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Drogas Cerebro Texto de Apoio

O documento discute os efeitos de várias drogas no sistema nervoso, incluindo sedativos, estimulantes, anti-psicóticos, anti-depressivos, analgésicos e psicadélicos. Cada tipo de droga atua de maneira específica nos neurotransmissores, como GABA, dopamina e serotonina, afetando a atividade cerebral e o comportamento. Além disso, aborda a dependência e os riscos associados ao uso dessas substâncias.

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Drogas Cerebro Texto de Apoio

O documento discute os efeitos de várias drogas no sistema nervoso, incluindo sedativos, estimulantes, anti-psicóticos, anti-depressivos, analgésicos e psicadélicos. Cada tipo de droga atua de maneira específica nos neurotransmissores, como GABA, dopamina e serotonina, afetando a atividade cerebral e o comportamento. Além disso, aborda a dependência e os riscos associados ao uso dessas substâncias.

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O EFEITO DAS DROGAS NO SISTEMA NERVOSO

Sedativos, Hipnóticos e Agentes Ansiolíticos

Os efeitos que este tipo de drogas provocam no utilizador podem ser muito
variados e dependem da quantidade de droga ingerida. Uma pequena quantidade
tende a reduzir a ansiedade, doses médias podem ter um efeito tranquilizante e
sedativo, enquanto que doses muito elevadas podem levar ao coma ou até mesmo à
morte.
Os membros mais comuns deste
diverso grupo de drogas são o álcool, o
barbitúrico e as benzodiazepinas.
O álcool, por ser bastante
consumido, é o mais conhecido deste
grupo de drogas. Como as moléculas do
álcool são pequenas e solúveis em água e
gordura penetram facilmente todas as
partes do corpo. Se consumido em doses
moderadas e elevadas, o álcool inibe a comunicação entre os neurónios, causa
alterações cognitivas, perceptivas e motoras e pode mesmo levar à morte (se inibir a
função respiratória). No entanto, consumido em doses mínimas estimula a
comunicação neuronal e facilita e interacção social. A dependência do álcool tem uma
grande componente genética (55%), tendo já sido identificados uma série de genes
associados ao alcoolismo. O álcool produz tolerância física (o fígado de alcoólicos
metaboliza o álcool muito mais rapidamente) e funcional. O consumo crónico de
álcool destrói tecido neuronal de forma directa e indirecta (por exemplo, síndrome
de Korsakoff).
Os barbitúricos são conhecidos como “medicamentos para dormir”, contudo são
também muito utilizados para induzir a anestesia em procedimentos cirúrgicos. As
benzodiazepinas são conhecidas como pequenos tranquilizantes ou agentes
ansiolíticos (por exemplo, o Vallium).
Como é que este tipo de drogas actua no sistema nervoso?

Estas drogas actuam sobre os receptores gabaérgicos. Os neurónios que


contêm GABA estão bem distribuídos por todo o sistema nervoso e a sua função é
inibir a actividade de outros neurónios. A estimulação dos receptores gabaérgicos
providencia a entrada de iões Cl- na célula, o que causa o aumento da carga negativa
no espaço intra-celular e hiperpolarização da membrana. Os receptores do GABA,
para além de possuírem um sítio de ligação para o GABA, têm mais dois sítios de
ligação. Um destes dois sítios de ligação aceita moléculas de álcool e barbitúricos (o
sítio dos sedativos e hipnóticos) e o outro aceita benzodiazepinas (o sítio de
ansiolíticos). As drogas que se ligam ao sítio dos sedativos e hipnóticos (álcool e
barbitúricos) aumentam directamente o influxo de iões clorídricos produzindo o
mesmo efeito no Sistema Nervoso que o GABA. A estimulação do sítio de ligação dos
ansiolíticos faz com que a afinidade do GABA aos seus receptores aumente. Estas
drogas funcionam então como agonistas do GABA.

