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A Máfia Bianchini 04 - O Irmão Mais Implacável - Taylor R. C

O livro 'O Irmão Mais Implacável' de Taylor R.C. conclui a saga da família Bianchini, que enfrenta novos desafios com a máfia chinesa. Matteo, Salvatore e Ettore retornam em uma narrativa repleta de romance e perigos, enquanto Matteo deve lidar com a responsabilidade de proteger sua família em um mundo implacável. A história explora temas de lealdade, amor e as consequências das escolhas dentro do universo da máfia.

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A Máfia Bianchini 04 - O Irmão Mais Implacável - Taylor R. C

O livro 'O Irmão Mais Implacável' de Taylor R.C. conclui a saga da família Bianchini, que enfrenta novos desafios com a máfia chinesa. Matteo, Salvatore e Ettore retornam em uma narrativa repleta de romance e perigos, enquanto Matteo deve lidar com a responsabilidade de proteger sua família em um mundo implacável. A história explora temas de lealdade, amor e as consequências das escolhas dentro do universo da máfia.

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O IRMÃO MAIS IMPLACÁVEL

Os Bianchini finalmente tem o seu desfecho

Obra da Autora Taylor R.C.


Dedicatória
Para todos que acreditam em uma boa história de amor. E para o meu maior amor!
Taylor.
Sumário
Sinopse 7
Prólogo 9
Capítulo 1 11
LAUREN 11
MATTEO 12
ETTORE 13
Capítulo 2 15
MATTEO 15
LAUREN 19
ANNA 20
LAUREN 21
MATTEO 23
Capítulo 3 26
LAUREN 26
ETTORE 30
LAUREN 31
MATTEO 32
Capítulo 4 34
LAUREN 34
MATTEO 41
LAUREN 43
ETTORE 48
SALVATORE 48
Capítulo 5 50
MATTEO 50
LAUREN 53
ETTORE 54
AURORA 55
LAUREN 57
Capítulo 6 62
MELISSA 62
LAUREN 62
MATTEO 64
SALVATORE 65
LAUREN 66
ETTORE 68
Capítulo 7 70
LAUREN 70
MATTEO 73
AURORA 76
SALVATORE 78
MATTEO 80
Capítulo 8 83
MELISSA 83
LAUREN 85
MATTEO 86
LAUREN 89
AURORA 90
Capítulo 9 92
MATTEO 92
LAUREN 93
MATTEO 95
LAUREN 97
AURORA 98
ANNA 99
Capítulo 10 101
MATTEO 101
AURORA 102
LAUREN 103
ETTORE 105
MELISSA 106
LAUREN 107
Capítulo 11 109
MATTEO 109
LAUREN 114
ETTORE 116
ANNA 117
MATTEO 117
LAUREN 119
Capítulo 12 122
ETTORE 122
LAUREN 123
AURORA 126
MATTEO 127
Capítulo 13 130
LAUREN 130
MATTEO 133
LAUREN 135
MELISSA 137
MATTEO 137
Capítulo 14 139
MATTEO 139
SALVATORE 142
ETTORE 147
MATTEO 148
LAUREN 150
MATTEO 154
Capítulo 15 162
LAUREN 162
MATTEO 162
LAUREN 165
MATTEO 168
OS BIANCHINI 170
Capítulo 16 171
LAUREN 171
MATTEO 174
LAUREN 178
MATTEO 180
LAUREN 183
MATTEO 183
Trecho Especial 185
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Sinopse
Nessa última parte a família Bianchini volta a enfrentar os perigos da máfia, porém dessa vez é Matteo quem vai ter que lidar com os
problemas gerados pela máfia chinesa e um novo inimigo muito mais formidável que vai desafiar os limites do irmão mais implacável.
Matteo, Salvatore, Ettore estão de volta, em um novo ciclo que encerra a jornada dos irmãos mais temidos e cruéis, trazendo todos os
elementos mais amados dessa história com muito romance.
QUEM SÃO AS CINCO FAMÍLIAS DA MÁFIA
Prólogo
Os Bianchini nasceram no poder, não eram pessoas comuns, seus lemas eram baseados em preceitos
muito sólidos e sua lealdade não era medida por seus acordos, mas por quem sempre esteve ao seu
lado em momentos da sua queda.
Giovanni Bianchini foi o Don mais lembrado, herdando a posição do seu pai, aquele que colocou a
família dentro do jogo poderoso dos Estados Unidos onde cinco famílias estavam no controle da
Máfia. Ele foi um “pioneiro”, reconhecido e respeitado, deste modo não se esperava menos do seu
sucessor.
Salvatore foi um líder, na verdade, ele era o carrasco, o homem que todos tinham a temer.
Ele não sabia o que eram limites ou tinha qualquer um limite, só sabia agir, lutar, destruir tudo que
estava em seu caminho sem nenhum pingo de misericórdia, ele foi ensinado a ser assim. Até um
sopro de vida surgir em seu caminho.
Ettore era o mais novo, por isso nunca foi esperado muito dele, somente ser um soldado e estar ao
lado dos “seus”, servir aos irmãos do comando como o mais cruel dos homens que já caminhavam
entre as lideranças da Máfia.
Ele fez sua escolha em servir, até perceber que não precisava apenas ser aquilo, até se dar conta que
era muito mais que um soldado e até ele poderia ser feliz ao lado de uma igual, tão forte, quanto a sua
posição exigia.
Para Matteo, o irmão do meio, era esperado que após Salvatore deixar a cena ele se tornasse o
homem mais poderoso da Máfia e o mais visado a ter sua cabeça a prêmio, afinal de contas, quantos
líderes já foram unânimes?
Mudanças levam ao desconhecido, levam ao medo, por mais insignificantes que sejam e no caso dos
Bianchini, não era qualquer mudança. Era a mudança de um comando temível para um totalmente
novo e implacável, onde ameaças ao novo chefe do clã eram esperadas de todos os lugares.
A máfia era um ciclo, e todo e qualquer movimento dentro dela era como um efeito borboleta, por
isso as escolhas de Salvatore e Matteo para proteger todos os Bianchini.
Somado ao que causaram as atitudes de Aurora contra eles, transformaram a vida de todos em um
aglomerado de acontecimentos intimamente ligados e fadados ao caos.
Era agora a responsabilidade de Matteo todos aqueles eventos. Para resolver todos os problemas que
estavam em seu caminho ele teria que escolher entre viver ou sobreviver, sabendo que ambos
significam coisas diferentes para ele, mas que somente em um deles haveria algum resquício de
felicidade, no entanto, ele estaria disposto a assumir os riscos?
Capítulo 1
LAUREN
Aquele bebê era a coisa mais adorável que podia existir no mundo e quase, quase me fazia pensar em
ter o meu próprio.
— Você tem certeza que precisa ir mesmo? — Anna me perguntou, eu levantei os olhos, tirando a
atenção de Remo que estava em meus braços.
— Infelizmente sim. — Eu suspirei. — Você sabe que ela é a única pessoa que eu posso chamar de
família, então preciso encontrá-la!
Anna deu um aceno positivo, mas eu sabia que ela não estava nada contente em me deixar sair da
mansão. Eu olhei para ela sentada na cadeira de balanço com o seu livro especial em sua mão,
aquele tinha sido um presente de Salvatore, um livro com contos infantis em [1]braile, assim Anna
poderia ler para o filho deles.
Era maravilhoso olhar para sua amiga e notar como ela estava forte, feliz e realizada junto da sua
família. Eu odiava observar aquela felicidade e às vezes sentir certa inveja, não que por acaso
desejasse menos que aquilo para Anna, pelo contrário, ela merecia muito.
[2]
— Tudo bem, mas se vai, pelo menos vá no nosso jatinho e use nosso motorista, fará eu me sentir
melhor!
— Não Anna, não precisa disso tudo.
Eu disse me colocando de pé, indo em direção a ela com Remo nos braços, Anna instintivamente se
moveu se aprumando para receber seu filho. Entreguei aquele “pacotinho” adorável a ela dando um
sorriso à criança que se aninhou nos braços dela claramente satisfeito.
— Precisa sim, não discuta comigo! — Anna disse e eu caí na risada.
— Deus, você já fala igual a Salvatore!
O sorriso de Anna ganhou contornos mais apaixonados, com certeza, era só falar sobre o seu marido
que ela parecia se derreter.
— Pare de me distrair. — Anna falou. — Agora sem mais discussões, vai usar o jato e o motorista!
Eu não disse mais nada, Anna realmente tinha aprendido a ser mais firme e até impositiva como
Salvatore. Agora eu iria para os Estados Unidos com todas as regalias dos Bianchini, e assim
encontraria a única pessoa a qual eu poderia chamar de família.
ΘΘΘ
MATTEO

Havia coisas que eu nunca iria entender, uma delas era a capacidade de perdoar… Eu não tinha essa
“qualidade”, com certeza não, mas Ettore parecia não ter dificuldade nenhuma com aquilo desde que
perdoou Aurora e o pior de tudo era que o idiota parecia mais que feliz com aquilo, ao julgar que
mal deixou o quarto que dividia com a esposa.
— Vai ficar me olhando assim pelo resto da vida? — Ettore perguntou.
— Olhando como? — falei de má vontade.
— Não seja obtuso!
Ignorei ele, eu não ia mais falar sobre aquilo, mas isso não queria dizer que eu não estaria de olho
em cada passo, cada respiração que Aurora desse, e se necessário iria prendê-la e ainda colocaria
Ettore junto, já que ele não conseguia ficar sem ela.
Olhei para o celular, estávamos aguardando uma ligação. Eu tinha esperado dois dias, tudo aquilo,
para ter alguma notícia da minha moeda de troca que iria usar com os chineses e era justamente a
ligação que eu esperava que ia determinar se finalmente a hora da minha conversa com o general
Chang tinha chegado.
— Deus, que espera infernal! — Ettore disse.
— Se está afobado para ir atrás da sua esposa então vá! — Eu disse friamente.
— Que droga, Matteo. — ele disse. — Eu estou tão interessado quanto você para resolver essa
merda…
— Merda que a sua esposa jogou no ventilador.
Ettore soltou um grunhido ficando de pé. Ele deu meia volta ficando de costas para mim, pareceu
respirar fundo, então quando se virou para mim estava claramente mais calmo.
— Eu sei que a Aurora causou tudo isso, mas por favor, pode parar de jogar isso na minha cara? —
ele falou. — Acha que não me dói saber que isso poderia ter sido evitado? Acha que não dói ter que
escolher entre ela e a minha lealdade a vocês?
Eu respirei fundo, mas antes que eu pudesse responder o celular na minha frente tocou. Olhei para
Ettore, um entendimento mútuo ocorreu entre nós e antecipação do que teríamos, então no segundo
seguinte eu estendi a mão pegando o aparelho, atendendo.
— Diga… — Eu falei.
— Achou mesmo que meia dúzia de homens iam conseguir me pegar Matteozinho? — A voz de
Violet me atingiu, baixa e perigosa. — Você é um filho da puta que está ferrado, ouviu? Ferrado!
Sem mais delongas ela desligou. Eu baixei o celular e olhei para Ettore, ele estava sério, o rosto
duro como pedra e aparentemente sabia que algo tinha dado errado.
— Ela descobriu… — eu disse, não precisei dizer mais nada.
— Puta que pariu!
ΘΘΘ
ETTORE

Eu entrei no quarto e encontrei Aurora lendo, percebi que eram relatórios, ela andava verificando
algumas questões burocráticas dos negócios da família dela, claro que tudo que Aurora recebia
estava sendo intermediado e checado pelos homens do meu irmão.
O pai de Aurora não entendia o motivo dela estar praticamente incomunicável, e eu não me
surpreenderia se ele aparecesse, na verdade, eu achava que o homem ia chegar a qualquer momento
nas portas da mansão exigindo falar com a filha que parecia estar vivendo em cárcere.
— Problemas? — ela perguntou deixando a papelada de lado.
— Deu tudo errado… — Eu disse tirando a camisa e me jogando na poltrona na frente da dela. —
Violet é uma desgraçada esperta, ela abateu nossa equipe que tentava capturá-la, ou seja, perdemos
nossa chance de poder ter algo para dar a máfia chinesa e assim nos livrar… Resumindo, fodeu tudo!
Aurora fechou os olhos, então quando abriu ela me encarou firmemente, eu a vi claramente culpada.
Ela se levantou, indo até mim, sem que eu esperasse Aurora sentou-se no meu colo segurando meu
rosto entre suas mãos delicadas, o toque dela era tão gentil que quase me fez suspirar.
— Eu fodi tudo, e sinto muito, sinceramente eu queria poder voltar atrás…
— Aurora, eu já disse, isso ficou para trás. — falei acariciando suas costas de maneira calmante. —
Não vamos deixar que isso fique entre nós!
— Mas não vejo como superar… — Ela foi sincera. — Seu irmão me odeia, e não tiro o mérito, bem
como também sei que Salvatore adoraria poder me jogar em uma cova rasa.
— Para tocar em você tem que primeiro passar por mim, sabe disso! — Eu afirmei, então a abracei,
mas ainda a encarando. — Nada vai ficar entre nós Aurora, eu não vou permitir, agora esqueça
isso… Eu e meus irmãos vamos dar um jeito, nós sempre conseguimos!
Aurora deu um aceno positivo, então encostou a testa na minha, suas mãos deslizando pelo meu
pescoço até meu peito, onde ela arrastou suas unhas de maneira sensual que dessa vez me arrancou
um suspiro.
— Bem, eu acho que preciso de algum incentivo para esquecer… — Ela me provocou e eu sorri.
— Ora, ora… Quem diria que você se mostraria tão promíscua… — Eu a beijei rapidamente antes
de ficar de pé com ela no colo. — Mas saiba que eu adoro!
Aurora caiu na gargalhada antes de me beijar e realmente ali, nos braços dela, nada mais
importava… Eu podia esquecer de tudo ao lado dela.
Capítulo 2
MATTEO
Meus passos a partir de agora tinha que ser bem calculados e precisos. Eu estaria negociando com os
malditos chineses, eu deixei Ettore e Salvatore por fora disso, afinal eu não queria nenhum tipo de
preocupação.
Quando eu saí do carro naquela manhã em direção a um restaurante de luxo no alto de um dos prédios
mais altos da cidade, não era um simples almoço, mas sim um encontro com o subchefe da máfia que
estava querendo a minha cabeça.
O local foi escolhido a dedo, era seguro para ambos, e nós dois concordamos em manter somente um
soldado ao nosso lado. Estávamos naquele encontro sob uma “bandeira branca”, porém era
temporário, pois ou eu resolvia aquilo ali naquele “almoço” ou um banho de sangue iria começar.
Quando eu deixei o elevador meu soldado me seguia, eu dei um aceno dizendo silenciosamente que
ele ficasse pelos arredores, afinal não o queria sobre mim. Andando pelo salão eu procurava um
homem, mais exatamente aquele que avistei na mesa ao centro.
Yang. Eu fui na direção dele notando que estava sozinho, mas lá no fundo do salão vi “seu homem de
proteção”, obviamente muito mais discreto que o meu, mas não tanto.
Um dos mais antigos homens de confiança do chefe da máfia chinesa era um homem baixo, com
cabelos esbranquiçados, olhos escuros, mais de uma firmeza e vigor impressionante.
— Eu devo dizer que estou impressionado que tenha culhões para marcar um encontro desse tipo,
Don Bianchini.
Ele falou na minha língua, seu rosto era uma máscara fria, ele não se levantou e me observava do seu
lugar. Nenhum garçom ou qualquer outra pessoa do restaurante se aproximou, ou sabiam que não
devia, ou mais provavelmente foram instruídos, por isso eu mesmo puxei minha cadeira me sentando
na frente de Yang.
— Não sou um homem que manda outros resolverem os meus “problemas” por mim. — Eu disse
friamente também. — Iremos fazer joguinhos de ameaças ou ir direto ao ponto?
Yang me observou por um longo segundo em silêncio, então se recostou contra a cadeira, colocando a
mão em seu queixo, então um curto sorriso apareceu.
— Quanta petulância. — aquele sorrisinho permaneceu. — O senhor sabe que está em desvantagem
aqui, não é mesmo, Don?
Matteo sabia, mas não era da sua natureza demonstrar aquilo, preferia morrer lutando e arrogante do
que ser uma piada que implorou por misericórdia.
— Sou um Bianchini, nunca estou em desvantagem. — Fui arrogante de propósito.
— Me parece mais um tolo. — Ele afirmou e dessa vez sem nenhum traço de humor. — Onde está o
general Chang?
Foi a minha vez de levar meu tempo para responder. Eu imitei a pose dele, colocando a melhor
expressão de poder em meu rosto, o sujeito não se intimidou, mas eu sabia que homens como ele não
faziam aquilo.
— Longe do seu alcance.
— Acha que a mansão Bianchini está fora do meu alcance? — ele desdenhou.
— Acha que ele está na mansão Bianchini? — eu desdenhei. — Então sua pergunta anterior foi
retórica?
Minha confiança parece ter abalado o humor de Yang, ele deu um tapa na mesa, seus olhos pareciam
injetados de fúria.
— Eu posso varrer o seu mundo Don Bianchini, e garantir, não sobraria nem o pó para que o senhor
contasse a história!
— E eu posso garantir que antes que o senhor conseguisse eu estaria com a cabeça do seu filho
pendurada sobre uma estaca na frente do seu jardim…
Minha voz não passou de um sibilar ao final, Yang resetou, seus olhos se estreitaram como se por
aquilo ele não tivesse esperando, mas era claro que não esperava. Era um segredo muito bem
guardado que Chang era filho dele, mas eu tinha minhas informações na manga.
— Que história é essa? — A voz dele era própria de um açoite.
— A história que você se esforçou tanto para esconder… — Eu sorri. — Mas sabe, alguns segredos
não ficam escondidos para sempre, por mais que enterrados bem fundo!
— Está pedindo para ser morto. — Ele disse entredentes.
— Ora, longe disso. — Fechei minha expressão. — Estou pedindo para acabar com essa guerra que
vocês começaram.
Aquele era o ponto crucial, eu não estava ali para ameaçar aquele sujeito e sua organização, não ao
menos que isso fosse necessário. Eu já tinha feito meu ponto colocando as cartas na mesa, o que eu
sabia, e o que eu poderia fazer com isso, mas no fim de tudo levaria a um único lugar: Negociar a
absolvição da minha família!
— Vocês roubaram algo que é nosso, algo que era da máfia, e acha que isso vai sair barato?
Não, eu sabia que não. Todavia eu tinha que dar um jeito de pagar o mínimo que fosse e com certeza
não iria ser com o sangue dos “meus”.
— Eu fiz um acordo pela minha família, mas quem tem algo de vocês é Violet Fontana, ela não é uma
protegida minha.
— É fácil para o senhor jogar tudo na costa de uma pessoa, não é mesmo? — Ele afirmou. — Mas
esquece que sua cunhada nos deu detalhes que dizem que essa sua versão é uma mentira?
Claro que Aurora contou tudo e mais do que achava saber daquela história, mas eu não deixei que
isso transparecesse em meu rosto, simplesmente ignorei.
— Minha cunhada gosta de joguinhos, acho que consegue perceber não é? Afinal ela mesma entregou
o general Chang para o meu irmão… Uma emboscada de primeira. — Eu ressaltei e Yang endureceu
em sua postura. — Acredita mesmo que tudo que ela disse é verdade?
Eu estava blefando, mas que outra saída eu tinha? Minha única carta na mão era ter o filho dele preso
no meu porão.
— Parece-me então que o senhor gosta de criar “cobras” em sua mansão…
— Eu não… — Me fiz de ofendido. — Entretanto meu irmão sim… Imagino que possa entender o
que é ter uma esposa querendo chamar atenção, não é diferente aqui, o problema foi que minha
cunhada levou isso a um outro nível, mas claro, se redimiu espetacularmente me trazendo o Chang.
Yang respirou profundamente, então pareceu se acalmar, antes de dizer qualquer coisa que pudesse
comprometê-lo.
— Me devolva o Chang e eu garanto que haverá a paz entre nós, mas claro, eu quero que você me
entregue a vadia italiana da Violet!
Não deixei que nenhuma expressão de alívio me tomasse de conta, simplesmente mantive meu rosto
tão duro quanto pedra, e meus olhos atentos.
— Me consiga o “sinal” de paz do seu chefe e então entregarei Chang, sabe que não tenho porque
machucar ele se eu quero essa oferta de paz…
Yang não gostou daquilo, entretanto ele sabia tão bem quanto eu que ninguém entregava seu “trunfo”
sem garantias, por isso eu não tinha dúvidas que minha oferta seria aceita.
— Em vinte e quatro horas terá o seu sinal, depois quero meu filho sendo entregue na ponte das
docas, se houver qualquer ferimento nele considere o acordo desfeito. — Ele falou entredentes. — E
eu quero Violet sendo entregue o mais rápido possível a mim, tic-tac, tic-tac… Seu relógio começou
a contar!
Ele se levantou da mesa, sem nenhuma hesitação, porque ele também sabia que eu iria concordar com
qualquer um dos termos estabelecidos.
— Por que o francês é tão importante a ponto de vocês começarem uma guerra?
Eu perguntei antes que ele fosse embora, Yang já estava de costas, mas parou e me olhou por cima do
ombro.
— Ele não é, mas a mensagem que passou quando foi roubado do nosso poder, é o que importa!
Sem mais delongas ele me deixou e somente quando ele saiu pelas portas do elevador eu me deixei
relaxar na cadeira. Aparentemente eu tinha conseguido o meu acordo, mas agora eu precisava ir a
caça e dessa vez não podia falhar em capturar Violet, ou mais problemas iriam surgir.
Que diabos… Tudo estava uma bagunça!
ΘΘΘ
LAUREN

Fazia algum tempo que eu estava sem pisar ali. Era estranho voltar sozinha, de fato, eu já tinha me
habituado a estar sempre com a Anna e claro, sua família, na verdade, foi assim por tanto tempo que
eu mal me via seguindo sem sua companhia.
— Obrigada! — Eu agradeci ao motorista que abriu a porta do carro.
— Para [3]West Philadelphia, Sra. Scott? — Ele perguntou antes de fechar a porta.
— Sim, por favor.
Pedi e ele concordou, fechando a porta do [4]SUV, eu olhei pela janela para o jato da família
Bianchini. Eu poderia ir até a mansão, mas seria apenas um desperdício de tempo, eu não tinha nada
realmente ali e eu nunca admitiria a ninguém que parte minha às vezes pensava em Matteo.
Aquele sujeitinho arrogante tinha o poder de ficar sob a minha pele, isso me deixava completamente
irritada, descomposta e de mau humor. Eu tinha prometido a mim mesmo que nunca, nunca mais iria
me preocupar com ele, afinal o próprio Matteo já havia deixado muito claro que me queria o mais
longe possível.
Tirei meu celular do bolso, me concentrando em avisar a Anna da minha chegada, eu sabia que ela
gostaria de saber afinal tinha me fornecido todos os luxos que possuía. Mandei uma mensagem
deixando ela saber que estava tudo bem, em seguida mandei outra mensagem, mas essa para a minha
“irmã”.
ΘΘΘ
ANNA

— Lauren tem uma irmã?


Salvatore perguntou surpreso ao ouvir o áudio da mensagem da minha melhor amiga, eu dei um
sorriso.
— Sim, bom, não é uma “irmã” de sangue, mas foi alguém com quem ela conviveu a maior parte da
infância e adolescência quando ainda estava no orfanato!
— Bom, a parte do orfanato eu sabia, mas pensei que ela nunca tinha criado laços com ninguém além
de você e os D’Angelo.
— Não, ela só chegou para trabalhar conosco com os seus dezessete anos a partir da indicação da
Madre que cuidava do orfanato e da igreja que minha mãe frequentava, sou grata a isso todos os dias!
Meu marido ficou em silêncio como se estivesse estudando a informação, mas eu sabia que ele
apenas tinha se distraído com Remo, era sempre assim quando ele tinha o pequeno em seus braços.
Eu sorri. Eu podia visualizar a imagem dele sentado na cadeira de balanço com o pequeno menino
em seus braços, com certeza era uma visão maravilhosa, eram naqueles momentos que eu desejava
poder enxergar.
— Nunca conheceu essa irmã dela?
— Sim, mas faz tempo. — Eu disse. — Mas por que?
— Curiosidade, a Lauren às vezes parece um mistério para mim.
Dei um sorrisinho, então me aproximei de onde eu sabia que ele estava, senti a mão de Salvatore
estendida e a envolvi na minha.
— Ela não é, só é muito reservada, mas eu a conheço como a palma da minha mão.
Salvatore puxou minha mão delicadamente até seus lábios onde depositou um beijo carinhoso.
— Fico feliz por você ter alguém assim para contar. — Ele disse e eu sorri.
— Eu também!
ΘΘΘ
LAUREN

Desci na frente de um prédio de classe média, de tijolos vermelhos e grandes janelas. Olhei para o
meu telefone mais uma vez conferindo o endereço, pelo que me constava eu estava no lugar certo.
Eu entrei, a porta de acesso estava aberta, não tinha um porteiro. Segui para as escadas, não tinha
elevador, fui para o último andar e quando entrei em um corredor estreito segui para a única porta
que tinha ali.
Parei diante da porta, então dei um suspiro, ergui minha mão dando três batidas sem saber exatamente
como me comportar, afinal faziam cinco anos que eu não via a minha irmã. Escutei a chave girar na
maçaneta e então a porta se abriu.
— Bem-vinda de volta!
Melissa estava diante de mim como se nenhum dia houvesse se passado desde o dia que ela se foi.
— Andou dormindo no [5]formol?
Um sorriso cruzou os lábios dela. Melissa estava perfeita em seus trinta e um anos, os olhos verdes,
o cabelo marrom cortado acima dos ombros, uma franja, o rosto sem nenhuma imperfeição e mais
jovem do que realmente era.
Todos sempre disseram que eu parecia um anjo, mas eu sempre achei que aquilo se aplicava a
Melissa, exceto, que sempre seria uma mentira. Ela nunca teve a personalidade de um ser celestial,
pelo contrário, eu duvidava que nesse tempo afastada de mim ela tivesse por acaso mudado.
— Com certeza estive melhor que você, afinal de contas, não sou eu que ando passando por tanto
estresse por servir a máfia!
Eu rolei os olhos, então passei por ela, sem esperar convite. Eu sabia que Melissa poderia estar
longe, fazendo Deus lá sabe o que, mas também poderia esperar que ela estivesse inteirada de tudo
que eu fazia.
— Vai fazer aquele negócio de passar sermão de irmão mais velho?
Perguntei tirando o casaco e me jogando junto com ele no sofá dela. Melissa me deu aquele olhar de
“não seja abusada”, mas eu já estava velha demais para que deixasse ela me intimidar.
Eu olhei o espaço a qual minha irmã parecia estar instalada, era um imóvel bem decorado, a sala
tinha uma TV grande, mas não maior que a estante de livros que ocupava toda uma parede, mas tinha
muito móveis para ser algo passageiro, então queria dizer que aquele lugar ou era da Melissa ou
tinha sido alugado para um estadia longa.
— Não estou em posição para isso. — Ela disse me surpreendendo. — Quer beber algo? Eu vou me
servir de um vinho.
Ela ofereceu já indo em direção a cozinha, pude observá-la atrás do balcão que dividia o espaço.
— Aceito vinho…
Falei tentando não demonstrar que fiquei curiosa com a mudança de rumo daquela conversa. Melissa
sabia que eu trabalhava para o pessoal da máfia antes de sumir no mundo e ela não gostava disso,
sempre deixou bem claro, me deu sermões dispendiosos sobre o quão era perigoso, mas a ideia de
fazer parte da família D’Angelo naquela época me deixou tentada.
No fundo às vezes eu pensava que Melissa só tinha ficado chateada demais por eu ter encontrado
naquela família pessoas às quais eu pudesse amar. No fim das contas não amei todos, somente a Anna
que foi mais que uma amiga, foi uma irmã e Melissa sabia disso, porque a última vez que nos vimos
foi a primeira vez que eu disse aquilo em voz alta para ela.
Ela voltou para a sala com as taças cheias, mas a garrafa de vinho também, ela deixou sobre a
mesinha, então me deu a bebida a qual eu provei de imediato, deixando que Melissa começasse a
falar, eu nem sabia por onde começar.
— Como você está? — Melissa perguntou depois de um longo silêncio. — Mas de verdade.
Eu olhei para a taça em minhas mãos, não foi para ganhar tempo dessa vez, somente estava pensando.
— Estou bem, de verdade, eu estou muito bem. — Fui sincera. — Tenho tido uma boa vida, e você?
Melissa me observou, então bebeu um pouco desviando os olhos, ela sempre fazia aquilo quando não
tinha coisas boas para dizer… Pelo menos era assim na nossa infância.
— Às coisas iam bem, não vão mais.
— O que aconteceu? — Perguntei mais com medo da resposta.
ΘΘΘ
MATTEO

Nem Salvatore ou Ettore esperavam por aquela notícia, mas eles sabiam que saímos de um problema
para entrar em outro, a proporção ainda era desconhecida.
— Como vamos pegar a cadela? — Ettore perguntou.
— Suponho que você já tenha um plano, não é Matteo?
Salvatore falou, mesmo no outro lado de uma tela de computador ele ainda parecia um verdadeiro
líder. Às vezes eu pensava se ele tinha realmente feito a coisa certa me passando a sua cadeira à
frente da máfia.
— Um plano não, mas algumas ideias. — Eu disse tentando soar firme. — Eu já fiz a parte difícil
então irei agradecer se ambos puderem colaborar agora.
— Se isso foi para soar como uma indireta para mim, Matteo, é bom…
— Cale a boca Ettore, eu não estou aqui como seu irmão, e sim como chefe da máfia!
Eu não gostava de me impor assim sobre Ettore ou Salvatore, mas era necessário, principalmente
com o meu irmão mais novo que estava todo sensível e arredio por causa da Aurora, a grande
precursora de todos os nosso problemas atuais, a qual ele amava loucamente.
Ettore se retraiu, mas deu um aceno respeitoso se mantendo quieto na poltrona adjacente a minha, eu
voltei minha atenção para Salvatore que observava tudo com um silêncio que parecia ao mesmo
tempo ensurdecedor, até ele finalmente falar:
— Irei colocar todos os meus esforços a sua disposição Matteo, se Violet é o que eles desejam para
selar a paz faremos isso, mesmo que eu não me sinta confortável em fazê-lo... — Ele deu um aceno.
— Mas no fim das contas pouco importa, já fiz coisas que não gostei, pela máfia e nossa família, eu
faço de novo!
Fiquei grato por aquele apoio, aquelas palavras, no fundo era importante para mim ter o aval de
Salvatore, ele passou muito anos à frente de tudo aquilo e foi um grande líder.
Por muitas vezes desde que eu assumi pensei em como ele devia se sentir solitário e completamente
sobrecarregado em acerto, sempre sendo o melhor, pois era exatamente assim que eu me sentia.
— Eu vou lançar meus melhores homens no rastreio dela. — Falei e olhei para Ettore. — Mas quero
que você cuide da execução da captura, ele não te conhece, não sabe como é seu [6]modus operandi,
isso será importante, diferente de mim e Salvatore que ela já viu trabalhando, você será um elemento
surpresa.
— Tudo bem, irei começar a pensar sobre isso, dessa vez ela não vai escapar do nosso cerco. —
Ettore afirmou.
— Acha que podemos ter problemas com os Bertinelli por causa dela?
Consultei a Salvatore, porque eu sabia que ela era apadrinhada pelos grandes chefes, e ele sempre
foi mais próximo daquela família do que qualquer outro italiano.
— Não, afinal de contas ela fez algo que eles sempre disseram para ela não fazer, roubar algo dos
chineses. — Salvatore soltou um riso sem humor. — É um palpite, mas acho que eles esconderam a
localização do francês dela por anos, eu tenho quase certeza!
O que quer que aquele francês tinha feito para Violet era algo grave, algo que a fizesse colocar em
risco a sua “mão de proteção” da família Bertinelli, mas no fim isso não importava para mim, na
verdade, era um bônus, eles cortarem relação.
— Então é isso, a temporada de caça foi aberta! — Ettore disse e eu não pude deixar de concordar.
Capítulo 3
LAUREN
Melissa me encarou. Ela não parecia contente com o que quer que precisasse me contar, isso me
deixou ainda mais apreensiva.
— Eu não gosto de suspense, Melissa, você sabe, eu nunca gostei. — Eu disse e ela deu uma
risadinha.
— Sim, você sempre foi muito curiosa. — Ela bebericou seu vinho e então deu um longo suspiro
antes de voltar a falar. — Para explicar o que aconteceu, preciso voltar um pouquinho atrás e te
contar uma historinha.
— Já está me dando calafrios. — falei e não foi de brincadeira.
— Bom, quando eu decidir ir embora você lembra que eu estava trabalhando com um pessoal que
cuidava de um esquema de jogos de aposta, certo?
Claro que eu lembrava, Melissa queria ir embora e queria que eu fosse junto, disse que a podíamos
dar certo com eles, falou que cuidaria de nós duas, só precisávamos ficar juntas… Foi aí que deu
tudo errado entre nós, porque eu não quis deixar os D’Angelo.
— Sim, eu lembro.
Me limitei a falar somente aquilo, ela concordou impassível e continuou.
— Depois que eu fui embora continuei com eles, um ano talvez, até eu começar meu próprio
“negócio”... Não era uma coisa muito dentro da lei…
Eu levantei uma mão para interromper aquela parte. Aquele era um outro detalhe, Melissa nunca foi a
pessoa mais correta do mundo, mas andava dentro da lei e por isso implicava tanto comigo
trabalhando para gente da máfia.
— No esquema deles, quando começou, você tinha me dito que não estava fazendo nada ilegal!
— E eu não estava! — Ela deu de ombros piscando aqueles olhos verdes de modo inocente. — Mas
eu meio que me meti em coisa errada depois… Eu precisava de lucro, lucro rápido!
Peguei minha taça de vinho tomando um longo gole, em seguida mais outro, depois enchi a taça
novamente dando um aceno com a cabeça para Melissa continuar, e ela o fez.
— Pois então, eu montei um esquema de apostas, comecei com jogos de azar, depois fui expandindo
para modalidades esportivas e acabei indo parar no mercado de lutas, desde as oficiais até as “não
oficiais”... — Ela mordeu o lábio meio incerta, mas eu simplesmente continuei calada e Melissa
tomou isso como um incentivo para continuar. — Claro que tudo isso não foi de uma hora para outra,
levou uns dois anos…
— Dois anos? — Eu estava chocada, porque aquilo era muito rápido.
— Não me olhe assim.
— Jesus… — Eu bebi mais um pouco. — Vá em frente!
— Bom, a questão é que eu ia sair, ficar só na parte legal, mas… Porra é muito dinheiro que rola
nesses esquemas, então continuei atuando, e quando eu expandi para as lutas ilegais o negócio
simplesmente foi a outro nível!
— Melissa... — Minha voz tinha certa incredulidade e também advertência.
— Eu posso ter passado um pouco do limite, posso ter feito alguém muito, muito mal ter perdido
uma pequena fortuna…
Lá estava a expressão de “anjo” no rosto dela, mas aquilo sinceramente era um bela fachada, porque
Melissa estava me dizendo que estava enrolada com uma merda monumental.
— Você pode ter feito alguém perder quanto? — Me encolhi ao perguntar.
— É… — Ela fez bica, então olhou para sua taça, passando o dedo pela borda fingindo distração. —
Bom, talvez, cinquenta milhões de dólares ou algo assim...
Engasguei com aquele valor. Fiquei de pé de imediato colocando a mão na testa pensando no que
Melissa tinha aprontado, quando me virei ela ainda me olhava como se fosse uma santa. Cristo!
— Puta merda Melissa, como fez isso?
— São jogos de azar, o objetivo é fazer essa gente perder, no entanto, eu sempre faço eles perderem
em “equipe”...
— Ai meu Deus… — Eu acho que estava começando a enjoar.
— Lauren, não se faça de santa, você lida com mafiosos… Eu sou um peixinho perto deles!
— Sim, mas a questão é que são “ELES” que têm suas merdas e no final das contas o problema está
longe de ser comigo… Mas agora… — Eu passei a mão pelo cabelo, preocupada. — Sim, me diga
logo, o que fez mesmo?
— Tinha uma luta grande, eu sabia que já tinham negociado o resultado, então eu meio que entrei
como o “terceiro” apostador. — Ela suspirou. — Olha no fundo eu só fiz uma boa oferta ao cara que
ia ganhar, pedi para ele empatar, ofereci uma porcentagem maior de lucro e coloquei o boato em
andamento, meu número de apostas foi na lua, o lutador empatou e ganhei uma bolada, mas o cara que
queria a “vitória” meio que se fudeu perdendo em torno desse valor que te falei!
Me sentei no sofá chocada demais para assimilar, a taça em minha mão parecia pesar, a deixei de
lado enquanto encarei Melissa pensando na grande trapaceira que ela era.
— Você não tinha ideia que ia ferrar alguém poderoso?
— Não, o cara estava escondido por trás de laranjas, mas ele me achou e é aí que chegamos aos dias
de hoje. — Ela engoliu em seco. — Ele tá me caçando, quer que eu pague com grana ou com o meu
lindo pescocinho!
Eu sinceramente queria enfiar a mão em Melissa naquele instante. Foda! Eu nunca tinha me metido
em nada tão fodido assim e agora ela aparecia para me arrastar naquilo?
— Me procurou porque quer que eu prepare o velório?
Eu sei que fui dura, mas eu estava com raiva, tanto ela só ter me procurado só quando houve um
problema monumental, mas por ter sido tão idiota e feito algo como aquilo.
— Se eu pretendesse morrer não estaria falando com você! — Melissa devolveu a patada na mesma
proporção. — Eu preciso da sua ajuda.
— Eu devia te mandar a merda, você sumiu por cinco anos, nenhuma notícia sequer me deu….
— Você estava ocupada demais com a sua “família” de mentira! — Ela praticamente cuspiu as
palavras.
— Porque você foi embora!
Eu gritei. Melissa se levantou jogando o copo de vinho contra a parede oposta xingando, quando me
encarou seus olhos estavam cheios de fúria.
— Você me mandou embora Lauren, eu pedi para que viesse comigo e tudo que soube dizer foi que
não podia, tinha encontrado pessoas com quem queria estar, lembra disso? — A voz ela era afiada.
— Eu sou boa em entender quando alguém não me quer, na verdade, somos especialistas, duas órfãs!
Virei o rosto, quase me encolhendo ao açoite que eram as palavras dela, era como se voltássemos
aos nossos dezessete e vinte anos.
— Eu não queria que você fosse embora, eu somente não queria ir, na verdade, queria que tivesse
ficado comigo.
— Os D’Angelo não eram minha família!
— Mas eu era…
Falei baixinho, porque doía, doía pensar nela assim e não a ter por perto, mas ali estava Melissa na
minha frente. Eu limpei com a costa da mão em um gesto rude a lágrima que caiu.
Melissa respirou fundo, desviando os olhos, passando pelo sofá indo até a janela, onde olhou para
fora por um longo momento antes de falar qualquer coisa, eu esperei.
— Vai me ajudar ou não? — Ela perguntou de costas para mim.
— Pergunta idiota. — Eu grunhi. — É claro que eu vou, mas não sei como, porque não tenho nem a
primeira vírgula desse valor que você deu o golpe!
Ela se virou para mim, totalmente séria, sem nenhum pingo de hesitação com o que quer que fosse
pedir.
— Eu preciso que me apresente ao Don Bianchini!
Puta que pariu… Sinceramente quando eu pensava que nada podia ficar pior, Melissa vinha e
conseguia destruir minhas frágeis ilusões como uma [7]Bomba de Hiroshima.
ΘΘΘ
ETTORE

