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Gianny Jose Gracioso Bento - Filosofia e Sociologia

Este trabalho discute a importância do ensino de Filosofia e Sociologia nas escolas brasileiras como ferramentas essenciais para a formação cidadã dos alunos. A pesquisa argumenta que a inclusão dessas disciplinas no currículo não deve ser vista apenas como uma adição, mas como uma diretriz fundamental para o desenvolvimento do pensamento crítico e emancipação intelectual. Além disso, destaca a necessidade de uma prática pedagógica que conecte teoria e prática, promovendo um ambiente educacional que estimule a participação ativa dos alunos.

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Este trabalho discute a importância do ensino de Filosofia e Sociologia nas escolas brasileiras como ferramentas essenciais para a formação cidadã dos alunos. A pesquisa argumenta que a inclusão dessas disciplinas no currículo não deve ser vista apenas como uma adição, mas como uma diretriz fundamental para o desenvolvimento do pensamento crítico e emancipação intelectual. Além disso, destaca a necessidade de uma prática pedagógica que conecte teoria e prática, promovendo um ambiente educacional que estimule a participação ativa dos alunos.

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO ALTO PARANAÍBA - FATAP

GIANNY JOSE GRACIOSO BENTO

ASPECTOS HISTÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO DE


SOCIOLOGIA E FILOSOFIA NO BRASIL

2023
FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO ALTO PARANAÍBA - FATAP

GIANNY JOSE GRACIOSO BENTO

ASPECTOS HISTÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO DE


SOCIOLOGIA E FILOSOFIA NO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de especialista em
Filosofia e Sociologia

2023
ASPECTOS HISTÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO DE
SOCIOOGIA E FILOSOFIA NO BRASIL

RESUMO- Esta pesquisa tem como objetivo argumentar sobre a necessidade e a forma de ensino de
Filosofia e Sociologia na escola como um instrumento norteador indispensável para a formação do
educando a para o exercício da cidadania. Por ser uma pesquisa bibliográfica não houve trabalho de
campo, no entanto de acordo com diversos pesquisadores respeitados na área o embasamento desta
pesquisa se torna necessário a professores e profissionais interessados na área em questão. Nesta
pesquisa a questão da emancipação intelectual é discutida como um elemento essencial ao
desenvolvimento do aluno considerando suas peculiaridades e aspectos fundamentais de sua formação.
Nesta pesquisa o ensino de Filosofia não é tratado simplesmente como mais uma disciplina a ser
acrescentada no currículo, mas como uma diretriz constante nas Diretrizes Curriculares da Educação. É
necessário ainda destcar que este trabalho pretende em seu bojo estabelecer uma importante relação
entre a teoria e a prática do campo filosófico, pois acredita-se que a escola não é um ambiente deslocado
da sociedade, mas uma instituição social indispensável para a prática cidadã em todas as esferas, quer
no campo das ideias ou da ciência, enfim, em todos os trâmites sociais. Quando se fala de emancipação
no ensino de Filosofia não se trata apenas exercitar o pensamento filosófico, mas mesmo no ambiente
educacional praticar tais conceitos, pois sí assim o aluno poderá de fato participar e construir o seu
próprio conhecimento. Embora esta disciplina seja aplicada apenas no ensino médio, é possível ao longo
de três anos desenvolver e trabalhar os conceitos desta tão importante disciplina do currículo da
educação básica.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Filosofia, Currículo, Educação Pública.


