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NOVO 2025 Letramento P1 Estudante

O documento apresenta o 'Caderno de Letramento 2025' da Secretaria de Estado da Educação do Maranhão, que contém 10 aulas de Língua Portuguesa focadas na recuperação de aprendizagens e no desenvolvimento da proficiência leitora dos estudantes. As aulas são estruturadas para serem utilizadas em sala de aula, com versões específicas para professores e estudantes, visando promover um ensino mais eficaz. O material busca abordar defasagens de aprendizado identificadas em avaliações externas, oferecendo estratégias e atividades práticas para fortalecer competências essenciais.

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NOVO 2025 Letramento P1 Estudante

O documento apresenta o 'Caderno de Letramento 2025' da Secretaria de Estado da Educação do Maranhão, que contém 10 aulas de Língua Portuguesa focadas na recuperação de aprendizagens e no desenvolvimento da proficiência leitora dos estudantes. As aulas são estruturadas para serem utilizadas em sala de aula, com versões específicas para professores e estudantes, visando promover um ensino mais eficaz. O material busca abordar defasagens de aprendizado identificadas em avaliações externas, oferecendo estratégias e atividades práticas para fortalecer competências essenciais.

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1

Dados internacionais de Catalogação na Publicação


Ficha catalográfica

MARANHÃO. Secretaria de Estado da Educação,


Caderno de Letramento 2025 – 1º Período: Língua Portuguesa, Secretaria de Estado da
Educação. – São Luís, 2025.
XXX p.:il.
ISBN: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
1. Caderno de Letramento. 2. Matriz de Referência. 3. Re(composição) e Recuperação da
Aprendizagem de Língua Portuguesa.
CDD XXXXX

Ficha catalográfica elaborada por


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

2
CADERNO DE LETRAMENTO 2025
LÍNGUA PORTUGUESA
GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO

Carlos Orleans Brandão Júnior


Governador do Maranhão

Jandira Dias Araújo Silva


Secretária de Estado da Educação

José Antônio Barros Heluy


Subsecretário de Estado da Educação

Nádya Christina Guimarães Dutra


Secretária Adjunta de Gestão da Rede de Ensino e da Aprendizagem

Adelaide Diniz Coelho Neta


Superintendente de Gestão do Ensino e Desenvolvimento da Aprendizagem

Pedro de Alcantara Lima Filho


Superintendente de Informação e Avaliação de Desempenho Educacional

Francimone da Graça Barros Dutra


Supervisora de Avaliação Educacional

3
FICHA TÉCNICA

EQUIPE DE ELABORAÇÃO
Prof. Ma. Francimone da Graça Barros Dutra
Profa. Ma. Francisca Imaculada Santos Oliveira

EQUIPE DE REVISÃO
Profa. Esp. Danubia Gabriela Silva Pereira Garcia

DIAGRAMAÇÃO
Fabiel Lima

4
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................ 6
AULA 01 - D023. Inferir informações em textos: Leitura e interpretação textual de temas atuais .................. 7
AULA 02 - D023. Inferir informações em textos: Estudo e análise de charges com foco na Inferência .......... 9
AULA 03 - D038. Distinguir um fato da opinião: Distinção: fato x opinião; Artigo de Opinião ....................... 12
AULA 04 - D038. Distinguir um fato da opinião: Fato x Opinião; Artigo de Opinião ...................................... 13
AULA 05 - D053. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou
expressão: Conotação ..................................................................................................................................... 15
AULA 06 - D053. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou
expressão: Conectores .................................................................................................................................... 17
AULA 07 - D030. Reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador: Elementos
da narrativa: enredo, espaço, tempo ................................................................................................................. 19
AULA 08 - D030. Reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador: Elementos
da narrativa: tipos de personagens .................................................................................................................... 23
AULA 09 - D030. Reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador: Elementos
da narrativa: tipos de narrador ........................................................................................................................... 26
AULA 10 - D030. Reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador: Elementos
da narrativa: tipos de discurso ........................................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 32

5
APRESENTAÇÃO

A qualidade da educação depende de oportunidades equitativas de aprendizagem. No entan-


to, muitos estudantes apresentam defasagem no aprendizado, o que dificulta a consolidação de co-
nhecimentos essenciais, especialmente os pré-requisitos para as séries seguintes do Ensino Médio.
Grande parte dessas lacunas são de desafios das etapas anteriores, comprometendo a compreensão
de conteúdos mais complexos e o progresso acadêmico. Essa defasagem foi confirmada pelos resul-
tados de avaliações externas, como as realizadas pelo Sistema Estadual de Avaliação do Maranhão
(SEAMA).
Diante desse cenário, é fundamental adotar estratégias eficazes para apoiar os estudantes na
superação dessas dificuldades, garantindo que avancem com uma base sólida e preparada para os
desafios das próximas etapas da educação. Além disso, é essencial fornecer materiais de apoio que
auxiliem os docentes na prática em sala de aula, contribuindo para um ensino mais direcionado e efi-
ciente.
Como apoio, apresentamos o fascículo de Letramento em Língua Portuguesa, organizado em
sequências didáticas, com aulas constituídas por atividades que podem ser desenvolvidas em sala
de aula, priorizando as habilidades contempladas nas Avaliações Diagnóstica e Formativa do SEAMA
2025.
Este material, portanto, tem como propósito contribuir para o desenvolvimento da proficiência
leitora, buscando fortalecer competências essenciais, como a capacidade de leitura, interpretação e
análise de informações – habilidades fundamentais para a vida em sociedade.
O fascículo, para este 1º período letivo, está estruturado em 10 aulas de Língua Portuguesa,
elaboradas por professores da rede estadual. As aulas seguem como suporte a Base Nacional Co-
mum Curricular (BNCC) do Ensino Médio, o Documento Curricular do Território Maranhense (DCTMA)
volume 1 e volume 2 e as habilidades do SEAMA. Para cada habilidade, foram analisados conteúdos
que podem ser trabalhados em sala de aula para garantir o desenvolvimento de competências essen-
ciais, promovendo o aprendizado significativo e a formação integral dos estudantes.
As aulas estão disponíveis em duas versões:
• Versão para professores: Inclui orientações e sugestões para a abordagem dos conteúdos,
além de gabaritos e respostas das atividades propostas.
• Versão para estudantes: Contém explicações claras sobre os conteúdos e atividades práti-
cas baseadas em situações reais, incentivando a aplicação do conhecimento e a motivação
para aprender.
A proposta é que cada aula tenha duração de 50 minutos, sendo utilizada no contexto da sala
de aula.
Esperamos que este fascículo de Letramento seja uma ferramenta útil aos professores, ajudan-
do-os(as) no desafio de recuperar e consolidar aprendizagens comprometidas, como também aos
estudantes, no apoio à superação das defasagens e no avanço de sua trajetória escolar com sucesso,
alcançando as competências esperadas para cada etapa de ensino.

6
AULA 01 • A informação que a amiga repassou: “agora a lou-
ça é sua”, foi entendida de forma correta?
D023. Inferir informações em • No contexto verificado no texto, quando a amiga
HABILIDADES textos. falou: “Fiz o almoço, agora a louça é sua”, o que
Leitura e interpretação textual deveria ser inferido a partir deste enunciado?
CONTEÚDO(S) de temas atuais.
• A ausência da inferência que deveria ter sido feita
provocou mudança de sentido no texto?
Estudante, para o estudo desta habilidade, organiza-
Estudante, é importante ter em mente que, no texto,
mos esta Sequência Didática para ser realizada em
o processo de inferência permite que, por exemplo, o
2 aulas. Assim, para esta Aula 01, focaremos na
humor surja.
leitura e interpretação textual, de forma ampla, des-
tacando a inferência como forma estratégica para a Vamos entender claramente o significado da pa-
compreensão da mensagem em um texto. lavra inferir!
Atente às orientações realizadas pelo(a) seu(sua) Inferir: É o processo interpretativo que permite ao
professor(a), referentes ao elemento central do gêne- indivíduo construir significados e compreender infor-
ro piada – o humor, já que, sem ele, o entendimento mações a partir de pistas ou evidências implícitas no
da piada será prejudicado: texto. (MORAN, 2000)
• Vocês gostam de contar e/ou ouvir piadas? Por Estudante, para realizar inferência na leitura de tex-
quê? tos, é importante:
• O que vocês acham que as piadas, de modo ge- • Ler atentamente o texto;
ral, apresentam para provocar o efeito de risos
• Para resolução de questões, ler o enunciado e ter
nas pessoas?
certeza que compreendeu o que foi pedido;
• Alguém lembra de alguma piada que lhe cha-
• Retomar o texto;
mou atenção e gostou muito?
• Fazer relações do que foi explicitamente lido com o
ATENÇÃO! conhecimento de mundo que tem;

Estudante, um ponto fundamental para que as pia- • Deduzir, a partir das etapas acima, a informação
das sejam entendidas de forma plena e que, ainda, solicitada.
provoquem o efeito de humor, é que o público faça
inferências a partir das informações que lhe são da- ATIVIDADE 2
das. Isso porque, geralmente, a ideia/informação que Estudante, leia as imagens a seguir e, no caderno,
gera humor está relacionada não ao que fica explíci- escreva o que se pode inferir a partir das informações
to, e sim ao que fica nas entrelinhas do texto. lidas.
Imagem 1
ATIVIDADE 1
Estudante, faça a leitura de uma piada e, em segui-
da, reflita sobre a necessidade de se realizar a infe-
rência para a compreensão global do texto.
Texto 1
Almoço na casa da amiga
Fui almoçar ontem na casa de uma amiga. Quando
terminamos de almoçar, ela me disse: - Fiz o almoço,
agora a louça é sua.
https://sme.goiania.go.gov.br/conexaoescola/ensi-
Peguei a louça, coloquei tudo em um saco plástico e no_fundamental/lingua-portuguesa-d4-inferir-uma-
fui embora. -informacao-implicita-em-um-texto/

Agora, a mulher está aqui na frente de casa com a


O que se pode inferir a partir do texto lido?
polícia querendo a louça de volta... Vai entender esse
povo, dá e depois toma. Estranho, viu! __________________________________________
Disponível em: https://www.piadas.com.br/ Acesso
__________________________________________
em: 24 ago. 2019 (adaptado). __________________________________________
__________________________________________
Após a leitura do texto 1, faça uma reflexão a partir __________________________________________
dos questionamentos a seguir: __________________________________________

7
Imagem 2 ajudará bastante na compreensão de informações
implícitas e de sentido figurado;
• Fazer associação do que está lendo com a sua ex-
periência sociocultural e, assim, terá base suficien-
te para realizar inferências adequadas;
• Compreender a inferência como sendo fundamen-
tal para o entendimento das ideias principais que
estão nas entrelinhas do texto.

VAMOS PRATICAR!
Com base no estudo realizado, chegou o momento
Disponível em: https://www.tudosaladeaula.
com/2020/08/atividade-simulado-de-portugues-2o-a- de você, estudante, exercitar, por meio de questões,
no-ef-inferir-informacoes-implicitas-interpretacao-e- a habilidade de inferir informações em textos. Vamos
-compreensao-de-texto/ lá!

A partir do texto lido, inferimos que as informações Questão 1 (Adaptada)


apresentadas estão relacionadas a que festa?
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

Imagem 3

Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibp-


cajpcglclefindmkaj/https://download.inep.gov.br/edu-
cacao_basica/provinha_brasil/kit/2009 /1_semestre/
caderno_do_aluno%201_2009.pdf

A partir da leitura do texto, podemos inferir que o


pai se escondeu embaixo da cama porque:
Disponível em: https://www.tudosaladeaula. A) Estava se escondendo do filho.
com/2020/08/atividade-simulado-de-portugues-2o-a-
no-ef-inferir-informacoes-implicitas-interpretacao-e- B) Estava esperando o ladrão.
-compreensao-de-texto/
C) Queria assustar a mulher.
Na tirinha, no último quadrinho, verificamos que Gar-
field está com um biscoito na mão, mas, a partir da D) Teve medo do ladrão.
leitura de todo texto, podemos inferir que, na verda-
de, John esperava que Garfield tivesse feito o quê? E) Queria ficar sozinho.

