live?
— 19h, por quê?
— Nada. Só vou tentar estar em casa antes do final. — Invento para
ela nã o desconfiar. — O que acha de assistimos a saga Jhon Wick depois?
Assim como Liz é apaixona por Frozen, Sara é apaixonada por esta
saga.
— Perfeito, amor. — Sara coloca uma porçã o de ovos mexidos na
boca e me olha como se quisesse falar algo a mais. A aguardo engolir. —
Ah, como vou precisar estar em casa à noite por conta da live, reservei
uma mesa para gente lá no Bella Luce Trattoria, sei que ama o ravioli
deles.
Medo. Angú stia. Desespero.
Todos os sentimentos trazendo à tona o meu maior medo.
Que a histó ria se repita.
Nem fodendo que eu vou permitir isso. Hoje eu e minha mulher
grávida vamos ficar em casa, seguros.
— Nã o, Sara. — Nego veementemente. — Nó s nã o vamos sair para
lugar nenhum hoje.
— Wlad, — suas mã os delicadas seguram meu rosto — eu conheço
o seu medo, mas nada vai acontecer.
— Você nã o tem como saber.
— Realmente eu nã o tenho como te afirmar, mas eu sinto que está
tudo bem, melhor, que vai continuar tudo bem. — Seus polegares fazem
um carinho de sobe e desce em minha barba. — Nó s nã o podemos nos
trancar aqui e deixar de viver, amor, por favor.
Mesmo relutante eu aceito.
— Você tem razã o, minha princesa. Desculpe, mas nã o posso
perder vocês.
— Você nã o vai nos perder. — O abraço pela cintura. — Nunca.
Estaciono o carro, abro a porta para Sara ajudando-a a sair, já que
com a barriga do tamanho que está , fica um pouco difícil. Ao entrar no
restaurante a hostess logo nos encaminha depois de Sara dizer que
temos uma reserva em seu nome. Estranho o caminho que fazemos, pois
sei que fica destinado a mesas com mais convidados e quando ouço um
coral gritando de forma ensaiada “SURPRESA” olho para minha mulher,
impressionado ao constatar que o almoço nã o será só para nó s dois e
noto o sorriso travesso que brinca em seus lá bios. Ela se aproxima,
resvala os lá bios aos meus e sussurra...
— Feliz aniversá rio, meu amor.
— Você conseguiu me enganar. — Sorrio — Obrigado, minha linda.
— Ei, procurem um quarto — Max grita.
Eu e Sara nos viramos rindo para o palhaço do meu amigo, minha
mulher agradece a hostess que ri da bobeira dos nossos convidados e
diz que o garçom logo virá nos atender. Olho para a mesa novamente
cumprimentando todos os presentes... Meus filhos, Liz sentada no colo
de Vitor rindo de algo que ele fala em seu ouvido, Beth e sua filha, Lia,
Max e até Vincenzo veio.
— Te arrancaram da Itá lia, meu amigo? — digo ao abraçá -lo
— Vitor me informou sobre a surpresa que sua mulher estava
organizando e disse que ela nã o abria mã o da minha presença, entã o
aqui estou. — Sara balança a cabeça confirmando e o abraça,
agradecendo sua presença.
Nos sentamos, a conversa flui descontraída, eu e Vincenzo falamos
sobre a comemoraçã o de um ano da Seduction Lounge da Sicília que
será daqui a algumas semanas e como eu nã o poderei ir por causa do
nascimento de Mia, decidimos que Vitor irá me representar.
Nossas refeiçõ es chegam e continuamos conversando enquanto
comemos, pedimos a sobremesa ao terminarmos e neste momento Liz
sai do colo de Vitor vindo para o meu para dividirmos nosso sundae de
morango como sempre fazemos quando almoçamos aqui.
Spoiler: Na verdade ela faz isso por saber que eu nã o gosto de doce
e assim fica com a sobremesa dela e a minha, sem que Sara reclame.
Esperta demais a minha menina.
Observo feliz o ambiente descontraído, cheio de sorriso e
provocaçõ es. Ainda fico surpreso quando paro para analisar o giro que a
minha vida deu, como mudou tanto em tã o pouco tempo.
O almoço seguiu perfeito e no final agradeço a todos pela presença.
Meu filho diz que vai levar Beth e as meninas em casa, agradeço,
nos despedimos e saio junto com a minha mulher, depois de ajudá -la
novamente a entrar no carro, me sento ao seu lado e a beijo
agradecendo por ter transformado este dia que para mim sempre foi
sinô nimo de tristeza, amargura, em algo incrível.
Mal sabe ela que também lhe preparei uma surpresa.
Capítulo 50

O dia hoje foi simplesmente perfeito.