1 INTRODUÇÃO

Tradicionalmente, no Brasil e no mundo as práticas pedagógicas têm sido


mensuradas através de uma metodologia que tem como princípio a vivência do aluno
em apenas em sala de aula, através dessa vivência as avaliações, atividades
didático/pedagógicas e questões interdisciplinares no cotidiano do discente têm sido o
foco principal do ensino.
Dizer que este modelo não funcionou seria no mínimo um equívoco absurdo,
pois muitas gerações foram educadas e podem exercer a cidadania de forma
absolutamente louvável, no entanto há de se concordar que muitas foram as falhas
deste sistema de ensino, pois é um sistema que não considera o saber prévio do aluno
muito menos incentiva o pensamento filosófico, inclusive negando esta disciplina nas
duas fases mais importantes da educação básica que é a educação infantil e o ensino
fundamental I e II, ficando restrito apenas ao ensino médio. É sabido, no entanto, que
“conhecer não é registrar dados, mas compreender situações ou fenômenos e resolver
problemas” (PORTELA, (org.), 2012, p. 54).
É necessário considerar que o saber filosófico e sociológico, ou seja, a
capacidade de pensar por si próprio é uma habilidade extremamente necessária, visto o
modelo tradicional deu maior enfoque apenas ao modelo de ensino onde o indivíduo
apenas tinha que ouvir, memorizar e prestar atenção sem poder argumentar ou
participar da construção do seu próprio conhecimento. Infelizmente este modelo de
ensino não esteve presente apenas na educação básica, mas também no ensino
superior. Neste sentido, o ensino de Filosofia no currículo da educação básica veio de
encontro com o anseio de muitos pesquisadores e estudiosos da disciplina, na intenção
de mudar para melhor a forma tradicional de ensino através do pensamento crítico e
reflexivo incentivado nas aulas de Filosofia e Sociologia.

...é necessário que os alunos sejam capazes de resolver problemas


filosóficos através da experiência educativa com a Filosofia, através dos
vieses intelectual e humanístico, objetivando a construção do
pensamento crítico”. (GALLO, 2012, pg.35)
Obviamente os problemas da educação em todos os níveis são de uma ordem
de inúmeros fatores sociopolíticos, socioeconômicos e socioculturais, por isso a
efetivação do ensino e Filosofia e Sociologia vem ao encontro de uma série de
questões principalmente na esfera intelectual, pois o ensino de Filosofia na escola deve
ajudar o aluno a ser um sujeito ativo no seu próprio processo do saber em todas as
etapas.
Neste sentido esta pesquisa tem como enfoque o tripé do ensino que é em
primeiro lugar a discussão sobre os desafios da prática do ensino de Filosofia na
educação básica sob o prisma do sistema construtivista, os possíveis empecilhos para
a prática deste ensino e a autonomia do ensino de Filosofia na educação básica.
No primeiro enfoque deste tripé o desafio está na própria inclusão da Filosofia
como disciplina, desta vez para permanecer, visto que a Filosofia já fez parte do
currículo em outros contextos e na atualidade voltou a fazer, por isso métodos e prática
assim como bibliografias do tema são relativamente escassos considerando disciplinas
tradicionais como por exemplo Língua Portuguesa, Matemática etc. Neste sentido é
será importante destacar que a Lei n° 11.684/08 altera de forma impactante o art. 36
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), incluindo além da
Filosofia o ensino de uma disciplina similar, a Sociologia nos currículos do ensino média
da educação básica.
Em seguida o desafio recai sobre as dificuldades que recaem sobre a prática do
ensino, ou seja, sobre o fazer pedagógico do professor em sala de aula, como o
professor deverá conduzir seu trabalho mediante uma cultura enraizada do não pensar
sobre tudo e principalmente sobre o processo de aprendizado, principalmente quando
se está na condição de aluno.
Finalmente a questão da independência do ensino, ou seja o professor deve ter
uma formação adequada, conhecer os fundamentos da disciplina assim como as
técnicas didático/pedagógicas para assim poder incentivar aos seus alunos o prazer de
filosofar aprendendo ou aprender filosofando, pois afinal de contas o ensino de Filosofia
na escola deve ser efetivado não apenas no campo teórico, mas considerando a escola
como a sociedade em que o aluno frequenta e está inserido e portanto deve ser um
espaço socializador e propício ao desenvolvimento das habilidades orá desenvolvidas,
principalmente da Filosofia e da Sociologia.
Assim torna-se absolutamente evidente a importância da disciplina de Filosofia
na escola, embora que infelizmente a atual legislação só torna como obrigatório esta
disciplina no ensino médio, no entanto em três anos é possível despertar o aluno para
que após sua formação tenha condições de buscar conhecimentos filosóficos mais
aprofundados, para a vida ou para a profissão que irá escolher.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A CONQUISTA EFETIVA DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA:


CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Em 1996 entrava em vigor a mais importante versão da Lei de Diretrizes e Bases


da Educação Nacional, para a educação de forma geral foi uma grande conquista, mas
para a disciplina de Filosofia e para aqueles que ansiavam uma escola que incentivasse
o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo, muito esta lei deixou a desejar,
pois em seu bojo não apresentava o ensino de Filosofia com as demais disciplinas, ou
seja, não proibia, porém não apresenta a Filosofia como parte integrante e obrigatória
do currículo.
O reconhecimento de obrigatoriedade chegou apenas 12 anos mais tarde, em
2008 tal absurdo foi remediado pela Lei n° 11.684 que oficializou a Filosofia como parte
integrante obrigatória do currículo nos 3 anos do ensino médio. Embora a disciplina
faça parte apenas do ensino médio já é motivo de se comemorar devido a histórica luta
que se teve para isso. Leopoldo e Silva (1993, p. 797) aponta:

(...) a Filosofia talvez seja a disciplina que mais intensamente sofreu as


consequências das mudanças históricas do ideário pedagógico, e
também aquela cujo ensino esteve mais sujeito às vicissitudes
decorrentes das transformações históricas na relação entre política e
educação.
Faz-se necessário lembrar que a LDB 9394/96 apesar de não ter dado o status
de obrigatório ao ensino de filosofia, contudo, não proibiu, por isso as escolas seguiram
preceitos da LDB 9394/96 que no sentido didático lançou as “estacas” para o ensino de
filosofia. Nos anos que se seguiram tais preceitos foram modificados e adaptados para
atender a demanda do ensino e do objetivo a qual esta disciplina se propõe.
Tais fundamentos não foram determinados de forma aleatória, mas embasados
em teoria de diversos filósofos que discorrem sobre a filosofia aplicada a educação
formal. Dessa forma ao final de muito trabalho foi apresentado um caderno de
expectativas de aprendizagem o qual é determinante para um norteamento geral do
fazer pedagógico em sala de aula para o professor. Fruto de tal trabalho foi um caderno
de expectativas de aprendizagem constituindo como um indispensável e necessário
norteador do trabalho do professor na sala de aula conforme (DCE, 2012, p.35)

As Expectativas Gerais para a Disciplina referem-se a aspectos


teóricometodológicos fundamentais para o ensino da Filosofia,
independente de qual conteúdo se está desenvolvendo. Trata-se de
Expectativas que se remetem, de forma objetiva, aos requerimentos
elementares da especificidade da Filosofia, tais como leitura de textos
filosóficos, leitura filosófica de textos diversos, elaboração de textos de
forma filosófica, capacidade de argumentação e desenvolvimento de
linguagem propriamente filosófica, entre outros (Departamento de
Educação Básica 2012, p. 38).

Torna-se basilar destacar que neste prisma o fazer pedagógico de filosofia em


sala de aula abrange aspectos sociopolíticos e também educacionais, neste caso
pensado para aquele aluno que está na etapa final da educação básica e que com a
ajuda das bases disciplinares desta tão importante ciência poderá prosseguir nos
estudos técnicos ou superiores.
Como todo estudo formal e sistematizado os conteúdos não podem ser
estruturados de qualquer forma, é necessário que haja uma divisão levando em
consideração fatores como amplitude sociocultural, e questões que se fazem relevante
na atual conjuntura sociopolítica do Brasil. Assim a realização da divisão é realizada
entre “Mito e Filosofia, Teoria do Conhecimento, Ética, Filosofia Política, Filosofia da
Ciência e Estética” (DCE, 2008, p. 54). A seleção da temática nas palavras do DCE
(2008, p. 54) “estimula o trabalho de mediação intelectual, o pensar, a busca da
profundidade dos conceitos e de suas relações históricas, em oposição ao caráter
imediatista”.
É justamente este caráter não imediatista que estimula o pensamento ativo do
aluno, o raciocínio e a participação do processo do seu próprio aprendizado, além disso
estimula o pensamento crítico e reflexivo. É necessário, contudo, salientar que o papel
do professor neste processo é vital, portanto indispensável conforme se observa:

