Toxicologia e Análises Toxicológicas 1 I Aula 6
Órgãos alvo da toxicidade dos xenobióticos
Márcia Carvalho | Professora de Toxicologia | Universidade Fernando Pessoa
Órgãos alvo da toxicidade dos xenobióticos
Nem todos os órgãos são afetados da mesma forma pelos tóxicos.
Um simples agente tóxico pode ter vários órgãos alvo.
Vários agentes tóxicos podem ter o mesmo órgão alvo.
O órgão alvo de um tóxico nem sempre possui a concentração mais elevada.
A concentração de um tóxico num órgão alvo é o resultado de todos os
processos toxicocinéticos.
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Razões para que um órgão seja alvo da
toxicidade dos xenobióticos
Irrigação (pouco /muito irrigado -fígado, rim, pulmão)
Presença de uma enzima ou de um processo bioquímico em particular
(ex. organofosforados-acetilcolinesterase)
Função ou posição do órgão
Vulnerabilidade (cérebro>>fígado)
Capacidade de reparação da lesão (cérebro<<fígado)
Presença de sistemas de concentração do xenobiótico
Capacidade de metabolização do composto e balanço toxificação/destoxificação
(sistemas de proteção)
Ligação a macromoléculas particulares (Cd2+-metalotioneína)
Fígado
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O que faz com que o fígado seja alvo da
toxicidade dos xenobióticos?
Está exposto aos tóxicos que são absorvidos por via gastrointestinal
(aditivos alimentares, contaminantes, medicamentos e contaminantes
ambientais na água)
Principal órgão metabólico
Papel importante no metabolismo intermediário dos carbohidratos
(acumulação de glicogénio), lípidos (β-oxidação dos AG) e proteínas (síntese
das proteínas plasmáticas)
Órgão secretor da bílis (saturação/circulação entero-hepática)
Profundamente irrigado (75% do sangue é fornecido pela veia porta)
Anatomia e Fisiologia
Corresponde a 3,5 e a 2% do peso corporal do rato e do Homem adulto (1,2 a
1,6 Kg), respectivamente.
No Homem o fígado está dividido em 2 lobos pouco diferenciados ao passo que
no rato e no ratinho está dividido em vários e distintos lóbulos.
O sangue existente no fígado provém em 80 e 20% da veia porta e da artéria
hepática, respectivamente.
O sangue sai do fígado pelas veias hepáticas que se ligam à veia cava
ascendente.
O fígado actua como uma glândula exócrina ao segregar a bílis que lança no
intestino. No Homem, ao contrário do rato, a bílis é armazenada na vesícula biliar.
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Anatomia e Fisiologia
Veia cava
Veia porta Sinusóides Veia hepática coração
inferior
Anatomia e Fisiologia
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Anatomia e Fisiologia
A veia porta, a artéria hepática, os ductos biliares e os canais linfáticos entram todos
na chamada porta hepática, o que tem duas consequências:
todas as ramificações possuem os quatro tipos de vasos
há poucas anastomoses entre os vasos (facilmente ocorrem enfartes hepáticos
ou colestases locais em caso de bloqueio)
Organização a nível dos tecidos
Lóbulo hexagonal
Ácino hepático
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TRATO PORTAL
TRATO PORTAL Ducto Biliar
Artéria Hepática
Veia Porta
Ducto Biliar
Veia Porta Vaso Linfático
Artéria Hepática
Vaso Linfático
Veia Central
Ducto Biliar
Organização a nível dos tecidos
Durante o percurso desde o trato portal
para a Vénula Hepática Terminal, o
oxigénio deixa rapidamente o sangue
para responder às elevadas
necessidades metabólicas dos
hepatócitos.
Assim, os hepatócitos da zona 3 estão
expostos a tensões de oxigénio
substancialmente inferiores às dos
hepatócitos da zona 1.
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Heterogeneidade
de funções
biológicas
Zona 1 Zona 2 Zona 3
- Rica em mitocôndrias - Rica em NADPH citocromo P450 redutase
- Rica em oxigénio - Pobre em oxigénio (menos irrigada)
- Rica em ADH, GPX e GSH - Rica em Cit. P450 (sobretudo CYP2E1)
- Rica em nutrientes (pinocitose) - Rica em peroxissomas
- Principais funções: - Pobre em nutrientes
−β-oxidação dos AG - Principais funções:
-Gluconeogénese -Síntese dos TG
-Destoxificação da amónia em ureia -Armazenamento de glicogénio
-Síntese e metabolismo proteico -Cetogénese
-Síntese de colesterol -Glucogénese / Glicólise
Organização a nível dos tecidos
Cada ducto biliar está rodeado por um
grupo de vasos sanguíneos chamado
plexus peribiliar que provêm da artéria
hepática e desaguam na veia porta dando
origem a um “contraflow”.
