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Trabalho de Estágio A2

O trabalho de Lucas Zauza Santanna investiga as características e prevalências do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e suas comorbidades, utilizando avaliações realizadas no Núcleo de Avaliação Psicológica da PUCRS. O estudo destaca a importância de um diagnóstico clínico preciso e a necessidade de uma avaliação psicológica abrangente, considerando as intersecções com outras condições e os riscos associados ao TDAH. Além disso, o autor discute a relevância das funções executivas e déficits neuropsicológicos na avaliação do transtorno.

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Trabalho de Estágio A2

O trabalho de Lucas Zauza Santanna investiga as características e prevalências do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e suas comorbidades, utilizando avaliações realizadas no Núcleo de Avaliação Psicológica da PUCRS. O estudo destaca a importância de um diagnóstico clínico preciso e a necessidade de uma avaliação psicológica abrangente, considerando as intersecções com outras condições e os riscos associados ao TDAH. Além disso, o autor discute a relevância das funções executivas e déficits neuropsicológicos na avaliação do transtorno.

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DA VIDA

DISCIPLINA DE ESTÁGIO SUPERIOR EM PSICOLOGIA CLÍNICA A-II

SUPERVISOR TARCIO SOARES

LUCAS ZAUZA SANTANNA

COMORBIDADES E PREVALÊNCIAS: UM ESTUDO ACERCA DO


TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

Porto Alegre

2024
COMORBIDADES E PREVALÊNCIAS: UM ESTUDO ACERCA DO
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

Trabalho apresentado
como requisito de
avaliação à disciplina de
Estágio Obrigatório em
Psicologia Clínica – A2 da
Escola de Ciências da
Saúde e da Vida da
Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do
Sul, sob supervisão do
psicólogo Tárcio Soares.

SUPERVISOR TÁRCIO SOARES

Porto Alegre
2024
 Objetivos:
Este trabalho buscou identificar características e prevalências acerca da
avaliação diagnóstica de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Além
disso, compreendendo que comumente indivíduos identificados com o transtorno
apresentam comorbidades, o estudo visa investigas as psicopatologias associadas
ao transtorno.
 Método
Neste trabalho, o autor, sendo estagiário do Núcleo de Avaliação Psicológica do
Serviço de Atendimento em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, apresenta avaliações realizadas no ano de 2024 buscando
integralizar a prática com conceitos teóricos acerca do Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH). Os indivíduos que preencheram critérios
diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª
Edição Texto Revisado (DSM-5-TR) para TDAH serviram como ponto de
partida para os critérios metodológicos do estudo. Este, seguiu o método de
revisão integrativa, encontrando estudos na plataforma PubMed e Scielo a partir
da busca com os termos “TDAH” ou “ADHD” AND “PREVALENCE” ou
“PREVALÊNCIAS”.
 Introdução
A partir do meu estágio no Núcleo de Avaliação Psicológica no Serviço de
Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP) da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), percebi o alto índice de suspeitas do
psicodiagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, bem como
a confirmação destes após a avaliação. Diante da avaliação psicológica de três
crianças, diagnosticados com TDAH, decidi estudar afinco o tema e, na tentativa
de produzir um instrumento de ajuda para alunos, colegas e profissionais,
construir um trabalho relevante para a psicologia.
O quadro abaixo (Quadro 1) ilustra um pouco dos pacientes expostos à avaliação
e que fecharam critérios para o TDAH. Servindo como base motivacional para a
elaboração do trabalho, e não como instrumento de estudo, mas de comparação,
os casos citados não serão mais bem detalhados adiante.
Caso Bryan 7 anos, vive com avó e o irmão mais novo. De
acordo com relatos da avó, o pai de Bryan cumpre
pena em regime fechado e a mãe não o procura. O
menino foi encaminhado para avaliação por
apresentar agressividade com pares,
comportamentos desafiadores com professores e
avó, além de desatenção e hiperatividade. A partir
da avaliação, Bryan foi identificado com
Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade com manifestação combinada e
gravidade moderada comórbido ao Transtorno
Opositor Desafiador.
Caso Anabel 9 anos, vive com a mãe, tio e avós. A menina foi
alfabetizada durante o período pandêmico, e após
o retorno às atividades, recebeu encaminhamento
para avaliação psicológica, sendo identificada
com dificuldades de aprendizagem, sintomas
internalizantes e Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade com manifestação
combinada e gravidade moderada.