(...) o professor de Filosofia poderá fazer seu planejamento a partir dos


conteúdos estruturantes e fará o recorte-conteúdo básico-que julgar
adequado e possível. [...] O trabalho com conteúdos não exclui, de
forma alguma, a história da filosofia [...] (DCE, 2008, p. 54).
Esta flexibilidade que o professor deve ter é extremamente importante pois os
conteúdos estruturantes dão uma base fundamental para o trabalho do professor em
sala de aula sem deixá-lo “engessado”. É interessante esta afirmação porque embora
haja de fato um caminho definido a ser percorrido, nada ocorre no automático, o
professor pode definir como será o processo e tem a liberdade de escolher entre muitas
possibilidades de aplicação de conceitos e conteúdo.

2.2 O ENSINO DE SOCIOLOGIA NO BRASIL: ASPECTOS METODOLÓGICOS

Após a grande vitória sobre a inclusão da sociologia como disciplina obrigatória


no currículo da educação básica inicia-se uma nova luta para que de fato esta disciplina
obtenha o lugar de destaque que merece, são questões relacionadas a metodologia de
ensino, didática e fatores pedagógicos a serem considerados no trabalho do professor
em sala de aula.
Questões como o que ensinar na disciplina de sociologia? Quais são os fatores
relevantes que podem ser trabalhados? Qual a própria concepção da disciplina
considerando o fator sócio histórico e sociocultural da sociedade em que está inserido?
A Sociologia tornou-se uma ciência que requer especialização no seu campo de
trabalho e deve ser forjada através de realidades sociais assim como ter compromisso
com o povo brasileiro enquanto nação. Entender este fator nas palavras do pesquisador
MEUCCI (2002, p. 02) “[...] entender o processo de legitimação da sociologia e das
ciências sociais no campo intelectual brasileiro”...
Sendo o surgimento ocasionado através do surgimento de uma classe
industrialmente evoluída pode-se afirmar a sociologia goza de uma posição privilegiada
no intelecto das pessoas do mundo moderno e contemporâneo, conforme se observa
no excerto abaixo sobre os fundadores:

[...] pela participação mais ou menos ativa das grandes correntes de


opinião dominantes na época, seja no terreno da reflexão ou da
propagação de ideias, seja no terreno da ação, [...] aspiravam fazer do
conhecimento sociológico um instrumento da ação, queriam modificar
[...] a própria sociedade em que viviam (CASTRO e DIAS, 1978, p. 21).

É importante e indispensável destacar aqui que a vinculação da disciplina de


sociologia sempre demonstrou preocupação com a questão do patriotismo, da ordem e
também do progresso em relação ao crescimento intelectual e nos demais sentidos.
Tais objetivos já foram tratados pelo pesquisador, filosofo e sociólogo Comte, que
pesquisou sobre a formação enquanto ciência e principalmente sua função social
(ADORNO, 2008). Assim o pesquisador Florestan Fernandes (1980, p. 06) afirma “em
linguagem de Gramsci: os sociólogos nascem como ‘intelectuais orgânicos da ordem’”.
Meucci (2000) .

Ao procurar identificar as expectativas forjadas acerca da contribuição do


conhecimento sociológico neste conjunto de manuais é possível constatar que a
disciplina sociológica parecia, a um só tempo, corresponder (1) aos ideais de
expansão da cultura científica, (2) aos ideais de civilidade e patriotismo, (3) aos
padrões de cultura erudita que, apesar das transformações no meio intelectual
brasileiro, ainda aspiravam os membros da elite candidatos ao ingresso na
carreira acadêmica (MEUCCI, 2000, p. 56).