Na hora marcada como o velho Yang queria o filhinho dele estava na ponte, eu observava parado
atrás da barricada montada por meus homens enquanto um soldado meu levava ele em direção aos
“seus” soldados chineses.
— Eu preferia ter dado uma surra nesse babaca antes! — Falei, Matteo estava no ponto no meu
ouvido soltando um som exasperado.
— Não foi ele que forçou Aurora aos encontros! — Matteo fez questão de frisar.
— Não, mas ele a olhava de um jeito sujo, Aurora me disse e eu percebi quando os flagrei…
Minha vontade era esfolar aquele desgraçado porque eu sabia exatamente o que ele pensava ao olhar
para a minha mulher… Só de imaginar aquilo me deixava louco.
— Fica aí na sua “galo de briga”. — Matteo disse.
— Fácil falar quando a mulher não é sua!
Matteo não disse mais nada, mas eu sabia o que ele pensava, em Lauren… Ela seria a única coisa
que seu irmão do meio nunca iria colocar as mãos e ao mesmo tempo tudo que o próprio mais
desejava.
ΘΘΘ
LAUREN

— Sinceramente Melissa, você está usando drogas ou coisas desse tipo, quer minha ajuda para
conhecer o chefe da máfia Bianchini?
Eu não pude deixar de refazer a pergunta, Melissa suspirou, então voltou ao sofá e sentou-se na
minha frente.
— Eu quero fazer uma oferta, do tipo, se livrar desse cara para mim…
— Santo Deus. — Franzi o nariz para ela. — Que porra aconteceu com você para ficar tão fria?
— Aconteceu que eu prefiro esse cara em um caixão do que eu.
Eu suspirei, então comecei a esfregar minha têmpora já sentindo uma dor de cabeça se aproximar.
— Eles não são matadores de aluguel, Melissa, não acho que vá rolar nenhuma negociação entre
vocês!
— Não pode usar sua influência? Soube que a sua amiga casou com o chefe!
— Está desatualizada! — Falei pegando a taça de vinho. — Anna se casou com o chefe, mas ele
abdicou da cadeira para o irmão, de quem eu estou bem longe de ser a pessoa favorita, ou seja,
minha influência é menor que zero!
Melissa suspirou, então finalmente demonstrou alguma razão, se jogando contra o sofá.
— Eu estou fodida! — Ela disse.
— Está sim! — Falei bebendo, ela me lançou um olhar feio.
— Você não está ajudando confirmando as coisas que eu já sei… — Melissa disse e eu encolhi os
ombros, sem resposta melhor. — Lauren, esse é meu único plano, por favor, tenta uma audiência
para mim…
Olhei para Melissa pensando em dizer que não ia adiantar, mas no fim das contas ela tinha que tentar,
porque as opções dela eram bem escassas, quando digo isso era tentar os Bianchini ou morrer nas
mãos de quem quer que estivesse no pé dela. Eu suspirei.
— Tudo bem, eu vou tentar, mas não garanto nada… Matteo não me suporta!
— Então esse é o nome do chefe? — Ela perguntou e eu dei um aceno positivo. — Bom, se você
tentar já será de grande ajuda, com o tal Matteo eu me viro… Não deve ser tão difícil negociar com
um mafioso!
Eu dei uma risada levando a taça de vinho até meus lábios, pensando sobre o que ela disse e
chegando à conclusão que Melissa estava bem longe da verdade, porque afinal ela não conhecia
Matteo Bianchini.
ΘΘΘ
MATTEO

Andei pelos corredores da mansão, silenciosos e frios, era como eu andava me sentindo. Eu segui em
direção a biblioteca a procura de algum livro como parecia virar uma rotina, buscando algo para me
distrair, as noites eram ainda mais solitárias que os meus dias. Salvatore se sentia assim?
Aquela era uma pergunta que eu andava me fazendo sempre, porque parecia que desde que eu tinha
assumido o lugar na máfia minha vida era baseada somente aquilo, eu não tinha tempo para mais
nada, vivia em função daquilo e no fim das contas eu não me sentia satisfeito.
Eu era respeitado, temido até, tinha o que eu queria e no fim das contas estava insatisfeito, parecia
até uma piada.
Entrei na biblioteca indo em direção a sessão de livros de história política, algo que sempre gostei,
deslizei o dedo pela lombada dos livros procurando por algum que eu ainda não tivesse lido, nesse
instante meu celular vibrou, eu o tirei do bolso de imediato, havia uma mensagem exposta na barra de
notificação.
Recompensa de quinhentos mil dólares pela cabeça
de um alvo, com acréscimo de mais cem mil se o
serviço for executado em vinte e quatro horas.
Nome do alvo: L.A.U.R.E.N. S.C.O.T.T.
Foi como se eu tivesse levado um tiro, respirei fundo absorvendo aquela mensagem, meu celular
tocou logo em seguida e eu atendi no automático.
— Não é só você que sabe jogar pesada... Don Bianchini! — Violet falou do outro lado da linha.
— Eu vou destruir você! — Minha voz foi baixa e parecia arranhada, ouvir Violet rir.
— É sempre bom jogar com um oponente feroz... Boa sorte!
Ela desligou o telefone e eu cambaleei, como se estivesse zonzo, pisquei várias vezes tentando me
orientar. Lauren, depois de tudo que eu fiz, tudo que desistir, estava em risco. Eu fechei os olhos
tentando controlar o pânico, não tinha motivo, ela estava sob ameaça, mas estava na Itália, com
Salvatore, não havia lugar mais seguro do que aquele agora.
Abrir os olhos respirando pela boca, ligando para Salvatore, seu telefone tocou uma, duas, três e
finalmente ele atendeu.
— Olá...
— Lauren? Onde está a Lauren? — Eu o interrompi afoito.
— O que houve? Aconteceu alguma coisa com a Lauren? — A voz dele se aprofundou.
— O que? Como assim? — Eu perguntei confuso. — Que merda Salvatore.
— Você não está fazendo sentido nenhum Matteo, me responda logo, houve alguma coisa com a
Lauren? — Ele parecia preocupado. — Ela disse que estava bem!
— Porra Salvatore, me deixe falar com ela.
— Matteo, a Lauren não está aqui, inferno, ela está na Filadélfia.
Dessa vez foi como se um pedaço de mim tivesse sido rasgado. Aquilo só podia ser um pesadelo,
não era real, eu fechei meus olhos apertando com força como se o gesto me ajudasse a sumir com a
fala anterior de Salvatore.
— Por favor, me diga que isso é mentira, por favor...
— Droga Matteo, não... O que houve?
— Violet colocou um preço na cabeça da Lauren no mercado de assassinatos. — Foi como se as
palavras fossem cacos de vidro na minha língua. — Eu preciso encontrá-la agora, antes que alguém
consiga matá-la!
Capítulo 4
LAUREN
— Eu realmente poderia ir para um hotel! — Eu disse a Melissa enquanto ela estava arrumando o
quarto de hóspedes.
— Não é necessário isso! — ela disse afofando um travesseiro. — Tem espaço aqui…
Eu concordei, ainda um pouco deslocada, ainda segurando a minha mala, eu tinha dispensado o
motorista. Melissa me lançou um olhar, mas não disse mais nada ao terminar de deixar a cama
impecável.
— Obrigada!
— Eu vou deixar você descansar, e amanhã conversamos mais.
— Tá bem…
Foi a vez de Melissa concordar e me deixar sozinha no quarto no andar superior do duplex. Eu deixei
a mala indo até a cama, me sentando, olhando para aquele espaço, porém minha mente vagando por
todas as informações que me foram apresentadas.
Era estranho estar novamente com a Melissa, ainda mais quando ela colocava diante de mim toda
aquela merda. Quem diria que a pessoa mais correta que eu conhecia iria “virar a casaca”? Isso era o
que a vida muitas vezes nos obrigava a fazer.
Eu me joguei contra o colchão confortável pensando em como eu pediria a ajuda de Anna para tentar
ajudar Melissa, porque eu simplesmente não podia chegar na nova mansão Bianchini exigindo que
Matteo atendesse a minha irmã. Afinal tudo que eu iria conseguir era ele me jogando na rua.
Sinceramente eu não sei se Matteo se envolveria em algo como aquilo que Melissa estaria propondo,
mesmo que a oferta de pagamento dela fosse boa, pelo que eu sabia que os Bianchini já tinham
problemas demais para administrar.
ΘΘΘ
Eu havia acabado de deitar, apesar de ainda ser cedo eu caí no sono rapidamente, deveria ser a
mudança de horário, o que quer que fosse me fez apagar, porém algo ou melhor, alguém me fez
despertar.
— Acorda Lauren! Lauren…
Melissa estava me sacudindo me chamando baixinho, olhando para a porta, quando seu rosto se
voltou para mim ela estava séria e branca como uma página.
— O que… — Ela tapou minha boca.
— Temos que sair daqui, agora! — Melissa disse entredentes me puxando para cima, eu cambaleei
olhando para minha roupa ainda confusa. — Não temos tempo, só confie em mim…
Foi tudo que ela disse me puxando em direção a janela, Melissa abriu devagar, colocando o rosto
para fora e então começou a sair.
— Melissa! — Eu segurei seu braço, ela me olhou feio.
— Tem alguém entrando pelo primeiro andar, não podemos encarar, temos que sair agora Lauren!
Minha cabeça flutuou várias perguntas, eu olhei para a porta trancada, engolindo em seco e então não
pensei duas vezes. Dei um aceno, Melissa se moveu colocando seu corpo totalmente para fora, eu
respirei fundo e fui fazer o mesmo, eu tinha que acreditar que ela sabia o que estava fazendo.
Quando coloquei meu pé para fora notei um parapeito muito curto, frio e escorregadio sob meus pés
descalços, olhei para baixo tendo uma vertigem, virei o rosto olhando para Melissa.
Ela estava encostada na parede como eu, mas já se movendo para o lado, fiz o mesmo que ela sem ter
qualquer noção e somente seguindo. O que quer que ela fosse fazer eu esperava que não terminasse
com nós duas caindo daquela altura.
— Vamos, se mova mais rápido!
— Estou quase escorregando…
Meu interior estava se revirando em nervosismo, adrenalina, e eu não queria olhar para trás com
medo de encontrar alguém atirando. Melissa se movia com mais facilidade que eu, mas parou
abruptamente para se segurar quando seu pé escapou.
— Melissa!
Ela se segurou em uma afiação, então me olhou, dando um aceno.
— Estou bem, temos que chegar até o outro telhado!
Concordei e a segui com o coração na mão, sem olhar para baixo, minhas pernas estavam tremendo,
o vento pareceu querer surgir naquele momento e acertar como um açoite nas minhas pernas nuas
cobertas apenas por um short de algodão com uma camisa do mesmo tipo.
Notei finalmente o telhado do outro prédio se aproximando, assim aumentando o tamanho do
parapeito, Melissa chegou a frente e parou, olhando algo, assim que cheguei em suas costas notei que
havia um pequeno espaço.
— Merda! — eu disse.
— Sim, merda. — ela concordou. — Vamos ter que pular!
Eu olhei para trás, não tinha ninguém, pelo menos não ainda. Respirei fundo, minhas mãos tremendo,
Melissa me olhou com pesar.
— Lauren, precisamos, não vai demorar até eles chegarem... Me desculpe...
— Só me pede desculpas depois que a gente sobreviver, agora vai logo!
Fui dura, mas porque eu precisava, ou ia amarelar e morrer na mão de gente que com certeza me faria
ter uma morte pior do que cair de um prédio de dez andares. Melissa se virou, respirou fundo e sem
pensar saltou, ela caiu do outro lado do telhado com um estrondo baixo.
Eu me aproximei, olhando o espaço, era a distância de dois braços. Eu respirei fundo, então antes
que eu pulasse, ouvir o som de algo sendo arrebentado... A porta!
Não houve muito tempo para pensar ali depois disso, eu pulei caindo sobre as telhas duras fazendo
bem mais barulho que Melissa, e bem nessa hora que alguém gritou e então tiros começaram.
—Lauren, vamos, corre!
Melissa me ajudou a levantar, nós patinamos na telha lisa, mas conseguimos nos encolher antes de
começar a correr. Eu tinha a certeza que a qualquer minuto aquele telhado iria ceder, mas eu não
parei.
— O duto de ar!
Gritei por cima dos tiros apontando para a saída mais rápida, Melissa parecia querer ir para a
escada que levava a uma laje, mas não ia dar tempo, a chuva de tiros só aumentava e eu me recusava
a olhar para trás.
O buraco do duto era grande o suficiente para qualquer uma de nós, Melissa foi na frente se jogando
e eu fiz o mesmo, não sabia onde a gente ia parar, mas com certeza mais longe dos homens que
atiravam.
Caímos no vazio escuro, uma por cima da outra até de repente desabar contra algo duro que cedeu
imediatamente sob o nosso peso, no instante seguinte caímos mais uma vez, porém dessa vez no chão
e poeira, pedaços do duto de ventilação e do teto vieram por cima de nós.
Eu caí quase em cima de Melissa, ela tossia, eu estava um pouco tonta, mas não tinha tempo para
isso. Tirei os pedaços daqueles objetos de cima de mim, me virando para ela, tirando de cima dela
também.
— Levanta Melissa!
Ela concordou se levantando, mancando. De repente eu notei portas se abrindo, nós tínhamos caído
em um corredor de um prédio de moradia, eu só tive tempo para puxar Melissa sem avaliar mais
nada e uma nova onda de tiros. Eles estavam chegando!
Um calafrio me acertou, minhas pernas tremeram, meu peito se apartou de medo porque eu sabia que
aqueles homens não iam parar, iam se jogar atrás de nós. Eu arrastei Melissa em direção a porta de
emergência, entrando com tudo, descendo o mais rápido que eu conseguia.
— Não para Melissa, mais rápido!
Gritei descendo, mas olhando para cima, as escadas que ficavam para trás, botando mais distância e
mesmo assim não era o suficiente.
— Puta que pariu!
Melissa gritou, então mais tiros vieram, foi na porta de emergência. Vi um vulto, meu coração bateu
mais rápido, enquanto eu tremia, mas sem parar de me mover.
Então eles começaram a atirar de lá de cima, a gente se jogou contra a parede sem deixar de correr e
então quando estávamos chegando ao final uma granada foi jogada.
E então eu só reagi, puxei Melissa a jogando para frente, ela rolou as escadas, eu me abaixei e peguei
a granada jogando para cima de volta, a explosão veio no instante seguinte, o impacto me jogou pra
baixo em cima da Melissa.
— Ah porra!
— Levanta…
Eu disse com um zumbido nos meus ouvidos, levantando cambaleante, girando a maçaneta e a chave
que graças a Deus estava ali, Melissa me ajudou e assim abrimos rebolando juntas para fora.
A gente rastejou no chão molhado de um beco, mas conseguimos ficar de pé, não demorou a começar
a correr de novo. Lá de cima do telhado vieram mais tiros, só conseguimos nos jogar contra o muro,
correndo, cobrindo nossas cabeças.
— Inferno, esses desgraçados não desistem!
Melissa disse. Corremos, alcançando finalmente a calçada, o primeiro carro que ela viu parou diante
e se abaixou no canteiro, pegando uma pedra, quebrando o vidro.
— Você virou uma criminosa mesmo…
— Quebra o outro lado!
Melissa jogou a pedra para mim e eu corri, fazendo o que ela disse. Eu entrei, ela já estava lá dentro
arrebentando o painel com o rosto enfiado ali, olhei para trás. Estava sem ninguém, mas eu sabia que
era questão de tempo, muito pouco tempo e então lá estavam nossos amigos de novo, atirando.
— Mel! — Gritei me abaixando.
— Pegou!
Ela acelerou, antes mesmo de levantar, então eu puxei o volante e Melissa puxou a marcha, o carro
saiu em disparada levando a pintura dos três outras que tinha à frente quando passou arranhando-os.
A gente se abaixou mais uma vez, enquanto os tiros ficavam para trás, Melissa assumiu o volante de
vez, subindo as calçadas, cortando caminho, porque era claro que ia ter gente para vir atrás de nós.
Eu estava apavorada, olhando para trás, minha respiração estava completamente sem controle, a
adrenalina tão alta como nunca esteve. Olhei para Melissa, ela estava completamente fria, muito mais
pálida, mas bem mais controlada dirigindo como se o capeta estivesse consigo.
— Não é a primeira vez que tentam me matar se é isso que significa essa sua cara como um ponto de
interrogação!
Ela falou, eu engoli em seco, mas não deu para responder. Quando saímos de uma viela um carro
acertou nossa traseira, Melissa xingou, segurando o volante firmemente para não deixar o carro
perder o controle.
— Porra! — Eu disse e olhei para trás, os desgraçados vinham no encalço, sem desistir. — Baixa!
Gritei no mesmo instante que via eles colocando armas para fora, Melissa obedeceu, e outra onda de
tiros veio. Ela girou o volante, virando o carro, entrando em uma rua estreita, despistando o carro
que vinha atrás que passou direto, mas eu tinha quase certeza que íamos morrer.
— Melissa, o que você tá fazendo, aquela rua é contramão!
— Sim, é sim.
Ela disse, os nossos amigos apareceram de novo, com mais tiros, porém nessa altura Melissa já tinha
nos colocado no tráfego, na contramão, e eu quase morri quando vi um caminhão.
Mas ela desviou no último instante, saindo para frente de um carro que ela cortou antes de nos
acertar ao subir na calçada e quase atropelando as pessoas que se jogavam para fora do caminho.
— Jesus! — Gritei me segurando no painel, Melissa estava firme.
— Precisamos sumir daqui…
Ela jogou o carro na pista de novo, forçando a quem estivesse na frente desviar, e eu estava
morrendo de medo, completamente desesperada, mas Melissa não tinha qualquer inclinação a parar
com aquela loucura.
— Melissa eu juro que se não morrermos agora, depois eu te mato!
A infeliz teve a coragem de rir, mas parou, se concentrando na outra merda que vi que ela ia fazer.
— MELISSA!
Gritei, mas tarde demais, ela simplesmente jogou o carro de cima da rua que terminava em um
elevado, indo para outro, o impacto me jogou contra o teto e para baixo com força levando todo o ar
dos meus pulmões.
Melissa segurou o carro como pode, mas ainda batemos no muro, e o vidro estourou do lado dela que
bateu, mesmo assim minha irmã continuou. Olhou para trás, procurando pelos nossos “amigos”, sem
diminuir o ritmo.
— É, deu certo, o carro até que é bonzinho!
Ela disse dando uma batida no volante, acelerando como uma louca ainda, mais claramente satisfeita,
eu olhei para ela em choque.
— Você nos jogou de um elevado sem ter a certeza que conseguiria segurar o carro ou que ele iria
aguentar?
— Claro que eu não tinha certeza, você já jogou um carro de algum elevado? Porque eu não!
Gritei com ela querendo atingir ela com as minhas mãos, mas eu me segurei. Então só cobri meu
rosto processando o fato de eu quase ter morrido naquela noite.
— Como você sabia que estavam invadindo a casa? — Perguntei, tentando me acalmar, quando a
encarei.
— Eu estava no quarto, mas tenho um sistema de segurança, vi eles pelo elevador quando discaram o
meu andar. — Ela disse, com os olhos na pista, sem tirar o pé do acelerador. — Quando você vê
homens de colete e com armas você não fica esperando para perguntar o que desejam né?
Eu olhei para frente, o para-brisa destruído assim como todo o resto do carro, mas voltei a encarar
Melissa.
— E o que vamos fazer agora?
— Tenho um lugar seguro.
— Pois pelo que eu vi hoje não acho que qualquer lugar seu, seja seguro.
Melissa me lançou um olhar que eu podia muito bem dizer que estava me xingando.
— Tem uma ideia melhor?
— Infelizmente não é a melhor, mas é a única opção. — Aquela opção me deixava amarga, mas era a
única. — Vamos para a mansão Bianchini, esse sim é o lugar mais seguro do mundo para nós duas
agora!
— Achei que não tinha como entrar lá…
— E não tenho, irei me humilhar pedindo permissão, porque sei que a Anna nunca perdoaria o
cunhado dela se ele me deixasse na rua para morrer apesar dele querer isso, com certeza…
Eu disse sem qualquer humor, porque eu estava puta que teria de pedir algo para o novo grande Don
Bianchini, mas infelizmente eu sabia que naquele instante somente Matteo poderia me ajudar.
— Tudo bem, mas eu preciso checar uma pessoa antes. — Melissa falou.
— Quem?
Perguntei franzindo o cenho, afinal quem iria ser tão importante, até mesmo mais que a segurança
dela?
ΘΘΘ
MATTEO

O apartamento estava destruído. Eu andei pela sala cheia de marcas, coisas reviradas, era um local
claramente feminino e o que quer que Lauren estivesse fazendo ali foi interrompido abruptamente.
— Matteo!
Ettore me chamou, eu olhei para ele acima, no segundo andar. Eu sabia que ela não estava ali, mas
também não tinha ideia se tinha capturado-a, e isso estava me matando silenciosamente. Eu subi as
escadas rapidamente, meu irmão apontou para um quarto.
— A porta foi arrombada, a janela estava aberta, ao que parece ela fugiu… — Ettore disse.
— Acabei de confirmar que duas mulheres desabaram pelo duto de ventilação fugindo de homens
armados, um carro foi roubado também!
Humberto, o meu melhor soldado surgiu avisando, eu engoli em seco sentindo que pela primeira vez
desde que eu soube que o nome de Lauren estava rodando entre assassinos. Eu havia chegado tarde
demais, depois deles, mas pelo menos ela tinha fugido.
— Eu quero todos os meus homens na busca por ela, já está rastreando a placa do carro? —
Perguntei.
— Sim senhor, já estamos trabalhando nisso. — Humberto respondeu.
— Então faça isso mais rápido!
Falei entredentes e ele concordou, saindo. Eu passei por Ettore entrando no quarto, sendo atingido
por um cheiro adocicado que eu sabia que era da Lauren, mas tinha cheiro de pólvora também, isso
me deixou colérico.
Eu vi coisas jogadas no chão, então vi um pequeno lenço, eu estendi a mão pegando-o e sem poder
resistir eu o levei ao nariz, trazendo o cheiro dela para o mais próximo que podia de mim.
— Vamos encontrá-la!
Ettore disse colocando a mão no meu ombro, eu respirei fundo sorvendo o cheiro dela, então eu
coloquei o lenço dentro do meu blazer e encarei meu irmão.
— Sim, eu vou, e depois irei destruir a Violet por colocar a Lauren em perigo!
ΘΘΘ
LAUREN

O amanhecer começava, a luz do dia tudo parecia menos assustador. Nós trocamos de carro e de
roupa, Melissa aparentemente tinha se preparado para o caso de precisar fugir. Ela tinha alugado um
galpão onde mantinha algumas roupas, tinha um carro e dinheiro, fomos até lá e logo seguimos para
onde eu menos esperava.
— Por que estamos no orfanato?
Eu perguntei, mas Melissa já tinha saído do carro. Ela parou em uma rua atrás da entrada dos fundos,
então pegou o seu novo celular, discando o telefone de alguém. Eu saí do carro logo em seguida
querendo entender o que estava acontecendo.
— Melissa, o que está havendo agora?
Parei atrás dela, me encostando no carro, esperando explicações. Melissa se virou para mim, seu
olhar era sério.
— Hoje por minha culpa eu quase te matei, mas uma das pessoas que eu mais confiava não teve essa
sorte, minha base de operações em [8]Xangai foi atacada, e a Katie, minha analista de dados, foi
morta. — Melissa falava compassadamente, mas eu via a dor nos seus olhos. — Ela tinha uma filha,
sabe que eu nunca quis uma criança, então por isso eu trouxe para cá…
— Você a deixou aqui, Melissa? — Perguntei incrédula.
— É melhor aqui do que entregá-la para um pai criminoso ou a avó viciada, não acha? — Ela disse
friamente. — E é só por um tempo até eu encontrar um lugar com alguma família, alguém estável,
porque eu não ficar com ela levando a vida que eu tenho, uma criança precisa de estabilidade, você
saber disso tanto quanto eu!
Sim… Eu sabia exatamente. Eu dei um aceno, Melissa estava certa, ela não poderia cuidar daquela
criança.
— Desculpa, eu… Eu entendi. — falei baixinho. — Mas porque está aqui agora?
— Estou com medo de deixar ela aqui e virem atrás dela, claramente estão na minha cola, dessa vez
preciso levar ela comigo!
A porta dos fundos se abriu, então eu vi uma mulher sair e ao seu lado segurando sua mão vinha uma
garotinha, os cabelos castanhos claros e curtos, estava de pijama e segurava uma pequena boneca nas
mãos. Ela não devia ter mais de cinco anos, e olhar para aquela criança lembrou de mim mesma.
— Hey Mathilde!
Melissa disse com um sorriso, a garotinha sorriu, seus olhos azuis como um céu sorriram junto,
claramente feliz em ver um rosto conhecido.
— Tia Mel!
Ela disse soltando a mão da mulher e correndo até Melissa, que se abaixou para dar um abraço nela,
antes de a pegar no colo, então se virou para mim.
— Mathilde quero te apresentar uma amiga, essa é a tia Lauren… — Melissa me olhou, eu vi algo
afetuoso em seu olhar. — Ela é a minha irmã!
Eu sorri, sorri ao ouvi-la me chamar assim. Então olhei Mathilde, seus grandes olhos azuis estavam
focados em mim, ela me observava curiosa.
— Oi Mathilde, tudo bem? — Estendi a mão, ela olhou, então pegou no meu indicador sacudido. Eu
sorri.
— Você parece minha boneca…
Mathilde disse, então me mostrou a boneca, era loira e tinha os azuis, realmente ela tinha certa razão.
— Ah meu Deus, é verdade, acho que ela pode ser minha irmã também! — Falei sorrindo e ela
sorriu, seus olhinhos brilharam.
— Mathilde nós vamos com a tia Lauren conhecer alguns outros amigos, vai ser temporário, mas vai
ser divertido, tudo bem?
Melissa explicou e Mathilde concordou, ela olhou então para a mulher que até então tinha se mantido
calada.
— Obrigada, Ivy, eu vou cuidar dela agora, mas ainda voltaremos…
A tal Ivy concordou, mas olhou para Melissa seriamente, depois para mim como se soubesse
exatamente porque a gente estava ali, talvez soubesse mesmo.
— Toma cuidado, e me dá notícias.
Ela se aproximou, então dando um beijo em Mathilde, se despedindo e então Melissa logo se afastou
colocando a menina no banco de trás, eu entrei no carro, quando minha irmã entrou também me
olhando.
— E agora vamos para onde?
— Para os Bianchini!
— Os “Bichini”? — Mathilda perguntou, observando, curiosamente, eu me virei para trás sorrindo.
— Isso mesmo, são uns amigos meu. — Eu disse. — Eles tem uma casa enorme, podemos brincar de
esconde-esconde….
— Eba!
Ela disse batendo palminha e mantive um sorriso. Melissa já manobrava o carro para nos tirar dali,
agora era só seguir para a mansão Bianchini, realmente não era algo que eu queria, mas necessário.
— Como acha que vão nos receber? — Melissa perguntou.
— Não tenho a mínima ideia, mas não vão nos botar para correr, isso tenho certeza!
— Tia Mel, tem desenho? — Mathilde pediu.
— Sim. — Melissa respondeu. — Coloca algo no meu celular para ela.
Concordei pegando o aparelho procurando por algo, coloquei minha atenção ali, não deu tempo para
perceber o que vinha e no segundo seguinte que Melissa atravessou uma via um outro carro acertou
nossa traseira fazendo com que a gente rodasse, eu ouvi o grito de Mathilde em seguida.
— Porra!
Melissa xingou já trocando de marcha e acelerando o carro, eu olhei assustada para os lados e vi um
SUV preto acelerando também, mas para cima da gente. Eu não pensei muito, simplesmente me soltei
do cinto pulando no banco de trás, Mathilda estava assustada.
— Está tudo bem, não precisa ter medo!
Eu disse abraçando enquanto Melissa colocou o carro em rota de fuga, dessa vez nada de contramão,
mas quando eu olhei para trás vendo dois carros em nossa cola pensei que talvez fosse uma boa saída
de novo.
— Melissa, tem dois carros!
— O que é isso, tia? — Mathilde perguntou me abraçando, os olhinhos azuis brilhando de medo,
aquilo me matou.
— A tia explica depois, só fica bem abaixada e me abraça!
Mathilde fez isso, eu prendi ela comigo, sons de tiros começaram e eu me encolhi, Melissa xingou.
— Estão mirando no pneu! — Melissa falou.
— Merda, querem parar a gente então, só parar!
Concluir aquilo enquanto Melissa fazia um zig-zag tentando escapar, virando em uma viela, Mathilde
me abraçava com força e eu só tentava pensar em um jeito de escapar, até que percebi onde a gente
estava, então uma ideia me veio.
— Segue para o banco que tem na rua X, agora, vai!
Gritei, Melissa girou o volante seguindo para onde eu mandei sem questionar de fato.
— O que há lá? — Ela perguntou.
— É o banco dos Bianchini! — Eu respondi.
— Segura aí!
Não tinha onde segurar muito bem, mas logo entendi o porque, Melissa jogou o carro na calçada
subindo escadas, cortando caminho, atravessando um canteiro e uma pista na contramão antes de
entrar na via da rua X.
— Acelera tudo que pode e invade o portão lateral!
Eu orientei ela, não tinha muito o que fazer, era o único jeito de conseguir entrar em um local que
fosse seguro longe de SUV’s com homens armados que queriam nos capturar.
Melissa não pestanejou, acelerou o máximo um pouco antes de chegar no bloqueio dos portões. Eu
abracei Mathilde, junto com as minhas pernas e esperei o impacto, como imaginei saímos levanto
tudo estourando a entrada e acabando com o carro.
Mesmo entrando Melissa ainda continuou acelerando e só paramos ao acertar o paredão junto de
outros carros, com o impacto fui jogada para frente, mas protegi Mathilde e sem ter ideia de como
Melissa estava, mas uma coisa era certa, não iam entrar ali atrás de nós.
Se o cara que estava atrás de Melissa era assim tão perigoso, ele também saberia reconhecer o
território de outro homem mais poderoso que ele. Eu me movi devagar, puxando Mathilde comigo,
ela me olhava completamente em choque.
— Calma querida, está tudo bem. — Eu olhei para Melissa que erguia a cabeça que estava apoiada
no volante com suas mãos. — Você está bem?
— Acho que sim. — Ela respondeu, me olhando, vi um corte no seu supercílio. Melissa olhou para
trás em seguida. — Parece que despistamos eles, mas tem uma cambada de seguranças armados
vindo para cá!
Eu me movi trazendo Mathilde comigo, abrindo a porta, esperando, para sair primeiro.
— Tia Lauren? — Ela chamou.
— Está tudo bem, fique aqui. — Eu olhei para Melissa. — Eu vou primeiro!
Não esperei, e saí do carro, levantando as mãos e vi logo umas dezenas de armas apontadas para
mim.
— Sou Lauren Scott, não estou armada, preciso falar com o Sr. Bianchini. Qualquer um deles!
Pedi e então senti de repente alguém me apertar, mas exatamente minha perna, olhei para baixo vendo
a pequena Mathilde.
— Eu disse para esperar lá… — Eu falei e então sorri, pegando ela no colo, deixando de costas para
não vê as armas, quando falei com os seguranças. — Por favor, avisem o Sr. Bianchini que a Lauren
destruiu a entrada do banco dele, por favor.
ΘΘΘ
ETTORE

A Lauren era realmente inesperada. Eu olhei para Matteo ao meu lado e ele claramente ainda não
acreditava no que eu tinha lhe dito, e como eu havia dito.
— Ela literalmente pediu para avisar que destruiu nosso portão!
— Cristo, eu procurando ela por toda a cidade e ela me aparece assim…
Matteo disse impaciente, mas eu sabia que era porque estava querendo chegar logo nela, queria
encontrá-la para ter certeza que estava bem. Eu podia entender o sentimento.
— Pelo menos ela está bem, é o que importa, não é mesmo? — Disse e ele suspirou.
— Momentaneamente ela está bem… — Ele suspirou. — Violet não brincou quando colocou o nome
dela entre os piores dos piores assassinos.
— Ela vai estar conosco, podemos protegê-la.
Meu irmão não disse mais nada, ele virou o rosto, como se quisesse esconder todo e qualquer
pensamento de mim, ou melhor, de todos.
Entretanto eu podia imaginar o que estava se passando pela sua cabeça, ele devia estar pensando que
tudo que fez para blindar a Lauren dos perigos do nosso mundo tinham ido por água abaixo no
momento em que Violet jogou o nome dela aos “lobos”. Com certeza era doloroso para Matteo, e eu
não estava contente com isso, não mesmo.
ΘΘΘ
SALVATORE

— Ela está no banco da família, Matteo e Ettore estão indo encontrá-la!


Eu entrei na sala de trabalho da Anna levando a notícia, e vi seus ombros relaxarem, como se o peso
de mil elefantes saíssem dali. Ela estava parada na frente da janela com o celular na mão esperando
por alguma notícia.
— Graças a Deus, eu já estava perdendo minha mente aqui!
Caminhei até minha esposa, ela usava um suéter azul, calças jeans e os cabelos escuros soltos, seu
rosto estava cansado pela preocupação e também por acordar duas vezes na noite para amamentar
Remo, e assim, daquele jeitinho ela era a coisa mais linda do mundo para mim.
— Eu sei minha doce Anna, mas agora ela está segura. — Eu a alcancei, a puxando para meus
braços, beijando seus cabelos.
— Ainda bem, mas eu gostaria de falar com ela.
— Já pedi que providenciasse um telefone para ela, mas deixei que ela falasse com o Matteo antes
para que entendesse o que estava acontecendo, acho que eles vão ter uma conversa… Difícil!
Anna se aconchegou no meu peito, dando um beijo, eu quase suspirei de prazer enquanto acariciei
suas costas de forma calmante.
— Acho que será um choque para ela em todos os sentidos… — Anna disse baixinho. — Matteo a
ignorou por meses!
— Ela estava tentando protegê-la!
— Eu sei, mas a Lauren não, é bem… Ela pode ser um pouco “geniosa”!
Sem poder conter eu dei uma risada, agora que Lauren estava segura o peso da preocupação com
Anna por causa da amiga foi embora, assim eu também pude relaxar.
— Geniosa é uma forma gentil de descrever sua amiga, meu amor!
— De fato… — Anna riu comigo.
Capítulo 5
MATTEO
A segurança estava alvoroçada pelo que tinha acontecido, claro, Ettore começou a cuidar daquilo
assim que saiu do carro e tratando de passar que versão dos fatos os mesmos tinham que ter. Tudo
não passou de um acidente!
Eu fiz meu caminho para a sala de reuniões para onde Lauren tinha sido levada, não dei atenção a
ninguém, eu queria chegar logo até lá e ver pelos meus próprios olhos que ela estava realmente bem.
— Senhor… — Minha secretária tentou falar, eu levantei a mão a interrompendo.
— Depois!
Foi tudo que eu disse virando para a esquerda no corredor adjacente ao caminho da minha sala e
segui em direção a porta no fim dele onde eu sabia que encontraria uma megera loira que quase tirou
o meu juízo com aquelas poucas horas desaparecida.
Não bati na porta, eu simplesmente a abri, esperando que meus olhos encontrassem Lauren de
imediato, no entanto, o que vi primeiro foi uma mulher de cabelos castanhos sentada na cabeceira da
mesa com um pano que devia ter gelo pressionado sobre a têmpora.
Em seguida notei que havia uma garotinha em cima de mesa brincando com os pesos de papel que
tinham o formato de esferas, todos coloridos, a menina tinha o cabelo de um tom castanho claro quase
loiro e parecia se divertir com os objetos a qual mostrava para a única pessoa que eu esperava
encontrar ali.
Lauren estava sorrindo para a garotinha, os cabelos estavam presos em um coque desajeitado, ela
parecia cansada e ainda sim a criatura mais adorável que eu já tinha visto. Eu estava confuso em ver
aquelas duas pessoas estranhas ali com ela, mesmo assim não podia mentir e não dizer que estava
aliviado por saber que Lauren estava ali segura.
A minha presença foi notada, Lauren tirou os olhos da pequena menina, então eles se voltaram para
mim e lá estava aquela cor azul, junto daquele olhar afiado, aquela forma de olhar dela sempre me
atingiu fazendo com que eu ficasse tenso, eriçado e pronto para um ataque, mas especificamente para
atacá-la, como se fosse um combate.
— Eu preciso de ajuda Matteo!
Foi a primeira coisa que ela me falou e eu por um momento quase cambaleei, porque eu queria
aquilo, eu queria que ela pelo menos uma vez precisasse de mim e apenas eu, porém no instante
seguinte eu lembrei que a culpa por ela estar ali pedindo por ajuda era minha e isso tirou qualquer
prazer que poderia existir.
Eu olhei para ela, sem dizer nada, enquanto também deixei minha atenção cair na mulher sentada na
cabeceira da mesa, dessa vez ela tinha afastado o pano do rosto e agora eu podia ver toda a sua
expressão.
Era uma mulher muito bonita, tinha traços delicados, perfeitos, junto de olhos verdes. Ela realmente
era adorável, mas nem em um segundo afetava a mim como Lauren fazia.
Percebi então pelo canto do olho a garotinha se mover abraçando a Lauren, que a acolheu. Que coisa
estranha, quem era aquela menina? Céus, era dela? Não, não podia ser, eu olhei para a menina que
tinha grandes olhos azuis e traços muito infantis, mas de alguma forma parecia com a Lauren.
Fechei a porta com uma batida forte me sentindo meio fora de mim por pensar que algum filho da
puta tinha deixado Lauren com a menina, pior ainda, que ela escondeu isso de todos, que ela… Que
inferno. Eu estava com raiva porque alguém tinha tido a oportunidade de ter aquela criança com ela.
— É sua? — Eu apontei para a menina, me aproximando. — É sua? Me responda!
Eu insisti enquanto Lauren manteve a menina nos braços de uma forma muito protetora.
— Você é mesmo muito arrogante! — Ela praticamente cuspiu as palavras. — Isso não é da sua
conta, sabia?
— Só responda a droga da pergunta Lauren! — Eu grunhi.
— Não sou obrigada, olha como você fala…
Sinceramente eu queria a pegar pelos braços e a sacudir, depois eu queria beijá-la, a abraçar para
nunca mais soltar mesmo que ela me deixasse louco por nunca agir como eu queria.
— Você…
— Não é dela! — A outra mulher sentada na cabeceira da mesa falou. — A menina, não é dela, Sr.
Bianchini!
Eu olhei para a mulher e então logo voltei a olhar para Lauren que estava como sempre me encarando
com ares de quem poderia me enfiar uma bala.
— Custava ter respondido? — falei entredentes.
— Para mim? Sim. — ela respondeu. — Agora a gente pode conversar?
— Aqui não. — Eu disse, mas continuei. — Só preciso saber quem são suas companhias!
Lauren passou a mão pelo cabelo da menina, que me observava, e eu não sabia dizer o que aquele
olhar significava. Então preferi ignorá-la.
— Aquela é minha irmã, Melissa. — Lauren indicou. — Essa é Mathilde, filha de uma amiga dela!
A última parte ela acrescentou lentamente como se falasse com um idiota, mas eu ignorei isso
também, então dei um aceno a irmã dela, uma irmã que eu nem sabia da existência e iria fazer
Lauaren explicar.
— Olá, é um prazer. Agora venham comigo!
Eu me virei já indo para a porta da sala e sabendo que elas iriam vir atrás. No fim das contas eu quis
sair dali porque não queria ninguém no banco comentando sobre o que estava ocorrendo.
Entretanto, também porque não tinha a mínima ideia de como Lauren iria reagir quando eu lhe
contasse tudo, no fim das contas, ela era imprevisível e por isso era melhor remediar a situação
tirando-a da frente de pessoas estranhas, pelo menos na mansão todos já conheciam seu gênio ruim,
ruim pelo menos comigo.
ΘΘΘ
LAUREN

— Lauren, que bom que está bem!


