Integração do GeoGebra na prática pedagógica: percepções de professores

de matemática do ensino fundamental

Integration of GeoGebra into pedagogical practice: perceptions of

mathematics teachers in elementary education

Integración del GeoGebra en la práctica pedagógica: percepciones de los

profesores de matemáticas de la educación básica
DOI: 10.55905/revconv.17n.9-197

Originals received: 08/12/2024

Acceptance for publication: 09/02/2024

Francisco Cleuton de Araújo

Doutorando em Ensino de Ciências e Matemática
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC)
Endereço: Fortaleza - Ceará, Brasil
E-mail: [email protected]

Carlos Daniel Chaves Paiva

Licenciando em Matemática
Instituição: Instituto Federal do Ceará (IFCE)
Endereço: Crateús - Ceará, Brasil
E-mail: [email protected]

Rildo Alves do Nascimento

Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática
Instituição: Instituto Superior de Teologia Aplicada (INTA)
Endereço: Santa Maria da Boa Vista - Pernambuco, Brasil
E-mail: [email protected]

Roberto Gomes Maia

Mestrando em Engenharia Química
Instituição: Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Endereço: Viçosa - Minas Gerais, Brasil
E-mail: [email protected]

Jefte Dodth Telles Monteiro

Especialização em Educação à Distância 4.0
Instituição: Centro Universitário UNIFAEL
Endereço: Araguaína - Tocantins, Brasil
E-mail: [email protected]

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.9, p. 01-17, 2024 1
 Flávio Daniel Luz Rêgo
Mestre em Matemática
Instituição: Universidade Federal do Pará (UFPA)
Endereço: Belém - Pará, Brasil
E-mail: [email protected]

Luan Martins Abreu

Especialista em Ciências da Natureza, Suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho
Instituição: Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Endereço: Canindé - Ceará, Brasil
E-mail: [email protected]

José Joel Alexandre

Especialista em Ensino de Matemática no Ensino Médio
Instituição: Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Endereço: Fortaleza - Ceará, Brasil
E-mail: [email protected]

Adalgisa Maria de Oliveira

Mestra em Matemática
Instituição: Instituto Federal do Piauí (IFPI)
Endereço: Pimenteiras - Piauí, Brasil
E-mail: [email protected]

Antônio Diogo de Andrade

Mestrando em Ciências da Educação
Instituição: Enber University
Endereço: Juazeirinho - Paraíba, Brasil
E-mail: [email protected]

Joel Manga da Silva

Mestre em Educação Profissional
Instituição: Instituto Federal do Amapá (IFAP)
Endereço: Macapá - Amapá, Brasil
E-mail: [email protected]

Euzébio Rodolfo Silva Nunes

Pós-Graduado em Língua Portuguesa e Literatura no Contexto Educacional
Instituição: Faculdade Unicesumar
Endereço: Valença do Piauí - Piauí, Brasil
E-mail: [email protected]

Mickelle Sousa Santos

Pós-Graduada em Psicopedagogia
Instituição: Faculdades INTA
Endereço: Valença do Piauí - Piauí, Brasil
E-mail: [email protected]

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 Madson Fernandes de Melo Junior
Mestre em Energia e Ambiente
Instituição: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
Endereço: Redenção - Ceará, Brasil
E-mail: [email protected]

