A INFLUÊNCIA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO TRABALHO DOCENTE
Rosana Maria Luvezute Kripka
Universidade de Passo Fundo (UPF)
[email protected]Resumo: Neste artigo são apresentados alguns resultados teóricos obtidos pela pesquisa
realizada na elaboração do trabalho de conclusão da aluna Daniela de Oliveira Silva, no
qual se buscou compreender a influência da inteligência emocional (IE) no processo de
ensino e aprendizagem, procurando elucidar como esta se relaciona com o trabalho
docente, devido à importância da afetividade envolvida neste processo. Tendo em vista que
a presença da inteligência emocional implica em uma revisão da relação do homem
consigo mesmo, com os outros e com o mundo, seu desenvolvimento certamente influencia
na formação de um novo modelo de profissional, atualmente exigido pelo mercado de
trabalho, que seja competente, integro e humano. As bibliografias consultadas indicam que
a inteligência emocional pode ser desenvolvida através do estímulo de habilidades
diversas. O estudo realizado possibilitou verificar a importância do desenvolvimento da
inteligência emocional no trabalho docente e como estas capacidades, na administração das
emoções, podem ser decisivas para a formação de um profissional realizado e competente.
Palavras-chave: Inteligências múltiplas; inteligência emocional; processo de ensino e
aprendizagem.
1. Introdução
A partir dos anos 80, foi elaborada a teoria das inteligências múltiplas, por
pesquisadores da universidade norte-americana de Harvard, liderados pelo psicólogo
Howard Gardner, professor de educação dessa mesma universidade (CAMPOS, 2009). Os
estudos de Gardner (1983) indicaram a existência de novos conceitos sobre inteligência.
Em sua nova teoria, chamada de “Teoria das Inteligências Múltiplas”, contrariamente ao
que se acreditava na época, ou seja, que a única inteligência existente no indivíduo poderia
ser medida apenas através de testes de QI (Quociente de Inteligência), o autor propôs que o
conceito de inteligência não poderia ser tão limitado, mas que cada indivíduo, possui
diferentes inteligências, umas mais desenvolvidas do que outras, e que cada pessoa possui
o potencial necessário para desenvolvê-las. No início propôs a existência de sete
inteligências e posteriormente acrescentou uma oitava e, ainda, discutiu a possibilidade de
existência de uma nona (GARDNER, 1999).
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 1
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
Foelker (2009) afirma que diversos estudos foram realizados, baseadas nos
critérios estabelecidos por Gardner para se identificarem novas inteligências.
Goleman (2001) definiu uma nova inteligência denominada por inteligência
emocional, que está relacionada à capacidade de interação do indivíduo com o mundo,
considerando os próprios sentimentos e a habilidade ao compreender emoções próprias e
alheias, fazendo uso delas na nossa vivência social, familiar e profissional.
O estudo desta inteligência revela como a emoção pode influenciar a vida das
pessoas no sentido de contribuir ou não para o sucesso pessoal e profissional.
A Inteligência Emocional é um termo utilizado em psicologia para designar a
inteligência que envolve habilidades para manipular as emoções, onde o uso inteligente das
emoções pode torná-las coadjuvantes no processo de crescimento interno (WEISINGER,
2001, p.14). As emoções descontroladas e, geralmente, maléficas, podem ser analisadas,
controladas e direcionadas para o desenvolvimento de pessoas e grupos. Os estudos
indicam que é possível educar as emoções, com a finalidade de tornar-se apto a lidar com
as frustrações, negociar com outros, e reconhecer as próprias angústias e medos.
No ambiente profissional, líderes são pessoas que possuem capacidade de
trabalhar em equipe, que buscam interação entre os pares e geralmente são indivíduos que
dão importância tanto à administração do conhecimento como à administração das
emoções. Uma pessoa com elevada inteligência emocional desenvolvida prova ser capaz
de dominar suas emoções com inteligência, utilizando esse fluxo emotivo para melhorar
seus relacionamentos afetivos, sociais e profissionais (BRADBERRY, 2007, p.47).
Assim, pessoas além de possuírem o conhecimento técnico adquirido muitas
vezes em livros, também devem conseguir administrar sentimentos, sendo que para isso é
preciso se autoconhecer, conseguir controlar suas emoções e também é preciso saber se
colocar no lugar do outro. As emoções demonstram informações valiosas sobre a própria
pessoa, sobre outras pessoas e sobre diversas situações e utilizando destas informações que
as emoções fornecem, é possível provocar alterações de comportamento e de raciocínio,
possibilitando, desta forma, reverter situações constrangedoras.
