Lisina Digestível para Tilápias2015 - José Claudio Bezerra Muniz Junior
Lisina Digestível para Tilápias2015 - José Claudio Bezerra Muniz Junior
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
DISSERTAÇÃO
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
e Co-orientação do Professor
COORIENTADOR: LUIZ CÉSAR CRISÓSTOMO
Seropédica, RJ
Julho de 2015
II
572.65
M966e Muniz Junior, José Claudio Bezerra,
T 1989-
Exigência em lisina digestível para
tilápias-do-Nilo de 500 a 600 g de peso
vivo / José Claudio Bezerra Muniz
Junior – 2015.
39 f.
1. Aminoácidos – Teses. 2.
Aminoácidos na nutrição animal – Teses.
3. Proteínas – Teses. 4. Proteínas na
nutrição animal – Teses. 5. Tilápia
(Peixe) – Teses. 6. Zootecnia – Teses.
I. Lima, Cristina Amorim Ribeiro de,
1963-. II. Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro. Curso de Pós-
Graduação em Zootecnia. III. Título.
III
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Zootecnia
no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Nutrição Animal.
__________________________________________________________
Cristina Amorim Ribeiro de Lima
(Orientador)
__________________________________________________________
Flávio Medeiros Vieites
__________________________________________________________
Francisco Gerson Araújo
IV
DEDICATÓRIA
À Deus por ter me dado força todo esse período de aprendizado e crescimento.
Aos meus pais, José Claudio Bezerra Muniz e Anriete Pinto da Silva Muniz os quais me
ensinaram sempre a dar o meu melhor, a não desistir dos meus sonhos e por terem me
apoiado.
Ao meu irmão e familiares por terem compreendido minha ausência nesse período.
À minha esposa Susana Linhares Haidamus Muniz que sempre esteve ao meu lado ajudando
em tudo, pelo seu carisma, sua amizade e amor.
À Professora Cristina Amorim Ribeiro de Lima (UFRRJ), que aceitou o desafio de me
orientar, por ter acreditado no meu potencial, ter me cobrado, ter sido uma verdadeira
orientadora que me ensinou muito mais do que ela possa imaginar, muito obrigado por ter tido
paciência comigo, por ter me ensinado que o aprendizado é constante e por ser uma amiga que
posso contar.
Ao professor Luiz César Crisóstomo (UFRRJ), por ter contribuído com sua experiência
prática e por ter proporcionado todos os detalhes importantes para que este trabalho fosse
possível, por ter acreditado e me ajudado em tudo.
À Professora Lídia Miyako Yoshii Oshiro (UFRRJ), pelas contribuições em equipamentos e
livros, que foram fundamentais para a realização do experimento.
Aos Professores Flávio Medeiros Vieites (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Francisco
Gerson Araújo (UFRRJ) que aceitaram compor minha banca de defesa, pelas sugestões e
análises significativas.
À Coordenação de apoio à pesquisa (CAPES), pela concessão da bolsa de estudo.
Ao Centro Integrado de Produção Animal da UFRRJ, por ter fornecido o setor de piscicultura,
em especial ao Betinho por ter contribuído com todos os materiais para a realização das
reformas necessárias do setor e possibilitar o trabalho.
Aos funcionários da UFRRJ Seu Pedro, Marquinhos, Valdecir, Claudio, entre outros que não
foram citados, muito obrigado.
Aos amigos que estiveram contribuindo antes, durante e depois do trabalho, Jeannine, Daniel,
Igor, Paulinha, Deborazinha, Deborazona, Samara, Felipe, Ronner, Noédson, Nelma, Ceci,
Fael, Lívia, Dudu, Gisele, Gustavo, Marcos muito obrigado pelos momentos de reflexão,
conversas, risadas, apoio e ajuda.
Agradeço a todos que contribuíram para o sucesso desse trabalho.
VI
BIOGRAFIA
VII
RESUMO
JUNIOR, José Claudio Bezerra Muniz. Exigência em Lisina Digestível para tilápias-do-
Nilo de 500 a 600g de Peso Vivo. 2015. Dissertação (Mestrado em Zootecnia, Nutrição
Animal). Instituto de Zootecnia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica,
RJ, 2015.
VIII
ABSTRACT
JUNIOR, José Claudio Bezerra Muniz. Digestible Lysine requirement for Nile tilapia from
500 to 600 g. 2015. Thesis (Masters in Animal Science, Animal Nutrition). Instituto de
Zootecnia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2015.