Caso Bruno 12 anos, vive com a mãe, padrasto e irmão de 5


anos. Previamente diagnosticado com Transtorno
de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Bruno foi
encaminhado para avaliação psicológica por
apresentar desatenção, isolamento social,
agressividade com pares e crises de choro. A
avaliação identificou prejuízos na memória,
preservação das capacidades cognitivas e déficits
relacionados às funções executivas. Investigação
ainda está em andamento.
Quadro 1 – Casos clínicos do autor.

Diante do exposto, o trabalho visa estabelecer ao máximo os conhecimentos


acerca do transtorno, da avaliação psicológica em si e das suas intersecções com
o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, destacando a importância
dos vários processos seguidos durante uma avaliação.
 O Transtorno em si
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é um transtorno do
neurodesenvolvimento, portanto, faz parte de um grupo de condições clínicas
que iniciam precocemente a nível de desenvolvimento, geralmente apresentando
os sintomas desde a primeira infância. O TDAH é caracterizado por níveis
desproporcionais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-
impulsividade (APA, 2014). Além disso, é o transtorno do
neurodesenvolvimento mais prevalente na população infantil, ocorrendo em
cerca de 8% das crianças e 7% dos adolescentes em diferentes partes do globo.
Os sintomas podem variar em constância e intensidade, e costumam interferir no
funcionamento do indivíduo em diversas áreas.
Na literatura atual, existem diversos modelos teóricos cognitivos que buscam
esclarecer as características e o desenvolvimento do TDAH, dentre as teorias
mais relevantes estão: Teoria Comportamental Inibitória-Ativação (Quay, 1993);
Teoria da Aversão ao Atraso (Sonuga-Barke, 1994); Teoria das Funções
Executivas (Pennington, 1996); Teoria Inibitória (Barkley, 1997); Teoria
Cognitivo-energética (Sergeant, et al 2003, 2005) e o Modelo da Memória de
Trabalho (Rapport, 2008).
O aumento da percepção acerca do distúrbio levou às pesquisas uma
contribuição inesperada em relação a outras condições, como os transtornos
específicos de aprendizagem, transtorno do espectro autista e outros. Isso
porque, historicamente, o curso de pesquisa se dirigiu a diversos instrumentos de
trabalho a fim de explicar e potencializar o diagnóstico do transtorno, como a
neuroimagem, eletroencefalograma, e inclusive exames de DNA. Apesar do
esforço multiprofissional em compreender os principais aspectos acerca da
condição, o diagnóstico do TDAH continua sendo essencialmente clínico
(CADDRA, 2011), comumente confirmados por psicólogos, psiquiatras e
neurologistas.
Os estudos vêm encontrando contribuições significativas da genética,
enfatizando a heterogeneidade do transtorno, mas não excluem causas
ambientais. Neste sentido, os receptores serotoninérgicos (HTR1B),
dopaminérgicos (DRD4, DRD5), transportadores de dopamina (DAT-SL-C6A3)
e proteínas (SNAP25) foram substâncias que sofreram alterações em pacientes
com TDAH (Souza et al, 2021). Apesar das correlações, não se sabe se estas
associações podem ser consideradas causas do transtorno, ou se, na interação
com ambiente acabam por contribuir para a manifestação dos sintomas. A
exemplo, o DSM-V-TR afirma que é prevalência é maior em lares adotivos, e
que existe maior prevalência da condição em crianças expostas a neurotoxinas,
fumo, prematuridade e infecções.
Percebidos inicialmente pelos cuidadores, os primeiros sintomas inicialmente
são destacados quando a criança dá os primeiros passos, evidenciando uma
excitação motora desproporcional, que leva a busca por atenção especializada.
Em outros casos, os sintomas ganham visibilidade no início do contexto escolar,
percebidos pelos professores, que costumeiramente relatam dificuldades na
criança para permanecer sentado, seguir instruções, prestar atenção no conteúdo
transmitido e, consequentemente, baixo desempenho acadêmico. Nestes casos, o
encaminhamento para um especialista se faz crucial. Primeiro, por possibilitar o
diagnóstico precoce, potencializando as intervenções e contribuindo para uma
significativa melhora na qualidade do desenvolvimento. Em segundo, porque ao
investigar-se TDAH, podem ser encontrados uma gama de quadros.
No contexto escolar, por exemplo, crianças com Transtorno Específico de
Aprendizagem não identificados tendem a falhar, levando á frustração,
