ATUALIDADES
Política Latino-americana
Versão Condensada
Sumário
Política latino-americana���������������������������������������������������������������������������������������������� 3
1. Entender os conflitos políticos na américa latina��������������������������������������������������������������������������������������������������� 3
1.1 Integração como projeto: reflexões sobre a cúpula sul-americana no brasil�������������������������������������������������������������� 3
1.2 Brasil promove seminário latino-americano de políticas públicas para inclusão digital���������������������������������������������5
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Política latino-americana
1. Entender os conflitos políticos na américa latina
Na noite de domingo, 22 de janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a Buenos Aires,
Argentina, em sua primeira viagem internacional durante seu novo mandato. Durante a segunda e terça-feira, o
presidente terá uma série de compromissos, incluindo uma reunião com o presidente argentino, Alberto Fernández, e a
participação na 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Observação:
O Brasil havia deixado o bloco dois anos atrás, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, em 5 de
janeiro de 2023, o Ministério das Relações Exteriores anunciou o retorno do país à Celac.
A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) é um bloco formado por 33 países, criado no
México em 2010 e oficializado em 2011. Seu objetivo é promover a integração e a coordenação política, econômica e
social entre as nações latino-americanas e caribenhas. A CELAC aborda uma ampla gama de questões, como desar-
mamento nuclear, agricultura familiar, cultura, energia e meio ambiente, com ênfase na busca por autonomia na
região latino-americana.
Embora seja uma organização recente, a ideia de criar esse bloco surgiu na década de 1980 com o Grupo de Contadora,
composto por México, Venezuela, Colômbia e Panamá. Esses países se opunham à política intervencionista do então
presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.
A partir de 1985, outros países, incluindo Brasil, Argentina, Peru e Uruguai, se uniram e formaram o Grupo do Rio, com
o objetivo de fortalecer a democracia e o desenvolvimento econômico e social na região.
Nos anos seguintes, mais países aderiram à iniciativa, como Bolívia, Chile, Costa Rica, Cuba, Equador, Nicarágua e
Paraguai. Em 2008, com o aumento de governos progressistas na América Latina, surgiu a “onda rosa”. Naquele ano, o
então presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, convocou uma reunião na Costa do Sauípe, na Bahia, para reunir
líderes da região. Foi o primeiro encontro de grande porte entre governos latino-americanos e caribenhos, sem a pre-
sença dos Estados Unidos ou da Europa.
Durante a reunião, foram discutidas questões como a substituição da Organização dos Estados Americanos (OEA)
por uma instituição que não estivesse tão sujeita à influência dos Estados Unidos.
Em 2020, o governo brasileiro de Jair Bolsonaro decidiu retirar o país da CELAC devido a divergências políticas e ideo-
lógicas com Cuba e Venezuela. O protagonismo que o Brasil tinha anteriormente no bloco passou a ser disputado por
países como Chile, México e Argentina, que atualmente ocupa a presidência do grupo.
1.1 Integração como projeto: reflexões sobre a cúpula sul-americana no brasil
A recente reunião de líderes sul-americanos em Brasília, evidenciou a importância dada pelo governo Lula ao vetor
regional da política externa brasileira. Além de fortalecer os laços políticos com os países da região, o objetivo dessa
iniciativa foi ampliar os processos de cooperação econômica. O Brasil busca assumir um papel de destaque nesse
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processo, reconhecendo a necessidade de atuação conjunta da América do Sul no cenário internacional para proteger
seus interesses comuns.
Desde os primeiros meses do governo Lula, houve uma busca por restabelecer os laços políticos regionais, expressa
pelo retorno do país à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que havia sido deixada
de lado durante a administração Bolsonaro. Essa ação reflete uma das principais diretrizes da política externa brasileira,
presente na Constituição de 1988, que busca promover a integração e a formação de uma comunidade latino-americana
de nações. O discurso político do governo Lula também deu maior importância a outras organizações regionais, como
o Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), como instrumentos para consolidar uma América Latina
mais unida e independente.
Fique atento!
A realização da cúpula de líderes sul-americanos em Brasília representa uma contribuição significativa do Brasil
para o aprofundamento do processo de integração econômica, social e política na região. Além disso, é um ato
simbólico de reivindicação da identidade geográfica do Brasil, que traz consigo um forte idealismo político.
Desde o início dos anos 1990, com a criação do Mercosul, o Brasil tem buscado uma maior aproximação com seus
vizinhos sul-americanos, visando à livre circulação de bens e serviços, à redução de barreiras comerciais dentro
da região e à implementação de uma política tarifária comum em relação a países terceiros. O objetivo tem sido
coordenar posições comuns em fóruns econômicos regionais e internacionais, reafirmando o papel da América do Sul
como um bloco político, social e cultural coeso, que busca promover a multipolaridade nas relações internacionais.
No passado, o Brasil teve que lidar com a aproximação dos países sul-americanos em sua política externa, muitas vezes
devido à decepção com o tratamento recebido pelos Estados Unidos, com os quais o país nunca conseguiu estabelecer
uma relação especial e igualitária. No entanto, atualmente, a pressão hegemônica dos Estados Unidos sobre a região
é menor, principalmente devido à crescente influência da China como parceiro comercial importante para muitos paí-
ses sul-americanos, incluindo o Brasil. Embora a região ainda seja fornecedora de matérias-primas e commodities, as
relações mais estreitas com a China podem impulsionar projetos de desenvolvimento econômico, com transferência de
tecnologia e investimentos em infraestrutura.
