Odis11 Guiao Saida Campo Serra Aire Candeeiros
Odis11 Guiao Saida Campo Serra Aire Candeeiros
º ano Jorge Reis · António Guimarães · Ana Bela Saraiva · Hugo Novais
ÀDescobertadaGeologia
de Portugal
Oo
À Descoberta da Geologia de Portugal
Data: - - Professor/a:
Para além destas grandes subunidades, ainda engloba variadíssimas formas, entre as quais a mais
vasta é a plataforma de Fátima, o prolongamento do planalto de São Mamede, os lapiás, as dolinas, as
uvalas, os poljes (como o de Minde) e os canhões cársicos (como o do Alviela). Existem, ainda, mais de
1500 grutas.
Valado dos
Aljubarrota
1
Alcobaça
Mira de Aire
EN 8
Parque Natural
das Serras de Aire Minde EN 349
e Candeeiros
Torres Novas
3
Turquel Entroncamento
Alcanena
Santa Catarina
2 EN 361
Amiais de Baixo Riachos
Benedita A1
Alcobertas
4
IC 2
EN 1 Reserva
Natural
do Paul
do Boquilobo
5 Tremês
EN 365
2
Guião de saída de campo: Serras de Aire e Candeeiros
O MCE corresponde a uma unidade morfoestrutural em que se regista a maior extensão de afloramen-
tos de rochas calcárias do Jurássico Médio, no território nacional, que condicionam o desenvolvimento
de uma morfologia cársica bem característica (fig. 2). No entanto, a arquitetura do maciço é resultado,
fundamentalmente, dos movimentos tectónicos, nomeadamente das falhas que o afetam, encon-
trando-se sobre-elevado relativamente às regiões limítrofes.
Al ss
va ão Mira de Aire
do re
eei
Ai
a
s
baç
nd
de
Minde
Ca
rra
lco
Se
eA
Torres
do
Novas
rra
jo
ssã
Te
Alcanena
Se
pre
Amiais do
De
de Baixo ia
Benedita i ár
Alcanede rc
Te
a
ci
Ba
Rio Maior
0 6 km
Material
• Carta geológica da região;
• Martelo de geólogo;
• Lápis, lápis de cor, borracha e régua;
• Bússola e lupa;
ODIS11DGP © Porto Editora
3
À Descoberta da Geologia de Portugal
Numa extensa laje calcária de 40 000 m2, são visíveis 20 trilhos de saurópodes (fig. 3). Estes icnofós-
seis, do Jurássico Médio, com cerca de 175 milhões de anos, foram moldados em sedimentos finos,
numa lama calcária que bordejava lagunas tropicais. Depois de seca, a lama carbonatada, onde os
dinossauros deixaram as suas pegadas, foi coberta por novos sedimentos carbonatados, que, mais
tarde, se viriam a transformar em calcário.
O estudo dessas pegadas é importantíssimo para o conhecimento dos hábitos dos dinossauros. Atra-
vés delas podemos saber, por exemplo, como se movimentavam e a que velocidade e se o faziam sozi-
nhos, em pequenos grupos ou em manadas.
A B
Fig. 3 Pedreira do Galinha. A Aspeto de uma parte da lage. B Detalhe de um dos trilhos.
1 Localize, no Google Maps ou na carta geológica, o local onde se encontra a pedreira do Galinha.
4
Guião de saída de campo: Serras de Aire e Candeeiros
5 Refira e enuncie o princípio que lhe permite fazer a datação relativa das camadas de calcário.
No topo da laje observe com atenção os fósseis de Turritella (fig. 4). As Turritella são um grupo de gas-
trópodes com uma concha em espiral de tamanho variável. Apesar dos fósseis mais antigos conheci-
dos serem datados do Cretácico, ainda hoje existem espécies deste grupo. São característicos de
ambientes de transição, preferencialmente de águas pouco profundas, ou lagunares, de temperatura
variável.
Próximo deste local é visível o efeito da dissolução do calcário à superfície em formas típicas, designa-
das por lapiás (fig. 5).
