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A Petição Perfeita - Direito de Família

O documento apresenta um guia detalhado sobre como elaborar uma petição inicial eficaz, destacando os requisitos mínimos do Código de Processo Civil e a importância de cada elemento, como endereçamento, qualificação das partes, fatos e fundamentos jurídicos, pedidos, valor da causa e provas. Além disso, aborda a necessidade de gratuidade da justiça e tutela provisória, bem como dicas práticas para melhorar a apresentação da petição. O autor, Prof. Paulo Sousa, compartilha sua experiência e conhecimentos na área jurídica para auxiliar advogados em formação.

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felipe.villano10
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A Petição Perfeita - Direito de Família

O documento apresenta um guia detalhado sobre como elaborar uma petição inicial eficaz, destacando os requisitos mínimos do Código de Processo Civil e a importância de cada elemento, como endereçamento, qualificação das partes, fatos e fundamentos jurídicos, pedidos, valor da causa e provas. Além disso, aborda a necessidade de gratuidade da justiça e tutela provisória, bem como dicas práticas para melhorar a apresentação da petição. O autor, Prof. Paulo Sousa, compartilha sua experiência e conhecimentos na área jurídica para auxiliar advogados em formação.

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Como fazer uma petição inicial perfeita

Sempre ouvimos várias dicas Os principais aspectos, a Mas a verdade é que nem
sobre como fazer uma petição formatação, a sempre temos isso de forma
inicial, desde a faculdade até fundamentação legal, o que direta e livre de dúvidas.
a vida profissional. evitar são pontos comumente
abordados quando o assunto
é petição inicial.
Afinal, existe uma fórmula para fazer
uma petição perfeita ?
A verdade é que não existe uma fórmula mágica para elaborar uma petição inicial perfeita, mas
existe um passo a passo que pode tornar qualquer petição bem elaborada.
Primeiro, devemos começar pelo mais básico, que são os requisitos mínimos previstos no Cógigo de
Processo Civil (CPC), no art. 319. A petição inicial deve indicar:
 o juízo a que é dirigida;
 os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
 o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
 o pedido com as suas especificações;
 o valor da causa;
 as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
 a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Depois, além desse rol mínimo de elementos, a petição inicial deverá ser instruída com os
documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 320, CPC), ou seja, os documentos que
identificam e qualificam as partes e tudo o que possa comprovar os fatos alegados.
O CPC nos traz o que precisamos para elaborar uma petição inicial. É muito importante que os
requisitos determinados pelo art. 319 sejam devidamente cumpridos, caso contrário, a petição inicial
poderá ser indeferida (art. 330, CPC).
Por isso, vamos passar a detalhar um a um os requisitos específicos da petição inicial.
Endereçamento
Primeiro temos que indicar o juízo a que é dirigida a petição. É o que chamamos de
endereçamento. É nesse momento que delimitamos a competência material, ou seja, se a petição
é dirigida ao juízo da Vara Cível, da Vara de Família etc. Também delimitamos a competência
territorial, ou seja, em qual Estado, Munícipio etc. a ação é manejada.
É muito importante estudar os critérios de fixação de competência e as peculiaridades de cada
