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Conhecimento científico e ciência
1 CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OUTROS TIPOS
DE CONHECIMENTO
1.1 Correlação entre conhecimento popular e
conhecimento científico
1.2 Características do conhecimento popular
1.3 Quatro tipos de conhecimento
Trata-se de um saber de ordem valorativa, individual e
subjetivo quanto à vinculação com a realidade, pois é
baseado na emotividade e na intuição de cada indivíduo.
Origina-se na inspiração do sujeito para perceber o
significado e o sentido do fenômeno observado, porquanto
a percepção depende do liame estabelecido entre o
indivíduo e a obra observada, o que é próprio da
apreciação da beleza.
1.3.1 Conhecimento popular
1.3.2 Conhecimento filosófico
1.3.3 Conhecimento religioso
1.3.4 Conhecimento científico
2 CONCEITO DE CIÊNCIA
A ciência, de origem religiosa em sua versão modernista
eurocêntrica, mantém a mesma perspectiva [a das
religiões], a começar pelo monopólio da racionalidade, da
capacidade de pesquisar e analisar, bem como de definir as
validades. O método científico, inventado para dar conta da
realidade de modo objetivo e neutro, analítico e
sistemático, tanto para descobrir quanto para manipular a
realidade, por mais que se proponha afastar-se de
subjetivismos humanos através de procedimentos de
formalização procedimental, acaba sendo nada mais que o
“ponto de vista humano”. A pretensão de inventar um
método sem metodólogo ou uma ciência sem cientista,
absolutamente objetiva e válida sem imisção humana
(subjetividade vista aí como atrapalho), nunca passou de
caricatura e hipocrisia, porque é inegável que a ciência é
produto humano. Ciência é o que os cientistas produzem,
representando sua intersubjetividade, que é, em geral, seu
critério maior de cientificidade, ou seja, vale o que eles
definem que vale. Para não tornar essa posição
excessivamente subjetiv(ist)a, ou seja, para colocar a busca
da realidade como critério da pesquisa, não o ponto de
vista humano sobre a realidade, inventam-se método,
técnica de pesquisa, estatística e empiria, procedimentos de
formalização de validade pretensamente universal, na
expectativa de neutralizar vieses humanos.
3 CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO DA CIÊNCIA
LEITURA RECOMENDADA
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Métodos científicos
1 CONCEITO DE MÉTODO
2 DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO MÉTODO
3 MÉTODO INDUTIVO
3.1 Caracterização
pode-se afirmar que as premissas de um argumento indutivo
correto sustentam ou atribuem certa verossimilhança à sua
conclusão. Assim, quando as premissas são verdadeiras, o
melhor que se pode dizer é que a sua conclusão é,
provavelmente, verdadeira.
3.2 Leis, regras e fases do método indutivo
3.3 Formas de indução
Por que em alguns casos é suficiente um só exemplo para
realizar uma indução perfeita, enquanto em outros,
milhares de exemplos coincidentes, acerca dos quais não se
conhece ou se presume uma só exceção, contribuem muito
pouco para estabelecer uma proposição universal?
se bem que nunca podemos estar completamente seguros
de que um caso verificado seja uma amostra imparcial de
todos os casos possíveis, em algumas circunstâncias a
probabilidade de que isto seja verdade é muito alta. Tal
acontece quando o objeto de investigação é homogêneo em
certos aspectos importantes. Porém, em tais ocasiões, torna-
se desnecessário repetir um grande número de vezes o
experimento confirmatório de generalização, pois, se o caso
verificado é representativo de todos os casos possíveis,
todos eles são igualmente bons. Dois casos que não diferem
em sua natureza representativa contam simplesmente como
um só caso.
4 MÉTODO DEDUTIVO
4.1 Argumentos dedutivos e indutivos
4.2 Argumentos condicionais
5 MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
[…] Eu gostaria de resumir este esquema, dizendo que a
ciência começa e termina com problemas.
eu tenho tentado desenvolver a tese de que o método
científico consiste na escolha de problemas interessantes e
na crítica de nossas permanentes tentativas experimentais e
provisórias de solucioná-los (1975, p. 14).
