0% acharam este documento útil (0 voto)
62 visualizações13 páginas

Tiago E.S

O trabalho aborda a interconexão entre ética e compromisso social, destacando a importância da ética como base para ações responsáveis na sociedade. A ética profissional é apresentada como um conjunto de valores que orientam o comportamento dos indivíduos, impactando diretamente o bem-estar coletivo. A responsabilidade social é enfatizada como um compromisso moral que vai além do cumprimento da lei, exigindo uma reflexão sobre as consequências das ações no presente e no futuro.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
62 visualizações13 páginas

Tiago E.S

O trabalho aborda a interconexão entre ética e compromisso social, destacando a importância da ética como base para ações responsáveis na sociedade. A ética profissional é apresentada como um conjunto de valores que orientam o comportamento dos indivíduos, impactando diretamente o bem-estar coletivo. A responsabilidade social é enfatizada como um compromisso moral que vai além do cumprimento da lei, exigindo uma reflexão sobre as consequências das ações no presente e no futuro.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 13

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
Ética e o compromisso social

Nome do estudante: Tiago José Francísco. Código:708236245


Docente: Pe. Sereneu Rodrigues Alexandre

Curso: Licenciatura em ensino de Matemática


Disciplina: Ética Social
Ano de Frequência: 3º

Tete, Abril de 2025

1
Índice
Capítulo I: Introdução ................................................................................................................. 3
1.1 Objectivos ............................................................................................................................. 3
1.2 Metodologias de pesquisa..................................................................................................... 3
1.3 Estrutura do trabalho ............................................................................................................ 3
Capítulo II: Marco teórico .......................................................................................................... 4
2.1 Ética e sua etimologia ........................................................................................................... 4
2.1.1 Conceito da Ética ............................................................................................................... 5
2.2 Ética profissional .................................................................................................................. 6
2.2.1 Ética profissional e valor estratégico ................................................................................. 7
2.3 Ética profissional e relações sociais ..................................................................................... 8
2.4 Responsabilidade social no agir humano ............................................................................. 8
2.4.1 A Ética Profissional como Pilar da Responsabilidade Social ........................................... 8
2.4.2 Reflexão sobre a Responsabilidade Social no Agir Humano ............................................ 8
2.4.3 A Interdependência entre Ética Profissional e Responsabilidade Social .......................... 9
2.5 A consciência e o valor ético ................................................................................................ 9
2.5.1 Consciência........................................................................................................................ 9
2.5.2 Relações entre a consciência e o cérebro........................................................................... 9
2.5.3 A unidade da consciência ................................................................................................ 10
2.5.4 Valores éticos .................................................................................................................. 11
Capítulo III: Conclusão ............................................................................................................ 12
3.1 Referências bibliográficas .................................................................................................. 13

2
Capítulo I: Introdução
O trabalho tem como tema ´´Ética e o compromisso social´´. Objectivamos com este tema
perceber os aspectos relacionados a Ética e o seu compromisso com a sociedade.
No entanto, importa frisar que a ética e o compromisso social são conceitos interligados que
exploram a conduta moral individual e colectiva, bem como a responsabilidade para com a
sociedade. A ética se refere aos princípios morais que guiam o comportamento individual e
profissional, enquanto o compromisso social implica a responsabilidade de contribuir para o
bem-estar da comunidade e do meio ambiente.
A ética fornece a base para o compromisso social, definindo os valores e princípios que
devem orientar nossas ações em relação aos outros e ao mundo. Ela nos ensina a considerar as
consequências de nossas acções sobre os outros e a sociedade como um todo, promovendo a
justiça, a equidade e o respeito. Uma ética sólida impulsiona a responsabilidade social,
incentivando acções que beneficiem a comunidade e minimizem danos.

1.1 Objectivos
1.1.1 Geral:
 Perceber os aspectos da ética e o seu compromisso com a sociedade.
1.1.2 Específicos:
 Diferenciar os conceitos da ética e ética profissional;
 Apresentar a etimologia da ética;
 Relacionar a ética profissional com a sociedade;
 Contornar sobre a responsabilidade social no agir humano;
 Explicar como se manifesta a consciência humana;
 Reflectir sobre os valores éticos.

1.2 Metodologias de pesquisa


Com vista a materializar o trabalho em causa, recorreu-se a consulta de manuais, internet e
bibliografia das obras já publicadas; o que torna a pesquisa ser bibliográfica e qualitativa.