Ettore surgiu na área privada atrás do banco para onde Matteo tinha seguido para sair de lá.
— Oi Ettore. — Eu franzi o cenho. — Sabiam que eu estava com problemas?
O irmão mais novo de Matteo deu um sorrisinho e então olhou para Mathilde nos meus braços
franzindo o cenho também.
— É sua? — Ele perguntou e eu rolei os olhos.
— Porque todo mundo está me perguntando isso? — Eu suspirei. — Não é minha!
— Oh, desculpe, ela parece um pouco com você! — ele respondeu. — Oi amiguinha, sou o Ettore.
Ele falou carinhosamente com Mathilde que deu um sorrisinho tímido. Eu sabia que o Ettore estava
mudando de assunto, desviando a atenção para outra coisa, afinal ele não tinha respondido a minha
pergunta.
— Essa aqui é a minha irmã, Melissa. — Eu apontei com a cabeça para ela e então me voltei para
Ettore. — Esse aqui Melissa, é o irmão mais novo do Matteo!
— Olá Melissa, é um prazer!
Ettore estendeu a mão para ela de maneira simpática, no fim das contas, ele era o único na família
que tinha aqueles traços.
— Vão ficar aí trocando figurinhas ou vão entrar no carro?
Matteo falou impaciente, ele já estava com a porta de um SUV aberto, enquanto outro parou na minha
frente.
— Essa é a minha deixa. — Ettore disse, e abriu a porta do SUV que havia parado ali. — Pode
entrar, eu vou com o Don!
Eu concordei, dei um aceno para Melissa que passou por mim e entrou, eu entreguei Mathilde a ela,
mas antes de entrar encarei Ettore.
— Eu sei que você está escondendo alguma coisa. — Eu disse e Ettore ficou sério.
— Sabe que é um esporte de família fazer isso… — Ele deu de ombros. — Logo vai entender, agora
entra, por favor!
Eu semicerrei os olhos para ele, mas entrei. Assim que a porta se fechou notei que Melissa me
observava de um jeito curioso, o que fez eu ficar na defensiva de imediato.
— O que? — Perguntei e ela deu uma risada.
— Sinceramente, do jeito que você tinha me dito, achei que era bem distante dos outros Bianchini,
mas depois do que eu vi na sala com o chefe deles, começo a achar que você está mentindo ou se
enganando!
— Ah Melissa, me faça o favor. — Eu disse virando o rosto. — Ele me adora tanto quanto eu adoro
ele, foi isso que viu!
Melissa deu uma risada, mas não disse mais nada, apenas ficou embalando a Mathilde que começava
a pegar no sono, com certeza esgotada. Olhando para ela logo me senti mal por ela estar tendo que
passar por tudo aquilo, mas pelo menos agora eu sabia, estando com os Bianchini ela ficaria segura.
ΘΘΘ
ETTORE

Matteo parecia um pedaço de madeira, rígido dentro do carro, eu soltei um suspiro.


— Ainda não disse nada a ela? — Eu perguntei, ele me olhou sério.
— Claro que não… Eu não sei como ela vai reagir, mas suponho que seja mal, por isso é melhor
manter isso longe de olhos curiosos!
Eu dei um aceno pensando sobre aquilo, com certeza seria uma batalha para Matteo, Lauren
definitivamente parecia uma oponente a altura dela.
— Sabia que ela tinha uma irmã?
— Não. — Matteo me respondeu. — Nem entendo porque diabos elas estão com aquela garotinha!
— É a cara da Lauren não é? — Falei rindo lembrando da reação dela.
— Mas não é dela. — Matteo respondeu parecendo irritado, eu fiz uma careta.
— O que eu disse de errado? — Perguntei e então pensei um pouco, aí eu ri. — Sério, Matteo? Está
com ciúmes por causa disso?
— Vai se ferrar Ettore, é claro que não!
Ele virou o rosto dando a entender que estava encerrando o assunto ali, mas mesmo assim eu ainda ri,
porque eu não tinha dúvidas que meu irmão estava com ciúmes e com certeza aquilo era uma coisa
nova para ele.
ΘΘΘ
AURORA

Olhei pela janela do carro vendo os dois SUV entrarem, logo pararam na frente da casa, vi Matteo
sair primeiro subindo as escadas e desaparecendo para dentro da mansão.
No minuto seguinte vi Ettore, ele caminhou para o SUV que parou atrás deles, então abriu a porta e vi
uma loira sair, logo a reconheci, era a amiga da Anna que esteve sempre ao seu lado na Itália. Ela se
virou e entregaram a ela uma criança que parecia adormecida.
No instante seguinte Ettore estendeu a mão ajudando uma outra mulher a sair, uma mulher muito
bonita, que sorriu para ele de um jeito que me deixou plenamente ciente da onda de ciúmes que me
assolou.
O contato entre os dois foi breve, ela seguiu na frente e Ettore veio atrás, subindo a escadaria e
desaparecendo para dentro da mansão também. Eu me afastei da janela voltando para a minha mesa
repleta de balancetes com os lucros dos negócios nos Estados Unidos.
Entretanto, tudo que eu podia pensar foi no sorriso daquela mulher para o meu marido. A verdade era
que eu estava insegura, completamente, porque no fim das contas eu tinha medo que mesmo agora
depois de Ettore saber de tudo que eu fiz, então ele acordasse e se desse conta que tinha cometido um
erro me escolhendo, um erro ao escolher a mulher que prejudicou sua família.
Eu ouvi a porta do quarto se abrir, escutando também Ettore soltar um gemido cansado.
— Aurora! — Ele chamou.
— Oi… — Dei um sorriso.
— Pensei que ainda ia estar dormindo, está tão cedo!
Ele falou tirando o terno, os sapatos, se livrando rapidamente de tudo ficando apenas de cueca
caminhando na minha direção com aquela graça felina que tinha em todos os seus gestos.
— Não consegui mais dormir desde a hora que saiu e então resolvi trabalhar.
Eu falei apertando o penhoar ao meu redor, permanecendo sentada na minha cadeira, Ettore parou um
pouco antes de me alcançar inclinando a cabeça, me observando.
— O que houve? — A expressão dele ganhou contornos de preocupação.
— Não houve nada… — forcei um sorriso, ele semicerrou os olhos em resposta.
— Aurora, não faça isso, me diga o que está se passando na sua cabeça… — Ele suspirou. — Sem
mais segredos entre nós, lembra?
Sim, eu lembrava, mas eu não queria me sentir tão patética admitindo o que estava acontecendo,
porém vendo como Ettore se mantinha diante de mim ficou bem claro que ele não ia desistir até que
eu falasse tudo. Por isso suspirei, me rendendo.
— Eu vi que vocês chegaram com companhia e também vi aquela mulher estranha, a morena… — Eu
engoli em seco apertando meus braços ao redor de mim — Eu percebi o jeito como ela sorriu quando
vocês se tocaram e…
— Ficou com ciúmes!
Ele completou a frase que morreu em meus lábios. eu dei um aceno, me sentindo uma idiota. Ettore
voltou a se aproximar, então se ajoelhou, puxando as minhas mãos e as beijando, seus olhos
encararam os meus em seguida.
— Ela é a irmã da Lauren, é linda realmente, pode ter sorrido para mim, mas eu não percebi nada
demais porque eu não presto mais atenção a isso, minha querida esposa… Sabe o motivo? — ele deu
um sorrisinho. — Eu só tenho olhos para você, meu coração só tem espaço para uma loira que me
consome até a última gota, e a única para quem eu penso em voltar sempre que me afasto. Eu amo
você, Aurora!
Eu era patética mesmo. Me joguei em cima de Ettore fazendo ele ir para o chão, mas senti o seu
sorriso quando o beijei, mordendo seu lábio, só para chupá-lo e trazer ele para mim de novo, me
afogando no seu gosto.
— Eu te amo! — Eu disse e me afastei encarando seu rosto. — Me desculpa por parecer tão
insegura, mas depois do eu fiz…
Ettore deu um aceno, acariciando minha bochecha, dando um sorrisinho que era a minha ruína desde
o dia que eu o conheci.
— Não se desculpe, sempre vou estar aqui para conversar, e não tenha medo pelo que passou. — Ele
me puxou para um beijo, mas sussurrou antes. — Não haverá nada que faça eu desistir de você, nunca
Aurora!
Era como se as palavras dele estivessem perfurando meu peito, se fundindo com o meu coração, uma
lágrima escapou por mim e o beijei. Como um dia eu pensei em matar aquele homem? Teria sido o
meu maior erro, e eu só teria percebido quando fosse tarde demais.
ΘΘΘ
LAUREN

A governanta orientou Melissa a seguir com Mathilde para o quarto de hóspedes e eu para ir até o
escritório do Don Bianchini.
— Não era melhor eu ir junto? — Melissa perguntou quando passei Mathilde, que ainda dormia, para
os seus braços.
— Aparentemente ele quer falar comigo a sós, mas não se preocupe, eu vou explicar o que está
acontecendo e abrir caminho para o que quer que você tenha a oferecer por ajuda!
Melissa deu um aceno e então levou Mathilde, ao seguir a governanta. Eu respirei fundo indo para
onde me indicaram que ficava o escritório, pois desde que Matteo transformou aquele lugar na nova
mansão Bianchini eu só tinha ido uma vez, e muito rapidamente.
Eu parei na frente a porta escura, me munindo de todas as minhas armas, porque Matteo me fazia
sentir que sempre iria entrar em uma batalha com ele. Ergui a mão dando duas batidas esperando que
houvesse “permissão”, escutei um breve “entre” e girei a maçaneta.
Assim que entrei encontrei Matteo sentado na sua cadeira de “Don Mafioso” e seus olhos fixaram-se
em mim indecifráveis. Eu caminhei por ali olhando o espaço de maneira displicente, mas pensando
que cada pedacinho daquele lugar exalava poder.
— Decoração legal…
Falei e me aproximei do armário de livros, passando a mão por ali, ganhando tempo porque de
repente me senti nervosa.
— Sente-se Lauren! — Matteo disse apontando para a cadeira na sua frente.
— Na verdade eu prefiro ficar de pé, acho que vai ser mais fácil para mim explicar o porque
derrubei o portão do seu banco!
Ele se levantou dando a volta na mesa e se apoiando ali cruzando os braços. Matteo tinha tirado o
terno, a gravata, ficando apenas com a camisa social enrolando em seus braços. E me irritava muito
achar que ele ficava ainda mais bonito daquele jeito casual.
— Mas eu sei o porquê!
Ali ele me pegou de surpresa, eu me aproximei franzindo o cenho, sem entender como Matteo ou
qualquer Bianchini pudesse ter ideia do que estava havendo.
— Como você sabe que estão perseguindo a minha irmã?
— Sua irmã? — Foi a vez dele parecer confuso. — Não estavam atrás da sua irmã, estavam atrás de
você!
Eu passei a mão pelo rosto sem entender o que ele estava falando, por isso eu segui para a cadeira na
frente dele, me sentei esperando que Matteo começasse a me ajudar a entender.
— É a minha irmã que está com problemas Matteo, como podem eles estarem atrás de mim? —
Questionei e Matteo coçou a cabeça.
— Parece que temos dois problemas aqui. — Ele disse. — Me conte sobre quem está atrás da sua
irmã!
— Melissa mexe com mercado de apostas ilegal, mas para resumir, ela fez alguém “grande” desse
meio perder muito dinheiro com uma luta… Agora o cara está caçando ela, por isso a gente derrubou
o portão do banco, estavam perseguindo a gente desde ontem. — Eu dei uma pausa só para continuar,
Matteo esperou. — Fugimos ontem do apartamento da Melissa quando invadiram e tentaram nos
perseguir!
Matteo se afastou da mesa, passando a mão pelo cabelo, ficando de costas para mim sem dizer uma
palavra e eu não sabia se isso era bom. Ele então lentamente se voltou para mim, sua expressão era
sombria.
— Qual o nome desse cara que está atrás dela? — perguntou ele por fim.
— Não sei, ela ainda não me disse, mas queria que eu a ajudasse a falar com você para pedir que a
máfia lidasse com ela, aparentemente tem uma proposta.
— De onde surgiu essa irmã e a menina? — Matteo perguntou. — Pelo que eu sabia você não tinha
família!
Eu não sabia como aquilo podia ser relevante para aquela conversa, mas pensei que seria melhor
responder, afinal eu estava querendo a ajuda dele.
— Cresci em um orfanato com a Melissa, nos ligamos, ela se tornou minha irmã, porém foi embora
faz uns cinco anos, logo que eu comecei a trabalhar para os pais da Anna, desde de então a gente não
se via, até ela aparecer me trazendo essa confusão. — desabafei e nem tinha percebido que
precisava. — A menininha era filha de uma moça que trabalhava para Melissa e foi morta por esse
cara que está atrás dela!
Matteo se moveu, mas dessa vez sentando-se à minha frente, ele me observou e parecia hesitante, de
uma forma que nunca vi, mas mesmo assim eu esperei.
— Esses ataques que sofreu, não acho que são por culpa da sua irmã. — Ele disse.
— Bom, então é isso que quero entender, como você sabe que não são?
Perguntei cruzando os braços na minha frente esperando por uma boa explicação, Matteo respirou
fundo.
— Colocaram um “prêmio” pela sua cabeça no mercado assassino!
Dizer que eu estava chocada seria um grande eufemismo, meu queixo quase chegou nos meus pés,
enquanto Matteo mantinha aquela expressão totalmente impassível.
— Você não pode estar falando sério! — eu disse, ele só negou. — Quem faria algo assim? Por que
alguém iria querer me matar?
Matteo encostou contra a poltrona, apoiando o queixo em seus dedos, uma postura que parecia quase
relaxada.
— Violet fez isso. — Ele disse friamente. — Lembra-se dela?
— Sim, mas ela não era aliada? — Perguntei confusa. — Ela ajudou você e Salvatore!
— Ela tem algo que a máfia chinesa quer de volta e eu fiz um acordo com eles que a faria devolver,
tão como a entregaria, para assim livrar os Bianchini de uma guerra com eles… — Matteo parecia
rígido a cada palavra. — Violet sabe que estamos tentando pegar ela para entregar aos chineses e
revidou, está usando você!
Eu levantei da cadeira passando as mãos pelo cabelo e tentando processar o que diabos era tudo
aquilo.
— Não faz sentido nenhum! — Eu disse e me virei para Matteo. — Como ela atinge alguém dos
Bianchini me matando? A Anna, por causa do Salvatore? Mas mesmo assim…
— Ela não está fazendo isso para afetar a Anna ou ao meu irmão. — Ele engoliu em seco. — Está
tentando me afetar!
Sem esperar por aquilo eu dei dois passos para trás como se tivesse sido atingida por um impacto
tudo isso enquanto olhava para Matteo.
— Acho que ouvi errado! — Eu afirmei.
— Não ouviu. — Ele limpou a voz. — Violet achou que você era importante para mim, mas isso não
importa agora, o que importa é que preciso minimizar os danos, ou seja, precisamos fazer algo já
para intimidar de virem atrás de você de novo…
Eu estava me sentindo meio tonta enquanto ouvia Matteo falar. “achou que você era importante”...
Não era para aquilo estar me ferindo e talvez por causa disso fiquei na defensiva.
— Espera aí! — Interrompi ele. — Está dizendo que estou com um “X” marcado na testa porque a
assassina achou que você estava interessado em mim e assim poderia se vingar por você estar
tentando entregar a cabeça dela?
Matteo se mexeu na poltrona parecendo desconfortável, então deu um aceno positivo.
— Resumiu bem, Srta. Scott!
— Não me trate com condescendência Matteo! — falei com raiva. — Dê um jeito nisso, fale que eu
não significo nada e o que quer que ela ache que tenha visto foi engano!
— Não é assim que as coisas funcionam. — Ele disse com um som exasperado. — Eu posso negar e
fazer o que quiser, mas mais assassinos vão vir atrás, porque você é um alvo fácil!
— Então o que vai fazer? — Perguntei jogando as mãos para cima em exasperação e desistência
também.
— Vou te transformar em alguém que eles vão temer atacar. — Matteo disse com uma expressão dura
como pedra. — Eu vou fazer de você a nova Sra. Bianchini!
Capítulo 6
MELISSA
Eu realmente queria ter voltado para a vida da minha irmã de outra forma, mas as coisas não são
como nós desejamos, principalmente para mim.
Durante todos aqueles anos fiquei ensaiando uma maneira de voltar e sempre observando de longe
como Lauren andava até agora, até não ter outra opção a não ser procurá-la.
Olhando pela janela daquela mansão a extensão de um longo campo verde eu deixei minha mente
vagar. Lembrando-se de como era estar totalmente sozinha naqueles últimos dois meses, cuidando da
Mathilde e tendo que brincar de esconde, esconde com um sádico, por isso eu me sentia mais culpada
ainda por me sentir feliz em estar com Lauren.
Eu me sentia culpada porque eu trouxe a minha irmã para o olho do furacão, eu escolhi colocar a
minha irmã naquilo, como se não bastasse eu me afundando na última noite eu quase havia matado
ela. Se eu fosse alguém melhor eu teria mantido distância.
No fundo eu sabia que Lauren sempre esteve melhor longe de mim. Eu sempre fui uma especialista
em machucar as pessoas ao meu redor e isso só parece piorar conforme o tempo passa, agora além
de ferir eu também podia matar, indiretamente e diretamente.
Eu fechei meus olhos, não querendo pensar nisso, não querendo pensar em como fui capaz de descer
tão baixo. Mas pelo menos entendi ali o que as pessoas costumam dizer sobre como sua verdadeira
face se revela nos momentos de necessidade, quando é preciso se defender e eu definitivamente fiz o
que era preciso.
ΘΘΘ
LAUREN

Ele estava fazendo uma piada, com certeza era aquilo, uma grande e péssima piada.
— Pare de ser um babaca! — Eu disse rindo, sem qualquer humor.
— Eu estou falando sério…
Eu dei dois passos para trás, cambaleando de verdade, Matteo ficou de pé e parecia vir até mim,
porém eu levantei a mão dando em um gesto claro para que ele não viesse ou me tocasse.
— Que porra é essa? — Falei com irada. — Está achando que sou um joguete?
— Não, eu estou tentando fazer o que precisa ser feito, o que preciso fazer para consertar o que
Violet fez por minha culpa, ou você se torna alguém dentro da máfia ou eu não vou conseguir protegê-
la!
Olhando para ele eu via o mesmo homem que conheci, por fora lindo, os cabelos castanhos claros,
olhos azuis espertos que pareciam desvendar qualquer segredo, mas naquele instante passei a ver
uma outra parte dele, uma que estava repleta de culpa.
Ele estava querendo se casar comigo, casar! Cristo… E tudo por culpa. Eu virei o rosto buscando
impedir que ele visse o quanto me feriu e o quanto que por um segundo eu quis que aquele pedido
fosse de verdade. Eu respirei fundo, engolindo em seco, sufocando tudo e qualquer dor quando o
encarei de volta.
— Pois enfia na sua bunda esse pedido de casamento, não preciso da sua proteção, não precisa se
enterrar na culpa Matteo.
Notei como ele ficou tenso, sua mandíbula ficou tão dura que achei que pudesse quebrar, mas então
vi que ele relaxou.
— Se quer a sua irmã e a menina seguras, eu sugiro que aceite a minha oferta, não sobrou ninguém
além de mim para dar uma posição na máfia a qual faça de você alguém!
O filho da puta estava realmente me chantageando? Pelo olhar arrogante na minha direção e todo
aquele discurso não havia dúvidas.
— Você é um canalha!
— Estou sendo racional Lauren, coisa que você faz pouco!
Sem nenhum pingo a mais de paciência eu fui para cima dele socando seu peito, Matteo se esquivou
como pode e segurou meus punhos até eu me acalmar, e encarar aquele rosto escroto e lindo.
— Eu vou fazer de todos os seus dias um inferno, está ouvindo? — Falei quase que rosnando.
— Isso é um sim? — Ele perguntou como um pavão e chutei sua canela, isso o fez me soltar. — Porra
Lauren!
— Esse foi meu sim!
Com raiva me virei saindo da sala e batendo a porta com bastante força.
ΘΘΘ
MATTEO

Eu nunca me permiti pensar em como seria se um dia um pedisse Lauren em casamento, mas com
certeza não iria ser daquele jeito, nem de longe. Mas o que mais eu poderia fazer?
Aquele era o único jeito de colocar as coisas no lugar certo, mesmo que me custasse muito. Era um
pesadelo e um sonho que estava acontecendo, porque eu iria poder ter Lauren, mas ia também
condená-la a viver sob a mira de todos os inimigos que eu tinha.
Eu estaria livrando-a de assassinos, mas agora iria a colocar na linha de mafiosos e seus asseclas,
um dia ela iria acordar e ver sua vida cercada por violência e terror, tudo no fim seria minha culpa.
Não valia o prazer de tê-la ao custo da sua liberdade.
Entretanto, eu não podia deixar ela viver com a cabeça a prêmio, sendo minha esposa no fim das
contas a faria ficar mais segura de ataques como os que sofreu, ainda que exposta para sempre e por
isso eu tinha que minimizar aquilo.
Ninguém poderia saber que eu estava apaixonado e que eu morreria não uma ou duas vezes, mais sim
mil vezes se necessárias por aquela mulher, a qual eu daria todo o meu mundo para fazê-la ficar bem.
Pelo menos seria mais fácil esconder o que eu sentia porque Lauren claramente não sentia o mesmo,
afinal sua reação ao meu pedido não poderia ter sido das piores. Eu me joguei contra a poltrona
respirando fundo, controlando a mim mesmo, tentando me botar no prumo.
Agora eu tinha que administrar aquela crise com Violet, a crise da irmã da Lauren e meu futuro
casamento. Eu realmente tinha conseguido me meter em um grande merda em poucas semanas,
literalmente eu fodi com qualquer expectativa de vida longa para mim, Lauren provavelmente seria a
causa do meu fim.
ΘΘΘ
SALVATORE

Já estava amanhecendo quando escutei Remo chorar baixinho, essa noite ele tinha acordado mais de
uma vez, o que consequentemente fez Anna acordar para amamentá-lo.
— Salvatore… — Anna chamou.
— Já estou indo buscá-lo, amor!
Eu falei saindo da cama pela terceira vez na noite, indo em direção ao berço que por enquanto estava
ao lado da nossa cama. Apesar de Remo ter seu próprio quarto, Anna preferia tê-lo perto nessa fase,
o que eu também achava bom porque eu queria também ficar de olho nele.
— Oi meu pequeno garoto, já com fome? — falei pegando-o no colo. — Sua mamãe está cansada…
Remo chorou um pouco mais, ouvi a risadinha de Anna que se sentou na cama baixando a camisola e
estendendo os braços, eu me sentei na cama entregando aquele pequeno tirano para ela.
— Ele não está muito preocupado com meu sono Salvatore!
Anna ajeitou ele em seus braços e começou a amamentar, eu fiquei ali sentado, observando como eu
sempre fazia. Era encantador ver minha esposa alimentar nosso filho, era um gesto lindo, mas no
início foi algo doloroso para Anna.
— É um tirano em miniatura…
Anna riu, suspirando e ajeitando-se na cama. Eu me movi ficando ao seu lado, afofando os
travesseiros, querendo ajudar de alguma forma.
— Acho que ele acompanhou meu humor, ainda estou um pouco estressada e preocupada com a
Lauren. — Anna admitiu. — Falou com Matteo?
— Não, mas ele mandou uma mensagem avisando que estava tudo bem. — respondi.
— Eu vou ligar para Lauren logo que puder, preciso da versão dos fatos dela.
Eu odiava ver Anna preocupada e por isso minha mente correu por todas as saídas do que eu poderia
fazer para aplacar aquela preocupação dela.
— Se quiser nós podemos ir aos Estados Unidos, posso montar um esquema de segurança, Violet é
uma preocupação, mas podemos lidar com ela.
— Não, ainda prefiro ficar por aqui, não me sinto segura em tirar Remo daqui!
Eu concordei, envolvendo ela em um abraço, passando a mão pela cabeça do nosso bebê.
— Estamos seguros, nosso filho está!
Anna sorriu se aconchegando em mim.
ΘΘΘ
LAUREN

Não foi uma noite bem dormida, eu fiquei horas revirando na cama procurando uma forma de
“desligar”, mas é claro, aquela conversa com Matteo continuava me rondando como uma
assombração na penumbra da noite.
Uma batida na porta me fez sair daqueles pensamentos, eu respondi pedindo que entrasse, assim logo
eu vi Melissa surgir. Ela tinha trocado de roupa, usava um suéter claro e jeans, estava muito bem,
pelo menos melhor que eu, e eu poderia dizer isso com certeza, porque estava diante do espelho
penteando meus cabelos.
— Bom dia! — Ela falou. — Você não apareceu ontem a noite, fiquei preocupada!
— Precisava de um momento sozinha. — eu respondi sem animo. — Serviram vocês bem?
Perguntei me referindo a ela e Mathilde, eu podia imaginar como estava a cabeça daquela pequena
garotinha depois de um dia como o anterior e ir parar em uma casa daquelas que em nada tinha haver
com um orfanato.
— Maravilhosamente, o jantar foi servido no quarto, Mathilde adorou os doces que enviaram. —
Melissa se aproximou sentando-se na cama. — Acho que os empregados dessa casa nunca receberam
uma criança, eles pareciam encantados quando deixaram tudo lá no quarto!
Melissa apesar de falar tranquilamente, quase como quem estava descontraída, ainda parecia um
pouco preocupada enquanto me avaliava. Eu a encarei pelo espelho, evitando encarar os olhos dela,
mas estava só ganhando tempo.
— Eu tenho certeza que nunca receberam uma criança! — Afirmei sem dúvidas. — E onde ela está
agora?
— A governanta trouxe roupas e Mathilde pediu para ver a casa, a mulher não pareceu se importar.
— Com certeza não, a Sra. Grove é gentil. — Eu dei um suspiro e então me virei para encarar minha
irmã. — Matteo vai te ajudar!
Ela não esboçou nada, nem sequer piscou, somente ficou ali parada me olhando como se não tivesse
escutado.
— E porque você parece que saiu de um enterro? — Melissa perguntou.
— Porque eu vou ter que casar com ele.
Com aquela notícia consegui fazer Melissa expressar algo, ela engoliu em seco, então franziu o
cenho.
— Como é isso? — Ela riu sem humor. — Realmente eu não estava enganada quando senti a tensão
de vocês dois naquela sala.
Eu levantei da cadeira com raiva jogando a porcaria da escova contra a parede finalmente
explodindo.
— Ele é um filho da puta, está fazendo isso porque estou na mira de gente que vai me matar por culpa
dele, mas agora o “senhor sabe de tudo” resolveu que é melhor casar comigo e me fazer “alguem
respeitável” do que me ver jogada na sarjeta… Matteo faz tudo por dever e por culpa e…
— E você queria ser mais que “dever e culpa” para ele! — Melissa falou e eu a encarei respirando
com força.
— Isso é irrelevante. — eu suspirou. — Procure ele para conversar e explicar quem está na sua cola,
o resto eu resolvo!
— Tudo bem, mas antes você tem que me dizer exatamente quem que te matar! — Ela falou e outra
vez eu suspirei.
— Longa história, ainda bem que está sentada. — Falei indo me sentar na cama também.
ΘΘΘ
ETTORE

— Você o que? — Perguntei incrédulo.


— Ora Ettore, eu fiz o que tinha de fazer!
Matteo afirmou se afastando da mesa do seu escritório com uma xícara de café, pois aparentemente
ele não tinha dormido.
— Por que fazer ela acreditar que está fazendo isso de modo tão calculado? Por que não dizer que
gosta dela?
A minha simples fala pareceu soar como um açoite para Matteo, ele se encolheu, negando o que quer
que eu tivesse dito.
— Não, Lauren não precisa saber disso, ninguém precisa saber que eu tenho… Enfim, ninguém
precisa saber de nada!
— É difícil para você admitir sentimentos? — Eu bufei. — Até o Salvatore admitiu que pode amar!
Matteo se virou para mim com um olhar que poderia cortar uma pessoa ao meio, eu tentei não me
encolher, e esperei pelo revide.
— É e viu onde deu? Quase mataram a Anna e hoje ele a esconde em um forte? — Ele grunhiu. —
Acha que a Lauren está exposta por quê? Por minha culpa, eu deixei Violet notar que ela era
importante e as coisas vieram parar nisso que estamos vivendo hoje!
Realmente era impossível começar qualquer argumentação com Matteo, ele estava cego pela culpa e
pela raiva, eu poderia entendê-lo um pouco, mas não em seu todo.
Talvez Matteo fosse o menos egoísta de todos nós, eu e Salvatore, porque no fundo ele estava
disposto a abrir mão da Lauren pela segurança dela.
Com certeza foi um golpe mais que duro e profundo vê-la ser jogada nos braços dele daquela forma
tão perversa, suas reticências em manter uma posição distante do que sentia por ela era
compreensível, mas para mim inconcebível.
— Tudo bem, eu não irei mais falar nada. — Eu levantei minhas mãos em desistência. — Como
vamos proceder agora?
Ele se virou para a janela, sua postura firme e implacável, de fato Matteo parecia ter voltado ao
“jogo” mais disposto do que nunca, tão como irado.
— Faça um convite formal ao conselho, diga que quero apresentar minha noiva, deixe nossas
“ordens” menores saber que vão ter uma nova senhora!
As “ordens” menores eram as famílias que tínhamos em nosso poder, e para Matteo querer que eles
soubessem do seu casamento só poderia significar uma coisa, ele faria daquele casamento um
acontecimento para afugentar os inimigos menores e passar um recado aos maiores.
Capítulo 7
LAUREN
— Você sabia disso? — Perguntei a Anna, ela chiou do outro lado da linha.
— Claro que não, bom, soube quando Matteo ligou te procurando, mas dos termos do seu casamento
com ele não. — Minha amiga suspirou. — Matteo sabe foder as coisas!
Eu dei uma risada, a primeira verdadeira, pois Anna conseguia fazer aquilo ainda mais quando
“xingava” coisa que era bem raro.
— Está irritada? — questionei.
— Sim, ele não devia ter feito a coisa assim!
— Ah não Anna, sem ideias românticas, sabe que ele está fazendo isso por culpa e dever!
Anna não disse nada, e eu também não tive tempo, porque a porta da biblioteca se abriu e Melissa
entrou trazendo Mathilde.
— Eu não aguento mais correr atrás dela pela casa! — Melissa disse.
— Anna preciso desligar, nós falamos depois? — Eu disse e ouvi Anna concordar.
— Até mais!
Eu respondi com um adeus e desliguei o telefone vendo Mathilde correr pela biblioteca encantada
com as paredes cheias de livros.
— Ei aí baixinha, gostando da casa? — Perguntei.
— É muito grande tia Lauren…
Ela disse se aproximando da escada que levava para o segundo andar onde tinha mais um corredor
de livros.
— Escada não! — Eu disse. — Pode brincar somente na parte debaixo, quer papel e caneta para
desenhar?
Minha oferta fez aqueles olhinhos brilharem, ela concordou enquanto eu me levantei indo até uma
mesa procurando pelo que eu ofereci. Melissa tomou meu lugar no sofá dando um longo suspiro.
— Eu não tenho fôlego para acompanhar ela, me sinto velha!
Melissa disse, eu caí na risada encontrando folhas em branco e canetas na gaveta da mesa, enquanto
Mathilde se aproximou.
— Aqui, sente-se!
Eu a ajudei a sentar-se puxando a cadeira para bem próximo da mesa. Mathilde usava os cabelos
presos em duas tranças, usava uma jardineira e camisa branca, sua mochila com roupas não tinha se
perdido.
— Tia não teria lápis colorido? — Ela perguntou levantando os olhos para mim, eu puxei levemente
sua trancinha.
— Não agora, mas vou conseguir para você, fechada? — Falei e dei a mão para ela bater.
— Fechado!
Mathilde bateu de volta. Eu sorri me afastando, deixando ela desenhar, mas fiquei observando
quando me sentei ao lado de Lauren. Ela era uma criança adorável, e eu fiquei me perguntando sobre
o que ela achava que tinha acontecido com a mãe.
— Eu não contei.
Melissa disse, depois de um tempo, eu a olhei e vi que ela me observava. Eu engoli em seco.
— E o que disse? — perguntei.
— Que a mãe dela fez uma viagem e que ela teria que ficar comigo! — Os olhos verdes de Melissa
encontraram os meus, cheio de pesar. — Eu não sabia como dizer que ela tinha…
As palavras morreram no fundo da garganta de Melissa, eu toquei o seu ombro em sinal de apoio.
— Como se diz isso a uma criança? — Melissa perguntou.
— Não há como ou meio certo, eu entendo!
Eu realmente entendia. Quando eu voltei a olhar para Mathilde lembrei de mim mesma, de como foi
brusco como me deram a notícia que meus pais tinham morrido em um acidente de carro.
Eles eram viajantes, eles não tinham conexões familiares e nem ninguém, por isso quando houve o
acidente, na qual eu sobrevivi, a assistência social me enviou para a adoção avisando que meus pais
tinham morrido e eu não tinha família para onde voltar.
Naquela época eu não tinha mais que dez anos, foi um choque, todo meu mundo e o que eu conhecia
caiu como um castelo de cartas restando somente o medo, a solidão, incerteza.
— Vamos esperar e preparar ela de alguma forma, por enquanto a deixe somente brincar…
Eu disse sem tirar meus olhos da menina que desenhava e que por um instante levantou seu rosto me
encarando com um sorriso contente, meu peito se apertou só por imaginar aquele gesto sumindo
daquele rostinho infantil.
— Olá senhoritas!
Ettore entrou na sala nos cumprimentando, mas não estava sozinho, dessa vez a bela loira o
acompanhava… Aurora Bianchini, ou pelo que eu sabia, a esposa que quase deu a cabeça de Ettore
em uma bandeja aos inimigos.
— Olá Ettore, Aurora! — Eu disse a eles.
— Lauren… — Aurora devolveu o cumprimento e olhou para Melissa. — Olá!
— Essa é minha esposa. — Ettore disse a Melissa. — Essa aqui é Melissa, irmã da Lauren, Aurora e
aquela ali é a Mathilde!
— Oi, eu sou a Mathilde!
A fala daquela pequenina amenizou o clima sério na sala todos sorriram, Aurora que já era bonita
séria, ficou estonteante. Ela foi até Mathilde, que respondeu algo que ela perguntou sem timidez,
aquilo era algo a favor da garota com certeza.
— Lauren, Matteo quer falar com você e a Melissa no escritório dele. — Ele deu um aceno a
Mathilde. — Podem ir, eu e Aurora ficamos aqui com ela, vou dar umas aulas de desenho!
Ele piscou para mim e eu ri. Ettore sempre foi um sujeito muito divertido, claro, quando não estava
gritando pela casa com raiva dos irmãos, mas aquela fase parecia ter ficado para trás.
— Suponho que saiba o que seu irmão me propõe?
Eu não pude deixar de perguntar, Ettore encolheu os ombros.
— Pela sua cara eu não devo dar os parabéns não é mesmo?
Ele disse e Melissa riu, eu olhei para ela com um olhar cortante, antes de voltar a Ettore.
— Não se dá os parabéns em um enterro. — Eu falei e puxei Melissa. — Agora vamos, metade disso
é culpa sua!
Melissa resmungou, mas não discordou, e eu ouvi Ettore dar uma risada antes de chamar a atenção de
Mathilde falando que iria dar uma aula de desenho.
ΘΘΘ
MATTEO

Elas entraram no meu escritório lado a lado, mesmo que em aparência fossem distintas tinha algo de
parecido nelas, certa “unidade” na forma como se comportam juntas.
— Boa noite, podem se sentar, por favor!
Eu disse evitando prestar muita atenção em Lauren, minha sanidade agradecia. Elas se sentaram lado
a lado no sofá maior, Melissa observava o espaço, sua irmã parecia apenas concentrada em me evitar
também.
— Devo chamá-la de Srta. Scott ou Melissa? — Perguntei ao me sentar na poltrona de frente para as
duas.
— Só Melissa. — Ela disse. — Don Bianchini!
Ela acrescentou meu título, mas não parecia muito impressionada. Eu lancei um olhar rápido para
Lauren, ela parecia extremamente encantada pelas suas cutículas.
— Certo, suponho que saiba porque pedi que viesse aqui. — falei.
— Sim, Lauren me adiantou o que… Foi acertado!
Melissa parecia estar pisando em ovos tanto quanto eu, mas eu tentei não transparecer isso.
— Preciso que me dê tudo que tiver de informação sobre esse homem que está atrás de você!
— O nome dele é Drew Swift, conhecido no mercado de jogos ilegais como o “chefe”, posso ter
feito ele perder alguns milhares de dólares.
— Cinquenta milhões de dólares! — Lauren se manifestou pela primeira vez.
— Como?
Minha surpresa não pode ser escondida, Melissa se mexeu no sofá, enquanto Lauren lhe lançava um
olhar mortal.
— Vamos, diga a ele pequena [9]gângster o que você andou arrumando para si! — Lauren incentivou,
mas sua voz gotejava veneno.
— Eu tenho uma “empresa” que lida com jogos de azar e fiz o “chefe” perder esse dinheiro em um
luta ilegal, posso dizer a meu favor que não sabia que ele estava envolvido até já saber que minha
cabeça estava a prêmio!
Com toda a certeza era um [10]karma o que eu estava enfrentando naquela vida, eu olhei para Lauren
sem acreditar naquilo, mas pela expressão aborrecida no seu rosto podia dizer que ela estava ainda
menos “contente” que eu.
— Nunca ouvi falar desse homem, mas irei descobrir o que eu puder. — Eu disse, sem muita
animação. — Você conseguiu se meter em uma bela confusão!
Eu disse a Melissa, ela encolheu os ombros, enquanto Lauren soltou um som exasperado.
— Uma garota precisa comer, ou seja, eu estava apenas trabalhando! — Ela disse.
— Ora, pois seu apetite é voraz. — Lauren alfinetou.
— Meninas… — Eu disse antes que os ânimos se inflamarem, desse modo Melissa me olhou.
— O que quer em troca de “cuidar” desse serviço para mim? — Melissa perguntou. — Com certeza
não pode ser a mão da Lauren… Posso tentar cobrir esse seu acordo com ela?
Aquilo pareceu ter feito Lauren ficar chocada, ela pegou a mão da irmã no sofá dando um aperto, eu
observei impassível sem deixar de admirar que Melissa buscava tentar “salvar” a irmã, algo que eu
faria.
— Lauren vai casar comigo porque no momento é o melhor para a máfia, ele já explicou que a
cabeça dela está em jogo?
Dizer aquilo daquele jeito displicente me custou muito, mas vi que Lauren se sentiu atingida, porque
ela me encarou como se pudesse voar no meu pescoço e por um segundo eu quis rir.
— Ela disse… — Melissa respondeu e eu a cortei com um gesto de mão.
— Assunto encerrado, ela casa comigo, e agradeceria se você me deixasse falar com ela a sós.
Melissa semicerrou os olhos na minha direção e então se voltou para Lauren que deu um aceno de
cabeça a dispensado. Ela saiu da sala em silêncio rapidamente enquanto eu fiquei ali segurando o
olhar duro que Lauren me concede.
— O que você quer? — Ela falou, a voz tensa como uma corda altamente esticada ao limite.
— Discutir alguns termos. — Escondi a apreensão na minha voz. — Eu vou dar um jantar para
membros da máfia, das cinco famílias, vou anunciar o noivado!
Sinceramente eu achei que ela pudesse desmaiar ou vomitar no meu carpete, pois seu rosto perdeu a
cor, mas seus olhos não perderam aquela dureza… Ela estava irada comigo e mesmo assim eu não
conseguia parar de achar ela maravilhosa.
— Quer colocar a coleira em mim diante da plateia então?
Lauren disse e custou muito que eu não me encolhesse diante da escolha de palavras dela. Céus eu
faria qualquer coisa para nunca a expor daquele jeito, mas que escolha eu tinha? No fundo se tornar
minha esposa agora a deixaria mais segura, pelo menos nesse presente, no futuro… Bom, essa seria
outra preocupação.
— Eu farei uma coleira de diamantes!
Tive que responder na mesma moeda e Lauren se moveu rápido pegando um peso de papel na
mesinha arremessando em mim, por sorte me desviei.
— Quer discutir termos aqui vai um então, eu vou casar com você, mas nunca vai poder tocar em
mim e quero alas separadas, na verdade, eu quero morar na Itália onde eu nunca tenha que ver essa
sua cara presunçosa!
Ela era gloriosa em sua raiva, mas tudo que ela estava me dizendo para o meu plano era o ideal, mas
doía muito. Eu passei a mão pelo cabelo, escondendo tudo que se passava dentro de mim, então dei
um aceno para ela.
— Termos aceitos, eu também não quero ver muito você, mas para a Itália você só volta daqui a um
ano… — Eu disse. — Não quero comentários alheios quanto a nós dois!
Lauren ficou de pé e me encarou em silêncio por um momento, naquele instante eu me senti varrido,
invadido, como se ela estivesse vendo através de mim e engoli em seco.
— Eu tenho pena de você, Matteo e ódio pelo que está me sujeitando!
Ela disse aquilo se virando, caminhando até a porta, sumindo rapidamente depois que abriu e a bateu.
Eu fiquei ali sentado olhando para o lugar que Lauren, sentindo o efeito das suas palavras.
— Eu sinto muito Lauren… — falei baixinho.
ΘΘΘ
AURORA