5.1 Etapas do método hipotético-dedutivo segundo Popper
é uma atividade com um objetivo (encontrar ou verificar
alguma regularidade que foi pelo menos vagamente
vislumbrada); trata-se de uma atividade norteada pelos
problemas e pelo contexto de expectativas (“horizonte de
expectativas”). Não há experiência passiva. Não existe outra
forma de percepção que não seja no contexto de interesses
e expectativas, e, portanto, de regularidades e leis. Essas
reflexões levaram-me à suposição de que a conjectura ou
hipótese precede a observação ou percepção; temos
expectativas inatas, na forma de expectativas latentes, que
hão de ser ativadas por estímulos aos quais reagimos, via de
regra, enquanto nos empenhamos na exploração ativa.
Todo aprendizado é uma modificação de algum
conhecimento anterior.
5.1.1 Problema
Meu ponto de vista é […] de que a ciência parte de
problemas; que esses problemas aparecem nas tentativas
que fazemos para compreender o mundo da nossa
“‘experiência” (“experiência” que consiste em grande parte
de expectativas ou teorias, e também em parte em
conhecimento derivado da observação – embora ache que
não existe conhecimento derivado da observação pura, sem
mescla de teorias e expectativas) (POPPER, [197-], p. 181).
5.1.2 Conjecturas
5.1.3 Tentativa de falseamento
5.2 Método hipotético-dedutivo segundo Bunge
6 MÉTODO DIALÉTICO
6.1 Leis da dialética
6.1.1 Ação recíproca
grande ideia fundamental segundo a qual o mundo não
deve ser considerado como um complexo de coisas
acabadas, mas como um complexo de processos em que as
coisas, na aparência estáveis, do mesmo modo que os seus
reflexos intelectuais no nosso cérebro, as ideias, passam por
uma mudança ininterrupta de devir e decadência, em que,
finalmente, apesar de todos os insucessos aparentes e
retrocessos momentâneos, um desenvolvimento progressivo
acaba por se fazer hoje.
que o método dialético considera que nenhum fenômeno
da natureza pode ser compreendido, quando encarado
isoladamente, fora dos fenômenos circundantes; porque,
qualquer fenômeno, não importa em que domínio da
natureza, pode ser convertido num contrassenso quando
considerado fora das condições que o cercam, quando
destacado destas condições; ao contrário, qualquer
fenômeno pode ser compreendido e explicado, quando
considerado do ponto de vista de sua ligação indissolúvel
com os fenômenos que o rodeiam, quando considerado tal
como ele é, condicionado pelos fenômenos que o
circundam.
6.1.2 Mudança dialética
para a dialética não há nada de definitivo, de absoluto, de
sagrado; apresenta a caducidade de todas as coisas e em
todas as coisas e, para ela, nada existe além do processo
ininterrupto do devir e do transitório.
6.1.3 Passagem da quantidade à qualidade
em oposição à metafísica, a dialética considera o processo
de desenvolvimento, não como um simples processo de
crescimento, em que as mudanças quantitativas não
chegam a se tornar mudanças qualitativas, mas como um
desenvolvimento que passa, das mudanças quantitativas
insignificantes e latentes, para as mudanças aparentes e
radicais, as mudanças qualitativas. Por vezes, as mudanças
qualitativas não são graduais, mas rápidas, súbitas, e se
operam por saltos de um estado a outro; essas mudanças
não são contingentes, mas necessárias; são o resultado da
acumulação de mudanças quantitativas insensíveis e
graduais.
6.1.4 Interpenetração dos contrários
em oposição à metafísica, a dialética parte do ponto de
vista de que os objetos e os fenômenos da natureza supõem
contradições internas, porque todos têm um lado negativo e
um lado positivo, um passado e um futuro; todos têm
elementos que desaparecem e elementos que se
desenvolvem; a luta desses contrários, a luta entre o velho e
o novo, entre o que morre e o que nasce, entre o que
perece e o que evolui, é o conteúdo interno do processo de
desenvolvimento, da conversão das mudanças quantitativas
em mudanças qualitativas.
Essa unidade dos contrários, essa ligação recíproca dos
contrários, assume um sentido particularmente importante
quando, em dado momento do processo os contrários se
convertem um no outro [o dia se transforma em noite e
vice-versa]; […] a unidade dos contrários é condicionada,
temporária, passageira, relativa. A luta dos contrários, que,
reciprocamente, se excluem, é absoluta, como absolutos
são o desenvolvimento e o movimento.