O vaso portal divide-se gradualmente
em vasos cada vez mais pequenos até
dar origem a sinusóides.
A bílis é formada pelos hepatócitos e
drenada em canais chamados canalículos
biliares que se encontram entre as
células.
Os sinusóides estão acompanhados por
células endoteliais.
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Organização a nível dos tecidos
O “uptake” eficiente dos sais biliares pelos hepatócitos da zona 1 resulta em
reduzidas concentrações de sais biliares no sangue que flui através da zona 3.
Logo, nesta última zona existe um menor gradiente para que se verifique o
“uptake” de bilirrubina e outros aniões orgânicos.
Organização a nível dos tecidos
Hepatócitos ou células parenquimatosas – correspondem a cerca de 80% do
volume do fígado e a 60% do número total de células.
Células endoteliais – células que delimitam os sinusóides
Células de Kupffer – macrófagos fixos do fígado; degradam partículas, secretam
citoquinas e apresentam antigénios
Células estreladas ou Ito (adipócitos) – sintetizam colagénio e armazenam
vitamina A
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Funções Hepáticas Interferência do
xenobiótico
Síntese de proteínas plasmáticas (albumina) Disfunção/Danificação
hepática
Síntese de factores de coagulação
Metabolismo de lípidos – β-oxidação, síntese de TG e VLDL
Metabolismo e armazenamento de carbohidratos (glicogénio)
Metabolismo de aminoácidos – desaminação e síntese de ureia (destoxificação da amónia)
Metabolismo dos esteróides
Síntese de ácidos biliares
Degradação da hemoglobina (em a.a., ferro e biliverdina)
Armazenamento de minerais (Cu, Fe, Zn, Mo, Co e K)
Armazenamento de vitaminas: A, D, E e K (lipossolúveis) e ácido nicotínico, B12 e ácido
fólico (hidrossolúveis)
Funções hepáticas e consequências da danificação
Tipo de função Exemplos Consequências da lesão
Homeostase dos nutrientes Armazenamento e síntese de glucose Hipoglicémia, confusão
Captação de colesterol Hipercolesterolémia
Filtração de partículas Endotoxina Endotoxémia
Síntese proteica Fatores de coagulação Hemorragias
Albumina Hipoalbuminémia, ascites
Proteínas de transporte (ex VLDL) Esteatose
Bioativação e destoxificação Bilirrubina e amónia Icterícia e coma hiperamonémico
Hormonas esteróides Perda de características sexuais secundárias
Diminuição do metabolismo e destoxificação
Xenobióticos inadequada
Formação da bílis e secreção Uptake de lipidos e vitaminas da dieta Diarreia gorda, malnutrição, def em vitamina E
biliar dependente dos ácidos biliares
Bilirrubina e colesterol Icterícia, pedras na vesícula,
hipercolesterolémia
Metais (ex:Cu e Mn) Neurotoxicidade pelo Mn
Xenobióticos Atraso na clearance dos medicamentos
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Tipos de danificação hepática
1. Fígado Gordo ou Esteatose
2. Danificação Citotóxica
3. Danificação Colestática
4. Cirrose
5. Lesões Vasculares
6. Tumores Hepáticos
7. Hemosiderose / Hemocromatose
8. Doença de Wilson
Tipos de danificação hepática
1. Fígado gordo ou Esteatose
Acumulação de triglicerídeos nos hepatócitos
Reflecte o papel do fígado no metabolismo dos ácidos gordos
Células apresentam gotículas ou vacúolos (microscopia)
Exemplos: ácido valproico (antiepiléptico),
hidrazina, tetraciclina, CCl4, etanol
Mecanismos:
1. inibição da excreção celular dos lípidos (VLDL)
Ex.CCl4
2. aumento da síntese de TG e captação de AG
Ex. Etanol
3. diminuição da β-oxidação dos AG
Ex. ác. valproico e etanol
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Tipos de danificação hepática
2. Danificação citotóxica
Morte celular (necrose ou apoptose)
Ação tóxica direta sobre as células de uma
determinada zona do ácino (zonal) ou morte de
hepatócitos ao longo de todo o ácino (panacinar).