Destaca aqui a questão não apenas do contexto didático e pedagógico em si,


mas principalmente a inserção na sociedade dos fundamentos sociológicos de uma
forma absolutamente coerente considerando valores da república e tendo como
principal objetivo a progressão para e nos estudos de forma geral
Um importante pesquisador e autor Sarandy (2011) salienta que nas primeiras
décadas do século XX surgiu nos meios acadêmicos um tipo de culto as Ciências
Sociais, tal fator foi extremamente benéfico para a fidelização da Sociologia no currículo
escolar sendo considerada uma disciplina que estimula o intelecto dos alunos. Sarandy
em seu raciocínio ainda observa:

[...] o ‘símbolo máximo da racionalidade’ crescente do mundo


moderno e da ruptura da sociedade brasileira com o seu passado,
e seu ensino, inclusive nas escolas do secundário, o instrumento
para ‘elevar o nível intelectual das grandes massas’, segundo
Florestan (1975), e como instrumento de mudança social num
contexto de democratização, pois produziria respostas aos
problemas sociais vigentes, tanto quanto novas técnicas de
controle social (SARANDY, 2011, p. 11).

O excerto acima vem de encontro com os objetivos gerais da educação, pois a


educação considera as crianças em jovens pessoas em formação, e como tal devem
ser preparadas não apenas ao mundo do trabalha, mas também para exercer o
pensamento crítico e reflexivo e principalmente a cidadania.

2.3 O ENSINO DE FILOSOFIA NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS

O ensino de filosofia tem uma história de certa forma conturbada, sendo


valorizada por muitos e criticada por outros tantos, chegando e sendo retirada do
currículo da educação básica, sendo objeto de discussão nas Instituições de Ensino
Superior, ganhando e perdendo espaço em cursos de graduação e pós-graduação lato
senso e stricto senso.
Muitos discentes de todos os níveis mantiveram uma relação nada amistosa com
o ensino de filosofia, este fato se dá porque por não ser uma disciplina definitivamente
efetivada nos currículos, possui inúmeras questões relacionadas a problemas
metodológicos.
Quando se trata sobre aspectos históricos é interessante remeter a Portugal,
pois o seu modelo colonial de educação influenciou de forma decisiva o sistema
educacional brasileiro. O Brasil sempre foi um pais absolutamente miscigenado, povos
de todas as nações sempre habitaram o Brasil de forma totalmente amigável o que
gerou a difusão das mais diversas influencias filosóficas.

A filosofia foi no Brasil, desde os tempos coloniais, um luxo de alguns


senhores ricos e ilustrados: do colono branco que aqui chegara e que
constituíra a classe dominante da colônia, conservando os hábitos o
Brasilaristocráticos da classe dirigente da metrópole (CARTOLANO,
1985, p. 20).

Não obstante, o Brasil colonial foi ainda prejudicado entre os séculos XVI e XVII
pelo intenso atraso cultural de país agrário que era, assim como outros fatores sociais
como por exemplo a rigidez fanática da igreja católica que naquele período ainda
exercia forte influência sobre as decisões sociopolíticas no Brasil

Todo esse contexto deixou traços marcantes no processo educativo do


povo da colônia. No que diz respeito à Filosofia, ela se constitui mais
precisamente como assimilação, “registro, comentário, eco de escolas e
correntes estrangeiras” (COSTA, 1967, p.23).

O processo supracitado perdurou, mantendo forte influência até o século XX,


quando por volta do ano de 1940 a Universidade de São Paulo (USP) iniciou novas
práticas relacionadas ao ensino de Filosofia, o que foi um avanço extremamente
inovador dado as circunstâncias que formataram o ensino de filosofia no Brasil.
Infelizmente o progresso da expansão do ensino de filosofia no Brasil foi
drasticamente interrompido por ocasião do governo militar no Brasil por volta da década
de 60, quando foi suspenso de todos os currículo tanto da educação básica quando de
outros níveis de cursos.