The determination of digestible lysine requirements for Nile tilapia is essential to adjust the
correct balance of amino acids in it’s food. Lysine is the amino acid reference for studies in
ideal protein, which is currently an important concept in animal nutrition once it allows a
reduction in the protein amount of the diet without compromising performance, and
furthermore reducing the nitrogen excretion and eutrophication risks of the water. This study
aimed to determine the digestible lysine requirement for Nile tilapia in the final phase of
growth (500 to 600 g of body weight). Isocaloric and isoproteic experimental diets were
utilized with different levels of digestible lysine in each formulation. The amounts of L-
lysine HCl 78% used were 0.000; 0.388; 0.776; 1.164, and 1.552% replacing the ingredient
glutamic acid 99%; which adjust the treatments to 0.932; 1.23; 1.53; 1.83, and 2.14% of
digestible lysine. Nile tilapia weighing 519 g making a sum of 300 animals were utilized in
this experiment. They were distributed in 25 water tanks each one measuring a 1000 liters
using a renewable system of water. The pH, dissolved oxygen, temperature, salinity and
conductivity were monitored daily and ammonia was measured weekly. Slaughters happened
when fishes reached 28 and 50 days counting from the beginning of the experiment. The
following animal science aspects were evaluated at the end: weight gain (WG), daily weight
gain ratio (DWGR), specific growth rate (SGR), food intake (FI), consumption of digestible
lysine (CDL), food conversion (FC) protein efficiency gain (PEG), lysine efficiency gain
(LEG), nitrogen retention efficiency (NRE), protein deposition rate (PDR), Daily fat
deposition rate (DFDR), protein retention efficiency (PRE), and survival rate (SR). The data
was interpreted by analysis of variance with 5% probability. There was quadratic effect for
GP, CA, TCE, ELG, EPG. The estimated value of lysine for both the largest GP and the best
CA is 1.31% digestible lysine. There was no significant differency regarding the food intake,
carcass or filet characteristics. This result is in part due to the fact of the gain being
proportional throughout the body of the fish. In the second slaughter were obtained quadratic
effect in the ether extract and carcass moisture. The Nile tilapia in the weight range of 500 to
600 grams of body weight presents the requirement for 1.31% of digestible lysine,
corresponding to 5.31% of digestible dietary protein and 0.431% per Mcal of digestible
energy for greater weight gain and better food conversion in it’s experiment conditions.
IX
ÍNDICE DE TABELAS
X
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 4. Peixes sendo mantidos em caixas com o eugenol para a eutanásia à esquerda e filé
dos peixes à direita......................................................................................................................9
XI
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
BHT Butil-Hidroxi-Tolueno
CA Conversão alimentar
CLD Consumo de lisina digestível
ELG Eficiência de lisina para ganho
EPG Eficiência proteica para ganho
ERN Eficiência de retenção de nitrogênio
ERP Eficiência de retenção de proteína
GP Ganho de peso
GPD Ganho de peso diário
IA Ingestão alimentar
MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
pH Potencial Hidrogeniônico
TCE Taxa de crescimento específico
TDG Taxa de deposição diária de gordura
TDP Taxa de deposição de proteína
TS Taxa de sobrevivência.
XII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÂO DE LITERATURA 1
2.1 Proteína 1
2.2 Lisina 3
3 MATERIAL E MÉTODOS 5
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 11
5 CONCLUSÕES 20
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21
XIII
1 INTRODUÇÃO
1
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Proteína
Os valores de proteína na ração para peixes possuem papel fundamental não somente
para o bom desenvolvimento do peixe, mas também para a sustentabilidade da criação, uma
2
vez que a redução dos valores de proteína nessas rações contribuem para a redução de
nitrogênio excretado pelos peixes na água, este fato tem sua importância mais evidenciado em
cultivos de alta densidade de peixes, onde a única fonte de alimento é a ração (FURUYA et
al., 2005), além de não gerar prejuízos ao crescimento, ao rendimento e à composição da
carcaça (BOTARO et al., 2007).