— Eu estou bem, pai, não se preocupe. — Eu disse a ele pelo telefone. — Ettore está cuidando de
mim como prometeu!
Eu tinha contado a ele o motivo que Matteo Bianchini está controlando minha rotina, me mantendo na
mansão e porque só com o Ettore eu deixava o lugar, mas isso não o deixou menos preocupado.
— Quando isso termina? — Ele perguntou.
— No dia em que o Don disser que termina, o que eu fiz foi muito grave, uma crise começou… —
Falei e vi Ettore franzi o cenho por trás do livro que fingia ler. — Eu vou desligar agora, nos falamos
amanhã!
— Tudo bem, se cuide…
— Você também! — Eu falei desligando o telefone e encarando Ettore.
— Eu não preciso acompanhar suas ligações Aurora. — Ettore disse de cara feia.
— Prefiro que o faça, não quero margem para o seu irmão dizer que estou andando fora da linha!
Eu disse deixando o telefone em cima da cama indo para o sofá ao lado de Ettore, ele empurrou o
livro para longe, então abriu os braços me convidando a me esparramar sobre ele, coisa que fiz de
bom grado.
— Dúvido muito que ele vá prestar tanta atenção a você agora… — Ettore disse com uma risada.
— Está falando isso por causa da Lauren?
Perguntei lembrando do jantar dessa noite onde ela não apareceu, pois parece que tinha pedido o
jantar na suíte para ela e a irmã, com a criança.
— Precisamente. — Ettore respondeu enquanto brincava com meu cabelo. — Ela vai deixar ele
maluco, tenho certeza!
Levantei o rosto do peito dele encarando-o, Ettore parecia um menino que sabia de uma traquinagem
e não se aguentava para contar, eu ri estendendo a mão deslizando as unhas pela sua barba.
— Você parece estar se divertindo com isso! — Eu disse.
— Em parte estou, sei que não devia, porque para o Matteo é muito complicado deixar a Lauren fazer
parte dessa vida, da vida dele, mas no fundo não dá para negar que vai ser bom vê-lo ter algo que
sempre quis. — Ettore me olhou daquele jeito que fazia arrepios subirem pelo meu corpo. — Ele tem
medo de ter algo que ama, mas como podemos negar a nós mesmo ao menos a tentativa de ter algo
assim?
Eu sorri me aproximando dele segurando seu rosto entre as minhas mãos, sentindo meu coração
apertar, era aquela dor prazerosa que eu sentia todas as vezes que ele dizia ou fazia algo que
demonstrava que me amava, e isso fazia eu o amar mais ainda.
— No fim não podemos, seu irmão vai entender isso. — Eu acariciei o rosto dele. — Eu entendi
isso!
Ettore sorriu me dando um beijo me apertando em seus braços e aquilo me deu a sensação de estar no
meu lar, ele era aquilo para mim.
— Sabe… — Ele sussurrou entre os beijos antes de se afastar. — Hoje quando eu a vi com Mathilde,
pensei em como seria você com a nossa criança…
Meu coração saltou, eu não consegui segurar um sorriso, porque eu também tinha uma confissão a
fazer a ele.
— Eu também pensei nisso quando eu te vi com ela…
Eu mordi o lábio e Ettore sorriu largamente.
— Bom, então você está me dizendo que…
— Sim… — Eu completei antes dele terminar. — Eu acho que estou pronta para dar esse passo com
você!
Ettore deu uma gargalhada tão vibrante que me deixou completamente cheia de esperança, de coisas
boas, pensando no futuro e no que eu estava tendo a chance de ter, muitas delas que eu imaginei que
nunca teria.
— Ah Aurora, então a gente precisa começar a trabalhar nisso!
Ele disse se levantando do sofá comigo no colo, eu dei risada, mas logo fui calada com beijos
enquanto Ettore me levava para nossa cama.
ΘΘΘ
SALVATORE

— Eu disse que não iria me meter, mas a Anna foi categórica quando te chamou de idiota, por isso eu
devo concordar com ela e dizer que você é mesmo um, Matteo!
Meu irmão do meio virou a cara, claramente nem um pouco contente, ainda mais para receber
“bronca” por vídeo-chamada.
— Fiz o que é melhor. — Ele me olhou seriamente. — Não quero e não vou deixar brecha para algo
acontecer com ela como agora, Violet percebeu onde mirar e olha no que deu!
Ettore era impulsivo, enquanto o Matteo, o mais cabeça dura de todos, eu suspirei resolvendo não me
prolongar naquele assunto com ele, pois no fim meu irmão só faria o que ele achasse que era o
melhor.
— Violet deu algum sinal? — Perguntei. — Do meu radar ela sumiu.
— Nada, ela sumiu dos nossos também, o que no fundo não é uma surpresa! — Matteo falou.
— Minha preocupação é com o ressurgimento dela.
Violet não era uma oponente qualquer, ela literalmente era alguém para temer, no fim das contas ela
tinha tido um dos melhores treinamentos de toda a Itália.
— Eu vou estar preparado! — Matteo afirmou. — Agora eu preciso comunicar a você que irei dar
um jantar para anunciar o noivado, acha que pode vir, com a Anna?
Pensei sobre aquilo, Anna não queria andar com Remo por aí, mas eu também imaginei que naquela
situação ela também não iria deixar Lauren enfrentar aquilo sozinha.
— Eu estarei aí, quanto a Anna, tenho quase certeza, mas vou perguntar antes. — respondi. — Ela
está preocupada em tirar o Remo da proteção dos nossos muros da Itália!
— Eu morreria antes de expor vocês a algo Salvatore. — Matteo afirmou. — É seguro estarem aqui!
— Não se preocupe, Matteo, eu sei. — Respondi a ele e sorri.
— Bom, agora me diga uma coisa, sabe algo sobre Drew Swift conhecido como o “chefe”?
Passei a mão pelo cabelo tentando lembrar algo relacionado ao nome, algo vagamente me passou,
mas não era coisa boa.
— Porra, Matteo, não sei muito, mas pelo que sei só posso supor que é problema, o que foi agora?
— A irmã da Lauren é uma bela adição à família, porque é uma criminosa, mundo pequeno não? —
Ele disse rindo, mas sem muito humor. — Eu vou te explicar tudo…
ΘΘΘ
MATTEO

Eu podia estar na mesma casa com Lauren, mas eu não a via com frequência naqueles dias que
correram, nem jantar à mesa ela fazia. Melissa desceu na noite anterior, mas Lauren se manteve no
andar de cima junto com a menininha que estava sempre com elas e que até o momento ninguém tinha
explicado a existência a mim.
Segui pelo corredor, estava cedo, o café ainda não estava sendo servido e por isso fiz o caminho da
cozinha, mas um vulto pequeno correndo me chamou a atenção e eu fui atrás, tinha seguido para a ala
do jardim de inverno.
Me esgueirando entrei ali observando atentamente e então vi uma cabeça pequena com cabelos
castanhos claros atrás de uma moita de flores. Eu pensei em dar meia volta, mas fui notado, então a
menina levantou o rosto e grandes olhos azuis me fitavam curiosos, quando ela colocou um dedinho
nos lábios pedindo silêncio.
— Shh… Estou me escondendo da tia Lauren! — Ela disse com diversão.
— Se escondendo?
— Shh…
Ela saiu do seu “esconderijo” indo até mim e pegando-me pela mão me levando para trás da bendita
moita.
— Mas…
— Silêncio, não pode falar, moço, ou a tia Lauren vai me encontrar e me dar remédio, é bem mal…
Senta moço.
Ela me puxou e puxou até eu sentar do lado dela, eu olhei para ela sem saber como me comportar,
então apenas agarrei meus joelhos.
— Você quer dizer que o remédio é ruim?
— Isso. — Ela sorriu e os olhos se iluminaram.
— Devia tomar sabe! — falei sem jeito.
— Não, gosto de ruim. — Ela encolheu os ombros. — A tia Lauren já me deu duas vezes!
Sua mãozinha se ergueu mostrando dois dedos como se somente ela me dizer não fosse o suficiente e
eu quase dei risada.
— Ela não vai gostar de saber que se escondeu, pode ficar preocupada. — Eu disse pensando nela já
revirando a mansão. — Vamos fazer um trato, você toma o remédio e depois eu te consigo um
pirulito!
Olhos azuis piscaram interessados para mim e ela abriu um sorriso de criança tão interessado quanto
na oferta.
— Pode ser dois? — Ela pediu e eu dei uma risada, a malandrinha era esperta.
— Tudo bem.
— Jura de dedinho?
A menina levantou o dedo mindinho e eu olhei vendo que parecia ser algo muito sério, por isso me
sujeitei.
— Juro…
Eu disse sem jeito engatando meu dedo no dela e ela sorriu contente, soltando e se levantando em
seguida.
— Eu vou atrás da tia Lauren. — Ela anunciou.
— Isso!
Disse como incentivo, ela correu para a porta, mas então parou me lançando um olhar.
— Qual é seu nome moço?
— É Matteo. — Falei ainda sentado e ela sorriu.
— O meu é Mathilde!
Ela me deu tchau, acenei de volta, e então saiu saltitando, eu fiquei ali com a mão ainda erguida
pensando que aquela tinha sido a minha manhã mais aleatória em muito tempo, ainda mais por cima
negociando pirulitos. Eu ri sozinho me levantando.
Capítulo 8
MELISSA
O jantar importantíssimo dos Bianchini iria acontecer nessa noite, ou seja, Lauren iria se
comprometer publicamente com o chefe da máfia, consequentemente o mau humor da Lauren
aumentou, mas pelo menos Mathilde a distraía.
— Oh céus, você gosta de correr mesmo!
Lauren disse à menina enquanto se jogou de costas na grama. Eu estava sentada na espreguiçadeira
do jardim com o meu notebook no colo e também observando elas brincarem no gramado, enquanto
tentava cuidar do que sobrou do meu negócio.
— Você cansa muito rápido, tia Lauren! — Mathilde reclamou e sentou ao lado dela, antes de lançar
um olhar para mim. — Tia Mel, venha brincar…
— Eu sou velha, não tenho fôlego para correr, querida!
Mathilde fez careta e Lauren sussurrou algo para ela que a fez rir. Aquela amizade que se formava
entre as duas era uma coisa boa, principalmente para Mathilde, o fato dela ainda não ter perguntado
pela mãe foi um bônus, mas isso não deixava de pesar na minha consciência, Katie morreu por culpa
minha.
— Lauren!
O chamado pela minha irmã veio de trás de mim, eu olhei por cima do ombro encontrando um homem
alto, lindo de morrer, vestido dos pés a cabeça de preto, o suéter se ajustava perfeitamente ao tronco
torneado.
Minha avaliação sobre ele foi muito rápida, pois logo minha atenção caiu em cima de quem estava ao
seu lado. Uma mulher de vestido azul celeste, tinha longos cabelos pretos presos somente em parte,
os olhos eram da mesma cor do que ela trajava e ela tinha nos braços um bebê adorável.
— Anna, Salvatore! — Lauren falou ficando de pé, sua voz evidenciando a felicidade em ver o casal.
— Que surpresa, achei que não viriam!
Lauren veio na direção deles, eu fechei meu notebook ficando de pé, me voltando para o casal que
até um tempo atrás era a "majestade" da máfia Bianchini, claro que a pose eles não tinham perdido.
— Você deve ser a irmã, Melissa, certo? — O tal Salvatore se dirigiu a mim, o rosto era uma folha
em branco apesar de muito bonito.
— Sim, eu mesma.
Falei e olhei para Anna, notando como ela seguiu o som da minha voz, os olhos azuis piscaram, como
se ela pudesse me ver. Era estranho me sentir “ameaçada” por alguém que nem podia me enxergar.
— Olá Melissa, é um prazer te conhecer pessoalmente, Lauren sempre falou muito de você!
Com certeza ela tinha ouvido falar de mim, afinal ela era a “irmã” que Lauren escolheu… Enfim, não
quis me ater a isso, ainda mais quando ela estendeu a mão esperando que eu pegasse, e assim eu o
fiz.
— O prazer é meu… Anna!
Ela sorriu genuinamente e seu bebê fez um som adorável, eu o olhei sem poder deixar de admirar a
criança linda e com olhos azuis acinzentados mais fascinantes que eu já tinha visto. Claramente a
união de um casal tão bonito teria que resultar em uma coisinha perfeita.
— Anna!
Lauren exclamou indo até a amiga e dando um abraço desajeitado enquanto mexeu com o bebê, ela
sorriu para Salvatore. Mathilde que segurava a mão dela observou a todos com aquela curiosidade
infantil.
— Bom, já viram que conheceram Melissa, mas quero apresentar Mathilde. — Lauren pegou a
menina no colo. — Mathilde diga “oi” a Anna, ela é minha amiga.
— Oi Mathilde, Lauren me falou muito de você, tudo bem?
— Tudo, mas por que você está olhando para baixo?
Eu senti meu corpo enrijecer a pergunta, olhei de imediato para Lauren, que parecia tranquila e
quando Anna riu foi então que relaxei.
— É porque eu não enxergo. — Ela se virou para o marido. — Segure o Remo, por favor, amor…
Salvatore como um cordeirinho fez o que a esposa pediu, sorriu para o filho e para Mathilde que
olhou a criança com interesse, aquele mínimo gesto no rosto do homem o deixou totalmente diferente.
— A tia Anna não enxerga, mas ela conhece as pessoas de um jeito diferente, não é Anna? — Lauren
disse.
— Isso. Posso tocar no seu rosto? — Anna pediu.
— Pode!
Mathilde disse animada e então Anna tocou o rosto dela, que riu, percebi o sorriso de Lauren
acompanhar… Foi estranhamente familiar ver aquela interação, como se fosse comum.
— Ah você é muito bonita! — Anna falou se afastando.
— Você também! — Mathilde elogiou e olhou para o bebê. — Posso olhar o neném?
— Pode sim. — Salvatore respondeu. — O nome dele é Remo!
Assistir aquela apresentação me colocou em um lugar desconfortável, como se eu tivesse que estar
ali, talvez eu não devesse mesmo, pois Lauren tinha construído uma família com aquelas pessoas e
agora se tornaria oficial com o casamento. Não parecia ter espaço para mim ali.
ΘΘΘ
LAUREN

Eu queria estar de preto, mas dentre as seleções de vestidos mandados para minha escolha o tubinho
vermelho foi o que me deixou mais “poderosa”, eu não queria demonstrar que eu me sentia na
verdade sendo quebrada.
— Eu queria que o Matteo tivesse feito as coisas diferentes! — Anna disse.
— Diferente como?
Eu olhei ela pelo espelho enquanto colocava um brinco de diamante, umas das muitas jóias que
vieram junto de toda a tralha para que eu me arrumasse.
— Diferente… Como ser mais sútil no pedido de casamento e mais sincero, eu sei que ele gosta de
você!
— Não gosta Anna, é diferente me achar uma boa foda e realmente gostar de mim, eu sei ver isso!
— Ele não…
— Anna! — Eu cortei aquele assunto, porque machucava, apesar de eu nunca admitir isso em voz
alta para alguém. — Eu vou casar com ele e acabou, já estabeleci os termos, em breve volto para a
Itália quando a poeira baixar e vê-lo o menos possível, ficarei bem assim.
Mentirosa… Aquela voz irritante esbravejou em minha cabeça, mas eu a ignorei, como muita coisa
que eu vinha ignorando porque estava além do meu controle ou simplesmente não era algo que eu
quisesse dar atenção.
— Tudo bem, não vou mais tocar nesse assunto. — Ela afirmou. — Que horas são? Não precisamos
descer?
— Sim… — Eu disse vendo a hora no relógio de parede.
— Bom então vamos, os Bianchini não gostam de esperar!
Anna ficou de pé arrumando seu vestido envelope de tom claro, o cabelo estava preso de modo
elegante.
Ela abriu sua bengala e estendeu a mão para mim como um sinal para eu pegá-la, mas também como
apoio, o que me deixou muito agradecida, pois naquela noite eu precisaria de toda a ajuda que eu
tivesse.
ΘΘΘ
MATTEO

Eu estava nervoso, ansioso e acima de tudo preocupado com Lauren. Era a primeira vez dela em
jantar formal da máfia e apesar de eu ter tentando falar com ela nos dias anteriores, ela deixou bem
claro que não queria estar na sua presença.
— Não fique nervoso! — Salvatore disse, eu o olhei feio.
— Não estou. — Eu não admitiria nem sob ameaça o que eu sentia. — Só estou impaciente para
terminar com esse circo logo!
Salvatore deu um aceno, enquanto levou o copo de bebida aos lábios, mas pelo seu olhar eu sabia
que minha resposta não tinha convencido. Eu dei as costas para o sofá onde ele estava sentado
encarando a janela.
Estávamos aguardando Anna, Lauren, Aurora junto de Ettore no salão de espera, nossa entrada seria
com a família completa, desde que já haviam convidados importantes no salão de festa organizado
para a recepção antes do jantar.
A porta se abriu então Ettore entrou com Aurora, o clima mudou, muito porque Salvatore ainda
queria jogar a mulher do meu irmão mais novo pela janela e se vingar dolorosamente devagar por
causa da crise que ela causou.
— Sem essas caras de quem comeu e não gostou, ou dou meia volta e os deixo fazerem sua entrada
sozinhos! — Ettore disse de supetão.
— Queria ver se fosse você no nosso lugar. — Salvatore resmungou sem se levantar.
— Eu sei que pode não importar, mas eu sinto muito, me arrependi de verdade!
Aurora se dirigiu a Salvatore olhando-o nos olhos. Ela estava como sempre com vestido longo que
cobria suas cicatrizes, era de uma cor azul profunda, a deixava radiante com os cabelos loiros presos
só em parte. Por isso o fascínio de Ettore era compreensível.
— Nós estamos tentando ter um bebê!
Mais uma vez na noite Ettore agiu de supetão, Aurora o encarou claramente chocada, com certeza
eles não tinham combinado que aquilo fosse revelado. Salvatore se engasgou com a bebida, eu só não
fiz o mesmo porque estava sem nada, mas mesmo assim minha boca ficou seca.
— Que diabos, agora? — Salvatore falou se recompondo.
— Me inspirou ter uma criança na casa, fez com que eu percebesse que quero ter meus próprios
pequeninos correndo por aí, e Aurora se sente pronta, então não vou hesitar. — Ettore foi categórico.
— Vamos cuidar da Violet, não vou deixar ela ameaçar meus planos para minha família!
Aurora olhou para meu irmão mais novo com o que eu podia descrever como “deslumbramento””, foi
nojento, porque estava bem claro que Ettore percebeu isso quando a olhou e sem nenhum pudor
devolveu aquele olhar com um sorriso que dizia o que ele queria fazer com a esposa.
— Jesus, vão para um quarto! — Eu disse em um resmungo.
— Matteo tem que aprender a lidar com demonstrações de afeto, soube que hoje é seu jantar de
noivado!
Ettore me provocou mudando do seu sorriso sujo para algo debochado bem ao seu estilo. Eu não tive
tempo para responder porque Anna entrou e junto com ela veio Lauren, quase que cair de joelhos.
Ela estava perfeita naquele vestido vermelho, a maquiagem era leve, somente os lábios bem
marcados pela mesma cor que ela trajava. Os cabelos eram um show à parte, completamente soltos,
caindo em ondas que eu adoraria meter minhas mãos.
Eu engoli em seco sem conseguir tirar meus olhos dela, Lauren sorriu para todos, dando um “boa
noite” discreto, mas quando me encarou parecia que punhais saltavam por aqueles belos olhos azuis
e outra vez eu tremia de desejo. Inferno!
— Anna!
Salvatore disse, largando a bebida, indo até a esposa, a qual logo se encaixou em seus braços.
E ali estava meus irmãos com suas respectivas parceiras e eu olhando para a que seria a minha sem
acreditar que eu estava condenando-a a mim ao mesmo tempo que a salvando. Destino cruel.
— Bom, já que estamos todos aqui é hora de entrarmos, vamos!
Eu passei por todos, inclusive por Lauren, mesmo que eu desejasse parar diante dela e dizer o quão
deslumbrante, perfeita, ela estava. Mas não o fiz, não podia, daqui para frente não poderia haver
deslize, ninguém poderia saber que Lauren significava um mundo todo para mim.
Todos me seguiram, Lauren a um passo de mim, mas eu sabia exatamente onde ela estava, pois era
como se eu estivesse sentindo cada respiração e passo que a mesma dava enquanto ia me seguindo.
— Onde está Melissa?
Lauren se dirigiu a mim, fazia um bom tempo que não ouvia sua voz sendo direcionada a mim e como
um adolescente me via adorando, sedento por mais.
— Mandei que a chamassem, mas ela disse que entraria sozinha. — Respondi.
— Típico!
Ela bufou. Eu parei diante da porta lançando um olhar para Lauren que parou também, porém a um
passo de distância de mim.
— Pronta? — Perguntei, ela me olhou seriamente.
— Como um cordeiro para o abate!
Com certeza era uma boa analogia, mas era dolorosa para mim, mas não demonstrei. Abri a porta e
então todos no salão voltaram-se para nós, para ver os Bianchini e naquele instante não teve mais
volta.
Quando eu peguei a mão de Lauren colocando no meu braço, ali silenciosamente anunciei ao mundo
da máfia que ela era minha. Foi um prazer descomunal marcar meu território assim e na mesma
medida me deixou apavorado.
ΘΘΘ
LAUREN

Todos me olhavam com curiosidade. Eu vasculhei o salão em busca de Melissa, mas aparentemente
ela ainda não tinha descido, isso me deixou um pouco triste, eu gostaria de tê-la ali como um suporte.
— Boa noite a todos, agradeço pela presença. — Matteo disse. — Como sabem este é o meu jantar
de noivado e quero lhes apresentar a futura Sra. Bianchini, atualmente conhecida como Srta. Lauren
Scott!
Algo na apresentação ou na forma como Matteo falou me deixou totalmente arrepiada, eu olhei para
ele, aquele rosto lindo, sério e impenetrável. Ele parecia um rei sem sua coroa vestindo aquele terno
escuro e camisa social branca sem gravata.
Eu odiava me sentir afetada por ele, odiava muito. Mas naquele momento o que me mantinha segura
infelizmente era estar ao lado dele, eu sabia que Matteo não deixaria nada acontecer comigo no
momento em que o “nome” dele passasse a ser o meu.
Os Bianchini protegiam os seus como uma matilha organizada e selvagem, era por isso que eu estava
sendo integrada a ela, para ser protegida, amparada pelo poder que eles tinham quando unidos.
E diante daquela sala cheia de mafiosos e representante deles eu tratei de parecer uma pessoa que
não estava caminhando para um enterro, ou uma pessoa que sentia seu coração ser partido ao casar
por conveniência e obrigação.
Eu nunca tinha pensado em me casar, mas eu tinha certeza que não era assim que queria que as coisas
acontecessem.
ΘΘΘ
AURORA

Apesar dela tentar disfarçar ainda era perceptível a falta de animação na noiva de Matteo.
— Para pessoas que se gostam eles parecem indo para a forca.
Eu disse baixinho a Ettore, ele acariciou minha mão de modo nada discreto, mas pelo que parecia
aquele irmão Bianchini não tinha problema em mostrar afeto, o que me deixava sem saber como agir,
porque ninguém nunca fez aquilo por mim publicamente.
— São dois cabeças duras. — Ele suspirou. — Desculpe se falei demais lá no escritório, eu só
estava muito puto com aqueles dois olhando feio para você, e eu quis dar um basta!
— Foi uma surpresa… — Eu sorri sem poder esconder o quão foi bom tê-lo daquela forma ao meu
lado. — Mas está tudo bem, pelo menos agora todos já sabem!
Ettore concordou sorrindo, então alguém acenou para ele, que respondeu de modo discreto, mas sem
deixar o meu lado.
— Todos esses convidados são da máfia?
— Sim, mas especificamente das outras quatro famílias, Matteo quis formalizar a união dele… É
praste o chefe da máfia convocar os outros ou seus representantes para esses jantares!
Eu concordei observando todas aquelas pessoas, tudo bem, não eram tantas, mas ainda sim um bom
número que se dirigiam a Matteo uma a uma dando os cumprimentos a ele com a noiva, de fato
parecia penoso falar com todas aquelas pessoas.
Capítulo 9
MATTEO
Lauren parecia procurar por alguém, eu tinha toda a certeza de quem era.
— Sua irmã está no fundo da sala desde a hora que entramos!
Eu disse a ela de modo discreto. Lauren me lançou um olhar azul confuso, então logo procurou
confirmar o que eu disse, quase que eu ri, mas segurei a expressão de tédio que tantas vezes vi
Salvatore exibir naqueles eventos.
— Se me der licença eu vou falar com ela…
Eu não dei permissão, Lauren simplesmente se foi, tentei não parecer um paspalho deixado sozinho
no salão. Salvatore se aproximou com Anna no mesmo instante, ele me cumprimentou com um sorriso
educado.
— Disse algo encantador para ela novamente? — Salvatore falou.
— Rá… Que engraçado! — eu disse sem humor nenhum.
— Matteo, por favor, se acerte com ela… — Anna falou conciliadora. — Eu sei que você queria a
deixar de fora disso, mas…
— Anna, desculpe, eu sei que quer ajudar, porém quanto a Lauren é melhor deixar as coisas como
estão, pode ter certeza que sei o que estou fazendo!
Pela maneira como Salvatore me olhou eu tinha a mais plena certeza que ele não concordava comigo
e muito menos com a forma de eu responder a sua esposa, mas não externou mais que um olhar torto
rápido.
Eu olhei para onde Lauren tinha ido e logo notei que agora ela junto da irmã não estavam mais
desacompanhadas, o novo chefe da máfia Ferrari muito conhecido por ser um cafajeste barato estava
sorrindo para Lauren… Minha noiva!
Que puto inferno, eu tinha acabado de anunciar que ela era minha e por isso nenhum filho da puta no
universo tinha o direito de sorrir mais para Lauren. Salvatore percebeu meu olhar e limpou a voz.
— Soube que o Ferrari lida com mercado jogos… Por que não vai até lá perguntar sobre aquele
amigo da irmã da sua noiva que queria informações?
Salvatore realmente era um sujeito muito esperto, aquilo me deixaria ir até lá afastar o sorrisinho de
merda do Ferrari de perto da Lauren e ainda me beneficiar sobre algo que eu queria.
— É, eu vou fazer isso! — Disse já me afastando.
ΘΘΘ
LAUREN

Eu havia chegado a Melissa de supetão e um pouco mais irritada que o normal, mas isso era culpa do
Matteo.
— Por que está escondida? — Falei a ela.
— Eu não queria me enfiar lá entre os Bianchini, não é meu lugar.
Melissa disse passando a mão pelo seu vestido preto com um decote em “V” que a deixou
deslumbrante.
— Ora, mas você é…
— Quem diria que a belíssima secretaria dos D’Angelo iria se tornar uma “senhora da máfia”!
Eu me virei para dar de cara com Blake Ferrari, o sujeito mais arrogante do mundo depois do
Matteo.
— Que desprazer Blake!
Eu disse sem papas na língua, mesmo que agora ele estivesse assumindo o lugar do pai à frente dos
negócios da máfia, fato comum que todos comentavam, mas eu conhecia o Blake de outra época,
quando ele ainda não era um “homem” de verdade.
Ele costumava frequentar bastante a casa dos D’Angelo com o seu pai, a irmã dele foi próxima de
Anna e Antonella, consequentemente minha, enquanto Blake gostava de importunar quem estivesse
disponível das quatro.
— Ora, assim você fere meus sentimentos. — Ele falou sorrindo de modo cafajeste e então olhou
para Melissa. — Não vai me apresentar sua amiga, Lauren?
— Não, ela não está perdendo nada em não conhecer você! — Eu disse e Blake deu outra risada.
— Sempre espirituosa. — Ele comentou e encarou Melissa novamente. — Permita-me me apresentar,
sou Blake Ferrari, Don da família Ferrari em breve, me daria a honra de saber quem é a senhorita?
Ele estendeu a mão para Melissa que lançou um olhar avaliativo para ele, Blake segurou aquele
olhar, então minha irmã deu a mão para o sujeito e eu quis gemer de frustração até ouvir a resposta
dela.
— Eu sou amiga dela, como o senhor disse!
Os olhos de Blake brilharam de modo perigoso em direção a Melissa que puxou a mão do contato
dele lhe dando um olhar frio, provavelmente pegando a dica pelo meu comportamento de que aquele
sujeito não era boa coisa.
— Os cumprimentos são feitos ao casal e não somente à noiva, Ferrari!
Matteo surgiu a li como se adivinhasse o momento certo. Ele ficou ao meu lado, sem me tocar, mas a
forma como se posicionou deixava claro que marcava o seu espaço, ou quase rolei os olhos. Homens
eram ridículos e eu ainda mais por gostar dele tão perto de mim.
— Ora, ora Matteo, sabe que convenções nunca foram à minha praia! — Blake disse com um sorriso
canalha já de volta ao rosto.
— Se vai virar um chefe da máfia deveria começar a prestar atenção a essas convenções!
A resposta foi dura, mas amenizada com um sorriso que não chegou aos olhos de Matteo, mas Blake
deu uma risada arrogante, ignorando.
— [11]Touché, mas até lá irei manter meu estilo, além do mais conheci Lauren há mais tempo que
você.
Ele deu uma piscadela para mim e eu tinha certeza que fez aquilo de propósito, deixando algo no ar
para atingir a Matteo por qualquer birra que tenha tomado dele naqueles breves minutos, pois Blake
era assim, mimado e inconsequente.
— Você é um pavão mostrando as penas, que ridículo!
A fala de Melissa pareceu pegar a todos de surpresa, e eu tinha quase certeza que Matteo deu uma
risada baixa quando Blake olhou para minha irmã com indignação.
— Vamos parar por aqui. Blake, porque não vem comigo, deixe as moças conversarem. Eu tenho algo
a perguntar!
Blake fitou minha irmã por mais tempo que o necessário e eu pensei que viria algum revide, mas ele
simplesmente concordou, saindo com Matteo sem dizer mais uma palavra. Depois que ele se afastou
eu e Melissa caímos na gargalhada.
— Obrigado por isso Melissa, colocou Blake no lugar, nunca o vi sem palavras…
— Ah Lauren, conheço babacas de longe, mas pelo jeito como você o tratou já dava para saber
também que coisa boa o sujeito não é!
— Exatamente. — Disse e a peguei pela mão. — Agora saída desse canto, você ficará ao meu lado,
porque seu lugar é próximo a mim sim!
Eu disse a puxando comigo para sair do fundo daquele salão, Melissa tinha que entender que agora
que ela tinha voltado faria parte da minha vida, ainda mais quando em parte era por ela que eu me
casaria também.
ΘΘΘ
MATTEO

Era uma paz estar finalmente colocando todas aquelas pessoas para fora da minha casa. Não era que
eu não gostasse de dar festas, mas naquela situação não me parecia certo, e o pior de tudo era me
pegar algumas vezes quase feliz por estar tomando Lauren como minha.
— Vamos nos retirar! — Salvatore disse se aproximando com Anna ao seu lado.
— Foi uma bela festa, Matteo, apesar de tudo! — Anna acrescentou, eu sabia o que ela dizia.
— Anna, por favor… — Falei, ela suspirou, dando um aceno.
— Tudo bem, Matteo, eu disse que não iria mais me envolver no que quer que você esteja fazendo.
— Anna disse seriamente. — Mas, por favor, não faça Lauren sofrer… Ela já passou por muita
coisa!
Eu entendia completamente o que Anna pedia e sinceramente tudo que eu estava fazendo era
justamente para evitar que Lauren sofresse mais, todavia, todos pareciam não entender os meus
métodos.
— Não se preocupe, Anna, eu só quero cuidar dela. — Eu disse e olhei para Salvatore. — Viu
Ettore? O perdi de vista faz um tempo.
— Tenho certeza que o vi sair à francesa com a esposa!
Com certeza era a cara de Ettore sumir no meio da festa do seu irmão, o Don da máfia, por causa de
um rabo de saia, no entanto, daquela vez era a sua esposa.
No fundo eu até preferia que fosse por outra mulher que ele tivesse escapulido, porém eu sabia que
era mais fácil o inferno congelar do que vê-lo correr atrás de outra pessoa que não fosse Aurora.
— Típico dele... — Comentei, mais como um resmungo, Anna riu.
— Ele está apaixonado... — Anna falou.
— E cego!
Eu disse e Salvatore me deu um olhar curioso, mas não disse mais nada.
— Boa noite meu irmão, juízo. — Salvatore falou e deu uma batida no meu ombro.
— Boa noite!
Eu respondi aos dois, então Anna e Salvatore se foram assim outro casal se aproximou. Dei um aceno
e um sorriso educado, ao casal que me cumprimentou. Meus olhos correram pelo salão até registrar
Lauren se despedindo de um dos associados da máfia que a observava de uma forma que me fez
desejar poder quebrar todos os seus dentes.
— Com licença!
Falei sem me importar em parecer brusco, caminhando em direção ao que era meu.
ΘΘΘ
LAUREN

Eu sorri "plasticamente". Aquele homem me olhava como se eu fosse um pedaço de carne, no entanto,
eu realmente devia dizer que ele tinha coragem em me tratar daquela maneira depois de saber da
minha nova posição, ou melhor, “status”, e tudo isso dentro da casa de um Bianchini.
Enquanto o sujeito continuava com a sua ladainha tentando me impressionar com seus títulos
criminosos e a fortuna que ele dizia “se perder de vista”, notei um movimento na minha direção e eu
perdi o compasso das batidas do meu coração. Era Matteo.
Ele se aproximava de nós como um lobo, poderoso e feroz, que não tinha dúvidas de que na sala era
o “predador” mais forte. Eu engoli em seco, me voltando para o sujeito falastrão, tentando não
parecer uma criatura emocionada ao ver a coisa mais arcaica do mundo.
Matteo Bianchini caminhava até ali para fazer seu ponto e mostrar a quem eu pertencia agora, eu não
tinha dúvidas, ele fez aquilo durante a noite toda e um parte estúpida minha gostava, enquanto outra
gritava desesperada para que eu não aceitasse ser apenas seu "troféu".
— Sr. Hammer, sinto que já deveria ter terminado seus cumprimentos, a minha noiva!
A voz de Matteo reverberou no espaço e me deixou muito ciente de como ele se colocou atrás de
mim, colocando uma mão possessivamente ao meu redor, me prendendo nele, fazendo o “Sr.
Hammer” dar um passo para trás de imediato.
— Ah, Don Bianchini, claro…
— Fora!
Matteo disse, secamente, sem nenhuma alteração na sua voz e o Hammer se atrapalhou com seus
próprios pés, mas fez o que foi ordenado. Aquilo era poder e aquilo me atraía em Matteo desde a
primeira vez que o vi, por mais maluco que fosse.
Assim que Hammer estava fora do nosso campo de visão eu empurrei Matteo de perto de mim, meu
corpo reclamou daquela súbita separação, era um traidor… Eu encarei ele. Matteo me devorou com
aqueles olhos azuis fascinantes e misteriosos.
— Que showzinho ridículo!
Eu falei, sem demonstrar o quanto gostei lá no fundo. Matteo se aproximou de mim novamente, quase
me tocando, eu engoli em seco.
— Eu não sou um homem que divide o que é meu! — Ele levantou a mão e apertou a minha
mandíbula suavemente. — E você é minha, Sra. Bianchini!
— Ainda não sou uma Bianchini, não assinei nada. — Falei e ele deu um sorriso arrogante.
— Não precisa assinar nada, basta o que eu digo!
Arrogante… Eu o empurrei mais uma vez e lancei um olhar rebelde para ele.
— Eu não sou um dos seus soldados, querido, eu não obedeço suas ordens… Viva com isso!
Dando uma piscadela para ele eu me afastei, mas por um segundo eu quase tive certeza que eu vi a
diversão brilhando naqueles olhos, e por aquele curto segundo eu me senti extremamente feliz.
ΘΘΘ
AURORA

Ettore estava deitado na cama, somente de cueca, me observando terminar de tirar toda a roupa de
festa, a maquiagem e os grampos do meu cabelo, ela parecia muito contente apenas como um
espectador.
— Seu irmão consegue enganar qualquer um que não conviva com ele o suficiente, mas quando algum
homem se aproxima da Lauren, fica bem claro que ele podia causar uma guerra!
Eu disse, penteando meu cabelo, Ettore fez um som de exasperação e então se moveu da cama, indo
até a bancada onde eu estava, tirando a escova das minhas mãos, se colocando atrás de mim e
tomando o trabalho de me pentear.
— Matteo é um sujeito medroso quando o assunto é a Lauren. — Ele suspirou. — Desde o dia que
eles se conheceram são como cão e gato, e ela é a única, além de Salvatore que consegue o deixar
calado, isso diz muito sobre o que ele sente por ela…
— Ela gosta dele, eu reconheço os sinais, os irmãos Bianchini tem esse poder…
Olhei para ele por meio do espelho, Ettore sorriu para mim encontrando meu olhar, eu fechei os
olhos quando ele largou a escova e usou seus dedos no meu cabelo.
— Não quero mais falar do meu irmão tolo que está perdendo a chance de viver tudo que pode com o
amor da sua vida. — Ele disse. — Eu quero aproveitar o meu amor…
Eu abri os olhos, encontrando-o se inclinando dando um beijo no meu pescoço, que me fez gemer
baixinho quando Ettore usou a sua língua.
— Ah Ettore…
— Sim, bem melhor assim!
Ele sussurrou, antes de me fazer virar, para o encarar e então me levantar, para que pudesse devorar
a minha boca em um beijo faminto que fez eu esquecer de qualquer coisa que estivéssemos falando
anteriormente.
ΘΘΘ
ANNA