__________________________________________
__________________________________________ Questão 2 (Adaptada).
__________________________________________
O Homem que entrou pelo cano
__________________________________________
__________________________________________ Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio
__________________________________________ incomodava-o a estreiteza do tubo. Depois se acos-
tumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilôme-
IMPORTANTE! tros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra
um desvio, era uma seção que terminava em torneira.
Estudante, para realização de inferência na leitura
de textos, sejam verbais, não vebais ou mistos, é im- Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou
portante considerar as seguintes observações: monótono. O cano por dentro não era interessante.

• Partir da interpretação das pistas explícitas, e, a No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher.
partir disso, tentar deduzir informações que estão Uma criança brincava. Então percebeu que as engre-
implícitas; nagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um
branco imenso, uma água límpida. E a cara da meni-
• Ter o entendimento de que a linguagem conotativa
8
na aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada. B) Inveja, pois a autora sente que não era capaz de
Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”. alcançar o mesmo carisma e influência que Dona Ida-
lina possuía sobre a turma.
Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A
menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo C) Saudade, porque a autora relembra com nostalgia
esgoto. e ternura o impacto que Dona Idalina teve em sua
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. vida e educação.
São Paulo: Global, 1988, p. 89.
D) Adoração, visto que a autora demonstra profundo
O conto cria uma expectativa no leitor pela situa- respeito e carinho pela figura de Dona Idalina, exal-
ção incomum criada pelo enredo. O resultado não tando sua personalidade e influência em sala de aula.
foi o esperado porque:
E) Exagero, uma vez que a autora exagera as carac-
A) A mãe ignorou completamente o chamado da filha terísticas de Dona Idalina, tornando-a maior e mais
sobre o homem na pia. marcante do que realmente era.

B) A menina tratou o fato de maneira indiferente,


como algo comum.
AULA 02
C) O homem aceitou passivamente sua condição
dentro do cano. D023. Inferir informações em
HABILIDADES textos.
D) O sistema de encanamento funcionou de forma
previsível, sem obstáculos. Estudo e análise de charges
CONTEÚDO(S) com foco na Inferência.
E) As engrenagens do sistema de tubulação quebra-
ram, impedindo o homem de seguir seu trajeto. Estudante, daremos continuidade ao estudo da ha-
bilidade “Inferir informações em textos” e, para esta
aula, faremos estudo e análise de algumas charges
Questão 3 (Adaptada)
com foco na inferência.
Dona Idalina
Lembre-se do que seu(sua) professor(a) trabalhou
Ela não tinha muito mais do que 1,5 metro de na aula anterior, sobretudo, a respeito da inferência
altura. Por isso, o coque de dois andares, no estilo como estratégia fundamental para a interpretação de
“bolo de noiva” e os infalíveis saltos 12. O tec-tec nos texto.
corredores nos avisava da chegada da baixinha, mas
Sobre isso, reflita sobre os pontos estudados ante-
assim que aparecia na porta da classe, ela crescia e
riormente:
sua gigantesca autoridade preenchia a sala. Alunas
de pé, 40 ginasianas tagarelas, e nenhum pio. [...] • Entender que se parte da interpretação das pistas
explícitas, e que, a partir disso, deve-se tentar de-
E nunca a ouvi aumentar o tom de voz. Bastava
duzir as informações que estão implícitas;
a inflexão e já nos púnhamos no nosso lugar. Voz
poderosa e mágica que sabia também modular-se • Atentar ao fato de que a linguagem conotativa aju-
em doçuras quando lia um poema, vibrar uma pas- dará bastante na compreensão de informações im-
sagem mais emocionante de um romance, e ainda plícitas e de sentido figurado;
ser firme e clara quando explicava a gramática. Feli- • É importante que se faça associação do que está
cidade para mim era ter uma redação escolhida por lendo com a sua experiência sociocultural e, as-
ela. Porque ela a lia. Li-a. Lia se transportando e nos sim, poder ter base suficiente para realizar inferên-
transportando para um mágico mundo de sons melo- cias adequadas;
diosos, pausas, tons, ritmos. Palavras que ganhavam
vida e beleza. Ao ouvi-la, até eu duvidava: teria sido • Compreender a inferência como sendo fundamen-
eu mesma que escrevera tão bonito? [...] tal para o entendimento das ideias principais que
estão nas entrelinhas do texto.
PAMPLONA, Rosana. Carta na escola: set. 2010.
Fragmento. Estudante, você costuma ler charges? Em geral,
nestes textos, para o alcance do efeito de sentido
Com a leitura do texto, podemos inferir que o sen- desejado, o(a) autor(a) apresenta informações com
timento predominante no relato da autora é: liguagem verbal e não verbal, deixando pistas e, para
A) Felicidade, já que a autora transmite sua alegria e a compreensão total do texto, o(a) leitor(a) precisará
satisfação em momentos específicos da convivência mobilizar seu repertório para, por meio de inferên-
com Dona Idalina, como quando ela lia suas reda- cias, chegar à conclusão da informação principal que
ções. o texto quer repassar.
Estudante, observe as informações principais da

9
charge. isso, é fundamental que esse(a) leitor(a) faça uso da
inferência para que faça uma intepretação correta.
Definição: A charge é um texto do campo jornalísti-
co que apresenta elementos verbais e não verbais, Estudante, faça a leitura e analise o texto a seguir:
ela é ligada aos acontecimentos da atualidade, tendo
Texto 2
como principal característica a realização de uma crí-
tica (de forma irônica ou satirizada) de uma determi-
nada pessoa ou acontecimento de relevância social.
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/
redacao/charge.htm

Estudante, veja alguns exemplos de gêneros textu-


ais e observe a importância da inferência para a inter-
pretação desses textos.
Vamos verificar alguns exemplos importantes
disso!
Texto 1

Disponível em: https://exercicios.brasilescola.uol.


com.br/exercicios-redacao/exercicios-sobre-char-
ges.htm

Estudante, a charge de Nani faz uma crítica severa


através da linguagem não verbal. Analise atentamen-
te e responda aos seguintes questionamentos:
Quais inferências podemos fazer a partir da ima-
gem do Texto 2?
__________________________________________
Disponível em: https://exercicios.brasilescola.uol.
__________________________________________
com.br/exercicios-redacao/exercicios-sobre-char- __________________________________________
ges.htm __________________________________________
__________________________________________
Estudante, atenção para as orientações do(a) seu(- __________________________________________
sua) professor(a).
A informação presente nesse texto problematiza
Observe que Duke utiliza as linguagens verbal e não que evento social?
verbal para tecer uma crítica social e política.
__________________________________________
Inicialmente, verificamos a alegria do torcedor pela __________________________________________
realização dos jogos no Brasil, mas, a partir da leitura __________________________________________
dos demais quadrinhos, há uma gradação na mudan- __________________________________________
ça de expressão do torcedor. Assim, com as demais __________________________________________
informações verbais apresentadas e, junto com as __________________________________________
não verbais, podemos inferir que a postura/visão do
torcedor foi modificada por qual sentimento?.
Estudante, faça as anotações, individualmente, no
caderno.

IMPORTANTE!
Estudante, há muitas charges que são constituídas
apenas com a linguagem não verbal e, entendendo
que o efeito de sentido do gênero textual em questão
é provocar uma critica a determinada pessoa ou a
um acontecimento de relevância social, caberá ao(à)
leitor(a), a partir da imagem, fazer associações com o
seu conhecimento de mundo para, então, compreen-
der totalmente a ideia apresentada na charge. Para
10
VAMOS PRATICAR! Questão 2 (Adaptada)
Estudante, com base no estudo realizado, chegou o
momento de você exercitar, por meio de questões, a
habilidade de realizar a inferência para a interpreta-
ção textos. Vamos lá!
Questão 1 (Adaptada)

Disponível em: https://www.tudosaladeaula.


com/2023/02/atividade-com-charges-8o-ano-9o-a-
no-com-gabarito/

Com a leitura do texto, podemos inferir que a crí-


tica feita na charge é sobre:
A) o sistema de saúde.
B) o sistema carcerário.
C) a mobilidade urbana.
D) a incerteza do paciente.
E) o aumento de pedágios.

Questão 3 (Adaptada)

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/


atividades-de-interpretacao-de-charges/

No texto, ao proferir a palavra “tadinho”, pode-


mos inferir que:
A) O homem sente pena do governo por precisar pa-
gar a dívida em 10 anos.
B) A criança entende a complexidade do problema e
está preocupada com o futuro do país.
C) O casal acredita que a dívida será paga tranquila-
mente em 10 anos.
D) O homem ironiza a situação, indicando que as pró-
ximas gerações terão que arcar com as consequên-
cias da dívida.
E) O homem considera que o impacto da dívida será Disponível em: https://www.tudosaladeaula.
com/2023/02/atividade-com-charges-8o-ano-9o-a-
resolvido antes do prazo e o filho não vivenciará o no-com-gabarito/
impacto negativo.
Com a leitura do texto, inferimos que o tema prin-
cipal apresentado na charge é sobre:
A) a solidão.
B) a moradia.
C) o desemprego.
11
D) a fome. IMPORTANTE!
E) a violência. Estudante, é importante, durante a leitura, verificar
as próprias pistas linguísticas presentes no texto para
saber se a informação é referente a um fato ou uma
opinião.
AULA 03
Por exemplo, quando há predomínio do uso da 1ª
D038. Distinguir um fato da pessoa verbal, indicando a presença de um posicio-
HABILIDADES opinião. namento pessoal, subjetivo ou reflexivo do autor (“Eu
acredito que o uso excessivo de celulares prejudica
Distinção: fato x opinião; Artigo
CONTEÚDO(S) de Opinião. a aprendizagem”; “Na nossa visão, as mudanças cli-
máticas são o maior desafio global.”); Além disso, o
uso de modalizadores (como adjetivos, advérbios ou
Estudante, para o estudo desta habilidade, organi- locuções adjetivas e adverbiais: “Infelizmente, muitas
zamos esta Sequência Didática para ser realizada pessoas não têm acesso à educação de qualidade.”),
em 2 aulas. Assim, para esta aula, trabalharemos a bem como o de articuladores como “no entanto” e
diferença de fato e opinião e faremos um estudo do “apesar disso”, podem sinalizar opiniões expressas
Artigo de Opinião. em um texto (Os resultados são promissores, apesar
Estudante, na sociedade, diariamente nos depara- disso, ainda precisamos de mais estudos”).
mos com muitas informações; algumas são informa- Estudante, há alguns gêneros textuais importantes
ções comprovadas cientificamente, como por exem- relacionados à presença de informações que corres-
plo, o percentual de aumento da taxa de natalidade pondem a fatos e a opiniões.
no país; outras são mais pessoais (exemplo: clima
de frio é melhor do que calor, entre outras). Assim, é Como sugestão, destacamos os exemplos a seguir:
importante que tenhamos clara a diferença entre fato • Artigo de opinião: Combina fatos (dados ou in-
e opinião. formações sobre um tema) com opiniões do autor,
Leia as frases a seguir e verifique se a informação que utiliza argumentos para sustentar seu ponto de
veiculada em cada frase corresponde a um fato vista.
ou a uma opinião: • Editorial: Representa a opinião de um veículo de
• “A água ferve a 100°C.” comunicação (jornal, revista), sendo baseado em
fatos que sustentam o posicionamento.
• “O verão é a melhor estação do ano.”
• Reportagem: Embora predominantemente factual,
• “O Brasil ganhou a Copa do Mundo 5 vezes.” pode incluir opiniões de entrevistados ou especia-
• “Futebol é o esporte mais emocionante.” listas, ajudando a diferenciar o que é dado objetivo
e o que é posicionamento.
Se possível, justifique o motivo de sua escolha.
• Carta argumentativa: Um gênero que permite ao
DEFINIÇÃO DE FATO E DE OPINIÃO: autor usar fatos para embasar sua opinião sobre
um tema, normalmente direcionado a uma autori-
Fato: dade ou público específico.
• Informação objetiva, pode ser comprovada/verifi-
cada (por números, documentos, registros...) ATIVIDADE PRÁTICA!
• É baseada em evidências concretas; Estudante, faça a leitura do trecho do Texto 1.
• Pode ser verificado, fundamentado ou negado por Texto 1
critérios e evidências - objetividade.
Mudanças climáticas: caminhos para o
Brasil
Opinião: As mudanças climáticas constituem um dos maio-
• Uma interpretação subjetiva; julgamento pessoal; res desafios da humanidade. É urgente entendermos
em geral, reflete crenças ou sentimentos que po- como os ecossistemas brasileiros, a economia, a in-
dem variar entre indivíduos; fraestrutura, as cadeias produtivas, a biodiversidade,
a saúde, entre outros aspectos, estão sendo afetados
• É o que alguém pensa sobre um acontecimento; por elas. O Brasil é o sétimo maior emissor de gases
• Uma visão sobre alguma coisa; de efeito estufa (GEE) do planeta e o quarto em emis-
sões per capita. Historicamente, desde a revolução
• As opiniões refletem crenças, juízos, valores - sub- industrial, o Brasil é o sexto maior emissor global de
jetividade. GEE, o que faz de nosso país um dos maiores res-
ponsáveis pela crise climática.