As emoções desempenham um papel importante no local de trabalho, pois, todos
os dias, se convive com as próprias emoções e com emoções das demais pessoas com
quem se relaciona, onde é possível se utilizar desse fluxo emocional de maneira inteligente
fazendo com que estes sentimentos trabalhem em beneficio próprio, sendo utilizado para
orientação do comportamento e do raciocínio da melhor forma possível.
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 2
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
Neste sentido, como a vida é construída e mantida por uma teia complexa de
relações, em todos os seus aspectos, ao se pensar nos profissionais que atuam na área da
educação, que precisam administrar, diariamente, além da sua vida e suas emoções, a vida
e emoções de muitas outras pessoas, como poderia então, o professor em sala de aula, tirar
proveito de suas próprias emoções?
O professor, muitas vezes desconhece os conceitos dos diversos tipos de
inteligências existentes, limitando-se a estratégias e propostas educacionais voltadas
especificamente para o estímulo das inteligências verbal e lógico-matemática, deixando de
lado, especialmente o estímulo da inteligência emocional, prejudicando-se e prejudicando
também o desenvolvimento integral do aluno.
Uma pessoa com controle de sua capacidade emocional é capaz de proporcionar o
desenvolvimento pleno de si mesmo, das pessoas e grupos com os quais se relaciona. Por
isso, é de fundamental importância que o professor primeiramente desenvolva sua própria
inteligência emocional, pois sabendo educar suas próprias emoções, também pode fazer
com que os alunos se tornem aptos a lidar com suas frustrações, reconhecendo suas
angustias e medos, revertendo-as e cultivando os frutos positivos de sua habilidade de
domínio emocional.
2. Inteligências Múltiplas e Inteligência Emocional
Gardner identificou, inicialmente, a existência das sete inteligências, que seriam: a
inteligência linguística ou verbal, a lógico-matemática, a espacial, a musical, a cinestésica
corporal, as inteligências pessoais (intrapessoal e interpessoal), afirmando que a maioria
das pessoas possui todas elas, porém cada um demonstra características diferentes e
combina todas as inteligências de maneira extremamente pessoal (1995, P.18).
Posteriormente, em suas pesquisas, identificou a existência de uma oitava inteligência: a
naturalista.
Com o passar dos anos, também foram sugeridas, por outros pesquisadores, a
existência de novas inteligências, tais como as inteligências existencial, emocional,
espiritual e artificial (ARMSTRONG, 2001; FOELKER, 2009). Dentre as teorias mais
recentes, destacam-se as pesquisas de Daniel Goleman (2001), que reunindo as
inteligências pessoais, intrapessoal e interpessoal, definiu uma nova inteligência
denominada por inteligência emocional. Considera a inteligência emocional como a ação
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 3
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
conjunta das inteligências inter e intrapessoal e afirma que o controle das emoções é um
fator essencial para o desenvolvimento do indivíduo. (GOLEMAN, 2001, p.19).
Goleman, amparando-se em vários estudos anteriores sobre a emoção humana, e
apoiada pela estrutura teórica da Teoria das Inteligências Múltiplas, redefine o que é ser
inteligente, declarando que todas as pessoas podem ter duas mentes: uma racional e outra
emocional e, segundo ele, as duas trabalham juntas, em total sintonia, sendo que nenhum
estudo sobre inteligência atual poderia deixar de considerar a emoção como propulsora do
pensamento (2001, p.23).
Assim, o autor afirma que Inteligência emocional é a capacidade que o indivíduo
possui de perceber, entender e influenciar as emoções. Ela envolve tudo o que se relaciona
com a capacidade de perceber e exprimir a emoção compreendê-la e saber controlá-la em
si mesmo e nas outras pessoas. (2001, p.24).
Goleman salienta que a emoção humana, sempre foi considerada prejudicial à razão
e vista como um símbolo de imaturidade. Uma pessoa responsável seria uma pessoa com
total controle sobre suas emoções, mas um controle que poderia sufocar suas emoções,
não permitindo que elas se manifestem em “ ocasiões impróprias”.
Para Goleman (2001), a inteligência emocional, pode ser estudada e educada tanto
quanto a racional, possuindo as seguintes características: Capacidade de criar motivações
para si mesmo; Capacidade de persistir num objeto apesar dos obstáculos; Capacidade de
controlar os impulsos; Capacidade de aguardar a satisfação dos seus desejos; Capacidade
de manter-se em bom estado de espírito; Capacidade de impedir que a ansiedade interfira
no raciocínio; Capacidade de ser empático e Capacidade de ser autoconfiante.