1.3 Estrutura do trabalho


O presente trabalho apresenta três capítulos essenciais: I – a introdução, II – o marco teórico e
III – a conclusão, que finalmente apresentaremos as referências bibliográficas reconhecidas
como a base da elaboraçã deste trabalho.

3
Capítulo II: Marco teórico

2.1 Ética e sua etimologia


Toda discussão sobre “ética” sempre se inicia pela revisão de suas origens etimológicas e pela
sua distinção ou sinonímia com o termo “moral”; (Vázquez, 2001, p.12).
Justifica-se a necessidade de explicitar a origem do termo ethos, uma vez que é de sua raiz
primitiva que iremos encontrar as respostas para as ambiguidades terminológicas e
imprecisões conceituais.
Cubelles, frisa que:

A palavra ethos expressa a existência do mundo grego que permanece presente na


nossa cultura. Esse vocábulo deriva do grego ethos. Nessa língua, possui duas
grafias: ηθοζ (êthos) e εθοζ (éthos). Essa dupla grafia não é gratuita, pois reúne uma
diversidade de significados que, ao longo do tempo, distanciaram-se do seu sentido
original, (Cubelles, 2002, p.16).

Considerando que, normalmente, os autores não costumam apresentar os significados desses


termos em suas origens, antes de adentrarmos nos conceitos de “ética” e “moral”, passaremos
uma breve vista em suas origens, uma vez que as controvérsias sobre o que se entende por
“ética” devem-se, em grande parte, aos diversos significados da palavra primitiva ethos e à
sua tradução para o latim mos.
Esses dois termos podem ser entendidos em três sentidos: “morada” ou “abrigo”, “carácter ou
índole” e “hábitos” ou “costumes”, (Cubelles, 2002, p.17).
a) O termo grego ηθοζ (êthos), quando escrito com “eta” (η) inicial, possui dois sentidos:
morada, carácter ou índole.
O primeiro sentido é de protecção. É o sentido mais antigo da palavra. Significa “morada”,
“abrigo” e “lugar onde se habita”. Usava-se, primeiramente, na poesia grega com referência
aos pastos e abrigos onde os animais habitavam e se criavam. Mais tarde, aplicou-se aos
povos e aos homens no sentido de seu país. Depois, por extensão, à morada do próprio
homem, isto é, refere-se a uma habitação que é íntima e familiar, é o “lar”, um lugar onde o
homem vive. É o lugar onde é mais provável de se encontrar o eu real. Ele representa aquilo
que faz uma pessoa, um indivíduo: sua disposição, seus hábitos, seu comportamento e suas
características.
b) O segundo termo grego εθοζ (éthos), quando escrito com épsilon (ε) inicial, é
traduzido por “hábitos” ou “costumes”.

4
Este é o éthos social. Significa hábitos, costumes, tradições. Refere-se aos actos concretos e
particulares, por meio dos quais as pessoas realizam seu projecto de vida. Este sentido
também interessa à ética, uma vez que o carácter moral vai se formando, precisamente,
mediante as opções particulares que fazemos em nossa vida quotidiana.
De maneira que é a força das tradições quem forma a identidade de uma sociedade.
Reciprocamente, os hábitos constituem o princípio intrínseco dos actos.
Conforme diz Vázquez (2001), “parece haver um círculo êthos-hábitos-actos, assim se
compreende como é preciso resumir as duas variantes da acepção usual de êthos, estas sendo
os princípios dos actos e aquele o seu resultado, sendo Ethos é o carácter (χαραҳτρη)
cunhado, impresso na alma por hábitos”, (p.14).
Esta tensão, segundo Vázquez, sem contradição entre êthos como carácter e éthos como
hábitos, definiria o âmbito conceitual da idéia central da ética.