12
Fragmento. Disponível em: https://revistacienciae- Questão 2 (Adaptada)
cultura.org.br/?p=3633.
TRINDADE TERÁ SISTEMA HÍBRIDO
Após a leitura inicial do texto, individualmente, Dependendo das condições climáticas, a energia
sublinhe as sentenças que considera fatos e cir- eólica é muito indicada para regiões de acesso res-
cule as que considera opiniões, transcrevendo trito, e, por isso, com menores demandas – como as
para o caderno as informações destacadas. ilhas. Seguindo esta linha, o CEPEL, juntamente com
a Eletrobrás, a melhor empresa de energia elétrica do
VAMOS PRATICAR! mundo, e a Marinha do Brasil, desenvolvem, desde
Com base no estudo realizado, chegou o momento 2005, projeto de instalação de fontes alternativas na
de você, estudante, exercitar, por meio de questões, ilha de Trindade, no litoral do Espírito Santo. A ideia
a habilidade de distinguir um fato da opinião. Vamos é implantar um sistema híbrido de energia solar e eó-
lá! lica com capacidade para gerar 120kW, o suficiente
para reduzir de 60 mil para 2 mil litros o consumo
Quetão 1 (Adaptada) anual de óleo diesel na ilha, que atualmente é atendi-
O VELHO, O MENINO E O BURRO da por geradores movidos a óleo.
Um velho e um menino seguiam pela estrada Jornal do Brasil. 27 jul. 2007 (Adaptado).
montados num burro. Pelo caminho, as pessoas com Disponível em: https://www.tudosaladeaula.
as quais cruzavam diziam: com/2021/11/atividade-sobre-fato-e-opiniao-com-
-texto-explicativo-e-gabarito-anos-finais/
– Que crueldade a desses dois! Querem matar
o burro! A partir da leitura do texto, o trecho em que verifi-
O velho, impressionadíssimo com os comentá- camos uma opinião é:
rios, mandou o menino descer. Mais adiante, outras A) “[…] desenvolvem, desde 2005, projeto de instala-
pessoas, observando a cena, diziam: ção de fontes alternativas […]”
– Que velho malvado, refestelado no burro, e o
menino, coitado, andando a pé! B) “[…] ilha de Trindade, no litoral do Espírito Santo.”

O velho, então, desceu do burro e mandou o me- C) “[…] atendida por geradores movidos a óleo.”
nino montar. Daí a pouco, outras pessoas, vendo a
D) “[…] com a Eletrobrás, a melhor empresa de ener-
cena, comentaram:
gia elétrica do mundo […]”
– Onde já se viu coisa igual? Um menino cheio
de vida, montado no burro, e o velho a caminhar pela E) “[…] implantar um sistema híbrido de energia solar
estrada! e eólica com capacidade para gerar 120kW […]”

Depois dessa, o velho não teve dúvidas. Mandou


o menino descer e ambos, com esforço, passaram a
carregar o burro. AULA 04
Está claro que os comentários não se fizeram D038. Distinguir um fato da
demorar, e desta vez seguidos de gargalhadas. Evi- HABILIDADES opinião.
dentemente, todo o mundo estranhava os dois carre-
Fato x Opinião; Artigo de Opi-
garem o burro. CONTEÚDO(S) nião.
(La Fontaine)
Disponível em: https://www.tudosaladeaula. Estudante, nesta Aula 04, vamos dar continuidade
com/2021/11/atividade-sobre-fato-e-opiniao-com- à aula anterior, ainda com enfoque na habilidade de
-texto-explicativo-e-gabarito-anos-finais/. distinguir fato da opinião, mas agora relacionando
isto com um gênero textual específico, o Artigo de
Com a leitura do texto, verificamos uma mudan- Opinião.
ça no comportamento do velho enquanto seguia
pela estrada. O que determinou essa mudança foi: Para isso, tente resgatar o que foi trabalhado na aula
alterior, sobretudo, o que caracteriza um fato e uma
A) O medo do velho de ser multado por maus-tratos opinião, pontuando a diferença entre os conceitos de
ao burro. cada um.
B) A opinião do velho sobre o burro e o menino. Observe as seguintes indagações e apresente seu
posicionamento:
C) O relato do menino sobre a cena do burro.
“Você acha que o uso de celulares em sala de
D) A opinião que as pessoas expressavam. aula deveria ser permitido? Por quê?”
E) O fato do burro estar cansado e triste.
13
Estudante, se você precisar escrever a opinião para africana. Apenas condenar expressões e atos de ra-
convencer outras pessoas, precisaria fazer uso de re- cismo não é suficiente.
cursos e estratégias, argumentando para convencer
O secretário-geral das Nações Unidas, António
as pessoas sobre o posicionamento defendido.
Guterres, afirmou que ‘precisamos alçar a voz con-
É nesse contexto que temos o Artigo de Opinião. tra todas as expressões de racismo e casos de com-
portamento racista’. Após o assassinato do senhor
• Vocês já ouviram falar do gênero textual Artigo de
George Floyd, o grito ‘Black Lives Matter’ [Vidas de
Opinião?
pessoas negras importam] que ecoou nos Estados
• Que texto é este? Como ele é? Como se caracte- Unidos e em todo o mundo é mais do que um slogan.
riza? Realmente, eles não são apenas importantes mas
• Qual a sua finalidade? são essenciais para o cumprimento de nossa digni-
dade humana comum.
• Onde podemos encontrá-lo?
Fragmento. (Tradução do Escritório da ONU na
• Já leram algum? Guiné-Bissau, Uniogbis).
Vamos sistematizar algumas informações! Disponível em: https://news.un.org/pt/
story/2020/06/1716852.
Algumas características do artigo de opinião:
• É um texto argumentativo em que o autor expressa Faça as reflexões a seguir:
sua opinião sobre um tema importante ou atual; • O tema do texto é atual e relevante?
• O autor, geralmente, faz uso de fatos para apoiar • O texto apresenta um posicionamento claro?
os argumentos e convencer o leitor;
• A argumentação é baseada em fatos ou em opini-
• Tem uma estrutura clara: introdução, desenvolvi- ões?
mento e conclusão;
• Qual a linguagem utilizada no texto (formal ou in-
• O uso de recursos linguísticos é muito importante formal)?
para reforçar a argumentação;
• O que se verifica na organização estrutural desse
• Assim, o objetivo do Artigo de Opinião: apresentar texto? É coerente?
um ponto de vista e argumentar para defendê-lo.”
Estudante, faça a leitura coletiva do Artigo de Opi- VAMOS PRATICAR!
nião apresentado a seguir:
Com base no estudo realizado, chegou o momento
de você, estudante, exercitar, por meio de questões,
Texto 1 a habilidade de distinguir um fato da opinião em tex-
tos de Artigo de Opinião. Vamos lá!
Protestos “Black lives matter” e outras
manifestações contra o racismo Questão 1 (Adaptada)
sistêmico e a brutalidade policial ZAP
Um apelo desesperado a uma mãe que partiu há Não faz muito que temos esta nova TV com con-
muito tempo. Implorando desde as entranhas profun- trole remoto, mas devo dizer que se trata agora de
das da frágil humanidade. Respirando com dificul- um instrumento sem o qual eu não saberia viver. Pas-
dade. Implorando por misericórdia. O mundo inteiro so os dias sentado na velha poltrona, mudando de
ouviu o grito trágico. A família de nações viu seu rosto um canal para outro – uma tarefa que antes exigia
bater contra o asfalto duro. Dor insuportável em plena certa movimentação, mas que agora ficou muito fácil.
luz do dia. Um pescoço preso sob o joelho e o peso Estou num canal, não gosto – zap, mudo para outro.
da história. Um gigante gentil, desesperadamente Não gosto de novo – zap, mudo de novo. Eu gostaria
agarrado à vida. Desejando poder respirar, livremen- de ganhar em dólar num mês o número de vezes que
te, até seu último suspiro. você troca de canal em uma hora, diz minha mãe.
Como líderes africanos nas Nações Unidas, as Trata-se de uma pretensão fantasiosa, mas pelo me-
últimas semanas de protestos pelo assassinato de nos indica disposição para o humor, admirável nessa
George Floyd sob custódia policial deixaram-nos in- mulher.
dignados com a injustiça da prática do racismo que SCLIAR, Moacyr.
continua difundida em nosso país anfitrião e em todo Disponível em: https://www.tudosaladeaula.
o mundo. com/2021/11/atividade-sobre-fato-e-opiniao-com-
-texto-explicativo-e-gabarito-anos-finais/
Jamais haverá palavras para descrever o profun-
do trauma e o sofrimento intergeracional que resulta- Nesse texto, o trecho em que se verifica a presen-
ram da injustiça racial perpetrada ao longo dos sécu- ça de uma opinião sobre o controle remoto está
los, particularmente contra pessoas de ascendência
14
presente em: do professor.
A) “[…] temos esta nova TV com controle remoto […]” Orlando Morando (Adaptado – Tudo Sala de Aula)
Nos trechos apresentados, há um FATO em:
B) “Passo os dias […], mudando de um canal para
outro […]” A) “A discussão acirrou-se após a restrição do uso
desses objetos em algumas escolas.”
C) “[…] se trata agora de um instrumento sem o qual
eu não saberia viver.” B) “Quanto ao boné, a restrição de seu uso em sala
de aula se deve a uma questão de educação e res-
D) “[…] uma tarefa que […] agora ficou muito fácil.”
peito pela figura do mestre.”
E) “Passo os dias sentado na velha poltrona […]”
C) “[…] é mal-educado sentar-se à mesa com um
chapéu na cabeça […]”
Questão 2 (Adaptada) D) “[…] o celular é um aparelho que só vem dificultar
UMA PROIBIÇÃO NECESSÁRIA a relação ensino-aprendizagem […]”
Um assunto que vem despertando a atenção não E) “[…] cremos que a vedação é a melhor solução.”
só da comunidade acadêmica, mas da sociedade
como um todo, é a proibição do uso de celulares e
bonés pelos estudantes na sala de aula. A discussão
acirrou-se após a restrição do uso desses objetos em AULA 05
algumas escolas. Apesar da polêmica instaurada,
D053. Reconhecer o efeito de
cremos que a vedação é a melhor solução.
sentido decorrente da escolha
HABILIDADES
No que se refere ao celular, a proibição do seu de uma determinada palavra ou
uso em sala de aula é uma medida que se harmoniza expressão.
com o ambiente em que o estudante está. A sala de CONTEÚDO(S) Conotação.
aula é um local de aprendizagem, onde o discente
deve se esforçar ao máximo para extrair do profes-
sor os conhecimentos da matéria. Nesse contexto, o Estudante, para o estudo desta habilidade, organi-
celular é um aparelho que só vem dificultar a rela- zamos esta Sequência Didática para ser realizada
ção ensino-aprendizagem, visto que atrapalha não só em 2 aulas. Assim, para esta Aula 05, focaremos no
quem atende, mas todos os que estão ao seu redor. estudo da Conotação, de forma ampla, destacando a
relação deste recurso linguístico, bem como o efeito
Quanto ao boné, a restrição de seu uso em sala de sentido provocado por ele, decorrente da escolha
de aula se deve a uma questão de educação e res- de uma determinada palavra.
peito pela figura do mestre. Deve-se ter em mente
que o professor – assim como os pais e as autorida- Estudante, é importante entender que, dependendo
des religiosas – merece todo o respeito no exercício do recurso linguístico que se utilizar no texto, teremos
do seu ofício, que é o de transmitir conhecimentos. efeito de sentido diferente proporcionado no texto, e
Do mesmo modo que é mal-educado sentar-se à que isso varia, a depender da escolha linguística fei-
mesa com um chapéu na cabeça, assistir a uma aula ta.
usando um boné também o é. Dessa forma, um dos recursos linguísticos que muito
Por outro lado, alguns entendem que o Estado se utiliza, é a Conotação. Vamos entender a defini-
não poderia proibir os celulares e bonés em sala de ção.
aula, visto que violaria o direito da pessoa de ir e vir Conotação: É o conjunto de significados subjetivos e
com seus bens. Entretanto, devemos ter em mente contextuais associados a um termo, frequentemente
que não existe direito absoluto, todos são relativos. E carregados de valores emocionais, culturais ou so-
sempre que há um conflito entre eles, deve-se reali- ciais”. (CÉCILE NARJOUX, 2008).
zar uma ponderação de valores, a fim de determinar
Ou seja, é o uso da linguagem no sentido figurado ou
qual prevalecerá. No caso em análise, o direito da
simbólico.
coletividade (alunos e professores) prevalece sobre
o direito individual de usar o celular ou o boné na sala Estudante, faça a leitura do fragmento a seguir.
de aula. Texto 1
Desse modo, percebe-se que há razoabilidade Canção do Exílio
nos objetivos pretendidos pela proibição, visto que
beneficia toda a comunidade acadêmica. Os estu- Minha terra tem palmeiras,
dantes devem se conscientizar que escola é sinôni- Onde canta o sabiá;
mo de aprendizagem, e que todo esforço deve ser
feito para valorizar o processo de ensino e a figura As aves que aqui gorjeiam,