Além disso, outra característica importante da emoção, indicada pelas pesquisas de
Goleman, seria a relação que ele chama de “mente emocional aos símbolos”. Ele afirma
que a mente emocional funciona por uma lógica associativa: “elementos que simbolizam
uma realidade ou que de alguma forma lembrem esta realidade são, para a mente
emocional, a própria realidade” (GOLEMAN, 2001, p.308). Isto explicaria por que as
imagens e os símbolos tem direta comunicação com a mente emocional (romances, filmes,
teatro, etc..). Tais símbolos não fazem sentido para a razão, mas falam diretamente ao
coração.
Assim, a inteligência emocional é uma capacidade que diverge da inteligência
racional, ela é construída através da forma com que vivenciamos nossas emoções.
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 4
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
Deste modo, a educação moderna precisa considerar conceitos diferentes dos
convencionais, buscando desenvolver as habilidades para manter a qualidade de
relacionamento humano evitando conflitos e garantindo êxito no trabalho.
3. Inteligência Emocional e Aprendizagem
Para Goleman (2001, p.92), a motivação é vista como uma “aptidão mestra” que
provoca o conhecimento e o saber lidar com suas próprias emoções.
O autor concluiu nos seus estudos, que as perturbações emocionais podem
interferir na vida mental. Isto em parte explica um possível motivo para que os alunos
ansiosos, mal humorados, ou deprimidos não conseguirem aprender como os demais.
Emoções negativas muito fortes acabam desviando a atenção para as próprias
preocupações, o que interfere na concentração em assuntos específicos. Pessoas deprimidas
trazem pensamentos de autopiedade e desespero, desesperança e desamparo, que se
sobressaem a qualquer outro pensamento. Quando as emoções abatem a concentração,
prejudicam a “memória funcional” - capacidade de ter em mente toda informação relevante
para a execução de uma determinada tarefa (GOLEMAN, 2001, p.92).
Por outro lado, a motivação positiva – reuniões de sentimentos de entusiasmo
fazem fluir melhor os pensamentos e a mente funciona em sua plenitude.
Outra característica importante da motivação é o controle da impulsividade, que
consiste na capacidade de controlar um impulso para conseguir um objetivo menos
imediato.
O controle da ansiedade também aparece nestes estudos como uma competência
emocional decisiva para aprendizagem. A ansiedade gera a preocupação, e o ensaio mental
do desastre, provoca uma estática cognitiva, que acaba se intrometendo em todas as outras
tentativas de se fixar em alguma coisa.
Também existe a ansiedade antecipatória, característica das pessoas capazes de
canalizar suas emoções, motivando-as a se prepararem bem para as tarefas.
Além disso, a capacidade de entrar em fluxo, onde o fluxo é considerado uma
sensação de alegria espontânea, êxtase, atenção exclusiva à tarefa, onde ocorre perda da
noção de tempo e de espaço, é uma competência atribuída à inteligência emocional de
suma importância para a aprendizagem. Segundo Goleman (2001, p.104), o estado de fluxo
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 5
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
é obtido a partir de uma concentração inicial, que exige disciplina, domínio da tarefa e de
sua complexidade.
Um fato importante, que não pode deixar de ser mencionado, sobre a teoria da
inteligência emocional é que todas essas competências atribuídas a esta área da mente
humana, podem ser aprendidas e desenvolvidas em todas as pessoas, ao contrário do que se
pensava sobre as emoções, atribuindo-lhe um caráter imutável e instintivo a ser controlado
e sufocado para assegurar a convivência humana (GOLEMAN, 2001). Assim, o controle
inteligente das emoções pode tanto ser aprendido como ensinado.
Goleman sugere o estudo da “Ciência do Eu”, que aborda temas como os
sentimentos próprios e sentimentos que brotam nos relacionamentos humanos (2001,
p.275). Por sua própria natureza, o tema exige que professores e alunos se concentrem no
tecido emocional da vida da criança. Como estratégia, Goleman sugere que se faça uso das
tensões e traumas da vida cotidianas das crianças, tratando na sala de aula problemas reais,
pois para ele o aprendizado não pode ocorrer de forma isolada dos sentimentos das
crianças. É necessário que se faça uma alfabetização emocional. Ser emocionalmente
alfabetizado é tão importante na aprendizagem, quanto o ensino da matemática e da leitura.
