MISSÃO NO MEIO DO MUNDO: MISSION IN THE MIDST OF THE
CHEGADA E EXPANSÃO WORLD: ARRIVAL AND EXPANSIO
DO ADVENTISMO NO AMAPÁ N OF ADVENTISM IN AMAPÁ (1952-
(1952-2022) 2022)
Alexandre Guilherme da Cruz Alves Junior
Doutor em História. Professor de História das Américas na Universidade Federal do Amapá. E-mail:
[email protected] Antônio Ribamar Diniz Barbosa
Mestre em História (PPGH – UNIFAP). E-mail:
[email protected] Resumo: O objetivo deste artigo é contextualizar historicamente as origens do Adventismo e sua
chegada e expansão no estado do Amapá, tendo como recorte temporal os anos de 1952 e 2022. A
estratégia utilizada para construção desse panorama histórico crítico foi a contextualização histórica
e análise historiográfica, com ênfase em marcos relevantes e períodos de transição. As principais
fontes utilizadas foram obras publicadas e/ou inéditas (manuscritos), livros, artigos, teses,
dissertações, além de documentos oficiais da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), como atas,
relatórios e placas de inauguração.
Palavras-chave: Adventismo. Missionários. Amapá.
Abstract: The article aims to historically contextualize the origins of Adventism and its arrival and
expansion in the state of Amapá, taking as a time frame the years 1952 and 2022. The strategy used
for this brief critical historical overview was contextualization and historiographic analysis, with an
emphasis on relevant milestones and transition periods. The main sources used were published
and/or unpublished works (manuscripts), books, articles, theses, dissertations, as well as official
documents of the Seventh-day Adventist Church (SDA), such as minutes, reports and inauguration
plaques.
Keywords: Adventism. Missionaries. Amapá.
INTRODUÇÃO
O Adventismo originou-se como um movimento religioso protestante
estadunidense, anunciando o fim do mundo e a restauração do reino de Deus na
Terra. Suas raízes remontam ao século XIX e sua principal representante atual é a
Igreja Adventista do Sétimo Dia – IASD.
George Knight escreveu uma das obras mais abrangentes sobre os primeiros
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anos do Adventismo. Para este autor, o Adventismo literalmente percorreu 1 os
Estados Unidos e se espalhou por outros países, tornando seu principal pregador,
William Miller, “o mais famoso propagador do milenarismo na história americana.”2
Alberto Ronald Timm descreve o adventismo de forma similar:
O adventismo do sétimo dia é a principal ramificação sobrevivente do
movimento milerita que floresceu na América do Norte, durante as décadas
de 1830 e 1840. Sob as fortes ondas do Segundo Grande Reavivamento
(1790-1830), os mileritas começaram a desenvolver um sistema singular de
1 Segundo Victor Casali, 300 ministros se uniram a Miller, chegando a ter auditórios de 15.000
pessoas. Editaram umas 50 revistas diferentes, com uma tiragem total de 5.000.000 em 1844. Mais
de 50.000 pessoas aceitaram a mensagem da volta de Jesus. (CASALI, Victor. 150 anos cumprindo
uma missão profética. Revista Adventista, Tatuí, p. 7-9, ago. 1994. p. 8.) Já Alberto Timm afirma
terem sido 200 ministros ordenados e aproximadamente 2.000 pregadores voluntários, chegando o
Adventismo a ter 50 mil e 100 mil adeptos formais, além de um milhão ou mais de espectadores
cépticos. (TIMM, Alberto R. Adventismo: história e crenças. Revista Adventista, Tatuí, ano 98, n. 06,
p. 8-11, jun. 2002. p. 9). Segundo Schwarz e Greenleaf, “nesse tempo, o protestantismo também
estava experimentando um renascimento” (SCHWARZ, Richard Willian; GREENLEAF, Floyd.
Portadores de Luz: história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Trad. de Francisco A. Pontes. 2. ed.
Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2016. p. 20-22); surgiram novas seitas e o espiritismo ganhou
espaço. O Mormonismo, fundado em 1830 e liderado por Joseph Smith Jr., até 1844, contavam com
26 mil adeptos em 1844; cresceu o número de médiuns, (71 em Nova Iorque, 55 em Massachusetts,
e 27 em Ohio) e estima-se que nessa época uns 350 mil nova-iorquinos acreditavam na
comunicação com os mortos. Surgiram 14 sociedades bíblicas (entre 1796-1837) e o movimento
missionário expandiu-se, sendo que sociedades bíblicas surgidas na Europa, América e Ásia (63
delas entre 1804 e 1840), apoiavam com entusiasmo o movimento missionário global. Toda a Bíblia,
ou partes dele foi traduzida em 112 línguas e dialetos entre 1800 e 1844. A União das Escolas
Dominicais dos Adultos (Filadélfia), mantinham 723 escolas dominicais espalhadas entre as
principais denominações protestantes em quase 20 estados. Segundo Maxuell (MAXUELL, C. M.
História do Adventismo. São Paulo: CPB, 1982. p. 18), a mensagem avivalista de William Miller
trazia as igrejas milhares de pessoas em estado de letargia espiritual. Mediante seu trabalho a Igreja
Metodista parece ter ganho 40 mil membros em 1844 e a Batista 45 mil. Um único itinerário de seis
semanas, realizado por um jovem pregador milerita, acrescentou mil pessoas as igrejas locais.
Mediante o uso de tendas, publicações e o trabalho dos pregadores itinerantes, não é exagero dizer
que a mensagem chegava a todo o país. Confira mais detalhes em DARIUS, Fábio A. O
Reavivamento Milerita (1831-1844): Esperando Cristo Voltar... Protestantismo em Revista, São
Leopoldo, v. 18, p. 56-65, jan./abr. 2009. Disponível em:
http://www.periodicos.est.edu.br/index.php/nepp/article/view/2034/1947. Acesso em: 04 nov. 2024.
“O censo governamental dos Estados Unidos em 1890 forneceu uma visão mais precisa dos
membros adventistas e destacou mudanças significativas no tamanho dessas denominações
oriundas do milerismo. Naquela época, os Adventistas do Sétimo Dia haviam se tornado
predominantes, com 28.991 membros no país. Os Cristãos do Advento seguiam com 25.816
membros. Em seguida, a Igreja de Deus tinha 2.872 membros; os Adventistas Evangélicos, 1.147;
a União da Vida e do Advento, 1.018; e a Igreja de Deus (do Sétimo Dia), 647 membros.”
RODRIGUES, Heitor de Sá; MIRANDA, Valtair A. O Movimento Milerita: Análise Crítica dos Prós,
Contras e Seu Legado Duradouro. Pós-Escrito, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, 2024. p. 19. Disponível
em: https://revistas.seminariodosul.com.br/index.php/posescrito/article/view/86/95. Acesso em: 04
nov. 2024.
2 KNIGHT, George R. Adventismo: origem e impacto do movimento milerita. Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2015. p. 09.
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interpretação profética que posteriormente seria ampliado pelos adventistas
do sétimo dia3.
Eric Hobsbawn calcula que William Miller, entre 1843 e 1844, “já contava com
50 mil seguidores e com o respaldo de 3 mil pregadores” e sua mensagem era
particularmente atraente “entre os muito pobres, ou entre os muito abalados.” 4 Na
visão desse historiador, Miller e seu movimento representava “o despertar da religião
em suas formas mais intransigentes, irracionais e emocionalmente compulsivas. Se
Tom Paine está em um dos extremos, no outro se encontra o adventista William
Miller.”5 A visão de Hobsbawn em considerar o Milerismo como sectário é partilhada
por outros historiadores e teólogos, tanto do século XIX como do XX. 6
John Bicknell, em seu livro America 1844: Religious Fervor, Westward
Expansion, and the Presidential Election That Transformed a Nation, reconhece o
papel do Milerismo e de outros movimentos avivalistas na configuração dos Estados
Unidos a partir desse ano chave em sua história. 7 O ano de 1844, para Bicknell,
“ocorreu em meio a turbulências religiosas que incluíam violência antimórmon e
anticatólica”, e a ‘Grande Decepção’ na qual milhares de seguidores de um obscuro
pregador chamado William Miller acreditavam que Cristo retornaria à Terra em outubro
de 1844, além de outros eventos que “ilustram as visões concorrentes do futuro
americano – democratas x whigs, mórmons x milleritas, nativistas x católicos”8.
J. Clark, por sua vez, apresenta o Milerismo como um movimento de reforma9.
Ele reconhece que expositores das profecias, como Sir Isaac Newton e Jonathan
Edwards e pregadores ingleses proeminentes, como Edward Irving, Joseph Wolf,
3 TIMM, Alberto R. O santuário e as três mensagens angélicas: Fatores integrativos no
desenvolvimento das doutrinas adventistas. 6. ed. Trad. de Arlete Inês Vicente. Engenheiro Coelho,
SP: Imprensa Universitária Adventista, 2016. p. 04.
4 HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções, 1798-1848. 33. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014. p.
355.
5 HOBSBAWM, 2014, p. 357.
6 Veja, por exemplo, GAUSTAD, Edwin S. (ed.). The Rise of Adventism: Religion and Society in Mid-
Nineteenth-Century America. New York: Harper and Row, 1975; SCHWARZ; GREENLEAF, 2016,
p. 54-67.
7 BICKNELL, John. America 1844: Religious Fervor, Westward Expansion, and the Presidential
Election That Transformed a Nation. Chicago: Chicago Review Press, 2017.