2.1.1 Conceito da Ética


Ética, portanto, é um conjunto de valores e princípios que, segundo o filósofo e professor
Mário Sérgio Cortella, usamos para decidir as três grandes questões da vida: “Quero?, Devo?,
Posso?”, ainda que, segundo ele, existam coisas que queremos, mas não devemos, outras que
devemos, mas não podemos e ainda as que podemos, mas não queremos.
De acordo com tal perspectiva, faz-se possível o alcance da paz interior, também conhecida
como paz de espírito, quando o que queremos é o que podemos e devemos (Cortella, 2013a).
O filósofo explica que essas questões são definidas por nós através de ensinamentos e também
das normatizações sociais, que, mesmo que mudem, deixam os costumes. Cita, como
exemplo, a postura que, geralmente, temos em ambientes fechados como auditórios, locais
estes onde, antigamente, era fundamental que houvesse uma placa com o aviso “não fumar” e
hoje em dia já não é tão necessário, uma vez que essa postura já foi introjectada por nós,
enquanto sociedade.
Ética vem a ser, desta forma, a teoria que dá sustentação às nossas acções, enquanto moral
vem a ser a prática desta teoria, ou seja, nessa concepção, moral pode ser compreendida como
o conjunto de nossas acções, baseado no conjunto de nossas crenças e valores.
O professor universitário, pesquisador e especialista nos estudos dessa temática, Yves de La
Taille (2006), para facilitar a compreensão acerca desses dois termos, fez uso de perguntas
existenciais, na tentativa de melhor explicá-los, a saber: “Como devo agir?”; “Que vida eu
quero viver?”.

5
Por sua vez, La Taille utiliza-se da pergunta “Que vida eu quero viver?” para explicar a ética.
A escolha por esta pergunta deve-se ao facto da ética estar relacionada à busca da felicidade, à
busca do tipo de vida ideal, capaz de ter sentido, que valha a pena ser vivida. Todavia, afirma
o autor, pelo facto de a felicidade estar ligada às interpretações pessoais de cada ser humano,
assim como aos diferentes sentidos que estes dão às suas vidas, surge uma outra pergunta:
“Para que viver?”, cuja busca é bem mais difícil e conflituosa, pelo facto de que, na
contemporaneidade, muitas são as notícias de pessoas que desistem da vida por não
conseguirem se desviar do vazio existencial que as acometem, independente de sua condição
social.
Sobre essa complementaridade, gostaríamos de ressaltar, apoiando-nos nas palavras de La
Taille (2011), a importância da ética para entendermos a nossa postura frente às regras
morais.
Segundo ele, para entender o processo que leva uma pessoa a respeitar determinados
princípios e regras morais, é preciso conhecer sua perspectiva ética.
Portanto, ´´a questão ética é crucial, e quando há uma falta de sentido para a vida, a dimensão
moral e, portanto, as acções morais também entram em crise´´, (La Taille, 2011, p. 9).
Ademais, o autor acredita também em outra explicação para a preferência pelo termo ética,
ainda quando melhor se adequaria o termo moral. Trata-se do facto de que falar em ética é,
para a sociedade, sinal de cultura, de intelectualidade, passando a ideia de elegância.
O autor diz ainda na entrevista:

A palavra ética tem um sentido mais corrente, ‘pega’ melhor do que a palavra moral,
dentro da educação. Moral tem um sentido normativo [...]. Vejo que a demanda do
público é por normas (La Taille, 2005).

Por fim, ressaltamos ainda, não existe ninguém sem ética, o que existe são pessoas antiéticas
(Cortella, 2013a), aquelas que vão de encontro à ética socialmente considerada “válida”,
como facilmente encontramos na política e em outras instâncias, diariamente.

2.2 Ética profissional


A ética profissional é o conjunto de valores, normas e condutas que conduzem e
conscientizam as atitudes e o comportamento de um profissional na organização, (Contreras,
2002).
Desta forma, a ética profissional é de interesse e importância da empresa e também do
profissional que busca o desenvolvimento de sua carreira.
6
Além da experiência e autonomia em sua área de actuação, o profissional que apresenta uma
conduta ética conquista mais respeito, credibilidade, confiança e reconhecimento de seus
superiores e de seus colegas de trabalho.
A conduta ética também contribui para o andamento dos processos internos, aumento de
produtividade, realização de metas e a melhora dos relacionamentos interpessoais e do clima
organizacional.
Quando profissionais e empresa prezam por valores e princípios éticos como ´´gentileza,
temperança, amizade e paciência, existem bons relacionamentos, mais autonomia, satisfação,
proactividade e inovação´´, (Cortella, 2009, p.107).
Para isso, é conveniente que a empresa tenha um código de conduta ética, para orientar o
comportamento de seus colaboradores de acordo com as normas e postura da organização. O
código de ética empresarial facilita a adaptação do colaborar e serve como um manual para
boa convivência. A conduta ética também contribui para o andamento dos processos internos,
aumento de produtividade e realização de metas.