Estas drogas actuam sobre o sistema de recompensa cerebral de uma forma


indirecta. Ao estimular o sistema gabaérgico, que normalmente inibe a actividade
dopaminérgica, fica mais dopamina disponível nas sinapses o que estimula os centros
de prazer cerebrais e o sistema de recompensa. Pensa-se também que estas drogas
actuam sobre a serotonina, provocando uma sensação de euforia e bem-estar que
pode levar os indivíduos a desejarem repetir a experiência.
Agentes Anti-psicóticos

As psicoses são perturbações do foro psiquiátrico, cuja principal característica é


a desconexão com a realidade, que se manifesta por alucinações (percepções sem
estímulo externo), delírios (alterações do conteúdo do pensamento) e comportamento
inadequado. As drogas utilizadas para o tratamento destas perturbações são
conhecidas como anti-psicóticos ou neurolépticos. Um efeito comum deste tipo de
drogas é a redução imediata da actividade motora, que ajuda a aliviar a agitação
excessiva característica de alguns doentes esquizofrénicos. Infelizmente, um dos seus
efeitos negativos é a produção de sintomas característicos da doença de Parkinson,
como alterações do controlo do movimento. Esta condição inclui movimentos rítmicos
e rígidos da boca, mãos e outras partes do corpo. Estes sintomas são usualmente
reversíveis quando os doentes param de tomar a droga.

Como é que este tipo de drogas actua no sistema nervoso?

A acção dos anti-psicóticos passa


precisamente pelo bloqueio dos
receptores D2 da dopamina, reduzindo a
produção endógena deste
neurotransmissor. A acção antagonista
que os anti-psicóticos exercem sobre a
dopamina levou à origem de teorias
que defendem que a esquizofrenia é
essencialmente causada por alterações
bioquímicas no cérebro, em especial por
uma actividade dopaminérgica
excessiva nos lobos frontais. Estas
teorias apoiam-se também no facto dos
sintomas característicos da
esquizofrenia poderem ser desencadeados por fármacos que aumentam a actividade
dopaminérgica. Por exemplo as anfetaminas, que são agonistas da dopamina,
aumentam a libertação de dopamina das vesículas sinápticas e bloqueiam a sua
recaptação, causando no utilizador sintomas semelhantes aos encontrados na
esquizofrenia.
Estimulantes

Os estimulantes são drogas cujo efeito primário é aumentar a actividade do


Sistema Nervoso, por exemplo aumentam o comportamento motor, elevam o humor
e o nível de alerta. A cafeína é um dos estimulantes mais consumidos. A cafeína
provoca um aumento da actividade metabólica das células, através da inibição da
enzima que bloqueia o AMP cíclico. O aumento de AMP cíclico aumenta a produção de
glucose dentro das células, o que faz com que haja mais energia disponível nas
células aumentando a sua actividade metabólica.
A cocaína e as anfetaminas são outros dois exemplos deste tipo de drogas. O
resultado do consumo de cocaína é um estado geral de bem-estar que se traduz no
aumento da confiança, níveis de alerta, energia e boa disposição. A cocaína é uma
droga que causa imensa dependência e tolerância. Consumos elevados de cocaína
causam insónia, tremores, náuseas, hipertermia e comportamentos psicóticos
semelhantes ao da esquizofrenia. As anfetaminas têm efeitos comparáveis à cocaína.

Como é que este tipo de drogas actua no sistema nervoso?

Este tipo de drogas actua como agonista


da dopamina, através do bloqueio da sua
recaptação para os terminais nervosos. As
anfetaminas também estimulam a libertação de
dopamina das vesículas sinápticas. O aumento
de dopamina nas sinapses e nos neurónios
causa agitação motora, alucinações e
alterações do pensamento. Estas drogas
actuam no sistema de recompensa cerebral
(área ventrotegmental, núcleo accumbens e
núcleo caudado). O seu uso continuado faz com
que o sistema de recompensa se habitue à
estimulação através da cocaína, fazendo com que os sentimentos prazerosos naturais
(sexo, comida, água) não provoquem activação suficiente do sistema cerebral de
recompensa para causar satisfação. O uso continuado de cocaína causa alterações
metabólicas das células neuronais.
Anti-depressivos

A depressão é uma doença psiquiátrica frequente, caracterizada por


sentimentos prolongados de culpa, insatisfação e tristeza profunda. Existem dois tipos
de drogas que têm efeitos anti-depressivos: os inibidores de monoamina oxidase
(MAO) e os anti-depressivos triciclícos (Prozac).

Como é que este tipo de drogas actua no sistema nervoso?