Sendo a “Ciência do Eu” pioneira nessa ideia, disseminada nos Estados Unidos,
desde o início dos anos noventa e que têm se tornado conhecida também em outros países,
Goleman recomenda que em seu desenvolvimento as escolas ofereçam disciplinas como
“desenvolvimento emocional”, “aptidões para a vida” e “aprendizado social e emocional”.
Neste contexto, a alfabetização emocional introduzida nos currículos normais,
seria um novo caminho para se trabalhar as emoções e a vida social no contexto escolar,.
As crianças poderiam aprender que a questão não consiste apenas em evitar possíveis
conflitos, mas resolver discordâncias e ressentimentos, antes que se tornem situações
conflitantes mais sérias.
Segundo Goleman (2001,p. 276) o currículo da “Ciência do Eu” destaca-se como
modelo para o ensino da Inteligência Emocional. Entre os tópicos ensinados, está a
autoconsciência, cujos objetivos são: reconhecer sentimentos, montar um vocabulário com
o qual as crianças percebam as ligações entre pensamentos, sentimentos e reações;
reconhecer quando são os pensamentos ou os sentimentos que governam uma decisão;
avaliar as consequências de opções alternativas e aplicar essas intuições sobre questões
como drogas, sexo etc.
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 6
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
A autoconsciência também se dá no reconhecimento de nossas forças e fraquezas,
na possibilidade de se enxergar um caminho alternativo positivo, porém realista, evitando,
com isso, uma armadilha comum do movimento de autoestima.
Outro aspecto importante é o controle das emoções, seria a busca por
compreender o que está por trás de um sentimento (por exemplo, a mágoa que dispara a
raiva) e aprender como lidar com ansiedades, ira e tristeza.
Além disso, também é necessário é assumir a responsabilidade por decisões e
atos, buscando cumprir compromissos.
Dessa forma, os relacionamentos são outro foco importante, onde é necessário
aprender a ser um bom ouvinte e um bom questionador; distinguir entre o que alguém diz
ou faz, controlar reações e julgamentos, buscar ser mais assertivo, não raivoso ou passivo e
aprender as artes da cooperação, da solução de conflitos e da negociação de meios-termos
(GOLEMAN, 2001, p.282).
Alfabetização Emocional implica um mandado ampliado para as escolas, atuando
no lugar de famílias que falham na socialização das crianças. Essa arriscada tarefa exige
duas grandes mudanças: que as escolas incluam em seu currículo o ensino das emoções,
onde o professor vá além de sua missão tradicional de ensinar a ler e a escrever e que as
famílias e pessoas da comunidade se envolvam mais com as escolas.
4. A Afetividade no Processo Ensino-Aprendizagem
Acredita-se que a afetividade desempenha um importante papel no sucesso escolar
dos alunos e, consequentemente, na aprendizagem de qualquer disciplina, inclusive na
matemática. No entanto, a atuação dos professores, não está levando em conta esta
questão, provavelmente por não saberem lidar com a afetividade na aprendizagem e,
também, por não serem preparados pra isso durante a sua formação.
Uma importante questão no campo da educação é a inclusão das relações humanas
na escola, pois sem que haja interação entre escola e aluno, não será possível criar boas
condições de ensino e aprendizagem. As crianças que estão na escola, possuem diversos
condicionamentos sociais, que unido a outros fatores, influenciam no tipo de sua
aprendizagem e podendo provocar desequilíbrios emocionais, gerando na criança,
desadaptação, incapacidade de comunicar-se, o que normalmente ocasionam problemas de
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 7
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
integração escolar. Com isso, os professorem devem, sempre que possível, ajudar os alunos
a superarem suas dificuldades no campo emocional.
A ajuda construtiva, em relação aos problemas enfrentados pelos alunos, exige que
os professores possuam grande número de qualidades emocionais. As suas atitudes devem
motivar os alunos de uma forma em que sintam prazer em estar nas aulas, e a aprenderem
mais, aumentando desta forma, a autoconfiança e a autoestima dos alunos. É a postura do
professor em sala de aula, que as influencia, pois, além de saber ensinar, deve antes de tudo
também saber ser um bom educador. Isso significa que um bom professor deve ter todo um
conjunto de qualidades, o que inclui conhecimento técnico e conhecimento emocional
necessário. (NEVES E CARVALHO, 2006).