Nã o pensei que conseguiria reunir todos que de alguma forma sã o
importantes em nossas vidas. Ver a reaçã o de Wladimir mudar, o medo
de sair para comemorar o seu aniversá rio dar lugar para o sorriso, o
brilho nos olhos foi gratificante demais. Sorrio sozinha ao lembrar de
como ficou surpreso, emocionado, de como se divertiu e comemorou
algo que há muito tempo havia deixado de fazer sentindo para ele.
Já arrumada sento-me em frente ao espelho para finalizar a minha
maquiagem.
— Perfeita. — Mando um beijo para mim mesma ao terminar.
Saio do quarto e sigo para o meu estú dio, já deixei o equipamento
todo organizado um pouco antes de ir tomar meu banho e o assunto que
vou abordar na live está conferido.
Olho para o ambiente, admirando o local que antes era o meu
quarto, agora se tornou um espaço sofisticado, as paredes estã o em um
tom de cinza escuro, como chumbo, a grande poltrona vermelha de
veludo se destaca no ambiente elegante e acolhedor. Ao fundo tem
alguns painéis de madeira ébano que ganha um toque especial com o
nome Devassas.com em uma placa dourada e uma iluminaçã o baixa
criando uma atmosfera minimalista. Duas prateleiras foram colocadas
estrategicamente na direçã o da câ mera, pró ximo ao nome do canal, para
que em cada live apareçam meus livros de sexualidade, minhas peças
eró ticas e minha estatua da Afrodite, a deusa da sexualidade. Minha
mesa de má rmore branco possui um equipamento completo de alta
tecnologia e foi instalado um sistema de som. Wladimir pensou em cada
detalhe, simplesmente perfeito.
Verifico uma ú ltima vez o equipamento, ajusto a câ mera e início a
transmissã o.
— Boa noite minhas, Devassas! — digo entusiasmada. — Como
vocês estã o hoje? — Sorrio. — Espero que tã o animadas quanto eu.
Imediatamente as respostas começam a chegar no chat do canal,
algumas dizendo que eu estava linda grávida, outras perguntando como
estava essa reta final da gravidez.
— Obrigada, meus amores e eu estou ó tima, só muito ansiosa para
conhecer minha princesa — respondo rapidamente para que a live nã o
fique muito extensa. — Como vocês sabem esta live de hoje é muito
especial para mim, pois será a minha pausa temporá ria para a chegada
da minha bebê e apesar de ser muito difícil pensar em ficar longe de
vocês por um tempo, vai ser necessá rio. — Explico com os olhos
marejados. — Preparei um conteú do muito especial para nossa breve
despedida.
As minhas seguidoras mandam muitas mensagens desejando boa
sorte, saú de para minha filha e lamentando a pausa do canal.
— Hoje o assunto que vamos abordar é: Nossas experiências
sexuais. — Os emojis de foguinho, diabinho, palminhas começas a
aparecer. — Vou compartilhar a minha por ú ltimo, quem começa?
As histó rias começam a chegar, mas nã o tenho como ler todas,
entã o escolho as que julgo mais interessantes.
— Preciso ler a experiência da Lorena. — Rio alto e leio em voz
alta. — Teve uma vez que estava com o meu ex no apartamento em que
morava com a minha mã e e ela precisou sair, entã o é o que dizem, se a
vida te der limõ es façam uma caipirinha, fui com ele para o meu quarto e
deixei a porta aberta porque se alguém subisse as escadas eu iria ver por
conta da luz que acendia por movimento. Mas adivinhem? — Faço
suspense rindo e alguém digita “Certeza que deu merda”, aceno
confirmando e continuo. — Mas o clima esquentou tanto, ficou tã o bom
que quando percebi a governanta estava dentro do quarto vermelha
feito um pimentã o olhando para o meu entã o namorado me chupando.
Tive que parar por um instante porque eu estou literalmente
chorando de tanto rir.
— O tesã o faz a gente rir na cara do perigo, né? — falo enquanto
vejo mais um relato.
As histó rias pipocam no chat, umas mais picantes do que a outra,
escolho mais algumas para ler em voz alta me divertindo muito com os
detalhes íntimos das minhas seguidoras, chegando à conclusã o de que
os casais sã o muito parecidos em seus momentos a dois.
— Agora vou ler a ú ltima, antes de contar a minha pró pria e é a
Elena que compartilha com a gente. — Elas se animam tanto que se
pudessem falar ao vivo estariam gritando. —Vivi uma guerra com meu
vizinho, isso durou mais ou menos um ano e a situaçã o seria menos
problemá tica se o maldito nã o fosse um tremendo gostoso. Uma noite eu
estava indo para um encontro, me arrumei daquele jeito e ao entrar no
elevador acabou a luz, mas a questã o é que o universo estava a fim de
me cutucar naquele dia, e cutucou. — Gargalho do duplo sentindo da
palavra. — O tal vizinho gostoso estava ali também, preso junto comigo
e eu pensei, merda, só falta passar horas aqui com essa praga. — Paro
um instante precisando beber um gole da minha á gua. — Mas eu nã o
poderia estar mais enganada. Resultado... Transamos feito dois animais
dentro da caixa metá lica, tive o melhor orgasmo da minha vida e dois
dias depois acordei com o bonito batendo em meu apartamento, sem
saber como me contava que o vigia tinha uma amizade com ele e o
chamou para dizer que estava em posse de uma certa gravaçã o que
poderia nos interessar. Sim, nã o lembramos da câ mera do elevador e
produzimos interaçã o para o porteiro, vigia ou sabe lá mais quem viu a
filmagem.
Interajo com as seguidoras que comentam sobre os relatos lidos e
me preparo para o meu pró prio, sei que elas vã o ficar loucas com a
revelaçã o que vou fazer.
— Agora é a minha vez e o meu relato é uma espécie de confissã o,
revelaçã o. — Consigo a atençã o total de todas. — Ah alguns meses atrá s
tive a melhor experiência da minha vida, sei que já tinha dado dicas a
vocês sobre sexo anal, mas a verdade é que eu nunca tinha feito. — Um
alvoroço de mensagens chega, umas dizendo que nã o acredita, outra diz
que só conseguiu fazer depois da minha dica. — Meninas, tudo que disse
no canal antes a respeito disso foi baseado em pesquisas, mas voltando
ao intuito do compartilhar experiências, vocês já fizeram sexo anal
amarrada e assistindo tudo por chamada de vídeo? — As seguidoras se
agitam novamente, algumas se perguntando como nunca pensaram
nisso antes enquanto outras focam no fato de eu ter feito amarrada. —
Só digo uma coisa, quem nã o fez, mantenha a mente aberta para a
situaçã o e faça. Fica tudo ampliado, o tesã o é avassalador.
Explico para elas como fiquei conectada ao meu namorado,
entregue ao que fazíamos... E que essa conexã o emocional e física gera
uma confiança inabalável entre o casal e isso nã o pode ser subestimado
nunca.
Começam a chegar vá rias perguntas, elas querem saber detalhes
de tudo e eu amo a intimidade que criamos aqui. Respondo sem
ressalvas as suas dú vidas, curiosidades entã o uma mensagem chega e a
leio.
— Interessante essa sua experiência. Sei que a sua seria a ú ltima,
mas me atrasei para a live, posso compartilhar a minha? Prometo que
serei breve.
Penso em negar porque já estourei o meu horá rio, mas hoje será a
ú ltima vez apó s uma longa pausa, entã o resolvo nos permitir um tempo
a mais juntas.
— Claro, WN, compartilhe com a gente a sua experiência mais
louca. — Ela agradece e começa. — Há um ano quando retornei ao meu
país de origem conheci uma mulher que virou meu mundo para o lado
certo, — me atento as suas palavras — porque hoje eu posso afirmar
que minha vida estava do lado avesso antes dela. A abusada discutiu
comigo no trâ nsito e horas mais tarde, porque o universo tinha planos
para nó s dois a encontrei em minha casa e novamente a atrevida me
enfrentou e...
Leio suas palavras e quero dizer que nã o tem nada de sexual no
seu relato, mas suas palavras me prendem, parece que estou lendo a
minha histó ria de forma resumida e isso nã o é possível.
— Vocês acreditam que ela me ameaçou dentro da minha casa?
Sim, meninas, ela estava dentro da minha casa. Isso era ou nã o o destino
intervindo? — Minha voz já nã o sai do mesmo jeito, tenho certeza de
que a minha expressã o demonstra a minha curiosidade. — Ela me
ameaçou com a porra de um lá pis se baseando na cena do seu filme
predileto.
Meus olhos dobram de tamanho e nã o faço ideia de como consigo
terminar de ler sua frase.
— Wladimir?
Meu coraçã o está acelerado, Wlad nã o gosta de exposiçã o, mas nã o
tem outra explicaçã o. Ele nã o fez isso.
— Oi amor.
Nã o sei como uma resposta tã o curta pode causar tanto caos
dentro de mim, mas também no chat, porque as meninas enlouquecem
querendo saber mais sobre a histó ria do lá pis.
— Meu Deus, o que deu em você? — Ainda estou incrédula. —
Meninas, deem um tempinho para ele falar, por favor.
Sei que elas estã o curiosas, mas eu também estou e quero
entender por que ele entrou na live. As mensagens cessam e Wladimir
continua.
— Sara, eu entrei porque quero que o mundo saiba que você me
salvou de mim mesmo. Você trouxe luz para minha vida sombria e me
mostrou o que é amar de verdade, deu significado a minha existência
que já nã o tinha mais sentido algum. — Leio com a voz embargada,
tentando nã o desabar. — Minha linda, eu nunca pensei que poderia ser
tã o feliz e posso te afirmar que nã o existo mais sem seu atrevimento
diá rio. — Sorrio. — Você aceita casar comigo?
As lá grimas escorrem sem que eu tenha controle sobre elas pelo
meu rosto e as seguidoras estã o apaixonadas pelo relato e pedido fora
do roteiro, digitando mensagens, apoiando Wladimir a continuar e me
intimando a aceitar.
— Meninas, hoje é meu aniversá rio, acho que ela nã o pode me
dizer nã o no dia de hoje, né? E muito menos em uma live.
Wladimir ainda brinca que por isso entrou ao vivo, para mexer
com a minha compaixã o e nã o correr o risco de eu negar, rio entre
lá grimas, emocionada demais com sua atitude, seu pedido.
Meu Deus, como eu amo esse homem.
— Eu nunca te diria nã o, meu Mingau de aveia.
Entã o o chat explode em emojis rindo, meninas perguntando o
porquê do apelido...
— Entã o isso é um sim?
Vejo o questionamento de Wlad, mas nã o consigo ler em voz alta,
porque no mesmo instante olho para baixo sentindo algo ú mido entre
minhas pernas e pergunto sem voltar minha atençã o para a câ mera
onde ele está . Pois lembro dele dizendo que teria que ir ao escritó rio da
boate.
— Acho que vou apanhar, meninas, mas depois de ter me
presenteado com o sim, ela pode fazer o que quiser comigo. Estou no
nosso quarto, amor.
Dessa vez ignoro as mensagens de risadas e calmamente explico.
— Minhas Devassas, foi um prazer imenso fazer essa live com
vocês hoje e ainda mais partilhar este momento tã o importante da
minha vida, mas agora preciso encerrar. — Coloco a mã o em minha
poltrona e constato que está completamente molhada. — Amor, acho
que vou te dar um segundo presente, Mia resolveu atender ao seu
pedido de hoje de manhã ... Minha bolsa estourou.

Sara está deitada na sala de parto seguindo as orientaçõ es da sua


obstetra e eu mal consigo ouvir a médica, seguro a mã o da minha
mulher mergulhado em um turbilhã o de sentimentos, minha mente me
leva para o momento em que ela me disse que sua bolsa estourou, nã o
consigo descrever o pâ nico que senti, medo de algo dar errado a mistura
de euforia com nervosismo, desespero com felicidade, tudo junto,
explodindo ao mesmo tempo em meu interior. A forma como
literalmente invadi seu estú dio surtando e ela calma encerrando sua
live, dizendo que era para eu respirar fundo, me orientando sobre o que
fazer e como fazer.
Engraçado que eu já sou pai e ela como mã e de primeira viagem
que estava me acalmando.
Sara dá um grito ao apertar minha mã o com força e em seguida um
choro potente, o som mais emocionante da minha vida preenche o
ambiente me trazendo de volta dos meus pensamentos.
Minha mulher sorri ao mesmo tempo em que lá grimas rolam pelo
seu rosto.
— Nossa filha, amor, — a emoçã o transborda pelos meus olhos —
a nossa princesinha nasceu.
Vejo a doutora enrolando a minha filha em uma manta e vem em
nossa direçã o sorrindo e nos deseja parabéns ao entregar a minha
menininha em meus braços.
— Você deu luz ao meu mundo, minha linda. — Minha voz sai
embargada ao segurar minha filha pela primeira vez.
Minha mulher está visivelmente cansada, mas sua felicidade
irradia em seu sorriso. Ela estende o braço e eu aproximo Mia do seu
rosto, Sara beija suavemente a cabeça da nossa filha e sussurra.
— Ela é tã o perfeita, amor.
Assinto com o coraçã o repleto de emoçã o e gratidã o.
Olho para minha mulher e minha menina e eu nunca imaginei que
viveria isso, que seria tã o feliz e realizado. Que a data de hoje voltaria a
ter sentido.
— Obrigado, amor, por me fazer completo de novo.
— Você merece, meu amor, nó s merecemos. — Ela segura minha
mã o. — E agora temos tudo que precisamos.
— Sim — respondo a minha noiva. — O papai te ama muito, meu
amor.
Como se entendesse minhas palavras Mia abre os olhos ao me
ouvir e parece me encarar profundamente, o brilho dos seus olhos
espelhando o meu amor por ela e quando nossos olhos se conectam uma
paz absurda me invade e neste momento sei que todas a feridas do
passado estã o curadas.
Beijo minha mulher e minha filha mais uma vez, e ali com o meu
mundo em meus braços sei que vou viver por elas, por nossa família.
Agora e para todo sempre.
Epílogo