O conceito de proteína ideal pode ser definido como o balanço exato dos aminoácidos
de forma a atender as exigências do animal sem excessos ou deficiências (WANG e FULLER,
1989; EMMENT e BAKER, 1997). A utilização de aminoácidos industriais, segundo o
conceito de proteína ideal, permite a redução de proteína na ração de tilápias-do-Nilo sem o
comprometimento do desempenho dos peixes (BOTARO et al., 2007; QUADROS et al.,
2009). Segundo o NRC. (2011) no conceito de proteína ideal os aminoácidos são
apresentados em uma relação com a lisina, onde esta recebe o valor arbitrário de 100. Dessa
forma primeiramente é necessário determinar as exigências em lisina para os diferentes
tamanhos de peixes e em variadas condições de cultivo para posteriormente determinar as
exigências dos outros aminoácidos essenciais (NRC, 2011).
2.2 Lisina
Muitos fatores podem influenciar a exigência nutricional, entre eles, a linhagem, a fase
de crescimento, o manejo, o estado fisiológico, os parâmetros físico-químicos da água, os
métodos de determinação e o tipo de alimento utilizado na composição das dietas
(GONÇALVES et al., 2009). O tipo de processamento utilizado para a produção de ração e a
composição em aminoácidos dos ingredientes utilizados afetam o coeficiente de
digestibilidade da lisina (FURUYA et al., 2006).
Trabalhando com tilápias de peso inicial médio de 87 g e abatendo os peixes aos 226 g
de peso vivo FURUYA et al. (2013) concluíram que a exigência de lisina foi de 1,13%,
quando corrigida a proporção arginina: lisina (1,43:1 proporção de arginina:lisina digestível)
em dietas contendo 28% de proteina digestivel.
São escassos os trabalhos que utilizaram peixes acima dos 100g de peso vivo, dessa
forma com o presente trabalho se objetivou determinar a exigência em lisina digestível para a
tilápia-do-Nilo de 500 a 600 g de peso vivo.
5
3 MATERIAL E MÉTODOS
Os peixes foram distribuídos em 25 caixas d’agua de 1000 L, sendo que em cada caixa
d’água foram alojados 12 peixes, constituindo assim a unidade experimental (figura 2), os
animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualisado com cinco tratamentos
e cinco repetições para o primeiro período experimental que foi de 28 dias entre o mês de
março e abril de 2015. E para o segundo período experimental foram utilizados 6 peixes por
unidade experimental, em um delineamento inteiramente casualisado com cinco tratamentos e
quatro repetições que foi de mais 22 dias de experimento entre os meses de abril e maio de
2015, totalizando 50 dias. Como o numero de peixes nessa segunda fase foi menor, somente
foram avaliadas as características da carcaça e do filé.
6
Figura 2. Peixes sendo colocados nas caixas experimentais.
Todas as unidades experimentais foram teladas em sua parte superior para evitar
eventuais saltos dos peixes. Foi utilizado tela plástica com 80% de bloqueio solar, de forma
que todas as caixas permanecessem sobre o mesmo sombreamento.
7
análises químicas dos ingredientes e das dietas no Laboratório de Bromatologia do
Departamento de Nutrição Animal e Pastagem – IZ/UFRRJ.
¹Vitamina A (min) 860.000UI/kg; Vitamina D3 (min) 240.00UI/kg; Vitamina E (min) 10.500UI/kg; Vitamina
K3 (min) 1.400mg/kg; Vitamina B1 (min) 2.100mg/kg; Vitamina B2 (min) 2.150mg/kg; Vitamina B6 (min)
2.100mg/kg; Vitamina B12 (min) 2.200mcg/kg; Vitamina C (min) 25g/kg; Niacina (min) 10g/kg; Pantotenato de
Cálcio (min) 5.600mg/kg; Ácido Fólico (min) 580mg/kg; Biotina (min) 17mg/kg; Cloreto de Colina (min)
60g/kg; Inositol (min) 3.570mg/kg; Cobre (min) 1.800mg/kg; Manganês (min) 5.000mg/kg; Zinco (min)
8.000mg/kg; Iodo (min) 90mg/kg; Selênio (min) 36mg/kg; Cobalto (min) 55mg/kg.
8
Figura 3. Ração peletizada a direita e baldes de armazenamento de ração a esquerda.
Foram avaliados os seguintes índices zootécnicos: ganho de peso (GP), ganho de peso
diário (GPD), taxa de crescimento específico (TCE), ingestão alimentar (IA), consumo de
lisina digestível (CLD), conversão alimentar (CA), eficiência proteica para ganho (EPG),
eficiência de lisina para ganho (ELG), eficiência de retenção de nitrogênio (ERN), taxa de
deposição de proteína (TDP), taxa de deposição diária de gordura (TDG), eficiência de
retenção de proteína (ERP) e taxa de sobrevivência (TS).