15
Não gorjeiam como lá. • Como esta escolha de palavras impacta o(a) lei-
tor(a)?
Fragmento. (Gonçalves Dias)
Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org. • Por que o texto não usou apenas “bebe água”?
br/caderno_virtual/texto/cancao-do-exilio/index.html
VAMOS PRATICAR!
Após a explanação do texto lido coletivamente
pelo(a) seu/sua professor(a), observe as imagens Com base no estudo realizado, chegou o seu mo-
evocadas por Gonçalves Dias, atendando para os mento, estudante, de exercitar, por meio de ques-
seguintes questionamentos: tões, a habilidade de reconhecer o efeito de sentido
decorrente da escolha de uma determinada palavra
• Quais sentimentos o poema desperta em você? ou expressão, por meio da Conotação!
• O que significa “as aves que aqui gorjeiam, não Questão 1 (Adaptada)
gorjeiam como lá”? Isso deve ser entendido literal-
mente? “Provisoriamente não cantaremos o amor, que se
refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
• Quais palavras ou expressões possuem sentido
conotativo no poema? Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
• Como estas palavras ajudam a transmitir o senti-
mento de saudade do autor? existe apenas o medo, nosso pai e nosso com-
panheiro.”
ATENÇÃO! (Carlos Drummond de Andrade)
• No poema são utilizadas palavras e expressões no No trecho acima, o uso da expressão “esteriliza
sentido conotativo para transmitir saudade e ideali- os abraços” proporcionou que efeito de sentido:
zação da terra natal;
A) o medo torna os abraços mais limpos e seguros.
• Em “Canção do Exílio”, a conotação cria uma at-
mosfera de nostalgia e valorização da terra natal, B) o medo incentiva as pessoas a se abraçarem mais.
transformando elementos simples (palmeiras, sabi-
C) o medo causa doenças que são transmitidas pelos
ás) em símbolos emocionais.
abraços.

IMPORTANTE: D) o medo faz com que os abraços sejam mais frios


e formais.
Alguns textos podem apresentar o predomínio tam-
bém da linguagem denotativa. E) o medo impede as demonstrações de afeto entre
as pessoas.
DIFERENÇA DE CONOTAÇÃO E
DENOTAÇÃO:
Questão 2 (Adaptada)
• Denotação: linguagem objetiva, sem seu sentido
literal. (Exemplo de Denotação: Palmeira é uma ár- No meio do caminho
vore específica). “No meio do caminho tinha uma pedra
• Conotação: linguagem subjetiva. (Exemplo de Co- tinha uma pedra no meio do caminho
notação: Representa a beleza da terra natal e a
ligação emocional do autor com ela). tinha uma pedra”

Estudante, faça a leitura do fragmento a seguir. (Carlos Drummond de Andrade)


Disponível em: https://brainly.com.br/tare-
“Com a nossa água mineral, você não bebe apenas fa/55736301
água: bebe saúde e energia.”
(Adaptação de exemplos reais). No trecho acima, a repetição da expressão utili-
zada na linguagem conotativa “tinha uma pedra”
Disponível em: https://www.mundomarketing.com.br
proporciona que efeito de sentido no texto?
A) a exaltação da beleza da natureza presente no ca-
ATIVIDADE INDIVIDUAL!
minho.
Estudante, faça o exercício de identificação, no tre-
cho lido, de palavras que estão sendo utilizadas com B) a literalidade de uma pedra no caminho do poeta.
conotação. C) a ênfase de um obstáculo que dificulta a jornada.
Com o auxílio da atividade, atente para as seguintes
D) a monotonia da paisagem observada pelo poeta.
perguntas:
• O que significa “bebe saúde e energia”? E) a construção de uma estrada com pedras.
16
Questão 3 (Adaptada) do uso de conectores e/ ou elementos textuais espe-
cíficos.
Sinal
Assim, é importante refletir:
Olá, como vai?
• Vocês conhecem os conectores?
Eu vou indo e você, tudo bem?
• Qual a importância do uso deles nos textos?
Tudo bem, eu vou indo, correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você? PARA ESCLARECER MELHOR!
Tudo bem, eu vou indo em busca Conectores: Palavras ou expressões que unem par-
De um sono tranquilo, quem sabe? tes de um texto, indicando relações entre as partes do
texto, proporcionando efeito de sentido, por exemplo,
Quanto tempo, pois é, quanto tempo
de causa, de consequência, de oposição, de adição.
Me perdoe a pressa
Veja alguns conectores muito comuns em textos.
É a alma dos nossos negócios
Exemplos:
Qual, não tem de que
• Ideia de Adição: “Além disso”, “também”, “e”. (“O
Eu também só ando a cem livro é divertido; além disso, é muito instrutivo”).
Quando é que você telefona? • Ideia de Contraste: “Mas”, “porém”, “entretanto”.
Precisamos nos ver por aí (“Está cientificamente comprovado que fantasmas
não existem. Mas isso não impede que muitas pes-
Pra semana, prometo, talvez soas ainda acreditem neles”).
Nos vejamos, quem sabe • Ideia de Causa: “Porque”, “já que”, “visto que”.
Quanto tempo, pois é, quanto tempo (“Não vou para o show porque não gosto de fes-
tas”).
Tanta coisa que eu tinha a dizer
• Ideia de Consequência: “Portanto”, “logo”, “as-
Mas eu sumi na poeira das ruas […] sim”.
(Paulinho da Viola) Estudante, você não deve meramente decorar uma
O uso da expressão “…só ando a cem” propor- lista de conectores, de forma isolada. Isso porque o
ciona o efeito de sentido de que o homem anda: efeito de sentido deles só será verificado de fato no
contexto de uso. Por exemplo, o conetivo “E”, que,
A) com muito cuidado, bem devagar. dependendo da forma de construção da frase e da
B) com muito medo e preocupado. intencionalidade esperada pelo(a) autor(a), pode, ora
manifestar ideia de adição, ora ideia de oposição.
C) com toda tranquilidade, despreocupado. • O “E” proporcionando efeito de sentido de adição:
D) com nenhuma companhia. “Ela canta muito bem e toca piano com perfeição”.
• O “E” proporcionando efeito de sentido de oposi-
E) com bastante pressa, correndo.
ção: “Estudou a matéria por horas, e não conse-
guiu tirar uma boa nota.”
Estudante, faça a leitura do trecho do Texto 1.
AULA 06
Texto 1
D053. Reconhecer o efeito de
“Ao contrário do que muitos pensam, a leitura não é
sentido decorrente da escolha
HABILIDADES de uma determinada palavra ou
apenas um passatempo. Pelo contrário, ela é uma
expressão. ferramenta de transformação social, pois contribui
para o desenvolvimento do senso crítico.”
CONTEÚDO(S) Conectores.
Disponível em: Brasil Escola.

Estudante, nesta aula, daremos continuidade à habi- Após a leitura do trecho, atente aos seguintes
lidade trabalhada anteriormente, mas tomando como questionamentos:
suporte os conectores e o efeito de sentido que a es- • Qual a função do conector “Ao contrário” no texto?
colha do uso de determinado conector pode propor-
cionar no texto. • Que relação “pois” estabelece?
Estudante, na produção dos textos, é possível enfa- • Como o uso de “Pelo contrário” reforça o argumen-
tizarmos uma informação, proporcionar um efeito de to?
sentido mais expressivo no texto a partir da escolha
17
IMPORTANTE! invenção criativa por essa miséria ignoram os desa-
fios que explodiram com o capitalismo monopolista
• Quando o autor faz a escolha do uso da expressão
de sua terceira fase.”
“Ao contrário”, isso proporciona uma sinalização
ao leitor de que será introduzida uma ideia oposta Fonte: Brasil Escola - Exercícios sobre interpretação
de texto
ao que seria esperado.
• Além disso, o “pois”, no contexto apresentado, indi- No trecho, ao fazer a escolha da expressão “Ao
ca causa para o que foi dito anteriormente. mesmo tempo”, o efeito de sentido proporciona-
do no texto foi de:
• Ademais, o uso de “Pelo contrário” reforça o argu-
mento, ao destacar de forma enfática a oposição à A) Adição de informações complementares.
ideia inicial apresentada no texto de que a leitura
seria apenas um passatempo. Esse conector não B) Causa e consequência.
só nega essa visão limitada, mas também introduz
C) Condição para a ocorrência de um fato.
um contraponto positivo e significativo: a leitura é
uma ferramenta poderosa de transformação social. D) Finalidade das ações mencionadas.
Dessa forma, “Pelo contrário” ajuda a fortalecer a
argumentação, ao criar um contraste claro entre a E) Contraste entre duas ideias.
visão equivocada e a ideia defendida pelo autor,
evidenciando o papel fundamental da leitura no de-
senvolvimento do senso crítico. Questão 2 (Adaptada)

Estudante, faça a leitura do poema do Texto 2. Texto 2

Texto 2 “O combate ao verbalismo do barroco literário, já


extenuado, conferiu à Arcádia Portuguesa um cará-
“Se eu morrer amanhã, ter polêmico de renovação, em prol de uma literatura
ficará tudo na mesma: mais simples, mais natural, de acordo com os ideais
do século XVIII.”
os campos, as árvores, as nuvens,
Disponível em: Nosso Português - Exercícios conec-
as vozes, a mesma luz. tores

Só não estarão meus passos


No trecho apresentado, na escolha do uso do co-
nos caminhos que cruz.” nector “em prol de”, o autor proporcionou no tex-
(Cecília Meireles) to o efeito de sentido de:

Disponível em: Domínio Público - Cecília Meireles. A) Causa.

