PR.
Eduardo Ribeiro
Sermão realizado na Comunidade Aprisco – Emáus no dia 29/03/25
A PERSEGUIÇÃO E A DISPERSÃO DA
IGREJA
Texto base: Atos 7:54 – 8:1-3
Introdução
A perseguição à igreja primitiva teve início logo após a morte de Estêvão e se estendeu
por cerca de 300 anos, até o governo do imperador Constantino. Desde o princípio, os
seguidores de Cristo enfrentaram hostilidade, especialmente na Judeia e Samaria,
regiões onde o evangelho havia se espalhado intensamente por meio das pregações de
Jesus e dos apóstolos.
Inicialmente, a perseguição partia dos próprios judeus, que acreditavam estar servindo a
Deus ao reprimir os cristãos. Com o tempo, o Império Romano também se tornou um
grande agente dessa opressão. Vale destacar que essas perseguições não aconteciam de
maneira contínua, mas surgiam em diferentes momentos e lugares, impulsionadas por
diversos fatores.
Os Motivos das Perseguições
1. Motivos Religiosos
O Império Romano possuía inúmeras divindades e rituais religiosos, e o
cristianismo confrontava diretamente essa cultura.
Os cristãos eram considerados ateus pelos romanos, pois não possuíam ídolos
físicos diante dos quais se prostravam.
Além disso, os cristãos eram alvos de falsas acusações, como a prática de
incesto (por se chamarem de "irmãos" e "irmãs") e de canibalismo (por falarem
sobre "comer o corpo e beber o sangue de Cristo" na Ceia do Senhor).
Seus encontros eram muitas vezes realizados em segredo, o que gerava ainda
mais suspeitas e acusações.
2. Motivos Políticos
No Império Romano, qualquer religião só era aceita se contribuísse para a
estabilidade do Estado. O cristianismo, entretanto, proclamava que Cristo era
Senhor, o que desafiava diretamente o culto ao imperador.
César era considerado soberano absoluto e todos deveriam se submeter ao seu
domínio.
Para os romanos, o cristianismo representava um "reino dentro de outro reino", o
que era visto como uma ameaça ao poder imperial.
3. MOTIVOS ECONÔMICOS
A conversão de romanos ao cristianismo causava prejuízo financeiro ao sistema
religioso e comercial da época.
Os novos convertidos deixavam de contribuir financeiramente com os templos
pagãos e o culto ao imperador.
Eles também paravam de comprar imagens e ídolos, afetando diretamente
aqueles que lucravam com a idolatria. Exemplo: Atos 17:16-34.
Além disso, deixavam de participar de espetáculos e teatros pagãos, reduzindo a
arrecadação de impostos e taxas sobre esses eventos.
4. MOTIVOS SOCIAIS
O cristianismo pregava a igualdade entre todos os seres humanos. Exemplo:
Gálatas 3:28.
Anunciava um Reino perfeito, o que denunciava as imperfeições do império
terreno.
Promovia a libertação de escravos e a valorização da mulher, o que ia contra a
estrutura social dominante da época.
Observação: No início, a perseguição era predominantemente de origem religiosa e
política. Entre os anos 54 e 68 d.C., o Império Romano, sob o comando de Nero, iniciou
perseguições sistemáticas contra os cristãos. Posteriormente, em 250 d.C., o imperador
Décio expandiu essa repressão, tornando-a generalizada em todo o império.
Aplicação: Reflexões para Hoje
Diante dessa realidade histórica, precisamos refletir sobre nossa caminhada cristã e o
impacto do evangelho em nossas vidas e na sociedade:
1. Se você fosse preso hoje por ser cristão, haveria provas suficientes para te
condenar?
2. Quais evidências da sua vida demonstram claramente que você é um seguidor de
Jesus?
3. De que maneira sua fé tem desafiado o sistema deste mundo? O evangelho que
você vive incomoda as trevas?
4. Você tem consciência da sua missão como cristão? Leia 2 Coríntios 5:20-21 e
6:2 e reflita sobre o seu papel como embaixador de Cristo.
Conclusão
A perseguição não é algo do passado. Hoje, de maneiras diferentes, a igreja continua
enfrentando desafios para proclamar o evangelho em um mundo que rejeita os
princípios do Reino de Deus. Mas, assim como no início da igreja, a perseguição não
pode calar aqueles que verdadeiramente conhecem a Cristo.
Que possamos permanecer firmes na fé, sabendo que nosso chamado é maior do que
qualquer oposição. Assim como os cristãos primitivos, devemos continuar
testemunhando o evangelho com coragem, compromisso e fidelidade.
“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apocalipse 2:10b)
Amém!