8 BICKNELL, 2017, p. 02.
9 No século XIX, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, surgiram, entre os diversos grupos
religiosos, campanhas para melhorar diversos aspectos da sociedade, sendo o movimento da
reforma da temperança o principal deles, ao lado da abolição da escravidão, de caráter global.
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Hugh M’Neile e William Cuningham, prepararam o caminho para que William Miller
tivesse espaço na sociedade norte-americana com sua mensagem escatológica no
final do século XIX.10
Apesar disso, a principal característica do Milerismo – a tentativa de prever a
volta de Cristo e o fim do mundo, opina Stephen Miller 11, pode ser percebido em
“outras tradições cristãs”, desde o início do primeiro milênio até o atual. 12 Miller,
influenciado pelo espírito de seu tempo, à semelhança de outros, “realizou seus
próprios cálculos13 e conclui que o “milênio ainda estava por vir”, pregando, diferente
da maioria, o pré-milenarismo.14
Assim como aconteceu em outros movimentos religiosos, como o Cristianismo
Católico, a Reforma Protestante e os movimentos messiânicos e milenaristas
modernos, tudo leva a crer que as condições históricas, religiosas, sociais,
tecnológicas, políticas e econômicas que pavimentaram o caminho para o surgimento
10 CLARK, Jerome L. 1844: Religious Movements. Georgia: Teach Servicess, 1968. p. 15-19.
11 MILLER, Stephen M. Guia Completo das Profecias Bíblicas. Niterói, RJ: BV Films, 2010.
12 “[...] ao longo da história, várias figuras religiosas e místicas fizeram previsões sobre o retorno de
Jesus Cristo, resultando em grande expectativa e consequentes decepções quando falharam.
Clemente I, ancião da igreja de Roma e considerado o quarto papa, previu o retorno de Jesus em
90 d.C., afirmando que o mundo como conhecemos iria acabar. Hilário de Poitiers, bispo francês,
anunciou em 365 d.C. que o Anticristo era o recém-morto imperador Joviano. Joaquim de Fiore,
monge italiano e místico, afirmou em 1205 que o Anticristo já estava no mundo. Melchior Hofmann,
pregador e místico alemão, declarou que a Nova Jerusalém seria em Strasbourg, França, e que ele
chegaria lá em uma nuvem junto com Jesus em 1533, mas morreu em uma cela após uma revolta
fracassada. William Miller, pregador batista, previu o retorno de Jesus em 1844, mas morreu
humilhado e emocionalmente destruído quando a previsão falhou, embora alguns de seus
seguidores ajudaram a fundar a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Hal Lindsey, autor de Late Great
Planet Earth, previu que Jesus voltaria em 1988, uma geração após a fundação de Israel, mas a
previsão falhou. Edgar Whisenant, engenheiro de foguetes da NASA, também previu 1988 e falhou.
Jang Rim Lee, pastor da Coreia do Sul, previu 1992, arrecadou milhões em doações e foi preso por
fraude. O Prêmio Nobel de QI em astrofísica e evangelista batista, Jack Van Impe, sugeriu 2012,
coincidente com o fim do calendário Maia, e ajustou suas previsões ao longo dos anos. Essas
previsões destacam a contínua tentativa de determinar a data do retorno de Cristo, muitas vezes
resultando em desapontamento e controversas repercussões.” RODRIGUES; MIRANDA, 2024, p.
03.
13 “[...] outro fator facilitador para a propagação das ideias mileritas foi um aparente interesse da
população estadunidense nas décadas de 1820 e 1830 por cálculos (Knight, 2016). Assim,
verificamos que a pregação de Miller foi fruto de seu próprio tempo, cultura e experiências. A partir
da mentalidade jacksoniana, do restauracionismo cristão, do racionalismo, do literalismo e da
“fixação por cálculos” [grifo nosso], aliados ao profetismo e messianismo, Miller, sob essas
influências, elabora sua teoria e facilmente encontra adeptos, justamente por dialogar com o
pensamento de seu tempo. Como reforça Knight (2016, loc. 229), a mensagem de Miller falava
àqueles tempos. Provavelmente, não foi por acidente que o entusiasmo por sua mensagem desse
um passo gigante entre 1838 e 1839”. (RODRIGUES; MIRANDA, 2024, p. 15).
14 RODRIGUES; MIRANDA, 2024, p. 3.
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do Adventismo e da IASD são inequivocamente complexas e diversas, de maneira
que as comparações com movimentos anteriores devem ser feitas com cuidado.
Fuckner, no artigo Movimento da modernidade, afirma que os Adventistas do
Sétimo Dia – ASD, que estão em diversos países, consideram-se portadores de uma
verdade única e salvadora que deve ser pregada a todos os seres humanos. Este tipo
de exclusivismo é considerado por Pierre Sanchis 15 como uma característica das
religiões modernas, pois o autor entende que a modernidade traz consigo a
“emergência de definição” – de ser fiel a um grupo exclusivo.16
O discurso religioso adventista se baseia em suas crenças distintivas. Embora
os adventistas defendam um corpo doutrinário formado por 28 crenças fundamentais,
derivadas de sua interpretação da Bíblia, eles têm enfatizado, em sua práxis, algumas
crenças distintivas como a guarda do mandamento do sábado e a esperança na
segunda vinda de Jesus Cristo à Terra, como sendo as mais importantes.
A IASD possui em seu nome duas marcas do movimento: sua ênfase
escatológica, apresentando o fim da história por meio da segunda vinda de
Jesus à terra, e a guarda do sétimo dia da semana, como repouso instituído
por Deus. A ênfase escatológica tem mantido sua singularidade, não por ser
a única a manter a crença nas profecias bíblicas, mas essencialmente porque
tem toda a sua estrutura ideológica centrada num ideal profético 17.
Na concepção adventista, o ideal de missão só é alcançado quando os
missionários (voluntários ou assalariados) são enviados a pessoas-alvo as quais
estudam a Bíblia, sendo batizadas, tornando-se membros regulares e passando a
reproduzir o mesmo ciclo com outros18. Para alcançar tais propósitos, instituições nas
áreas de publicações, educação e saúde foram estabelecidas e mais recentemente
nas áreas de comunicação e tecnologia. Para o historiador Prestes Filho,
15 SANCHIS, Pierre. O Campo Religioso Contemporâneo no Brasil. In: ORO, Ari P.; STEIL, Carlos A.
(org.). Globalização e Religião. Petrópolis: Vozes; Porto Alegre: UFRGS, 1997.
16 FUCKNER, Ismael. Igreja Adventista: Um Movimento da Modernidade. In: SIMPÓSIO NACIONAL
DA ABHR, 13., 2012, São Luiz. Anais [...]. São Luiz: ABHR, 2012. p. 1.
17 PRESTES FILHO, Ubirajara de Farias. O indígena e a mensagem do segundo advento: Missionários
adventistas e povos indígenas na primeira metade do século XX. 2006. 375 f. Tese (Doutorado em
História Social) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. p. 32.
18 BARBOSA, Antônio Ribamar Diniz. O Adventismo e os Palikur: representações, memórias e
mudanças nas relações sociais dos missionários adventistas com os Palikur da Aldeia Tawary
(1998-2022). 2023. 196 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Amapá,
Macapá, 2023.
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Uma mentalidade empreendedora refletiu na organização da IASD. Uma
hierarquia administrativa foi estabelecida, com uma clara
departamentalização. As grandes corporações, no início do século XX,
sentiam necessidade de desenvolver melhor estrutura e controle para sua
expansão, e a IASD foi influenciada por esse contexto.19
Timm divide a missiologia da IASD em quatro períodos: missão restrita à
América do Norte (1844-1874), quando foi estabelecido o sistema doutrinário
adventista; missão a todos os continentes (1874-1901), com destaque para o envio,
em 15 de setembro de 1874, de John Nevins Andrews (1829-1883) como primeiro
missionário oficial IASD para a Europa; missão a todos os países (1901-1990); e, por
fim, missão a todos os povos (1990-), com destaque para a criação do plano de Missão
Global20, cujos desdobramentos podem ser vistos no plantio de igrejas em muitas
partes do mundo, inclusive no Amapá – AP.
O ADVENTISMO BRASILEIRO
Para compreender a rápida expansão da IASD ao redor do mundo, é
imprescindível pontuar suas estratégias pioneiras. Segundo Fuckner, em
consequência “da expansão das publicações e da obra missionária idealizada pelo
movimento adventista, no final do século XIX já havia missionários adventistas
instalados em todos os continentes”.21
Neste período, chegou ao Brasil, ainda na década de 1880, através de
literatura enviada dos Estados Unidos ao porto do Itajaí, Santa Catarina. Schunemann
aponta o fenômeno das imigrações como outra razão importante para a rápida
expansão da IASD ao redor do mundo. Ele divide as ondas migratórias internacionais
que impulsionaram o Adventismo em três períodos, desde o século XIX até o final do
século XX.
A primeira etapa ocorreu entre 1870-1914 quando a imigração europeia em
direção ao continente americano facilitou que os imigrantes europeus se
convertessem a IASD nos Estados Unidos e voltassem aos seus países para
difundir o adventismo, bem como a expansão no cone sul. A segunda etapa
19 PRESTES FILHO, 2006, p. 48.
20 TIMM, Alberto R. Missiologia adventista do sétimo dia, 1844-2010: breve panorama histórico. In:
SOUZA, Elias Brasil de (ed.). Teologia e Metodologia da Missão: palestras teológicas apresentadas
no VIII simpósio bíblico-teológico sul-americano. Cachoeira, BA: CePLiB, 2011. p. 03-30.