Estudante, atente para os questionamentos a seguir: B) Condição.

• No texto, ao escolher fazer o uso do conector “Se”, C) Oposição.


no início do poema, que efeito de sentido a autora
pretendia proporcionar? D) Finalidade.

• Qual é o efeito de “Só não estarão”, na última es- E) Consequência.


trofe?

VAMOS PRATICAR!
Com base no estudo realizado, chegou o momento
de você, estudante, exercitar, por meio de questões,
a habilidade de reconhecer o efeito de sentido decor-
rente da escolha de uma determinada palavra ou ex-
pressão; neste caso, por meio do uso de Conectores.
Questão 1 (Adaptada)
Texto 1
“A civilização ‘pós-moderna’ culminou em um
progresso inegável, que não foi percebido antecipa-
damente, em sua inteireza. Ao mesmo tempo, sob o
‘mau uso’ da ciência, da tecnologia e da capacidade
de invenção nos precipitou na miséria moral inexo-
rável. Os que condenam a ciência, a tecnologia e a

18
AULA 07
HABILIDADES D030_P. Reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador.

CONTEÚDO(S) Elementos da narrativa: enredo, espaço, tempo.

Estudante, esta é uma Sequência Didática que trata dos elementos da narrativa. Ela será composta de 04
(quatro) aulas que corresponderão às Aulas 07, 08, 09 e 10.
Na Aula 07, estudaremos os elementos enredo, espaço e tempo. Na Aula 08, dando continuidade aos elemen-
tos da narrativa, estudaremos os tipos de personagens. Já na Aula 09, estudaremos os tipos de narrador. Por
fim, na Aula 10, estudaremos os tipos de discurso.
Para organizar as ideias e os conceitos sobre os elementos da narrativa, observe o mapa mental abaixo, o qual
dará uma visão mais ampliada do que será tratado nas quatro aulas que fazem parte desta sequência didática.

Disponível em: https://mentalmapsbrasil.com.br/lingua-portuguesa/elementos-da-narrativa-mapas-mentais-lingua-portu-


guesa/. Acesso em: 15 de jan. 2024.

19
Estudante, o objetivo desta Aula 07 é apresentar as tivo em sua construção. Mesmo que não seja uma
características dos textos narrativos e seus elemen- fórmula textual rígida, os diferentes textos narrativos
tos constitutivos. Nas aulas seguintes, outros ele- geralmente apresentam-se de acordo com a seguinte
mentos da narrativa serão aprofundados. Entenda, estruturação:
primeiramente, a diferença entre tipologia textual e
gênero textual. ESTRUTURA DA NARRATIVA
A tipologia textual é a classificação de um texto com • Apresentação: também chamada de introdução,
base na sua estrutura e conteúdo, enquanto o gênero nessa parte inicial o(a) autor(a) do texto apresenta
textual é a classificação de um texto com base na sua os personagens, o local e o tempo em que se de-
função. senvolverá a trama.
• Desenvolvimento: aqui grande parte da história
TIPOLOGIA TEXTUAL é desenvolvida com foco nas ações dos persona-
• É uma classificação teórica que se baseia nas ca- gens.
racterísticas linguísticas e gramaticais de um texto.
• Clímax: parte do desenvolvimento da história, o
• É caracterizada por traços linguísticos predomi- clímax designa o momento mais emocionante da
nantes, como classes de palavras e estruturas sin- narrativa.
táticas.
• Desfecho: também chamado de conclusão, ele é
• Exemplos de tipos textuais: narração, descrição, determinado pela parte final da narrativa, onde a
injunção, dissertação. partir dos acontecimentos, os conflitos vão sendo
desenvolvidos.
GÊNERO TEXTUAL Nesta aula, vamos estudar três elementos de uma
• É uma classificação que se baseia na finalidade de narrativa enredo, espaço, tempo.
um texto e no contexto em que ele circula.
• É caracterizado por elementos como interlocutor,
ENREDO
contexto, função social e linguagem. Enredo é como chamamos a trama de uma narrativa.
Ele pode ser linear (os fatos são narrados de forma
• Exemplos de gêneros textuais: notícia, conto, rela-
cronológica) ou não linear (a ordem cronológica não
to, romance, receita, palestra.
é respeitada). De forma geral, o enredo é composto
Os tipos textuais delimitam e fornecem elementos es- por um acontecimento inicial, um ponto de mudança
truturais para os gêneros textuais, que são produzi- na narrativa e a resolução dos conflitos da história.
dos conforme os tipos.
O enredo é responsável por prender a atenção do(a)
Estudante, o(a) professor(a) lhe fará alguns questio- leitor(a) de uma narrativa.
namentos para propor uma atividade de escrita cole-
Como se faz um enredo?
tiva. Fique atento(a) às orientações que serão repas-
sadas por ele(a). Na construção do enredo, segundo o crítico literário
Jonathan Culler, é preciso:
TEXTO NARRATIVO • A existência de um acontecimento inicial, principal,
Os textos narrativos são aqueles que se caracterizam que desencadeia outros;
estruturalmente pela narração de acontecimentos re- • A ocorrência, em seguida, da “virada”, uma trans-
ais ou ficcionais. Nos textos desse tipo, são narra- formação;
dos acontecimentos, histórias ou situações, fictícias
ou verídicas, em ordem cronológica ou não. Nesses • A resolução, por fim, para a história.
textos, são apresentados personagens que se rela- Assim, o que prende o leitor e a leitora de uma nar-
cionam com os fatos, narrados em tempos e em es- rativa é essa mudança, que gera o conflito da obra.
paços específicos. Essa transformação pode estar relacionada a um
Temos contato com diversas narrativas em nosso acontecimento ou a um personagem, por exemplo.
cotidiano, desde as histórias contadas em notícias e Ela deve ser seguida da solução no final da obra,
reportagens apresentadas nos noticiários – que têm desfecho que dialoga com o início da narrativa. Essa
como objetivo informar – até os filmes, séries e nove- retomada mostra a potência desse desfecho, já que
las a que assistimos para entreter-nos. põe em evidência a transformação ocorrida durante
a história.
São exemplos de gêneros narrativos: novela, roman-
ce, contos, lendas, fábulas, entre outros. Exemplo de enredo:

Entre os textos narrativos, encontramos diferentes Dom Casmurro, de Machado de Assis.


gêneros que priorizam um ou outro elemento narra- O livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, é um

20
exemplo de enredo não linear. Afinal, o narrador do De acordo com a ordem da narração, o tempo pode
romance começa a história pelo final, quando Benti- ser:
nho está velho e tem a intenção de “atar as duas pon-
• Histórico, quando indica a época em que aconte-
tas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”.
ceu a narrativa.
Desse modo, o narrador-personagem passa a contar
fatos de sua adolescência. • Cronológico, quando segue uma ordem natural
dos acontecimentos - do início para o fim.
A partir daí, temos uma narrativa cronológica: Ben-
tinho e Capitu se apaixonam, precisam vencer um • Psicológico, quando não segue uma ordem natu-
obstáculo ao seu amor (o jovem é obrigado a ir para ral dos acontecimentos e mistura passado, presen-
um seminário e se tornar padre), depois se casam, te e futuro, podendo narrar do fim para o começo,
têm um filho, surge o ciúme de Bentinho e, por fim, por exemplo.
a eterna dúvida — Capitu traiu ou não traiu o seu Exemplo de tempo cronológico:
marido?
Semelhante ao tempo do relógio, ou seja, regular,
Assim, Machado de Assis inova ao negar uma solu- indicador dos segundos, minutos, horas, dias, sema-
ção final para o seu enredo. nas, meses e anos; enfim, o chamado tempo físico.
Assim, passado, presente e a projeção do futuro são
ESPAÇO bem demarcados. Como exemplo, vamos ler o trecho
Espaço é o local onde a narrativa se desenvolve. O do conto A nova Califórnia (1910), de Lima Barreto
espaço pode ser: (1881-1922):

• Físico (geográfico), quando se passa a história Havia já anos que o químico vivia em Tubia-
indicada seja por uma fazenda, uma cidade, uma canga, quando, uma bela manhã, Bastos o
praia, etc. São classificados em espaços fechados viu entrar pela botica adentro. O prazer do
(casa, quarto, hospital, etc.) ou abertos (ruas, vilas, farmacêutico foi imenso. O sábio não se
cidades, etc.). dignara até aí visitar fosse quem fosse e,
[...].
• Psicológico (social), quando não é revelado um
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/litera-
espaço físico, mas sim, um ambiente caraterizado tura/genero-narrativo.htm. Acesso em: 14 jan. 2025.
econômica ou moralmente.
Exemplo de espaço: Exemplo de tempo psicológico:

A escolha do espaço pode ser aleatória, mas pode Não está relacionado ao espaço, mas ao interior da
também estar diretamente associada às característi- personagem, é o tempo do fluxo de consciência,
cas da personagem, como no romance Vidas secas ocorrido na mente da personagem; portanto, é rela-
(1938), de Graciliano Ramos (1892-1953). O espaço tivo, possibilitando a indefinição das fronteiras entre
dessa narrativa, caracterizado pela seca, determina o presente, passado e futuro, como podemos ver neste
caráter das personagens, que acabam assimilando, trecho do romance A paixão segundo G.H. (1964), de
em suas personalidades, a brutalidade e sequidão do Clarice Lispector (1920-1977):
ambiente: Oh, meu amor desconhecido, lembra-te de
Era bruto, sim senhor, nunca havia apren- que eu estava ali presa na mina desabada,
dido, não sabia explicar-se. Estava preso e que a essa altura o quarto já se tornara
por isso? Como era? Então mete-se um ho- de um familiar inexprimível, igual ao fami-
mem na cadeia porque ele não sabe falar liar verídico do sonho. E, como do sonho,
direito? Que mal fazia a brutalidade dele? o que não te posso reproduzir é a cor es-
Vivia trabalhando como um escravo. De- sencial de sua atmosfera. Como no sonho,
sentupia o bebedouro, consertava as cer- a ‘lógica’ era outra, era uma que não faz
cas, curava os animais — aproveitara um sentido quando se acorda, pois a verdade
casco de fazenda sem valor. Tudo em or- maior do sonho se perde.
dem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Mas lembra-te que isso tudo acontecia eu
Quem tinha culpa? acordada e imobilizada pela luz do dia, e
Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/ a verdade um sonho estava se passando
estudo/vidas-secas-resumo-obra-de-graciliano-ra- sem a anestesia da noite. Dorme comigo
mos. Acesso em 13 jan. 2025. acordado e só assim poderás saber de
meu sono grande e saberás o que é o de-
TEMPO serto vivo.