Apesar de não estar tão contente com toda aquela situação em Lauren, eu pelo menos tinha a certeza
que seria temporário, e eu dizia aquilo porque estava claro que Matteo a amava e isso então seria
questão de tempo para vir à tona a minha amiga.
— Tão preocupada…
Salvatore falou ao me encontrar parada no closet, com meu vestido nas mãos. Eu me virei para onde
sua voz vinha e o senti se aproximar, suas mãos envolveram a minha cintura nua após tirar de mim o
que eu segurava.
— Só pensando em Lauren!
— Matteo não vai suportar mantê-la a distância de um braço por muito tempo…
Meu marido falou, se inclinando, ele estava beijando meu pescoço, sua barba de fim de dia
começava a me espetar de um jeito delicioso.
— Eu sei. Só espero que esse tempo não seja muito longo! — Eu disse e então ri. — Salvatore, pare,
estão falando algo sério…
Ele estava me beijando, enquanto as suas mãos foram para os meus seios, onde Salvatore beliscou
meus mamilos já me provocando uma onda de deliciosos arrepios.
— Não quero falar de algo sério agora! — A voz dele estava abafada contra a minha pele, até ele
mordiscar meu lóbulo, me fazendo gemer. — Eu quero foder você, foder Anna, áspero e sujo como
nunca mais fizemos...
Eu segurei nele, Salvatore ainda vestia a camisa, eu respirei fundo sentindo meu corpo esquentar,
respondendo a oferta dele. Com o nascimento de Remo nossos encontros passaram a ser mais
silenciosos e delicados, algumas vezes rápidos demais. Por isso eu queria aquilo também.
— Mas e o Remo?
Falei com um gemido quando senti Salvatore colocar a mão dentro da minha calcinha, brincando
comigo, provocando.
— Está com a governanta, ela ficou feliz em guardá-lo para nós. — Salvatore beijou minha
mandíbula, até meus lábios. — Então Anna, vai me deixar foder você agora?
— Ah, sim, por favor… — Eu disse me rendendo a ele e Salvatore sorriu quando me beijou.
Capítulo 10
MATTEO
Eu não gostava do modo como tudo parecia calmo fora dos muros da minha mansão, meu casamento
com Lauren tinha sido anunciado a três semanas e não houve uma movimentação de Violet, nenhuma
resposta a minha ação ou qualquer sinal dela.
— Está na janela esperando que ela se materialize diante de nós?
Ettore perguntou, eu virei o rosto encontrando-o parado encostado na porta, ele vestia uma jaqueta
marrom e suéter por baixo, parecia que estava pronto para sair. Meu irmão não precisa citar nomes,
eu sabia que ele falava de Violet.
— Onde vai? — Perguntei levando o copo de uísque aos meus lábios.
— Levar Aurora para jantar, não aguento mais mantê-la presa. — Ele suspirou. — Eu queria pedir
por ela!
— Eu não vou ceder a vigilância sobre ela e não me importa o quanto você peça!
Avisei secamente. Por causa de grande parte das ações de Aurora agora eu tinha que aguentar viver
com o peso na consciência que tinha arrastado Lauren para aquela lama onde eu um dia poderia
perdê-la para sempre.
Ettore respirou fundo, passando as mãos pelo cabelo, então ele deu somente um aceno saindo do meu
escritório. Eu sabia que ele queria gritar comigo, bater o pé ou socar algo, mas aquele Ettore agora
era mais contido e pensava antes de agir.
O casamento, tudo que aconteceu com ele trouxe aquela maturidade, ele sabia que tinha de pensar
antes de “meter o pé na porta” ou tudo tinha consequências, mas era claro que apesar de tudo isso o
que ele sentia por Aurora sempre falaria mais alto.
Eu suspirei voltando a encarar a janela, a paisagem escura, eu estava irritado a maior parte do tempo
e também frustrado, sexualmente falando. Apesar de eu evitar cruzar com Lauren ou estar em
qualquer cômodo que ela estivesse, eu sempre parecia estar muito ciente que em algum lugar ela
estava.
Meu corpo era um traidor, eu a queria e a cada dia eu sofria mais por isso. Era como ter algo muito
desejado na minha frente, mas que eu não podia colocar a mão para não destruir tudo. Inferno, eu
tinha que ficar repetindo para mim mesmo que manter as coisas distantes entre mim e Lauren era o
certo, ou eu perderia o controle sobre mim mesmo.
ΘΘΘ
AURORA

Ettore parecia chateado. Eu o observei dirigindo, a postura séria, o maxilar cerrado dando aquele ar
poderoso que eu adorava assistir nele. Eu estendi a mão tocando os cabelos em sua nuca, ele me
olhou rapidamente, dando um sorriso.
— O que o deixou bravo? — Perguntei deslizando minhas unhas pela sua nuca.
— Nada… — Ele me olhou novamente sorrindo, mas não me convenceu.
— Quando saímos vi que você vinha do escritório do Matteo, ele te disse algo? Ou você perguntou
algo que não queria ouvir?
Eu tinha certeza que Ettore tinha discussões com os irmãos por minha causa, mais exatamente por
causa da minha “condição”, já estava saturando ao meu marido deixar que os outros me vigiasse, eu
via isso a cada dia mais.
— Deus, como você faz isso? — Ele disse, e eu ri. — Parece que entra na minha cabeça!
— Eu só te conheço bem Ettore, como você a mim.
Deslizei a mão no seu rosto e ele se inclinou ao meu toque, aquela me dava um prazer súbito… Saber
que ele era meu, que meus toques o faziam se derreter, isso era poder, mas uma forma diferente e que
fazia eu me render ainda mais a ele. Eu o amava mais que tudo.
— Eu pedi para o Matteo acabar com essa punição a você! — Ettore falou e parecia frustrado.
— E ele disse não…
Ettore me lançou um olhar que poderia ser interpretado como desculpas, mas no fim das contas, que
culpa ele tinha? A merda que fez fui eu.
— Ettore amor, eu não ligo para isso, eu tenho você e estou administrando meus negócios… Um dia
talvez isso acabe, mas agora realmente eu não ligo!
— Mas eu sim… — Ele respirou fundo. — Porém vamos deixar isso de lado por hoje, quero que
nossa noite seja perfeita.
Ele disse soltando uma das mãos do volante e pegando a minha, puxando para um beijo, eu sorri
adorando.
— Tudo bem, vamos esquecer!
Eu sorri, Ettore concordou e dirigiu mais alguns minutos até parar na frente de um restaurante. Ele
desceu primeiro pedindo que eu esperasse, então deu a volta no carro, logo abriu a porta para mim
com um sorriso safado no rosto.
Por um segundo eu desviei a atenção dele, e como Ettore estava de costas, não viu o movimento que
eu percebi e sem pensar em mais nada eu simplesmente o puxei girando nossa posição, porque nesse
mesmo milésimo de segundo o homem levantou a arma e atirou.
ΘΘΘ
LAUREN

Mathilde gostava de sumir, na verdade de se esconder para que eu a procurasse, e naquela mansão
com todo aquele tamanho era um prato cheio.
Eu saí do segundo andar indo para os corredores das alas do térreo procurando aquela danadinha,
segui em direção a cozinha onde eu sempre a pegava comendo bolo, mas para minha surpresa não era
ela que estava ali.
— Oi Lauren!
Matteo estava ali parado na ilha da cozinha preparando um sanduíche, o copo de uísque descansava
ali, ele claramente só falou comigo porque não podia me ignorar desde que eu tinha parado ali na
porta.
— Oi. — Falei secamente, sem entusiasmo, aquela era a primeira palavra que trocamos em semana.
— Viu a Mathilde passando por aqui?
— Não…
Ele respondeu com menos entusiasmo ainda, eu quis rolar os olhos, me virei para ir embora mais
então escutei uma risadinha infantil que com certeza não podia ter vindo do Matteo.
Eu me virei olhando para ele, Matteo olhou para baixo fazendo uma careta, e então eu não pude
acreditar naquilo e por isso me movi para dentro da cozinha até chegar na ilha do lado que Matteo
estava só para encontrar Mathilde escondida ali agarrada ao seu urso.
— Oi tia!
Mathilde disse com um sorrisinho. Levantei o rosto para encarar Matteo que se mantinha tão
impassível que parecia que nem tinha estado escondendo aquela danadinha aos nossos pés.
— Você estava escondendo ela porque? — Perguntei.
— Ela pediu. — Ele disse simplesmente e deu de ombros.
— Ela pediu?
Eu cruzei os braços na frente do meu corpo, e Matteo terminou com o sanduíche, então para minha
surpresa novamente, ele deu para Mathilde um que aceitou mais que feliz e o outro ele pegou si.
— Com licença!
Ele disse saindo, eu olhei para Mathilde que parecia muito feliz com seu sanduíche e olhei para
Matteo, mas justamente quando ia mandar ele parar e explicar porque parecia “um ser humano legal”
brincando com aquela garotinha órfã, o celular dele tocou.
Matteo parou de imediato checando, então vi ele franzir o cenho, atendendo, no segundo seguinte seu
sanduíche caiu e ele fechou os olhos, toda a sua postura corporal mudou, e como se meu corpo
estivesse alinhado com o dele, minha postura também mudou.
— Mathilde, querida, venha aqui..
Eu a chamei estendendo a mão, Mathilde aceitou saindo do chão, então eu a peguei no colo e olhei
novamente para Matteo que ouvia algo do outro lado do telefone tenso.
Quando ele desligou, engoliu em seco e eu me aproximei, sem pensar muito toquei no seu ombro, seu
olhar azul encontrou o meu logo depois e parecia totalmente machucado, mas mais que isso, culpado.
— O que houve? — Perguntei, ele olhou para Mathilde e depois para mim.
— Aurora levou um tiro protegendo o Ettore, não sei se sobrevive!
Ele disse tudo aquilo em italiano porque assim Mathilde não entenderia, mas eu sim, e quase que
fraquejei sobre meus próprios joelhos. Ettore devia estar desesperado.
— Temos que ir até Ettore…
— Neste momento não é seguro… — Ele engoliu em seco. — Eu não posso ir até meu irmão agora,
por mais que eu queira eu…
Ele não precisava me dizer mais nada, e sem pensar muito outra vez eu puxei Matteo para um abraço,
ele enfiando o rosto em meu pescoço claramente sentindo o peso de não poder ir até Ettore.
— Fica triste não tio…
Mathilde disse e passou a mão no cabelo dele, aquele gesto foi a coisa mais doce que eu já vi e mais
lindo ainda quando Matteo ainda abraçado a mim virou o rosto dando um sorriso que parecia
agradecido para ela.
ΘΘΘ
ETTORE

Quando eu pensava que conhecia a dor, o mundo vinha e me fazia provar a pior delas. Se eu fechasse
os olhos poderia assistir novamente a cena toda, meu corpo sendo girado e o som… Aquele som
perverso e doloroso.
A arma foi disparada no mesmo segundo que ela me tirou da linha de fogo, então eu só segurei o
corpo de Aurora quando o tiro a atingiu, o grito dela, a forma como ela desabou em mim tudo isso
iria me atormentar por uma existência inteira.
Eu soube que meus seguranças agiram rápido e mataram o homem que atirou antes que houvesse mais
disparos, mas o estrago já estava feito, Aurora ficou ali nos meus braços sangrando enquanto eu
gritava por ajuda pressionando o tiro que ela levou um pouco abaixo do peito.
— Está tudo bem… Tá tudo bem…
Ela tinha dito a mim enquanto eu olhava para ela desesperado, completamente tomado pelo medo,
devastado porque eu assistia a vida dela indo embora daqueles olhos cor de chocolates tão
maravilhosos.
A trazer para aquele hospital fria e desacordada me fez pensar em tudo, saídas para aquilo, qualquer
coisa para ficar com ela… Se algo acontecesse… Eu fechei os olhos pensando nela, pensando em
Aurora viva, mas sendo consumido pelo medo de que isso passasse a ser apenas uma lembrança.
Eu vi como ela perdeu sangue, como estava flácida nos meus braços e fria como uma pedra de
gelo… Se eu a perdesse eu sabia o que aconteceria, não tinha mais como ficar ali… Não havia
existência sem Aurora comigo e eu encontraria meu fim logo após ela.
Minha vida terminaria com a de Aurora de um jeito ou de outro. Eu não poderia suportar a dor de
ficar naquele mundo sem a futura mãe dos meus filhos, a minha companheira… Era isso.
ΘΘΘ
MELISSA

A mansão estava em polvorosa, a movimentação dos homens dos Bianchini era incessante, algo muito
grave tinha acontecido e eu tive a total certeza sobre isso no momento em que Lauren pediu que eu
ficasse com Mathilde, para que se trancafiar com Matteo no escritório dele.
— Tia Melissa?
Mathilde me chamou, tirando sua atenção da TV e eu tirei a atenção da janela me voltando para ela
com um sorriso tentando demonstrar tranquilidade.
— Sim, querida? — Eu disse.
— Estive pensando quando a mamãe vai voltar…
Eu engoli em seco diante daquela pequena frase. Como eu poderia contar para aquela garotinha que
sua mãe não voltaria? A culpa me corroía.
— Ainda não sei. — Menti me sentindo péssima. — Mas não está sendo bom passar um tempo aqui?
Mathilde pareceu pensar um pouco franzindo seu rostinho infantil como se a questão da minha
pergunta fosse muito séria, então deu um aceno positivo sorrindo.
— Sim, tia. — Ela sorriu mais uma vez. — Gosto muito da tia Lauren, ela parece com minha mãe…
Mais uma vez meu coração apertou e eu só pude segurar aquela máscara no meu rosto que escondia
todo o meu pesar por aquela menina. Talvez fosse logo a hora de levá-la dali e procurar uma família
de verdade antes que ela se apegasse demais.
ΘΘΘ
LAUREN

Matteo coordenava uma verdadeira caça daquele escritório a Violet e eu só tinha me dado conta
naquele instante vendo ele tratar com todos aqueles soldados que não paravam de entrar e sair.
Ainda havia a operação de “contenção” sendo executada para proteger onde Ettore estava no hospital
que não tinha qualquer segurança ainda mais depois de um atentado a sua vida, mas aparentemente o
Bianchini mais novo não iria deixar o local.
— Ettore, eu sei que quer estar ao lado dela, mas nesse momento é mais seguro sair daí…
Matteo dizia ao celular e então se encolheu com qualquer coisa que tenha ouvido o irmão falar a ele,
eu observei preocupada.
— Ettore… — Matteo voltou a falar, mas então baixou o celular encarando a tela, cético. — Ele
desligou!
— Já posso imaginar que ele disse que não deixará ela lá sozinha. — Eu deduzi.
— De forma alguma. — Matteo passou a mão pelo cabelo, preocupado. — Entendo ele, mas
inferno… Não posso fazer muita coisa com ele exposto!
Eu nem devia estar ali, ainda mais pela forma como Matteo costumava me tratar, mas tinha algo que
falava mais alto quando eu o via em situações críticas como aquela. Sair do sofá indo em direção a
ele que estava parado no meio da sala parecendo esgotado.
— Eu sei como deve ser difícil para você assistir seu irmão ser ameaçado, mas não pode interferir
nas escolhas dele em relação a esposa, pode imaginar como é estar diante da possibilidade de ter o
amor da sua vida morto?
Parei diante dele. Matteo me encarou com uma força, uma emoção estranha cintilou naqueles olhos,
ele engoliu em seco.
— Posso perder meu irmão agora em um novo ataque ou se ele souber que Aurora morreu, meu medo
é esse. — Ele disse ignorando minha pergunta.
— Você acha que se ela morrer, ele pode…
Não consegui terminar aquela frase. Ettore era o sopro de vida daquela família, sempre foi uma luz
entre os Bianchini e eu não podia considerar vê-lo desistir da vida.
Matteo manteve sua atenção em mim, então para minha surpresa tocou meu rosto, o gesto foi tão
delicado como se ele pensasse em mim como uma boneca de vidro muito frágil.
— Sim, nenhum de nós poderia passar um dia a mais vivo sem aquilo que mais amamos!
Meu coração tolo saltou, eu achei que Matteo poderia escutar. Mas então uma batida na porta
quebrou naquele momento, fazendo com que Matteo se afastasse de mim com um movimento rápido.
— Entre! — Ele disse e então me olhou. — Vá descansar, se houver novidades que aviso.
Concordei ainda meio zonza com a forma como ele tinha dito aquilo para mim, um pouco abalada,
mas ainda sem entender realmente o porquê.
Capítulo 11
MATTEO
A manhã tinha caído e eu continuava de pé, preocupado, ensandecido e principalmente cheio de
culpa, de alguma maneira me sentia como um inútil que deixou alguém chegar muito perto do meu
irmão e agora ele estava em um hospital assistindo a mulher que amava definhar até a morte. Meu
telefone tocou, atendi de imediato.
— Notícias do Ettore e da Aurora? — Salvatore perguntou.
— Ela está entubada. — Eu disse. — O soldado que desloquei para ficar com ele me avisou, Ettore
não disse mais uma palavra desde a nossa última ligação, acho que não consegue!
Eu passei a mão pelo cabelo tentando aliviar a tensão e a dor de cabeça que eu sentia, mesmo
sabendo que era impossível.
— Inferno… Se ela morrer ele não vai suportar. — Meu irmão mais velho disse algo que eu sabia.
— Eu não vou permitir que ele… — Só de pensar naquilo eu perdia as forças.
— Nem eu Matteo, mas também o entendo…
— Nossa única chance de manter Ettore é se Aurora sobreviver, mais uma vez estamos na mão dela,
porém dessa vez ela fez isso para proteger ele. — Eu disse. — Era Ettore que estaria naquela cama
de hospital se ela não tivesse o salvado.
Eu não pude ouvir a resposta de Salvatore, pois meu telefone foi interrompido por uma outra ligação,
deixei meu irmão em espera e atendi aquele outro chamado pensando que podia ter algo haver com
Ettore.
— Don Bianchini! — Eu disse ao atender.
— Seu irmão escapou por tão pouco, mas o mesmo não posso dizer da esposa dele, não é mesmo?
— A voz debochada de Violet me atingiu como um canhão.
— Sua filha da puta! — Grunhi sem esconder o ódio que me corria nas veias.
— Com certeza, mas você também é um Matteo. — A voz dele pingava deboche e ódio
entrelaçados. — Achou mesmo que protegendo Lauren com o seu “nome” eu não ia encontrar
outros jeitos de fazer você me pagar?
— Eu vou te encontrar, irei esfolar você viva antes de entregar para os chineses fazerem bom
proveito com o que restar de você!
— Tente… — Ela riu. — Enquanto isso irei tirar cada coisa que você e seus irmãos amam tanto…
Vão se arrepender por me usarem como moeda de salvação da bunda de vocês!
— Já devia saber como esse mundo funciona Violet — Eu disse entredentes. — Eu só devo lealdade
aos meus!
— Pois se prepare para ver os “seus” sofrerem.
Sem mais ela desligou e eu peguei o celular arremessando contra a parede, destilando meu ódio ali,
desejando poder partir Violet ao meio, a destruir como ela tentava fazer comigo.
— Matteo?
Lauren surgiu ali, estava usando jeans azul e um suéter escuro, os cabelos estavam presos em um
coque. Seu olhar na minha direção era preocupado, aquilo me quebrou, sem pensar em nada somente
em estar perto dela andei na sua direção e abracei.
— Violet ligou, ela não vai parar, ela não vai parar…
Desabafei apertando Lauren em meus braços, segurando ela firme, como se ela fosse a minha âncora.
Eu queria sentir ela e não esquecer que era real, que Lauren estava ali segura ao meu lado, mesmo
que Violet estivesse lá fora preparando qualquer coisa horrível para nos atingir.
— Matteo… — Ela me abraçou de volta. — Você pode lidar com ela, nós podemos!
Eu enterrei o rosto no pescoço dela adorando o seu cheiro doce e a suavidade da sua pele, fechando
os olhos, me perdendo naquele abraço por um momento… Eu pararia logo, eu só precisaria de
apenas mais um momento.
— Eu tenho muito mais a perder do que ela… É esse o problema!
Fiz aquela confissão baixinho, mas é claro que ela escutou. Lauren se moveu me afastando o
suficiente para pegar meu rosto entre as suas mãos e me encarar com ferocidade.
— Sim, e é por isso que vai lutar mais que ela também, para proteger-se, proteger a sua família!
Olhando para ela tão de perto e vê-la me dizendo aquilo sem nem ao menos se incluir naquela frase
quebrou minha resistência. Inferno… Eu morreria lutando por ela também.
Em um ato inconsequente me movi beijando seus lábios, esquecendo qualquer plano ou lógica, mas
apenas precisando sentir aquela boca, provar aquela boca pelo menos uma única vez.
Lauren não se moveu quando meus lábios tocaram o seu. Eu deslizei uma mão apertando sua cintura e
a outra levei a sua nuca, segurando-a no lugar, deixando minha boca cobrir a sua com mais vigor,
mordiscando seu lábio, e então ela se abriu para mim.
Eu senti Lauren me corresponder aquele beijo, timidamente seus lábios dançando sobre os meus, sua
língua se misturando a minha, conhecendo, experimentando e se entregando. O gosto dela era tão
delicioso como eu tinha imaginado, a forma como meu corpo reagiu não foi uma surpresa.
Segurei os cabelos dela, puxando um pouco, Lauren gemeu. As mãos dela deslizaram pelos meus
ombros, agarrando minha camisa, me puxando para si e explorando a minha boca com a sua, quando
suguei seu lábio ela gemeu e eu perdi qualquer controle.
Eu a levei em direção ao sofá nos jogando ali. Lauren abriu seus olhos azuis maravilhosos
encarando-me em cima dela, eu a encarei de volta, encantando demais para esconder o prazer de ver
aquela mulher embaixo de mim. Eu acariciei seu rosto, ela soltou um outro gemido ao meu toque, isso
reverberou no meu pau.
Sem pensar direito eu a beijei mais uma vez, porém mais duramente, precisando sentir mais dela. E
outra vez fiz besteira ao pegar a barra da sua camisa puxando para cima, expondo seus seios nus, ela
não usava sutiã e quando me afastei para encarar aquela perfeição eu tive a certeza que não
aguentaria apenas olhá-la.
Eu baixei minha cabeça, colocando minha boca nela, chupando e mordiscando seus mamilos rosados
daqueles seios médios que cabiam perfeitamente em minhas mãos. Lauren gemeu arqueando o corpo
aos meus toques e segurando meus cabelos, puxando-me para si.
— Não sabe como sonhei com isso…
Falei sem controle me revezando em chupar os seios dela e encarando o rosto de Lauren corado. Ela
tinha os olhos fechados e um sorriso safado no rosto que iria me assombrar nos meus sonhos eróticos
pelo resto da vida.
Eu continuei tocando os seios dela, mas subi com a minha boca beijando o pescoço dela,
mordiscando e como uma animal eu a marquei, porque uma parte ensandecida minha queria dizer a
todos que aquela mulher era minha, eu era quem cuidava dela em todos os sentidos.
— Você é minha!
Eu sussurrei sem pensar, Lauren ofegou, e eu beijei encaixando-me entre as pernas dela e esfregando
meu pau duro em seu sexo sabendo o que ia lhe causar. Lauren gemeu, eu belisquei seus mamilos e
ela enfiou as unhas na minha nuca, gemendo mais ainda na minha boca.
— Matteo…
— Sim, eu… — Grunhi, louco de desejo, mais excitado como nunca estive na vida por nenhuma
mulher. — Será que você goza assim meu anjinho?
Ela gemeu, então me beijou, sugando meu lábio enquanto seu corpo começava a responder às minhas
investidas e nos esfregamos juntos sob aquelas roupas, e mesmo assim parecia que o escritório
estava em chamas.
— Ah Matteo, por favor… — Ela disse, eu a mordi de leve, me esfregando com mais força.
— Não precisa implorar por nada meu anjinho, eu dou qualquer coisa por você!
Lauren gemeu e me olhou parecendo perdida em seu desejo, assim como eu. Ela moveu suas mãos
então notei ela puxando minha camisa social de dentro da calça e para o meu choque puxou para
ambos os lados fazendo os botões estourarem, assim deixando-me livre para sentir ela.
Eu afastei as minhas mãos dos seus seios e ela então se arqueou, esfregando eles em mim, a imagem
daquilo quase me fez gozar ali mesmo. Eu grunhi, a beijando com mais desejo, movendo minhas mãos
para segurar sua bunda e a manter no lugar que eu queria para fazê-la gozar mesmo vestida.
— Goza para mim Lauren, goza bem gostoso meu anjinho lindo!
Sussurrei ao deslizar meus lábios até sua orelha, Lauren gemeu, me abraçando e então chamou meu
nome quando de repente seu corpo tremeu e eu me senti o homem mais poderoso do mundo. Ela
estava gozando chamando por mim.
— Matteo…
Ela disse sem fôlego, eu a abracei firme, beijando seu pescoço e adorando perceber a camada de
suor que se formava nela, e isso me fez desejar tê-la nua assim, suada e com meu cheiro em cada
pedacinho seu. Outra vez quase gozei apenas imaginando.
— Lauren… Puta que pariu! — Melissa disse parada na porta do escritório.
— Merda!
Lauren exclamou ao perceber a irmã e então me jogou de cima dela direto para o chão. Eu gemi
caindo quase de cara no chão enquanto Lauren puxou sua camisa para baixo desesperadamente e
sentava-se.
Se eu não soubesse que tinha realmente feito uma “merda” naqueles poucos minutos com ela no
escritório eu poderia ter rido da cena. Lauren olhava para Melissa como uma menina que tinha sido
pega feito besteira, o problema era que ela em nada parecia com uma menina.
Ali diante de mim estava uma mulher com a aparência de quem tinha sido bem fodida, tão como bem
satisfeita, o cabelo uma bagunça loira agora caindo por seus ombros, os lábios inchados e o pescoço
avermelhado por meus chupões. Eu não podia mentir e dizer que não gostava.
— Hum… Desculpe, eu achei que podia entrar, você mandou eu vir logo depois que entrasse…
Melissa disse claramente tentando evitar uma risada enquanto encarava o tapete como se fosse a
coisa mais interessante do mundo. Eu me levantei, tentando ao máximo parecer composto, e quando o
olhar de Lauren encontrou o meu eu quase caí no chão de volta.
Ela me olhava como uma intensidade que eu nunca tinha visto, um jeito quase territorial, o que me
deixou ainda mais excitado e claro que Lauren percebeu, seu olhar foi para a frente das minhas
calças que demonstravam bem claramente o que ela podia fazer comigo.
— Vamos sair daqui!
Lauren disse de supetão de botando de pé e quase correndo para fora do escritório ao pegar Melissa
pela mão a arrastando consigo. Eu cobri meu rosto, gemendo, frustrado porque estava duro como um
inferno por causa dela e louco de raiva por me meter em mais problemas, como se eu já não tivesse o
suficiente.
ΘΘΘ
LAUREN

Melissa caminhava ao meu lado em direção ao quarto em um silêncio que era ensurdecedor, eu sabia
exatamente o que estava passando pela cabeça dela. Eu parei no meio do corredor e encarei minha
irmã.
— Olha, não é nada do que você está pensando, ok? — Falei e ela riu.
— Lauren, você estava com os peitos de fora embaixo de um homem muito excitado, claramente é o
que eu estou pensando sim… Vocês só não tiveram tempo de terminar.
Ela disse com uma risada, eu quis me enterrar em um buraco bem fundo. Eu tinha ido ao escritório do
Matteo claramente para saber sobre Ettore, mas também para debater com ele a situação de Melissa,
mas tudo tinha meio que saído do controle e eu ainda estava tentando entender o que foi aquilo.
— Aquilo foi uma loucura momentânea que não ia da em nada e…
— Pelo amor de Deus Lauren, você é cega? — Melissa me interrompeu parecendo indignada. —
Aquele homem estava te olhando como se você fosse a única coisa no mundo, claramente te devorava
com os olhos, mas sempre que vocês estão juntos é como estar sufocada pela tensão sexual… Se ele
não está apaixonado por você, como claramente se comprovou para mim hoje o que eu já
desconfiava, ele então é um ótimo ator!
Eu dei um passo para trás muito chocada por ouvir a palavra “apaixonado” sendo relacionada a
Matteo em uma mesma frase a qual me incluía. Não… Aquilo não poderia ser realmente possível.
Tudo bem, podia haver desejo, muito desejo, como ficou claro naquele escritório, mas não... Amor.
Eu engoli em seco lembrando como se uma névoa sumisse da minha mente e o que Matteo falou
finalmente ficou claro…
"Não sabe como sonhei com isso…" ele disse, assim como "Você é minha!", "Não precisa implorar
por nada meu anjinho, eu dou qualquer coisa por você!"... Eu dei mais alguns passos para trás até
me encostar na parede.
Deus... Ele realmente podia estar apaixonado? Mas por que me manter tão afastada de si? Por que me
pedir em casamento daquele jeito e agir como se não me quisesse ali? Por que me chantagear usando
a minha irmã? Pois se ele realmente me pedisse em casamento porque queria eu aceitaria... Merda.
Ter a consciência naquele instante que eu aceitaria me casar com ele se fosse de verdade me deixou
ainda mais sem chão.
— Começou a cair a ficha irmãzinha?
Melissa perguntou, me encarando com um sorriso satisfeito nos lábios e eu estava chocada demais
para brigar com ela.
— Por que ele mentiria para mim assim? — Perguntei a ele, precisando de ajuda para entender. — A
gente sempre se odiou, então não tem porque ele… Mas…
— Lauren, o “ódio” de vocês é só uma capa, eu mesma percebi isso quando vi vocês juntos e quando
ele ferveu de raiva ao pensar que você poderia ter uma filha, uma filha que não era dele....
Eu senti minhas pernas ficando meio fracas e então fui cedendo ao chão finalmente vendo as peças de
um quebra cabeça irem se encaixando, como se tudo começasse a fazer sentido. Então eu podia ser
mais que uma foda para ele?
Eu fechei os olhos lembrando do jeito como ele me beijou, como se parecesse desesperado para se
fundir a mim, lembrando dos carinhos dos seus toques e da forma abrasadora que ele me olhava, o
desejo e aquele desejo de me possuir para si, da forma como Matteo falou que eu era sua.
— Aquele filho da puta arrogante está mentindo para mim e fazendo eu me casar com ele não
somente por culpa? — Perguntei aquilo mais a mim mesma e em retórica, mas Melissa respondeu.
— Aposto que sim!
Ela riu e eu a encarei sem chão. Matteo Bianchini estava mentindo para mim e eu ia fazer a porra a
sua mascara cair… Ele não tinha o direito de me passar para trás quando a questão fosse seus
sentimentos por mim.
ΘΘΘ
ETTORE

O silêncio era como um poço que me afogava. Eu estava do outro lado de um vidro vendo Aurora
lutar para manter-se viva enquanto eu tinha o direito de estar ali em pé vivo… Destino cruel e
escolha mais errada que Aurora tomou.
Aurora não conseguia entender que não adiantava livrar ele de uma bala se ela não estivesse segura.
Tudo que eu queria era poder trocar de lugar com ela, tudo para ter ela ali bem, mas havia certas
coisas que eram impossíveis até para um Bianchini.
— Sr. Bianchini. — O médico se aproximou, eu o encarei, ansioso.
— Por favor, me dê boas notícias.
— São notícias animadoras, sua esposa está reagindo, vamos tirar da intubação e esperar pelas
próximas horas o corpo dela fazer o que precisa, mas vamos manter ela no centro intensivo.
Meu coração continua apertado. Aquela notícia ainda não era o que eu queria ouvir, eu sabia que ela
ainda não estava fora de perigo, isso me matava aos poucos. Entretanto tentei me agarrar àquele
pequeno passo que Aurora estava dando para não perder a minha sanidade.
— Obrigado por me informar, doutor.
— Se quiser ir para casa e descansar depois de toda essa noite aqui em pé acordado, pode ir senhor.
— Não, eu pretendo ficar aqui, só deixarei esse lugar com minha esposa…
Viva ou morta… Pensei, mas não disse aquilo. Aurora era forte, uma guerreira, já tinha conseguido
sobreviver a coisa pior e eu tinha que acreditar que ela lutaria mais uma vez, por ela, por nós.
ΘΘΘ
ANNA

Eu queria ir para os Estados Unidos tão quanto Salvatore queria, mas estava bem claro que não
podíamos. Não quando estávamos seguros e com nossa localização desconhecida de uma inimiga que
estava à altura dos Bianchini.
— Vamos suspender qualquer movimentação na casa nessas semanas semanas seguintes Anna, é o
mais seguro a se fazer!
Eu concordei enquanto embalava Remo nos meus braços não querendo deixar ele sozinho em mais
nenhum momento. O atentado a Ettore e Aurora despertou em mim lembranças que me faziam tremer.
— Eu sei, não me importo, faça o que tem que fazer para que estejamos seguros!
Salvatore se aproximou, encostando o rosto no meu, senti ele tocar meu braço e descer sua mão ao
que parecia para a cabeça do nosso filho.
— Nada vai acontecer com você ou com o Remo, tem minha palavra. — Ele disse seguro. — O que
aconteceu com o Ettore e a Aurora foi um descuido.
— Ele deve estar desesperado! — Eu disse.
— Matteo disse que ele não falou mais uma palavra com ele até agora, está lá apenas esperando…
— Ah Salvatore. — Disse com pesar e meu marido me abraçou. — Eu queria poder estar lá e lhe dar
um abraço!
Salvatore beijou meu cabelo, estreitando seu abraço mais um pouco, como se quisesse me confortar e
a si mesmo também.
— Eu também queria Anna, eu também queria…
ΘΘΘ
MATTEO

Eu deixei o escritório no fim daquela tarde. Estava andando pela casa, não aguentando mais ficar
parado, mandando uma mensagem para Ettore, dizendo que eu queria estar lá, mas não era seguro e
pedindo desculpas por isso. Não tive resposta.
Quando dei por mim estava na porta da biblioteca e ouvi risadas. Eu guardei o celular olhando pela
fresta encontrando Lauren na frente da lareira com Mathilde, elas estavam jogando pedacinhos de
lenha, a menina sorria se divertindo.
Melissa estava ali também, estava lendo um livro e de vez em quando lançava uns olhares carinhosos
na direção da irmã e daquela criança. Eu voltei a encarar Lauren com a menina, era uma visão tão
bonita, uma que atingia meu peito de uma maneira que não devia ser tão boa.
Olhar para Lauren depois do que fizemos naquela manhã me fazia pensar em um futuro e imagens
como aquela com ela na frente da lareira com uma garotinha pareciam ser o sonho mais perfeito que
eu poderia ter.
— Matteo!
Vi meu nome sendo chamado por aquela voz infantil animada. A garotinha tinha me visto e fez com
que as outras duas pessoas na sala me notassem também. Eu engoli em seco resolvendo entrar na sala
assegurando que minha expressão estivesse o mais limpa possível.
— Olá Mathilde! — Eu disse a garotinha. — Melissa… Lauren!
No instante que meu olhar encontrou com o olhar de Lauren senti meu corpo ficar tenso, um arrepio
subiu pela minha coluna, enquanto ela segurava meu olhar sem desviar a sua atenção.
Melissa limpou a garganta e eu quebrei aquele contato voltando a andar, indo em direção a poltrona,
onde me sentei só para ver Mathilde vir até mim me dando um pedaço de madeira.
— Para você jogar. — Ela sorriu. — Eu nunca tinha visto uma lareira antes!
Ela parecia animada, e eu não quis recusar sua oferta que parecia tão genuína, por isso peguei o
pedaço de madeira e então mirei na lareira, quando a madeira colidiu com fogo, o barulho fez
Mathilde rir, e eu me vi sorrindo para ela também.
— Uma lareira é legal, mas nunca brinque sozinha perto de uma.
Eu disse e Mathilde concordou, apontando para Lauren que nos observava de um jeito que eu não
sabia dizer o que significava.
— Tia Lauren disse a mesma coisa. — Ela falou, olhei para Lauren, antes de a encarar novamente.
— Bom, então escute a ela, sempre, ouviu? — Eu disse e sorri.
— Tudo bem tio Matteo.
Nunca tinha me dado bem com crianças ou tido jeito com elas, mas Mathilde parecia não se encaixar
nesse quesito.
ΘΘΘ
LAUREN

Ele estava conversando com Mathilde e eu não deveria achar tão adorável aquilo, mas era inevitável
quando Matteo sorria daquele jeito que eu nunca tinha visto antes, era gentil e amigável, até
carinhoso.
Fiquei surpresa por ele continuar ali conosco até que Mathilde adormeceu no meu colo, eu mantive-
me fazendo carinho nos cabelos dela, tentando evitar pensar em como eu estava curiosa para
confrontar Matteo, mas parte minha sabia que ele ia negar qualquer coisa.
— Qual é a história dessa menina?
Matteo perguntou em certo momento, atraindo a minha atenção e a da Melissa, ambas nos olhamos,
num acordo tácito, minha irmã falou na frente.
— A mãe dela trabalhava para mim, mas o cara que está atrás de mim atacou meu escritório, e ela…
Não sobreviveu. — Melissa disse, e claramente era um assunto difícil. — O pai não presta e nem a
avó, por isso eu trouxe Mathilde comigo, mas irei a entregar para adoção… Ela precisa de uma
família!
Eu olhei para Mathilde no meu colo, aquele rosto sereno, dormindo o sono dos justos sem ter ideia
de como sua vida tinha mudado e como iria mudar mais ainda.
— Por que você não fica com ela? — Matteo perguntou a minha irmã.
— Não posso dar a estabilidade familiar que ela precisa.
Ela disse e eu senti um aperto no peito. Melissa podia não falar, mas eu sabia do medo dela sobre
“ter uma família”, porque no fundo ela nunca teve, essa dinâmica era muito complicada para Melissa.
— E vai entregar ela a qualquer um? — Matteo parecia irritado.
— Claro que não, eu vou deixar ela onde alguma família decente possa ajudá-la, e eu vou monitorar
isso. — Melissa respondeu quase ofendida.
— Você concorda com isso? — Matteo perguntou para mim.
— Não cabe a mim decidir!
Eu disse sem muita convicção. Mathilde não era minha responsabilidade e por mais que eu gostasse
dela era Melissa que iria decidir o que seria melhor para a menina… Mas eu sentia muito por isso.
— Que seja. — Ele disse. — Tenho notícias sobre o seu “amigo”!
Matteo falou se referindo ao problema de Melissa, algo que eu tinha ido naquela manhã debater com
ele, pelo menos antes de toda aquela loucura acontecer. Eu senti meu rosto esquentar ao pensar no
que ele tinha feito comigo e como meu corpo parecia ainda estar muito ciente.
— Ele ainda está atrás de mim? — Melissa perguntou com um tom de piada.
— Oh sim, muito empenhado, está colocando um preço na sua cabeça, da mesma forma que
aconteceu com Lauren… — Matteo não me olhou, mas foi como se ele tivesse me tocado ao dizer
meu nome. — Algo me diz que ele já sabe da sua ligação com os Bianchini, isso vai deixá-lo ainda
mais interessado!
Melissa deu um longo suspiro, passando a mão pelo cabelo, ela podia ter aquela pose de durona, mas
estava muito preocupada com tudo aquilo, afinal de contas era a vida dela que estava sob a mira de
um gangster.
— Quais são minhas opções? — Ela perguntou a Matteo.
— No momento vamos esperar o próximo movimento dele, acionei alguns contatos, irei tentar falar
com ele e ver o que consigo negociar. — Matteo suspirou. — Até lá você fica conosco e a menina
também!
Ele se levantou dando a conversa como encerrada, pegando seu celular e deixando a sala, como um
belo exemplar da sua personalidade arrogante, mas nessa noite isso não me irritou. Eu dei uma
risada, Melissa me olhou intrigada.
— Ele te dá uns beijinhos e você passa a rir para o autoritarismo dele? — Melissa disse.
— Longe disso. — Eu afirmei. — Eu estou apenas me divertindo porque eu vou adorar poder acabar
com essa pose dele!
Capítulo 12
ETTORE
Dois dias. Levou dois dias para que Aurora saísse da unidade intensiva de recuperação e para
Matteo conseguir um esquema de segurança realmente seguro para entrar no hospital.
— Ettore!
Matteo disse assim que entrou no quarto tirando um chapéu e indo até mim, eu me levantei da
poltrona abraçando ele.
— Matteo, porra. — Eu o abracei apertado. — Graças a deus você tá aqui, eu já estava ficando
louco…
— Eu sei, eu não podia vir antes e o Salvatore…
— Ele não pode revelar sua localização, eu sei, eu sei. — Eu soltei meu irmão, o encarando. — Está
tudo bem, eu sei como as coisas funcionam!
Eu me afastei dele indo em direção a Aurora, mais uma vez, eu já tinha perdido as contas de quantas
vezes tinha feito isso, mesmo sabendo que ela ainda ficaria dormindo por algum tempo. As
medicações eram fortes.
— Como ela está? — Matteo perguntou.
— Se recuperando, o perigo maior passou, mas temos que esperar para ver como ela vai acordar…
— Eu suspirei. — Não aguento mais vê-la tão silenciosa!
— Sua esposa é uma mulher forte, nada vai a abalar, ela já provou isso Ettore e ela o salvou.
Matteo não precisava me dizer aquilo, eu sabia, mas foi importante ouvir mesmo assim porque uma
parte minha parecia que não acreditava que Aurora ficaria bem. Eu tinha aprendido naquela vida na
máfia somente a perder as coisas, não ter a chance de ganhar.
— Percebe agora que ela estava disposta a dar a vida dela pela minha? — Eu disse e o encarei. —
Entende que Aurora se arrependeu e que nosso amor é de verdade?
— Sim, eu entendi. — Matteo me olhou de forma sincera. — Aurora tem o perdão da máfia e tem
meu agradecimento por salvar a sua vida!
Eu sorri, tendo pelo menos uma notícia boa, então fui até Matteo novamente dando um abraço. Era
importante ter ele reconhecendo que Aurora não era mais uma ameaça, porque nosso inimigo era
outro, muito mais perigoso e totalmente imprevisível.
ΘΘΘ
LAUREN