Todos os peixes foram pesados no inicio e ao final do experimento. Para o peso inicial
foi utilizada uma caixa de plástico e uma rede plástica colocada sobre balança digital
(0,001g). Para o peso final foram pesados os peixes individualmente. Logo a média de peso
por tratamento foi calculada pela seguinte fórmula.
Pi = Pb/12
9
GP- ganho de peso
T- período de alimentação
Figura 4. Peixes sendo mantidos em caixas com o eugenol para a eutanásia à esquerda e filé dos
peixes à direita.
Para calcular a ingestão alimentar (IA) das tilápias, estas receberam as rações até a
saciedade aparente dos peixes, quando estes não sobem na lamina d’água para a captura da
ração. Foi utilizado um balde de 5 L para armazenamento de uma quantidade controlada de
ração por unidade experimental. Ao final do experimento foram considerados os valores de
ração adicionada e os valores de sobras em cada balde para o calculo do consumo de ração.
Em caso de registro de mortalidade as sobras eram imediatamente pesadas para a correção do
consumo.
10
As eficiências de utilização de proteína e lisina para ganho foram calculadas
dividindo-se o ganho de peso dos peixes pelo consumo de proteína bruta ou de lisina
digestível, respectivamente.
Todas as amostras foram secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas e
moídas em moinho. As análises químicas das amostras da carcaça foram realizadas seguindo-
se metodologia citada por AOAC (1995).
12
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.2Parâmetros de desempenho
No parâmetro ganho de peso (Tabela 2) foi obtida uma resposta quadrática (P<0,05)
em função do aumento nos valores de lisina digestível, sendo a exigência estimada para o
máximo de ganho de peso de 1,31% (figura 5). Este resultado é menor que a exigência única
apresentada pelo NRC (2011) de 1,6%, onde é destacado que as exigências apresentadas
podem variar de acordo com o estágio de desenvolvimento e o estado fisiológico dos peixes.
O valor de lisina obtido como o melhor neste estudo para ganho de peso foi inferior ao valor
de 1,38% estabelecido pelas Tabelas Brasileiras para a Nutrição de Tilápias (2010),
entretanto, esse é um valor geral, teoricamente indicado para peixes de qualquer peso corporal
acima de 100 gramas. O melhor valor de lisina para o ganho de peso estimada neste trabalho
foi menor que o reportado por Bomfim et al. (2010) e Rampe et al. (2014), os quais ao
trabalharem com alevinos com peso abaixo de 10 gramas determinaram exigências em lisina
de 1,7 e 1,84%, respectivamente. No entanto, o valor de lisina obtido no presente estudo é
semelhante a exigência de 1,31% determinada por Furuya et al. (2013) para tilápias-do-Nilo
de 87 a 226 gramas. Os menores e os maiores valores de lisina podem ter provocado um
imbalanço no perfil de aminoácidos, consequentemente limitando a deposição de proteína
devido à limitação de retenção dos outros aminoácidos, forçando à desaminação e
catabolismo dos mesmos (NRC, 2011).
Tabela 2. Desempenho de tilápias-do-Nilo de 500 a 600 g alimentadas com valores crescentes de
lisina digestível.
Valores de Lisina
Variavel
0,93 1,23 1,53 1,83 2,13 cv
Peso médio final 608,60 611,80 599,52 566,24 580,56 12,55
Ganho de peso¹ 72,35 107,63 82,52 59,57 46,89 10,68
consumo(g) 235,25 219,50 232,20 225,00 214,00 4,07
CA² 3,28 2,06 2,82 3,80 4,66 13,17
TCE³ 0,197 0,300 0,230 0,173 0,131 11,40
EPG4 1,19 1,90 1,37 1,02 0,84 11,81
ELG5 33,11 39,98 23,22 14,47 10,23 12,87
13
CA= conversão alimentar; TCE= taxa de crescimento específico; EPG= eficiência proteica para
ganho; ELG= eficiência de lisina para ganho.