Tempo é o período em que a história se passa, con- De súbito, ali sentada, um cansaço todo
siderando a época, a duração, a ordem da narração. endurecido e sem nenhuma lassidão me
tomara. Um pouco mais e ele me petrifica-

21
ria. Estudante, após a leitura e diálogo do conto, analise
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/litera- os elementos que compõem a narrativa, responden-
tura/genero-narrativo.htm. Acesso em: 14 jan. 2025. do às perguntas abaixo.
Questão 1. Onde aconteceu a história?
Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado
de Assis, o tempo é psicológico, porque não segue __________________________________________
uma ordem natural dos acontecimentos. A história co- __________________________________________
meça com o enterro do narrador que, depois, narra a __________________________________________
sua infância e juventude. __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
VAMOS PRATICAR!
Estudante, com base no estudo realizado, chegou o Questão 2. Podemos considerar o espaço aberto
momento de você exercitar a habilidade de reconhe- ou fechado?
cer os elementos que compõem uma narrativa e o __________________________________________
conflito gerador. __________________________________________
Faça a leitura silenciosa do conto, a seguir. __________________________________________
__________________________________________
A disciplina do amor __________________________________________
Foi na França, durante a Segunda Grande guer- __________________________________________
ra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias,
pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Posta-
va-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Questão 3. Que palavras ou expressões do texto
Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e indicam lugar?
na maior alegria acompanhava-o com seu passinho __________________________________________
saltitante de volta à casa. A vila inteira já conhecia __________________________________________
o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe __________________________________________
festinhas e ele correspondia, chegava até a correr __________________________________________
todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar __________________________________________
atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento __________________________________________
em que seu dono apontava lá longe.
Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jo-
vem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de Questão 4. Quando a história aconteceu?
esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, __________________________________________
fixo o olhar naquele único ponto, a orelha em pé, __________________________________________
atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presen- __________________________________________
ça do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele vol- __________________________________________
tava para casa e levava sua vida normal de cachorro, __________________________________________
até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, __________________________________________
como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao
posto de espera. O jovem morreu num bombardeio
mas no pequeno coração do cachorro não morreu a Questão 5. O tempo é cronológico ou psicológi-
esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em co?
vão. Quando ia chegando àquela hora ele disparava __________________________________________
para o compromisso assumido, todos os dias. __________________________________________
Todos os dias, com o passar dos anos (a memó- __________________________________________
ria dos homens!) as pessoas foram se esquecendo __________________________________________
do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva __________________________________________
com um primo. Os familiares voltaram-se para ou- __________________________________________
tros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o
cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem
partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pes- Questão 6. Que palavras ou expressões do texto
soas estranhavam, mas quem esse cachorro está indicam tempo?
esperando… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o __________________________________________
focinho voltado para aquela direção. __________________________________________
TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Dis- __________________________________________
ponível em: https://armazemdetexto.blogspot. __________________________________________

22
__________________________________________ Os personagens são colocados em um mundo irreal
__________________________________________ ou mesmo realista, estando ao mesmo tempo sujei-
tos a decisões e passando por um processo cognitivo
de escolha obrigatória.
Questão 7. Quem são os personagens?
__________________________________________ A IMPORTÂNCIA DOS PERSONAGENS
__________________________________________ PARA A NARRATIVA
__________________________________________ Ao elaborar um texto, você precisa ter em mente qual
__________________________________________ é o seu objetivo perante o seu público.
__________________________________________
__________________________________________ Assim, há a possibilidade de criar uma narrativa que
consiga atingir esse diferencial. Se não houver um in-
tuito claro desde o início, o texto por si só tem o risco
Questão 8. Quais são os momentos da narrativa: de não transmitir a mensagem necessária.
situação inicial, conflito, clímax e desfecho? Nesse sentido, os personagens exercem uma impor-
__________________________________________ tante influência para alcançar esse intuito. Afinal, é
__________________________________________ por meio deles que conseguimos dar vida à fantasia
__________________________________________ fictícia.
__________________________________________ Para muitos escritores, esse é o ponto mais difícil de
__________________________________________ imaginar e de desenvolver em uma história. Muitos
__________________________________________ atribuem isso à enorme dificuldade de entrar em uma
pele diferente da nossa.
Para driblar esse obstáculo, é preciso adotar pontos
AULA 08 de vista que, às vezes, não têm nada a ver com os
dos escritores. Não importa se é sobre opiniões, valo-
D030_P. Reconhecer os ele-
res, sentimentos, emoções e pensamentos. Ou sim-
HABILIDADES mentos que compõem uma
plesmente sobre formas de ver o mundo em geral.
narrativa e o conflito gerador.
Elementos da narrativa: tipos de
Os personagens são aquelas criaturas misteriosas
CONTEÚDO(S) personagens. e por vezes completamente estranhas à nossa pró-
pria consciência. No entanto, o(a) escritor(a) precisa
construí-los bem, se quiser dar vida à sua história.
Estudante, daremos continuidade à nossa sequên-
cia didática. Nesta Aula 08, vamos trabalhar os tipos Afinal, uma história sem os tipos de personagens cer-
de personagens que aparecem em textos narrativos. tos acaba por ser uma história vazia e insubstancial.
O texto narrativo pode ser entendido como aquele Em algumas situações, os personagens nem são
que, de forma progressiva, expõe as mudanças de humanos, mas, sem dúvida, serão sempre acompa-
estado que acontecem com objetos, cenários e pes- nhados por um narrador humano, ou ao menos com
soas através do tempo. Em relação à sua composi- características que lembram as humanas.
ção, os personagens têm papel importante na cons-
trução do enredo - história, visto que é a partir da OS TIPOS DE PERSONAGENS
ação deles que a progressão dos acontecimentos se Descreveremos os 7 tipos de personagens mais ca-
desenvolverá. racterísticos nas narrativas. Esses tipos se repetem e
Veja a definição de personagem e depois note a im- se encaixam tanto em romances de literatura clássica
portância dos personagens em textos narrativos. quanto em narrativas em vídeo.

PERSONAGEM PROTAGONISTA
Podemos definir o personagem como o caráter de Os protagonistas são um daqueles tipos de persona-
cada um dos seres, sobrenaturais ou simbólicos, gens nos quais o enredo é centrado. É o personagem
concebidos pelo(a) autor(a)/escritor(a)/redator(a), principal. É o protagonista quem tem a preponderân-
que, dotados de uma vida própria, participam da ação cia dentro do trabalho.
de uma obra, seja ela literária ou audiovisual. São os personagens que capturam a atenção, estan-
Sendo ele mesmo a representação fictícia de um ser, do presentes em todo o trabalho ou na maior parte
com certa personalidade adquirida, o personagem dele. Há uma maior profusão deles em termos de de-
tem a capacidade de atuar em um conflito, com um talhes, dando atributos como bondade, força, cora-
papel principal. Ou, pelo contrário, secundário, mas gem, arrogância etc.
contribuindo com ideias decisivas que o resolvam. Muitas vezes, o protagonista se opõe a um antago-
23
nista ou enfrenta os vários desafios que o enredo co- jo do assassino de se afastar dele. Esse é o objetivo
loca em seu caminho. Ainda, costuma ser o foco de da superfície.
atenção das narrações.
O objetivo real é a competição pela versão da “verda-
de” que será conhecida. Será que um assassino será
FALSO PROTAGONISTA pego de alguma forma? O assassino certo vai para
O falso protagonista é um dos tipos de personagens a cadeia pelo crime? Quem o público pensará que
tidos como um recurso narrativo que, embora tenha cometeu o crime?
nascido na literatura, tem sido muito utilizado na ci- O oponente deve ser necessário ao protagonista. Ele
nematografia. é a única pessoa que pode atacar implacavelmente
Ele é chamado para qualquer narração na qual o en- a maior fraqueza do personagem principal. Por isso,
redo parece se desdobrar em torno de certo persona- ele deve ser tão complexo e valioso quanto o prota-
gem. No entanto, em algum momento da história, a gonista e igualmente humano.
ação acontecerá com outra pessoa. É possível construir um conjunto de oponentes que
Esse método é ideal para confundir os espectadores, atacam a maior fraqueza do protagonista de manei-
embora seja usual nos primeiros momentos de ação. ras diferentes.
Caso contrário, pode ser frustrante para o público, Diferentemente do antagonista, o oponente é um de-
por isso, o tempo disponível para desenvolvê-lo é safio passageiro na jornada do protagonista, e não o
muito breve. desafio final.

COPROTAGONISTA COADJUVANTE
É um dos tipos de personagens com a segunda maior Os coadjuvantes são tipos de personagens que têm
relevância na história. Ele se relaciona intimamente sua importância em um enredo menor que o dos pro-
com o protagonista e geralmente o acompanha em tagonistas. No entanto, em momentos diferentes,
sua jornada. eles tomam suas ações, declarações e intervenções,
O coprotagonismo pode ser exercido por apenas um ajudando na coerência do enredo e no seu desenvol-
ou por mais personagens. Eles também podem ser vimento.
usados como narradores da jornada do protagonista, Nesse sentido, sua entrada ou saída do enredo, as-
em um recurso para oferecer ainda mais grandeza à sim como suas ações, complementam as dos perso-
jornada que o protagonista passa. nagens principais.

ANTAGONISTA FIGURANTE
O antagonista é geralmente um personagem ou um O figurante tem uma função apenas ilustrativa, ou
grupo de personagens que se opõem ao personagem seja, são tipos de personagens que não se relacio-
principal da história, o protagonista. nam diretamente ou em nada com o enredo, bem
Ele também pode ser uma força ou instituição, como como com nenhum outro personagem relevante. Ele
um governo ou uma grande corporação, com a qual o é apenas uma composição de cena.
protagonista deve competir. Estudante, nem sempre o personagem principal será
Geralmente, o antagonista possui força equivalente uma pessoa. Você sabia disso? O vilão de uma histó-
ou superior ao do protagonista, que deverá, então, ria, por exemplo, pode ser uma doença ou algum ou-
se esforçar para derrotá-lo. Além disso, esses tipos tro obstáculo que esteja desequilibrando a narrativa.
de personagem, em específico, costumam apresen- Exemplos:
tar características exatamente opostas às do prota-
gonista. Na obra de Aluísio de Azevedo “O cortiço”, é este
local que figura como personagem principal.
Por exemplo, se em uma história o protagonista é
pobre e à margem da sociedade, o antagonista será Na literatura mais recente, como a trilogia de “O Se-
alguém rico e bem relacionado. nhor dos Anéis”, escrita pelo linguista J. R.R. Tolkien,
um objeto ocupa o lugar de personagem principal: o
anel. Por mais que haja herói e vilão, o anel é o per-
OPONENTE
sonagem principal.
Um verdadeiro oponente está em competição com o
Estudante, depois da explanação dos tipos de perso-
protagonista e quer impedir que o herói atinja seu de-
nagens de uma narrativa, o(a) professor(a) irá apre-
sejo. O objetivo real é muitas vezes escondido e per-
sentar a obra Campo Geral que é uma novela (tipo
manece oculto, mas é exatamente o que une os dois.
de gênero narrativo), de João Guimarães Rosa. Ela
Por exemplo, uma história de detetive não é sobre o conta a história do menino Miguilim, que mora, com
desejo de um detetive de pegar o assassino e o dese- a família, em Mutum, no estado de Minas Gerais. Ali,

24
ele vive sua infância em meio à natureza. Apesar de • Vaqueiro Jé
ter outros irmãos, Miguilim tem um carinho especial
• Vaqueiro Salúz
por Dito. O narrador relata os fatos pela perspectiva
de Miguilim, de forma a mostrar que ele é um indiví- • Vó Benvinda: mãe de Nhanina
duo complexo e que, apesar de criança, carrega em • Vovó Izidra: tia de Nhanina
si questões existenciais. Assim, o menino, como bom
observador, consegue perceber a tensão existente
entre seu pai e sua mãe.
VAMOS PRATICAR!
Assista à videoaula de 9 min sobre Campo Geral,
que o(a) professor(a) irá apresentar. Estudante, com base no estudo realizado, chegou o
momento de você exercitar a habilidade de reconhe-
cer os elementos que compõem uma narrativa e o
conflito gerador.
Junte-se com mais dois colegas para que possam
construir um personagem antagônico.
Construir um personagem antagônico envolve um
processo cuidadoso e criativo para desenvolver um
personagem que desafie e contrarie o protagonista.
Um bom antagonista é essencial para manter a ten-
são e o conflito em uma história, e, quando bem de-
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/lite- senvolvido, pode tornar-se tão memorável quanto o
ratura/campo-geral-guimaraes-rosa.htm#Resumo+-
da+obra+Campo+geral, Acesso em: 04 jan. 2025.
protagonista.