Eu peguei um livro para ler, mas não estava exatamente concentrada para isso, desse modo podia
dizer que eu estava apenas sentada na poltrona do escritório de Matteo somente para passar o tempo
enquanto esperava o Don voltar.
A partir desse dia eu decidi que iria descobrir o que Matteo escondia de mim, eu ia tirar camada por
camada dele, até chegar ao centro, até descobrir se ele realmente podia me…
— O que está fazendo aqui? — A voz dele interrompeu meus pensamentos.
— Bom dia!
Fechei o livro, então o encarei, Matteo estava vestido com uma camisa branca e um casaco moleton,
ainda jeans. Nunca tinha visto ele tão “despojado”, e logo notei que devia ser seu disfarce, levando
em conta o chapéu que ele tinha na mão.
— Temos algo a discutir? — Ele perguntou entrando no escritório. — Não lembro de ter nada para
falar com você!
Em outro momento eu teria ficado furiosa com o modo como ele falou comigo, mas dessa vez não,
porque agora eu enxergava alguns detalhes. Matteo nunca dizia nada grosseiro olhando nos meus
olhos, sempre desviava a atenção para outro lugar, ou falava sem me encarar de verdade como
naquele momento.
— Eu queria saber do Ettore e da Aurora. — Falei observando ele ir sentar na sua cadeira atrás da
mesa.
— Aurora passou pelo pior, agora tem que aguentar a recuperação, Ettore é claro está preocupado
como um louco!
Eu concordei ficando de pé, deixando meu livro para trás, me aproximando da mesa de Matteo e
percebi o modo como ele me olhou, aquilo me provocou um [12]Déjà vu do que tinha acontecido entre
nós ali mesmo.
— Certo, agora que já falamos sobre seu irmão. — Falei olhando-o nos olhos. — Eu acho que temos
que falar sobre o que aconteceu conosco aqui!
Matteo ficou tenso, mas seu rosto era uma folha em branco, sem expressão nenhuma e seus olhos
também eram um mistério para mim.
— Não há nada para dizer, aquilo foi um… — Ele hesitou. — Um erro!
Eu o observei, Matteo sustentou meu olhar, mas então desviou e eu decidi ser um pouco mais
incisiva. Me movi deliberadamente lenta, passando a mão pela mesa dele, dando a volta, sentindo os
olhos dele cravados sobre mim.
— Foi um erro mesmo? — Indaguei, dessa vez estava do lado da cadeira de Matteo, ele não moveu-
se ou sequer me olhou.
— Claro que foi. — Ele disse entredentes. — Agora porque não para de me atrapalhar e vai
infernizar alguém em outro lugar?
Dei uma risada, isso atraiu a atenção dele, Matteo me olhou e vi algo em seu olhar brilhar, mas ele
escondeu isso muito rápido.
— Eu disse para você que eu faria da sua vida um inferno, então estou cumprindo meu papel!
— Tirou o dia para isso então? — Ele soltou um som de desdém. — Eu tenho uma crise para
administrar Lauren, então adoraria ser deixado em paz, e que seus joguinhos ficassem para depois!
Eu me movi empurrando a cadeira dele que bateu contra a parede, Matteo me olhou surpreso, porém
mais ainda quando me sentei em seu colo agarrando sua camisa e colocando minha boca sobre a sua.
Ele pareceu chocado demais para reagir e eu então o persuadi, mordisquei seu lábio, chupando
lentamente, logo senti a resistência dele simplesmente sumir. As mãos grandes, deliciosas, seguraram
meu quadril enquanto sua boca correspondeu ao meu beijo.
Eu enfiei as mãos no cabelo dele, puxando, enquanto nosso beijo se tornou mais exigente, menos
cuidadoso e bem mais ruidoso. Eu gemi em sua boca, de propósito, e isso pareceu atingir a ele, suas
mãos subiram pelas minhas costas, eram possessivas, dominantes.
Estava bem claro que Matteo me queria, queria muito, mas algo ainda o impedia de deixar que isso
transbordasse o seu controle e enquanto fosse assim eu não me entregaria, não até ter tudo dele
também.
O beijei, mais uma, duas, três vezes e então me afastei, tirando as mãos dele de cima de mim e
lutando para tirar as minhas de cima dele também. Quando me afastei totalmente Matteo parecia
desnorteado, isso foi bom, porque deu tempo a mim de me recompor.
Fiquei de pé assistindo o subir e descer daquele peito musculoso, enquanto seus olhos azuis
pareciam inflados… Ele me queria… Estava estampado em cada expressão. Eu deixei um sorrisinho
se apossar da minha expressão.
— Outro erro não é Don Bianchini? — Provoquei.
— O que você quer provar com isso?
A voz dele era baixa, densa. Causou a mim calafrio delicioso, me fez lembrar que este foi o mesmo
tom que Matteo usou quando me pediu para gozar.
— Nada…
Menti para ele, me virando, deixando aquela sala rapidamente antes que eu me arrependesse e
voltasse a beijar Matteo Bianchini novamente.
Aquele desgraçado lindo e arrogante estava me enganando tão bem, eu quase acreditei que realmente
era só culpa que o movia a me aturar, mas pelo jeito como me beijava talvez Melissa tivesse razão.
Eu só tinha que conseguir uma forma de arrancar isso dele, ou melhor, precisava furar as barreiras
que Matteo tinha construído ao seu redor para que nem eu ou ninguém pudesse tocá-lo. Mas pelo
menos eu já sabia que meus beijos eram algo poderoso a ser usado contra ele.
ΘΘΘ
AURORA

Parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim. Eu abri os olhos sentindo o gosto horrível
na minha boca. Tentei lembrar o que tinha acontecido e o conhecimento me acertou como uma bomba.
— Ettore?
Eu gemi o nome dele, precisando saber se ele estava bem. A imagem daquele homem sacando a arma
e direcionando para Ettore me atormentava. E se tivessem o machucado? O pensamento me causou
pavor. Eu me preparei para chamá-lo mais uma vez…
— Shh… Calma, estou aqui meu amor!
Ele surgiu diante de mim, tocando meu rosto, minha lágrimas embaçaram minha visão, mas eu
consegui ver claramente as feições que já me eram tão familiares. Eu sorri, meu coração se
acalmando por vê-lo bem, mesmo que parecesse tão cansado.
— Ettore, graças a Deus está bem, aquele homem…
— Sim amor, sim… Mas passou, você me salvou. — Ele encostou a testa na minha, sua voz estava
rouca, tremendo. — Minha garota me salvou e quase me deixou maluco por ter que suportar vê-la
sangrar nas minhas mãos…
— Eu não podia deixar que ele te machucasse!
Ettore segurou meu rosto entre suas mãos me beijando, onde podia, meus lábios, minhas bochechas,
meu nariz… Eu ri, mas senti uma pontada na lateral do corpo. Ele percebeu e me olhou mais sério,
não menos carinhoso.
— Você levou dois tiros, um parou nas costelas, o outro projétil se alojou, e por isso teve que passar
por uma cirurgia. — Ele acariciou meu rosto. — Foi por pouco Aurora!
Senti a forma como a voz dele refletiu o medo, eu peguei sua mão dando um beijo, não querendo que
ele pensasse nisso ou sentisse culpa pela escolha que eu quis fazer.
No final era uma escolha que Ettore também tomaria por mim se precisasse, na verdade, ele já tinha
tomado no minuto que me escolheu como esposa mesmo sabendo o que eu havia feito.
— Eu estou aqui, não estou? — Falei lhe dando um sorriso. — É tudo que importa agora!
— Sim, é tudo que importa. — Ettore me deu mais um beijo. — Agora tudo está voltando ao seu
lugar com você bem e com o perdão da máfia.
Eu franzi o cenho ao ouvir Ettore dizer que havia tido o perdão da máfia, poderia mesmo? Claro…
Eu fiz a única coisa que Matteo estava esperando que eu não fizesse. Na verdade acho que o Don
Bianchini e Salvatore esperavam que eu mesma enfiasse uma faca nas costas de Ettore e não que o
salvasse.
— Estou perdoada pelo chefe da máfia? — Disse com um sorrisinho.
— Sim, e pela figura do meu irmão também, acho que Matteo entendeu que somos de verdade.
Mais que de verdade, eu inclinei meu rosto no toque de Ettore, e ele sorriu para mim daquele jeito
perfeito que sempre faria meu coração saltar.
— Você está péssimo amor! — Eu disse e Ettore gargalhou.
— Sim amor! — Ele puxou minha mão e dando um beijo, sua barba maior me arranhou de um jeito
gostoso. — Eu não tinha porque ficar “bonitinho”, você não estava aqui… Mas prometo dar um jeito
nisso logo.
— Ah Ettore, venha aqui!
Ele veio, deitando a cabeça delicadamente no meu colo, sem deixar todo seu peso enquanto deu um
beijo em meu pescoço que me fez arrepiar.
— Eu te amo, amo muito! — Ele sussurrou, e eu sorri.
— Amo muito você também!
ΘΘΘ
MATTEO

QUATRO SEMANAS DEPOIS


Lauren estava querendo me enlouquecer. Todos os malditos dias, ela fazia questão de ir até o meu
escritório, não importava se fosse apenas para dar “bom dia”, mas ela sempre estava lá e quase
sempre conseguia me beijar.
— Olá! — Ela disse entrando no escritório com uma naturalidade irritante.
— Eu vou começar a trancar essa porta!
Falei indo até a mesa de bebida sabendo que era muito cedo para fazer aquilo, mas eu precisava me
distrair, Lauren me deixava à flor da pele e a ponto de fazer besteiras imensuráveis.
— Está fugindo de mim?
Ela se aproximou, então suas mãos deslizaram pela minha cintura, Lauren encostou o rosto nas
minhas costas, eu fechei os olhos respirando fundo tentando resistir.
— Eu não entendo porque você está fazendo isso, lembro-me bem de você dizendo que não queria
que eu a tocasse!
— Sim, mas isso foi antes!
— Antes? — Perguntei, abrindo os olhos, franzindo o cenho.
— Sim. — Ela sussurrou, uma das suas mãos subindo pelo meu peito, agarrou minha camisa, Lauren
se esticou e eu sentia sua respiração na minha nuca. — Antes de perceber que você estava
apaixonado por mim!
O copo que eu tinha nas mãos caiu, isso assustou a Lauren, ela me soltou e eu me afastei como se
houvesse sido alvejado. Eu olhei para ela sentindo-me despido.
— Eu não…
— Pare de mentir. — Ela me cortou e andou até mim estendendo a mão pegando-me pela mandíbula.
— Eu sempre achei que você me odiava, mas que adoraria me comer, mas desde aquele dia aqui
nesse escritório eu comecei a observar você Matteo Bianchini, comecei a te provocar vindo aqui,
cada beijo, cada toque você fica mais possessivo comigo e eu… Com você!
Toda minha resistência estava se perdendo e por mais que eu desejasse manter as barreiras que eu
tinha como pretensão de pé, mais difícil ficava. Meu plano de manter Lauren a distância começava a
ir pelo ralo, eu não conseguia mais…
— Lauren…
— Você só precisa parar de lutar… — Ela disse como uma deusa e eu gemi. — Eu estou aqui, eu
estou aqui!
Eu fechei os olhos. Era o fim, aquele seria o meu fim de todas as maneiras… Ela era o que eu mais
desejei no mundo e realmente estava ali. Quando abri meus olhos encontrei tudo que eu mais queria,
Lauren, sorrindo para mim como se entendesse o que eu tinha decidido.
Sem esperar por nada mais ou pensar em algo simplesmente a peguei no colo, a beijando. Lauren
envolveu minha cintura com suas pernas enquanto eu me movia para fora daquele escritório, ela
percebeu e me olhou surpresa.
— Para onde está indo? — Lauren perguntou.
— Para o nosso quarto!
— Nosso? — Ela franziu o cenho, sorrindo.
— Sim, porque a partir de hoje você nunca mais vai deixar o meu lado, nunca mais deixará a minha
cama!
Lauren engoliu em seco e eu a beijei mais uma vez antes de acelerar minhas passadas para fazer
daquela mulher para sempre minha.
Se aquilo era um sonho eu realmente não queria acordar… Matteo tinha cedido, finalmente. Eu me
prendia ao seu corpo enquanto ele me segurava firme e apressadamente nos levava ao seu quanto, ou
melhor, como ele disse. Nosso quarto.
Capítulo 13
LAUREN
Aquilo realmente não parecia real. Desde o primeiro dia que o conheci sabia que tinha sentimentos
fortes, mas nunca achei que seriam neste sentido… Eu segurei o rosto dele entre as minhas mãos
encarando aqueles olhos azuis que sempre pareciam tirar vantagem sobre mim, mas dessa vez não.
— Lauren… — Ele disse meu nome como uma divindade, eu sorri.
— Matteo!
Ele sorriu dando um chute na porta do seu quarto quando entramos, assim trancando-nos, mas isso
não importava, porque naquele instante parecia que só existia apenas nós dois no mundo.
Matteo me levou para a cama, se jogando comigo ali, suas mãos estavam ávidas sobre o meu corpo
puxando as roupas e enquanto eu fazia o mesmo com ele, um desespero selvagem.
— Ah Lauren, sonhei tanto com isso! — Ele gemeu quando arrancou minha blusa e meu sutiã.
— Poderia ter tido isso de mim e tudo tão antes…
Eu disse arrancando sua camisa também, Matteo se ergueu sobre mim, aquele corpo musculoso
delineado por muito treinamento. Passei a mão pelo seu abdômen vincado, ele suspirou, gemendo ao
meu toque e isso me surpreendeu.
Ele caiu sobre mim, segurando seu peso com as mãos ao lado do meu corpo, seus olhos fixos nos
meus apesar de eu estar metade nua para sua admiração. Matteo me encarou de um jeito que nunca
tinha visto antes e a forma mais sincera que realmente podia.
— Não, eu não podia… — Ele respirou fundo. — Eu não poderia condenar a mulher que eu amo só
por desejo!
Eu pisquei um segundo, tentando processar, tentando entender se eu tinha realmente ouvido as
palavras corretamente.
— Você me ama?
Perguntei como uma tola com lágrimas nos olhos. Ele sorriu como um garoto, tão relaxado e sereno,
como se o peso de mil elefantes deixassem suas costas, sua mão foi até meu queixo acariciando de
modo tão carinhoso que quase doía em mim.
— Claro que eu amo sua bobinha, acho que te amei desde o seu primeiro insulto a mim. — Matteo
baixou o rosto dando um beijo delicado, mas se afastando, me olhando mais sério. — Eu te amo e se
te mantive afastada foi para te proteger!
Eu não consegui evitar sorrir enquanto o abracei, puxando seu rosto, o beijando da maneira que eu
sempre desejei, mas sempre tive medo… Medo de não ser correspondida, medo de ser apenas mais
uma para o homem que podia ter quantas quisesse.
— Ah Matteo, acho mesmo que eu me importo com o perigo? — Eu acariciei seu rosto. — Eu
sempre quis ficar com você, mesmo quando era o sujeito mais arrogante do mundo.
— Sujeito mais arrogante do mundo? — Ele caiu na risada, então me beijou. — Você vai ver o
“sujeito mais arrogante” do mundo agora.
Ele me beijou mais uma vez, mas dessa vez foi menos urgente, mais calmo, como se Matteo tivesse
todo o tempo do mundo para aquilo. Eu deslizei minhas mãos pelas suas costas musculosas, sentindo
os seus movimentos enquanto ele descia beijos pelo meu colo.
Matteo brincou com meus seios, descendo mais beijos, até chegar a minha calça, seus movimentos
foram coordenados, eróticos, enquanto seus olhos nunca deixavam os meus. Eu fiquei nua diante dele
e a admiração que vi nele me deixou ousada.
— Você está vestido demais!
Eu o empurrei para que ficasse de pé fora da cama, então eu deslizei para o chão, diante dele e vi
Matteo ofegar enquanto eu o despi. Eu o encarei sorrindo ao tocá-lo, ereto, pronto para mim.
— Doce inferno. Lauren!
Matteo exclamou olhando para mim completamente em minhas mãos, eu baixei meus lábios até seu
cumprimento, tomando em minha boca e isso foi o suficiente para vê-lo gemer por mim.
Eu o levei na boca enquanto ouvia ele chamar meu nome, dizendo coisas sujas que me fizeram ainda
mais excitada, mas aquilo não durou muito. Matteo me puxou para cima me beijando com voracidade,
como se eu fosse a água no deserto que ele nunca mais havia bebido.
Ele me colocou na cama e fez eu abrir minhas pernas, sem aviso prévio me tocou, gemendo ao
perceber como eu estava totalmente molhada para ele. Eu o puxei para mim, eu o queria tanto, mas
Matteo parecia ter outros planos que logo ficaram claros quando ela abriu minhas pernas e beijei
entre elas.
— Matteo! — Eu gemi olhando-o entre as minhas pernas com um sorriso perverso.
— É minha vez de provar você meu anjinho!
Matteo falou, e sem mais brincadeiras fez exatamente o que disse, me provou e me deixou totalmente
desnorteada a cada movimento que sua língua, que seus lábios faziam em mim.
Eu agarrei os lençóis da cama, mas Matteo puxou minhas mãos, colocando em sua cabeça me
incentivando a fazê-lo seguir o que eu queria e eu fiz extraindo o meu prazer até que o mundo pareceu
parar e meu corpo parecia que ia quebrar de tão tenso que ficou, só para se desfazer em tremores um
minuto depois.
As forças pareciam ter abandonado meu corpo. Porém eu senti Matteo se movendo, ficando por cima
de mim, afastando minhas pernas quando se encaixou em mim e suavemente foi me penetrando, eu
procurei seus lábios, ele me beijou como eu queria.
— Você é mais deliciosa do que eu sonhei e eu sonhei muito com isso, Lauren! — Ele disse com a
voz apertada, rouco, com o corpo tenso.
— Eu quero você, preciso de mais de você!
Eu disse abraçando seu corpo grande, deixando minhas unhas o prenderem, Matteo pareceu adorar
aquilo. Ele enfiou a mão por baixo do meu corpo, uma segurando em meu quadril e a outra foi até
minha nuca, dessa forma ele me prendeu, me dominou em seu aperto.
— Quer assim? — Ele me penetrou com mais força e eu gemi. — Diga, diga para mim!
— Sim, eu quero você assim Matteo!
Ele não se poupou. Me mantendo no seu aperto firme, Matteo me tomou várias vezes, enquanto eu o
beijei sorrindo, sentindo-me completa, como se estar ali unida a ele sempre tivesse sido o meu lugar.
Matteo deixou o último pedaço de controle se perder, e nós dois caímos juntos naquele abismo de
prazer perfeito, juntos alcançamos o clímax mais voraz da minha vida e foi como se tudo finalmente
se encaixasse.
ΘΘΘ
MATTEO

Talvez eu houvesse finalmente morrido e de alguma maneira fui parar no céu, um doce paraíso que
tinha o cheiro, o gosto, o formato exato de Lauren. Eu fechei meus olhos enquanto enfiei o rosto nos
cabelos dela, sem ainda poder acreditar que eu a tinha ali mesmo.
— Você me deixou louca de raiva, Matteo!
Lauren disse, ela estava deitada sobre meu peito, suas unhas brincando comigo, provocando arrepios
deliciosos.
— Eu sei que sim. — Eu suspirei acariciando as costas dela. — Mas eu estava com medo de
transformar sua vida em um inferno ainda pior assumindo tudo que eu sinto!
— Como assim um inferno, Matteo? — Ela levantou o rosto me encarando.
— Você só está sendo obrigada a se ligar a mim, a máfia, porque eu deixei a Violet perceber que
você era importante.
— E acha que eu me importo com isso? De me ligar a você e a máfia também?
— Não pode não se importar… — Eu disse acariciando o queixo dela.
— Eu não me importaria, não me importo, se pelo menos isso for por algo real… — O jeito como
ela sorriu na minha direção me fez meu peito se apertar. — Agora eu entendo que é real e isso basta
Matteo, o resto é consequência, mas posso lidar com isso… Eu não sou uma garotinha frágil!
— Não, claro que não. — Eu sorri. — Mas esse mundo da máfia é tão cruel…
Lauren concordou, enquanto ajeitou-se em cima de mim, por um segundo aquela imagem dela ali
sobre mim me deu a sensação de que já havia se repetido centenas de vezes.
— Matteo eu vive por anos com a família da Anna, posso dizer que entendo perfeitamente como tudo
isso funciona, além do que sei de perto como a família Bianchini opera, pode ter certeza que nada
vai me assustar ou me afugentar. — Ela tocou meu rosto. — Eu sei o que você e seus irmãos são
capazes pela família, eu confio em você, mesmo quando eu achava que te odiava eu sabia que não
havia pessoa que eu mais confiava que não fosse você…
O meu peito realmente não tinha sido preparado para sentir aqueles sentimentos que estavam
aflorando como ervas daninhas por todo meu peito. Eu abracei Lauren a beijando, sentindo seu gosto
doce, provando-a como se fosse a iguaria mais preciosa que eu já tinha tido.
Quando me afastei encarando seu rosto, ela estava corada, sorridente e me fez ter certeza de três
coisas.; A primeira dela era que eu a amava ainda mais do que achei ser capaz; A segunda coisa era
que eu tinha que encontrar um jeito de esconder isso, ninguém além da nossa família podia saber o
poder que teriam sobre mim se tivessem a minha mulher; E a última coisa era que eu nunca, nunca a
deixaria sair do meu lado.
— Nós vamos adiantar o casamento! — Eu afirmei e Lauren deu uma risada gostosa.
— Está com medo de eu fugir de você?
— Pelo contrário. — Eu beijei seus lábios rapidamente. — Você também não teria mais chance de
fugir de mim, Lauren… Você é minha!
Ela sorriu e pegou meu rosto entre as suas mãos, meu coração perdeu o compasso diante da
intensidade que vi nos olhos dela, Lauren sorriu.
— Que bom, porque você é meu também!
Literalmente eu estava no paraíso. Eu gemi, sentindo meu corpo responder a posse que minha mulher
assumiu. A beijei mais que feliz em mostrar para ela de diversas formas que eu era dela em todos os
sentidos humanamente possíveis.
ΘΘΘ
LAUREN

Matteo só me deixou sair da cama porque tinha recebido uma ligação. Eu aproveitei para escapar do
seu quarto ou eu ia acabar novamente embaixo dele com ele enterrado bem fundo dentro de mim. O
breve pensamento de estar com Matteo novamente me deixou à flor da pele.
Entrei no meu quarto, segurando minha roupa, eu tinha fugido do quarto dele usando seu roupão,
aquilo parecia tão comum e tão familiar para mim que me assustou um pouco. Entrei devagar,
fechando a porta, encostei minha testa nela sem me virar com um sorriso estúpido no rosto.
— Quem é vivo sempre aparece!
Eu dei um pulo me assustando ao me virar e dar de cara com Melissa rindo de mim após ter
conseguido quase me proporcionar uma [13]apoplexia.
— Jesus, Melissa, não faça isso. — Falei colocando a mão no peito. — Quase me matou!
— Estava fazendo coisa errada por acaso? — Ela apontou de forma bem cínica, eu semicerrei os
olhos.
— Claro que não!
Melissa deu uma outra risadinha que claramente dizia que ela estava tirando onda com a minha cara.
Ela apontou mais incisivamente para o que eu usava, eu cruzei os braços na frente do corpo, foi mais
uma forma defensiva, desde que não dava para esconder o roupão azul escuro enorme.
— Bom, então ou você acabou de sair de um banho ou da cama de alguém! — Ela riu.
— Pare de joguinhos, sua pilantra. — Eu resmunguei seguindo em direção ao banheiro. — Você sabe
onde eu estava!
Entrei no banheiro, Melissa pulou da minha cama, indo atrás de mim muito interessada.
— Ah, mas eu quero ouvir de você, sua safadinha!
Ela parou de lado na porta, se encostando ali. Eu parei diante do espelho notando a zona que estava
meu cabelo e a olhei por cima do ombro. Eu dei um sorriso, aquela era a primeira vez em muito
tempo que parecia que estávamos de volta aos velhos tempos, quando compartilhamos nossos
encontros de menina, como irmãos normais.
— Tá bom. — Eu me virei para ela dando pulinhos. — Eu estava com o Matteo, e você tinha razão,
ele… Ele me ama!
Melissa correu em minha direção, ela me abraçou, beijou o meu rosto e eu devolvi o abraço me
sentindo em casa aconchegada nela.
— Estava bem na cara, sua cabeça dura! — Ela disse. — Estou muito feliz por você!
— Melissa, eu mal acredito que isso é real. — Eu a encarei sem conseguir esconder meu sorriso. —
Ainda parece um sonho!
— Por hoje aproveita isso, mas você sabe que precisa acordar certo?
— Sim. — Eu sussurrei, limpei a voz antes de continuar. — Você queria falar algo comigo além de
me azucrinar?
Minha irmã deu uma risada baixa, então arrumou meu cabelo atrás da orelha, me dando um sorriso
tranquilizador.
— Não, nada urgente. Só queria fazer fofoca mesmo.
— Certo. — Eu ri. — E onde está a Mathilde?
— Provavelmente brincando no jardim. — Melissa respondeu com um sorriso.
— Ah, eu vou me trocar e ir brincar com ela também!
Eu disse animada soltando Melissa e correndo para tomar um banho, para ir em seguida atrás de
Mathilde, que ultimamente tinha preenchido meus dias de risadas e brincadeiras.
ΘΘΘ
MELISSA

Lauren estava radiante. Era como se houvesse engolido um sol inteiro e mal conseguisse se conter em
espalhar aquela luz… Eu não poderia estar mais feliz por ela, e por isso eu não falei o que queria
falar com ela.
Eu não tinha ido ao seu quarto apenas para fazer “fofoca” do seu novo status agora que ela
aparentemente tinha se acertado com o seu mafioso, o senhor Matteo Bianchini.
Quando decidi ir até Lauren foi para contar a ela sobre o que eu tinha passado a noite toda pensando,
depois de alguns dias na qual eu fazia a mesma coisa, porém na noite anterior eu tinha finalmente
decidido o que para mim era o certo a se fazer.
Eu ia dizer a Lauren que era hora de mandar Mathilde para algum lugar onde houvesse outras
crianças e principalmente, o local onde pudesse realmente achar uma família.
Não era o local certo para Mathilde crescer, primeiro porque era o centro da máfia, segundo porque
Lauren em algum momento teria que se dedicar a família que ela iria continuar ali e sendo assim não
teria mais tempo para aquela garotinha.
E por mais doloroso que fosse, era melhor afastar Mathilde agora do que esperar ela se apegar mais
a pessoas que não poderia ficar em ela. Eu já tinha feito coisas muito ruins, machucado muito aquela
menininha, era hora de fazer a coisa certa, pelo seu bem.
ΘΘΘ
MATTEO

Por mim eu estaria com Lauren ainda, na verdade, eu adoraria jogar tudo para o alto e poder ficar
com ela. Mas meu mundo não era nada normal e o momento que eu vivia era pior ainda, por isso lá
estava eu seguindo para o escritório para atender ao chefe da caçada por Violet.
Terminei de fechar o botão da minha camisa assim que passei pela porta do escritório. Caminhei
rapidamente em direção a mesa pegando o telefone seguro que ficava ali, eu mantive meu aparelho
pessoal perto, logo atendi ao meu soldado.
— Don Bianchini na linha!
— Don, nós localizamos realmente a italiana. — Ele disse. — Tenho uma equipe cercando a casa e
outras duas fechando possíveis caminhos de fuga caso ela passe pelo primeiro cerco.
A voz de Taviz era cheia de animação, a voz de um soldado que gostava da caça, e que queria
realmente começar o jogo. Eu peguei meu aparelho celular pessoal digitando o nome de Ettore,
mandando uma mensagem:
PEGAMOS A RAPOSA, VENHA ATÉ MEU ESCRITÓRIO!
Eu enviei a mensagem para ele, fechando a tela, me movendo para a minha cadeira que ficava de
frente para um computador que estava ligado a um sistema de segurança que os meus soldados
tinham.
— Tem carta branca, ligue as câmeras do capacete, eu quero acompanhar a captura!
Eu disse a ele e disquei o número de Salvatore, aquele era um momento que os Bianchini tinham que
se reunir, estávamos indo pegar nossa “caça”.
Capítulo 14
MATTEO
Ettore estava ao meu lado tenso como um pedaço de madeira que estava a ponto de partir. Eu
coloquei a mão em seu ombro lhe dando uma espécie de apoio e conforto.
— Vamos pegar ela, tenha calma!
— Ah Matteo se eu pudesse eu estaria junto desses homens caçando essa desgraçada, ela quase
matou Aurora, minha vontade era esfolar essa vadia com as minhas próprias mãos…
O ódio de Ettore era palpável, incontido, claramente um perigo para quem fosse o alvo dele. Aquilo
era normal, meu irmão quase perdeu a mulher que amava, e eu tinha certeza que isso iria o assombrar
pelo resto da vida, pelo menos a mim iria assombrar se eu fosse ele.
Ettore não deixava o lado de Aurora para nada desde o dia que tinha dado entrada no hospital até o
dia que chegou, claro que estava renegando muitas de suas tarefas, mas eu simplesmente não tive
como repreender.
E no fim das contas estávamos todos enclausurados na mansão, não vi motivo para ser um
desgraçado com ele e o deixei cuidar da esposa. Aurora realmente inspira cuidados, ela realmente
quase tinha morrido.
— Não vai ser necessário Ettore. — Salvatore falou do outro lado da tela. — Os chineses vão se
ocupar disso quando entregarmos ela para eles!
— Eu preferia ter esse gostinho de quebrar ela no meio. — Ettore quase rosnou com pura raiva. —
Se fosse vocês no meu lugar com certeza também iam estar desejando o sangue dela com as próprias
mãos…
— Nós entendemos perfeitamente. — Salvatore respondeu a nosso irmão mais novo.
— Senhores Bianchini? — Taviz chamou pela escuta. — Podemos prosseguir?
Clicando em um botão no teclado do computador eu abrir o som para que Taviz pudesse me ouvir.
— Que comece o show!
Eu disse a ele e então ouvi Taviz distribuir as ordens e logo uma movimentação começou. Eles
estavam seguindo uma pista dela, Violet, há duas semanas que levou uma equipe fortemente armada
até a Áustria.
Eles localizaram ela na [14]Áustria, porém mais especificamente em uma pequena cidade, o local se
chamada [15]Sölden e sabe lá Deus como ela tinha conseguido chegar até ali sem deixar rastros, pelo
menos não deixou nenhum rastro fácil de ser achado.
— Me dê apenas uma hora com ela depois que a pegarmos, Matteo! — Ettore pediu.
— Não, você não tem controle sobre si mesmo, ainda mais quando o assunto envolve sua esposa!
Eu disse, já com o som do aparelho fechado, ouvir Ettore soltar um som exasperado.
— Olha quem fala! — Ele disse e eu o olhei torto.
— Não vamos entrar no mérito de nada disso! — Salvatore disse em tom apaziguador.
— Vamos prestar atenção ao que é realmente importante!
Eu disse apontando para a tela à nossa frente que mostrava nossos soldados se aproximando da casa,
ainda mais, eles tinham se instalado em um local estratégico pelo visto.
As câmeras tinham uma imagem verde, ela registrava o calor, enquanto eles desativavam a segurança
elétrica da casa e pulavam o muro, nós do outro lado conseguimos ver as imagens de mais seis
câmeras, todas tinham como alvo a casa.
O local não parecia fortificado, na verdade era uma casa simples, quem olhasse de fora diria que era
apenas uma casa familiar, não uma casa que abrigava uma assassina treinada.
A movimentação tranquila durou pouco. No minuto em que invadiram o primeiro perímetro algo
desarmou o que logo fez uma dúzia de explosivos denunciar a movimentação, perdemos duas
câmeras.
— Porra, ela estava escondendo algo sobre a neve! — Salvatore grunhiu.
— Ainda temos quatro câmeras!
Eu disse, assistindo o chefe de operação passar ileso pelas explosões, seguindo em direção a uma
porta lateral, ele a explodiu e ainda sobre os escombros caindo mais de seus homens entraram na
casa.
A movimentação na casa começou caótica, aparentemente Violet estava preparada para algum
ataque, a mera aparência de uma casa comum era tudo um disfarce. Havia armas dispositivos de
disparador automático no primeiro andar, derrubando alguns homens.
Não perdemos mais câmeras, enquanto eles iam para o segundo andar, foi então que vi um vulto,
aparentemente era Violet revidando tiros com uma metralhadora que tirou duas outras câmaras de
jogo.
— É ela, avança Taviz, avança!
Gritei, a essa altura Ettore estava de pé gritando ao meu lado também, até Salvatore parecia ter
pedido um pouco da sua compostura usual. Ele estava de pé gesticulando enquanto víamos nossos
homens avançarem pelo segundo andar, mas caindo na mira de Violet com uma metralhadora.
Eles entraram em um corredor, não havia saída, eu ouvi Taviz gritando para avançar e avançar, no
instante seguinte Violet lançou algo que explodiu, no minuto seguinte mais tiros e então de repente um
barulho muito alto soou, então tudo ficou escuro.
— Perdemos o sinal? — Salvatore perguntou.
— Não — Eu disse friamente. — Acho que foi tudo pelos ares.
Ettore e Salvatore olharam para a câmera sem nenhum sinal, apenas a imagem toda preta, afirmando
estar sem sinal. Eu peguei o telefone seguro de cima da minha mesa discando o número do segundo
no comando, entretanto mais especificamente de um “vigia”, alguém que não entrava diretamente na
operação.
— Roma, me diga o que está acontecendo! — Eu falei, sem me identificar, não precisava.
— Não preciso dizer, posso mostrar senhor.
Roma respondeu, então em seguida escutei o som de notificação do meu celular, eu o peguei e
espelhei na tela do computador assim Ettore com Salvatore poderiam ver o que eu tinha recebido. E
diante dos nossos olhos estavam somente chamas.
A casa de Violet tinha ido pelos ares, não havia restado nada, somente fogo sobre fogo. Tudo e todos
naquele perímetro claramente tinham ido para o inferno com apenas uma passagem de ida.
— Violet foi falar com o capeta mais cedo do que eu esperava! — Ettore disse.
— Ainda bem que temos imagens. — Salvatore resmungou.
— Sim. — Eu concordei com meu irmão mais velho. — É isso que vou dar de presente para os
chineses, desde que nem as cinzas da Violete vão ser possível.
Eu, Ettore e Salvatore nós olhamos por um momento e sorrimos. Havia acabado, finalmente havia
acabado, poderíamos ter algum problema com os chineses, mas coisa pequena que aquelas imagens
iam resolver. E assim, pela primeira vez em semanas, mesmo com as perdas, eu consegui respirar
aliviado.
ΘΘΘ
SALVATORE

Quando eu fechei aquelas portas do escritório foi como se eu tivesse acabado de fechar uma página
de um livro, um livro grande e denso. Eu respirei fundo passando as mãos pelo meu cabelo, me
restabelecendo, desejando só uma coisa naquele instante.
Me virei caminhando a passos largos pelo corredor da mansão, seguindo o caminho das escadas,
indo para o lugar mais lindo e mais perfeito do mundo para mim naqueles últimos meses. O quarto do
presente mais lindo que Anna havia me dado.
Cheguei no corredor daquele berçário, me aproximei devagar, ouvindo o som da voz da Anna…
Doce Jesus, ela estava cantando, eu já havia visto ela cantarolando, mas nunca cantando como fazia
naquele instante.
[16]
Canção de ninar e boa noite
No céu as estrelas são brilhantes
Ao redor de suas alegres flores
O coloca para dormir até o dia
Feche seus olhos agora e descanse
Que essas horas sejamos abençoadas
Feche seus olhos agora e descanse
Que essas horas sejamos abençoadas
Boa noite querida criança
Em suas brancas fraldas
Repouse feliz enquanto sonha com céus
Quando o dia voltar
Você acordará
Eu me encostei na soleira da porta observando Anna sentada no chão sobre um felpudo tapete, ela
usava um vestido leve azul, os cabelos estavam parcialmente presos de um jeito parecido com o
penteado que ela usava no nosso casamento. A lembrança me provocou um sorriso, quando pensei
sobre aquele dia:
>>>
O burburinho na igreja já tinha começado e nenhuma surpresa para mim, no entanto, estava
começando a querer voltar naquela sacristia e quebrar a mão de alguém, descontar a raiva que
borbulhava em meu peito.
Foi então que vi Matteo surgir finalmente ao meu lado arrumando a flor em seu terno claro
como alguém que não tinha acabado de deixar uma saleta onde à informação da fuga de uma
noiva que caiu como uma enorme bomba.
Matteo foi até o padre provavelmente para dizer ao pobre homem que trocasse o nome da
mulher com quem eu, Salvatore Bianchini, ia casar. Aquilo só podia ser um belo pesadelo.
— Tudo certo Salvatore... — Matteo disse baixo o suficiente para que só eu ouvisse quando
chegou ao meu lado. — Quanto ao vestido dela não pude fazer nada!
— Pouco me importa o que ela veste! — sussurrei a resposta e vi Ettore se esticando tentando
ouvir o que a gente dizia. — Se o que estamos falando lhe dissesse respeito Ettore, você
saberia...
Eu disse friamente ao irmão mais novo que fez questão de exibir um sorrisinho desdenhoso a
qual ele parecia sempre carregar em seu arsenal de provocação.
— Achei que estaria mais contente no dia do seu casamento irmãozinho!
Uma resposta à altura não foi possível, pois a marcha nupcial tocou então as portas centrais da
igreja se abriram e ali surgiram Domênico com a “substituta” de Antonella.
Claro, todos notaram que a noiva usava um simples vestido azul claro delicado que moldava seu
corpo esbelto, mas lógico, longe de um vestido de noiva com a pompa daquele casamento, eles
também notaram a falta de um buquê e claro, notaram que quem estava entrando era Anna
D’Angelo.
— Algo de errado não está certo...
Comentou Ettore rindo baixinho, eu quis socar a cara dele ali mesmo, mas somente exibiu um
tédio claro em seu rosto enquanto assistia Domênico caminhar devagar trazendo a filha que
tinha uma expressão vazia, mas ainda sim tinha o rosto erguido com uma dignidade que ele
admirou dadas as circunstâncias de tudo aquilo.
Eu desci do altar quando o D’Angelo me alcançou no espaço reservado aos noivos e então
estendi a mão para o homem que até alguns minutos atrás ia ser surrado até que não restasse
nada que pudesse ser reconhecido em seu rosto, no entanto, as coisas mudaram...
Minha atenção para a criatura feminina que me era entregue, estendi a mão pegando a dela, a
primeira coisa que notei foi em como eram mãos delicadas e pequenas.. Eram mãos lindas.
A segunda coisa que notei foi como estavam frias, quase uma pedra de gelo e ainda por cima
trêmulas, no entanto, ela tentava disfarçar e mantinha uma fachada, isso a fez ganhar mais
pontos comigo.
— Há dois degraus à sua frente, apoie-se em meu braço...
Eu disse colocando a mão dela em meu braço, assim iria acompanhar meu movimento, e ela
deu uma aceno o seguindo cautelosamente ficando de frente para o padre, que olhou para Anna
com claro pesar.
Aquilo fez eu soltar um bufido baixo o suficiente para que ninguém escutasse, mas a “minha
noiva” escutou e o olhou como se pudesse me enxergar, provavelmente era uma reação
costumeira dela.
— Vamos dar início a cerimônia...
O padre disse, com isso eu ouvi aqueles votos, o padre falando sobre lealdade e amor, Anna
parecia não estar ali, mas ela ainda era a coisa mais linda que eu já tinha colocado os olhos e
eu por um segundo me perguntei se eu deveria realmente fazer aquilo com ela.
Todavia, era tarde demais, as trocas das alianças chegou, e eu a ajudei a colocar no próprio
dedo rapidamente evitando qualquer constrangimento, bem como colocar na minha mão.
Eu fiquei grato mesmo pelas irmãs terem a mesma medida e a maldita aliança de ouro branco
com quatro diamantes — jóia de família — entrar perfeitamente na mão da Srta. D’Angelo que
parecia ter se tornado ali a Sra. Bianchini.
— Eu os declaro marido e mulher, pode beijar a noiva!
Eu vi o tremor que passou pelas mãos dela que estavam dentro das suas, mas para sua cota de
pontos a garota não se encolheu, apenas continuou encarando a minha gravata até eu me
lembrar que ela era cega e que devia pensar que o meu rosto estava ali e por algum motivo isso
quase me fez rir, mas não aconteceu, eu apenas levei a mão até o queixo dela erguendo seu rosto
até estar frente a frente ao meu.
— Você é minha agora!
>>>
A lembrança do meu casamento, de como foi aquele instante, de como eu estava tão frio e distante
naquele dia sem poder imaginar que eu estava encontrando o amor da minha vida. Era engraçado
pensar naquilo. Que tolo eu tinha sido por não ter percebido mais rápido que eu sempre estive diante
da minha metade.
Observei nosso filho deitado na frente dela, enquanto Anna fazia massagem nele, os olhos dele
estavam nela e tinha um sorriso para a mãe, como se estivesse encantado pela imagem dela ou pela
voz, ou talvez dois, difícil dizer.
A imagem daqueles dois juntos seria para sempre a minha visão favorita, seria o “meu lugar”
favorito no mundo. Era assustador pensar em um dia perdê-los, era por isso que quando eu fechei a
porta daquele escritório foi como uma libertação, pois havia um perigo a menos no mundo para os
amores da minha vida.
— Salvatore? — Anna chamou por mim interrompendo sua canção.
— Sim, eu estou aqui, estava admirando vocês!
Eu disse me empurrando para frente, desencostando da porta, indo em direção a Anna que sorriu
— Eu senti o seu cheiro, mas imaginei que você estava parado babando sua cria.
— Negativo, eu estava parado babando meus dois amores.
Falei tirando os meus sapatos, então me abaixando ao lado deles, estendendo a mão para passar nos
cabelos do meu menino. Anna se encostou em mim, virando o rosto procurando o meu, então deu um
beijo na minha bochecha.
— Como foi a reunião com os seus irmãos?
Ela perguntou, eu a envolvi com meus braços, beijando seus cabelos.
— Acabou. — Eu disse. — Acabou, amor, estamos seguros!
Anna se virou para mim, vi o alívio em seu rosto, ela então me abraçou, dessa vez chorando e eu
acariciei seus cabelos. Eu sabia o quanto Anna estava sobrecarregada, preocupada, nós tínhamos o
Remo e essa era nossa prioridade de vida, proteger ele.
— Shhh… Agora pode relaxar, minha vida. — Afirmei puxando seu rosto e lhe dando um beijo. —
Iremos ficar bem e tudo voltará ao normal, bom, na medida do possível dentro do que é a nossa vida!
Eu disse, limpando suas lágrimas, Anna sorriu, ela levantou a mão até meu rosto onde me tocou com
carinho.
— Eu só quero poder acordar e estar segura o suficiente para levar o Remo até os tios, ou para que
possamos viajar juntos, para que ele possa crescer… Conosco!
— Ele vai ter tudo isso, eu prometo Anna, nem sempre vai ser fácil, mas sempre vamos passar por
tudo, juntos!
Ela sorriu, Remo soltou um som de reclamação, nós dois o olhamos rindo e eu peguei ele no colo lhe
dando um beijo, enquanto Anna se aconchegou em um, tocando a cabeça do nosso filho.
— Eu amo vocês! — Ela disse a nós dois, eu a beijei.
— Eu amo vocês… — Eu repeti, enquanto eu tinha o meu mundo em meus braços.
ΘΘΘ
ETTORE