RESUMO
Este trabalho investiga as percepções dos professores de Matemática dos Anos Finais do Ensino
Fundamental acerca do uso do software GeoGebra em sala de aula, visando compreender os
desafios e benefícios dessa ferramenta no ensino-aprendizagem. A pesquisa se justifica pela
crescente importância das tecnologias digitais na educação e pela necessidade de práticas
pedagógicas que promovam maior interatividade e compreensão dos conteúdos matemáticos. O
objetivo do estudo foi identificar como os professores utilizam o GeoGebra, quais são as
principais dificuldades encontradas e como essa tecnologia pode ser melhor integrada ao
currículo de Matemática. Para tanto, foi adotada uma abordagem qualitativa, com a aplicação de
questionários a um grupo de professores. Os resultados indicam que, embora o GeoGebra seja
reconhecido por suas capacidades de visualização e por aumentar o interesse dos alunos, sua
utilização ainda é limitada devido à falta de formação específica e infraestrutura adequada nas
escolas. Conclui-se que é fundamental investir em capacitação docente e melhorar as condições
tecnológicas para que o GeoGebra possa ser plenamente explorado como uma ferramenta
pedagógica eficaz. As implicações do estudo apontam para a necessidade de políticas
educacionais que incentivem o uso de tecnologias digitais no ensino de Matemática.

Palavras-chave: GeoGebra, ensino de matemática, tecnologias digitais, formação docente.

ABSTRACT
This study investigates the perceptions of Mathematics teachers in the final years of elementary
education regarding the use of GeoGebra software in the classroom, aiming to understand the
challenges and benefits of this tool in teaching and learning. The research is justified by the
growing importance of digital technologies in education and the need for pedagogical practices
that promote greater interactivity and understanding of mathematical content. The study aimed
to identify how teachers use GeoGebra, the main challenges they face, and how this technology
can be better integrated into the Mathematics curriculum. A qualitative approach was adopted,
using questionnaires administered to a group of teachers. The results indicate that, although
GeoGebra is recognized for its visualization capabilities and its ability to increase student
interest, its use is still limited due to a lack of specific training and inadequate infrastructure in
schools. It is concluded that investing in teacher training and improving technological conditions
is essential for GeoGebra to be fully explored as an effective pedagogical tool. The study's
implications highlight the need for educational policies that encourage the use of digital
technologies in Mathematics education.

Keywords: GeoGebra, mathematics teaching, digital technologies, teacher training.

RESUMEN
Este trabajo investiga las percepciones de los profesores de Matemáticas de los Años Finais de
la Educación Primaria acerca del uso del software GeoGebra en el aula, con el objetivo de
comprender los desafíos y beneficios de esta herramienta en la enseñanza-aprendizaje. La

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investigación se justifica por la creciente importancia de las tecnologías digitales en la educación
y la necesidad de prácticas pedagógicas que promuevan una mayor interactividad y comprensión
de los contenidos matemáticos. El objetivo del estudio fue identificar cómo los profesores
utilizan GeoGebra, cuáles son las principales dificultades encontradas y cómo esta tecnología
puede integrarse mejor en el currículo de Matemáticas. Para ello, se adoptó un enfoque
cualitativo, con la aplicación de cuestionarios a un grupo de profesores. Los resultados indican
que, aunque GeoGebra es reconocido por sus capacidades de visualización y por aumentar el
interés de los estudiantes, su uso sigue siendo limitado debido a la falta de formación específica
y de infraestructura adecuada en las escuelas. Se concluye que es fundamental invertir en la
capacitación docente y mejorar las condiciones tecnológicas para que GeoGebra pueda ser
plenamente explotado como una herramienta pedagógica eficaz. Las implicaciones del estudio
apuntan a la necesidad de políticas educativas que fomenten el uso de tecnologías digitales en la
enseñanza de las Matemáticas.

Palabras clave: GeoGebra, enseñanza de matemáticas, tecnologías digitales, formación docente.