Tribunal, uma vez que eles possuem capacidade de autorganização, conforme art. 125 da
Constituição Federal (CF/88).
A petição deve necessariamente ser dirigida ao juízo competente (lembro a você que as regras de
competência estão na parte geral do CPC). Além disso, importa checar se a ação proposta cabe
ao Juizado Especial ou à Justiça Comum. Esse é o primeiro cuidado que você deve ter, por isso, não
deixe de analisar a Lei n. 9.099/1995.
Além disso, nesse momento também é necessário verificar se há critérios de prioridade de
tramitação, previstos no art. 1.048 do CPC. Não esqueça de sinalizar no início da petição!
Qualificação das partes
Depois do endereçamento, apresente a qualificação das partes, ou seja, indique nome completo,
estado civil, existência de união estável, profissão, número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), endereço eletrônico, domicílio e
residência do autor e do réu.
Coloque o maior número de informações possíveis das partes na petição inicial, pois isso facilitará a
citação do réu e a realização de pesquisas que podem ser necessárias ao longo do processo.
Ainda, acrescente o número de telefone/Whatsapp das partes, já que alguns juízos tem usado o
aplicativo para citação e outros informativos.
É claro que para indicar as partes é necessário analisar antes a legitimidade para a propositura da
ação. Verifique se é hipótese de solidariedade, litisconsórcio facultativo ou necessário etc., nos
termos dos arts. 113 a 118 do CPC. Fique atento às hipóteses do art. 115, do CPC!
Fatos e fundamentos jurídicos
Em seguida, apresente os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido a ser feito na petição inicial.
Esse elemento é o que costumo chamar de “recheio da peça” e ele é importantíssimo, pois é
preciso dizer ao juiz as razões de pedir e que tais razões se encontram fundamentadas em lei. É
fundamental expor e justificar os fundamentos pelos quais você deve obter aquilo que está
pedindo. Os fundamentos estarão, tradicionalmente, na parte de direito material.
Ao narrar os fatos, seja claro e objetivo. Não é necessário entrar em detalhes que não contribuam
para o desenrolar da ação. Não deixe de fundamentar, mas não cometa exageros.
Faça parágrafos curtos, assim a leitura fica menos cansativa e sua petição tem mais chances de ser
lida com atenção. Da mesma forma, não faça textos longos demais, pois isso tira o foco do que
realmente importa.
Evite usar muitos termos em latim ou palavras muito complexas. Pense que sua petição deve ser
entendida minimamente por uma pessoa comum, sem conhecimentos jurídicos.
Evite utilizar argumentos repetidos. De preferência, separe os assuntos por tópicos, assim fica mais
claro e organizado.
Use a doutrina e a jurisprudência com moderação. Não há necessidade de ficar usando direito
comparado, citando milhares de julgados e doutrinas, a não ser que seja estritamente necessário.
Evite usar julgados isolados e decisões muito antigas.
Além disso, é importante averiguar se o seu caso se adequa a alguma espécie de precedente,
orientação, enunciado, conforme dispõe o art. 927 do CPC. Indique a pertinência de:
 “Precedentes Qualificados”, as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) em controle
concentrado de constitucionalidade.
 Súmulas Vinculantes;
 Incidentes de Assunção de Competência (IAC);
 Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR);
 Súmulas dos do STF e do STJ;
 Orientações do plenário ou do órgão especial aos quais estiver vinculado o juízo.
Pedidos
Depois da fundamentação é hora de fazer os pedidos e especificá-los. Esse é o momento em que