desinteresse e consequentemente em desatenção em sala de aula, e são
facilmente confundidas com TDAH. Dessa forma, a discalculia, disortografia e
dislexia tendem a causar confusão por apresentarem sintomas secundários
similares aos sintomas primários para o TDAH. Além disso, eles podem ser
concomitantes, por isso, estabelecer limites, diferenças e semelhanças entre os
transtornos faz-se essencial para precisar as avaliações e diagnósticos.
Porém, é extensa a lista de comorbidades relacionadas ao TDAH, e o tema deve
ser mais bem comentado abaixo. Além disso, as pessoas diagnosticadas com
TDAH apresentam maiores riscos de sofrer acidentes, abusar de substâncias
como álcool, tabaco e drogas, desenvolver vícios em jogos de apostas, e
aumentar o risco de desenvolver doenças degenerativas, como o Parkinson.
Levando em conta as comorbidades e riscos que pacientes de TDAH podem
apresentar, bem como a evolução e desenvolvimento do transtorno é
importantíssimo que haja uma avaliação completa e gratuita para o povo
brasileiro.
 A Avaliação Psicológica do TDAH
Segundo a resolução 007/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), a
avaliação psicológica é um processo técnico-científico de coleta de dados,
provenientes de diversas fontes e técnicas psicológicas, ou seja, entrevistas,
observações, testes e análises de documentos. Ainda após a resolução havia
muitas dúvidas e confusões referentes à prática da avaliação, principalmente em
relação à diferenciação com a “testagem psicológica”. A fim de esclarecer estas
dúvidas, o CFP lançou, em 2013, a “Cartilha de Avaliação Psicológica”, que
contempla ao psicólogo as competências de planejar e realizar o processo
avaliativo baseado em aspectos teóricos e técnicos, considerando o contexto em
que se aplica, os objetivos da avaliação, os constructos a serem investigados, a
adequação dos instrumentos utilizados e as condições técnicas, operacionais e
metodológicas dos instrumentos de avaliação.
Com o intuito de qualificar as avaliações, foi criado o Sistema de Avaliação de
Testes Psicológicos (SATEPSI), para padronizar, validar e examinar dados
psicométricos adequados a população do Brasil. Segundo Nakano (2003), foi a
partir da resolução 02/2003 que os conhecimentos psicológicos foram creditados
em relação á avaliação psicológica. Nesta, diferentes requisitos psicométricos
foram estabelecidos para a utilização dos testes psicológicos. Entretanto,
observa-se constante frustração dos profissionais e pesquisadores frente às
medidas de formação de conhecimento acerca da avaliação psicológica, como é
o caso do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, que vai contra a
criação do Título de Especialista em Avaliação Psicológica pelo CFP.
Diante do exposto, entende-se que o fazer ainda encontra muitos desafios,
especialmente em relação às graduações e pós-graduações. Não obstante, a
prática da psicologia ainda contempla preocupantes infrações éticas, e no caso
da avaliação psicológica este fator não se altera. Outra questão vigente se dá na
intersecção contexto diagnóstico, acredita-se que a avaliação deve se colocar em
contextos além da clínica, como é o caso de Centros de Referência da
Assistência Social (CRAS).
No que tange a avaliação do TDAH, apesar de existirem inúmeras
demonstrações de como existem correlações presentes visíveis através de
eletroencefalograma, entre outros, o diagnóstico do transtorno se dá
essencialmente através da observação clínica. Porém, em uma avaliação
psicológica se espera encontrar déficits neuropsicológicos ligados ao TDAH,
como é o caso da memória operacional, regulação do estado atencional, aversão
á demora, e principalmente, funções executivas, apontada como o maior déficit
neurocognitivo primário ao TDAH.
As funções executivas são descritas como habilidades cognitivas superiores, no
caso, um conjunto destas, e envolvem a capacidade de planejamento, controle
inibitório, flexibilidade cognitiva, controle atencional e memória de trabalho.
Cada uma tem um papel importante no gerenciamento da rotina e podem levar a
dificuldades de organização, tomada de decisões e regulação emocional.
A capacidade de planejamento é um subdomínio das funções executivas,
caracterizado pela capacidade de dividir uma tarefa em pequenas etapas, e
desenvolver planos de ação a fim de seguir a melhor estratégia, antecipando
futuros obstáculos. Desta forma, essa habilidade permite o gerenciamento