6 Classifique, tendo em conta as condições em que habitam as espécies atuais deste grupo, os
fósseis de Turritella.
7 Relacione a informação que estes fósseis fornecem com as condições de formação das rochas
deste local.
5
À Descoberta da Geologia de Portugal
Das várias nascentes cársicas existentes na região, a mais conhecida é a de Olhos d’Água do Alviela,
que forneceu água a Lisboa desde 1880 até há pouco tempo. Este rio situa-se em pleno Parque Natural
das Serras de Aire e Candeeiros, nasce na gruta do Alviela, percorre 51,16 km e acaba por desaguar no
Tejo, perto de Vale de Figueira, em Santarém. A água da chuva infiltra-se e, após percorrer uma com-
plexa rede de galerias subterrâneas do maciço, origina uma nascente que alimenta o rio durante todo
o ano. Em períodos de pluviosidade elevada, os níveis de água sobem e uma outra nascente, temporá-
ria, é reativada, provocando uma cascata de rara beleza junto à nascente principal, “Olhos d’Água”
(fig. 6). Esta nascente está associada ao movimento da falha dos Arrifes.
A B
10 Refira o fenómeno, que ocorre nos calcários, que permite o percurso subterrâneo do rio Alviela.
11 Relacione a extensa fissuração do maciço calcário com as propriedades que fazem do local um
excelente aquífero.
12 Sabendo que o rio Alviela faz parte de um enorme aquífero que existe na região, discuta a
profundidade do nível hidrostático do aquífero quando a água exsurge em “Olhos d’Água”.
6
Guião de saída de campo: Serras de Aire e Candeeiros
A Início do Mesozoico
Cobertura Falha dos
mesozoica Arrifes
>3 km SE
NW
Falha da Nazaré
Formação de Dagorda B
Jurássico/ Cretácico
Aprox. 30 km
Fig. 7 Escarpa dos Arrifes. A Esquema interpretativo da evolução da falha. B Aspeto paisagístico.
14 Refira o tipo de comportamento a que foram sujeitos os materiais rochosos para originar a falha.
7
À Descoberta da Geologia de Portugal
Percorrendo um pequeno percurso, bem assinalado, desde o ponto anterior, chegamos à lapa da
A B C
17 Preveja a diferença da quantidade de iões cálcio e bicarbonato entre a água que entra no
sumidouro e a água que sai na exsurgência.
18 Descreva a ação da água da ribeira dos Amiais na formação destas estruturas, sabendo que no seu
interior existem calhaus de diferentes dimensões.
8
Guião de saída de campo: Serras de Aire e Candeeiros
Paragem 3
Algar do Pena
Tempo previsto: 1 h
O algar do Pena é uma gruta com desenvolvimento vertical, que constitui a maior sala cársica subter-
rânea do país. A cerca de 85 metros de profundidade, ao longo de uma área de 1400 m2, é possível
admirar uma enorme profusão de estruturas com formas variadas e invulgares (fig. 10).
19 Refira a designação atribuída a cada uma das estruturas visíveis no algar do Pena.
No exterior do algar é possível observar aspetos resultantes da dissolução do calcário (fig. 11).
9
À Descoberta da Geologia de Portugal
No lugar de Portela da Teira, na serra dos Candeeiros, existem rochas magmáticas que resultaram de
uma chaminé vulcânica/filão camada. Podem observar-se colunas de rocha básica, de textura agranu-
lar, com disjunção prismática. Estas colunas verticais têm cerca de 0,5 m de diâmetro por 15 m a 20 m
de altura (fig. 12).
23 Relacione a textura das colunas com a natureza e o arrefecimento do magma que as originou.
24 Refira o princípio da estratigrafia que permite estabelecer a idade do filão relativamente à das
rochas calcárias encaixantes.
26 Mencione a propriedade que distingue a rocha referida na questão anterior da rocha que forma as
colunas.