1
Ganho de peso: Efeito quadrático (P<0,05): y = -71,857x2 + 187,81x - 32,192; R²=74,01
²CA: Efeito quadrático (P<0,05): y = 3,3586x2 - 8,8169x + 8,337; R²=87,21
³TCE: Efeito quadrático (P<0,05): y = -0,2142x2 + 0,5716x - 0,1279; R²=74,50
4
EPG: Efeito quadrático (P<0,05): y = -1,2183x2 + 3,2206x - 0,5878; R²=66,03
5
ELG: Efeito linear (P<0,02): y = -23,643x + 60,434; R²=82,09
1,31%
Figura 5. Ganho de peso de tilápias-do-Nilo de 500g alimentadas com valores crescentes de lisina
digestivel
1,31%
1,33%
Figura 7. TCE de tilápias-do-Nilo de 500g alimentadas com valores crescentes de lisina digestivel
15
1,32%
Figura 8. EPG de tilápias-do-Nilo de 500g alimentadas com valores crescentes de lisina digestivel
Figura 9. ELG de tilápias-do-Nilo de 500g alimentadas com valores crescentes de lisina digestivel
16
vivo inicial, observaram um aumento linear para a EPG e um efeito quadrático para a ELG
com uma piora até o valor de 1,696 % de lisina digestível. Uma possível causa para essa piora
pode estar relacionada a alguma relação aminoácido:lisina ter sido super ou subestimada (
BOMFIM et al., 2010). A falta de uma padronização nos dados analisados em nutrição de
peixes dificulta as comparações entre autores, é necessário eleger parâmetros indispensáveis
em trabalhos de nutrição de peixes, para que se possa comparar o máximo de parâmetros
encontrados.
Valores de Lisina
Variavel
0,93 1,23 1,53 1,83 2,13 cv Desvio padrão
Rend. Carc. 83,87 84,48 83,39 84,80 85,23 2,00 1,64
Umidade da carc. 69,65 68,71 68,19 68,60 69,94 5,95 1,65
Proteina da carc. 16,21 17,33 16,64 16,69 16,39 4,50 0,76
EE da carc. 7,23 8,09 8,87 7,92 7,91 20,01 1,42
Cinzas da car. 6,65 5,34 5,17 6,46 4,68 12,38 0,93
Rend. Filé 30,39 30,74 30,98 30,95 30,56 3,46 1,05
Umidade do filé 79,27 79,04 78,93 79,10 78,45 1,65 4,14
Proteina do filé 18,15 19,25 18,46 18,48 18,95 5,39 0,98
EE do filé 1,66 1,30 1,92 1,90 1,77 27,62 0,31
Cinzas do Filé 1,16 1,14 1,16 1,13 1,14 4,99 0,05
IHS 2,37 2,08 2,23 2,27 1,99 13,00 0,31
TDP= Taxa de deposição de proteína; TDG= Taxa de deposição de gordura; ERP= eficiência de
retenção de proteína; EE= estrato etéreo; IHS= índice hepato-somático.
Valores de Lisina
Variavel
0,93 1,23 1,53 1,83 2,13 cv Desvio padrão
Rend. Carc. 83,67 85,22 82,55 81,87 84,43 2,56 2,27
Umidade da carc.¹ 70,68 70,38 69,29 70,31 71,69 1,66 1,21
Proteina da carc. 16,92 16,17 16,82 16,8 15,95 4,96 0,78
EE da carc.² 6,36 7 7,42 6,98 5,49 15,15 1,13
Cinzas da car. 5,42 5,59 5,63 5,42 5,27 13,18 0,65
Rend. Filé 30,22 30,32 29,58 30,32 30,97 4,85 1,38
Umidade do filé 79,95 79,51 80,38 79,32 79,79 0,47 0,62
Proteina do filé 18,13 18,09 17,85 17,78 18,56 4,39 0,68
EE do filé 0,93 0,89 0,58 0,84 0,25 36,12 0,37
Cinzas do Filé 1,18 1,12 1,14 1,16 1,17 4,84 0,06
IHS 2,46 2,46 3,05 2,72 2,03 23,03 0,78
Tabela 5. Taxas de deposição de proteína e gordura e eficiência de retenção de proteína nas duas fases
em relação aos valores crescentes de lisina digestível.
Valores de Lisina
Variavel
0,93 1,23 1,53 1,83 2,13 Desvio padrão
TDP= Taxa de deposição de proteína; TDG= Taxa de deposição de gordura; ERP= eficiência de
retenção de proteína.
Em relação á qualidade do filé, não houve diferença significativa para umidade do filé,
proteína bruta do filé, extrato etéreo, cinzas do filé, TDP, TDG e ERP (tabela 5) para ambos
18
os abates. Michelato et al. (2013), trabalhado com a exigência de metionina + cistina também
não observaram diferenças significativas nesses parâmetros do filé.