você deve deixar claro ao juiz o que você quer que ele determine diante da propositura da ação.
Seguindo a lógica, você deve, com base nos fundamentos, formular seus pedidos, ou seja, você
deve analisar o que quer e as consequências do que quer. O tópico dos pedidos é o principal da
petição inicial, pois é a partir dele que você obtém a tutela do direito do seu cliente.
Importante que você se atente para o disposto no art. 322 e seguintes do CPC, para que seu
pedido seja bem compreendido e analisado. Ressalvados os pedidos implícitos (juros, correção
monetária, parcelas vincendas, honorários), não deixe pedidos por fazer. Frequentemente, há
ordens de emenda à inicial justamente porque os pedidos estão mal elaborados.
Não conte com a “exceção” ao Princípio do Dispositivo/Adstrição previsto no art. 322, §2º, do CPC.
Há Juízes que aplicam a ferro e fogo o Princípio da Adstrição. Ou seja, se você não pediu, não vai
ganhar e não adianta apelar para o “bom senso” do juiz.
Para ter mais precisão na formulação dos pedidos, use verbos no infinitivo, como condenar,
declarar, reconhecer, constituir, desconstituir, deferir, determinar etc. Por exemplo: condenar o réu
a pagar alimentos ao autor no importe de X reais; declarar extinto o débito, declarar inexistente a
dívida, reconhecer a paternidade, decretar o divorcio, fixar multa diária pelo descumprimento da
liminar, determinar à parte ré que não mais use o nome do autor etc.
Valor da causa
Após o pedido, faça a indicação do valor da causa, de acordo com o que dita o art. 292 do CPC.
O próprio Código traz os parâmetros a serem levados em conta para a fixação desse valor, basta
verificar nos incisos do artigo referido em qual caso o seu se encaixa.
É comum indicar o valor da causa da seguinte forma: “Dá-se à causa o valor de R$ ____ (por
extenso), com fundamento no artigo 292, inciso ____ do Código de Processo Civil.”
Provas
Caminhando para o final da petição, necessário apresentar o rol de provas com que o autor
pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados.
Por meio das provas é que você demonstrará a veracidade do que foi alegado no tópico sobre os
fatos. Aqui você deve analisar a quem cabe o ônus da prova, se ao réu ou ao autor. Tratando-se de
petição inicial, você deverá trazer aos autos elementos capazes de comprovar que aqueles fatos
ocorreram da forma que você apresentou.
Seja específico. Vá para além do protesto genérico e justifique de antemão o alcance e a
finalidade da prova. Isso agiliza o andamento processual, evitando a abertura de prazo para tal
finalidade conforme hipótese da parte final do art. 348 do CPC.
Caso indique a necessidade de colheita de prova testemunhal, indique desde a petição inicial o rol
de testemunhas, dando as informações básicas para a intimação delas.
Realização de audiência
Por fim, indique a opção pela realização ou não da audiência de mediação ou de conciliação.
Apesar de ser comumente ignorado, é importante sinalizar ao juízo tal opção da perspectiva do
autor.
Na maioria dos casos, é interessante pedir pela audiência. Se o seu contrato de honorários é por
êxito exclusivo, por exemplo, resolver a lide já numa conciliação acelera o recebimento dos
honorários advocatícios. É importante preparar o seu cliente para a audiência, porque
habitualmente ele vai com certo ímpeto raivoso, a impedir que bons acordos sejam celebrados. Em
alguns casos, porém, a audiência não faz muito sentido, especialmente quando se sabe, de
antemão, que a parte ré não tem qualquer perspectiva de celebrar um acordo razoável aos
interesses do seu cliente.