5 anos depois

Estou sentado com Sara em uma espreguiçadeira aproveitando a


tranquilidade da noite que está linda, a lua está cheia, brilhante em um
céu com algumas estrelas, perfeito, enquanto as meninas fazem a liçã o
de casa no quarto. Minha mulher está deitada na frente do meu corpo e
acaricio sua barriga em um sobe e desce gostoso, dividimos uma taça de
vinho, conversando sobre o nosso dia.
Um ano depois do nascimento de Mia nos casamos em uma
cerimô nia simples, como foi o desejo da minha mulher, ela já era minha
de qualquer forma, mas eu nã o abria mã o dela carregar o meu
sobrenome. Max e Beth foram os meus padrinhos, Vitor e Lia os de Sara,
como nossa princesinha ainda era muito novinha e mesmo Liz sendo um
pouco mais velha, nã o nos sentíamos confortáveis em ficar longe delas
por muito tempo, entã o nos negamos a viajar em lua de mel, mas
passamos três dias em Malibu, fomos de helicó ptero para poupar tempo
e desfrutamos das lindas praias tranquilas, ofereci um jantar româ ntico
para minha esposa com vista para o oceano e me perdi em seu corpo em
cada canto daquele lugar, desde o nosso quarto até as praias privadas.
— Amor, o que você acha de viajarmos em família no final do ano?
— O destino vem rapidamente na minha cabeça. — Pensei em fazermos
um tour pela Europa.
— Nã o acha que vai ser cansativo para as meninas?
Ela sempre se preocupa com as meninas, claro que eu também e já
pensei nas minhas filhas.
— Acho que elas vã o amar. Serã o em torno de vinte dias e desse
tempo, uma semana passaremos com Vitor.
Seus olhos brilham, ela sente tanta falta dele quanto eu.
Meu filho foi para Itá lia há 5 anos para a comemoraçã o de um ano
da boate e acabou decidindo ficar por lá , nã o entendi muito o porquê,
mas como o conheço muito bem, tenho certeza de que tem mulher
envolvida em sua decisã o. No final sua escolha foi favorável para os
nossos negó cios e assim Vitor se tornou o atual responsável por
administrar nã o só a Seduction Lounge da Sicília, mas também nossas
expansõ es.
Há 3 anos Sara assumiu um cargo importante dentro da nossa
empresa, hoje minha mulher é a gerente de operaçõ es da rede de boates
Seduction Lounge e foi uma das melhores decisõ es que já tomei. Assim
que se apossou do cargo ela começou a estudar lugares estratégicos e
vibrantes ao redor do mundo para expandirmos nossos negó cios, mas
como nossas filhas ainda sã o muito novas e continuamos nã o nos
sentindo confortáveis em viajar, mesmo que seja a negó cio, e ficarmos
afastados delas ou um do outro, optamos por lugares pró ximo onde
Vitor mora, assim ele mesmo poderia acompanhar as novas expansõ es
de perto. Entã o inauguramos nossa boate em Ibiza e Paris, mas estamos
com planos de expandir para Dubai e Tó quio em breve. Sara também
continua com o seu canal, mas por conta da sua rotina atual nã o
consegue manter a frequência de postagem de antes, ela chegou a
cogitar em encerrar, mas a pedido das suas seguidoras nã o o fez, entã o o
manteve mais como um entretenimento com a mulherada que a segue e
as lives se tornaram um encontro entre amigas para partilhar
experiências.
— Mesmo falando com Vitor praticamente todos os dias eu sinto
tanta saudade dele. — sua voz me tira dos meus pensamentos.
— Todos nó s, amor. — Encho nossa taça. — Mas ele está feliz, isso
que importa.
Sara acena dando um gole na bebida que ofereço e eu me perco a
admirando.
Eu realmente sou muito sortudo por ter ao meu lado uma mulher
tã o incrível. Ela é uma esposa maravilhosa, uma excelente profissional e
uma mã e surpreendente, parece ter nascido para a maternidade, a
forma como lida com as meninas é extraordiná ria, mas nã o é só isso,
essa mulher tem uma maneira ú nica de contornar os momentos de
crises, seja comigo, quando divergimos em algum assunto ou na boate,
seja com a nossa equipe ou com situaçõ es atípicas que surgem de
repente. Ela é perfeita.
— Mã e, terminei a liçã o.
— Perfeito, filha e Mia?
— Ela desceu faz um tempo. — Liz franze a testa.
Conhecendo nossa sapeca nos levantamos para procurá -la.
Mia coleciona travessuras durante esses cinco anos de vida, ela
nunca permite que nossas vidas sejam chatas e sem emoçã o, cada dia
uma arte nova na escola, em casa ou onde estiver e se achávamos Liz
bagunceira, hoje podemos afirmar que ela foi uma criança calma em
comparaçã o a sua irmã .
Entramos na cozinha prestando atençã o a qualquer sinal de
barulho e ouvimos um ruido vindo da á rea de serviço, nos dirigimos até
lá e somos recebidos pelo sorriso mais lindo e arteiro do mundo. Mia é
uma mistura minha com Sara, literalmente, os traços do seu rosto e a cor
dos seus olhos puxaram aos meus, já seu sorriso, o tom de pele clara,
meio pêssego e seus cabelos longos, lisos, mas que possuem uma
ondulaçã o natural nas pontas sã o da mã e.
— Mia, o que você está fazendo? — Sara coloca as mã os na cintura
e a olha séria.
Nossa pequena travessa está com o pacote de biscoito de morango
meio vazio nas pequenas mã ozinhas e tem farelo por toda parte. Sei o
que você está se perguntando, e sim, Liz viciou a irmã no seu sabor
predileto.
— Mamã ezinha, calma, respila assim oh. — A criatura junta os
dedinhos e respira fundo e solta, como se fosse um exercício para se
acalmar mesmo. — Faz, mamã e, faz comigo. — Ela repete o gesto. —
Nã o pode ficar blava com a sua Miazinha.
Nã o consigo segurar e gargalho alto com Liz me acompanhando.
— Ela é muito pior que eu nesta fase — minha Moranguinho fala
rindo.
Sara nos repreende só com o olhar e questiona Mia novamente.
— Filha, você sabe que está de castigo porque aprontou na escola,
sem biscoitos de morango e como nã o obedeceu, agora está sem
desenho também.
— Mas mamã e foi só um tiquinho assim. — Cara de pau até o
ú ltimo fio de cabelo, o pacote está quase vazio em suas mã os. — O papai
nã o liga, né papaizinho lindo?
— Nada feito, mocinha. Sua mã e já disse.
Mia tenta reverter a situaçã o apelando para o beicinho tremendo, e
isso é golpe baixo, mas sua mã e nem se comove. Nã o sei como Sara
consegue.
Essa menina é terrível, sabe que me tem nas mã os, assim como sua
irmã sempre teve. Mas quem pode me julgar? Minhas filhas sã o tã o
lindas, tã o fofinhas que eu nã o resisto.
Para nã o cair no seu golpe me prontifico a limpar os farelos, ouço
minha mulher mandando as meninas subirem para escovar os dentes e
se vestirem para dormir. Sara coloca a louça na lavadora, em poucos
minutos deixamos tudo limpo e subimos para contar histó ria para
nossas princesas.
Fazemos isso toda noite e eu amo a nossa rotina.
As duas já nos aguardam em nosso quarto com o livro da princesa
Ariel, nos deitamos cada um em uma ponta da cama e abro o livro, mas
Liz me impede de iniciar.
— Pai ouvi duas meninas conversando na escola hoje e... — sinto
que ela está com receio de me perguntar — o que é sexo?
Minha mulher arregala os olhos e eu me engasgo com a pró pria
saliva, começo a tossir loucamente. Sara se levanta e pega um copo de
á gua para mim, quando me recupero ainda fico calado alguns segundos
pensando como vou escapar dessa.
Nã o sou antiquado, mas sem condiçõ es de falar com a minha filha
de 11 anos sobre isso.
— Bem, sexo é... — pigarreio, já sei — Filha, sexo é a forma de
dizer que alguém é menino ou menina.
Liz me encara confusa e eu olho para Sara implorando para que me
socorra, mas a filha da mã e só me incentiva a continuar.
— É simples, minha filha. Quando uma pessoa é uma menina
dizemos que ela é do sexo feminino e quando é um menino, do sexo
masculino. Entendeu?
— Ah, é só isso?
— Sim, meu amor. Só isso.
Graças a Deus ela aceitou a resposta.
Puxo o edredom para cobri-las, precisando de um tempo para
respirar aliviado, entã o olho para Mia e resolvo trazer um assunto que
com certeza vai me fazer rir. Nã o me entendam mal, eu repreendo a
minha filha sempre que faz coisa errada, mas isso nã o me impede de
achar engraçado muitas das suas artes.
Mas eu nã o poderia estar mais enganado.
— Filha, o que você aprontou hoje para ficar de castigo?
— Joguei areia no cabelo da boboca da Anne.
— E porque você fez isso, meu amor?
— Porque ela pegou a bola do Nick e nã o queria devolver.
Mia encolhe os ombros ao me contar e eu ergo as sobrancelhas.
— E quem é Nick?
— Meu namolado.
Em outro momento eu ia achar fofa demais essa expressã o dela
envergonhada, mas nã o agora...
— Como é que é? — pergunto em um fiapo de voz.
— Filha, a mamã e já te disse, vocês ainda nã o têm idade para
serem namorados, vocês sã o amigos.
Olho para minha mulher incrédulo, ela já sabia e nã o me contou.
Pior, está rindo e essa merda nã o tem graça nenhuma.
— Mas mamã e a Sophia disse que se a gente divide o lanchinho,
brinca juntos na escola e ele me defende, nó s somos. Hoje a gente até
assistiu desenho com a mã o juntinha, assim oh. — Ela une a mã o uma na
outra para demonstrar.
Mia explica com toda a sua inocência e respiro aliviado, sei que
minha filha nã o está namorando, ela só tem 5 anos, mas isso foi uma
amostra grá tis do inferno que vai ser quando começarem a urubuzar
minhas princesinhas. Sou tã o ciumento com elas que sou capaz de
infartar.
Deus, o que vou fazer quando essas meninas crescerem?
Internato só para meninas. É isso.
— Minha princesinha, vocês ainda sã o muito novinhos — explico.
— E namoro só depois dos 30 anos, e isso serve para a senhorita
também. — Aponto para Liz.
— Quantos anos eu tinha quando comecei a namorar contigo,
Wladimir?
Olho sério para minha mulher e respondo sem hesitar.
— Trinta.
— Mas a mamã e ainda tem 29 anos, papai — Liz fala me olhando
desconfiada.
Noto que Sara segura o riso e encerro o assunto.
— Vamos dormir, mocinhas. Fechem seus olhinhos e essas
matracas falantes e durmam. — Pego o livro que apoiei em meu colo,
iniciando a histó ria sem dar brecha para mais perguntas.
Em poucos minutos minhas meninas estã o ressonando
suavemente, com cuidado as pegamos no colo e as levamos para o
quarto delas, beijamos simultaneamente cada uma, ajeito o edredom em
seus corpinhos e saímos.
Elas estão crescendo tão rápido — penso.
Já em nosso quarto comento enquanto trocamos de roupa para
dormir.
— De onde elas tiram essas coisas?
Sinto os braços da minha mulher envolver minha cintura, me
abraçando por trá s e sua cabeça apoia em minhas costas.
— É só curiosidade de criança, amor e você lidou muito bem com
as perguntas delas hoje.
— Desse jeito minha cabeça vai terminar de encher de fios brancos
mais rá pido do que imaginei. — Suspiro passando a mã o no cabelo.
— Eu amo seus fios brancos — provoca.
— Ama é? — Acena e a trago para frente do meu corpo.
Minha mulher fica na ponta dos pés e nos beijamos
apaixonadamente, mas ela interrompe logo depois, se afastando
minimamente e sussurra rindo.
— Você sabe que essa histó ria de namorar depois dos 30 nã o vai
funcionar por muito tempo, né?
A puxo e nos deito na cama, aconchegando seu corpo ao meu.
— Vou continuar tentando e quando eu perceber que estou
perdendo esta batalha, penso em outra estratégia.
Rimos e Sara sobe em meu corpo, deixando uma perna de cada
lado.
— Achei que seu lado controlador, ciumento e possessivo fosse
destinado só para mim.
— E era, mas elas estã o crescendo. — Coloco seu cabelo atrá s da
sua orelha.
— Eu amo você, meu mingau de aveia.
— Eu amo você, minha linda. — A beijo lentamente.
Sei que ainda vou surtar muito como pai, mas me sinto completo e
nã o trocaria isso por nada. Minha família me salvou de mim mesmo,
Sara chegou na minha vida como um furacã o, me desafiando, me
fazendo questionar minhas convicçõ es, meus preconceitos e com esse
jeito atrevido fez com que aquele homem atormentado pelo passado
encontrasse motivo para viver.
Minha ninfeta é a rendiçã o do viú vo.
FIM
Avaliações
Se você chegou até aqui, significa que finalizou a leitura e eu fico
extremamente feliz por isso. Espero que Wladimir e Sara tenham te
marcado de alguma forma e eu gostaria muito de saber o que você
achou.
A sua avaliaçã o é muito importante para mim, ela além de ajudar
no meu crescimento como autora, auxilia a outros leitores em suas
buscas por novas aventuras literá rias. Sendo assim se puder, avalie,
comente e compartilhe com seus amigos e grupos.
Agradeço imensamente por me permitir fazer parte da sua vida e
por fazer parte desta minha jornada!
Agradecimentos