2.2.1 Ética profissional e valor estratégico


Segundo Neme (2009), em meio ao cenário caótico nacional, problemas políticos,
desigualdade social, falta de infraestrutura para educação e saúde, a ética tornou-se um dos
principais assuntos abordados em escolas, universidades, trabalho e até mesmo nas ruas.
Com a população mais consciente das questões morais e da responsabilidade social com que
as autoridades e as empresas devem prestar à sociedade e ao meio ambiente, houve um
aumento da fiscalização e cobrança pelo comprometimento ético destes órgãos.
Com isso, a ética ganhou um novo valor, o valor estratégico. As empresas se viram obrigadas
a modificar seus conceitos, quebrar paradigmas e apresentar uma postura mais transparente,
humana e coerente para não perder público.
Neste contexto, a ética profissional que deveria ser uma virtude enraizada do indivíduo
tornou-se parte da estratégia organizacional e, consequentemente, um diferencial competitivo
no mercado de trabalho.
No entanto, quando a empresa adopta a ética profissional como uma estratégia de mercado,
ela também contribui com desenvolvimento do profissional, que precisa melhorar suas
habilidades com relacionamentos interpessoais e liderança.
O autor, afirma ainda que:

7
Um profissional com habilidades de liderança e relacionamento difunde valores
éticos, preza pela harmonia no ambiente de trabalho e coloca em primeiro lugar o
respeito às pessoas e o comprometimento com o trabalho. Um profissional com
habilidades de liderança e relacionamento difunde valores éticos, preza pela
harmonia no ambiente de trabalho, (Neme, 2009).

2.3 Ética profissional e relações sociais


A ética profissional se relaciona com a sociedade de maneira intrínseca e complexa.
Profissionais, em suas actividades, impactam directamente a vida das pessoas e o bem-estar
colectivo. A conduta ética, portanto, não é apenas uma questão de regras internas a uma
profissão, mas um compromisso com o bem comum. A responsabilidade social, nesse
contexto, é a pedra angular dessa relação.

2.4 Responsabilidade social no agir humano

2.4.1 A Ética Profissional como Pilar da Responsabilidade Social


A ética profissional estabelece um conjunto de princípios e valores que orientam a conduta
dos indivíduos em seu ambiente de trabalho. Esses princípios, como honestidade, integridade,
justiça e respeito, devem transcender os limites da empresa ou organização e se estender à
sociedade como um todo. Afinal, as acções de um profissional, sejam elas positivas ou
negativas, geram consequências que afectam a comunidade. Um médico, por exemplo, tem a
responsabilidade ética de oferecer o melhor atendimento possível aos seus pacientes,
independentemente de suas condições socioeconómicas. Da mesma forma, um engenheiro
deve garantir a segurança das construções que projecta, protegendo a vida e o património da
população.

2.4.2 Reflexão sobre a Responsabilidade Social no Agir Humano


A responsabilidade social no agir humano implica em uma profunda reflexão sobre o impacto
das nossas acções na sociedade. Não se trata apenas de cumprir a lei, mas de assumir um
compromisso moral com o bem-estar colectivo. Isso exige uma postura proactiva, buscando
constantemente minimizar os impactos negativos e maximizar os positivos. A
responsabilidade social também implica em considerar as consequências a longo prazo das
nossas decisões, evitando acções que possam prejudicar as gerações futuras. Um exemplo
disso é a preocupação crescente com a sustentabilidade ambiental, que exige que empresas e
indivíduos adoptem práticas que preservem os recursos naturais para as próximas gerações.

8
2.4.3 A Interdependência entre Ética Profissional e Responsabilidade Social
Em resumo, a ética profissional e a responsabilidade social são conceitos interdependentes e
complementares. A ética profissional fornece o arcabouço de princípios e valores que
orientam a conduta dos indivíduos em seu trabalho, enquanto a responsabilidade social amplia
essa perspectiva, exigindo que os profissionais considerem o impacto de suas acções na
sociedade como um todo. A construção de uma sociedade mais justa e equitativa depende,
portanto, da actuação ética e responsável de todos os seus membros, em suas diversas esferas
de actuação.