No processo de instauração da ditadura Militar no Brasil, em 1964, a Filosofia


deixou de fazer parte do currículo do ensino médio, e no ano de 1968, era ainda uma
disciplina optativa. A partir de 1971, é completamente excluída do currículo escolar. A
substituição do ensino de Filosofia por outras disciplinas mais convenientes aos
interesses do Governo Militar daquele período, teve forte impacto na construção do
conhecimento em diferentes níveis da educação com as seguintes justificativas:

Criaram-se, desse modo, algumas situações para justificar a ausência


da filosofia no currículo, como a inclusão de outras disciplinas que teriam
o conteúdo correspondente ao da filosofia. As disciplinas criadas foram:
educação moral e cívica (EMC), organização social e política brasileira
(OSPB) e estudos dos problemas brasileiros (EPB), está apenas
prevista para o nível superior. (ALVES, 2002, p. 38)

O governo militar tinha um objetivo extremamente prático, dado o


desenvolvimento industrial ocorrido no período. Compreende-se a grande expansão de
cursos técnicos e a fundação de diversas escola objetivando tal formação.

O ensino de filosofia não atendendo a essas solicitações


tecnoburocráticas e político-ideológicas, já não servia aos objetivos das
reformas que se pretendiam instituir na estrutura do ensino brasileiro. A
sua extinção como disciplina, já optativa no currículo, em 1968, foi
pensadamente preparada através de uma série de leis e decretos,
pareceres e resoluções do Conselho Federal de Educação e do
Conselho Estadual de São Paulo, que, neste caso, centralizavam as
decisões da área educacional. (CARTOLANO, 1985, p.72).

Durante todo o período do governo militar o ensino de filosofia ficou suspenso da


rede pública de ensino, após o fim do governo militar houve ainda um período de
proposta e aprovação do retorno da disciplina de filosofia o que só ocorreu em 1982 de
forma opcional conforme o Parecer n° 342/82 do Conselho Federal de educação.
Muitos anos depois com a publicação da maior lei da educação, A Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) a filosofia ainda não retornou
definitivamente ao currículo da educação básica apenas continuou como uma
possibilidade interdisciplinar o que permite concluir que pouco ou nenhuma mudança
tinha ocorrido até então conforme se observa:
Que, no final do ensino médio, os alunos tenham domínio dos
conhecimentos filosóficos e sociológicos necessários ao exercício da
cidadania, no entanto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
médio (resolução CEB/CNE n. 3/98), aprovadas pelo Conselho Nacional
de Educação em 1998, e os Parâmetros Curriculares para o ensino
médio (PCNem) de 1999, elaborados pelos responsáveis
governamentais, estipularam a obrigatoriedade da Filosofia de um modo
transversal. Deste modo, se os conteúdos e os temas filosóficos forem
tratados pela escola numa transversalidade multidisciplinar, é possível
cumprir a LDB e a Filosofia, enquanto disciplina, não se fazer presente
na grade curricular. De todo o modo, já não há, nessa altura, uma
exclusão do ensino disciplinar de Filosofia. Cabendo, no caso do ensino
público, aos Estados e aos Municípios decidirem pela sua
disciplinaridade ou transversalidade. Por sua vez, no caso do ensino
privado, cada escola poderia optar pela decisão que mais lhe servisse
curricularmente. (PAIM, 1979, p. 48).

Naturalmente professores, acadêmicos e interessados na área descontentes


com as decisões logo se organizaram para através de um representante criar um
projeto de lei que fizesse com que a filosofia retornasse ao currículo de forma
obrigatória o que demorou algum tempo ainda, pois o próprio presidente da república
vetou o projeto alegando questões de ordem financeira e de ordem de recursos
humanos, ou seja não haveria professores suficiente formados na área. Sobre esta
questão Chaui ( 2000) comenta:
Agora, a tarefa (ensino) da Filosofia no Brasil ter-se-á que (re) inventar e
(re) construir, à semelhança, aliás, do que aconteceu quer com a
fundação histórica do Brasil quer com a implementação e o
desenvolvimento de todo o seu sistema educativo. (CHAUI, 2000, p. 37).
Finalmente a disciplina de filosofia iria alcançar sua “independência” em junho de
2008, o que ocorreu por motivo da promulgação da lei n° 11.684 tornando a disciplina
obrigatória no ensino médio, fato que permanece até os dias atuais. A orientações
iniciais seria de que a filosofia deveria trazer em se bojo:
Para se formar cidadãos através do ensino de filosofia será necessária
certa obstinação do professor para que este possa fazer um trabalho
exitoso com seus alunos, no tocante a formação intelecto/cidadã desses
sujeitos. A interdisciplinaridade é necessária, como prevê inclusive a
Resolução nº 03/98, acerca da importância dos conteúdos a serem
ministrados de forma interdisciplinar no ensino médio, inclusive no que
tange aos conhecimentos de Filosofia para o exercício da cidadania.
(LIMA, 2005, p. 35).