Os anti-depressivos actuam de
forma a aumentar a transmissão química
da serotonina, noradrenalina, acetilcolina
e dopamina. Contudo, é nas sinapses e
neurónios serotoninérgicos que a
actuação destas drogas tem sido mais
estudada.
A MAO é uma enzima que degrada
a serotonina dos terminais sinápticos. A
inibição desta enzima através de um
inibidor de MAO providencia a maior
libertação de serotonina dos terminais
sinápticos. Os antidepressivos triciclícos bloqueiam a recaptação de serotonina para
os terminais sinápticos. Assim, os anti-depressivos actuam como agonistas da
serotonina e é o aumento de serotonina nas sinapses que é o responsável pela
diminuição dos sintomas depressivos
Analgésicos e Narcóticos

Os narcóticos e os analgésicos são drogas com capacidade para induzir o sono


(narcóticos) e aliviar a dor (analgésicos). Estas drogas derivam do ópio que é extraído
das papoilas e tem uma série de ingredientes psicoactivos. A codeína e a morfina são
exemplos destas drogas. A codeína foi utilizada durante muito tempo para o
tratamento da tosse e para o alívio dor e a morfina para o alívio da dor. A heroína é
outro tipo de opiáceo que pode ser sintetizada através da morfina. Esta droga
atravessa a barreira hematoencefálica com mais facilidade do que a morfina e
também produz muito rapidamente alívio da dor. O efeito da heroína é descrito como
uma onda de prazer, orgasmica que envolve um estado de serenidade e uma euforia
apática. Muitos dos utilizadores de opiáceos motivados pelos efeitos prazerosos
começam a utilizar a droga de forma mais frequente, começando a criar tolerância e
dependência. A tolerância encoraja os consumidores a tomarem doses mais elevadas
da droga e à dependência junta-se a motivação para tomar a droga (actuação da
droga no sistema de recompensa cerebral).

Como é que este tipo de drogas actua no sistema nervoso?

Em 1973, Pert e
colaboradores, através da
injecção de opiáceos
radioactivos num cérebro,
identificaram receptores
especiais onde os opiáceos se
ligam. Estes receptores
encontram-se sobretudo no
sistema límbico e em regiões
hipotalâmicas. Esta descoberta
foi no mínimo intrigante! Como
este tipo de drogas são drogas
sintéticas não deveriam existir receptores no cérebro onde elas se poderiam ligar, a
não ser que existissem opiáceos endógenos. Na verdade, existem dois tipos de
opiáceos endógenos: as endorfinas e as encefalinas. Actualmente sabe-se que
muitos neurónios contêm este tipo de neurotransmissores.
Os opiáceos têm um carácter do género Dr. Jekyll e Mr. Hyde (o médico e o
monstro). No seu sítio Dr. Jekyll (o médico) os opiáceos funcionam como analgésicos
e são também muito eficazes no tratamento da tosse e da diarreia. No entanto, no
sítio Mr. Hyde (o monstro) provocam dependência. Os receptores de opiáceos estão
concentrados no núcleo accumbens, núcleo caudado e no tálamo. A heroína liga-se
aos receptores de opiáceos que estão concentrados no sistema de recompensa
cerebral, fazendo com que sinais sejam enviados aos terminais dopaminérgicos
aumentando a concentração de dopamina na fenda sináptica. Pensa-se que o GABA é
o neurotransmissor que media a relação entre os opiáceos e a dopamina. A activação
dos opiáceos faz com que haja uma diminuição da libertação do GABA o que por sua
vez faz com que a dopamina no sistema aumente.
Psicadélicos e Alucinogénios

Um exemplo deste tipo de drogas é o tetrahidrocanabinol (THC). O THC pode


ser encontrado na marijuana e no haxixe. A sensação de relaxamento e alterações de
humor são os dois sintomas mais comuns causados por este tipo de droga, contudo
também é possível de produzir efeitos psicadélicos e alucinogénios, como a paranóia.

Como é que este tipo de drogas actua no sistema nervoso?

O THC actua nos receptores de


um grupo de substâncias endógenas
chamadas endocanabinóides. Este
tipo de receptores encontra-se
maioritariamente na área
ventrotegmental, núcleos accumbens,
núcleo caudado, hipocampo e cerebelo.
Um dos primeiros tipos de
endocanabinóides a ser identificado foi a
anandamida. Esta substância tem um
importante papel no esquecimento e na estimulação do apetite. Como o THC é um
agonista da anandamida, actua da mesma forma no Sistema Nervoso que esta
substância podendo ter um efeito negativo na memória.
A interacção do THC dentro do sistema de recompensa cerebral ainda não está
totalmente clarificada. Provavelmente a sua actuação é semelhante à actuação dos
opiáceos. A ligação do THC aos seus receptores provoca inibição do GABA o que por
sua vez aumenta a libertação da dopanima nas sinpases.

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