Esta videoaula nos mostra que cada uma das perso-


nagens que passam pela vida de Miguilim tem signi- Abaixo está um passo a passo para construir um
ficado na vida dele, relacionado a alguma emoção ou personagem antagônico:
reflexão. 1. Defina a função do antagonista na história:
Identifique o papel e a importância do antagonista
na trama. Compreender a função dele ajudará a
Personagens da obra Campo Geral: moldar seu desenvolvimento.
• Irmãos de Miguilim: 2. Estabeleça motivações e objetivos claros: Pen-
» Chica ou Maria Francisca Cessim Caz se no que o personagem deseja e porque ele age
de maneira a contrariar o protagonista.
» Dito ou Expedito José Cessim Caz
3. Crie uma história de fundo: Desenvolva a história
» Drelina ou Maria Adrelina Cessim Caz de fundo do antagonista, incluindo eventos passa-
» Liovaldo dos, experiências e relacionamentos que molda-
ram seu caráter e suas ações.
» Tomézinho ou Tomé de Jesus Cessim Caz
4. Desenvolva características e personalidade:
• José Lourenço
Pense em traços de personalidade, habilidades e
• Luisaltino fraquezas que façam do antagonista um persona-
• Mãe ou Nhanina: mãe de Miguilim gem interessante e multifacetado.

• Mãitina 5. Crie um relacionamento dinâmico com o prota-


gonista: Um bom antagonista geralmente tem uma
• Majéla ou Patorí: filho do Seo Deográcias relação complexa e multifacetada com o protago-
• Maria Pretinha nista. Desenvolver esse relacionamento tornará a
dinâmica entre os personagens mais envolvente e
• Miguilim: protagonista emocionante.
• Osmundo Cessim: irmão de Nhanina 6. Evite estereótipos e clichês: Tente evitar a cria-
• Pai, Bero, Berno ou Bernardo Caz: pai de Miguilim ção de um antagonista que seja um estereótipo ou
clichê, como o “vilão de bigode retorcido” ou o “gê-
• Rosa
nio do mal”. Em vez disso, busque criar um perso-
• Seo Aristeu nagem único e original que surpreenda e desafie
• Seo Deográcias as expectativas do(a) leitor(a).

• Tio Terêz: tio de Miguilim 7. Reveja e ajuste conforme necessário: À medi-


da que a história se desenvolve, revise e ajuste o

25
antagonista conforme necessário para garantir que os elementos que compõem uma narrativa e o con-
ele permaneça coerente e relevante à trama. flito gerador.
Lembre-se de que o processo de criação de um per- Em uma narrativa, a história é contada por alguém
sonagem antagônico pode ser tão complexo e gratifi- e esse papel é desempenhado pelo narrador. O nar-
cante quanto o desenvolvimento do protagonista. rador pode relatar os fatos a partir de perspectivas
diferentes, o que pode transformá-lo em um persona-
Um antagonista bem desenvolvido enriquecerá a nar-
gem, um observador ou um ser onisciente.
rativa e manterá o interesse do(a) leitor(a) do início
ao fim. Nesta Aula 09, vamos trabalhar os tipos de narrador
que aparecem em textos narrativos e suas caracte-
__________________________________________
rísticas.
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__________________________________________ Crédito da Imagem: Shutterstock. Disponível em:
https://www.portugues.com.br/literatura/tipos-de-nar-
__________________________________________ rador.html. Acesso em: 03 jan.2025.
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________ NARRADOR
__________________________________________ É aquele que conta a história, é o principal elemento
__________________________________________ da estrutura de uma narrativa. Também chamado de
__________________________________________ foco narrativo, representa a voz do texto.
__________________________________________
__________________________________________ O foco narrativo é a maneira de se narrar. Em um
__________________________________________ texto narrativo, é o narrador quem determina o foco,
__________________________________________ isto é, o ponto de vista.
__________________________________________ No entanto, há fundamentalmente dois modos de se
__________________________________________ narrar: em primeira pessoa ou em terceira pessoa.
__________________________________________ É possível observar em diferentes obras formas di-
__________________________________________ versas de expressão do ponto de vista.
__________________________________________
__________________________________________ COMO DEFINIR O FOCO NARRATIVO
__________________________________________
__________________________________________ Para uma melhor definição do foco narrativo vejamos
__________________________________________ as questões a seguir. Com base nessas perguntas, é
possível definir os tipos de narrador ou os modos e
pontos de vista apresentados no texto narrativo.

AULA 09
• Quem conta a história? E como ela é contada?
D030_P. Reconhecer os ele-
HABILIDADES mentos que compõem uma Essas perguntas são importantes, pois definirão se o
narrativa e o conflito gerador. narrador será participante da história e de que forma
ele participará dela (sendo personagem ou testemu-
Elementos da narrativa: tipos de
CONTEÚDO(S) narrador.
nha, por exemplo).

Estudante, esta é a terceira aula da nossa sequência • Qual é a posição ou ângulo assumido por quem
didática, correspondente à habilidade de reconhecer conta a história?

26
A posição ou ângulo assumido pela personagem dá e quem narra é um coadjuvante que evidencia a
indícios do envolvimento dela com a narrativa. Ela vê protagonista. A narrativa é construída, portanto,
os acontecimentos de cima? — posição privilegiada sob o ponto de vista de uma personagem que,
que concede uma visão ampla, porém superficial. Na dada a sua proximidade com a protagonista,
periferia? — posição à margem, mas profunda. consegue aproximá-la do leitor.
São essas algumas perguntas que complementam » Há, assim como no caso do narrador perso-
as indagações iniciais. Dentro da lógica exposta, o nagem protagonista, um fator de parcialidade.
narrador personagem é mais intenso em seus an- A testemunha ou coadjuvante descreve a ou-
seios, enquanto o narrador observador, por falta de tra personagem a partir do seu olhar. Ela pode
acesso ao conteúdo interno das outras personagens, achar o outro inteligente e sagaz, por exemplo,
é mais superficial. e, como não existe um contraponto, o leitor
constrói a mesma imagem parcial feita pela tes-
temunha.
• Quais são os canais de informação utilizados
para comunicar a história ao leitor? NARRADOR EM TERCEIRA PESSOA
O objetivo dessa pergunta é saber se há um ponto de Existem três tipos de narrador em terceira pessoa:
vista embasado em frases ditas ou pensamentos. O
narrador onisciente consegue acessar pensamentos • Narrador observador:
e emoções. Por outro lado, o observador ou o perso- » Conta uma história como alguém que a percebe
nagem testemunha não tem essa capacidade. de fora, sem participar ativamente dela.
» Por estar distante, a relação não é íntima. Preva-
• Qual é a distância estabelecida entre o leitor e lece certa neutralidade.
o narrador? » O distanciamento entre narrador e personagens
O narrador está próximo ou distante do leitor? Quan- acaba direcionando um foco maior aos acon-
to mais subjetivo ele for, maior a possibilidade de se tecimentos da narrativa (enredo) e menor às
estabelecer proximidade com o leitor. Por outro lado, emoções e anseios das personagens. O conhe-
quanto menos subjetivo, mais distante o narrador fica cimento das personagens por esse tipo de nar-
do leitor. O narrador personagem protagonista, por rador é mais superficial, com poucos detalhes.
exemplo, consegue estabelecer uma aproximação
muito maior do que o narrador observador.
• Narrador onisciente neutro:
OS TIPOS DE NARRADOR » De forma distinta do narrador observador, este
conhece intimamente todas as personagens. Ele
O texto narrativo pode apresentar dois tipos de nar-
sabe de todas as emoções e pensamentos das
rador.
personagens, mas procura agir de forma neutra,
não os revelando repentinamente.
NARRADOR EM PRIMEIRA PESSOA
» É imparcial e não tem intenção de influenciar o
Existem dois tipos de narrador em primeira pessoa: leitor, ou seja, prevalece a neutralidade.
• Narrador personagem protagonista: » Por possuir acesso ao que é íntimo (emoções e
» Possui relação íntima com a narrativa, pois ela pensamentos), ele sai da superficialidade e vai
gira em torno do narrador. mais a fundo, provocando maior imersão do lei-
tor na condição das personagens.
» Sua visão é subjetiva, isto é, traz a opinião, as
emoções, os sentimentos e os pensamentos do
narrador. • Narrador onisciente intruso:
» Estabelece uma relação de proximidade e, em Assim como o narrador onisciente neutro, conhece
consequência, de parcialidade. O narrador apre- as emoções e pensamentos das personagens.
senta ao leitor situações particulares que outras
personagens desconhecem. Nesse aspecto, o Dá profundidade às personagens. No entanto, de for-
texto é também parcial, pois só se tem acesso à ma distinta do narrador onisciente neutro, emite opi-
opinião do narrador protagonista, não havendo nião e procura induzir o leitor a concordar com ele.
espaço para o outro ângulo da situação. Prevalece, portanto, a parcialidade.
Estudante, depois das explicações sobre os tipos
de narrador, leia os fragmentos a seguir e identifique
• Narrador personagem testemunha: neles, qual o tipo de narrador, em que pessoa eles
» A narrativa gira em torno de outra personagem, se apresentam e aponte as características do tipo de