Bom, além de atentar para os requisitos mínimos trazidos pelo art. 319 do CPC, você pode abordar
outros tópicos importantes dentro da petição inicial, como a necessidade de gratuidade de justiça
e de tutela provisória, quando for pertinente para o seu caso. Vamos ver em detalhes esses dois
pontos?
Gratuidade da justiça
Caso o seu cliente não tenha recursos suficientes para arcar com as custas, as despesas processuais
e os honorários advocatícios, abra um tópico específico para formular o pedido de gratuidade da
justiça (art. 98, CPC).
Para que seja deferida a gratuidade, é importante juntar os documentos que comprovem a
necessidade. Você pode apresentar qualquer elemento que sinalize ao juiz que a parte não possui
condições de arcas com as despesas inerente ao processo judicial sem prejuízo de sua própria
subsistência.
Frequentemente, esse é outro tópico que exige emenda. A maioria dos advogados ainda protocola
apenas a declaração, mas os juízes, em sua maioria, exigem prova robusta de hipossuficiência. Vale
declaração de imposto de renda, contracheque, fatura de cartão, cópia da CLT, demonstrativo de
despesas etc.
Não esqueça de reforçar no tópico dos pedidos a necessidade de concessão da gratuidade da
justiça ao seu cliente!
Tutela provisória
Como todo mundo bem sabe, o processo judicial pode ser um procedimento moroso e cheio de
percalços. Por isso, a tutela provisória pode ser medida importante e necessária para a satisfação
do direito do seu cliente.
A tutela provisória pode ser de urgência ou de evidência.
Será de urgência quando não for possível a espera pela tutela definitiva sem perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo. Na maioria dos casos, esta será a tutela adequada para o seu
cliente, justamente porque o critério central dela é a pressa.
Será de evidência quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório da outra parte; quando as alegações de fato puderem ser comprovadas
apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
vinculante; quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada
do contrato de depósito; ou quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente
dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.
Veja que em todos os casos da tutela de evidência, não há urgência, pelo que a tutela de
evidência só será cabível quando seu cliente efetivamente não tem pressa, mas também não quer
esperar por uma longa dilação probatória.
No entanto, para pedir a tutela provisória não basta citar os artigos 300, 301, 303, 304 ou 311 do
CPC. É necessário fazer a correlação com o caso concreto do seu cliente, deixando nítida ao juiz a
urgência ou a evidência do direito. Abra um tópico específico para tratar desse tema, explorando
fatos e fundamentos legais.
Além disso, não se esqueça de reforçar nos pedidos o pedido de tutela!
Dicas Bônus
Agora que você já viu quais são os elementos legais essenciais para uma petição bem elaborada,
saiba que também há aspectos não jurídicos que podem te auxiliar a chegar à tão sonhada
petição perfeita:
 Tenha um estilo próprio. Isso pode facilitar a identificação de sua petição de maneira mais
precisa.
 Faça revisão ortográfica do texto, valorizando sempre o uso adequado da língua
portuguesa. Evite gírias, regionalismos, estrangeirismos desnecessários.
 Use uma fonte adequada, como as clássicas Times New Roman, Arial ou Calibri, e evite
letras cursivas ou rebuscadas. Assim, você facilitará a leitura e a compreensão da peça. Dê
preferência à cor preta e fique atento ao tamanho da fonte.
 Padronize suas peças utilizando sempre a mesma formatação.
 Utilize os destaques de texto, como negrito e sublinhado, com moderação. Lembre-se que
se você destacar tudo, nada chamará realmente a atenção de quem lê.
 Selecione as ilustrações para detalhes realmente importante. Você pode utilizar os “prints” de
tela como recurso visual interessante, mas não abuse.
 Organize os documentos para juntada ao processoeletrônico. Nomeie os documentos de
forma precisa, deixando na ordem correta de correlação com a petição. Por exemplo, você
pode separar da seguinte forma: Doc. 1 – Documentos pessoais; Doc. 2 – Procuração etc.
Isso evita a falta de algum documento e facilita a análise do juiz.
Conclusão
Seguindo esses passos eu garanto que sua petição inicial estará bem próxima da perfeição. E
lembre-se que o melhor caminho para a perfeição é a prática. Quanto mais você se esforçar na
elaboração da sua petição inicial, melhor ela ficará.

Espero que este material tenha sido útil e que ele te auxilie nesse início da advocacia. Mas se você
quiser se especializar ainda mais na prática cível, eu posso te ajudar.

Prof. Paulo Sousa


Quem eu sou
Olá, eu sou o Prof. Paulo Sousa. Sou advogado especializado em Tribunais Superiores (STF, STJ e
TST). Atuo na advocacia há mais de uma década, já tendo atuado autonomamente e num
escritório boutique. Sou sócio fundador do escritório MSMA, sediado em Brasília/DF e com filiais em
diversas capitais.
Além disso, sou Bacharel, Mestre e Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná, minha
alma mater, com estágio doutoral no Max-Planck Institut, em Hamburgo/Alemanha. Fui professor
concursado na Unioeste/PR e na UnB, instituições de ensino superior estadual e federal,
respectivamente. Leciono em diversos cursos de pós-graduação, concursos públicos, OAB e
prática advocatícia também há mais de uma década.
Se você ainda não conhece os meus cursos, fica o convite. Centenas de jovens advogados já
passaram por eles e hoje fazem parte de comunidades de especialistas em suas áreas.

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