10
Guião de saída de campo: Serras de Aire e Candeeiros
Paragem 5
Salinas de Rio Maior
Tempo previsto: 1 h 30 min
Na região de Rio Maior encontram-se sal-gema e gesso rodeados por argilas e calcários que fazem
parte da Formação de Dagorda. As rochas evaporíticas são pouco densas e plásticas, o que, em con-
junto com a existência de um sistema de falhas, permitiu o seu movimento ascendente, designado por
diapirismo. Estas rochas são mais suscetíveis à meteorização e à erosão causada pelos agentes de
geodinâmica externa, que, assim, dão origem a depressões designadas por vales tifónicos.
B
ODIS11DGP © Porto Editora
11
À Descoberta da Geologia de Portugal
28 Formule uma hipótese acerca do paleoambiente da zona de Rio Maior que terá permitido
a formação do sal-gema.
29 Mencione o princípio do raciocínio geológico que lhe permitiu responder à questão anterior.
Durante o Mesozoico, a sedimentação ocorria com alternâncias de argilas e sal-gema. Hoje em dia,
as argilas separam o sal-gema da superfície, servindo-lhe de proteção.
Parte C · Pós-saída
• Deverá organizar as suas fotografias e os vídeos, realizando uma pequena reportagem da visita de
estudo, descrevendo os principais aspetos observados.
• Se recolheu amostras de rochas ou de minerais em locais permitidos, poderá identificá-las no
laboratório da escola.
• Adicionalmente, poderá escrever uma notícia, para o jornal ou para o sítio da escola, sobre a saída
de campo efetuada, ilustrada com as fotografias ou vídeos.
12
Guião de saída de campo: Serras de Aire e Candeeiros
Glossário
Algar – poço, mais ou menos profundo, originado Gruta – cavidade característica das paisagens cársi-
pela ação dissolvente da água nos terrenos calcários. cas, na qual ocorrem fenómenos de dissolução e de
precipitação.
Aquífero – formação geológica que armazena e é
capaz de ceder água subterrânea. Gesso – rocha evaporítica, sedimentar quimiogé-
nica, constituída por sulfato de cálcio hidratado.
Basalto – rocha magmática vulcânica muito abun-
dante, de cor escura e textura agranular, constituída Icnofósseis – vestígios da atividade biológica de
por plagióclase, olivina e piroxena. seres vivos do passado.
Calcário – rocha sedimentar quimiogénica consti- Lapiás – forma de relevo típica das regiões cársicas.
tuída por carbonato de cálcio. As rochas carbonatadas adquirem um aspeto ruini-
forme e apresentam-se com caneluras e sulcos, que
Canhão fluviocársico – garganta profunda e estreita
podem atingir alguns metros de profundidade. As
numa zona cársica.
fraturas existentes vão sendo abertas por dissolução
Carsificação – ver dissolução. química da rocha, o que vai originar condutas de
Diapirismo – intrusão de material rochoso plástico escoamento da água, quer vertical quer horizontal-
menos denso do que a rocha encaixante. mente.
Disjunção colunar/prismática – formações consti- Marga – rocha sedimentar resultante de uma asso-
tuídas por grandes prismas de rocha, separados por ciação de carbonatos e argilas.
fendas paralelas que se formam em resultado das Marmitas de gigante – depressões, mais ou menos
tensões que se geram durante o processo de arrefe- arredondadas, com dimensões bastante variáveis,
cimento de magma ou lava. existentes no leito rochoso dos rios.
Dissolução (carsificação) – processo de dissolução Meteorização – alteração local de uma rocha, seja
de rochas por ação da água da chuva, a qual se torna física ou química.
ligeiramente ácida ao incorporar o dióxido de car-
Modelado cársico – paisagem típica das zonas cal-
bono da atmosfera. Através da rocha carbonatada,
cárias que resulta, essencialmente, da dissolução da
esta água acidificada vai dissolvê-la, formando o
rocha por ação das águas da chuva ácidas.
relevo característico das paisagens cársicas.