1 INTRODUÇÃO

O uso de tecnologias digitais no ensino de Matemática tem sido amplamente debatido nas
últimas décadas, especialmente em um contexto onde a educação busca cada vez mais alinhar-se
às demandas de uma sociedade globalizada e tecnologicamente interconectada. Entre as diversas
ferramentas disponíveis, o GeoGebra destaca-se como um software de matemática dinâmica
versátil, amplamente utilizado para a visualização e exploração de conceitos matemáticos
(GeoGebra.org, 2024).
Markus Hohenwarter, em sua tese de doutorado na Universidade de Salzburgo, Áustria,
desenvolveu o GeoGebra com a intenção de criar um instrumento adequado para o ensino da
Matemática, combinando procedimentos geométricos e algébricos (Araújo, 2008).
Desenvolvido em linguagem Java e disponibilizado gratuitamente, o GeoGebra é um
software livre que oferece uma interface intuitiva que facilita a criação de construções
matemáticas e modelos, permitindo explorações interativas por meio da manipulação de objetos
e ajustes de parâmetros (Scaldelai, 2014).
O GeoGebra tem o potencial de transformar a sala de aula em um ambiente de
aprendizado interativo e significativo. No entanto, a implementação eficaz dessa tecnologia
depende de vários fatores, incluindo a capacitação docente, a infraestrutura tecnológica
disponível, e a integração adequada do software às práticas pedagógicas.

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 A introdução do GeoGebra nas escolas brasileiras tem sido uma iniciativa promissora,
mas sua adoção enfrenta desafios importantes. Embora alguns professores já tenham incorporado
o software em suas aulas, muitos ainda desconhecem seu potencial ou enfrentam barreiras
técnicas e pedagógicas que dificultam seu uso frequente. Diante disso, emerge o problema de
pesquisa deste estudo: quais são as percepções dos professores dos Anos Finais do Ensino
Fundamental sobre o uso do GeoGebra em sala de aula, e como essas percepções influenciam a
integração desse software nas práticas pedagógicas?
A justificativa para esta pesquisa fundamenta-se na crescente demanda por inovação
pedagógica que acompanhe a evolução tecnológica na sociedade. O uso do GeoGebra apresenta-
se como uma solução potencial para enriquecer o ambiente de aprendizagem. No entanto, apesar
das oportunidades oferecidas, sua adoção ainda enfrenta diversos desafios. Ao explorar os
benefícios e desafios do uso do GeoGebra a partir da perspectiva docente, este estudo pode
oferecer subsídios importantes para a criação de políticas educacionais que promovam uma
efetiva integração de tecnologias digitais no ensino da Matemática, contribuindo, assim, para a
melhoria da qualidade do ensino de Matemática.
A presente investigação tem como objetivo geral analisar as percepções dos professores
de Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental sobre o uso do GeoGebra em sala de
aula, buscando compreender como essas percepções influenciam sua prática pedagógica.
Especificamente, pretende-se: identificar a frequência de uso do GeoGebra pelos professores;
investigar os conteúdos matemáticos em que o software é mais utilizado; e explorar os benefícios
e desafios relatados pelos docentes.
Para alcançar esses objetivos, este estudo adota uma abordagem metodológica qualitativa,
de natureza exploratória. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário
semiestruturado, aplicado a um grupo de professores de Matemática que atuam nos Anos Finais
do Ensino Fundamental. A análise dos dados foi realizada conforme a análise de conteúdo,
proposta por Bardin (2016).
Este estudo visa contribuir para a discussão sobre a inserção de tecnologias digitais na
educação matemática, oferecendo elementos relevantes sobre os fatores que facilitam ou
dificultam o uso do GeoGebra nas escolas. Além disso, as conclusões apresentadas pretendem
fornecer subsídios para potencializar o ensino e a aprendizagem da Matemática no Ensino
Fundamental.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A integração de tecnologias digitais no ensino de Matemática tem sido amplamente