Gratidã o sempre será o sentimento que vai me resumir ao final de


cada histó ria!
Esse livro nã o foi fá cil, passei por momentos pessoais muitos
difíceis no processo de escrita e estar aqui hoje entregando Wladimir e
Sara para vocês é uma sensaçã o de dever cumprido.
Primeiramente agradeço a Deus e a minha espiritualidade por
terem me sustentado em cada momento.
Agradeço a minha família por todo apoio, compreensã o e incentivo
diá rio, mas principalmente ao meu esposo e ao meu pai, meus melhores
amigos e que acreditam em mim mais do que eu mesma e nunca me
deixam desanimar. Ao meu filho eu agradeço por compreender e apoiar,
por cada palavra de incentivo que me fala quando estou esgotada e peço
desculpas pelos momentos de ausência mesmo estando presente
fisicamente.
Sou imensamente grata as minhas toxianes, minha terapia de cada
dia... A minha assessora Dani Devassa, é simplesmente maravilhoso ter a
melhor ao meu lado nesta trajetó ria, e a nossa equipe com Lari criando
os melhores vídeos e a Nat, minha tó xica favorita.
Agradeço a Lorrayne, minha gêmea, minha best friend forever
(risos), diagramadora e beta, a que está ao meu lado seja para me
motivar, elogiar, ameaçar ou socorrer, a que atura meus surtos, anseios e
inseguranças da hora que acorda até a hora que vai dormir (Henrique,
desculpa aí, mas nã o tem jeito, vai ter que me aturar sempre e para
sempre kkkkkkkk). Amiga, gratidã o pela sua vida, e por ter você na
minha.
A Sheila, minha irmã , amiga, revisora e beta, aquela que está ao
meu lado desde o início puxando minha orelha e vibrando a cada
conquista. Todo grupo de amigas tem a sensata, ela é o nosso ponto de
equilíbrio para nã o fazermos M... (kkkkkkkkk)
E a Daiane minha amiga e beta com sua memó ria de milhõ es (um
dia vou ter uma memó ria dessas).
Aos meus gestores de trá fegos, Shay e Luiz, muito obrigada por
tudo.
E a vocês, minhas leitoras, que embarcam comigo em cada histó ria,
confiando no meu trabalho, dividindo comigo cada sorriso, lá grima,
suspiro e ranço por alguns personagens... Muito obrigada, sem vocês
nada disso seria possível!
Eu amo vocês!
Até o pró ximo casal do Vanessaverso...
Beijos, Vanessa Correìa.
Contatos
Caso sinta a necessidade de falar comigo, seja para surtar durante
a leitura ou em algum outro momento, estou disponível em minhas
redes sociais.
Instagram: @autoravanessacorreia
Facebook: Autora Vanessa Correìa
Tiktok: @vanessacorrea.autora
Capítulo Bônus
Um Desejo Proibido