21 FUCKNER, 2012, p. 04.
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ocorreu mais intensamente após a Segunda Guerra Mundial até por volta de
1980 quando os processos de migração rural-urbana na América Latina e
algumas partes da Ásia contribuíram para a IASD tivesse um grande
crescimento nas áreas urbanas, em grande parte devido a conversão desses
migrantes. A terceira etapa ocorre a partir de 1980 quando há uma
intensificação de populações de várias regiões do Terceiro Mundo para a
Europa e os Estados Unidos. A IASD nesses países centrais tem seu
crescimento sustentado a partir desses imigrantes, dos quais uma boa parte
já era adventista em seus países de origem22.
Assim como outros protestantes em solo brasileiro, os ASD também adotaram
a máxima da evangelização baseada no binômio missão/conversão e a consolidação
de seu projeto e sua inserção nesse país só foi possível graças “ao espírito do
protestantismo missionário.” 23 O estabelecimento institucional, aponta Francisco
Carvalho, foi fundamental nesse processo de inserção e estabelecimento no Brasil. 24
A primeira escola foi fundada em 1896, em Curitiba (PR), sob direção de
Guilherme Stein Jr. Um ano mais tarde, foi fundada a Escola de Gaspar Alto. Esta
pequena escola tornou-se o protótipo das “escolas paroquiais” por todo o país
(inclusive em Macapá, como veremos adiante), durante décadas 25 . Um marco no
preparo dos missionários e pastores foi a criação do Colégio Adventista Brasileiro, em
1915, em São Paulo, que, atualmente, abriga o Centro Universitário Adventista de São
Paulo, maior instituição educacional adventista do país. Em 1900, foi iniciado o
primeiro periódico (O Arauto da verdade) no Rio de Janeiro e a Sociedade
Internacional de Tratados em Taquari (1904), embrião da editora da denominação, a
Casa Publicadora Brasileira, que funcionou em São Bernardo, (1907) e hoje está
lotada em Tatuí (São Paulo). Atualmente a IASD possui 1.764.770 membros e 10.266
igrejas no Brasil, sendo este o país com o maior número de adventistas ao redor do
22 SCHÜNEMANN, Haller E. Stach. O tempo do fim: uma história social da Igreja Adventista Do Sétimo
Dia no Brasil. 2002. 421 f. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista de
São Paulo, São Bernardo do Campo, 2002. p. 146.
23 CARVALHO, Francisco L. Gomes de. A Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil: inserção e
desenvolvimento institucional. Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 6, n. 3, 1057-1075,
set./dez. 2014. p. 1059. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4497/449748254016.pdf.
Acesso: 26 set. 2023. Veja mais detalhes em MATOS, J. S. A. Memória e história do trabalho
missionário adventista no Brasil. 1993. 174 f. Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1993.
24 CARVALHO, 2014.
25 MENSLIN, Douglas. Educação Adventista 120 anos: das escolas paroquiais a uma rede de ensino.
Curitiba: DVK Editora, 2015. p. 55-62.
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mundo na atualidade 26 . Segundo o Censo de 2010, porém, apenas 1.561,71 se
declaram adventistas do sétimo dia no Brasil. 27 Essa disparidade pode refletir o
número inflado nos números normalmente divulgados pelas denominações religiosas
ou a falta de atualização nas auditorias daquelas que tem um controle mais preciso.
Aqui cabe uma oportuna reflexão de Rodrigo Trespach (com dados do Censo
de 2010), em sua obra 1824, sobre a imigração e influencia alemã no Brasil.
Não obstante o censo do IBGE de 2010 tenha apresentado muitas falhas na
definição das igrejas evangélicas, pelo menos 7,6 milhões de pessoas no
Brasil atual se enquadraram no que o instituto brasileiro chamou de ‘Igrejas
de Missão’. Tal definição corresponderia, grosso modo, ao protestantismo
histórico, associado às correntes religiosas oriundas da Reforma Protestante
e sem ligação com o termo evangélico atual, ligado às igrejas pentecostais,
surgidas principalmente durante o século XX. Dentro das ‘Igrejas de Missão’
estariam luteranos (cerca de 1 milhão de pessoas), presbiterianos,
congregassionalistas e batistas, entre outros – o que corresponderia a 8,5%
da população evangélica brasileira. Todas as igrejas evangélicas juntas
somaram mais de 42 milhões de adeptos.28
Os dados apresentados por Trespach demonstram que a IASD tem um
número considerável de membros, superior ao total de afiliados da Igreja Luterana,
estabelecida bem antes no Brasil29 e com a qual os ASD tiveram alguns embates
teológicos nos inícios do seu estabelecimento em solo brasileiro.30 Convém salientar
que os ASD respondem por 3% dos evangélicos no Brasil hoje, segundo a pesquisa
“Perfil e opinião dos evangélicos no Brasil”, da Datafolha em dezembro de 2016. No
mundo inteiro, são 20 milhões de pessoas, contra 80 milhões de anglicanos e
luteranos. Mas mesmo relativamente diminutos, opina Angélica Favretto, os ASD
respondem por uma das maiores redes educacionais do mundo, atendendo 2 milhões
de alunos em 7,8 mil escolas localizadas em 165 países.31
26 ASTR (Office of Archives, Statistics, and Research). Statistics. c2023. Disponível em:
https://adventiststatistics.org/. Acesso em: 25 set. 2023.
27 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Nacional 2010, população residente
por religião, cor ou raça. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/135#resultado. Acesso em:
04 nov. 2024.
28 TRESPACH, Rodrigo. 1824: Como os alemães vieram parar no Brasil, criaram as primeiras colônias,
participaram do surgimento da Igreja Protestante e de um plano para assassinar D. Pedro I. São
Paulo: LeYHa, 2019. p. 224.
29 TRESPACH, 2019, p. 221-234.
30 Veja: BORGES, Michelson. A chegada do adventismo ao Brasil. 3. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2020.
31 FAVRETTO, Angélica. Por que os adventistas têm escolas em todo o país, mesmo sendo só 0,5%
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Ainda segundo o Censo 2010, a proporção de católicos seguiu a tendência de
redução observada desde o primeiro Censo Nacional de 1872, embora tenha
permanecido majoritária. Em paralelo, consolidou-se o crescimento da população
evangélica, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Dos que se
declararam evangélicos, 60,0% eram de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de
missão (onde a IASD foi enquadrada), e 21,8 %, evangélicos não determinados. A
pesquisa indica também o aumento do total de espíritas e dos que se declararam sem
religião. Se deve salientar que a maior concentração proporcional de ASD está na
região Norte.32
O ADVENTISMO AMAZÔNICOWilson Borba sistematizou em cinco fases distintas a
evangelização adventista da região amazônica. As três primeiras ocorreram sob a
responsabilidade da União Missão Este Brasileira, graças ao apoio da DSA. Embora
haja relatos de pessoas que, já em 1910, desejavam adentrar a região, a “primeira
fase de evangelização da região norte brasileira começou na organização da União
Missão Este Brasileira em 1918, e estendeu-se até a chegada de J. L. Brown em
1927”33, quando as pessoas acessaram literatura adventista e quando surgiram os
primeiros interessados no Adventismo.
Em 1920, O. Montgomery e W. H. Williams, presidente e secretário da DSA,
com sede em Buenos Aires, realizou uma viagem exploratória de quatro a seis meses
pelo rio Amazonas. A segunda fase consistiu na organização da Missão Baixo
Amazonas - MBA, e no envio de obreiros para a região. Em 1927, o pastor John L.
Brown foi nomeado presidente da MBA e levou consigo os considerados dois
melhores colportores da União Este: André Gedrath e Hans Mayr, que vieram para
dos brasileiros. Gazeta do Povo, 15 dez. 2017. Disponível em:
https://www.semprefamilia.com.br/religiao/por-que-os-adventistas-tem-escolas-em-todo-o-pais-
mesmo-sendo-so-05-dos-brasileiros/. Acesso em: 14 dez. 2023.
32 CENSO 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem religião. Agência
IBGE, 23 jun. 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-
imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/14244-asi-censo-2010-numero-de-catolicos-cai-e-
aumenta-o-de-evangelicos-espiritas-e-sem-religiao. Acesso em: 06 nov. 2024.
33 BORBA, Wilson R. de. A base missionária adventista do sétimo dia brasileira: sua formação,
consolidação e expansão. 2009. 597 f. Tese (Doutorado em Teologia) –Unasp, Engenheiro Coelho,
SP, 2009. p. 84.
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vender a literatura religiosa e despertar interesse pelo Adventismo.
A chegada do casal de missionários norte-americanos Leo Blair Halliwell e
Jessie Rowley Halliwell marcou o início da terceira fase da evangelização da
Amazônia. Eles vieram para substituir Brown como presidente da MBA. Leo Blair
Halliwell (1892-1967) foi a primeira pessoa que atuou no serviço médico- missionário
no Norte do Brasil, ao lado de sua esposa. No dia 4 de julho de 1931, a Lancha Luzeiro
I foi inaugurada em Belém do Pará, no intuito de oferecer conforto médico e
espiritual34.