Focal (morte de hepatócitos isolados ou de
pequenos grupos de hepatócitos)
Exemplos:
o Cocaína e Álcool alílico – necrose na Zona 1
o Paracetamol e CCl4 – necrose na zona 3
o Faloidina (Amanita phalloides) – isquemia
o Trinitrotolueno – necrose panacinar
(hipertrofia das células endoteliais)
o Furosemida (Lasix®) – saturação da excreção
biliar
Tipos de danificação hepática
3. Danificação colestática ou colestase
Interferência com o sistema biliar por:
o inibição da secreção biliar (colestase canalicular)
o diminuição do fluxo biliar por lesão dos ductos biliares (colestase colangiodestrutiva)
Acumulação de sais biliares (tóxicos) nos
ductos e canalículos biliares e, em
seguida, nos hepatócitos
↑ níveis sanguíneos de ácidos biliares
e bilirrubina – Icterícia
Colestase prolongada pode
resultar em necrose
Exemplos: Cloropromazina: danifica células dos canalículos biliares; Rifampicina
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Tipos de danificação hepática
3. Danificação colestática ou colestase
Icterícia
Sintoma em que a pele e os olhos
adquirem cor amarela
A cor amarela está associada com a
acumulação de bilirrubina na pele, cuja
causa mais frequente são os transtornos
do fígado e da vesícula biliar.
Fígado
Vesícula biliar
Tipos de danificação hepática
4.Cirrose
Danificação hepática crónica e irreversivel
Sucessivos ciclos
o CCl4 (fígado gordo e necrose centrilobular) lesão/reparação e inflamação
o Etanol (fígado gordo e hepatite) resultam em deposição excessiva
de colagénio nos hepatócitos
nódulos Alteração da arquitetura do fígado
regenerativos Diminuição do fluxo sanguíneo e biliar
tecido conectivo Perda de funcionalidade
fibroso
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4.Cirrose
Macronodular (≥ 3mm) Micronodular
Hepatites B ou C Alcoolismo crónico
D. Wilson
Tipos de danificação hepática
5.Lesões vasculares
Danificação das células endoteliais dos sinusóides
Oclusão venosa
Exemplos:
o dilatação das células endoteliais
-Esteróides anabolizantes
-Danazol
-Faloidina
o bloqueio dos sinusoides
-Paracetamol
-Alcalóides pirrolizidínicos
-Ciclofosfamida (por formação de acroleína)
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Tipos de danificação hepática
6.Tumores hepáticos
Danificação do DNA dos hepatócitos, das células dos ductos biliares ou das células
endoteliais dos sinusóides (angiosarcoma)
Adenoma–neoplasia perfeitamente circunscrita
Carcinoma–neoplasia amorfa sem limites bem definidos
Exemplos: Contraceptivos hormonais
Aflatoxina B1
Dimetilnitrosamina
Cloreto de vinilo (usado na indústria dos plásticos)
Arsénio
Clofibrato (Atromid®): indutor da proliferação de peroxissomas (organelos
envolvidos na degradação dos ácidos gordos por β-oxidação)
Tipos de danificação hepática
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Tipos de danificação hepática
7.Hemosiderose /Hemocromatose
Corresponde à acumulação tecidular, localizada ou generalizada, de ferro,
essencialmente sob a forma de hemosiderina.
Tipos de danificação hepática
7.Hemosiderose /Hemocromatose
Causas:
o Alterações genéticas - a hemocromatose hereditária é uma doença autossómica
recessiva que resulta na absorção exagerada de ferro no intestino
o Patologias concomitantes (talassemia, anemia sideroblástica, anemia hemolítica,
porfiria cutânea)
o Excesso de ingestão de ferro nos alimentos ou medicamentos
o Elevado número de transfusões sanguíneas
o Alcoolismo crónico
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Tipos de danificação hepática
7.Hemosiderose /Hemocromatose
Tratamento: Remover o excesso de ferro do organismo por flebotomia (remover
500 ml de sangue por semana durante 2-3 anos). Administração de desferroxamina
(quelante). Dieta especial (não previne, controla ou cura).
Tipos de danificação hepática
8.Doença de Wilson
Anomalia autossómica recessiva na excreção hepática do cobre, com acumulação
deste metal especialmente no fígado e cérebro, mas também nos rins e córnea.