discutida na literatura educacional, destacando-se como uma abordagem capaz de transformar a
prática pedagógica e melhorar o processo de ensino-aprendizagem (Papert, 2010). Dentre as
ferramentas tecnológicas disponíveis, o software GeoGebra tem ganhado destaque por suas
funcionalidades que facilitam a visualização de conteúdos matemáticos e a realização de
experimentações no contexto do ensino-aprendizagem.
Segundo Cyrino e Baldini (2020), os recursos tecnológicos, como os softwares
pedagógicos, estão cada vez mais presentes nos ambientes de ensino e aprendizagem, disponíveis
em computadores, smathphones, tablets ou outros dispositivos. No entanto, o uso pedagógico
desses recursos nas aulas de Matemática, embora seja amplamente discutido, não garante por si
só um novo modelo educacional. É possível que, mesmo com a inovação nos recursos, o
paradigma tradicional seja mantido, especialmente em aulas que não promovem o compromisso
mútuo ou o desenvolvimento de empreendimentos colaborativos para a negociação de
significados. Para além disso, a proposição de tarefas que não demandam esforço cognitivo e que
priorizam exercícios repetitivos, bem como o uso mecânico de fórmulas e algoritmos, pode
reforçar esse modelo tradicional. No intuito de superar essa situação, a inserção das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TIC) na formação de professores deve ser orientada por uma
concepção de Educação Matemática que priorize a aprendizagem e a equidade social.
Nesse sentido, o professor desempenha um papel fundamental na condução das mudanças
educacionais, sendo responsável por organizar pedagogicamente a sala de aula, escolher as
tarefas, definir os tipos de comunicação e promover processos de interação que facilitam a
negociação de significados entre os alunos. Para que essas mudanças ocorram, é necessário que
os educadores estejam abertos a transformações didático-pedagógicas, sejam reflexivos e
comprometidos com uma educação que priorize o desenvolvimento humano (Cyrino; Baldini,
2020).
A visualização é um elemento fundamental no ensino de Matemática, pois permite aos
alunos compreenderem e manipularem objetos abstratos de forma concreta (Duval, 2006). Nesse
sentido, o GeoGebra se apresenta como uma ferramenta que pode potencializar a visualização de
objetos matemáticos, oferecendo representações de um mesmo conceito e permitindo que os

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alunos façam conexões entre essas diferentes representações.
Cabe ressaltar que para alcançar a compreensão matemática, não é suficiente apenas a
visualização das figuras, seja a figura inicial ou as que se obtêm por arrastamento. É fundamental
que os alunos sejam estimulados a realizar demonstrações formais, com caráter explicativo, e
sejam incentivados a utilizar raciocínios dedutivos, justificando a obtenção de novos resultados
na busca pela compreensão. Nesse sentido, ambientes de geometria dinâmica, como o GeoGebra,
podem ser grandes aliados no processo de demonstração, atividade muito relevante para a
compreensão matemática mais ampla (Amado; Sanchez; Pinto, 2015).
De acordo com Bu, Haciomeroglu e Mumba (2011), uso de softwares de matemática
dinâmica, como o GeoGebra, tem proporcionado ambientes de aprendizagem ricos em múltiplas
representações, ferramentas de modelagem e simulação, além de inovações pedagógicas. Esses
recursos oferecem novas oportunidades, mas também apresentam desafios para a resolução de
problemas matemáticos. A partir da literatura existente sobre o tema, algumas estratégias
heurísticas são sugeridas, como a exploração e o planejamento, a compreensão de dependências,
o trabalho reverso, a tentativa e erro, e a gestão da complexidade, sendo estas especialmente úteis
quando os estudantes se engajam em uma resolução de problemas utilizando o GeoGebra ou
tecnologias semelhantes.
Ainda segundo os autores, à medida que se aprende mais sobre o comportamento
matemático dos alunos em ambientes dinâmicos, é necessário refinar e enriquecer as estratégias
com base em evidências empíricas. Experimentos de ensino realizados com futuros professores
em formação têm mostrado resultados positivos, incentivando assim os professores de todos os
níveis a utilizarem essas ferramentas pedagógicas em suas práticas, visando desenvolver a
competência matemática dos alunos através de experiências matemáticas ativas, com destaque
para atividades de modelagem matemática (Bu; Haciomeroglu; Mumba, 2011).
A pesquisa realizada por Faria e Maltempi (2019), indica que o GeoGebra proporciona a
exploração de múltiplas representações que destacam as particularidades das diferentes vertentes
da Matemática, utilizando seus diversos recursos e janelas que exibem os objetos matemáticos
em representações algébrica, aritmética e geométrica, de maneira dinamicamente conectada. A
exploração simultânea dessas representações permite que as desvantagens de uma sejam
compensadas pelas vantagens das outras, facilitando o ensino e a aprendizagem.
Além disso, a atividade com o GeoGebra favorece a experimentação, a criação de