Para mim Violet tinha tido uma morte muito rápida, indolor demais. No fundo eu esperava que ela
sofresse bastante para poder pagar o que tinha provocado na Aurora, o que tinha feito comigo.
Todas as noites eu acordava para olhar minha esposa, para ter certeza que ela estava ali. Os meus
pesadelos foram substituídos pelos acontecimentos daquela noite que eu quase a perdi e eu achava
que isso iria acontecer ainda por muito tempo.
O medo de perder ela ainda era muito recente, por isso que mesmo que eu tivesse ficado insatisfeito
com a morte rápida de Violet, pelo menos ela tinha ido para o inferno e a ameaça que ela
representava também. E então quando eu entrei no quarto, eu sorri.
— Você está sorrindo, isso quer dizer que temos notícias boas, estou correta?
Aurora estava sentada na poltrona com um livro na mão, os cabelos estavam soltos, ela usava um
[17]
penhoar de renda. Ela estava bem melhor, mas eu ainda a mantinha sob meus cuidados totais.
— Saiu da cama sem que eu ajudasse! — Resmunguei.
— Ettore já me sinto ótima, você que está sendo superprotetor, agora me diga o que deu certo na
reunião?
Eu dei risada enquanto caminhava até ela, me ajoelhei na frente dela, beijando suas coxas, Aurora
riu, acariciando meus cabelos.
— A gente pegou a desgraçada da Violet, na verdade, explodimos ela!
Aurora parou de rir, ela me olhou por um momento parecendo em choque, mas então ficou mais séria
e então ela acariciou meu rosto, aqueles olhos cor de chocolate ficaram mais densos.
— Tomará que o inferno esteja recebendo ela bem!
— Minha garota má…
Eu falei encantado, me erguendo, beijando o pescoço dela, arrancando risadas da minha esposa.
— Você gosta disso, não é, Bianchini? — Ela pegou minha mandíbula me fazendo encará-la.
— Eu adoro, eu amo você! — Sussurrei e Aurora me puxou, me beijando.
— Eu te amo também Ettore Bianchini! — Ela falou enquanto a tomei nos meus braços.
ΘΘΘ
MATTEO

Quando eu desci do escritório para o jardim foi consciente que eu encontraria Lauren ali, mas
exatamente ela brincando com Mathilde, correndo descalça pelo gramado.
Eu me apoiei na proteção da bancada do jardim, assistindo Lauren abraçar Mathilde lhe fazendo
cócegas, ela estava radiante. Quando me viu deu um aceno, Mathilde seguiu o exemplo e me chamou.
— Eu não estou vestido para descer ao jardim! — Falei.
— Vem logo aqui Matteo!
Lauren disse, e colocou Mathilde no chão, ela disse algo no ouvido da garota que correu na minha
direção e subiu as escadas até me alcançar, pegando a minha mão, me puxando.
— O que a Lauren disse a você? — Perguntei, deixando ela me puxar.
— Que você não sabe se divertir e que eu deveria ensinar!
Dei risada enquanto seguia a garotinha pelo gramado até chegar em Lauren que me abraçou, dando
um beijo no meu rosto, me derreti naquele abraço e me aconcheguei nela.
— Você está animado! — Ela disse, e eu concordei.
— Violet já era, pegamos ela, a casa que ela estava explodiu. — Eu disse em minha língua materna,
Lauren piscou surpresa.
— O que você está falando, tio Matteo?
Mathilde falou puxando a minha mão. Eu olhei para baixo, notando aqueles olhinhos curiosos, eu dei
um sorriso para ela.
— É a minha língua materna, italiano, gostaria de aprender?
Ofereci e ela concordou animada, então olhou para a Lauren.
— Você também fala italiano tia Lauren, vai me ensinar também? — Mathilde perguntou.
— Tudo que você quiser… — Lauren afirmou. — Agora você tem um minuto para correr antes que o
Matteo vá atrás de você!
Mathilde soltou um gritinho e então começou a correr, eu olhei para Lauren sem entender que eu
deveria realmente ir.
— Estamos seguros agora? — Ela me perguntou, esperançosa. Eu concordei. — Bom, então agora
você pode brincar, você é a “mãe”!
Demorei um segundo para entender, então Lauren saiu correndo na minha frente, na mesma direção da
Mathilde e sem pensar muito, querendo apenas realmente me “divertir” eu comecei a correr atrás das
duas sorrindo.
ΘΘΘ
LAUREN

Eu tinha recebido um bilhete naquela noite. Matteo tinha apenas mandado que me entregasse um
papel elegante que continha instruções específicas para que eu o encontrasse no salão de jantar.
Decidi que se ele tinha me chamado para aquele local, deveria ser algo especial, por isso eu escolhi
entre as opções de roupas que eu tinha na mansão Bianchini, depois que Anna mandou algumas coisas
para mim, um vestido branco, com um decote em “V” na frente, provocativo, mas elegante.
Deixei meu cabelo solto, entretanto o moldei em ondas, também escolhi manter a maquiagem o mais
leve o possível. Quanto aos saltos escolhi um salto agulha. Ao me encarar no espelho gostei do
resultado e sabia que Matteo também iria, o que já fez meu ego subir mais que o esperado.
Eu olhei em meu relógio, estava na hora. Sem querer me atrasar eu logo saí do quarto seguindo para
o local marcado, eu desci as escadas, entrando no corredor que levava ao salão principal. Meu
coração estava acelerado, quando cheguei à porta da sala fiz uma pausa, mas então eu a abri e sorri
com a imagem que vi.
— Olá, futura Sra. Bianchini!
Matteo estava no centro do salão, na frente de uma mesa única montada ali somente para nós dois.
Ele usava um terno escuro, a camisa branca se destacava, o corte da roupa era perfeito e aderiu ao
corpo forte, alto, como uma segunda pele e era um espetáculo.
— Oi senhor Bianchini!
Ele caminhou na minha direção, eu esperei, a antecipação batendo em minhas veias a cada passo que
ele dava até mim. Eu assisti o jeito como ele caminhava, parecia um lobo, um grande lobo indo na
direção da sua caça preferida.
— Você está deslumbrante, minha doce noiva!
Matteo falou no momento que me alcançou, ele pegou minha mão, dando um beijo que fez com que eu
sentisse aquele toque entre as minhas pernas, eu suspirei.
— Nem tão doce! — Eu brinquei, ele sorriu. — Você também está lindo, mas não fique com seu ego
muito cheio!
— Como a minha senhora deseja, sou seu servo!
Eu adorei ouvir ele me chamar daquela forma. Matteo colocou minha mão em seu braço enquanto me
levava em direção a mesa que ele tinha preparado apenas para nós dois, o gesto me tocou.
— Hoje temos alguma comemoração especial? — Perguntei enquanto Matteo puxou a cadeira para
mim.
— Será sempre uma comemoração especial quando estivermos juntos.
Ele disse se inclinando, me dando um beijo, rápido, que me deixou querendo mais. Matteo se afastou
com um sorriso safado de quem sabia o que estava fazendo, ele queria me provocar.
— Esse seu lado "romântico" ainda me deixa sem saber como agir! — Eu confessei, ele riu
— Não se preocupe, terá uma vida toda para se acostumar com isso. — Ele disse. — Agora você
não pode mais escapar de mim!
— E quem disse que eu quero?
Eu falei ao pegar a taça de vinho branco, provando-o, vi como Matteo me olhou e o provoquei
quando passei a língua pelos meus lábios. Ele engoliu em seco, eu sorri. Bom, os dois podiam jogar
aquele jogo.
Matteo fez um sinal, então a equipe que servia na casa entrou, colocando nossos pratos de forma
eficiente e rápida. Notei que Matteo parecia prestar atenção a todos os meus movimentos e
principalmente a minha avaliação ao que era colocado diante de mim.
— O que foi? — Indaguei sorrindo, ele encolheu os ombros.
— Está tudo do seu agrado? — Matteo perguntou e limpou a voz antes de continuar. — Eu conheço
você, mas não a conheço tão bem, os detalhes, ainda não sei julgar o que gosta ou não nessas coisas
do dia a dia!
A forma como ele admitiu como se estivesse envergonhado e como se custasse admitir fez um aperto
ainda mais forte em meu peito. Ele queria me agradar… Isso era a coisa mais linda que alguém já
tinha feito por mim.
— Nós vamos ter todo o tempo do mundo para você aprender, mas pode ficar tranquilo, eu sou
facilmente agradada, como basicamente tudo, não tenho alergias ou qualquer rejeição a alimentos,
por exemplo!
Ele deu um sorriso para mim, então estendeu a mão sobre a mesa, pegando a minha e acariciando.
— É tudo que eu quero, conhecer cada pedacinho de você. — Matteo me olhou com sinceridade. —
Poderia me contar sobre Melissa?
Eu sempre soube que Matteo queria saber mais sobre Melissa, antes eu achava que seria apenas por
curiosidade de um mafioso que gostava de ser informado de tudo, mas não era esse o caso, ele queria
saber mais sobre a minha história.
— Eu não sei nada sobre a minha família anterior, nem nunca procurei, assim como a Mel. Eu e ela
nos conhecemos no orfanato, foi uma união espontânea, fomos crescendo juntas e também sendo
rejeitadas da mesma maneira, nem eu ou ela éramos bebês, as pessoas nunca querem uma criança que
tenha “bagagem”... Por isso encontramos juntas uma irmandade. — Eu falei e Matteo me escutou com
atenção. — Quando eu conheci a família da Anna e me vi sendo envolvida ali a Melissa não aceitou
bem, na verdade, foi péssimo…
— Ela achou que você estava a trocando… — Ele completou meu pensamento, eu concordei.
— Exatamente. — Eu suspirei. — Um dia ela encontrou um trabalho, tem haver com esse mercado
que ela está atuando hoje, mas época era mais “suave” e Melissa queria que eu fosse embora junto
dela, mas eu não quis, fiquei com a família da Anna… Melissa sumiu depois disso, por cinco anos,
como se nunca houvesse existido, me cortou o coração e eu escolhi esquecer, mas… Eu nunca
consegui, e então agora ela voltou, e voltou com todos esses problemas!
— Não, hoje não vamos falar de problemas. — Matteo disse puxando a minha mão, dando um beijo.
— Obrigado por me contar, agora vamos jantar, sem pensar em problemas!
Eu sorri concordando, enquanto me voltei para o jantar que estava incrível. De vez em quando eu via
Matteo me lançar um olhar e eu também fazia o mesmo com ele. Um tempo depois, enquanto
compartilhamos um silêncio tranquilo, Matteo chamou minha atenção ao deixar sua taça de vinho na
mesa.
— Sobre o que falamos, em antecipar a data do casamento, você está realmente de acordo? — Ele
perguntou.
— Sim. — Eu concordei. — Mas achei que você já tinha decidido!
— Eu decidi que não quero mais fazer nada sem ter certeza que você está de total acordo com isso…
— Matteo falou de forma sincera. — Sinto que muitas das suas escolhas já foram podadas ao ter que
casar comigo e de braço dado com a máfia!
A gente sempre voltava ao problema da máfia e eu duvidava seriamente se um dia isso iria mudar,
por isso escolhi não entrar no mérito daquilo, eu estava feliz em ficar com Matteo e não me
importava se teria que lidar com a máfia na posição de esposa dele.
— Matteo, se a gente marcasse nosso casamento para amanhã eu já estaria feliz, mas sei que por
conta da sua posição você precisa ser algo extravagante, e como eu tenho experiência em preparar
por isso, só precisamos de uma data, um mês, talvez?
— Um mês parece ótimo. — Matteo deu um sorriso malicioso. — Você vai comprar novamente todo
o estoque de bebidas no mundo como na última festa que você organizou?
Eu dei um risada lembrando daquela última festa. Também me lembrei de como eu quis dançar com
Matteo naquela noite, mas parecia uma coisa muito distante da minha possibilidade, um dia dançar
com ele.
— Talvez um pouco menos de bebida dessa vez. — Eu sorri e ele deu um aceno positivo.
— Certo, agora eu tenho algo para você, levanta-se comigo?
Matteo estendeu a mão e eu entreguei a minha para ele, ficando de pé, na frente dele.
— O que tem para mim? — Perguntei curiosa.
— Algo que eu já devia ter entregado a você!
Eu engoli em seco, assistindo Matteo colocar a mão dentro do terno, tirando uma caixinha preta. Por
um instante eu esqueci de como se respirava, somente encarei Matteo, até ele abrir na minha frente
aquele pacote me mostrando o anel mais lindo que eu já tinha visto.
Era um anel em ouro branco, um solitário com o formato oval e um diamante rosa claro no centro,
além disso, o anel possuía diminutas pedras em [18]micro pavê cravejadas em seu aro em ouro rose.
— Posso colocar em você?
Matteo pediu e eu estendi a mão na direção dele, sorrindo, encantada demais para colocar em
palavras a minha admiração naquele instante pela peça. Ele tirou o anel da caixinha, deixando-a de
lado, e pegando minha mão colocando a peça que se encaixou como uma luva.
— É lindo…
Sussurrei olhando para a minha mão, Matteo deu um beijo nela, então me encarou com a expressão
apaixonada que eu devia refletir.
— Aceita se casar comigo, Srta. Scott? — Matteo perguntou.
— É claro que eu aceito. — Eu peguei o rosto dele entre as suas mãos. — Eu aceito!
Eu o beijei, Matteo me abraçou, suas mãos me puxando para si. Me derreti nos seus toques, no calor
dos seus beijos, sentindo o desejo em cada toque seu.
— Quer celebrar na cama? —Matteo falou entre nossos beijos.
— Por que demorou tanto a perguntar? — Eu disse rindo.
ΘΘΘ
MATTEO

Subi para o meu quarto com Lauren não pareceu rápido o suficiente, mas finalmente eu cheguei até lá.
Eu fechei a porta com um chute, enquanto a gente lutava para arrancar as roupas um do outro.
Deixei que Lauren tirasse minha camisa e fiquei mais que feliz quando as suas mãos traçaram meus
músculos que ficaram apertados a cada toque delicado dele.
— Está vestida demais Lauren!
Eu resmunguei baixando o rosto, até o pescoço dela, onde passei a língua lentamente, provocando
ouvindo o gemido dela, quando lentamente abaixei as alças do seu vestido, distribuindo beijos,
adorando saber que ela não usava nenhum sutiã.
O vestido caiu aos seus pés, eu me afastei para olhar para ela, tão linda na minha frente usando
apenas uma calcinha e saltos. A forma como Lauren me devolvia aquele olhar provava que ela
gostava de ser admirada por mim. Eu sorri enquanto tirei meus sapatos, então me ajoelhei diante
dela, tirando seus sapatos.
Lauren se segurou em meus ombros, se apoiando, enquanto tirei cada um dos seus sapatos lentamente
enquanto acariciava aqueles pezinhos. Eu dei um beijo em suas coxas, levantando o rosto,
encontrando o olhar azul inflamado dele.
— Está demorando demais, Sr. Bianchini! — Ela disse um pouco impaciente, eu sorri.
— Sim, porque nós temos todo o tempo do mundo, meu amor!
Eu beijei sua barriga plana, enquanto Lauren tocou meus cabelos, lambi e passei a língua pela sua
pele, deixando minhas mãos puxarem a calcinha dela para baixo e adorando a forma como Lauren
suspirou ao ficar nua na minha frente. Eu sorri.
Não a toquei, fiquei de pé, dando um beijo em seus lábios e então a carreguei até a cama e a deitei no
colchão. Eu fiquei de pé empurrando minha roupa para baixo, ficando nu diante dela, Lauren me
observou se sentando na cama e então estendeu a mão tocando o meu corpo excitado... e logo em
seguida Lauren pousou as mãos frias sobre o meu membro quente.
Eu senti a minha boca secar, ao assistir meu pau pulsando enquanto ela explorava sua forma e textura.
Ela acariciou o sexo dele devagar com a mão esticada. Enquanto os dedos de Lauren deslizavam, eu
vi o solitário tem formato oval e um diamante rosa claro, o símbolo de que eu a reivindiquei para
mim.
— Gosta que eu o toque assim?
Ela perguntou com um sorrisinho satisfeito. Eu, incapaz de articular uma palavra coerente, assenti
com um som rouco. Lauren me segurou com as duas mãos, com toda a delicadeza, como se lidasse
com algo perigosamente instável. O que era verdade, porque meu corpo naquele momento não era
nada além de uma massa inflamável cheia de desejo que estava prestes a explodir.
— Ah Lauren, porra, você quer me matar!
— De prazer... Hum, sim!
Eu perdi um pouco do controle diante da forma como Lauren me encarava, a imagem dela diante de
mim, me acariciando, ativou uma parte primitiva minha. Eu senti uma satisfação obscena diante
daquela visão de Lauren me dando prazer e claramente gostando do poder que tinha sobre mim.
Lauren segurou a base do meu pênis, o polegar dela tocou a ponta exposta e a acariciou em
movimentos circulares. Por alguns segundos, eu simplesmente não consegui respirar, eu segurei os
cabelos dela, puxando, um reflexo de pura excitação, mas Lauren gostou, vi seu sorriso antes da
minha visão nublar enquanto começou um movimento de vai e vem com sua mão.
— Porra... Isso, assim amor!
Eu pedi jogando a cabeça para trás, segurando em Lauren, enquanto ela trabalhava em mim e me
fazendo sentir um latejar pesado na base do ventre, avisando-me de que estava a poucos segundos de
gozar nas mãos daquela mulher maravilhosa.
— Lauren! — Com um gemido, tentei afastar as mãos dela. — Pare... Não... Porra meu anjinho...
Gemi quando olhei para baixo assistindo Lauren chegar mais perto, o hálito soprando devagar no
meu pau, então ela me beijou ali, os lábios demorando-se na ponta úmida, antes da língua se juntar
aquela doce tortura e me fazendo esquecer até meu nome. Ela ia me fazer gozar na sua boca se eu não
parasse aquilo.
Eu a afastei me jogando de bruços na cama, lutando desesperadamente para não entrar em combustão
com um clímax tão forte somente pelo toque e o passar dos lábios da minha mulher em mim. Aquilo
era o que ela podia ser capaz, de me deixar de joelhos e mal me tocando.
— Matteo?
Eu ouvi ela se aproximando, deitando em cima de mim, os seus seios pressionaram em minhas costas
e eu gemi.
— Inferno Lauren, eu estou acabado. — Falei arfando. — Você não está facilitando as coisas e se
continuar desse jeito não vou durar nada!
Lauren deu uma risada, beijando minha nuca. Eu me sentia pesado, sem fôlego, enquanto arquejava
tentando inspirar enormes quantidades de ar.
— Eu queria você gozando na minha boca... — Ela sussurrou contra o meu ouvido e eu gemi.
— Lauren, não está ajudando!
Ela deu outra risada, o som me provocou um arrepio delicioso, eu adorava ouvir aquele som feliz
saindo dos seus lábios. Eu me movi, Lauren saiu de cima de mim, então eu rolei devagar até que
ficasse de lado e Lauren.
— Amo você... — Ela disse e eu gemi, excitado pelas suas palavras agora.
— Eu também te amo, coisa linda!
Eu me movi novamente, mas dessa vez fiquei em cima dela. Deixei as mãos segurarem a cabeça dela,
os cabelos louros derramando-se por entre seus dedos, me fazendo amar aquela imagem. Eu a beijei,
colocando naquele beijo todo meu amor, Lauren gemeu meu nome.
Comecei a distribuir beijos pelo corpo dela, cada vez descendo mais, saboreando a pele quente e
perfeita, até descer ainda mais ao limite do seu sexo, então soprei devagar observando a reação de
Lauren e adorei vê-la se contorcer, então a lambi.
— Matteo, por favor!
Ela implorou, eu sorri e então continuei a lambê-la e excitá-la, enquanto ela se agitava. Eu a
provoquei até o limite, mas não a deixei gozar, isso a fez ficar frustrada, mas extremamente receptiva.
Lauren era sensível por toda parte, os dedos dos pés esticando-se em um reflexo quando ele beijou o
arco dos seus pés, a perna se sacudindo quando eu deixei a língua deslizar na parte de trás do seu
joelho.
— Matteo, eu te quero, para de me provocar. Venha logo para dentro de mim!
O chamado dela era com um canto da sereia para mim. Eu fiz o que ela queria, me ajeitei em cima
dela, tomando cuidado para simplesmente não despencar sobre ela, e a tomar sem qualquer cuidado.
Eu posicionei o meu pau contra o sexo dela e a deixou sentir o que estava prestes a lhe dar.
— Você é minha! — Eu disse olhando em seus olhos e segurei seu rosto. — Olhe nos meus olhos...
Quero ver você quando estiver totalmente dentro, me unindo a minha mulher!
— Matteo...
Lauren parecia desorientada, ruborizada, uma veia pulsando visivelmente em seu pescoço. Ela era a
coisa mais linda que eu já tinha visto. Louco para sentir mais dela eu prendi o seu quadril inquieto
com o peso do meu próprio corpo e Lauren passou os braços ao redor do meu pescoço, arquejando, e
deixou escapar um gemido de prazer, quando eu avancei.
— Tão perfeita!
Eu gemi com dificuldade, enquanto eu ia cada vez mais fundo, em arremetidas curtas, avançando
pouco a pouco. Lauren envolveu minha cintura, me prendendo e puxando-me ainda mais para si. Eu
beijei seus lábios, descendo para seu no pescoço, de olhos fechados.
Por um segundo lembrando-me de cada segundo desde o dia que a conheceu, dos insultos, da maneira
como Lauren o deixava maluco em todos os sentidos, porém cada uma daquelas lembranças tinha
algo em comum... A felicidade; Eu sempre me sentia feliz quando ela estava por perto, fosse para ela
me azucrinar ou falar seriamente.
Lauren era isso para mim... Era a minha felicidade, a parte que faltava para completar o meu mundo,
a parte que eu resisti a aceitar por medo de que me fosse arrancado de mim.
Eu não tinha medo de amá-la, eu tinha medo que isso me fosse tirado, que aquela “sensação” fosse
simplesmente roubada de mim... Mas agora eu estava pronto, estava pronto para assumir o risco de
amar alguém mesmo sabendo que sempre existiria a possibilidade de perdê-la.
Eu a abracei apertado, querendo me unir a ela de qualquer jeito, e assim depois de penetrar um
último centímetro, eu parei para encará-la, apaixonado. A pele de Lauren estava úmida, brilhando, e
os olhos cintilavam, era como algo saído de um faz de conta, um adorável anjo perdido que caíra nos
braços dele e quando ela abriu os olhos, sorrindo, meu mundo encaixou no eixo certo.
— Estou sonhando? — Ela perguntou com um sorriso.
— Não meu amor, isso com certeza não é um sonho!
Eu deixei o corpo se encaixar melhor no aconchego suave do quadril e das coxas de Lauren, deixei a
minha boca deslizar sobre a colina dos seios dela e ouvi com prazer o gemido baixo que Lauren
deixou escapar. Eu brinquei com os seios dela, moldando as suas curvas firmes com as minhas mãos,
erguendo-os para provocar e mordiscar os mamilos.
Lauren gemeu, segurando em meus cabelos. Lentamente, aproveitando-me dela tão sensível, devagar,
eu recuei com meu pau e voltei a arremeter, e Lauren me prendeu com as pernas, nos deixando
unidos, bem fundo, isso quase me enlouqueceu. Eu precisei me esforçar para conseguir respirar.
— Ah, Deus, você vai me matar.
Eu deixei o pé no colchão para ganhar apoio e então erguer o quadril com vontade enquanto ia mais
fundo. Foi como se eu estivesse fazendo outra coisa, não sexo, de tão novo, de tão inacreditavelmente
intenso e doce. Olhei para Lauren que segurava-se em mim, gemendo meu nome, isso me deixava a
cada segundo mais rígido e louco de desejo como nunca estive nada vida.
— Mais, Matteo, eu preciso de mais de você, é como se eu não tivesse o suficiente!
Ela disse contra os meus lábios. Eu gemi, enquanto a montava com mais determinação, dando o que
Lauren queria e o que eu desejava também. Eu estava caminhando muito rápido para um clímax, só
que eu ainda não queria que aquele momento terminasse. Travando meus dentes, usando todas as
forças que eu tinha, consegui parar os movimentos do meu corpo.
— Não, Matteo, não pare! — Lauren reclamou, contorcendo-se embaixo dele.
— Um momento, eu preciso de um segundo, você é gostosa demais e eu te amo demais, fazer amor
assim é novo para mim, a todo o segundo estou perto de chegar ao limite. — Eu disse, e a prendi com
o meu corpo, para que não conseguisse se mexer. — Espere apenas um minuto!
— Não quero esperar, eu quero você!
O protesto dela me fez sorrir, mas quando senti que eu tinha me controlado, eu recomecei, dando a
Lauren o que ela queria de verdade, mas dessa vez fui deixando o ritmo crescer aos poucos, enquanto
a tensão parecia se acumular em meu corpo.
De vez em quando eu parava, contendo-me dentro dela, deixando o desejo desafogar até conseguir
continuar a arremeter. Eu queria que aquilo pudesse durar para sempre, mas com certeza não seria
possível, ainda mais quando os gemidos de Lauren se tornaram mais altos, os movimentos pediam
mais, ela estava pronta.
— Goza Lauren, goza para mim...
Eu disse a beijando, ela gemia, e então ela perdeu o controle, os olhos fechados, o rosto
profundamente ruborizado, aquilo me deixou louco. Eu passei os braços por baixo dos joelhos dela e
empurrei suas pernas para trás, elevando o quadril de Lauren até os pés dela penderem no ar, e não
me contive em a penetrar mais fundo.
— Matteo!
Lauren chamou por mim, gemendo, sorrindo, agarrando as colchas da cama e se perdendo em seu
clímax. Ela agora estava aberta para mim, o corpo estimulando-me, envolvendo o membro e aquela
visão me deixou sem controle algum. Minha mulher, aberta e gozando para mim, pelo que eu lhe
dava.
Lauren deixou escapar gritinhos agudos entre os dentes cerrados e eu me inclinei para colar a boca à
dela, forçando-a a abri-la, arrebatando aqueles sons que saíam dali. Gemendo palavras sujas,
dizendo o quanto eu a amava e ela sorria. Ela estremeceu mais uma vez quando outro clímax
começou, e aquilo foi o limite do que eu pude suportar.
Eu continuei metendo, metendo, até que despejei cada gota de mim mesmo dentro dela, enquanto
Lauren recebia tudo o que eu estivesse disposto a dar com tremores que pareciam intermináveis.
Totalmente abatido pelo meu próprio orgasmo, mas precisando me mover de cima dela, eu abaixei
suas pernas, mas cai em cima dela em seguida.
Lauren passou os braços pelos meus ombros e o puxou para si, fazendo com que ficássemos colados.
Eu fechei os olhos desejando que aquilo fosse à posição que eu ficasse para sempre, que nunca mais
eu teria que sair dos braços daquela mulher. Eu senti as mãos dela acariciando meus cabelos.
— Eu posso ficar aqui? — Ela perguntou baixinho, eu franzi o cenho, erguendo a cabeça encarando
seu rosto ainda corado pelo que tínhamos feito.
— E para onde mais você iria? — Eu respondi e ela então sorriu, inclinando o rosto, beijando-me.
Capítulo 15
LAUREN
— Estou tão feliz por você! — Anna disse.
— E eu mais ainda por você estar aqui e eu poder compartilhar isso pessoalmente!
Depois de dois dias, Anna havia chegado à mansão Bianchini junto com Salvatore e com Remo, o
retrato de uma família radiante. Claro que eles estavam contentes, uma ameaça tinha sido eliminada,
e entre os Bianchini sempre era um momento de comemoração, suas brigas nunca eram “leves”.
— Eu sempre soube que você e Matteo iam se acertar. — Anna disse. — Ele claramente só estava
metendo os pés pelas mãos!
— Melissa me abriu os olhos.
Eu olhei para a minha irmã contente por ela ter aceito ficar comigo e com a Anna naquela sala de
recepção.
— Alguém tinha que fazer isso, ainda mais pelo que eu presenciei! — Melissa disse e atraiu a
atenção da Anna.
— O que você viu? — Anna perguntou com um sorrisinho cúmplice.
— Melissa! — Eu adverti, mas ela me ignorou.
— Mathilde está brincando com a filha da empregada, então não tem motivo para não contar a Anna.
Melissa disse e então se colocou a contar a Anna em detalhes o que ela tinha flagrado quando me
encontrou no escritório com o meu futuro marido.
ΘΘΘ
MATTEO

Remo era uma criança linda. Eu olhei para ele em meus braços e o garoto sorriu para mim, e logo
notei Salvatore observando como um pavão, estava cheio de si.
— Não sei como algo tão lindo pode ter sido feito por um sujeito como você, com certeza herdou da
mãe tudo de bom. — Eu disse o provocando, Salvatore deu de ombros.
— Com certeza tudo de bom veio dela mesmo! — Salvatore respondeu.
— Vamos Matteo, me dê aqui o garoto, vou levar ele para Aurora vê-lo antes dela ir trabalhar!
Eu olhei para Salvatore buscando registrar se havia alguma resistência, mas meu irmão mais velho
parecia tranquilo, não tinha nada que indicasse que ele não quisesse que Ettore levasse seu filho até
Aurora.
Pela primeira vez depois de tudo que aconteceu Aurora iria sair para verificar os seus negócios, o
bar finalmente iria abrir. Ettore fez questão de falar comigo mais cedo e também avisar que não ia
acompanhá-la, porque queria dar a ela a sensação de normalidade.
Eu o entendia, também aceitei isso. Aurora tinha passado por um inferno por Ettore, eles estavam
mais que bem agora, mas mereciam um pouco de paz depois de toda aquela tempestade e por isso eu
me abstive em dizer qualquer coisa negativa. Aurora tinha provado seu valor e Salvatore parecia
concordar comigo.
— Não fique sacudindo ele demais, pois ele acabou de mamar, a não ser que queira ter seu terno
arruinado! — Salvatore disse a Ettore com um sorrisinho traqueiro.
— Certo. — Ettore disse fazendo um som de desdém. — De qualquer jeito eu estou treinando, em
breve, quero ter o meu pequenino…
— Deus nos ajude quando tiver um filho seu com a Aurora, o mundo não estará preparado!
Brinquei e Ettore sorriu para mim de um jeito que indicava que meu comentário não iria passar
barato. Ele pegou Remo dos meus braços, o aconchegando no seu abraço, então encarou Salvatore.
— Matteo também está treinando para um filho também, Lauren não sai mais do escritório dele, e
duvido que estão discutindo temos de casamento!
Eu só não joguei algo em Ettore porque ele estava com o meu sobrinho nos braços. Ele logo se
afastou rindo com Remo, então eu tive que encarar Salvatore e aquela expressão presunçosa no rosto,
com um ar de “eu avisei”.
— Eu ia te falar, do jeito certo, mas o Ettore é intrometido!
— Ele sempre foi. — Salvatore deu de ombros. — E eu sabia que seria uma questão de tempo para
que você caísse de joelhos pela Lauren!
Estar de joelhos pela Lauren realmente era uma boa definição. Eu me movi indo me sentar na frente
do meu irmão mais velho, não como o Don, mas como um irmão que gostaria de receber conselhos.
— Ainda estou com dificuldade para administrar o fato de eu estar tão eufórico por finalmente estar
ao lado dela, mas também cheio de medo e culpa por estar colocando ela nessa posição… Nessa
posição dentro da máfia!
— Primeiro de tudo, o que a Lauren pensa disso? — Ele perguntou. — Vocês já devem ter
conversado sobre isso…
— Ela diz que não se importa… — Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios com a lembrança.
— Lauren parece estar feliz em estar comigo, mesmo com tudo isso.
— Então meu irmão aí está sua resposta. — Salvatore sorriu. — O maior presente que homens como
nós podemos ganhar é ter a chance de encontrar uma mulher que esteja disposta a nos amar, a estar ao
nosso lado, mesmo com a lama em nossa volta e se essa escolha é dela, tudo que devemos fazer é o
nosso melhor para mantê-las bem… Nem eu ou você vamos conseguir mudar a máfia, ou torná-la
mais segura para as pessoas que amamos, porque não é assim que funciona, entretanto podemos criar
um lar seguro e feliz, um pequeno espaço no mundo onde podemos ser apenas nós e aqueles que
amamos, e isso é o que importa meu irmão!
Eu senti um bolo na minha garganta. Dei um sorriso, sentindo as palavras de Salvatore adentrarem
meu peito, preencher as dúvidas e os meus medos, tendo uma única certeza. Eu, Matteo Bianchini,
estava pronto para criar aquele lugar no mundo onde eu pudesse ser plenamente feliz com a minha
família.
ΘΘΘ
LAUREN

— Tia Lauren! — Mathilde entrou na biblioteca correndo. — Olha o que eu trouxe para você!
Eu tirei os olhos da lista que eu estava fazendo. Era uma mania que eu tinha antes de começar
qualquer preparativo para algum evento e este agora não seria qualquer evento, seria o meu
casamento.
— Me mostre aqui querida!
Ela parou diante de mim na mesa e deu a mim uma folha, eu aceitei sorrindo, então quando olhei
encontrei um desenho. Eram apenas bonecos desenhados com riscos, aparentemente eu, Melissa,
Matteo e ela correndo no gramado do jardim. Senti o meu peito apertar diante daquele desenho.
— Gostou, tia?
Mathilde me encarou com aqueles olhos azuis cheios de expectativa, isso me fez ficar emocionada,
eu engoli o bolo em minha garganta.
— É lindo, eu amei. — Falei passando a mão nos cabelos dela.
— Tia… A minha mãe, ela ainda vai voltar? — A pergunta me tirou o ar, mas eu respirei fundo.
— Eu tenho certeza que ela estaria aqui se pudesse.
— Sinto falta dela…
Eu senti muito ouvindo ela dizer isso, eu fiquei muito triste, queria poder dizer que ela não precisaria
sentir mais falta da sua mãe e que ela ia voltar, mas não poderia mentir assim. Então eu a peguei no
colo, lhe dando um abraço, beijando seu rosto.
— Aconteceu alguma coisa?
Melissa perguntou entrando na biblioteca. Eu levantei o rosto para a encarar, dando um aceno
negativo, um sinal para que ela não se preocupasse e deixasse o assunto para depois.
— Nada, Mathilde apenas me trouxe um desenho. — Eu falei e ela saiu do meu colo.
— Vou voltar a brincar com a Irene, tia Lauren!
Ela avisou, mas já estava correndo, passando por Melissa como uma bala saindo da sala. Mathilde
agora tinha a companhia de uma das filhas da empregada, aquilo era bom, assim tinha alguém da sua
idade para brincar.
— Você está com lágrimas nos olhos, o que foi que aconteceu? — Melissa indagou.
— Ela me trouxe esse desenho e falou que senti falta da mãe, na verdade, perguntou se ela não ia
voltar!
Melissa suspirou indo em direção a cadeira na minha frente, então se sentou, parecendo de repente
abatida.
— Eu queria falar com você sobre a Mathilde há dias, mas nunca aparecia a oportunidade certo. —
Melissa disse e eu fiquei tensa. — Mas agora eu acho que é a hora, Lauren!
— Hora certa para me dizer exatamente o que? — A minha voz saiu trêmula.
— A Mathilde precisa ir embora.
Foi como se eu tivesse levado um soco no estômago, eu engoli em seco, me segurando na minha
cadeira como se eu estivesse caindo.
— O que?
— Lauren, ela está se apegando a você e aos Bianchini, olhe esse desenho! — Melissa apontou para
a folha na minha frente. — Ela está se apegando a uma coisa que não é a realidade dela, a Mathilde
precisa de uma família de verdade, e é por isso que eu preciso tirá-la daqui, levar para o local onde
ela tenha chance de encontrar o que ela precisa de verdade!
Eu olhei para aquela folha, aquele desenho tão infantil, tão adorável que refletia realmente que
Mathilde estava se apegando a mim, a Melissa e a Matteo, quem estava mais próximo dela.
— Melissa…
— Eu sei que você gosta dela, mas precisamos pensar no melhor para Mathilde, Lauren!
Pensar nela sendo levada para um orfanato, onde tivesse que ser escolhida por pessoas que ela nem
conhecia, indo para um lugar novo e sem saber realmente se a família que estivesse com ela ia ser
segura, me parecia algo completamente difícil de se prever.
— Não, eu não posso! — Eu disse, Melissa piscou surpresa.
— Como assim não pode?
Eu sei que poderia ser uma loucura estar dizendo aquilo, assumindo fazer aquilo quando eu estava
prestes a me ligar a uma pessoa, ou seja, eu estaria mudando a minha vida e de quem estivesse ao
meu lado, mas eu não via outra saída e no fim eu queria aquilo.
— Não posso deixar que você leve a Mathilde! — Eu avisei, engolindo em seco. — Eu quero ficar
com ela!
Melissa piscou surpresa, eu também estava, mas aquela escolha me parecia tão certa como respirar.
— Lauren, você quer adotar ela? — Minha irmã disse chocada.
— Sim… Eu quero adotar ela. — Eu fiz um sinal, para antes que Melissa pudesse me interromper,
então continuei. — Me apeguei a Mathilde e ela a mim, não consigo pensar nela deixando essa casa,
eu realmente sinto que a amo como se fosse minha, ela até parece mesmo, então porque não posso
ficar com ela?
— Você vai casar, vai ter sua própria família, e além de tudo quer criar ela dentro da máfia?
A resposta baseada em uma pergunta me fez fechar a minha expressão. Não era porque eu estava
dentro da máfia que iria deixar Mathilde ser exposta a violência desse mundo. Não, eu poderia
protegê-la, cuidar dela de verdade.
— Eu vou formar minha família sim, e quero que ela faça parte, e ela pode ter uma vida normal
mesmo que a máfia seja uma parte da minha vida!
Melissa passou a mão pelo cabelo parecendo preocupada, mas pela primeira vez parecia estar
cedendo a minha oferta, eu me senti esperançosa.
— O Matteo vai aceitar essa loucura? — Ela finalmente falou, eu sorri.
— Irei conversar com ele. — Eu lembrei dele e de Mathilde juntos. — Ele gosta dela.
— Sim e quem não gosta? — Melissa disse. — Porém é diferente quando a situação é ter ela não
apenas como um hóspede, mas sim como sua filha!
ΘΘΘ
MATTEO

