Relação de curto prazo entre desemprego e
inflação
Roberto Guena de Oliveira
USP
A descoberta da relação desemprego-inflação
Em 1958, Alban Wiliam Housego Phillips publicou um artigo
que mostrava que mostrava uma relação inversa entre as taxas
de desemprego e inflação no Reino Unido.
Em 1960, Paul Samuelson e Robert Solow publicam artigo
mostrando a mesma relação para os Estados Unidos.
Para Samuelson e Solow, os governantes se defrontam com
um trade-off entre o combate à inflação e o combate ao
desemprego, o que pode sugerir que uma taxa de inflação
mais elevada deve ser aceita para que a taxa de desemprego
seja mais baixa.
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Curva de Phillips
A assim chamada curva de Phillips é a representação gráfica
da relação entre taxa de desemprego (geralmente
representada no eixo horizontal) e a taxa de inflação
(geralmente representada do eixo vertical).
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Uma curva de Phillips hipotética
Tx. inflação
6% B
2% A
Curva de Phillips
Tx. desemprego
4% 7%
3
Fundamentação teórica da curva de Phillips
No curto prazo, quando há uma expansão da demanda
agregada a economia atinge um novo equilíbrio com nível de
preços mais elevado (portanto, inflação em relação ao período
anterior mais elevada) e produto mais elevado, pois a curva de
oferta agregada de curto prazo é positivamente inclinada.
O produto mais elevado é associado a um nível de emprego
mais baixo.
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A curva de Phillips de longo prazo
Porém, se a curva de oferta de longo prazo é vertical, no longo
prazo, a demanda agregada apenas afeta o nível geral de
preços e seus deslocamentos apenas afetam a taxa de inflação.
O produto não é alterado em virtude desses deslocamentos.
Assim, no longo prazo, a curva de Phillips, assim como a curva
de oferta agregada, é vertical.
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Expectativas e a curva de Phillips de curto prazo
A inflação esperada é a taxa à qual as pessoas acreditam que o
nível de preços vai mudar.
Dada a inflação esperada, a única maneira de fazer com que o
desemprego fique aquém da taxa natura de desemprego é
fazer com que a taxa de inflação fique acima da taxa esperada.
Essa relação pode ser expressa como se segue
Taxa de Taxa natural de Inflação Inflação
= +a −
desemprego desemprego efetiva esperada
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Curvas de Phillips de curto e longo prazos
Tx. inflação
Longo prazo
Taxa de
inflação
esperada
Curto prazo
Tx. desemprego
7
Efeito de um aumento na taxa de inflação esperada
Tx. inflação
Longo prazo
4%
A
Tx. desemprego
5,5%
8
Efeito de um aumento na taxa de inflação esperada
Tx. inflação
Longo prazo
6%
4%
B
A
Tx. desemprego
5,5%
8
Efeito de um aumento não esperado, mas continuado na taxa de
inflação (curto prazo)
Tx. inflação
Longo prazo
4%
A
Tx. desemprego
5,5%
9
Efeito de um aumento não esperado, mas continuado na taxa de
inflação (curto prazo)
Tx. inflação
Longo prazo
6%
4%
A
Tx. desemprego
4% 5,5%
9
Efeito de um aumento não esperado, mas continuado na taxa de
inflação (longo prazo)
Tx. inflação
Longo prazo
6%
4%
B
A
Tx. desemprego
5,5%
9
A curva de Phillips e a política econômica
Na década de 1960, o governo americano adotou ativamente
uma política de estímulo à demanda visando a obter menores
taxas de desemprego às custas de maiores taxas de inflação.
Em 1968, Milton Friedman e Edmund Phelps publican artigos
argumentando que não há razão para se crer que, no longo,
prazo a taxa de desemprego seja correlacionada à taxa de
inflação.
Segundo eles, a inflação só tem efeito sobre o desemprego
quando seu nível difere do nível esperado.
10
Inflação e desemprego nos EUA — 1961–1968
Taxa de inflação
(% a. a.)
10
1968
4
1967 1966
2 1965 1962
1964 1961
1963
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Taxa de
desemprego (%)
11
Inflação e desemprego nos EUA — 1961–1973
Taxa de inflação
(% a. a.)
10
6 1973
1971
1969 1970
4 1968 1972
1967 1966
2 1965 1962
1964 1961
1963
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Taxa de
desemprego (%)
12
Inflaçã e desemprego no Brasil — 2009–2015
Tx. inflação
12 %
10 %
8%
2011
2014
6% 2013 2010
2012
4% 2009
2%
Tx. desemprego
2% 4 % 6 % 8 % 10 % 12 %
13
Inflaçã e desemprego no Brasil — 2009–2015
Tx. inflação
12 %
2015
10 %
8%
2011
2014
6% 2013 2010
2012
4% 2009
2%
Tx. desemprego
2% 4 % 6 % 8 % 10 % 12 %
13
Inflação de preços controlados e de preços livres
Inflação
Monitorados
15 %
IPCA
10 %
Livres
5%
0% Ano
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
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