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estratégias, a formulação de conjecturas, a exploração de construções, a argumentação qualitativa
e a dedução de propriedades matemáticas relacionadas a conteúdos do Ensino Fundamental,
especialmente no que se refere ao raciocínio proporcional (Faria; Maltempi, 2019).
Conforme Araújo et al. (2023), observa-se a carência de uma melhor capacitação dos
professores de Matemática nos cursos de formação, o que impacta negativamente a Educação
Básica, especialmente no que se refere ao uso de tecnologias digitais em sala de aula, como o
software GeoGebra. Para mitigar esse problema, é essencial e urgente a implementação de
políticas públicas que desenvolvam cursos de capacitação, visando à integração dessas
ferramentas nas práticas pedagógicas. Embora a falta de conhecimento técnico seja um desafio
significativo, ela não deve ser vista como uma crítica ao trabalho dos educadores, mas sim como
uma consequência da insuficiência de oportunidades de formação adequada.
Nesta perspectiva, quando utilizadas de maneira eficaz, as tecnologias digitais podem
trazer benefícios substanciais para professores e alunos, promovendo um ensino mais dinâmico
e prazeroso. Desse modo, é essencial incentivar a adoção de políticas que melhorem a formação
inicial e continuada dos educadores, com o objetivo de implementar novas metodologias no
ensino de Matemática e contribuir para uma educação mais inovadora e inclusiva. Além disso,
destaca-se a complexidade do uso dessas tecnologias pelos professores, ressaltando a importância
de uma formação contínua que permita o desenvolvimento pleno de suas habilidades como
mediadores do conhecimento (Araújo et al., 2023).
O ensino de Matemática deve ir além do foco exclusivamente teórico, incorporando
diversas abordagens de aprendizagem que utilizem recursos didáticos comprovados, capazes de
estimular o interesse dos alunos. Os softwares de Matemática, disponíveis no mercado ou on-
line, têm facilitado o trabalho dos professores na transmissão de conhecimento, sem a
necessidade de criar novos materiais didáticos. O uso do software GeoGebra impacta
positivamente o desempenho dos alunos, além de promover percepções positivas em termos de
entusiasmo, confiança e motivação. Portanto, é recomendável que o GeoGebra seja introduzido
aos educadores de Matemática, permitindo que os alunos ampliem sua exploração dos conteúdos
matemáticos e desenvolvam habilidades críticas e criativas (Arbain; Shukor, 2015).
Assim, destaca-se a relevância da incorporação de ferramentas inovadoras para aprimorar
a prática pedagógica e o processo de ensino-aprendizagem. O GeoGebra oferece uma plataforma
interativa que facilita a visualização e exploração de conceitos matemáticos. Esta ferramenta

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permite a criação de múltiplas representações para um mesmo conceito, proporcionando aos
alunos uma compreensão mais aprofundada e concreta dos conteúdos matemáticos.
No entanto, a efetiva implementação do GeoGebra nas salas de aula depende de fatores
como a capacitação dos professores e a infraestrutura tecnológica disponível. A falta de formação
adequada e o desconhecimento das potencialidades do software são desafios significativos que
precisam ser abordados para garantir uma integração bem-sucedida das tecnologias digitais no
ensino. Portanto, é fundamental que sejam adotadas políticas que promovam a formação contínua
dos educadores e incentivem o uso dessas ferramentas, a fim de transformar a educação
matemática em um campo mais dinâmico e inclusivo.