Nível hidrostático – a superfície que delimita a zona
Dolina – cavidade circular, geralmente de grandes
de saturação da zona de aeração de um aquífero.
dimensões, que resulta da depressão provocada
pela dissolução do calcário, por ação das águas aci- Paleoambiente – ambiente antigo, existente em
dificadas. determinado período geológico.
Erosão – remoção de materiais das rochas, previa- Polje – grande depressão, fechada, de fundo mais ou
mente alteradas por agentes de meteorização. menos plano, característica de regiões de relevo cár-
sico.
Escarpa de falha – superfície ao longo da qual ocorre
deslocamento de blocos. Rochas evaporíticas – rochas sedimentares quimio-
génicas formadas em ambientes caracterizados por
Evaporito – ver rocha evaporítica.
uma intensa evaporação de água.
Exsurgência – nascente de águas que circulam em
Sal-gema – rocha evaporítica, sedimentar quimiogé-
condutas no interior dos maciços calcários. Caso a
nica, constituída por cloreto de sódio.
água tenha feito um percurso subaéreo anterior, as
nascentes designam-se ressurgências. Salina – local de exploração de sal.
Falha – fratura ao longo da qual há deslocamento de Saurópodes – grupo de dinossauros.
blocos.
Sumidouro – abertura natural através da qual a água
Formação – série sedimentar, definida geografica- se infiltra num maciço calcário.
mente, com características litológicas que permitem
Turritela – grupo de gastrópodes com uma concha e
o seu uso como unidade litostratigráfica de referên-
com tamanho variável.
cia local.
ODIS11DGP © Porto Editora
13
Propostas de solução
1 Dependente da resposta do aluno. 18 A passagem da ribeira dos Amiais provoca, por
14
Bibliografia
Almeida, C., Mendonça, J., Jesus, M., & Gomes, A. (2000). Sistemas aquíferos de Portugal Continental.
Instituto da água. DOI: 10.13140/RG.2.1.1012.6160
Calado, C., & Brandão, J. M. (2009). Salinas interiores em Portugal: o caso das marinhas de Rio Maior.
Geonovas, 22.
Carvalho, J., Midões, C., Machado, S., Sampaio, J., Costa, A., & Lisboa, V. (2011). Maciço Calcário Estremenho
Caracterização da Situação de Referência – Relatório Interno. LNEG. Disponível em https://docplayer.com.
br/10807816-Macico-calcario-estremenho.html [consult. mar 2022]
Leal, C. (2015). A escarpa dos Arrifes do Maciço Calcário Estremenho. Proposta de classificação a Património
Geomorfológico (Dissertação de mestrado). Universidade de Coimbra. Disponível em https://www.researchgate.
net/publication/321342386_A_escarpa_dos_Arrifes_do_Macico_Calcario_Estremenho_Proposta_de_
classificacao_a_patrimonio_geomorfologico [consult. mar 2022]
Portugal em Pedra (abril, 2018). Pegadas de Dinossauros da Pedreira do Galinha. Disponível em
https://portugal-em-pedra.blogspot.com/2018/04/pegadas-pedreira-do-galinha.html [consult. mar 2022]
Santos, C., Cardeira, C., Feteiro, A., Louro, D., Moreira, A., Neto, J., & Santos, I. (novembro, 2009).
As Salinas de Rio Maior – Do Presente ao PASSADO. Mesozoico – A História do Mesozoico Português.
Disponível em https://mesozoico.wordpress.com/2009/05/25/as-salinas-de-rio--maior-%E2%80%93-do-
presente-ao-passado/ [consult. mar 2022]
Créditos fotográficos
ODIS11DGP © Porto Editora
Ana Bela Saraiva – p. 4; p. 5; p. 6; p. 8; p. 9; p. 10; p. 11, fig. 13 e fig. 14 [pormenor de salina de Rio Maior, à direita]
Francisco Sousa – p. 7, fig. 7B
©Shutterstock.com – imagem da capa; p. 11, fig. 14 [Salinas de Rio Maior, à esquerda]
15
0 1 0 0 0
9 910005 000602
91000500
Amostra não comercializável – Versão do Professor