Até os dias atuais ainda muito há que se efetivar em relação a pesquisas e ao


ensino de filosofia na rede pública de ensino, no entanto esta independência abriu o
caminho para o crescimento e a melhoria tanto em formação de professores quanto na
oferta quiçá de outros níveis da educação básica da rede pública e privada de ensino
no Brasil.
.
CONCLUSÃO

Esta pesquisa objetivou delinear a história da filosofia no currículo da educação


básica brasileiro dando especial enfoque ao seu retorno no ensino médio, assim como
conceitos metodológicos do fazer pedagógico do professor em sala de aula. Assim foi
exposto em ordem didática diversos fatores que culminaram para a oferta da disciplina
tal qual está efetivado hoje nas escolas brasileiras.
Foi delineado aqui aspectos históricos assim como a legislação pertinente que
fundamenta o ensino de filosofia nas escolas públicas brasileiras tornando este
trabalhando um importante instrumento de pesquisa para todos que tem interesse na
área, principalmente professores de filosofia e disciplinas afins.
Obviamente esta pesquisa não objetivou em nenhum momento ser suficiente no
que se objetiva, visto que a área em questão cabe muito mais discussão e pesquisa,
tanto de campo quanto bibliográfica, no entanto através de pesquisadores respeitados e
consagrados ná área procurou fundamentar tudo com clareza e objetividade, tornando
a pesquisa embasada e fundamentada no campo de aspectos históricos e
metodológicos da filosofia no currículo brasileiro.
3 REFERÊNCIAS

ALVES, Dalton José. A Filosofia no ensino médio: Ambigüidades e contradições


na LDB. Autores Associados. Campinas – SP. 2002.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio. Brasília, 1999.

BRASIL. Orientações curriculares nacionais para o ensino médio. Brasília, 2003.

CARTOLANO, Maria Teresa Penteado. Filosofia no ensino de 2º Grau. São Paulo:


Cortez: Autores Associados,1985.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 4. ed. São Paulo: Ática, 1995.

COSTA, Cruz. Contribuição à História das Idéias no Brasil. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1967.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é Filosofia? Rio de Janeiro. Ed.34, 1992 (Coleção
Trans). In: Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares Orientadoras
da Educação Básica para a Rede Pública Estadual do Paraná. Filosofia. Curitiba:
Seed/DEB, 2008.

LIMA, M. A. C. A prática de ensino de Filosofia num contexto de reestruturação


capitalista: construção de uma experiência problematizadora com o ensino (tese de
doutorado). Belo Horizonte: PPGE – UFMG, 2005.

PAIM, A. O estudo do pensamento filosófico brasileiro. Rio de Janeiro: Tempo


Brasileiro,1979.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares Orientadoras


da Educação Básica para a Rede Pública Estadual do Paraná. Filosofia. Curitiba:
Seed/DEB, 2008.
GALLO, S.; KOHAN, W. O.; GUIDO, HUMBERTO. Princípios e possibilidades para
uma metodologia filosófica do ensino de filosofia: histórias, temas e problemas.
In:

CARVALHO, M., CORNELLI, G. Ensinar filosofia. Especialização em ensino de filosofia


para o ensino médio – UAB, Volume 2, Vários autores, Cuiabá, Central de texto, 2013.

PORTELA, LUIS CESAR, Y (org). A filosofia em curso – Unioeste. Porto Alegre. RS.
Evangraf, 2012.

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