3 CAMINHO METODOLÓGICO

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória,

voltada para a compreensão das percepções dos professores do Ensino Fundamental acerca do
uso do software GeoGebra em sala de aula.
Na pesquisa qualitativa, as prioridades diferem das adotadas em outras abordagens. Em
geral, ela não se fundamenta necessariamente em um modelo teórico prévio e evita o uso de
hipóteses e operacionalizações. A mensuração não é um foco central, e não há interesse em
padronizar a situação de pesquisa ou garantir a representatividade por amostragem aleatória. Em
vez disso, os pesquisadores qualitativos selecionam propositalmente os participantes e trabalham
com um número reduzido de casos relevantes. A coleta de dados é realizada de maneira aberta,
visando a construção de um quadro abrangente por meio da reconstrução do caso estudado (Flick,
2013).
A pesquisa exploratória, geralmente realizada nas fases preliminares de um estudo, visa
fornecer informações adicionais sobre o tema em questão, ajudando a definir e delimitar o foco
da investigação. É caracterizada por um planejamento flexível que permite examinar o tema sob
diferentes perspectivas. A pesquisa exploratória geralmente envolve a realização de
levantamentos bibliográficos e entrevistas com indivíduos que possuem experiência prática com
o problema investigado (Prodanov; Freitas, 2013).
A pesquisa foi realizada entre 18 e 25 de julho de 2024. O lócus da investigação centrou-
se nos professores de Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental da rede municipal de

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Fortaleza, Ceará. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário semiestruturado,
composto por questões fechadas e abertas. O questionário foi aplicado a um grupo de 19
professores que atuam nesse nível de ensino.
A primeira seção do questionário visou coletar dados sociodemográficos dos
participantes, incluindo dados como idade, sexo, formação acadêmica, tempo de experiência no
magistério e os anos escolares que lecionam. A segunda seção foi composta por perguntas
voltadas para a utilização do GeoGebra nas aulas de Matemática. Os professores foram
questionados sobre a frequência com que utilizam o software, os conteúdos em que o consideram
mais útil, os benefícios percebidos na sua aplicação, e os desafios enfrentados ao incorporá-lo
em suas práticas pedagógicas. Além disso, foram incluídas questões para avaliar a percepção dos
docentes sobre a contribuição do GeoGebra para a melhoria do desempenho dos alunos em
Matemática, bem como sobre a formação que já receberam ou gostariam de receber relacionada
ao uso da ferramenta. Por fim, foi solicitado que os respondentes compartilhassem uma
experiência significativa envolvendo o uso do GeoGebra em sala de aula, permitindo uma análise
mais qualitativa dos dados.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo, conforme a técnica proposta
por Bardin (2016). Essa técnica permitiu a identificação de categorias temáticas que refletem as
principais percepções e desafios enfrentados pelos docentes no uso do software em sala de aula.
Adicionalmente, foram observados os princípios éticos em pesquisa, garantindo o
anonimato e a confidencialidade das respostas dos participantes. Todos os professores foram
devidamente informados sobre os objetivos da pesquisa e consentiram voluntariamente em
participar do estudo.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO

Os dados sociodemográficos obtidos revelam um perfil diversificado dos participantes.

A amostra incluiu docentes de diferentes faixas etárias, com idades variando entre 25 e 60 anos,
refletindo uma distribuição equilibrada entre profissionais em início de carreira e aqueles com
maior experiência. A maioria dos participantes possui formação em Licenciatura em Matemática,
enquanto uma parcela significativa também relatou possuir especialização na área de Ensino,
Educação ou Tecnologias Educacionais. Em relação ao tempo de atuação no magistério,