Diferente do observado no primeiro abate, nos peixes abatidos aos 50 dias de
experimento foi observado efeito quadrático para a umidade da carcaça (P<0,05) e para o
extrato etéreo da carcaça (P<0,05) sendo os valores de lisina digestível para o menor e maior
valor dessas variáveis de 1,45 e 1,46 % de lisina digestível respectivamente (figuras 10 e 11).
Aparentemente o Omega 6 é predominante nas gorduras de peixes de água doce
(CONTRERAS-GUZMÁN, 1994), dessa forma peixes com os maiores teores de gordura
corporal podem conter maiores valores desse ácido graxo poliinsaturado. Os menores valores
de lisina podem ter influenciado negativamente na formação dos músculos vermelhos, estes
possuem maior quantidade de lipídios que os outros (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994). Os
maiores valores de lisina podem ter causado um imbalanço no perfil de aminoácidos, sendo a
arginina o aminoácido mais afetado devido ao antagonismo entre lisina e a arginina
(FURUYA et al., 2006).
Em filés de tilápia-do-Nilo os menores valores de umidade possuem uma relação com
a menor perda de peso por descongelamento e cocção (FABRICIO, 2013). Os resultados de
umidade e extrato etéreo da carcaça podem estar correlacionados com o fato de que a
deposição de gordura corporal foi inversamente proporcional à umidade da carcaça, uma vez
que não houve diferença significativa para a proteína e cinzas da carcaça. Como não houve
diferenças na umidade e extrato etéreo do filé, estas diferenças observadas na carcaça podem
ser devidas ao resíduo de filetagem e a pele dos peixes. Segundo Boscolo et al. (2003) estes
residos podem ser melhor aproveitados pelas industrias de filetagem. O resíduo de filetagem
da tilápia é o que apresenta o maior teor de gordura, esta proveniente principalmente das
vísceras (BOSCOLO et al., 2008). Furuya et al. (2006) trabalhando com alevinos de 5,72 ±
10g de peso vivo inicial, observaram efeito linear na proteína bruta da carcaça isenta de
vísceras sendo o maior valor de PB de 16,57% para o maior valor de lisina digestível de
1,74%, assim como Takishita et al. (2009) que também observaram efeito linear na PB
corporal, que aumentava conforme o aumento dos valores de lisina. Furuya et al. (2012)
observaram efeito quadrático para umidade e extrato etéreo corporal de tilápias de 1,44 g de
peso vivo, onde os menores valores dessas variáveis foram de 1,621% e 1,629% de lisina
digestível respectivamente. Rampe et al. (2014) observaram um valor de 1,76% de lisina
digestível para obter 6,27% de gordura corporal em peixes.
As variações nos valores determinados podem estar relacionados à espécie (linhagem),
os peixes estudados, fase de crescimento, composição da ração basal, manejo alimentar, os
parâmetros físico-químicos da água (ENCARNAÇÃO et al., 2004; FURUYA et al., 2004a;
FURUYA et al., 2006; TAKISHITA et al., 2009; BOMFIM et al., 2010; RAMPE et al.,
2014), os métodos de determinação, o tipo de alimento utilizado na composição das dietas
(GONÇALVES et al., 2009). Dessa forma estes fatores interferem nos resultados obtidos em
cada estudo tornando necessária a interpretação biológica para cada caso (GONÇALVES et
al., 2009).
19
1,46%
Figura 10. EE da carcaça de tilápias-do-Nilo de 500g alimentadas com valores crescentes de lisina
digestivel abatidas após 50 dias de experimento.
1,45%
Figura 11. Umidade da carcaça de tilápias-do-Nilo de 500g alimentadas com valores crescentes de
lisina digestivel abatidas após 50 dias de experimento.
20
maior frequência a região superior da coluna d’água e, após encontros agonísticos adquirem
coloração escura.
A falta de trabalhos com peixes acima dos 500 g de peso vivo dificulta as
comparações, e é nesta fase que ocorrem os maiores gastos com ração. Uma vez determinada
a exigência é possível a diminuição da poluição ambiental pelos nutrientes não utilizados e
excretados pelos peixes.
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5 CONCLUSÕES
A tilápia-do-Nilo na faixa de peso de 500 a 600 gramas de peso vivo, apresenta uma
exigência de 1,31% de lisina digestível para o maior ganho de peso e melhor conversão
alimentar, valor esse que corresponde a 5,31% da proteína digestível da dieta e a
0,431%/Mcal de energia digestível.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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