2.5 A consciência e o valor ético

2.5.1 Consciência
Searle (2010), define a consciência como sendo ´´o conjunto de estados subjectivos de
sensibilidade (sentience) ou ciência (awareness), que se iniciam quando uma pessoa acorda na
parte da manha, e que se estende ao longo do dia´´, (p.1).
O mesmo autor, acrescenta que:

a consciência é um fenómeno biológico e devemos conceber como parte de nossa


história biológica, assim como a digestão, o crescimento, a mitose e a meiose.
Entretanto Searle demonstra que a consciência tem algumas particularidades que não
são observadas em outros fenómenos biológicos, (Searle, 2010, pp. 1-2).

2.5.2 Relações entre a consciência e o cérebro


Segundo Searle, os processos cerebrais causam processos conscientes, o que levanta a
seguinte questão: qual a ontologia, qual a forma de existência desses processos conscientes?
Seria o mesmo que perguntar: existe uma relação causal entre cérebro e a consciência, o que
definitivamente não nos obrigaria a aceitar um dualismo de coisas físicas e coisas não físicas.
Os processos cerebrais causam a consciência, mais esta consciência não é uma substância ou
uma entidade a mais: É apenas uma característica de nível superior de todo o sistema.
Assim, é possível resumir da seguinte maneira as duas relações cruciais entre consciência e
cérebro: ´´os processos neurônicos de nível inferior no cérebro causam a consciência e a
consciência é apenas uma característica de nível superior de um sistema composto de
elementos neurónicos de nível inferior´´, (Searle, 2010, p. 5).

9
A neurociência tem mostrado vários exemplos em que as características de nível superior de
um sistema são causadas por elementos de nível inferior desse sistema, ainda que essa
característica seja do sistema composto por esses elementos.
Para Searle não existe nenhum obstáculo metafísico ao dizer que a consciência seja fruto do
cérebro, embora Searle reconheça que processos cerebrais causam os estados de consciência,
mas isso não implica dizer que conhecemos todos os detalhes do funcionamento do cérebro.
Necessitaríamos de uma revolução na neurobiologia para podermos conhecer todo o
funcionamento cerebral. Muitos colocaram obstáculos na perspectiva de Searle alegando que
a solução do problema mente-corpo não pode ser baseada em causas cerebrais, na medida em
que não sabemos todos os mecanismos neurobiológicos que causam a consciência. Todavia
isso não parece ser um problema para Searle, já que não é um problema conceitual ou lógico.
Para Searle:

trata-se de uma questão empírica e teórica a ser resolvida pelas ciências biológicas. O
problema consiste em conceber exactamente como o sistema trabalha para produzir a
consciência e, por de facto sabermos que o cérebro produz a consciência, temos aqui
uma boa razão para supormos mecanismos neurobiológicos específicos que
possibilitam o funcionamento do cérebro e, por assim dizer, a causação da
consciência (Searle, 2010, p. 6).

2.5.3 A unidade da consciência


Segundo Searle, em qualquer momento da vida de um determinado indivíduo, todas as suas
experiências conscientes fazem parte do que ele chama de campo unificado da consciência.
Searle nos oferece um exemplo interessante para entendermos o que é campo unificado da
consciência. Quando estamos sentados à beira de um riacho, não vemos apenas o céu
ladeado por árvores. Ao mesmo tempo, podemos sentir nosso corpo na cadeira em que
sentamos, ou sentimos a camisa que poderíamos estar usando. Para Searle, nós
experimentamos todas essas coisas, e todas elas fazem parte de um campo unificado de nossa
consciência.
Searle acredita que a unidade esteja implícita na subjectividade e na qualidade, pela seguinte
razão:

se tentarmos imaginar que meu estado de consciência está dividido em dezesseis


partes, o que se imagina não é um único sujeito consciente com dezesseis estados
conscientes diferentes, mas dezesseis diferentes centros de consciência. Isso quer
dizer que a unificação nada mais é que um estado consciente que decorre da

10
subjetividade e da qualidade, pois não é possível ter unidade sem ter a qualidade e a
subjectividade. (Searle, 2010, p. 60).