Depois da Luzeiro I, uma frota de lanchas continuou realizando o trabalho no
Amazonas, onde, conforme aponta Torres Neto 35 , a obra médico-missionária
prosperou mais que em qualquer outro lugar na América do Sul. Além do Amazonas,
as demais regiões brasileiras também tiveram suas próprias lanchas, sendo um dos
métodos no trabalho missionário por décadas36. Este projeto se manteve por setenta
anos. No entanto, após a década de 1990, ele quase foi extinto, situação que foi
contornada na década seguinte, quando houve um renascimento do trabalho com as
lanchas, que foram retomadas inicialmente no Estado do Amazonas e,
posteriormente, a partir de 2016, no Pará.
Seja como for, os primeiros templos que surgiram na região Norte foram
organizados em São Luís (MA) e em Maués (AM) em 1929. Algumas escolas
paroquiais também surgiram, dando início a obra educativa adventista junto aos
ribeirinhos, habitantes das cidades e indígenas. A quarta fase da evangelização da
Amazônia ocorreu com a organização da União-Missão Norte Brasileira - UNB, a partir
do dia 08 de dezembro de 1936, no concílio da DSA. Desprendendo-se da União Este,
ela contava com 253 membros batizados e 400 alunos matriculados na Escola
Sabatina. Finalmente, a quinta fase começou em 1955, quando Walter Streithorst foi
eleito presidente da UNB e os brasileiros assumiram, definitivamente, a administração
34 RAMOS, Ana Paula. Desafio nas águas: um resgate da história das lanchas médio-missionárias da
Amazônia. Tatuí, SP: CPB, 2009. p. 26-27.
35 TORRES NETO, Diogo Gonzaga. A ética protestante e o espírito da Amazônia: os escritos,
pensamento e obra de Leo B. Halliwell. 2019. 213 f. Tese (Doutorado em Sociedade e Cultura na
Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2019.
36 CAVALCANTI, Abdoval. Luzeiros: Conheça a surpreendente história das lanchas missionárias
adventistas no Brasil. Niterói, RJ: Ados, 2010.
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da obra adventista na região37.
O ADVENTISMO AMAPAENSE
As duas mais completas exposições históricas sobre o Adventismo no Amapá
são o capítulo 10 do livro Construtores de esperança, de Rubens da Silva Lessa38,
que atuou como pastor no estado, além do livreto de Maria Vicência Salviano Duarte
Pinheiro Pereira intitulado Até aqui nos ajudou o Senhor: Uma breve história do
Adventismo no Amapá39, que atuou como secretária da primeira igreja adventista do
estado. Tais publicações são abordadas neste artigo como fontes históricas
impressas, e serão cotejadas com outras tipologias de fontes, como atas e relatórios.
A primeira menção ao Amapá encontrada nas Atas da UNB é datada de 1958
sob o voto 58-32 com a seguinte decisão: “VOTADO convidar o pastor G. S. Storch a
realizar a série de conferências públicas programada para a cidade de Macapá e que
no caso de não poder vir, que seja convidado o irmão Odilon G. Lima.”40. Este plano,
apenas seis anos após a chegada do primeiro missionário, demonstra o interesse dos
dirigentes da sede da IASD em Belém em alcançar a principal cidade do então
Território Federal do Amapá.
Na segunda menção ao Amapá, o nome de Dionísio Pereira, principal
personagem no livreto citado acima, ganhou destaque:
considerando que o irmão Dionísio Pereira, durante a ausência do irmão O.
Pereyra, cuidou bem do grupo em Murajá e que aquando da visita do irmão
Lessa ele achou que tudo estava em ordem, foi VOTADO conceder, ao
referido irmão uma gratificação de CR$ 700,00 pelos bons serviços prestados
ao grupo de Macapá. Que a despesa deste auxílio seja por conta do Fundo
do Evangelismo41.
A menção a Dionísio Pereira é muito importante, pois atesta seu envolvimento
37 LESSA, Rubens. Construtores de esperança: na trilha dos pioneiros adventistas da Amazônia. Tatuí,
SP: CPB, 2016.
38 LESSA, 2016, p. 164-177.
39 PEREIRA, Maria V. Salviano D. Pinheiro. Até aqui nos ajudou o Senhor: Uma breve história do
Adventismo no Amapá. [S.l.]: [s.n.], 2013.
40 ATA DA UNIÃO NORTE BRASILEIRA, 1958, voto 58-22. [Reunião da Comissão Executiva da
Missão Baixo Amazonas ASD, Belém, Pará].
41 ATA DA UNIÃO NORTE BRASILEIRA, 1958, voto 58-22.
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pioneiro no trabalho da IASD de Macapá e região, expandido no já mencionado texto
de Pereira. Dionísio também é citado por Lessa como seu “fiel cooperador na igreja
do Bairro do Trem, em Macapá, nos anos de 1969 e 1970” 42 , quando o mesmo
exerceu o pastorado nesta congregação. Depois de uma década, o fervor e
compromisso do missionário voluntário aparentemente continuou o mesmo, atraindo
a confiança e admiração do pastor titular da primeira IASD do Estado do Amapá.
Lessa resumiu os inícios do trabalho adventista naquela região, que incluiu Dionísio
como um dos primeiros conversos no estado.
O início da obra adventista no referido estado é muito interessante. No dia 1º
de novembro de 1952, ancorou no Trapiche Eliézer Levi, em Macapá, o barco
‘Araguari’, procedente de Belém. Entre os passageiros, encontrava-se o
irmão Hermínio Costa, acompanhado de sua esposa Neusa. Recém-
batizado, ele tinha um forte desejo de pregar o evangelho. Era alfaiate e saía
todos os dias pelas ruas distribuindo folhetos e convites paras reuniões que
ele realizava em sua casa, na Rua Eliezer Levi. Algum tempo depois, ele se
mudou para a Rua Odilardo Silva, onde o grupo pioneiro passou a se reunir.
O primeiro batismo foi realizado pelo pastor Leo Halliwell, no dia 29 de junho
de 1953, num sítio pertencente ao Sr. Mauro Segundo, no igarapé das
Pedrinhas. Seis pessoas foram batizadas, entre as quais Dionísio Pereira,
Maria de Lourdes Pereira, José Mendes, que se tornou advogado e foi morar
em São Paulo e os irmãos Beticar e Nadir.43
Enquanto o Adventismo ensaiava seus primeiros passos em Macapá, outras
corporações religiosas já tinham se estabelecido a algum tempo, como a Igreja
Evangélica Assembleia de Deus – IEAD, presente e atuante desde 1916. Junto ao
catolicismo tradicional, a Assembleia de Deus seria sua principal concorrente na
capital e no interior do território, nos esforços missionários ASD para implantar uma
nova doutrina entre os amapaenses.
Essas disputas territoriais e ideológicas seriam uma constante no movimento
religioso do Amapá, especialmente entre católicos e evangélicos. O próprio
governador do TFA interveio, fazendo uma permuta do terreno original da IEAD,
oferecendo outro terreno em qualquer lugar da cidade, para evitar conflitos entre
protestantes e católicos, algo comum nos primeiros anos da chegada dos missionários
pentecostais à cidade. A negociação foi necessária porque o templo da Matriz da
42 LESSA, 2016, p. 15.
43 LESSA, 2016, p. 174-175.
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Igreja Católica ficava em frente ao terreno doado aos protestantes44.
A rápida construção do primeiro templo adventista, oferecendo um espaço
maior para as reuniões, favoreceu o crescimento do grupo e ampliou a visão de
alcance para as cidades do interior. Além do apoio inicial, a MBA dedicou grande
atenção ao enviar pastores para fazer conferências, obreiros bíblicos para morar e
evangelizar a cidade, gratificações para membros que apoiavam o trabalho, ao
conceder financiamento da futura Escola Primária, tal como na oferta de melhorias na
casa usada pelo obreiro para oferecer condições para o crescimento e expansão do
Adventismo no Estado. Ademais, os membros leigos que moravam na cidade também
fizeram a diferença desde o início. Segundo Lessa45, o grupo pioneiro de seis pessoas
deu origem a quatro igrejas, além da central, situadas em Santana46, Laguinho (1971),
Buritizal (1974) e Pacoval (1978). O templo da Central seria utilizado até 2001, quando
foi reformado, dando origem ao atual, que está em vias de ser reformado e ampliado,
segundo os planos da denominação.
Um passo considerado importante para o avanço do trabalho inicial foi a
realização de uma série de conferências (palestras bíblicas) em Macapá. Assim,
lentamente, a congregação ampliou seu número de membros. Apesar da aparente
morosidade, geralmente ela parece seguir a ótica das missões nortistas: naquela
época, a MBA tinha poucas congregações e obreiros, sendo Macapá um dos distritos
liderado pelo obreiro Manuel Pinto.
Um documento sem assinatura, menciona a data fundante do projeto
educativo adventista, em sua fase mais recente, a partir da década de 1990. Segundo
o manuscrito, a “escola iniciou em 10 de abri de 96 com 16 alunos na alfabetização
no ano de 97 teve alfa a 4ª série, terminando o ano com 90 alunos. Foi feita uma
campanha nas igrejas para conseguir alunos para 1ª turma.”47 Esse rascunho, que
parece ter sido escrita pela primeira diretora ou pessoas próximas a ela, a escola
44 RODRIGUES, Besaliel. O Centenário da chegada dos Evangélicos no Amapá: 1917-2017. Macapá:
Edições da Amazônia, 2017. p. 33.