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Tipos de danificação hepática
8.Doença de Wilson
Causas:
o Alterações genéticas
o Exposição ao cobre
o Alimentos e água (elemento essencial)
o Indústria (partículas em minas e fumos nas fundições)
o Agricultura (fungicida)
Tratamento:
o quelatação com penicilamina ou outros agentes quelantes
o zinco (compete com o cobre para a absorção intestinal)
o Transplante hepático para quadros mais graves
Tipos de danificação hepática
8.Doença de Wilson
Diagnóstico:
o Doseamento de cobre sérico (cuprémia total): elevado
o Presença de Anel de Kayser-Fleischer na córnea resultante da deposição de cobre
o Ceruloplasmina sérica <0,2 mg/ml
o Cuprémia livre elevada
o Cuprúria elevada
Caracterização inequívoca da doença: doseamento
de cobre em biópsias hepáticas
Normal 15–55 µg/g fígado
Doença de Wilson >250 µg/g fígado
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Deteção da danificação hepática
Métodos invasivos:
o Relação peso do fígado/peso corporal
o Microscopia eletrónica e óptica de secções do fígado
o Quantificação de compostos em biópsias hepáticas
Deteção da danificação hepática
Métodos não invasivos:
o Determinação de enzimas séricas: alanina aminotransferase (ALT), aspartato
aminotrasnsferase (AST), fosfatase alcalina, GGT, sorbitol desidrogenase,
ornitina carbamil transferase
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Deteção da danificação hepática
Métodos não invasivos:
o Eliminação urinária de bilirrubina conjugada e taurina DANIFICAÇÃO
o Aumento da bilirrubina plasmática COLESTÁTICA
o Diminuição da albumina plasmática
o Aumento da Fosfatase Alcalina (ALP)
o Aumento do tempo de protrombina
o α-fetoproteína (AFP) (↑ Hepatocarcinoma)
o Técnicas modernas como a tomografia computorizada e a ressonância
magnética são usadas para detetar tumores hepáticos, obstrução biliar,
cirrose e venooclusão.
Pulmão
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A toxicidade exercida a nível do pulmão pode ser:
direta (tóxicos ambientais ou ocupacionais)
ou por via sistémica
Pulmão
Gases e vapores
Aerossóis e partículas
O local de deposição depende
do tamanho das partículas
≥ 5µm – região naso-faríngea remoção das partículas pelos cilios do
1-5µm – árvore traqueo-brônquica epitélio nasal/brônquico
≤ 1µm – região alveolar removidos por fagocitose
Razões que fazem do pulmão um órgão alvo
da toxicidade dos xenobióticos
1. 100% do débito cardíaco (exposto aos tóxicos circulantes)
2. Está exposto aos gases, vapores e poeiras que penetram no ar inspirado (70-
100 m2 de superfície) (exposto aos tóxicos ambientais e ocupacionais)
3. Tem uma elevada concentração de O2 e, por isso, pode ser danificado por
espécies de oxigénio reactivas (ROS) Ex: Paraquato
4. Capacidade metabólica (por x superior à do fígado)
*Órgão heterogéneo: mais de 40 tipos de células no sistema respiratório
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Tipos de resposta tóxica no pulmão
1. Irritação (gases e vapores: amónia)
2. Danificação das células do trato respiratório (necrose e edema)
Dióxido de azoto e ozono: peroxidação das membranas
Fosgénio e isocianato de metilo: destrói a permeabilidade das membranas alveolares
3. Fibrose pulmonar
Sílica e asbestos (amianto): depositados no pulmão e fagocitados pelos macrófagos
com rutura dos lisossomas
4. Estimulação de uma resposta alérgica (formação de conjugados proteicos que
funcionam como antigénios: pó, tolueno)
5. Cancro pulmonar
Ex. asbestos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, fumo do cigarro, nitrosaminas,
cromatos, arsénio
O Pulmão como órgão alvo dos tóxicos
I.“Airborn”
Asbestose (minerais silicatados cristalinos na forma de fibra): fibrose e cancro
Silicose (sílica – minas, construção, trabalho em pedra)
Tabaco (mais de 4000 constituintes, incluindo 43 cancerígenos conhecidos)
II.“Blood-born”
Paraquato
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Paraquato
Comercializado pela 1ª vez para fins agrícolas em 1962 no Reino
Unido
Hoje está comercializado em mais de 130 países e é o mais usado
herbicida de contato não seletivo - a lesão nas plantas resulta da
interferência com o processo fotossintético: produção contínua de
radicais superóxido, com consequente lesão e ruptura dos
cloroplastos e das membranas celulares.