qualificado de ações para atingir os objetivos de forma organizada e eficiente.
Na avaliação psicológica, tarefas como o Figuras Complexas de Rey, Torre de
Londres e o Teste de Retenção Visual de Benton costumam ser utilizados para
aferir esta capacidade.
A flexibilidade cognitiva, por sua vez, é conhecida por ser a capacidade de
mudar os planos, ou seja, adaptar-se frente a um problema e buscar novas
maneiras para alcançar o objetivo final de forma positiva. Esta habilidade é
conhecida por ser uma “soft skill”, uma vez que aprimora as capacidades de
resolução de problemas e desenvolve adaptabilidade e resiliência. Tarefas como
Dígitos, das escalas Wechsler, Teste dos Cinco Dígitos e Teste Wisconsin de
Classificação de Cartas cumprem critérios para avaliação da flexibilidade
cognitiva.
O controle inibitório é comumente relacionado á capacidade de controlar
impulsos e comportamentos em contextos em que estes são inesperados. Porém,
o controle inibitório também está ligado á regulação emocional e controle de
pensamentos automáticos, impactando inclusive na flexibilidade cognitiva dos
indivíduos. Entendendo a importância desta habilidade, ela pode ser aferida
através do Teste dos Cinco Dígitos (FDT) e pelo Teste Wisconsin de
Classificação de Cartas (WCST).
Segundo Rohde (2016), além dos já citados, os déficits na variabilidade do
tempo de resposta de reação e na velocidade de processamento também estão
presentes em pessoas com TDAH. A velocidade de processamento diz respeito
ao tempo em que a pessoa reage às informações e na capacidade de
automatização da tarefa. Essa habilidade cognitiva pode ser avaliada por meio de
tarefas com estímulos congruentes (Stroop) e pelos subtestes Códigos e Procurar
Símbolos das Escalas Wechsler.
Os Testes de Desempenho Contínuo (TCP) pode ser utilizado para aferir o
controle inibitório, e principalmente para avaliar a variabilidade no tempo de
resposta, considerando os estados de ativação e esforço frente ao estímulo. Neste
sentido, o Modelo Cognitivo Energético busca integrar o funcionamento
executivo, processamento de informações e gerenciamento de ações, ou
planejamento. Desta forma, o modelo explica déficits relacionados à avaliação
da inteligência global (QI), uma vez que as tarefas incluídas nos subtestes
tendem a envolver o funcionamento executivo.
O planejamento é considerado o terceiro e último nível do Modelo Energético, e
está associado a região do córtex pré-frontal. O planejamento …
Portanto, da mesma forma que os sintomas do TDAH podem ser confundidos
por algum outro transtorno, os sintomas do TDAH também podem estar
presentes neles, como é o caso do Transtorno de Aprendizagem, citado
anteriormente. Por isso o diagnóstico diferencial pode ser complicado e pode ser
considerado um confundidor. Apesar disso, é de suma importância e as dúvidas
costumam representar a qualidade da avaliação. Abaixo, vemos uma tabela onde
Rohde (2016) apresenta as principais características que podem gerar dúvidas
diagnósticas.
Transtorno: Características O que investigar?
Comuns:
Transtorno Opositor- Recusa para se engajar em tarefas. Investigar qual a motivação da
Desafiador (TOD) recusa, que no TOD está
relacionada a negatividade,
hostilidade e desafio.
Transtorno Específico da Baixo desempenho e falta de Investigar capacidade cognitiva e
Aprendizagem (TA) interesse em atividades habilidades específicas (leitura,
Aparente desatenção na realização escrita e aritmética).
das tarefas. Investigar desatenção fora do
ambiente acadêmico.
Transtorno do Sintomas de desatenção, Considerar se a gravidade e
Desenvolvimento hiperatividade e impulsividade. frequência dos sintomas são
Intelectual (DI) Sintomas em ambientes que maiores se considerado o nível de
exigem desenvolvimento desenvolvimento.
cognitivo além do que o paciente Sintomas estão presentes apenas
apresenta. em ambientes acadêmicos.
Transtorno do Espectro Desatenção disfuncional e Investigar reciprocidade social e
Autista (TEA) comportamento de difícil manejo. capacidade de socialização.
Transtorno de Ansiedade Desatenção e agitação. Investigar se a desatenção está
relacionada a preocupações e
ruminações
Transtorno Bipolar (ou Impulsividade, aumento da Verificar se há episiodicidade,
Disruptivo da atividade e desatenção. grandiosidade, hipersexualidade e
Desregulação do Humor) outras características do
transtorno.