27
narrador. insignificantes ou banais que não pude me
sentir justificado em expô-los perante o pú-
Fragmento 1:
blico.
O rosto de Spade estava calmo. Quando (Arthur Conan Doyle)
seu olhar encontrou o dela, seus olhos
amarelo-pardos brilhavam por um instante
com malícia e depois tornaram-se de novo
inexpressivos — Foi você que fez isso? Qual o tipo de narrador?
— perguntou Dundy à moça, mostrando __________________________________________
com a cabeça a testa ferida de Cairo. Ela __________________________________________
olhou de novo para Spade, que não corres- __________________________________________
pondeu absolutamente ao apelo dos seus
olhos. Encostado ao batente, observava os
circunstantes com ar educado e desprendi- Em que pessoa ele se apresenta?
do de um espectador desinteressado. __________________________________________
(O falcão maltês, Dashiel Hammett). __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Qual o tipo de narrador? __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________ Qual(is) a(s) característica(s) desse tipo de nar-
rador?
Em que pessoa ele se apresenta? __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Qual(is) a(s) característica(s) desse tipo de nar-
rador?
__________________________________________ VAMOS PRATICAR!
__________________________________________ Estudante, com base no estudo realizado, chegou o
__________________________________________ momento de você exercitar a habilidade de reconhe-
__________________________________________ cer os elementos que compõem uma narrativa e o
__________________________________________ conflito gerador.
__________________________________________
__________________________________________ Analise com cuidado as duas questões a seguir. De-
__________________________________________ pois, responda o porquê de ter chegado a esses ga-
__________________________________________ baritos. Quais características foram marcantes para
fazer você chegar a esses resultados.
Leia e responda às questões.
Fragmento 2:
O ESTUDANTE
Passando os olhos na série um tanto incoe-
rente de casos com que procurei ilustrar al- Meu nome é Roberto. Tenho 15 anos. Estou es-
gumas das peculiaridades mentais de meu crevendo a vocês porque preciso desabafar a grande
amigo Sherlock Holmes, impressionou-me dor que queima lá dentro. Poderia desabafar com um
a dificuldade que tive em escolher exem- parente qualquer. Mas a mágoa é grande demais, tão
plos que atendessem a meu propósito sob grande que transborda do meu coração e enche o
todos os aspectos. Pois naqueles casos em universo.
que Holmes realizou algum tour de force de Então fiquei horas e horas em meu quarto, indo
raciocínio analítico e demonstrou o valor de de um lado para o outro, num desespero sem fim,
seus métodos peculiares de investigação, até que uma luz clareou o meu cérebro. Então, sen-
os próprios fatos foram muitas vezes tão tei-me e comecei a lhes escrever. Vocês, por favor,
28
perdoem a letra trêmula que não vem de meu estado os elementos que compõem uma narrativa e o con-
emocional, mas sim da terra úmida que cai de minha flito gerador.
mão, apesar de já fazer horas que as enchi e não tive
Nesta Aula 10, vamos trabalhar os tipos de discursos
coragem de jogar sobre o caixão de meu irmão.
que aparecem em textos narrativos.
CARRARO, Adelaide. Disponível em: https://www.
tudosaladeaula.com/2023/03/simulado-sobre-os-ele- Você sabia que para introduzir as falas e os pensa-
mentos-da-narrativa-descritor-10-saeb-9o-ano/#goo- mentos dos personagens são utilizados, no gênero
gle_vignette. Acesso em: 04 jan. 2025. narrativo, tipos de discursos e que seu uso varia de
acordo com a intenção do narrador?
Questão 1. O trecho abaixo que aponta um narra-
dor personagem é:
A) “... a grande dor que queima...”
B) “Mas a mágoa é grande...”
C) “Então fiquei horas e horas.”
D) “... tão grande que transborda.”

CLÍCIE
Clície era uma ninfa aquática apaixonada por
Apolo, o deus do sol. Como Apolo não correspondia
ao seu amor, ela ficou debilitada e passou a sentar
Disponível em: https://youtu.be/3sYto6OMF54?-
por vários dias no chão frio, se alimentando de suas si=AU8coYP1usAX1yj_. Acesso em: 10 jan.2025.
próprias lágrimas e do orvalho.
Para Clície, apenas o sol, representando sua pai- Estudante, assista ao vídeo acima, da Profa. Lis, so-
xão por Apolo, importava. Ela passou a acompanhar bre os tipos de discurso, no canal “Português sem en-
todo o seu percurso, desde o nascer até o crepús- rolação”. O vídeo tem apenas 4 minutos e apresenta,
culo. Assim, seus pés se enraizaram no chão e seu de forma resumida, os tipos de discursos.
rosto tornou-se uma flor que gira sobre sua própria Tipos de discursos:
haste, voltada sempre para o sol, recebeu o nome de
girassol. DISCURSO DIRETO
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/. No discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua
Acesso em: 04 jan. 2025. narração e passa a citar fielmente a fala do persona-
gem.
Questão 2. Quem conta essa história é um
O objetivo desse tipo de discurso é transmitir au-
A) narrador que conhece o pensamento das perso- tenticidade e espontaneidade. Assim, o narrador se
nagens. distancia do discurso, não se responsabilizando pelo
que é dito.
B) narrador que faz interferências durante a história.
Pode ser também utilizado por questões de humilda-
C) narrador que observa os acontecimentos para de- de - para não falar algo que foi dito por um estudioso,
pois narrá-los. por exemplo, como se fosse de sua própria autoria.
D) personagem que narra os fatos acontecidos com
ele.
Características do Discurso Direto:
• Utilização dos verbos da categoria dicendi, ou seja,
aqueles que têm relação com o verbo “dizer”. São
AULA 10 chamados de “verbos de elocução”, a saber: falar,
responder, perguntar, indagar, declarar, exclamar,
D030_P. Reconhecer os ele-
dentre outros.
HABILIDADES mentos que compõem uma
narrativa e o conflito gerador. • Utilização dos sinais de pontuação: travessão, ex-
Elementos da narrativa: tipos de clamação, interrogação, dois pontos, aspas.
CONTEÚDO(S) narrador. • Inserção do discurso no meio do texto - não neces-
sariamente numa linha isolada.
Estudante, esta é a quarta aula da nossa sequência
didática, correspondente à habilidade de reconhecer

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Exemplos de Discurso Direto:
Discurso Direto Discurso Indireto
1. Os formados repetiam: “Prometo cumprir meus de-
Sou a pessoa com
veres e respeitar meus semelhantes com firmeza e
honestidade.” quem falou há pouco.
(enunciado no presen-
2. O réu afirmou: “Sou inocente!”
te)
3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar:
Não li o jornal hoje.
- Alô, quem fala?
(enunciado no pretérito
- Bom dia, com quem quer falar? - respondeu com perfeito)
tom de simpatia.
O que fará relativa-
DISCURSO INDIRETO mente sobre aquele
No discurso indireto, o narrador da história interfe- assunto? (enunciado no
re na fala do personagem preferindo suas palavras. futuro do presente)
Aqui não encontramos as próprias palavras do per- Não me ligues mais!
sonagem.
(enunciado no modo
imperativo)
Características do Discurso Indireto: Isto não é nada agra-
• O discurso é narrado em terceira pessoa. dável. (pronome de-
• Algumas vezes são utilizados os verbos de elocu- monstrativo - 1.ª pes-
ção, por exemplo: falar, responder, perguntar, inda- soa)
gar, declarar, exclamar. Contudo, não há utilização
Vivemos muito bem
do travessão, pois geralmente as orações são su-
bordinadas, ou seja, dependem de outras orações, aqui. (advérbio de lugar
o que pode ser marcado, por meio da conjunção aqui)
“que” (verbo + que).
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/
discurso-direto-indireto-e-indireto-livre/. Acesso em:
Exemplos de Discurso Indireto: 12 jan. 2025.

1. Os formados repetiam que iriam cumprir seus de-


veres e respeitar seus semelhantes com firmeza e DISCURSO INDIRETO LIVRE
honestidade.
No discurso indireto livre há uma fusão dos tipos de
2. O réu afirmou que era inocente. discurso (direto e indireto), ou seja, há intervenções
3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cum- do narrador, bem como da fala dos personagens.
primentou e perguntou quem estava falando. Do Não existem marcas que mostrem a mudança do dis-
outro lado, alguém respondeu ao cumprimento e curso. Por isso, as falas dos personagens e do narra-
perguntou com tom de simpatia com quem a pes- dor - que sabe tudo o que se passa no pensamento
soa queria falar. dos personagens - podem ser confundidas.
Estudante, depois das explicações do(a) profes-
sor(a) sobre Discurso Direto e Discurso Indireto, faça
Características do Discurso Indireto Livre:
a transposição do Discurso Direto (coluna à esquer-
da) para o Discurso Indireto (coluna à direita) do qua- • Liberdade sintática.
dro abaixo. • Aderência do narrador ao personagem.
Verifique se as alterações feitas moldam o discurso
de acordo com a intenção pretendida.
Exemplos de Discurso Indireto Livre:
Transposição do Discurso Direto para o Indireto:
1. Fez o que julgava necessário. Não estava arrepen-
Discurso Direto Discurso Indireto dido, mas sentia um peso. Talvez não tenha sido
suficientemente justo com as crianças…
Preciso sair por alguns
instantes. (enunciado 2. O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos
lá, eu sei que consigo!
na 1.ª pessoa)
3. Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o
dia assistindo televisão!
30
Nas orações destacadas, os discursos são diretos, B) relatada sem marcas linguísticas que permitam
embora não tenha sido sinalizada a mudança da fala distinguir as palavras do escritor das palavras do au-
do narrador para a do personagem. tor do texto.
C) transcrita diretamente embora não seja possível
VAMOS PRATICAR!
identificar as marcas formais comumente usadas
Estudante, com base no estudo realizado, chegou o nessa forma de discurso relatado.
momento de exercitar a habilidade de reconhecer os
elementos que compõem uma narrativa e o conflito D) relatada indiretamente sem que as regras gramati-
gerador. cais para esse fim fossem seguidas adequadamente
pelo autor do texto.
Analise com cuidado as questões a seguir. Depois,
responda o porquê de ter chegado a esses gabari- E) apresentado de maneira interpretativa, misturando
tos. Quais características foram marcantes para fazer fatos e proporção do autor sobre a decisão do escri-
você chegar a esses resultados? tor.
Questão 1. (Fuvest-2000)
Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, Questão 3. (ESAN) Adaptada
franziu a testa, achando a frase extravagante. Aves Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos
matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a mu- pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo
lher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvarian- coberto de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou
do. na mulher e suspirou. Coitada de Sinhá Vitória, no-
(Graciliano Ramos, Vidas secas) vamente nos descampados, transportando o baú de
folha.
Uma das características do estilo de Vidas Secas
Vidas Secas. Graciliano Ramos.
é o uso do discurso indireto livre, que ocorre no
trecho: No trecho, verificamos a presença do narrador
A) “sinha Vitória falou assim”. de uma forma que usualmente é conhecida como
discurso indireto livre. Considerando a voz desse
B) “Fabiano resmungou”. narrador no texto lido, verificamos que
C) “franziu a testa”. A) sua voz se mistura com a da personagem, dando
a impressão de que não há diferença entre eles, po-
D) “que lembrança”. dendo, inclusive, confundir o leitor.
E) “olhou a mulher”. B) sua voz se mantém distinta da voz do persona-
gem, apresentando as decisões de forma objetiva e
sem interferência emocional.
Questão 2. (Ufu) Adaptada
Por que Raduan Nassar parou de escrever? Essa C) ele reproduz fielmente as falas e pensamentos
pergunta com ares novelescos continua um enigma do personagem, utilizando marcas formais típicas do
inexplicado. Depois de se preparar por 20 anos, a discurso direto.
consagração veio junto com a estreia no lançamen- D) há um distanciamento completo entre a voz do
to do romance “Lavoura Arcaica” (1975), seguido de narrador e o personagem, de modo que os pensa-
outro êxito atordoante, a novela “Um Copo de Cólera” mentos do personagem são apenas descritos, sem
(1978). No auge de uma carreira recém-começada, se misturarem à narração.
as traduções de vento em popa, quando seus leito-
res antecipam proezas ainda maiores que estavam E) o narrador assume um papel onisciente, expondo
por vir, de repente o escritor paulista anunciou que as emoções do personagem de maneira totalmente
passava a arar outras terras, trocava a literatura pela independente, sem adotar sua perspectiva.
agricultura […].
FRIAS FILHO, O. O silêncio de Raduan. Folha de S.
Paulo, 10 out. 1996.

Na coluna publicada no jornal Folha de São Paulo


em outubro de 1996, a informação sobre o aban-
dono da literatura pelo escritor Raduan Nassar foi
A) transcrita sob a forma de discurso indireto introdu-
zido por um verbo de dizer que pode ser considerado
sinônimo de declarar.

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REFERÊNCIAS

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