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.9, p. 01-17, 2024 10
observou-se que aproximadamente 60% dos professores possuem mais de 10 anos de
experiência, o que sugere um grupo com ampla vivência no contexto educacional. Ademais, o
levantamento indicou uma predominância de professores do sexo masculino.
A aplicação do questionário revelou um cenário variado sobre o uso do GeoGebra. Menos
da metade dos professores (47%) já utilizou o GeoGebra em suas práticas pedagógicas. Desses,
apenas 16% relataram utilizá-lo semanalmente, enquanto 31% o empregam de maneira ocasional,
cerca de uma a duas vezes por mês. Ainda assim, 53% dos docentes afirmaram nunca ter utilizado
a ferramenta, sugerindo que há barreiras consideráveis à sua adoção por uma parcela significativa
dos professores.

Gráfico 1. Frequência de Uso do GeoGebra

Nunca Ocasionalmente (1 a 2 vezes por mês) Frequentemente (semanalmente)

Fonte: Elaborado pelos autores

Quando questionados sobre os conteúdos nos quais o GeoGebra é mais útil, a Geometria
foi o destaque, seguida pelas Funções e Álgebra. Nenhum dos professores indicou o uso do
software em Estatística, Aritmética ou outro objeto de aprendizagem, o que sugere que esses
conteúdos são subexplorados em termos de integração com essa ferramenta digital.

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 Gráfico 2. Conteúdos Mais Utilizados com o GeoGebra

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
Geometria Álgebra Funções Estatística Aritmética Outros
Fonte: Elaborado pelos autores

Entre os benefícios apontados pelo uso do GeoGebra, a maioria dos professores (68%)
destacou a melhoria na visualização dos conceitos matemáticos, e 32% mencionaram que o
software ajuda a aumentar o interesse dos alunos. No entanto, 47% dos respondentes indicaram
enfrentar desafios, com a falta de equipamentos e 17% dificuldade de manuseio da ferramenta
sendo os obstáculos mais comuns. Além disso, 36% dos professores citaram a falta de formação
específica como uma limitação significativa para o uso efetivo do GeoGebra.
No que diz respeito ao impacto do GeoGebra no desempenho dos alunos, 42% dos
professores acreditam que ele contribui significativamente, enquanto 37% veem uma
contribuição mais limitada. Apenas 21% afirmaram não observar melhorias claras no
desempenho dos alunos ao utilizar o software. Quanto à formação, 63% dos professores nunca
participaram de cursos específicos sobre o GeoGebra, mas 84% manifestaram interesse em
receber mais capacitação na área.
Finalmente, as experiências compartilhadas pelos professores variaram, mas muitos
relataram que o uso do GeoGebra facilitou a compreensão de conteúdos de Geometria. Alguns
descreveram como o software transformou aulas consideradas difíceis em momentos de maior
envolvimento e entendimento dos alunos.

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 Quadro 1. Extrato com Comentários dos Professores
Professor Comentário
P1 "O GeoGebra tem sido uma ferramenta excelente para ensinar Geometria,
especialmente ao explicar figuras tridimensionais."
P2 "Apesar de reconhecer o potencial do GeoGebra, a falta de equipamentos adequados na
escola limita o uso."
P3 "Os alunos se mostram mais engajados quando utilizamos o GeoGebra, principalmente
em atividades que envolvem construções geométricas."
P4 "Ainda não utilizo o GeoGebra com frequência, pois sinto dificuldade em manuseá-lo
e integrar com o conteúdo das aulas."
P5 "Seria interessante ter mais formações sobre o uso pedagógico do GeoGebra, pois
acredito que ele pode ajudar muito no ensino de Matemática."
Fonte: Elaborado pelos autores