Bernardo

“O quão desesperador pode ser quando tudo que você sempre teve
certeza para a sua vida passa a não fazer tanto sentido?”
Pois é, foda.
Tem uma frase do Aladdin que diz: “Momentos desesperadores
exigem medidas desesperadas”, e essa porra nunca fez tanto sentido na
minha vida.
Faço parte de uma família importante na regiã o da Costa Verde no
Rio de Janeiro, os Do Valle. Fui criado para ser o melhor em tudo o que
faço, desde sempre tive tudo muito bem programado na minha vida e o
meu futuro nã o seria diferente, entã o os planos eram sair do ensino
mé dio ir para Cambridge me inscrever para o melhor programa de
administraçã o de empresas, em seguida o MBA em Harvard, o que para
um futuro CEO é essencial. E quando retornasse, assumiria o meu cargo
na empresa da família, a Rede de Resorts DuValle[9], inicialmente ao lado
do meu pai, mas só até ele se aposentar, apó s isso serei o presidente
efetivo da empresa.
Mas o destino tem dessas coisas, né?
Mudar os nossos planos, mostrando que a nossa vida nã o é tã o
nossa assim. E que nada está sob nosso controle, pelo menos nã o
completamente.
Sempre fui responsável, curto a minha juventude sem extrapolar,
sem dar dor de cabeça aos meus pais, muito diferente da maioria dos
caras da minha idade.
Nã o estou dizendo que sou um santo, nã o, estou longe disso. Amo
curtir a vida, beber, sair com meu irmã o, com os amigos, virar a noite
com uma gostosa ou mais ao meu lado, o nú mero nã o importa, o negó cio
é foder, dar e receber prazer, gozar, até o corpo nã o aguentar mais. Mas
também nã o sou contra sentimentos, entretanto eles realmente nã o
faziam parte dos meus objetivos.
Porra, eu ainda sou muito novo pra esse caralho de… Nã o, me nego
a assumir tal sentimento. Eu estou confuso, bagunçando as coisas.
Talvez quando convivemos tanto com alguém a gente acaba
confundindo tudo.
E isso é uma grande merda, meus amigos.
O fato é que nã o sei em que momento esse caos se formou aqui
dentro, mas um homem desesperado para colocar tudo novamente em
seu devido lugar à s vezes recorre a medidas drá sticas e isso me levou a
enterrar os meus planos temporariamente, até que eu possa me
entender e arrumar tudo dentro de mim. Sei que as pessoas à minha
volta nã o vã o entender, mas isso nã o importa, nã o por enquanto...
Eles vã o ter que aprender a lidar com o meu eu interino.