Responsável por um nº significativo de mortes por ano:
Ingestão voluntária (suicídio) e acidental (crianças)
Inalatória (grandes gotículas-efeitos sistémicos pouco prováveis)
Dérmica (pouco absorvida pela pele não lesada; corrosivo)
Paraquato
Tóxico para o pulmão mas também para os rins em doses elevadas
Fibrose pulmonar progressiva pode levar várias semanas a desenvolver, e normalmente
resulta em morte (insuficiência respiratória)
Situação atual do paraquato em Portugal
Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR)
Circular emitida em 30 de Julho de 2007, determinou que as
autorizações de vendas nacionais de produtos fitoterapêuticos com
base em PQ fossem canceladas
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Paraquato
Propriedades físico-químicas:
1,1´dimethyl-4,4´-bipyridinium
Composto de amónio quaternário
Elevada solubilidade em água (20ºC): 700g/litro
Comercializado em sprays, líquidos diluídos (20% para
uso agrícola), pó e geles
Comercializado com nome GRAMOXONE®
Pela sua toxicidade, as formulações são adicionadas de:
Odorizante repulsivo
Emético
Corante azul
Paraquato
LD50 - 30 mg/Kg em humanos
►20 mg/Kg - recuperação pulmonar com sequelas ou total
►20-40 mg/Kg – acumulação de altas concentrações de PQ nos pulmões
com o desenvolvimento de extensa fibrose pulmonar e consequente morte
►40 mg/Kg – Falência multiorgânica
Necrose tubular renal
Falha hepática
Falha cardiovascular
Falha pulmonar (edema)
SNC (convulsões, coma)
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Razão para a acumulação do paraquato nos
pulmões
Paraquato
+ +
Paraquato tem 2 átomos de azoto CH3 N N CH3 A
com carga distanciados de forma
6A 0
similar à molécula da putrescina.
+ + B
H2N CH2 CH2 CH2 CH2 NH2
6.6A 0
Putrescina
H2N(CH C
2)3NH(CH2)4NH2
Concentra-se a nível pulmonar (pneumócitos tipo I e II e células clara) por um processo
saturável e dependente de energia através de um transportador específico de aminas
biogénicas altamente desenvolvido no epitélio pulmomar. Desta forma, o paraquato é
acumulado ativamente atingindo concentrações 7 a 10 vezes superiores aos níveis
sanguíneos.
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P oly uns at urat ed Lip id
Peroxidação C ell m em bra ne lipids H y d roperox ide s
lipídica
S ingle O 2 Lip id free
radic als
PQ2+
O 2-
NADP H P araqua t S upero x id e
- R ad ic als
e
ciclo
Tis s ue
contínuo
dam a ge
NADP + R educ ed
P araqua t O2
.
PQ + H 2O 2
Ca tala s e
H 2O
Após absorção, o paraquato passa à corrente sanguínea e concentra-se ao nível das células
pulmonares (sistema de captação das poliaminas). Por intervenção do NADPH transforma-se
em paraquato reduzido, restabelecendo o ciclo redox que vai ceder o electrão ao oxigénio,
formando-se o radical superóxido (O2.-) Danos Celulares. Este fenómeno ocorre
essencialmente nas células do pulmão porque são muito ricas em oxigénio.
DETEÇÃO DA LESÃO PULMONAR
Histopatologia (deteção de tecido fibroso através da presença de um excesso anormal
de colagénio) – Fibrose pulmonar
Doseamento da hidroxiprolina total (principal a.a. do colagénio)
Medida da permeabilidade vascular – Edema pulmonar
Edema (peso do pulmão húmido/seco)
Medida da velocidade respiratória, volume expiratório forçado
Alterações na composição do fluido de lavagem broncoalveolar
Medição da síntese de RNA e DNA como indicadores da proliferação celular
(carcinoma)
Medição autoradiográfica após administração de timidina radioativa
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Outros órgãos alvo dos tóxicos
Coração (ex. metais pesados, catecolaminas)
SNC (ex. hexano)
Gónadas
Sangue (ex. benzeno)
Pele
Intestinos
Olhos (ex. metanol)
Ouvidos
Pâncreas
Epitélio nasal
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