45 LESSA, 2016.
46 O ano de formação dessa igreja não pôde ainda ser localizado, mas foi no início da década de 1960.
47 Anotação em folha sem assinatura nem data. Arquivado na secretaria do Colégio Adventista de
Macapá.
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adventista de Macapá foi iniciada com o apoio dos membros das igrejas de Macapá,
especialmente do Laguinho. Numa espécie de Dossiê para “Abertura do Colégio
Adventista de Macapá”, há o processo de solicitação para iniciar o Ensino Médio, junto
a sua mantenedora, ou seja, a IASD, na Associação Baixo-Amazonas - ABA e na
UNB. O documento ajuda a explicar o propósito do projeto, bem como indica a
consolidação do Ensino Fundamental, 17 anos depois de sua implantação. Embora o
documento descreva os motivos para a abertura do Ensino Médio, numere a
infraestrutura, corpo docente, documentos e outros detalhes técnicos, é importante
ver a ênfase religiosa presente.
Em 1961, um importante voto menciona o desafio missionário entre os povos
indígenas. Segundo a denominação já instalada em Belém, no interior de Breves e
em Macapá, havia ainda as “fronteiras missionárias”, em uma clara alusão da visão
colonialista protestante:
Em vista dos grandes territórios em diferentes partes da Divisão Sul
Americana que ainda não foram tocados, os quais desafiam a finalizar a obra
nestes dias, onde nestas regiões apresentam grande número de tribos
indígenas e povos que ainda estão por ouvir a mensagem, e, considerando
ainda, que estas região devem ser evangelizadas antes que termina nessa
tarefa: VOTADO (60-535) que cada União dê estudo e consideração da
maneira como seja possível alcançar a esse povo nestas regiões distantes,
com a sugestão de que sejam tirados obreiros das grandes cidades,
empregando-os nestes territórios ainda não alcançados 48.
A última menção antiga a Macapá nas atas da UNB faz referência ao repasse
para esta última do “orçamento das conferências de Macapá, no total de Cr$
20.000,00 (vinte mil cruzeiros). Depois disso, há uma grande lacuna até o final dos
anos de 1990, quando o missionário Raimundo Nonato Penha Cutrim já estava
atuando no Estado. Em 1998, uma ata registra o estabelecimento e organização de
12 novos grupos no campo em diferentes cidades amapaenses, sendo cinco no
estado, a saber: Amapá, Calçoene, Cutias, Itaubal e Serra do Navio (todas
pertencentes ao Distrito do Laguinho)49.
Um dos campos importantes para o crescimento da influência adventista na
48 ATA DA UNIÃO NORTE BRASILEIRA, 1961, voto 61/17. [Reunião da Comissão Executiva da
Missão Baixo Amazonas ASD, Belém, Pará].
49 ATA DA UNIÃO NORTE BRASILEIRA, 1961, voto 61/17.
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cidade foi o estabelecimento de uma unidade educativa. Onde os adventistas
levantam um templo religioso para pregar, fundam uma escola para ensinar. Um dos
eventos considerado mais significativo para os adventistas no AP foi a inauguração
da TV Novo Tempo em Canal aberto para a região metropolitana de Macapá.
Quadro 1 – Pastores adventistas que serviram a Igreja Central de Macapá.
Nome Período Nome Período
1. Osvaldo Pereyra 1957-1961 15. Oziel Azevedo 1995 – 1996
2. Manoel Nunes Pinto 1962-1964 Damasceno
16. Jair Figueiredo dos 1997-1999
3. Tércio de Oliveira 1965- Santos
17. Antônio Gonçalves da 2000 -2001
4. Eden Just da Rocha Pita 1965- Silva
18. Haroldo Cordeiro Alves 2001 - 2003
5. Edgard Pereyra 1968-1969 19. Agenilton Marques Corrêa 2004
6. Rubens da Silva Lessa 1969-1970 20. Antonio Raimundo 2005-2007
7. José Maria Costa e Silva 1971- 21. JoãoSousa
Viégasdos Santos
Pinheiro 2008-2010
8. Aminadabe Moreira 1974-1975 22. Eliel Medeiros 2011-2012
9. Carlos Victor Book 1976-1978 23. Elenilson Souto Set/2012 -2013
10. Eliézer Sérvulo 1979-1980 20132013– 2017
24. Nilson das Chagas Muniz Out/2013
11. Ivo Jacinto de Menezes 1980-1984 25. Josué Moraes de Almeida 2018-2022
12. Francisco Araújo dos Santos 1985-1988 26. Mauro Souza da Paixão 2023 (até julho)
13. Ilson Kapish 1989-1991 27. Francisco de Assis 2023 (agosto)-
14. José Carlos Correa Adegas 1993-1995 AeOliveira Alencar
Fonte: Elaboração própria, com base em Lessa50.
Segundo Marcos Vinícius de Freitas Reis e Arielson Teixeira do Carmo o
“censo do IBGE sobre religião no Brasil é essencial para análises para entendermos
as mutações do campo religioso brasileiro ao longo das últimas décadas” 51. Esses
dados, atualizados a cada década no Brasil, podem corroborar/negar o crescimento
da IASD, facilitando a análise dos fatores para esse desempenho. Sobre o panorama
religioso no Amapá, considerando o Censo IBGE 2010, os autores indicam que,
a população é predominante católica (64%), seguido pelos evangélicos (28%)
e espíritas (0,4%). Os sem religião somam 6% da população. Entre as igrejas
evangélicas, a que conta com o maior número de membros é a Assembleia
de Deus (100.821), seguida pela Igreja Universal (10.101), Igreja Adventista
50 LESSA, 2016, p. 177.
51 REIS, Marcos V. de Freitas; CARMO, Arielson Teixeira do. O campo religioso amapaense: uma
análise a partir do Censo do IBGE de 2000 e 2010. Observatório da Religião, vol. 2, n. 2, p. 175-
197, 2015.
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do Sétimo Dia (9.461), Igreja do Evangelho Quadrangular (6.468) e Igreja
Pentecostal Deus é Amor (3.146)52.
É importante frisar que a IASD é a única entre os Protestantes de Missão
presente entre as maiores igrejas do AP, sendo que as demais são pentecostais ou
neopentecostais. A segunda em crescimento, na mesma categoria é a Igreja Batista,
tanto em âmbito nacional como no Estado do Amapá. Comparando os censos de 2000
e 2010, os Adventistas tiveram um significativo crescimento de 5.065 que declaravam
frequentar a Igreja Adventista em 2000, enquanto no ano de 2010 esses números
cresceram para 9.461, aumento de mais de 4 mil novos adeptos, tornando a IASD
como a Instituição “com maior expressão e crescimento no Amapá”, tanto em
crescimento absoluto como percentual, saindo de 43% em 2000 para 51% em 2010.
Isso se deve, entre outros fatores, ao fato de terem sua sede e serem fortes em
Macapá, investirem tanto em projetos sociais como na evangelização, no uso da
tecnologia, no refinamento das técnicas de proselitismo e no mercado gospel, com o
lançamento de cantores e bandas53.
Se poderia acrescentar a esses fatores de crescimento nos últimos 70 anos,
a atuação de líderes chave, como Hermínio Costa, na fase pioneira e Raimundo
Cutrim, na fase mais recente. Além dos esforços pessoais e mobilização do efetivo
em suas igrejas e funções assumidas, esses líderes tiveram relações políticas que
favoreceram a IASD, tanto na aquisição de terrenos como em projetos de
evangelização, como o histórico acima infere. Embora os ASD não tenham formado
uma bancada ou tenham sido mais discretos na política que os demais protestantes,
especialmente os pentecostais no Brasil54, eles se valeram da influência estatal para
garantir seu projeto de poder no AP. Em termos simbólicos, Hermínio pode
representar os voluntários (membros leigos), e Cutrim os assalariados (pastores),
grupos decisivos para o alcance do interior do estado.
A Igreja Adventista de Santana foi fruto de uma conferência pública feita pelo
pastor Manoel Nunes Pinto, no início da década de 1960. O missionário alugou uma
52 REIS; CARMO, 2015, p. 177.
53 REIS; CARMO, 2015, p. 194.
54 FRESTON, Paul. Protestantes e político no Brasil: Da Constituinte ao Impeachment. 1993. 303 f.
Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993.
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sede e pregou as doutrinas adventistas durante três meses (90 noites), sendo
auxiliado pelo casal Dionísio Pereira e Maria Vicência Salviano Duarte Pinheiro. Uma
das ouvintes, Alduina Santos, conhecida como Dina, logo se converteu ao
Adventismo, e tornou-se uma das patrocinadoras do programa. Para Vicência a data
da conferência e conversão de Dina deve ter sido o “ano de 1960 ou 1961, por aí
assim.”55
Vicência pode estar certa, já que uma anotação numa agenda pessoal
pertencente a Oscarina Silva Correa registra a data do batismo de seus pais: Pedro
Gomes da Silva e Alzira Madureira da Silva, que participaram do rito cristão no dia 13
de junho de 1961. A própria Oscarina e sua irmã mais velha Maria Silva e Silva foram
as primeiras moradoras de Santana a serem batizadas na IASD um mês antes dessa
ocasião, num culto em Macapá. Além delas, seus irmãos, Josué, Moisés, Marina,
Creuza, Antônio, Maria da Neves, Ivania e Abimael passaram pela cerimônia
posteriormente. Com isso, as reuniões religiosas aconteciam em sua residência,
localizada na atual Rua Euclides Rodrigues, no bairro Central. Ela recorda que vinham
pregadores de Macapá “de bicicleta”, aos sábados, dirigir o culto em sua casa, o que
confirma o episódio narrada por Vicência em seu livro.56
Segundo Oscarina, batizada com uns “12 anos”, Maria José, uma adventista
de Icoaracy que era sua vizinha, ensinou as doutrinas adventistas a seus pais, depois
que Oscarina chegou da Ilha do Teles, no município de Afuá, com nove anos de idade,
na companhia de sua família. Após o batismo, seu pai passou a ministrar estudos
bíblicos na comunidade e pregar na Igreja para partilhar a fé e sua mãe atuou no
Departamento de Dorcas, braço social da IASD naquela época57.