3 anos depois
Abro os olhos e os fecho imediatamente.
─ Droga. ─ levo a mã o a cabeça sentindo um latejar insuportável ─
Juro que nunca mais vou beber como ontem.
Como se você já não tivesse jurado isso tantas outras vezes após uma
noite regada a bebida e mulher e no dia seguinte amanhecer na merda.
Minha consciência revida.
Respirando fundo, massageio minhas têmporas e tento novamente
abrir os olhos, mas dessa vez mais devagar, me acostumando com a
claridade da luz do sol que invade o quarto através das cortinas
entreabertas. Deixo meus olhos vagarem lentamente pelo ambiente para
me recordar de onde estou e percebo que estou em um dos hotéis da
minha família.
Também vejo roupas jogadas pelo quarto, algumas garrafas de
bebidas vazias e camisinhas usadas.
Ok, teve uma festinha aqui, isso explica o meu estado caó tico.
Ao virar na cama para me ajeitar e tentar levantar percebo um
corpo nu e curvilíneo ao meu lado, que está coberto somente até a
bunda. Uma mulher de longos cabelos loiros, desgrenhados e
espalhados pelo travesseiro dorme de bruços, profundamente. A
observo por um tempo e nada.
Nã o consigo me lembrar nem do nome da mulher que passou a
noite comigo.
─ Que grande merda você é, Bernardo. ─ digo em um sussurro e
solto um suspiro
Resolvo deixá -la dormir e tento novamente levantar, mas sou
atingido por uma onda intensa de ná useas e levo minha mã o à boca.
Respiro e inspiro vá rias vezes para acalmar o meu estô mago que
grita por socorro.
─ Porra, eu preciso levantar. ─ minha bexiga está explodindo.
Com uma lentidã o sem fim consigo finalmente sair da cama e me
arrasto até o banheiro.
Apó s me aliviar, sinto uma nova â nsia, dessa vez mais forte e só
tenho tempo de me inclinar para vomitar. Sinto um gosto horrível na
boca e vou até a pia escovar meus dentes e me livrar desse gosto á cido
que toma o meu paladar por completo. Me olho no espelho percebendo
o quanto estou horrível, faço um bochecho com o enxaguante bucal e
vou para o chuveiro.
Resolvo tomar um banho frio mesmo, porque preciso espantar
essa ressaca.
Sinto a á gua cair pelo meu corpo trazendo um alívio imediato ao
mal-estar e aos meus mú sculos tensos. Só saio do chuveiro depois que
me sinto minimamente como um ser humano capaz de seguir o seu dia.
Volto ao quarto vestindo somente a minha boxer e vejo que a
mulher ainda dorme profundamente.
─ Nossa, acabaram com você essa noite, gata. ─ sorrio convencido.
Vou até o telefone e ligo para o serviço de quarto pedindo um café
da manhã completo para a bela adormecida, já que eu nã o faço ideia do
que ela gosta, e um café preto bem forte e sem açú car para mim, porque
tenho certeza de que nada além disso vai descer.
Talvez, nem isso.
E nã o, eu nã o faço parte da galera que gosta de café sem açú car.
Sério gente, na minha opiniã o esse pessoal tem uma leve tendência a
psicopatia. Porém, estou apelando para tudo ao meu alcance e me livrar
dessa droga de ressaca.
O serviço de quarto chega e eu coloco um roupã o para atendê -lo.
Peço para o rapaz deixar ali mesmo, dou uma gorjeta e eu mesmo
direciono o carrinho até a mesa, mas como nã o sei até que horas ela vai
dormir, deixo tudo nos cloches[10]. Tomo o meu café e faço uma careta
ao sentir o gosto amargo.
Pego o meu celular e ligo para o meu irmã o, que atende somente
no quarto toque.
Gael é o meu irmã o caçula e somos muito amigos, unidos de
verdade. Ele também é uma peste, me perturba sempre que tem uma
oportunidade, mas nunca me deixa na mã o.
─ Mano, preciso de você, está em casa?
─ Bom dia, pra você também.
Ele me responde ironicamente e boceja.
─ Claro que estou, já viu a hora? O que aconteceu, onde você se
meteu ontem que sumiu da festa e porque está com essa voz estranha? ─
Olho para o meu reló gio só para conferir a hora e vejo que sã o 7h da
manhã , constatando que nem de ressaca, apó s uma provável noite de
sexo, porque sinceramente nã o me lembro de muita coisa, eu nã o durmo
até tarde.
─ Caralho Gael, quanta pergunta. Está parecendo a mamã e. ─ falo
para implicar porque eu sei que ele nã o gosta de ser comparado com a
nossa mã e.
Tenho certeza de que ouço um xingamento, meio resmungado, em
resposta.
─ Sumi porque arrumei uma companhia muito gostosa e estou em
um dos hotéis da nossa família, mas bebi demais ontem lá na festa e
tenho quase certeza que aqui na minha festinha particular também.
Acordei na merda. ─ Explico para ele.
─ Porra moleque, o papai vai falar pra cacete no seu ouvido e você tá
fazendo força né? Todo final de semana, e às vezes até no meio da semana
é essa merda. O que tá acontecendo contigo? Conversa comigo, cara. Você
sempre foi responsável, juro que estou achando muito estranho essa sua
“fase”. Ok, sempre foi muito mulherengo também, mas nos últimos meses
parece querer provar algo para alguém ou para si próprio, não sei.
Respiro fundo, mas fico em silêncio. É incrível como ele me
conhece em detalhes, porém nã o estou preparado para externar essa
confusã o dentro de mim. Nã o ainda.
─ Ok mano, não vou te forçar a falar. Mas saiba que estou aqui
quando se sentir pronto e precisar desabafar. Vou me levantar, escovar os
dentes e te busco, sei que é isso que quer me pedir. Me manda por
mensagem a sua localização.
─ Valeu mano, mando sim. Você é o meu irmã o favorito. ─ falo
rindo, para quebrar o clima tenso.
─ Sou seu único irmão, idiota. Até daqui a pouco. ─ ele ri, mas nem
espera a minha resposta e desliga.
Mando a minha localizaçã o para ele e olho para a mulher
decidindo se acordo ela ou a deixo dormir e simplesmente saio.
Seria muita filha da putagem da minha parte fazer isso?
Com certeza.
Mas acho pior acordá -la sem me lembrar do nome dela, depois de
comer a mulher sei lá quantas vezes.
Me encaminho até ela e coloco o dorso da minha mã o abaixo do
seu nariz e sinto o ar da sua respiraçã o.
─ É , está viva. ─ sorrio da minha idiotice e ao ver como acabei com
ela.
Ou está tão bêbada como você e só não está acostumada com isso e
vai dormir o dia inteiro.
Minha consciência zomba do meu ego.
Decido deixá -la dormindo, coloco minha calça jeans preta, minha
camisa da mesma cor e calço o meu par de tênis, coloco o celular no
bolso e pego minha carteira pensando se deixo o dinheiro do tá xi ou se
ela vai se sentir ofendida com o ato.
─ Ah porra, o que eu faço?
Decido fazer melhor, escrevo um bilhete informando que tem um
carro a disposiçã o dela, que só precisa ligar para a recepçã o e que se
quiser utilizar o spa ou qualquer outro serviço do hotel, pode ficar à
vontade.
Desço para o hall, vou até a recepçã o e informo que caso a mulher
que está na minha suíte particular necessite de um carro podem liberar
e também deixo autorizada a liberaçã o de qualquer outra consumaçã o
ou serviço que ela queira usufruir por hoje.
Me sinto menos filho da puta com essa atitude. Nã o que isso
justifique o fato de eu sair de fininho sem acordá -la por nã o me recordar
do seu nome, mas é o mínimo que posso fazer.
Me encaminho para uma das poltronas que tem ali, literalmente
me jogando nela e fecho os olhos enquanto aguardo o meu irmã o chegar.
Apó s alguns minutos ouço o meu celular apitando e vejo uma
mensagem de Gael.
─ Cheguei, estou em frente ao portã o principal.
─ Ok, estou indo. ─ informo.
Quando entro no seu carro ele fica me olhando e eu franzo as
sobrancelhas em questionamento.
─ Nã o, nada demais. Só estou pensando em como você vai passar
pelos nossos pais com essa cara de morto vivo, sem que eles percebam.
─ diz isso e liga o carro o colocando em movimento e pega uma
garrafinha de á gua no suporte lateral ─ Toma, você realmente está
horrível e precisa se hidratar.
Passo as mã os pelo cabelo o bagunçando mais ainda, sempre faço
isso quando estou nervoso e pego a á gua, bebendo em pequenos goles
porque o meu estô mago ainda nã o está confiável.
─ Cadê o seu carro? Você estava com ele ontem. ─ pergunta
mudando parcialmente de assunto.
─ Deixei no estacionamento. Amanhã ou depois venho buscar ou
peço para algum funcioná rio levar para mim.
─ Cara, você nã o acha que está exagerando com essas noitadas? ─
Gael fala sem tirar os olhos da estrada.
─ Nã o faço nada demais, mano. Sou novo e estou curtindo, só isso.
─ Eu sei bem o porquê você faz isso. Mas nã o vamos falar disso
agora, sinto que você ainda nã o está preparado para essa conversa.
─ Nã o sei do que você está falando. ─ desconverso.
─ Uhum, ok. ─ diz simplesmente, me ignorando ─ E quando você
pretende ir para os Estados Unidos? ─ pergunta, mudando de assunto
novamente.
─ Nã o sei se vou.
Respondo seco, porque eu nã o gosto desse assunto e muito menos
dessas merdas de expectativas que colocam em mim.
Eu amo a minha família, mas nã o é justo, só porque sou o mais
velho já ter tanto peso nos meus ombros.
─ Sabe que a mamã e vai surtar, né? O drama nã o vai ter fim: “O