Adaptado de Rohde (2016)


Nesse sentido, o DSM-V trouxe uma contribuição significativa para o
diagnóstico do transtorno: a remissão de sintomas. Diversos estudos (buscar ref)
apontam uma constante na remissão dos sintomas de hiperatividade, de forma
que a partir dos 50 anos esses sintomas tendem à extinção. Porém, no caso da
desatenção, os sintomas tendem a evoluir quando não tratados, e demonstram
potencial de risco superior para os riscos comentados anteriormente.
Assim como o diagnóstico diferencial, destaca-se a importância de investigar a
existência de comorbidades. Rohde (2016) afirma que, na infância, as
comorbidades mais comuns são: (1) Transtorno Opositor-Desafiador com cerca
de 60%; (2) Transtornos de ansiedade com cerca de 30%; (3) Transtornos do
Humor com 25%; (4) Transtornos de Aprendizagem (25%); e (5) Transtornos da
Conduta com 15%.
Na avaliação psicológica, além da testagem psicológica, que é apenas uma das
etapas da avaliação, faz-se também uma investigação contemplando a história
pregressa de vida, relatos de pessoas presentes no cotidiano, e por fim a
observação clínica. Esse momento serve para guiar o avaliador para o
entendimento do caso, descartando e confirmando hipóteses, e para avaliar a
presença, duração e gravidade dos sintomas.
Existem escalas de preenchimento de critérios diagnósticos destrinchando os
sintomas presentes, como é o caso do DIVA-5, com grandes contribuições para
o rastreio de sintomas em adultos a nível internacional; a ETDAH-AD, que
avalia sintomas de desatenção, impulsividade, aspectos emocionais,
autorregulação da atenção, da motivação, e da hiperatividade em pacientes entre
12 e 87 anos de idade; a SNAP-IV, disponível no Brasil para o rastreio de
sintomas em crianças e adolescentes.
Por fim, mas não menos importante, destacamos os critérios diagnósticos para o
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade segundo o DSM-V-TR:
A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade
que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado
por (1) e/ou (2)
1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas por pelo menos seis
meses, inconsciente ao nível de desenvolvimento e gerando impactos negativos
do cotidiano:
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por
descuido em tarefas escolares, no trabalho ou em outras atividades.
b. Dificuldade frequente em manter a atenção em tarefas ou atividades
lúdicas.
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra
diretamente.
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar
tarefas ou deveres.
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
f. Frequentemente evita, reluta ou não gosta de se envolver em tarefas que
exijam esforço mental prolongado.
g. Frequentemente perde coisas necessárias para as tarefas ou atividades.
h. É frequentemente distraído por estímulos externos.
i. Com frequência é esquecido em atividades diárias.
2. Hiperatividade e Impulsividade: Seis ou mais dos seguintes sintomas
presentes por seis meses em um grau inconsistente com o nível do
desenvolvimento e gerando impactos negativos no cotidiano:
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na
cadeira.
b. Frequentemente se levanta da cadeira em situações em que se espera que
permaneça sentado.
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é
inapropriado.
d. É frequentemente incapaz de brincar ou se envolver calmamente em
atividades.
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor
ligado”.
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha
sido concluída.
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar sua vez.
i. Frequentemente interrompe ou se intromete.