Informações colhidas com membros adventistas antigas de Santana indicam
que “A igreja Central de Santana é a segunda igreja Adventista do Estado do AP.” Os
depoimentos acima parecem caminhar nessa direção, já que Dina se converteu em
Santana para em seguida iniciar o projeto evangelizador em Porto Grande. O
55 Informações de Maria Vicência Salviano Duarte Pinheiro Pereira.
56 PEREIRA, 2013, p. 26.
57 Informações de Oscarina Silva Correa. Segundo a mesma seus pais aguardaram um mês para se
batizar, porque não eram casados. A data do batismo deles está numa agenda pessoal e anotada
na Bíblia de Pedro.
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Adventismo “chegou em Santana através do irmã Hermínio Costa, pioneiro da igreja
em Macapá e Santana. Ele vinha fazer estudo e reuniões na casa do irmão Pedro
Gomes, e juntamente com a irmã Alduina dos Santos (irmã Dina) foram as primeiras
famílias Adventistas em Santana. Não conseguimos chegar a uma data específica,
poderíamos considerar os primeiros batismos locais como sendo da família do irmão
Pedro Gomes.” A fundação da Igreja, envolvendo a sua estrutura física, pode ser
atribuída a “irmã Dina que hoje já descansa no Senhor, tio Josias Salviano, irmão Zé
neto, irmão Pedro Gomes (também já falecido) e outros”, relatou Jéssica da Silva
Gonçalves Lopes58.
A cidade de Santana foi alcançada inicialmente a partir de ações individuais
de membros leigos, entre eles a dona Dina. Ela doou dois terrenos das duas sedes
de distrito da cidade (Santana e Paraíso), além de liderar os primeiros movimentos
missionários de evangelização do município. O casal Dionisio Pereira e sua esposa,
Vicência Salviano Duarte Pinheiro Pereira, prestou grande auxílio no início do
trabalho.
Começamos uma série de conferências em Santana, na área portuária, num
salão que a irmã Dina ajudava a pagar o aluguel. Durante mais de seis meses,
íamos aos sábados a noite, aos domingos à noite e às quartas-feiras, também
a noite. O nosso transporte era um micro-ônibus do irmão Nobre, que depois
de conhecer a verdade, foi batizado com sua esposa e cinco filhas. Nosso
grupo aumentava a cada dia com pessoas sedentas por levar o evangelho
eterno aos que não o conheciam59.
Segundo a autora, em seu livro de memórias, quando a primeira conferência
foi concluída, “havia um grupo de pessoas interessadas, que logo foram batizadas no
sítio” de Dina, no Km 107 da estrada de ferro.
Nos dias de conferência, mesmo após o batismo, um membro de Macapá
dirigia os cultos em Santana. No final da década 1980, a IASD era dirigida pelo pastor
Wilson Capiche, que liderava o Adventismo sozinho em toda a grande Macapá. Em
Santana seus auxiliares voluntários eram as figuras de Josias Salviano, Alduina dos
Santos, Raimundo Nonato, Ana Sardinha, José Ronaldo, Hilkias Alves Araújo, Katia
58 Informações enviadas por Jéssica da Silva Gonçalves Lopes, ex-secretária da IASD Central de
Santana, AP.
59 PEREIRA, 2013, p. 25.
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Silene Campos Alves, Maria das Graças Martins, Valdomiro Pinheiro, entre outros,
que administravam internamento a Igreja e compartilhavam a fé na comunidade,
através das duplas missionárias e ênfase na Escola Sabatina. O diretor da Igreja
naquela ocasião era Raimundo Nonato Castro, que recebeu a incumbência de
promover as Escolas Filiais, ou seja, reuniões de estudo da Bíblia fora do templo com
o propósito de estabelecer novas congregações60.
Nesse aspecto, a década de 1990 foi crucial para a formatação do Adventismo
da cidade de Santana: de fato, foi quando surgiu a segunda maior igreja da localidade.
Em 1992, com a vinda das famílias de Aquino Gonçalves Bastos e Antônio Ribeiro
Filho, que congregavam na Igreja Central de Santana, a primeira do município, foi
estabelecida a Igreja do Jardim Paraíso, em época um bairro em formação.
Atualmente o município de Santana sedia dois distritos pastorais. Ele conta com 15
congregações, incluindo igrejas da zona urbana e rural, além do município de
Mazagão. No total, há cerca de 1000 membros batizados no município. O distrito do
Paraíso possui 16 congregações, sendo sete no arquipélago do Marajó61. No total, é
possível estimar aproximadamente 1400 membros batizados somente no distrito do
Paraíso.
A abertura dessas congregações em Macapá e Santana e o aumento dos
batismos levou a ABA a promover Raimundo Nonato Penha Cutrim ao status de
obreiro, momento no qual passaria a receber um melhor salário e ter uma credencial
de pastor adventista licenciado.
CONSIDERANDO que Raimundo Nonato Penha Cutrim membro leigo em
Belém, vem se dedicando em tempo integral, a serviço da Associação nos
Projetos Evangelísticos de Missão Global, dando provas de sua vocação para
o Santo Ministério, VOTADO encaminhar a solicitação a DSA, para que
conceda status de Obreiro para: Obreiro com mais de 35 (trinta e cinco) anos:
01) Raimundo Nonato Penha Cutrim, com FPE de 65%, Status
UNB/Associação Baixo Amazonas, para ser Obreiro Bíblico na ABA, a partir
de 01 de janeiro de 1999.62
60 ATA DA REUNIÃO DA COMISSÃO DE NOMEAÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA DO 7º DIA DE
SANTANA, 08 de outubro de 1988.
61 DINIZ, Ribamar. A Igreja das Águas: uma breve história da Igreja Adventista do Sétimo Dia no
Arquipélago do Marajó (1937-2020). Macapá, AP: Ed. do Autor, 2021. p. 40.
62 ATA DA UNIÃO NORTE BRASILEIRA, 1998, voto 98-237. [Reunião da Comissão Executiva da
Missão Baixo Amazonas ASD, Belém, Pará].
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Com isso foi votado a abertura de um novo Distrito Pastoral, com sede na
cidade de Porto Grande, de modo que contava com uma igreja (no próprio município
de Porto Grande) e incorporava 10 grupos (Ferreira Gomes, Oiapoque, Pracuúba,
Pedra Branca do Amapari, Tartarugalzinho, Amapá, Calçoene, Cutias, Itaubal e Serra
do Navio). Boa parte desses grupos foram iniciados pelo próprio Cutrim, que atuou
com a designação de primeiro pastor de Porto Grande, que abrangia o interior do
Estado, menos Santana, Mazagão e Laranjal do Jari. Ele iniciaria uma fase de grande
expansão no interior do Estado como nunca fora visto no campo até então. No ano
seguinte, Cutrim solicitou a organização de três igrejas do seu distrito: em Oiapoque,
com 60 membros; em Ferreira Gomes, com 40 membros; e em Tucano II, com 30.
Consequentemente, cerimônias de organização foram agendadas para os dias 04, 05
e 06 de abril de 1999, respectivamente, e contariam com a presença e ministração do
pastor Roberval Moura Marinho, secretário executivo da Associação Baixo Amazonas
da IASD63.
O início da obra adventista na cidade de Porto Grande contou com o casal
Dionísio e Vicência Pereira e dona Dina, fervorosa adventista que tinha uma
propriedade no município. O casal também atuou na cidade de Porto Grande, a 115
quilômetros de distância de Macapá. Nessa época (início da década de 1960), Dina
convidou o Manoel Nunes Pinto e quase todos os membros da igreja para iniciar a
evangelização em sua casa de campo, no Km 107 da estrada de ferro:
De duas em duas semanas saíamos, aos domingos, 4 horas da manhã, em
um caminhão do Sr. Francisco Pinheiro Borges, que era membro da Igreja
Batista, mas profundo admirador da Igreja Adventista. Quando chegávamos
a Porto Grande, íamos andando oras [sic] pelos trilhos do trem, oras [sic] pela
mata, atravessando igarapés, com a água até a cintura. Eu levava ao ombro
a minha filha Telma, que tinha um ano e meio de nascida, e meu saudoso
Dionisio levava a Keila, com dois anos e meio. Enquanto caminhávamos,
ninguém reclamava, só íamos cantando o hino e longe Canaã [...] quando
chegávamos ao sítio ‘Meu Sonho’, um lugar muito bonito e aconchegante,
tomávamos banho, trocávamos de roupa e todos alegre e felizes vinham
saborear um ótimo desjejum, que a ir Dina já havia preparado. Depois de
todos haverem retomado as forças, começamos a cantar. O coral com 41
vozes cantando enquanto era realizado o culto. Naquela época, o nosso
Pastor era Manoel Nunes Pinto, casado com a Sra. Isabel dos Santos Pinto,
uma excelente maestrina que regia nosso coral. Quando terminávamos o
desjejum, íamos para a pequena igrejinha, construída na margem esquerda
63 ATA DA UNIÃO NORTE BRASILEIRA, 1961, voto 99-033. [Reunião da Comissão Executiva da
Missão Baixo Amazonas ASD, Belém, Pará].