filhinho predileto dela dando esse desgosto”. ─ fala o final com zombaria
─ Para com essa porra de filho predileto. Ela te ama também.
─ Há controvérsia... ─ responde isso e percebo que fala com um
pouco de tristeza.
─ Mas e a faculdade, mano? Nã o querer ir para Harvard, eu
imagino o porquê, e está tudo bem no meu ponto de vista. Afinal, isso
era um sonho da mamã e e nã o seu. Porém você simplesmente parou
com todo o seu planejamento de vida. Antes estudava pra cacete, era até
chato e do nada começou com noitadas sem fim, regada a á lcool e
mulheres, uma ou duas diferentes a cada vez. Nã o sou puritano, também
saio e fodo, mas você só tem 20 anos, cara. Precisa parar para pensar no
que você está fazendo e retomar os seus planos para começar a
trabalhar com o nosso pai.
─ Exatamente Gael, eu só tenho 20 anos e nossos pais já tem a
minha vida planejada. Mamã e quer que eu curse a faculdade que ela
sonhava. Papai quer que eu assuma a empresa daqui alguns anos e siga
os seus passos. E eu? Ninguém pergunta o que eu quero. Nunca tive a
chance de sonhar em ser outra coisa. Já nasci com o título de CEO da
Rede de Resort DuValle.
Minha família é uma das que mais emprega na regiã o. Nó s somos
donos da maioria dos hotéis e resorts que tem aqui e sempre estamos
em expansã o.
─ Bernardo, sobre a nossa mã e eu te entendo, mas sobre o papai
você está sendo muito injusto. Aquele homem nunca nos forçou a nada.
E você sempre deixou claro o interesse em assumir tudo e isso
obviamente criou expectativas no coroa. ─ fico em silêncio, nã o tenho o
que responder e ele continua ─ Eu por exemplo, ele sabe que nã o tenho
jeito para essa merda de passar o dia preso dentro de um escritó rio, nã o
é a minha praia, gosto de ser livre. ─ meu irmã o realmente nunca gostou
de nada disso e sempre deixou claro ─ Estou buscando meu sonho, meu
pró prio lugar. E pode parecer estranho mediante ao curso que estou
fazendo na faculdade, mas você sabe que a carreira que pretendo seguir
exige essa formaçã o.
Suspiro e esfrego as mã os no rosto, porque sei que o meu irmã o
tem razã o.
─ Sim, você está certo. Esquece o que eu falei. Estou passando por
um período de merda, cansado e meio bêbado ainda. Papai é um homem
incrível e nã o merece essa minha injustiça. E nossa mã e apesar de ter
um jeito todo “especial” de ser, sempre fez tudo por nós dois. ─ enfatizo o
final para alfinetar ele.
─ Sim, claro. ─ revira os olhos em deboche.
─ Quando foi que você fez 50 anos, cara? Nã o me lembro. ─ brinco,
entretanto estou espantado e até um pouco envergonhado que o meu
irmã o de 19 anos esteja sendo mais maduro do que eu.
─ De vez em quando preciso ser adulto, né. ─ diz rindo, mas
percebo a alusã o que faz aos momentos em que me perturba como
ninguém.
Gael entra na garagem subterrâ nea da nossa residência e
estaciona.
─ Valeu mesmo, mano. ─ agradeço por ele ter ido me buscar e
também pela nossa conversa no trajeto.
─ Nada mané. Somos nó s dois contra o mundo, lembra?
Diz uma frase que usamos desde criança e me dá um tapinha nas
costas enquanto nos encaminhamos para dentro de casa.
─ Bom dia, dona Rose. ─ comprimento a nossa cozinheira.
─ Oi meu menino, bom dia. Meu Deus, o que houve contigo? Está
passando mal?
─ Nã o Rô , ele só passou a noite na farra e está bêbado ainda.
Olho feio para o idiota do meu irmã o que se mete onde nã o foi
chamado.
─ O que foi? Me acordou cedo para ir te socorrer, entã o posso me
meter no que eu quiser. ─ me responde entendendo exatamente o que
pensei e eu reviro os olhos.
─ Estou bem, Rô . Vou só tomar um banho e dormir um pouco.
Daqui a pouco estou novinho de novo. ─ tranquilizo-a ─ E a Manu? ─
pergunto por minha melhor amiga.
─ Manu está bem. Perguntou hoje por vocês, no café da manhã . ─
sorrir ao falar da filha ─ Agora vai lá , toma o seu banho, mas antes de
dormir você vai comer alguma coisa.
Só em ouvir a palavra comida meu estô mago embrulha novamente.
─ Depois eu como, tá . Nã o estou muito legal. Vou tomar algum
remédio para enjoo e para dor de cabeça. ─ falo carinhosamente para a
mulher que nos trata como filho.
─ Tá bom. Depois levo um suco para você.
─ Combinado. ─ dou um beijo em seu rosto e vou na direçã o da
sala sabendo que meus pais estã o lá .
─ Calma ai, mano. ─ meu irmã o interrompe os meus passos
Olho para ele tentando entender e o vejo com um pacote de
salgadinho na mã o e indo até a geladeira.
─ Agora sim, vamos.
─ Mas que merda é essa na sua mã o? Nã o acha que está cedo
demais para comer porcaria?
─ Sério? Falou o cara que está bêbado à s 8:30h da manhã . ─
mostro o dedo do meio para ele.
─ E isso aqui é para assistir de camarote o que os nossos pais vã o
fazer com você. Um refri e na falta de pipoca, peguei salgadinho mesmo.
Agora vamos. ─ diz rindo e me incentivando a andar.
Vejo que a vibe séria e sensata que estava no carro foi embora e o
Gael perturbado de sempre está de volta.
─ Idiota. ─ resmungo para ele.
Logo quando chego na sala percebo que só está a minha mã e,
sentada na poltrona, mexendo em seu celular.
─ Bom dia, mã e. ─ cumprimento assim que a vejo e vou até ela, lhe
dando um beijo no rosto.
Nossa sala é ampla, onde mó veis sofisticados e obras de artes
contemporâ neas se conectam com elegâ ncia. Possui grandes janelas
panorâ micas que nos permite uma visã o esplêndida do mar.
─ Oi, meu filho. ─ me responde e coloca o celular ao lado com o
visor para baixo.
─ Cadê o meu pai?
─ Ligaram para ele do escritó rio e ele precisou ir até lá , mas disse
que volta para o almoço. ─ ela me responde.
Eu aceno em resposta e penso em me retirar porque realmente
preciso descansar um pouco. Mas dona Beatriz questiona.
─ O que houve com você, Bernardo? Mais uma noite sem voltar
para casa. Estávamos preocupados.
─ Nada mã e, desculpa, acabei me distraindo e esqueci de avisar.
Fomos para a festa da galera ontem, mas conheci uma menina...
Nem sonhando que vou explicar o que fui fazer para a minha mã e,
entã o deixo subentendido.
─ Sendo que nã o dormi quase nada, fora que bebi um pouco além e
por isso nã o estou muito legal. Vou subir para tomar uma ducha e
dormir um pouco, antes do pai chegar para o almoço. ─ minha mã e solta
um suspiro forte e olha enviesado para o meu irmã o
─ E onde você estava, Gael? Provavelmente se agarrando com uma
qualquer. Incrível como você é um inú til, porque se tivesse ficado ao lado
do seu irmã o, ele teria voltado para a casa contigo e nã o estaria
passando mal agora. ─ dona Beatriz acusa
─ Como é que é? ─ Gael pergunta incrédulo ─ Quer dizer que eu
sou babá de marmanjo, agora? Ah, mã e, por favor... Menos, bem menos.
Sei da sua preferência pelo Bernardo, e está tudo bem para mim, mas
nã o vem me culpar por algo assim. E só para saber, o inú til aqui estava lá
o tempo todo, mas nã o vou ficar me explicando para quem nã o merece o
meu tempo.
─ Me respeita, garoto. Eu sou sua mã e e nã o tenho preferência por
ninguém. Mas conheço cada um dos meus filhos e sei que você só se
importa consigo mesmo e adora uma desqualificada.
─ Mã e, a senhora está sendo injusta com ele. Gael nã o é assim, ele
foi me buscar e... ─ meu irmã o me interrompe.
─ Mã e, eu fui para a festa sim e nã o que seja da sua conta, mas
ontem nã o fiquei me agarrando com mulher alguma, assim como
também nã o bebi uma gota de á lcool porque vi o Bernardo bebendo e
voltaria dirigindo. ─ meu irmã o se explica, visivelmente magoado ─ Na
hora de ir embora nã o o achei e só vim embora quando um amigo disse
que ele tinha saído com uma garota. Agora se a senhora quiser me
acusar e ofender, fica à vontade. Só nã o vou ficar aqui ouvindo, nã o sou
obrigado. ─ ele responde de cara fechada ─ Bernardo, vou sair, depois
nos falamos, se cuida.
Meu irmã o sai com o salgadinho e o refrigerante intactos em suas
mã os.
─ Mã e, a senhora nã o deveria ter falado assim com ele, foi injusta e
até cruel. Eu sou o mais velho. Se tem alguém aqui que deveria cuidar de
alguém, sou eu. E quase sempre é o Gael que faz isso por mim.
─ Eu nã o falei nada demais. Ele que é muito abusado e dramá tico.
─ desdenha.
─ Mã e, eu concordo com ele, a senhora pegou pesado e foi muito
injusta. ─ insisto.
─ Ok meu filho, agora sobe e toma um banho, vou levar um
remédio para você e algo leve para comer. ─ fala, pega o seu celular e sai
em direçã o a cozinha para que eu nã o fale mais nada.
Inspiro com força lamentando por Gael que só foi me ajudar e nã o
merecia ter ouvido nada disso. Sem ter o que fazer por ele no momento,
vou para o meu quarto com o meu corpo implorando por outro banho e
minha cama.
Passo o restante do fim de semana em casa, de molho, curtindo a
minha família e a piscina com o meu irmã o.
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Capítulo Bônus
A Tentação do Delegado