2.5.4 Valores éticos


Para Vasquez (2001), o valor não é propriedade dos objectos em si, mas ele só atinge
propriedade graças à sua relação com o homem, enquanto sujeito social.
Apesar de que os objectos também têm um valor em função de certas propriedades objectivas,
é o homem. Como ser histórico social e a sua actividade prática. Que cria os valores e os bens
nos quais acreditam e seguem. Os valores são, portanto, criações humanas, e só existem e se
realizam no homem e pelo homem.
Partindo do conceito da ética, os valores éticos são princípios que não se limitam apenas às
normas, costumes e tradições culturais de uma sociedade (valores morais), mas também
procuram se focar nas características compreendidas como essenciais para o melhor modo de
viver ou agir em sociedade de modo geral.
De acordo com Dayananda (2001), a universalidade dos códigos de conduta não significa que
estes padrões sejam absolutos. Um padrão ético pode ser relativo, mas não significa que seja
puramente subjectivo. Embora muitas vezes relativos na aplicabilidade, padrões éticos básicos
têm um conteúdo universal.
Os valores éticos são baseados no senso comum, a respeito do que é a conduta aceitável, são
normas de conduta originada na maneira pela qual eu desejo que os outros me vejam ou me
tratem. Portanto, se desejo que a outra pessoa se comporte de certa maneira, estou presa a um
sistema de valores. Qualquer coisa que eu valorize e escolha é por que estar relacionado ao
meu bem-estar. A expressão da minha vida é exactamente a mesma da minha estrutura de
valores bem assimilados.
O que eu faço é a expressão do que é valioso para mim (Dayananda, 2001).
Ainda a mesma autora, salienta que os valores não podem ser descartados, nem desafiados
impunemente. Desconsiderar um valor coloca-me em conflito comigo mesmo. Neste caso,
como posso ter conforto interno, praticar princípios éticos, se não tenho meus valores
assimilados?
Quando tenho meus valores assimilados, ou seja, internalizados por mim, eles não são mais
uma escolha, são espontâneos no meu viver. Para alguém com valores assimilados tudo se
torna.

11
Capítulo III: Conclusão
Com o tema ´´Ética e o compromisso social´´, conseguimos perceber a sua essência na
instituição pública ou privada através de conceitos como ética profissional, suas relações com
a sociedade, sua responsabilidade com a sociedade e, percebemos igualmente sobre valores
éticos e o manifesto da consciência humana.
Porém, podemos esperar que a ética e o compromisso social promovam uma sociedade mais
justa, equitativa e sustentável. Isso inclui a redução da desigualdade, a protecção do meio
ambiente, o respeito aos direitos humanos e o desenvolvimento de comunidades mais
inclusivas e prósperas. Embora não haja garantias absolutas, a ética e o compromisso social
fornecem um caminho para construir um futuro melhor, incentivando a responsabilidade
individual e colectiva. A expectativa é de um contínuo processo de aprimoramento moral e
social, com indivíduos e organizações buscando constantemente melhorar suas práticas e
contribuir para o bem comum.

12
3.1 Referências bibliográficas
Contreras, J. (2002). A Autonomia de Professores. Tradução: Sandra Trabucco Valenzuela.
São Paulo: Cortez.
Cortella, M. S. (2009). Qual é a Tua Obra? Inquietações, propositivas sobre gestão,
liderança e ética. Petrópolis: Vozes.
Neme, C. M. B.; Perez, M. C. A. Ética. In: Capellini, V. L. M. F.; Rodrigues, O. M. P. R.
(Orgs.). (2009). Formação de Professores: práticas em Educação Inclusiva.
UNESP/FC. v.2. unidade 4. p.132-169. Ministério da Educação, Secretaria da
Educação Especial e Universidade Estadual Paulista (Faculdade de Ciências).
Searle, J. (2010). Consciência e Linguagem. Trad: Plínio Junqueira Smith. São Paulo. Ed:
Martins Fontes.
Vázquez AS. (2001). Ética. 14a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; p.14-49-52-16-12-
235-243.
Cubelles SC. (2002). Compêndio de Ética Filosófica e História de la ética. Valência:
Edicep; p.16-7
Swami Dayananda, S. (2001). Valor dos Valores. Rio de Janeiro. Vidya-Mandir.

Cortella, M. S. & La Taille, Y. de. (2013). Nos labirintos da moral – 10ª Ed. – Campinas,
SP: Papirus 7 Mares, – (Coleção Papirus Debates).
La Taille, Y. de. (2005). Revita Direcional Escolas. Em busca dos valores morais e éticos.–
Ed. 05, jun, 2005. Entrevista. Disponível em:
http://direcionalescolas.com.br/2005/06/21/entrevista-yves-de-la-taille/ Acesso em:
03/03/2025.
La Taille, Y. de. (2006). Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre:
Artmed.

13

Você também pode gostar