Assim no processo educativo, o papel do professor deve ser de natureza intelectual
e também de natureza afetiva, buscando atender às diferentes dificuldades emocionais das
crianças que chegam à escola. Os alunos devem ser estimulados a trabalhar em equipe, a
cooperarem uns com os outros em tarefas e projetos comuns.
Neste sentido, o professor deve propiciar situações de ensino que estimulem a
autoestima e a autoconfiança. Quando o processo de ensino se humanizar completamente,
a escola poderá ser vista como uma comunidade de pessoas e não mais como um agregado
de indivíduos (NEVES E CARVALHO, 2006).
Atualmente, após vários estudos nesta área, sabe-se que a aprendizagem fica mais
fácil, quando a pessoa trabalha com satisfação e quando os seus esforços são
recompensados. Isto significa que o bom desempenho escolar depende tanto de aspectos
intelectuais como dos afetivos (NEVES E CARVALHO, 2006).
Quando se fala em emoção e aprendizagem, deve ser considerado o fato de que
assim como existem emoções favoráveis às aprendizagens, existem outras totalmente
desfavoráveis, tais como o medo, o pressentimento, a incerteza, a falta de autoconfiança e
o aborrecimento, que acabam conduzindo a desistência e ao afastamento do aluno.
Como as emoções são contagiantes, o professor deve promover emoções favoráveis
à aprendizagem, tais como: conforto, bom humor, sensações de prazer e divertimento,
aceitação, ambição, mistério, curiosidade, entre outras. Os professores devem servir como
modelo de equilíbrio emocional, gerando assim confiança nos alunos.
Ao realizar uma tarefa, o aluno se depara com diversas emoções, as quais são
determinadas pelas próprias tarefas e, mais especificamente, pelo conteúdo e metodologias
descritas pelo professor para a realização das mesmas. Para gerar a motivação nos alunos, é
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 8
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
necessário que se possa dar sentido ou utilidade ao tema proposto, para que o aluno se sinta
motivado às situações de aprendizagem (NEVES E CARVALHO, 2006).
Partindo da concepção construtivista da aprendizagem, revela-se que a
aprendizagem significativa é motivadora porque o aluno se sente gratificado ao executar as
tarefas, tendo consciência de que tudo que lhe foi ensinado têm algum sentido e começa a
perceber importância em seu aprendizado (NEVES E CARVALHO, 2006). Quando um
aluno se sente motivado ao realizar uma tarefa, gera uma motivação intrínseca, de onde
podem surgir emoções positivas agradáveis.
Dessa forma, pode-se concluir que as emoções têm fundamental influência na
aprendizagem e, consequentemente, no rendimento do aluno, sendo, por isso, muito
importante que o professor tenha um grande equilíbrio emocional em sala de aula, para
conseguir trabalhar com este apoio emocional na aprendizagem.
5. Desenvolvendo a Inteligência Emocional
Para Goleman (2001,p.23), todas as pessoas possuem duas mentes uma racional e
outra emocional, as quais compõe os tipos de conhecimento que interferem na construção
da vida mental. Na sua concepção, a mente racional inclui o modo de compreensão, na
qual o ser humano usa sua consciência, sendo capaz de refletir, ponderar e fazer ligações
lógicas. Por outro lado, a mente emocional atua sem pensar, excluindo a reflexão definida
e precisa que caracteriza a mente racional. A mente emocional reage ao presente,
baseando-se em fatos registrados ao longo da vida do ser humano, ou seja, em situações
que ficaram gravadas, que geram tendências inconscientes e automáticas.
No entanto, segundo o autor, existe um equilíbrio entre essas duas mentes, que
trabalham em total harmonia, na maior parte do tempo, de forma que a emoção encaminha
e informa as operações da mente racional, e a mente racional apura e, às vezes, impede a
abertura das emoções. Por isso, que a inteligência emocional e a inteligência racional das
pessoas, mais especificamente, dos professores, devem estar em constante equilíbrio, para
que as atitudes em sala de aula possam ser tomadas de uma forma adequada e eficiente.
É necessário então, que os professores aprendam a desvendar os segredos da
inteligência emocional, para que, seja possível despertar essas capacidades cerebrais
adormecidas, ou até mesmo não exploradas, para desenvolver habilidades e competências
essenciais no relacionamento interpessoal.