Gael
Faz alguns minutos que cheguei em Brasília, fui convocado pelo
diretor geral a comparecer com urgê ncia na sede administrativa da
PF[11].
Assim que adentrei ao andar do meu superior, fui direcionado para
a sala de conferências onde o meu diretor já me aguardava com uma
expressã o de poucos amigos em seu rosto.
Todo o local gritava seriedade e autoridade.
— Bom dia, Sr Gonçalves — o comprimento assim que fico de
frente para sua mesa.
Raul Gonçalves é um homem integro, sério, alto, porém com um
físico até normal para a sua profissã o, mas com habilidades
surpreendentes, capaz de derrubar qualquer um, acredito que até
mesmo hoje, no auge de seus 65 anos. Alguém que tive o prazer de
conhecer nesta minha jornada e que sempre me acolheu como um filho.
— Bom dia, Gael. Sente-se e deixe dessa formalidade
desnecessá ria.
— Ok, Raul, pode falar. Para onde vou dessa vez? — digo o obvio,
trabalho com Raul a tempo suficiente para saber que se me chamou até
aqui é porque me quer infiltrado em alguma missã o.
— Direto ao ponto. Isso é uma das coisas que mais admiro em
você, garoto. — Me elogia e aponta a cadeira novamente, já que nã o me
sentei da primeira vez que falou. — Acho melhor se sentar, a nossa
conversa vai ser longa.
Me sento a sua frente e vejo aquele olhar acolhedor, parecido com
a forma que o meu pai me olha, e sei exatamente o que vem a seguir, algo
que fujo falar, um assunto que nunca vou superar, até porque nã o tenho
como mudar o que já aconteceu.
— Antes de te passar tudo, preciso saber como você está ?
— Eu estou como devo estar, Raul, vivendo um dia de cada vez —
respondo de forma tã o sincera quanto vaga e o corto. — Vamos falar
sobre o caso?
— Nã o sei. Acho que ainda nã o está pronto para voltar à ativa.
— Raul, eu preciso trabalhar, eu já perdi demais e isso me coloca
no controle das coisas.
Meu diretor me olha por um tempo, antes de soltar um suspiro e
continuar.
— Eu confio em você, Gael, como nunca confiei em agente nenhum,
por isso indiquei o seu nome para o cargo de delegado quando fui
acionado e mesmo quando fui contestado por você ainda ser muito
jovem, eu reafirmei que você era o ú nico digno para o cargo, o ú nico que
teria o meu apoio.
Nã o consigo disfarçar a minha cara de surpresa, tudo bem que eu
imaginava que tinha sido indicaçã o dele, mas ele assumir assim, é algo
que eu nã o esperava.
Minha relaçã o com este homem é incrível, é exatamente a mesma
que tenho com o meu pai. O admiro como pessoa e ainda mais como
profissional e me espelho nele, procurando seguir seus passos.
— Chefe, eu agradeço por toda a sua confiança e nunca irei te
decepcionar, mas peço que entenda, por favor, nã o quero falar da minha
mulher. Nã o estou pronto para tocar neste assunto, apesar de já ter
acontecido há alguns meses é algo que ainda me incomoda por vá rios
motivos, mas isso nã o significa que nã o estou pronto para voltar à ativa,
na verdade eu preciso disso e vou trabalhar como sempre fiz. Te dou a
minha palavra. — digo cada uma das palavras olhando fixo em seus
olhos para que ele sinta a minha sinceridade.
Ontem completou 120 dias que estou afastado das minhas
atividades na PF e estou enlouquecendo. Ficar em casa com todas as
lembranças dela, suas coisas e o vazio que deixou, só tem me feito
pensar mais em tudo e isso nã o tem ajudado em nada.
— Ok, Gael, você sempre foi centrado, responsável e sinceramente,
é o meu melhor agente, por isso que mesmo sendo delegado, nesses
casos opto por enviar você. Vamos conversar sobre o caso.
Aceno para ele e passo a pró xima hora inteira conversando sobre
minha nova missã o.
Raul me entrega uma pasta grossa, onde comprova que a PF já está
de olho nessa organizaçã o criminosa há um bom tempo e eu começo a
revisar todo o conteú do, meus olhos percorrem atentamente cada
pá gina, absorvendo cada informaçã o sobre essa quadrilha. O silencio
toma conta da sala, sendo interrompido somente pelo som das nossas
respiraçõ es, pesadas, assim como material em minhas mã os.
— Gael, como pode ver, esse caso nã o será mais um, me atrevo a
dizer que será o caso mais importante que já enfrentamos. Nã o podemos
vacilar, temos uma chance depois de quase um ano de investigaçã o —
ele reforça. — Até agora nã o tínhamos encontrado uma brecha para
infiltrar alguém, porém, finalmente este momento chegou, e nã o
podemos cometer nenhum erro. Por isso quero você lá . Nó s temos a
obrigaçã o de detê-los.
Olho novamente para a pasta em minhas mã os, onde contém
vá rios registros financeiros, relató rios de vigilâ ncia com troca de turno,
entrada e saídas das drogas, como eles fazem para lavar o dinheiro e
algumas fotografias, em uma delas vejo um homem de perfil, alto,
branco, cabelo liso, forte, bem-vestido, e apesar de nã o conseguir
analisar muito bem por que ele nã o está de frente, sei de quem se trata.
— Entã o vocês já sabem do paradeiro dele?
— Sim. Como pode ver nunca os perdemos de vista, nem durante
esses anos em que ficou preso deixamos sua organizaçã o distante dos
nossos olhos. — Raul pega outra foto em cima da mesa. — Estas
imagens foram tiradas por nossa equipe de inteligência e existe uma
suspeita de que a sua fuga tem o dedo de alguém de dentro, mas ainda
nã o fazemos ideia de quem seja ou se foi somente uma falha no sistema
— meu diretor explica, mexendo em seu notebook e o vira para mim, me
mostrando ali os documentos que tenho em mã os e noto uma pasta ao
canto escrito confidencial. — Ele sempre foi escorregadio, o homem
parecia um fantasma, deve ser por isso que o chamam de Ghost, mas
isso era no passado, quando nã o sabíamos a sua identidade e isso
facilitava a vida dupla que levava.
— Entendi, Raul. — Observo uma outra foto e questiono ao
reconhecer de quem se trata. — Entã o eles realmente trabalham juntos?
Sempre houve suspeitas de que Ghost e Paulo Fontes, especialista
em lavagem de dinheiro, trabalhavam juntos, mas até o momento eram
só especulaçõ es. Isso nos leva a uma outra suspeita, que talvez tenhamos
pessoas do governo envolvidas, pois Paulo é figura carimbada em alguns
gabinetes.
— Sim. Nossa equipe tem acompanhado tudo, como te falei, assim
conseguimos rastrear essa reuniã o que fizeram recentemente, logo apó s
a fuga, assim como algumas operaçõ es. Mas agora precisamos de
informaçõ es de dentro, para derrubarmos todos eles de vez — meu
diretor me passa outra pasta. — Esses sã o os documentos mais recentes
que interceptamos.
Começo a folhear tudo e vejo planilhas de contabilidade e vá rios
registros de transaçõ es.
— Chefe, isso é ouro — falo ainda olhando os documentos. —
Como exatamente vou ser infiltrado?
— Já pensamos em tudo — Raul responde. — Você será
apresentado como um criminoso recém-saído da prisã o, que morava em
outra cidade e que possui algumas habilidades, — e ele começa a
enumerar — pilota uma moto como ninguém, especialista em segurança
cibernética e possui contatos na fronteira. — o encaro nã o gostando
muito desse plano. — Eles estã o precisando de pessoas com essas
qualidades e você é o combo perfeito.
— Porra chefe, nã o estou gostando disso. Do nada aparece um cara
estranho com tudo que eles precisam? — exponho meu raciocínio. — No
mínimo suspeito, né?
— Sim, seria se tudo nã o tivesse sido planejado.
Entã o Raul me diz que um dos contatos dele, dentro do sistema
penitenciá rio, vai ajudar a forjar o meu histó rico, as outras habilidades
eu possuo mesmo e o contato na fronteira, nó s temos e isso vai facilitar
quando precisarmos forjar mais esse tipo de documento.
— Ok. É arriscado, mas pode dar certo.
— Pode nã o, vai dar certo, Gael — ele afirma. — Sem erros,
lembra? — aceno para ele.
— Quem mais está envolvido nesta missã o?
Nos levantamos e ele me mostra em um mapa na parede toda a
nossa equipe de suporte, informando que eles vã o monitorar tudo em
tempo real, coletando mais informaçõ es e garantindo a minha
segurança.
— E quando começamos? — Aponto para as pastas. — Posso ficar
com elas?
— Claro, foram montadas para você. Sei quais sã o as informaçõ es
que gosta de reunir para fazer as suas pró prias investigaçõ es — diz
sorrindo. — E vamos começar imediatamente, hoje mesmo você
receberá instruçõ es da nossa equipe de suporte.
— Perfeito, chefe. — Olho novamente para a tela do computador
dele na direçã o da tal pasta confidencial e algo passa pela minha cabeça.
— Raul, eu estarei infiltrado sozinho ou teremos um coringa?
— Temos um agente especial infiltrado dentro da organizaçã o,
pronto para agir caso alguma coisa dê errado. Mas por hora, isso é tudo
que posso dizer.
Porra.
— Nã o gosto disso, Raul. Nã o confio a minha vida a quem eu nã o
tenho uma ficha completa nas minhas mã os. — Ele sabe que sou
meticuloso, estou nesse meio a tempo suficiente para saber que as
pessoas nã o precisam de muito para serem corrompidas, ainda mais
quando envolve muito dinheiro.
— Fica tranquilo. Ela é de confiança.
— Ok, nã o tenho outra alternativa. — Levanto reunindo a papelada
e coloco tudo dentro da pasta novamente e meu cérebro liga um alerta
para algo. — Ela? Entã o é uma mulher? — Questiono por que antes ele
se referiu sempre no masculino.
Ele suspira. Sabia.
— Ela, a pessoa, Gael.
— Raul, eu te conheço, você nã o me engana, mas vou aguardar o
momento em que poderá me contar quem está lá .
— Ainda nã o posso revelar nada sobre isso, mas nã o se preocupe,
você saberá mais detalhes em breve.
— Ok, chefe. Tem algo a mais que eu precise saber?
Desconfio de quem o chefe está falando, e apesar de nã o a
conhecer pessoalmente sei que ela nã o curte muito trabalhar em equipe,
e se eu estiver certo, o que geralmente acontece, esse filho da puta e
seus ratos de estimaçã o estã o muito fodidos.
— Por hora, nã o. Só quero reforçar Gael, que a minha escolha foi
baseada na sua técnica para se infiltrar, o comportamento disfarçado
que adota, a comunicaçã o segura que desenvolve, junto com todas as
habilidades que possui — diz me olhando nos olhos. — Todas essas
qualidades juntas foram elementos fundamentais para te integrar nesta
organizaçã o criminosa sem levantar suspeitas. E isso é algo muito
pessoal seu, de quando está infiltrado.
— Nada sairá errado, fique tranquilo. — Faço questã o de afirmar,
porque mesmo com toda confiança que tem em mim, sinto que ele está
preocupado.
— Eu sei — responde convicto, apesar de saber da complexidade
de tudo. — Você entra totalmente no personagem e isso é exatamente o
que precisamos nesta missã o, porque nã o será fá cil, na verdade, tenha
em mente que talvez você esteja indo para uma guerra e nada pode dar
errado — Raul repete com seriedade. — Eles sã o astutos e perigosos,
entã o faça tudo que for preciso para o êxito desta missã o. — Me levanto
e concluo.
— Eles nã o conhecem o perigo ainda, Raul. Nã o até me
conhecerem. — Meu diretor se levanta e apertamos as mã os finalizando
nossa reuniã o.
Dito isso, aceno para o meu chefe e saio com os documentos que
precisarei analisar e assim montar uma estratégia para aniquilar toda
essa raça de desgraçados.

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A Tentaçã o do Delegado está disponível na Amazon e Kindle
Unlimited.
[1] Informalmente chamado de copo de whisky, o On The Rocks é um copo de
boca e bojo largos, poré m baixo e sem haste. [2] Boate fictícia. [3] Prá tica onde
é utilizada a asfixia para fins de excitaçã o, como atravé s de
enforcamento com as mã os, por exemplo. [4] Té cnica utilizada no
Shibari. [5] Famosa plataforma de vidro suspensa sobre o desfiladeiro. [6] Porra
em italiano.
[7] Eu sei que provavelmente estou melhor sozinha
Do que amando um homem que nã o sabia
O que tinha quando o tinha
E eu vejo o dano permanente que você meu causou
Nunca mais, eu só queria esquecer de quando era má gico
[8] Eu vou cuidar de você
Eu vou cuidar de você
Você faz isso parecer má gica
Pois eu nã o vejo ningué m, ningué m
Alé m de você
Eu nunca estou confuso
Eu estou tã o acostumado a ser usado
[9] Empresa fictícia pertencente ao personagem principal da histó ria. [10]
Acessó rio culiná rio cuja finalidade é proteger os alimentos e manter a
temperatura da comida. [11] Polícia Federal.

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