Os resultados indicam que, embora o GeoGebra seja reconhecido por muitos professores
como uma ferramenta valiosa para o ensino de Matemática, sua utilização ainda é limitada. O
uso frequente do software para conteúdos de Geometria, Funções e Álgebra reflete seu potencial
em apoiar a visualização de conceitos considerados abstratos, mas a ausência de uso em outros
conteúdos destaca uma área de potencial subaproveitada, o que sugere uma oportunidade para
ampliação de sua aplicação pedagógica.
A formação insuficiente dos professores é um aspecto preocupante, com muitos nunca
tendo recebido capacitação para o uso do GeoGebra. Isso, combinado com as dificuldades de
acesso a equipamentos tecnológicos adequados, revela a necessidade de políticas educacionais
que priorizem tanto a formação contínua dos professores quanto a melhoria da infraestrutura nas
escolas. Além disso, o interesse manifestado por mais de três quartos dos professores em receber
capacitação adicional indica que há uma disposição para melhorar suas práticas pedagógicas,
desde que as condições necessárias sejam atendidas.
Embora muitos professores reconheçam o impacto positivo do GeoGebra no desempenho
dos alunos, a existência de um grupo significativo que não observou melhorias substanciais
sugere que a simples introdução da tecnologia não garante resultados positivos. Pode-se inferir
que a eficácia do GeoGebra depende, em grande parte, de sua integração pedagógica adequada,
e não apenas de sua utilização como uma ferramenta isolada.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.9, p. 01-17, 2024 13
 Figura 1. Uso do GeoGebra na Escola

Fonte: Elaborado pelos autores

Em resumo, para que o GeoGebra seja mais amplamente e efetivamente utilizado no

contexto dos Anos Finais do Ensino Fundamental, é fundamental investir em formação docente
e em infraestrutura tecnológica. Além disso, explorar o potencial do GeoGebra em áreas menos
abordadas, como a Estatística, pode enriquecer as práticas pedagógicas e ampliar as
possibilidades de ensino e aprendizagem na Matemática.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou explorar as percepções dos professores de Matemática dos Anos
Finais do Ensino Fundamental sobre o uso do software GeoGebra no contexto escolar. Os
resultados revelaram que, embora o GeoGebra seja amplamente reconhecido como uma
ferramenta poderosa para o ensino de conceitos matemáticos, sua utilização nas escolas ainda é
limitada. Menos da metade dos professores participantes utilizam o GeoGebra, sendo a maioria
desses de forma ocasional.
Entre os principais benefícios apontados, destacam-se a melhoria na visualização dos
conceitos matemáticos e o aumento do interesse dos alunos. No entanto, os desafios para a adoção
mais ampla do software incluem a falta de equipamentos adequados, dificuldades no manuseio
desse recurso e a falta de formação específica.
As implicações deste estudo sugerem a necessidade urgente de investimentos em
formação docente continuada e na melhoria da infraestrutura tecnológica das escolas. Nesse

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.9, p. 01-17, 2024 14
sentido, é fundamental que políticas educacionais sejam desenvolvidas para apoiar os professores
na integração de tecnologias digitais, como o GeoGebra, em suas práticas pedagógicas.
Adicionalmente, há um grande potencial para expandir o uso do GeoGebra para conteúdos além
da Geometria, como Estatística e Aritmética, que atualmente são pouco explorados.
Contudo, este estudo apresenta importantes limitações, incluindo o número reduzido de
professores pesquisados e a amostra restrita a uma rede municipal específica, o que pode não
representar com precisão a realidade de outras regiões.
Em suma, para que o GeoGebra possa ser efetivamente integrado ao ensino de
Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental, é necessário um esforço conjunto entre os
diversos agentes educacionais. Esse esforço tende a contribuir para a criação de um ambiente de
aprendizagem mais interativo e significativo, alinhado com as demandas de uma sociedade cada
vez mais digital e interconectada.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.9, p. 01-17, 2024 15
 REFERÊNCIAS

AMADO, N.; SANCHEZ, J.; PINTO, J. A Utilização do Geogebra na Demonstração

Matemática em Sala de Aula: o estudo da reta de Euler. Bolema: Boletim de Educação
Matemática, v. 29, n. 52, p. 637–657, ago. 2015.

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