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da estrada de ferro. Quando chegava a horar dos batismos, nós descíamos
um barranco que tinha mais de 5 metros de altura, e embaixo tinha uma
vertente de água muito limpa. Lá muitos dos nossos irmãos foram
batizados64.
Depois das atividades da manhã, o grupo almoçava, em seguida recreavam-
se, tomava banho e, às 15h, faziam o percurso de volta. Ninguém estava cansado,
embora andassem mais de 7 quilômetros até o caminhão, que levava três horas de
viagem, pois a estrada tinha muitos buracos, não tinha iluminação e não contava com
sinalização. Mas, conclui Pereira, “graças a Deus, nunca tivemos o menor
problema”.65
A chegada do missionário Raimundo Nonato Penha Cutrim foi crucial o
desenvolvimento do Adventismo em Porto Grande e no interior do Amapá. Ele
permaneceu como pastor da cidade e dos demais municípios amapaenses (com
exceção de Macapá, Santana, Mazagão, Laranjal do Jari e Vitória do Jari 66, quando
“De 13 de maio de 1997 a 30 de novembro de 2000, no interior do Amapá, foram 23
congregações estabelecidas:” Cutrim afirma então que “As mãos de Deus sempre
coladas em minhas costas, cada vez mais impulsionaram para que avançasse e
avançasse...” O elemento sobrenatural está presente em seu depoimento e ele
reconhece que em “Tartarugalzinho, (já havia um pequeno grupo de irmãos)”, em
“Porto Grande, (já havia uma pequena igreja)”, em “Boa Esperança, (já havia pequeno
grupo de irmãos)”, e a Igreja de “Vila Carnot (estabelecida em 2018)”.67
Quadro 2 – Igrejas estabelecidas por Raimundo Cutrim (interior do Amapá).
Igreja Município
Oiapoque Oiapoque
Aldeia de Tawari, Oiapoque
Calçoene Calçoene
Amapá Amapá
Pracuúba Pracuúba
Bom Jesus Tartarugalzinho
64 PEREIRA, 2013, p. 27.
65 PEREIRA, 2013, p. 28.
66 Os municípios citados não são objeto do histórico breve sobre o Adventismo no Amapá por não
estarem diretamente relacionados a missão adventista entre os Palikur e por não contarmos com
fontes suficientes para tal.
67 Cf. CUTRIM, Raimundo Nonato Penha. Entrevista [jul. 2023]. Entrevistador: Antônio Ribamar Diniz
Barbosa: Entrevista efetuada para a dissertação de Mestrado do entrevistador. Ananindeua, PA,
2023. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Anexo C da dissertação do entrevistador.
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Ferreira Gomes Ferreira Gomes
Paredão Ferreira Gomes
Aeroporto Porto Grande
Campo Verde Porto Grande
Km 50 Porto Grande
Cupixi Porto Grande
Pedra Branca Pedra Branca do Amapari
Água Branca Serra do Navio
Cachaço Serra do Navio
Riozinho Serra do Navio
Tucano I Serra do Navio
Tucano II Serra do Navio
Vila Carnot Calçoene
Fonte: Elaboração própria, com base em informações enviadas por Raimundo Nonato Penha Cutrim.
Atualmente, a cidade de Porto Grande é a sede de um distrito pastoral,
formado por 26 congregações, sendo três na cidade e as demais espalhadas pelos
municípios vizinhos. No total, o distrito conta com cerca de 1600 membros batizados.
Quadro 3 – Igrejas Adventistas do Distrito de Porto Grande.
Município Congregações
Porto Grande IASD Porto Grande sede
Porto Grande Grupo Aeroporto
Porto Grande Grupo Boa Esperança
Porto Grande Grupo Campo Verde
Porto Grande Grupo Colônia Agrícola Matapi
Porto Grande Grupo Cupixí
Porto Grande Grupo Emanuel Cortês
Porto Grande Grupo Nova Esperança
Porto Grande Grupo Vila Militar
Pedra Branca do Amapari IASD Central de Pedra Branca.
Pedra Branca do Amapari IASD Nova Colina
Pedra Branca do Amapari IASD Tucano II
Pedra Branca do Amapari Grupo Água Fria
Pedra Branca do Amapari Grupo Tucano I
Serra do Navio Grupo Serra do Navio
Serra do Navio Grupo Serra do Navio II
Ferreira Gomes IASD Central de Ferreira Gomes
Ferreira Gomes Grupo Ferreira Gomes II (Montanha)
Ferreira Gomes Grupo Paredão
Ferreira Gomes Grupo Nova Vida
Tartarugalzinho IASD Central de Tartarugalzinho
Tartarugalzinho Grupo Ayrton Senna
Tartarugalzinho Grupo Cedro
Tartarugalzinho Grupo Entre Rios
Tartarugalzinho Grupo Tartarugalzinho II
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Fonte: Elaboração própria, com base em informações enviadas pelo pastor adventista atual de Porto
Grande, Glêidson Rônei dos Santos.
O quadro demonstra o desafio dos pastores que atuaram em Porto Grande,
que foi a sede da IASD para o interior do estado, quando Raimundo Nonato Penha
Cutrim visitou os Palikur. Mesmo hoje, as distâncias e o número de congregações são
enormes, demonstrando que o crescimento da Igreja encontrou esse desafio. Por
outro lado, desnuda a presença da denominação em distintos lugares do interior, e
sua influência em diversos lugares menores.
A cidade considerada mais desafiadora para o Adventismo amapaense se
estabelecer foi a mais distante de Macapá, a saber, Oiapoque, no norte do Estado, a
580 quilômetros da capital. Além da distância, Oiapoque, nos idos de 1990, foi descrita
pelos adventistas que ali moravam como “uma currutela”, termo pejorativo para uma
“cidade prostíbulo”. Pesquisadores concordam com a tradição oral adventista, pois a
percepção de uma prostituição generalizada faz parte do imaginário construído sobre
a cidade.
O município do Oiapoque (localizado no extremo norte do Estado do Amapá,
Brasil) carrega consigo a fama de ser terra esquecida pelo Estado, lugar de
passagem marcado pelo garimpo e espaço propício para a prostituição.
Quem por lá aparece vindo, sobretudo, do sul e sudeste do país imagina ser
uma paragem ao estilo banguebangue a italiana, marcada pela prostituição e
tráfico de drogas. E isto se deve muito a televisão que colabora para a
excentricidade do lugar com informações fantasiosas, na maioria das vezes.
Mas nada disto se avista, para decepção dos que aportam com esperanças
de conferir o exótico [...] Esta realidade (prostituição vultosa, drogas, ouro
etc.) já não pertencente ao hoje, mas ao ontem.68
Um importante documento relacionado a chegada do Adventismo no
Oiapoque foi a Ata de organização de Igreja, sendo essa a primeira Ata de uma
congregação adventista que recebe o status de igreja organizada, passando a gozar
de autonomia administrativa. Tal documento, arquivado na secretaria da igreja,
contém um breve “histórico da origem da Igreja Adventista do Sétimo Dia de
Oiapoque”, além dos detalhes da programação.
68 CARIACÁS, Carlos. A moral religiosa sob a liberdade: memória de “(ex) ploques” do Oiapoque do
tempo do garimpo. Tropos, Rio Branco, AC, vol. 5, n. 2, 2016. p. 1-2. Disponível em: https://teste-
periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/483.
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A cerimônia de organização foi dirigida pelo pastor Roberval Moura Marinho
(secretariado pelo pastor Raimundo Nonato Penha Cutrim) e aconteceu no dia 04 de
abril de 1999, com início às 20h, e foi realizado em seu templo, na Avenida Lélio Silva,
N. 360, no Bairro Central. No total, 35 pessoas assinaram a Ata, sendo este o número
mínimo exigido para a organização. Na lista havia 50 nomes, sendo que alguns
faltaram ou já não frequentavam a congregação. Também foram eleitos os oficiais da
igreja, sendo os membros Edson Alves Pires e Paulo Sergio Bentes de Azevedo
votados como anciãos, principal cargo depois de pastor titular. A congregação, com o
novo status e mais liberdade para tomar decisões passou a crescer, chegando a cerca
de 200 membros69 em 2004, segundo seu livro de registro de membros70.
A presença de Raimundo Cutrim deu início a um período intenso de atividades
internas e especialmente externas na IASD do Oiapoque. Seguindo seu costume
anterior em Belém, onde atuou como membro leigo, ele se entregou completamente
a obra que via como um dever, um privilégio e um chamado do próprio Deus. Cutrim
inaugurou uma nova fase na evangelização da cidade e do estado, dirigindo a
evangelização e as atividades administrativas, além das nomeações de oficiais para
cuidar dos cultos, serviços e saídas do grupo. As atas representam o fluxo constante
no mandato de Cutrim, o que foi paulatinamente se reduzindo com a sua saída 71.