B. Os sintomas devem estar presentes desde os 12 anos de idade.
C. Os sintomas devem estar presentes em dois ou mais ambientes.
D. Há evidências claras no impacto dos sintomas no funcionamento social,
acadêmico ou profissional.
E. Os sintomas não são mais bem explicados e não ocorrem exclusivamente
durante o curso de outros transtornos.
Como podemos ver acima, o DSM-V trouxe uma contribuição significativa para
o diagnóstico do transtorno: a remissão de sintomas. Antes não contemplada no
DSM-IV, diversos estudos (buscar ref) apontam uma constante na remissão dos
sintomas de hiperatividade, de forma que a partir dos 50 anos esses sintomas
tendem à extinção. Porém, no caso da desatenção, os sintomas tendem a evoluir
quando não tratados, e demonstram potencial de risco superior para os riscos
comentados anteriormente.
Desta forma, além dos impactos já contemplados para o preenchimento de
critérios diagnósticos do TDAH, percebemos problemas secundários a este
quadro, e quando não tratados com terapias e/ou medicação, as taxas de risco
tendem a ser maiores para uso abusivo de substâncias, acidentes e vícios.
Os medicamentos mais utilizados para o tratamento de TDAH são os
estimulantes. Parece uma contradição dar substâncias que aumentam os níveis de
transmissores, frequência cardíaca e pressão arterial para indivíduos que
apresentam hiperatividade, mas surpreendentemente os resultados do uso de
estimulantes para pacientes com TDAH sempre foram positivos. Desta forma, o
metilfenidato ganhou um grande espaço no tratamento medicamentoso de
crianças, adolescentes e adultos, e recebendo novas alternativas como o
medicamento com capsulas de liberação prolongada. Além disso, recentemente,
no Brasil, fora liberada pela ANVISA a distribuição de medicamentos para o
tratamento do TDAH sem estimulantes.
Hoje, sabe-se que a medicalização da vida é um debate importantíssimo e crucial
para a formação do psicólogo. A existência de pessoas que se automedicam a
fim de obter melhores desempenhos é outra preocupação ligada à saúde mental
que deve receber intervenções emergentes, mas dependem, em segundo plano,
de diagnósticos precisos e baseados em evidências científicas.
 Conclusão
Conclui-se que não existe um único teste psicológico para avaliação do TDAH,
esta, é realizada a partir de um conjunto de testes, história clínica, relatos e
documentos, que servem como evidências para gravidade dos sintomas, e,
portanto, do preenchimento dos critérios diagnósticos.
Ademais, destaca-se a importância de encaminhamento para avaliação
psicológica a partir da observação dos sintomas, principalmente ainda na
primeira infância. É essencial que os profissionais que acompanham as crianças
estejam atentos à manifestação dos sintomas e realizem encaminhamentos
precisos e com o máximo de informações possível. Neste sentido, percebe-se
uma deficiência no que tange o desconhecimento a respeito do transtorno nas
faculdades de Medicina e Pedagogia, que não dispõem cadeiras suficientes
acerca da condição.
 Referências
1. American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical
manual (5thed.,text,rev.).
https://doi.org/10.1176/appi.books.9780890425787
2. American Psychiatric Association (2022). Diagnostic and statistical
manual (5thed. Text., rev.). disponível em:
3. HUTZ, Claudio Simon et al. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed,
2016.
4. Canadian ADHD Practice Guidelines, Third Edition, Toronto ON;
CADDRA, 2011.
5. Cartilha de Avaliação Psicológica
6. Resolução do CFP 03/2003
7. Mais alguns (vou adicionar mas agora estou sem tempo)

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