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 9
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
É importante destacar, que pessoas que possuem a inteligência emocional melhor
desenvolvida, sentem-se satisfeitas e tendem a ser eficientes na sua vida pessoal e
profissional (BRADBERRY, 2007, p. 28). Desta forma, segundo o mesmo autor, essas
pessoas conseguem gerenciar emoções, promover a cooperação, tomar decisões adequadas,
desenvolver o autoconhecimento e a empatia pessoal, bem como são autoconfiantes e
persistentes em objetivos, conseguem controlar seus impulsos, mantendo um bom estado
de espírito, não permitindo que a ansiedade interfira na capacidade de raciocinar.
Assim, o autor apresenta técnicas para se trabalhar a inteligência emocional no
educador, que buscam desenvolver:
As habilidades intrapessoais para saber administrar os próprios sentimentos, sonhos
e ideias, com intuito de abrir mão deles para soluções de problemas pessoais,
através do desenvolvimento de três itens considerados essenciais: a
autoconsciência, controle das emoções e a motivação (WEISINGER, 2001, p.25).
As habilidades interpessoais que estão relacionadas com a capacidade de se
relacionar com o outro, entender reações e também criar empatia. É a capacidade
de se comunicar verbal e não verbalmente. (WEISINGER, 2001, p.115).
Devido a todas as qualidades que o desenvolvimento emocional proporciona às
pessoas, não restam dúvidas, que é extremamente importante que a inteligência emocional
seja desenvolvida no trabalho docente, pois os professores são a base na vida das crianças e
adolescentes, atuando em constante contato com diversas pessoas, inclusive com as
famílias de seus alunos.
6. Considerações Finais
A ampliação dos conhecimentos sobre a formação da inteligência humana
possibilita desvendar os mistérios da inteligência, proporcionando ao ser humano uma
melhor qualidade de vida.
Sabe-se que todas as pessoas já nascem com um potencial de inteligência, que se
desenvolve conforme as influências e os estímulos recebidos no meio em que vive.
Numa época em que se fala em competências e informatização, este novo conceito
de inteligência emocional, baseado nas habilidades interpessoais, ligadas ao
relacionamento entre as pessoas, como a empatia, liderança, otimismo ou ainda, e na
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 10
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
habilidade intrapessoal relacionada a competência efetiva, são de fundamental importância
para se conseguir a excelência no trabalho.
Com pesquisa realizada pode se constatar que tanto a emoção, a motivação, como a
questão da afetividade, relacionadas a inteligência emocional, interferem diretamente no
processo de ensino-aprendizagem, gerando consequências importantes para a eficiência do
trabalho docente.
Percebe-se que professores e alunos que aprendem a desenvolver suas inteligências
emocionais começam a elaborar melhor suas ideias e definem uma personalidade própria,
tendo mais probabilidade de obter sucesso na vida.
Acredita-se que os docentes, ao estimularem e desenvolverem suas próprias
inteligências emocionais e de seus pares, sejam capazes de administrar suas emoções, tanto
no âmbito profissional, como no pessoal. Desta forma, ao conseguirem melhorar seus
relacionamentos pessoais tanto com colegas de trabalho, como com seus próprios alunos,
poderão superar dificuldades de relacionamentos encontradas na docência, o que
possibilitará o aprimoramento de seus desempenhos em sala de aula.
7. Referências
ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas na sala de aula: prefácio Howard
Gardner. 2. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2001.
BRADBERRY, Travis. Desenvolva a sua inteligência emocional: tudo o que você precisa
saber para aumentar o seu Q.E. Rio de Janeiro: sextante, 2007.
CAMPOS, Cecília. Ensinar com amor: Inteligências múltiplas. 2009. Disponível em <
http://estrela-ensinarcomamor.blogspot.com/2009/11/inteligencias-multiplas.html>.
Acesso em 25 de Setembro de 2013.
FOELKER, Rita. Inteligências múltiplas. Edições Gil. Espaço do Educador. 2009.
Disponível em: <http://www.edicoesgil.com.br/educador/multiplas.html>. Acesso
em 25 de novembro de 2013.
GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto
Alegre: Artes médicas sul, 1994.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na pratica. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é
ser inteligente. Tradução de Ana Schuquer. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 11
XI Encontro Nacional de Educação Matemática
Curitiba – Paraná, 18 a 21 de julho de 2013
NEVES, M. C.; CARVALHO, C. A importância da afectividade na aprendizagem da
matemática em contexto escolar: um estudo de caso com alunos do 8º ano. Análise
Psicológica, Lisboa, v. 24, n. 2, p. 201-215, 2006.
WEISINGER, Hendrie D. Inteligência Emocional no trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001.
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática – ISSN 2178–034X Página 12