O início, porém, parece ter sido bastante difícil, pela baixa quantidade de
membros, pouca adesão a mensagem adventista e desafios com a vida social do
município, considerado inadequado para o cristão adventista. Naquele período, a
região de garimpo fronteiriça com a Guiana Francesa, valorizava o euro como moeda
tanto no lado brasileiro como francês. Até hoje,
além de se tornar referência para brasileiros em busca de oportunidades,
Oiapoque tem sido importante no processo de relações internacionais na
fronteira, acionado principalmente pela presença de turistas franceses, nas
transações comerciais entre guianenses e brasileiros, e pelas ações de
69 O Estado de conservação da Ata não permite ver o total de membros, embora seja possível ler até
o nº 172 com facilidade.
70 LIVRO DE REGISTRO DE MEMBROS DA IGREJA ADVENTISTA DE OIAPOQUE, 21 de agosto
de 2004.
71 ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 2000; 2001, 2002; 2003.
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cooperação entre os governos do Brasil e da França 72.
Segundo o mesmo histórico citado anteriormente, a IASD no município de
Oiapoque teve sua origem em meados de 1990, com a chegada de alguns
adventistas, dentre eles Maria Neusa da Silva (já falecida), “como uma das pioneiras
que colaborou para a organização de pequenos grupos que se reuniam na época para
dar estudos bíblicos”, além da realização de cultos. Em pouco tempo se
estabeleceram na casa do Sr. Raimundo Sandim, onde houve “a primeira escola
sabatina e cultos frequentes”. O marco inicial da evangelização da cidade foi o
primeiro batismo, que ocorreu “em 14 de setembro de 1993 com o Pr. Carlos Adegas”
batizando nas águas Raimundo Sandim. Algum tempo depois, “o grupo recebeu a
doação de um terreno com uma construção iniciada doada” por Jacob, que também
era adventista. Ali continuaram se reunindo. Em 1997, a ABA enviou líderes para
vender o terreno e comprar o atual, no centro da cidade.
O desenvolvimento da Igreja, porém, só aconteceu após a chegada do pastor
Raimundo Cutrim, que “realizou a primeira conferência em Oiapoque”, ocasião na qual
batizou 56 pessoas. Para a construção do templo, destaca-se o “maior doador para
construção” nesse período, Firmino Bispo Martins, conhecido como “Mascate”.
Enquanto Mascate financiava a construção, Cutrim dirigia a evangelização da cidade
e região. O documento cita que: “com o trabalho de evangelização, o Pr. Raimundo
Nonato Cutrim com sua equipe evangelizou uma Aldeia inteira chamada Tawary, para
honra e Glória de Deus, essa Aldeia permanece ativa no princípio do Senhor” 73.
Em um artigo não publicado, de cunho biográfico, sobre as contribuições de
Cutrim para a IASD no Norte do país, Walleff Reis, Flávio de Oliveira e Wilson Borba74
detalham a primeira série bíblica no Oiapoque e as dificuldades enfrentadas. Depois
de viajar de Belém a Macapá e desta cidade ao Oiapoque, na companhia do jovem
Geraldo Marcelo, chegaram a um depósito de gás, onde um quarto velho de madeira
72 SILVA, José M. da. A cidade de Oiapoque e as relações transnacionais na fronteira Amapá – Guiana
Francesa. História Revista, Goiânia, v. 10, n. 2, 2010. DOI: https://doi.org/10.5216/hr.v10i2.9167.
73 HISTÓRICO DA ORIGEM DA IASD NO OIAPOQUE-AP, 2022.
74 REIS, Walleff Farias; OLIVEIRA, Flávio Figueiredo de; BORBA, Wilson. A contribuição do pastor
Raimundo Nonato Penha Cutrim para o Avanço da mensagem adventista na Região Norte.
[Manuscrito não publicado]. 2020.
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seria sua moradia pelos próximos dias. As condições precárias e a falta de recursos
básicos como água potável era uma das tantas adversidades que a dupla haveria de
enfrentar.
Com o crescimento e abertura de novas congregações, Oiapoque passou a
sediar um distrito pastoral, com as seguintes congregações: Central Oiapoque,
Infraero, Nova União, Vila Vitória, Aldeia 40, Aldeia Tawary, Carnot, Lourenço,
Calçoene, Amapá e Pracuúba.
No dia 12 de dezembro de 2022 (um sábado), o novo templo da Igreja Central
do Oiapoque foi inaugurado pelo Pr. Francisco Carlos Bussons e Jairo Ricardo da
Graça Silva, presidente e tesoureiro da Missão Pará-Amapá - MPA, respectivamente.
“Nesse ano”, escreveu a secretária, “são 32 anos de evangelismo e missões em
Oiapoque-AP.”75. Conforme essas informações, a família pioneira teria chegado na
cidade em 1990. O templo estava em construção durante vários anos e esse processo
foi acelerado com a chegada dos pastores Erick Penido e Adriano Ricardo Buzeli, que
são considerados localmente como “Neemias modernos”, a saber, por sua capacidade
de construir e reformar templos.
Além da inauguração, foi realizada a primeira Campal do Oiapoque, entre os
dias 23 e 24 de 2022, como uma estratégia adventista para evangelizar a região, já
que alcançou oito pessoas que foram batizadas e 450 assistentes. Na ocasião
compareceram os pastores Marcelo e seu irmão Cutrim Filho, uma demonstração de
que a influência da família seguia viva na região. Atualmente, conforme exposto antes,
Oiapoque sedia um distrito pastoral, formado por 11 igrejas e 1040 membros
batizados76.
Quadro 4 – Pastores que serviram na Igreja Adventista do Oiapoque.
Nome Período Nome Período
1. Raimundo Nonato Penha Cutrim 1999-2000 Denivaldo Silva 2013-2014
2. Josué Vicente 2001-2002 José de Oliveira Filho 2015-2017
Carlos dos Anjos Ramos 2002-2003 . Nonato Cutrim Filho 2018-2019
3. Reginaldo Barros 2005 . Anderson Silva 2020
4. José Odarimar 2006-2008 . Herick Penido 2021-2022
75 HISTÓRICO DA ORIGEM DA IASD NO OIAPOQUE-AP, 2022.
76 DINIZ, 2021.
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5. José Amaury 2009 . Adriano Buzeli Ricardo 2022-2023 (ago)
6. Silvio Esan da Silva Nascimento 2010-2011 . buzeBuzeli
Marcelo Mendes (setembro
2023-
7. Marcos Paulo da Hora 2012
Fonte: Elaboração própria, com base no histórico da origem da IASD no Oiapoque (AP) – 2022.
O quadro sobre os pastores do Oiapoque está relativamente completo,
embora ainda seja necessário complementar alguns dados, especialmente os nomes
completos de alguns pastores.
A IASD chegou tardiamente ao Amapá, com quase três décadas de atraso em
relação a sua implantação no restante da Amazônia. Apesar disso, teve um
crescimento lento, porém sólido, ampliando sua influência paulatinamente. Primeiro
foram estabelecidos os templos, (atualmente conta-se 137 congregações). Esses
templos estão divididos em 12 distritos, (cada um com uma média de 10 igrejas),
sendo administrados por 12 pastores que trabalham em regime de dedicação
exclusiva para a organização adventista. Em seguida foram estabelecidas algumas
instituições, como uma escola de nível fundamental e médio, com 699 alunos
matriculados atualmente; um escritório para atender os membros e pastores e uma
livraria, com artigos para os membros e interessados em conhecer suas doutrinas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como propósito apresentar e refletir sobre a missão adventista
no Amapá, valendo-se de fontes bibliográficas, livros de memória e documentos
oficiais. Percebeu-se que o Adventismo e, sua filha mais próspera, a IASD, surgiu nos
EUA do século XIX, com um discurso doutrinário peculiar e visão eclesiológica
exclusivista, com um discurso agressivo contra outras denominações e implantou um
agressivo plano de expansão global, valendo-se de métodos como a distribuição de
publicações, envio de missionários e estabelecimento de instituições.
Nesse sentido, chegando ao Brasil na década no final do século XIX, só entrou
na Amazônia no início do século XX. A chegada no Estado do Amapá, no extremo
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norte do país, foi mais tardia ainda, acontecendo apenas no meio desse século, por
atuação inicial de um membro leigo. O crescimento expressivo da denominação nesse
estado, onde 2% de seus moradores se declaram adventistas, está relacionado a
vários fatores, como as iniciativas individuais, os planos das organizações superiores
e o destaque de alguns líderes, como Raimundo Nonato Penha Cutrim, que
estabeleceu várias congregações tanto no interior como na capital do Estado.
Outrossim, vale destacar a capacidade de adaptação dos missionários ao lidar com
diferentes contextos socioeconômicos e culturais no estado do Amapá, demonstrando
tensões entre manter uma pureza doutrinária e se inserir em novos espaços e
temporalidades.
REFERÊNCIAS
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ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 04 de novembro de
2002.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 07 de julho de 2000.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 11 de janeiro de
2003.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 12 de agosto de
2000.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 14 de dezembro de
2002.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 20 de julho de 2002.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 22 de julho de 2002.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 24 de fevereiro de
2001.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 25 de março de 2000.
ATA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DO OIAPOQUE, 26 de março de 2000.
ATA DA REUNIÃO DA COMISSÃO DE NOMEAÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA DO
7º DIA DE SANTANA, 08 de outubro de 1988.
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Executiva da Missão Baixo Amazonas ASD, Belém, Pará].
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Executiva da Missão Baixo Amazonas ASD, Belém, Pará].
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