Naquela noite quando Lauren entrou no quarto notei algo diferente nela, mas não soube dizer o que.
Eu saí da poltrona onde estava sentado, tirando os sapatos, e fui até ela que estava fechando a porta
com aquela expressão pensativa, nem pareceu notar a minha aproximação.
— Está tudo bem? — Perguntei e Lauren deu um pulo ao voltar-se para mim.
— Ah sim, é claro. — Ela franziu o rosto, eu notei sua preocupação. — Na verdade, eu preciso falar
com você, algo sério!
Eu a encarei me sentindo tenso de repente, tinha algo que a estava incomodando realmente e se eu
pudesse a ajudar acabar com aquilo faria de bom grado.
— Certo, vamos conversar!
Eu disse pegando suas mãos, a levando em direção a cama. Não era bem dessa maneira que eu tinha
imaginado começar a noite, mas eu faria qualquer coisa para que Lauren tirasse aquela expressão
preocupada do seu rosto.
— Diga-me o que a deixou com essa expressão preocupada?
— Eu ia esperar para falar com você depois do jantar, mas achei que era melhor dizer isso logo. —
Lauren falou.
— Agora quem está ficando preocupado sou eu! — Eu disse.
— Não é nada conosco. — Lauren falou segurando as minhas mãos. — É com Mathilde!
Aquilo me pegou desprevenido. Eu franzi o cenho ficando realmente mais preocupado… Se alguém
tivesse maltratado aquela menininha eu esfolaria a pessoa com prazer.
— Aconteceu alguma coisa com ela?
— Não, apenas me escute, por favor. — Ela respirou fundo como se estivesse reunindo coragem. —
Melissa conversou comigo hoje sobre levar Mathilde para o orfanato, ela percebeu que a menina já
está muito apegada a todos nós, não acha saudável..
— O que? Mas…
Eu a interrompi me sentindo revoltado com a ideia de que Melissa queria tirar aquela menina da
nossa proteção e jogar em um mundo onde havia pessoas que não conhecíamos, que poderiam
machucar aquela criança.
— Matteo, só escute! — Lauren pediu novamente, eu concordei. — Eu falei com a Melissa, disse que
não concordo com isso, eu não quero que a Mathilde vá embora daqui Matteo e é por isso que eu
quero te pedir… Eu quero te pedir para me apoiar em adotar a Mathilde!
Lauren me encarava com expectativa, mas também apreensão. Por um longo instante eu pensei sobre
aquele pedido, pensando em Mathilde e no que aquilo iria significar para todos nós, então antes que
eu respondesse eu me vi sorrindo.
— Eu apoio. — Eu puxei a mão dela dando um beijo. — Eu gosto dessa garotinha, e quando eu vejo
vocês juntas parece certo, eu posso e quero ser o pai dela se você for a mãe!
O sorriso que Lauren deu para mim e quando pulou na minha direção, me abraçando, eu caí na cama
com ela sobre mim e eu sorri.
— Ah Matteo, você realmente é real? — Ela me olhou dando diminutos beijos em todo o meu rosto.
— Eu faço a mesma pergunta para você! — Respondi erguendo a minha mão, tocando seu rosto,
acariciando-a. — Parece às vezes bom demais, ainda mais agora, nós estamos começando uma
verdadeira família, não estamos?
— Sim, e eu tenho certeza Matteo, nós vamos ser muito felizes… Eu tenho certeza!
Eu puxei o rosto dela para mim a beijando, nos unindo naquele pequeno gesto, deixando ali exposto o
meu coração e a minha felicidade. Mais um passo em direção ao futuro, e esse futuro parecia lindo.
ΘΘΘ
OS BIANCHINI

Naquela noite a família Bianchini se reuniu, todos sem exceção, os novos membros como Aurora e
os não oficiais, como Lauren, Melissa e futuramente Mathilde. Era apenas um jantar, mas para
todos os membros era a primeira reunião em meses que eles tinham em paz.
Salvatore, Matteo e Ettore nunca estiveram entre si mais felizes, naquele instante cada um ao seu
modo demonstravam aquilo, seja pelas risadas na mesa ou pelas implicâncias entre eles.
Aurora estava com Remo nos braços, conversando com Anna e Lauren, Melissa acompanhava
todas elas. Era uma reunião real, havia amizade, cumplicidade entre aquele grupo.
A máfia estava fora dali. Naquele instante eram apenas os Bianchini, uma família como outra,
juntando-se para comemorar a união de todos ali presente, entre os seus altos e baixos, entre as
brigas e as ameaças, o que de fato importava era aquela unidade.
Quando Matteo e Lauren contaram sobre o que pretendiam, sobre a adoção da pequena Mathilde
realmente foi uma grande surpresa, mas que não pode ser recebida de um jeito melhor. Eles
estavam abrindo os braços para o mais novo membro que seria tão amado quanto qualquer outra
criança, porque ela seria uma Bianchini.
Capítulo 16
LAUREN
Naquela manhã eu acordei com Matteo me observando, ele tinha um sorriso no rosto que também me
fez sorrir.
— Bom dia!
Eu disse estendendo a mão e tocando seu rosto, ele se inclinou ao meu toque como um animalzinho
carente, mas Matteo parecia mais como um lobo, perigoso, mas claro, não perigoso para mim.
— Bom dia… — Ele respondeu dando um beijo na palma da minha mão.
— Você é linda acordando!
— Com certeza não. — Eu falei rindo. — Mas você está sendo gentil!
Matteo deu uma risada, se inclinando para mim, me beijando. Eu o abracei deslizando a mão pelas
suas costas musculosas, ele soltou um grunhido que me excitou.
— Lauren, não me provoque… — Ele gemeu em meus lábios. — Nós precisamos conversar, tive
notícias sobre o perseguidor da sua irmã!
Aquela fala de Matteo me jogou um balde de água fria, eu o afastei, encarando seu rosto seriamente
mesmo notando como ele estava parecendo sereno com qualquer coisa que tivesse descoberto.
No entanto, diante de mim era o Matteo né? Ele era o homem mais centrado que eu conhecia. Ele
simplesmente não se desesperava antes da hora, se é que ele podia se desesperar. Então eu decidi
que era melhor esperar pelo pior, desde que a expressão do meu futuro marido não entregava nada.
— Mais problemas? — Perguntei, ele negou, isso me deu um alívio.
— Vamos nos vestir, chame a sua irmã para ir até meu escritório, lá podemos conversar à vontade.
— Ele colocou um dedo sobre meus lábios me pedindo que eu o interrompesse. — Sem
preocupação, não tem nada “explodindo”, está tudo sob meu controle querida!
— E quando você não está? — Eu sussurrei, ele riu, então roubei mais um beijo.
ΘΘΘ
Melissa entrou no escritório com uma expressão que eu conhecia bem; Ela estava preocupada, mas
estava buscando disfarçar isso, só que comigo aquilo não era possível. Não importava quanto tempo
nós ficássemos separadas, eu sempre iria reconhecer qualquer reação da minha irmã.
— Para vocês me chamarem aqui a coisa não deve ser nada boa! — Melissa disse.
— Por favor, sente-se.
Matteo disse a ela apontando para a cadeira na frente da mesa dele. Eu estava ao seu lado, de pé, me
apoiando na cadeira e segurando seu ombro.
— Eu também não sei o que ele quer falar, Matteo fez questão de não me dizer, então estou como
você… No escuro!
Eu disse a ela enquanto Melissa se sentou diante de Matteo, como quem estava pronta para ter
péssimas notícias.
— O que eu tenho para dizer não é ruim…
Matteo falou e levou a mão até a minha, cobrindo carinhosamente, me dando um olhar cúmplice,
antes de voltar seu olhar para Melissa.
— Então, por favor, não me deixe mais em suspense. — Minha irmã disse. — Tem sido bem
complicado apenas ficar esperando sem saber o que vai acontecer com a minha vida!
A admissão da minha irmã não era uma surpresa, por mais que Melissa se esforçasse, ela sempre
parecia distante de certa forma, preocupada, eu não seria diferente caso estivesse no seu lugar.
A diferença entre nós era que agora minha posição havia mudado, e eu tinha o Matteo, isso me dava a
certeza de que nada aconteceria comigo, ele não permitiria, mas para Melissa era totalmente
diferente, ela achava que estava sozinha… Porém ela tinha a mim, sempre teria, só ainda parecia
resistente a aceitar que eu nunca mais a deixaria ir.
— Eu consegui contato com o tal Drew Swift, foi difícil, o sujeito parece gostar de esconder-se atrás
de muitas pessoas, você não nega que é irmã da Lauren, procura confusão com gente da pesada! —
Matteo disse e eu dei um tapa em seu ombro, ele apenas riu, e por incrível que pareça, Melissa
também. — Bom, mas o que eu queria dizer, é que aparentemente ele não está mais interessado em
caçar você!
— Como assim? — Melissa indagou, franzindo o rosto.
— Somente mencionar seu nome o assustou?
Eu tive que perguntar a Matteo, ele olhou para mim com um sorriso arrogante que eu tanto conhecia,
eu tentei evitar rolar os meus olhos para aquele metido.
— Não Lauren, não dessa vez. — Ele disse para mim e então encarou Melissa mais uma vez. —
Tudo que ele revelou ao meu contato é que ele não está mais interessado em você, disse que já tem o
dinheiro que você roubou dele, agora não me pergunte como… Isso ele não disse!
Aquela reviravolta na história da Melissa quase me deixou zonza, eu a olhei surpresa, pensando em
como ela poderia ter resolvido isso, se é que tinha sido ela, porque pela forma confusa que minha
irmã fitava Matteo parecia estar tão chocada quanto eu.
— Havia alguém que pudesse pagar a sua dívida com esse homem? — Perguntei a Melissa, ela
negou.
— Não, ninguém. — Ela parecia tentar entender a história. — Há alguma coisa errada nessa história.
— Certamente! — Matteo concordou. — Todavia, até o momento, tudo está resolvido… Meu
conselho é esperar para ver qual será o próximo passo, e até lá, viva normalmente… Tem um lugar
aqui conosco Melissa, sua irmã será a minha esposa, você minha cunhada e então sinta-se parte dos
Bianchini também!
Eu olhei para Matteo muito surpresa por ele ter tomado aquela postura, nós nem tínhamos conversado
sobre isso, mas aparentemente Matteo sabia que aquilo era importante para mim e deu um passo à
frente para resolver tudo. Eu sorri. Olhei para a minha irmã que parecia ter perdido as palavras por
um segundo.
— Faço as palavras do Matteo, as minhas. — Eu falei para Melissa. — Talvez esse Drew volte a ser
um problema? Quem sabe… Mas você não tem que se esconder, pode ficar conosco, comigo… Pode
começar a sua vida aqui!
Melissa me olhou, vi aqueles olhos verdes enchendo de água, ela então deu um sorriso, concordando,
e eu sorri de volta, saindo de perto de Matteo indo até ela. Melissa se levantou, esperando por mim,
então me abraçou apertado.
— Eu aceito ficar aqui e eu quero estar aqui!
— Nós vamos finalmente ser uma família! — Eu disse a ela. — Eu amo você!
— Eu também te amo minha irmã!
Eu sorri nos braços dela, virando o rosto o suficiente para ver o Matteo e ele sorria também, contente
por nós, como se a minha felicidade fizesse parte da sua e isso só me fez ter certeza mais uma vez
que eu o amava.
ΘΘΘ
MATTEO

Havia poucas coisas na vida que podiam me assustar, e a paternidade parecia uma delas, não que eu
não quisesse, porém em alguns instantes parecia subir pelo meu peito aquele súbito medo de que
talvez eu não conseguisse ser um bom pai.
— Você está pensando demais! — Lauren disse para mim.
— Eu sei…
Respondi com um sorriso sem jeito, há alguns dias nós vínhamos buscando o melhor momento para
conversar com Mathilde. Lauren queria explicar as coisas como iriam ser e parar de mentir sobre a
mãe dela.
Uma parte minha queria esperar, eu não queria deixar Mathilde triste, a fazer sofrer, porém uma outra
parte minha também sabia que era o correto. Mathilde precisava saber a verdade, não era saudável
alimentar esperanças da criança em relação à mãe que nunca iria voltar.
— Também estou nervosa. — Lauren admitiu. — Tenho medo dela não querer ficar com a gente…
Eu peguei a mão de Lauren, fazendo ela parar no meio do corredor, forçando ela suavemente a
encarar meu rosto.
— Nós estamos juntos nisso, e eu tenho certeza, que a Mathilde vai nos aceitar como seus pais. — Eu
puxei as mãos de Lauren para os meus lábios, dando um beijo carinhoso, ela sorriu. — Agora vamos
logo mostrar o novo quarto dela e pedir aprovação…
Lauren soltou as minhas mãos, só para então pegar o meu rosto, me puxando para mais perto enquanto
olhou nos meus olhos com total sinceridade e amor, que fez meu peito se apertar de felicidade.
— Eu já disse que amo você? — Ela perguntou.
— Olha, acho que hoje não, então pode continuar se quiser, querida!
Eu falei com um sorriso, Lauren também sorriu, então deixou seus lábios caírem sobre os meus e eu
abracei, provando seu gosto, me permitindo me esquecer do mundo ao provar seu gosto, ao sentir sua
língua explorar a mim, como eu fazia com ela.
Me afastei dela, relutante, porém precisava. Eu abracei ela, beijando seu rosto, até enfiar meu
próprio rosto em seu cabelo puxando a respiração profundamente enquanto sentia o cheiro dela se
instalar ainda mais em mim. Eu adorava o cheiro dela.
— Adoraria poder continuar, mas temos que ir!
Eu disse a ela, Lauren concordou sorrindo, se afastando de mim com o rosto corado e a clara
impressão de quem queria mais que apenas aquele beijo.
— Ah Matteo, você me faz esquecer de tudo.
— É recíproco, meu amor!
Nós dois sorrimos juntos. Lauren então pegou a minha mão e então seguimos até o quarto onde
Mathilde ainda residia, mas ia agora conhecer um novo lugar, um espaço que Lauren decorou para
dar de presente a ela como um novo recomeço, tanto para Mathilde quanto para mim e ela.
Lauren bateu na porta do quarto, em seguida girou a maçaneta, quando abriu a porta encontramos
Mathilde deitada no chão sobre o tapete felpudo pintando um caderno de desenho. Na cadeira estava
Melissa, tinha um livro na mão, quando nos viu sorriu.
— Olá boa noite! — Eu disse e Mathilde sorriu.
— Boa noite, tio Matteo. — Ela sorriu para Lauren também, mas de um jeito que quase me fez
chorar, era lindo ver a ligação delas. — Tia veio desenhar comigo?
— Mais tarde querida, agora, eu e Matteo queremos te mostrar algo. Pode vir conosco?
Lauren falou estendendo a mão para que Mathilde viesse e ela em um pulo já ficou de pé colocando
um sorriso ainda mais largo no rosto. Ela alcançou a Lauren, pegando a sua mão e então estendeu a
outra mãozinha para mim, o gesto me fez sorrir como um tolo com certeza, mas eu não me importava.
— O que vocês vão me mostrar? — Mathilde perguntou curiosa.
— Já, já vai saber!
Com um sorriso Lauren respondeu dando uma batinha com o dedo indicador no nariz de Mathilde.
Eu dei uma risada baixa, e dei um aceno para Melissa, enquanto deixamos o quarto nos três de mãos
dadas.
Naquele momento em diante estava se firmando a minha família. Sempre achei que o dia em que
aquilo acontecesse seria apenas uma obrigação, mas não poderia estar mais errado. O que eu vivia
ali era uma das poucas coisas belas que eu já tinha vivido.
Olhei para aquele pequeno pingo de gente entre mim e Lauren sem poder conter a emoção que tomou
conta do meu peito. Minha filha… Quem diria que aquela vida maluca e perigosa iria me presentear
com aquela garotinha esperta. O sentimento de proteção tomou conta do meu peito.
A partir daquele dia em diante eu fazia uma promessa que nunca, nunca, iria deixar nada acontecer
com Mathilde. Eu a protegeria junto de Lauren, as duas iriam ser felizes, nem que eu precisasse dar o
meu sangue para que as duas tivessem a vida mais contente que pudessem ter. Aquela era minha nova
promessa.
— Eu acho que você vai adorar o que preparamos para você! — Lauren disse a Mathilde.
— Aí tia Lauren, que mistério. — Mathilde respondeu e eu ri.
— É verdade, que mistério, mas vamos logo acabar com isso. — Eu disse. — Corra até a porta no
fim do corredor e abra, nossa surpresa está lá!
Não demorou nem um segundo para Mathilde fazer exatamente o que eu falei. Ela saiu em disparada
até a porta e quando abriu deu um gritinho, sorrindo, eu olhei para Lauren contente demais, sem
conseguir esconder, mas Lauren também tinha a mesma expressão de felicidade que eu.
Nós chegamos na porta do quarto novo de Mathilde e ela estava correndo de um lado para o outro,
vendo os livros, os brinquedos e os diversos cadernos de desenhos que estavam sobre a mesinha de
estudo.
— Esse é meu novo quarto? — Ela perguntou agarrada a um ursinho.
— Sim, meu bem, gostou?
Foi a vez da Lauren perguntar, sua expectativa pela aprovação da pequena menina era inegável.
Quando Mathilde deu um aceno positivo, concordando, eu pude jurar que minha noiva respirou
aliviada.
— É claro que gostei, tia, é lindo.
Mathilde disse, e Lauren me olhou, foi como se uma comunicação silenciosa se estabelecesse entre
nós, eu dei um aceno, logo fui me aproximando.
— Mathilde, a gente quer falar com você, é um pouco sério!
Disse baixinho pegando a mão dela a levando até sua cama de princesa, me sentei ali e a coloquei do
meu lado, Lauren se sentou ali também, pegando a mão de Mathilde na sua.
— Eu fiz algo errado? — Mathilde perguntou olhando entre mim e Lauren.
— Não, claro que não, meu bem. — Lauren disse.
— Então o que foi? — Ela perguntou, e eu limpei minha voz, me preparando.
— Queremos falar sobre a sua mãe.
Eu disse e Mathilde piscou dando um aceno, esperando que nós continuássemos. Lauren tomou a
frente do assunto, também limpando sua voz, para tocar naquele assunto tão delicado.
— Querida, um dia você me perguntou se sua mãe não ia voltar, e eu não soube te responder naquela
vez… Mas hoje eu sei que sua mãe te amava demais, que ela estaria aqui se pudesse, só ela não
pode, sua mãezinha viajou para virar uma estrelinha lá no céu.
Mathilde piscou, então baixou a cabeça, segurando a mão de Lauren apertado. Ela deu uma fungada e
notei que chorava baixinho, eu peguei sua outra mãozinha, querendo que ela não precisasse passar
por nada daquilo. Se eu pudesse escolheria sentir a dor por ela.
— Minha mãe mora no céu agora? — Mathilde perguntou.
— Sim, meu bem, ela está cuidando de você lá de cima. — Lauren disse com amor.
— Mas e agora? — Mathilde perguntou. — Quem vai ficar comigo? Era só eu e a mamãe antes…
— Eu e Matteo vamos cuidar de você, para sempre, se você quiser. — Lauren falou com a voz
embargada. — Podemos ser nós três agora!
Ela chorou, mas então deu um sorriso, e virou para olhar para mim, me inclinei dando um beijo na
sua testa.
— Podemos ser nós três… Podemos ser seus pais também?
Eu repeti para ela e Mathilde concordou, então Lauren se inclinou na nossa direção nos abraçando
com carinho.
— Eu quero que seja nós três…
Ela disse, fazendo eu e Lauren nos encarar com um sorriso, e para ser sincero, acho que eu tinha
lágrimas nos olhos. Aquela era minha família, uma nova parte dos Bianchini.
ΘΘΘ
LAUREN

UM MÊS DEPOIS
Eu simplesmente sentia as minhas pernas trêmulas, estava com medo de não conseguir entrar no salão
onde o meu casamento finalmente ia acontecer.
— Se você não parar quieta eu não vou conseguir prender seu véu!
Melissa disse e eu ouvi a risada de Ana, ela estava na poltrona segurando o meu buquê como se fosse
uma coisa extremamente quebrável, eu sorri.
— Estou nervosa. — Falei. — Eu nunca achei que fosse me casar!
— A vida tem seus próprios caminhos… — Anna falou.
— E você entende bem disso!
Eu disse a Anna que deu uma outra risada. Anna também nunca tinha imaginado que ia se casar, mas
ali estava ela casada, mãe e totalmente apaixonada. Agora eu estava ali me casando, apenas para
selar de uma vez o meu amor, e a minha maternidade.
— Já está quase na hora Lauren, pelo amor de Deus, me deixa terminar de prender isso na sua
cabeça!
Melissa falou impaciente, eu dei uma risada, mais que feliz em ter ela ali comigo, cuidando de mim
naquele dia tão especial.
— Tudo pronto na nave do salão, já mandei irem buscar o Matteo!
Aurora falou entrando na sala onde eu me arrumava. Ela tinha sido uma adição maravilhosa para mim
na equipe de organização do casamento, a esposa de Ettore era uma general. Eu sorri para ela, nós
tínhamos nos aproximado, e eu estava contente.
— Espero que ele não atrase. — Eu disse.
— Pode ter certeza que ele não vai, deve estar subindo nas paredes, louco para te alcançar.
Anna falou, e eu sorri, pensando no homem que ia ser meu marido em pouco tempo. Minha vida
parecia estar tão completa que se tornava até assustador, mas eu me forçava a parar de pensar que
algo ia dar errado.
Durante toda a minha vida eu sempre fui aquela pessoa que esperava pelo pior em tudo, porque eu
nunca tinha tido a oportunidade de ter de verdade nada, mas agora eu tinha e nada no mundo me faria
perdê-los. Era o primeiro dia para o resto da minha vida.
ΘΘΘ
MATTEO

Meus dois irmãos já tinham passado por isso, por aquela agonia e ao mesmo tempo cheio de euforia.
Eu estava realmente como uma pilha de nervos e eles não estavam me ajudando naquele momento.
— Se continuar assim vai ter um treco! — Ettore disse.
— Acho que ele já está um pouco verde… — Salvatore completou.
— Chega vocês dois!
Eu grunhi para eles. Por intervenção divina deram duas batidas na porta e então um rapaz surgiu.
— Don Bianchini, mandaram avisar que já está na hora de ir para o altar.
— Amém! — Eu disse seguindo para a porta e olhei para os dois patifes que eu chamava de irmãos.
— Vocês não vem?
— Nós entramos com nossas esposas! — Ettore disse ajustando a flor na sua lapela.
— Que seja. — Resmunguei.
— Tente não vomitar em si mesmo de nervoso!
Salvatore falou dando uma risada e eu quis socar a sua cara. Porém apenas me virei seguindo o
sujeito que veio me buscar, pensando que eu realmente nunca estive mais nervoso do que naquele
instante.
Lauren tinha escolhido um salão enorme, então aquele espaço era novo para mim, por isso quando
parei diante da porta e fui conduzido a entrar não estranhei, porém tinha cometido um erro.
Quando entrei na sala meus olhos encontraram os de Violet e o pior de tudo, ela estava sentada ao
lado de Mathilde no sofá, que inocentemente desenhava, sem ter ideia do perigo que corria.
— Olá Matteo!
Violet disse em um italiano perfeito e eu pisquei em choque, surpreso por realmente estar vendo
aquela mulher viva. Mathilde levantou os olhos e sorriu para mim, aquilo apertou meu coração. A
minha garotinha.
— Oi Matteo! — Mathilde falou.
— Oi querida… — Eu engoli em seco encarando Violet. — Como você está viva?
— Tenho meus truques. — Ela sorriu. — Você não achou mesmo que eu simplesmente não sabia dos
seus homens?
— Você está falando de novo de um jeito que eu não entendo, papai…
Mathilde disse distraída com o seu desenho, eu senti meu coração bater de uma nova forma ao ouvir
ela pela primeira vez me chamar de “papai”, se não fosse em um momento tão complicado eu já
estaria com Mathilde nos braços a girando sorrindo mais que contente pela honra de ser chamado de
pai.
— É porque são assunto de adulto, querida! — Eu disse tentando esconder minha voz embargada. —
Violet, deixe ela ir embora, seu assunto é comigo!
— Será Matteo ou devo dizer mais “novo papai”?
Um frio subiu pela minha coluna, medo, eu estava com medo e não era por mim, era pela Mathilde.
— Solte a minha filha, por favor…
Eu não me importava em implorar, na verdade, eu faria qualquer coisa que fosse necessária para que
Mathilde ficasse em segurança, ou seja, bem longe de Violet.
— Então você desceu do seu pedestal por uma garotinha?
Violet disse, passando a mão pelo cabelo de Mathilde e eu apertei minhas mãos em punho, minha
vontade era pular sobre ela, mas aquela mulher era imprevisível, eu não tinha ideia do que ela
poderia fazer.
— Violet, eu só fiz o que precisava para proteger minha família, então se quer castigar alguém faça
isso comigo. Eu juro que não irei resistir, faço o que você quiser, só deixe ela e a Lauren fora disso.
— Eu falei com toda minha sinceridade, sem joguinhos. — Tudo que eu faço e o que eu já fiz foi pela
minha família, nunca foi pessoal, e continua não sendo, se você não machucar a minha mulher e filha!
Ela olhou para Mathilde que tinha parado de desenhar para me encarar, parece que tinha sentido na
minha voz que algo estava errado, eu sorri para ela, tentando a tranquilizar. Então para minha
surpresa Violet tirou Mathilde do sofá, a deixando de pé.
— Vá para o seu pai!
Violet disse a ela e Mathilde veio até mim, eu me abaixei, a peguei no colo e beijando seu cabelo.
— Oi filha! — Eu falei aliviado, Mathilde sorriu.
— Você parece muito sério.
Mathilde disse para mim e eu quis gargalhar, mas eu apenas dei um beijo no rosto dela, enquanto a
minha atenção a Violet.
— Qual seu propósito com isso?
— Proteção. — Violet deu de ombros. — Graças a sua caçada, e ao que apresentou aos chineses,
eles acham que eu estou morta, isso me dá a liberdade que sempre quis. Mas a gente sempre precisa
de favores e então Matteo, é bom que lembre de hoje, um dia se eu precisar irei cobrar… Porém até
lá, me considere morta e em trégua!
Eu engoli em seco. Talvez eu estivesse negociando com o diabo, talvez… Todavia, naquele instante
eu não me importa. Eu negociaria com o inferno inteiro para proteger quem eu amava.
— Eu aceito!
Violet concordou, então se moveu, seguindo para o outro lado da sala. Ela deu um aceno, junto de um
sorriso para Mathilde, que sorriu de volta animadamente e como apareceu, Violet se foi por aquela
outra porta, e em nenhum segundo eu pensei em ir atrás dela. Pelo contrário.
— Papai, você não tinha que casar? — Mathilde perguntou e eu a olhei sorrindo.
— Está certíssima, eu tenho que me casar, sua mãe me espera!
ΘΘΘ
LAUREN

Eu disse que não ia chorar, mas era difícil segurar a emoção, ainda mais quando eu via Mathilde
diante de mim levando as alianças, ela em seu vestido rosa, enquanto caminhava animadamente,
sorrindo.
Por algum motivo Matteo havia se atrasado, mas no entanto, lá estava ele no altar e seus olhos fixos
em mim. Eu estava entrando sozinha, quase sentia meus pés começarem a correr para o alcançar.
Matteo estava lindo, usando o smoking preto, uma flor na sua lapela e o que mais me encantava não
era a sua beleza, mas a forma como seu sorriso se abria a cada passo que eu dava na sua direção.
O meu mafioso, o sujeito mais arrogante do mundo e o homem por quem me apaixonei, o homem por
quem a cada dia eu me apaixono mais, o pai da filha que escolhemos de coração e que nos escolheu
da mesma forma.
Eu caminhava para o meu futuro, no entanto, eu já tinha uma ideia pelo meu presente de como iria
ser.. E não poderia ser mais lindo.
ΘΘΘ
MATTEO

Em algum momento eu iria contar a todos de Violet, talvez bem depois, não importava nada naquele
instante e provavelmente não importaria por muito tempo, e quando e se acontecesse, eu estaria
pronto.
Naquele instante eu estava no altar diante dos meus irmãos, Salvatore ao lado de Anna sorrindo para
mim como nunca se deixava ver em público, porém abrindo uma exceção para aquele momento. Ele
estava feliz, com a sua nova vida, e por mim, isso valia mais que uma fortuna.
Olhei para Ettore, seu sorrisinho arrogante, junto com o brilho dos seus olhos ao me dar um aceno
mostrando ao seu modo a felicidade por mim também.
Eu dei um aceno de volta também feliz por ele, por Ettore finalmente ter se encontrado, que mesmo
com os seus demônios meu irmão mais novo havia descoberto um meio termo para viver contente
com que amava.
Eu voltei meu olhar para o centro do salão, por onde Lauren vinha para mim. A mulher mais linda do
mundo em um vestido rendado de mangas que a deixava como uma deusa caminhando pela terra.
Na frente de Lauren vinha Mathilde sorridente, animada, e eu me emocionei com a visão. Eu que não
me imaginei casando por amor, estando feliz por aquilo, mas ainda bem que me enganei… Lauren
tinha mudado a minha vida desde o primeiro momento que apareceu.
Mathilde chegou até mim, deu um aceno com a mão, então foi sentar-se com Melissa ali na primeira
fila. Eu respirei fundo quando Lauren chegou dando a mão, eu dei um beijo no dorso da sua mão,
então encarei seus olhos e vi meu mundo refletido ali.
— Pronta meu amor? — Eu disse e ela sorriu.
— Para o hoje e para sempre! — Lauren disse.
— Para o hoje e para sempre…
Eu afirmei puxando para frente para subir aquele altar e nos unir para o hoje, e para sempre. Mal eu
podia esperar pelo que mais tínhamos pela frente.

Fim!
Trecho Especial
Em algum momento eu sabia que terias problemas… Mas estive tão preocupada em ganhar mais
dinheiro, ficar rica e ter mais poder que não percebi que estava caindo em um “toca do coelho” e ao
contrário de Alice no país das maravilhas a minha realidade não tinha nada de fantástica.
Ser irmã da mulher de um mafioso respeitado deveria me proteger… Mas eu não poderia estar mais
enganada.
— Você está em minhas mãos… Agora! — Ele disse….
Agradecimento

Meus Bianchini… Quando comecei a história dessa família não imaginei que eles se tornaram
parte tão importante da minha própria história. Entregar esse novo e último livro sobre os
“Irmãos Mais Temidos” é ao mesmo tempo um grande felicidade, alívio, mas também já um
misto de saudades. Sou muito grata a esses personagens e espero poder reencontrar com eles em
outros livros da série "Famílias da Máfia”...
Outros Livros da Autora no Link: https://amzn.to/3bNgYO3

Livro Um Mafioso: Ser um herdeiro já requer certas exigências e sacrifícios, mas tudo triplica quando se trata da M áfia Vermelha Russa. A família
Herovrisk comanda uma das instituições mafiosas mais poderosas da Rússia, e o herdeiro dela era Cristian Aleksei Barkov Herovrisk, o único filho, frio e calculista,
passou sua vida inteira sonhando com o momento de assumir a cadeira de Chefe-M aior, todavia, teria que cumprir mais uma das ordens de seu pai para alcançar o que
tanto almeja e a tarefa a ser cumprida não envolviam cabeças rolando ou sangue, mas sim um anel e um vestido branco. Para assumir a M áfia o seu único herdeiro teria
de enfrentar o que mais repudiou, e era seu próprio casamento!

Livro Uma Criminosa: Beatrice Bertinelli é conhecida por sua beleza, tão como por ser fria e imbatível como o “Anjo da M orte”, no entanto, ninguém
sabe o que se esconde por baixo das suas muitas camadas... Uma infame criminosa ou simplesmente uma menina de olhos azuis que viu o pai ser morto e foi marcada
por isso? Às vezes um momento, um acontecimento, muda você para sempre e foi isso que aconteceu com ela...

Livro Um Último Golpe: O mundo era bem ou mal, branco ou preto... Para a maioria das pessoas sim, não para Gisele Lancastter, crescida no
submundo do crime ela não pensa duas vezes em passar alguém para trás e conseguir o que deseja, então quando conhece o bilionário James Watts vê nele a
possibilidade de aplicar seu maior e definitivo último golpe. Porém, até mesmo os melhores planos podem falhar quando o coração começa a tomar o lugar da razão.

Livro O Irmão Mais Temido (TOMO I): Anna D'Angelo se acostumou a viver na sombra da irmã mais nova, Antonella nasceu depois, porém era
tudo que a família sempre almejou e o mais importante ela enxergava... Por isso ela foi a escolhida para o casamento com o chefão do braço americano da organização da
M áfia Italiana. Salvatore Bianchini era um dos três irmãos mais temidos de toda a Itália e dos Estados Unidos, a fama de frio e brutal não era um conto, todos sabiam
que nunca deviam voltar atrás em seus acordos com ele, no entanto, um golpe no destino faria com que todos seus planos fossem por água abaixo e fizesse com que seu
caminho se envolvesse com a D'Angelo errada ou seria a certa?

Livros O Irmão Mais Temido (Tomo II): Na M áfia nunca houve espaço para nada bom ou puro, pelo menos era o que Salvatore achava até se casar
com Anna D’Angelo, mas tudo podia estar à beira de um colapso após os diversos ataques ao clã Bianchini, agora o futuro do casal, da família, dependia dos três irmãos
mais temidos...A continuação, o desfecho, da história que já conquistou milhares!
Livro O Irmão Mais Cruel: Consequências.... Para cada ação sempre existe uma consequência e era exatamente o que estava acontecendo. Os
Bianchini estão passando por uma crise. Após Salvatore ter passado seu posto para M atteo, nem tudo saiu como o previsto, desse modo, tudo que eles precisam nesse
momento era uma aliança forte para se restabelecer perante as cinco famílias chefes dos Estados Unidos e obviamente com os poderosos Chefões da Itália. Ettore sabia
que M atteo estava fazendo tudo que podia, bem como Salvatore, mas também tinha consciência que o irmão mais velho não iria arriscar o lar seguro que construía
cuidadosamente para ele, Anna e o filho. Diante disso, quando uma proposta inesperada surge, não há como ele se abster, deve aceitar e servir finalmente a família, a
máfia, como todos sempre disseram que ele deveria fazer.

[1]
Informação: Braile ou braille é um sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão. É tradicionalmente escrito
em papel relevo.
[2]
Informação: Avião a jato (conhecido também como jato ou jatinho).
[3]
Informação: West Philadelphia, apelidada de West Philly, é uma área predominantemente residencial e de grande diversidade cultural,
fica na Zona Oeste da Filadélfia (Bairro na Filadélfia, Pensilvânia).
[4]
Informação: A sigla SUV significa Sport Utility Vehicle -- ou seja, veículo utilitário esportivo. As SUVs costumam ter porte
avantajado, além de interior espaçoso e possibilidade de trafegar dentro e fora da cidade.
[5]
Informação: Essa substância é muito utilizada em produtos cosméticos, principalmente em produtos para alisar o cabelo e em
esmaltes, mas também serve para conservar corpos (cadáver).
[6]
Informação: Modus operandi significa o modo de agir e, no mundo jurídico, é a expressão utilizada para caracterizar a forma peculiar
que um criminoso (ou vários) tem de agir.
[7]
Informação: Bomba de Hiroshima é o nome do episódio em que a primeira bomba atômica da história foi utilizada. Recebeu o nome
de Little Boy. Foi usado nos bombardeamentos atômicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki foram dois bombardeios realizados pelos
Estados Unidos contra o Império do Japão durante os estágios finais da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945.
[8]
Informação: Xangai, na costa central da China, é a maior cidade do país e um núcleo financeiro global. Seu centro é o Bund, uma
famosa área à beira-mar repleta de edifícios da era colonial. Do outro lado do rio Huangpu destaca-se o horizonte futurista do distrito
Pudong, com a Torre de Xangai (632 m) e a Torre de TV Pérola Oriental, com suas esferas cor-de-rosa. O grande jardim Yù Yuán tem
pavilhões, torres e lagos tradicionais.
[9]
Informação: Gângster é um termo usado para definir um membro de uma quadrilha, gangue ou de uma organização criminosa
semelhante à máfia. Algumas gangues são consideradas parte do crime organizado
[10]
Informação: Carma ou karma, em sânscrito, é a força moral de nossas intenções, pensamentos e comportamentos. A palavra
significa ação e reação. ... Geralmente, quando as pessoas dizem “é seu carma”, na maioria das vezes, a frase é acompanhada de uma
interpretação negativa.
[11]
Informação: Touché significa “tocado", em francês; pronuncia-se tu-chê) é usado como um reconhecimento de um golpe, dito pelo
esgrimista que foi golpeado. Um árbitro pode dizer "touché" para referir-se a um toque usando, por exemplo, a voz francesa: para "sem
ponto", que é "pas de touché" ("não tocado").
[12]
Informação: Déjà vu é um galicismo que descreve a reação psicológica da transmissão de ideias de que já se esteve naquele lugar
antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo. O termo é uma expressão da língua francesa que significa: "Já visto”.
[13]
Informação: A apoplexia é a ruptura de um órgão interno e os sintomas que a acompanham. O termo anteriormente se referia ao que
agora é chamado de AVC. Hoje em dia, os profissionais de saúde não utilizam o termo, mas especificam a localização anatômica do
sangramento, como cerebral, ovariana ou hipofisária.
[14]
Informação: A Áustria é um país de língua alemã na Europa Central, com aldeias nas montanhas.
[15]
Informação: Sölden é um município da Áustria, situado no distrito de Imst, no estado do Tirol. Tem 466,78 km km² de área e sua
população em 2019 foi estimada em 3.119 habitantes.
[16]
Informação: Música Brahms' Lullaby, tradução “Canção de Ninar de Brahms”.
[17]
Informação: Penhoar sm (fr peignoir) Peça caseira do vestuário feminino, geralmente com abertura ou abotoada na frente, que se
usa sobre a roupa de dormir ou a roupa de baixo, pela manhã ao acordar ou após o banho.
[18]
Informação: a técnica chamada de Micro Pavê, em nada difere da tradicional cravação Pavê, onde as gemas são incrustadas
intercaladas em linhas retas, proporcionando um visual único. A única diferença está no tamanho das gemas utilizadas que estão sempre
abaixo de 1mm.

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