7 MÉTODOS ESPECÍFICOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
7.1 Método de abordagem
7.2 Métodos de procedimento
7.2.1 Método histórico
Partindo do princípio de que as atuais formas de vida social,
as instituições e os costumes têm origem no passado, é
importante pesquisar suas raízes, para compreender sua
natureza e função. Assim, o método histórico consiste em
investigar acontecimentos, processos e instituições do
passado para verificar a sua influência na sociedade de
hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual através
de alterações de suas partes componentes, ao longo do
tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de
cada época. Seu estudo, para uma melhor compreensão do
papel que atualmente desempenham na sociedade, deve
remontar aos períodos de sua formação e de suas
modificações.
Exemplos: Para compreender a noção atual de família e
parentesco, pesquisam-se no passado os diferentes
elementos constitutivos dos vários tipos de família e as fases
de sua evolução social; para descobrir as causas da
decadência da aristocracia cafeeira, investigam-se os fatores
socioeconômicos do passado.
7.2.2 Método comparativo
Este método realiza comparações, com a finalidade de
verificar similitudes e explicar divergências. O método
comparativo é usado tanto para comparações de grupos no
presente, no passado, ou entre os existentes e os do
passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes
estágios de desenvolvimento.
Exemplos: Modo de vida rural e urbano no Estado de São
Paulo; características sociais da colonização portuguesa e
espanhola na América Latina; classes sociais no Brasil, na
época colonial e atualmente; organização de empresas
norte-americanas e japonesas; a educação entre os povos
ágrafos e os tecnologicamente desenvolvidos.
7.2.3 Método monográfico
que o empregou ao estudar famílias operárias na Europa.
Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude
em profundidade pode ser considerado representativo de
muitos outros ou até de todos os casos semelhantes, o
método monográfico consiste no estudo de determinados
indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou
comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A
investigação deve examinar o tema escolhido, observando
todos os fatores que o influenciaram e analisando-o em
todos os seus aspectos.
Exemplos: Estudo de delinquentes juvenis; da mão de obra
volante; do papel social da mulher ou dos idosos na
sociedade; de cooperativas; de um grupo de índios; de
bairro rurais.
7.2.4 Método estatístico
Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos
complexos, representações simples e constatar se essas
verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o
método estatístico significa redução de fenômenos
sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos
quantitativos e a manipulação estatística, que permite
comprovar as relações dos fenômenos entre si e obter
generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou
significado.
Exemplos: Verificar a correlação entre nível de escolaridade
e número de filhos; pesquisar as classes sociais dos
estudantes universitários e o tipo de lazer preferido pelos
estudantes de 1º e 2º graus [estudo fundamental e médio].
7.2.5 Método tipológico
apresenta certas semelhanças com o método comparativo.
Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador
cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir da análise
de aspectos essenciais do fenômeno. A característica
principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir
de modelo para a análise e compreensão de casos
concretos, realmente existentes. Weber, através da
classificação e comparação de diversos tipos de cidades,
determinou as características essenciais da cidade; da
mesma maneira, pesquisou as diferentes formas de
capitalismo para estabelecer a caracterização ideal do
capitalismo moderno; e, partindo do exame dos tipos de
organização, apresentou o tipo ideal de organização
burocrática.
Exemplo: Estudo de todos os tipos de governo democrático,
do presente e do passado, para estabelecer as características
típicas ideais da democracia.
7.2.6 Método funcionalista
É, a rigor, mais um método de interpretação do que de
investigação. Levando-se em consideração que a sociedade
é formada por partes componentes, diferenciadas, inter-
relacionadas e interdependentes, satisfazendo, cada uma,
funções essenciais da vida social, e que as partes são mais
bem entendidas compreendendo-se as funções que
desempenham no todo, o método funcionalista estuda a
sociedade do ponto de vista da função de suas unidades,
isto é, como um sistema organizado de atividades.
Exemplos: Análise das principais diferenciações de funções
que devem existir num pequeno grupo isolado, para que o
mesmo sobreviva; averiguação da função dos usos e
costumes no sentido de assegurar a identidade cultural de
um grupo.
7.2.7 Método estruturalista
7.2.8 Método etnográfico
7.2.9 Método clínico
7.3 Utilização de mais de um método de pesquisa
7.4 Quadro de referência
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