Durante a cúpula, Lula enfatizou a necessidade de olhar para a região de forma coletiva, buscando uma “visão comum”
para a América do Sul, a fim de que os países sejam capazes de enfrentar, em conjunto, as ameaças presentes no sis-
tema internacional. Isso se refere à atual divisão política entre o Ocidente (liderado pelos Estados Unidos) e o Oriente
(representado principalmente pela Rússia e China), destacando a importância de não se envolver nesse embate, mas
sim focar nas diferenças entre o Norte e o Sul Global.
Nessa perspectiva, a superação do subdesenvolvimento e a defesa dos interesses nacionais e regionais comuns,
com base no crescimento econômico e na redução das desigualdades sociais, tornam-se temas cruciais para a
América do Sul. Assim, o regionalismo ativo do Brasil nas relações internacionais busca conferir à região uma voz unifi-
cada nos processos de negociação global, a fim de lidar eficientemente com outros atores importantes, como Estados
Unidos, Rússia, China, União Europeia, Índia, entre outros.
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• Pontos em debate
ͫ No passado, os Estados Unidos tentaram criar uma “voz única” na América do Sul através da OEA durante a
Guerra Fria;
ͫ No entanto, a OEA acabou se tornando um instrumento de dominação regional por parte dos americanos, como
evidenciado pelo tratamento discriminatório dado a Cuba e sua ineficácia na resolução da crise econômica
venezuelana;
ͫ A atuação do Brasil busca estabelecer um diálogo horizontalizado, atraindo os países sul-americanos para a
discussão de posições comuns e políticas de enfrentamento dos desafios e problemas regionais, como pobreza
e subdesenvolvimento;
ͫ Devido ao tamanho de sua população, território, PIB e recursos naturais, o Brasil naturalmente se destaca como
um protagonista nesse processo de integração das forças políticas regionais; e
ͫ Para alcançar seu desejo histórico de reconhecimento internacional, o Brasil precisa fazer da integração sul-a-
mericana um dos principais projetos nacionais, empreendendo esforços nesse sentido.
1.2 Brasil promove seminário latino-americano de políticas públicas para
inclusão digital
A colaboração entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ins-
tituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e o Instituto Lula resultou em uma série de seminários
focados na região latino-americana e na implementação de políticas públicas para promover a inclusão digital.
O primeiro evento do “Seminário Latino-Americano de Políticas Públicas para Inclusão Digital” ocorreu nos dias 16 e 17
de maio, em formato híbrido. Representantes das três instituições e onze países-membros da Rede Federada de Repo-
sitórios Institucionais de Publicações Científicas, conhecida como Rede “LA Referencia” (Argentina, Chile, Colômbia,
Costa Rica, Equador, El Salvador, México, Peru, Panamá, Uruguai e Espanha como observador) estiveram presentes.
O tema do encontro deste mês foi “Novas tecnologias, novos comportamentos: da estrutura ao cidadão”. Durante o
evento, foram abordados tópicos como a universalização e a massificação dos serviços de telecomunicações, incluindo
5G, 6G, marco legal, inovação científica, inteligência artificial, realidade virtual, realidade aumentada, imersão de áudio,
banda larga e cidadania.
A Embaixadora Luiza Lopes, Diretora-Adjunta da ABC, abriu o encontro enfatizando sua esperança de que esse seja
apenas o primeiro de uma série de eventos relacionados à inclusão digital. Ela ressaltou o desafio de levar a inclusão
digital às populações, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade, destacando que a inclusão digital abre
portas para vários aspectos da cidadania.
Cecília Leite, Diretora do Ibict, ressaltou que o seminário busca fortalecer o bloco formado pelos países participantes. Ela
mencionou que o objetivo é conhecer o estado da arte digital de cada país e criar laços mais estreitos com os demais
países da América Latina, consolidando a região por meio da troca de informações e caminhando juntos e fortalecidos.
Tamires Sampaio, Diretora do Instituto Lula, ressaltou a importância da inclusão digital para a inclusão social. Ela destacou
que, com o aumento do acesso das pessoas aos meios digitais, há desafios relacionados à disseminação de notícias
falsas e discursos de ódio.
João Caldeira Brant, Secretário de Políticas Digitais da SECOM da Presidência da República, participou como convidado
especial e mencionou que a Secretaria foi criada com o propósito de combater o discurso de ódio e a desinformação
no meio digital. Durante o evento, Brant anunciou a criação de um comitê de políticas públicas para o ambiente digital,
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composto por 17 ministérios com foco no digital e aberto a especialistas e membros da sociedade civil, com a função
crucial de articular e planejar ações estratégicas no tema para o Estado brasileiro.
O professor André Barbosa Filho, da Unicamp, enfatizou a transversalidade do tema da inclusão digital na América
Latina e a importância da cooperação entre os países para desenvolver estratégias de políticas públicas. Ele desta-
cou o potencial de desenvolvimento tecnológico, pesquisa e ensino da tecnologia na região, ressaltando a necessidade
de união na América Latina.
Atenção!
O objetivo é discutir os principais temas relacionados à inclusão digital e criar um espaço de conhecimento
para desenvolver programas que ofereçam conectividade, tecnologia e soluções para as demandas digitais da
sociedade e dos cidadãos.
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