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1 Aula de Odontogeriatr 2025

O documento aborda o envelhecimento da população no Brasil, destacando a crescente proporção de idosos e os desafios associados a essa transição demográfica. A expectativa de vida tem aumentado devido a melhorias em saúde e condições sociais, mas também surgem preocupações com hábitos prejudiciais, como o consumo de álcool entre os idosos. O texto enfatiza a importância de um cuidado multidisciplinar para garantir a qualidade de vida dessa população em crescimento.
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O documento aborda o envelhecimento da população no Brasil, destacando a crescente proporção de idosos e os desafios associados a essa transição demográfica. A expectativa de vida tem aumentado devido a melhorias em saúde e condições sociais, mas também surgem preocupações com hábitos prejudiciais, como o consumo de álcool entre os idosos. O texto enfatiza a importância de um cuidado multidisciplinar para garantir a qualidade de vida dessa população em crescimento.
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CENTRO ODONTOLOGICO DE ENSINO SUPERIOR DE PATOS

CURSO DE BACHARELADO EM ODONTOLOGIA


DISCIPLINA: NOÇÕES BÁSICAS DE GERONTOLOGIA E ODONTOLOGIA
PARA PACIENTES PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS
Prof. MS. Osorio Queiroga de Assis
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GERONTOLOGIA APLICADA A
ODONTOLOGIA

1. Política do idoso no Brasil


Um dos grandes desafios para os governos de todos os países do mundo, está com o
envelhecimento da população mundial, para este século XXI. A tendência mundial à
diminuição da mortalidade e da fecundidade, bem como o prolongamento da expectativa de
vida das pessoas têm levado ao envelhecimento da população (PASCHOAL; SALLES;
FRANCO, 2020).
A população de idosos hoje nos países em desenvolvimento, como o Brasil, vem
aumentando em proporção geométrica, caracterizando transição demográfica de uma
situação de alta mortalidade e alta fecundidade de uma população que antes era
predominantemente jovem, para uma situação de baixa mortalidade e de baixa fecundidade.
O envelhecimento populacional mundial é uma resposta à mudança de alguns
indicadores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento
da esperança de vida.
Para alguns autores, como Cancela (2018), o envelhecimento é caracterizado pela
incapacidade progressiva do organismo para se adaptar às condições variáveis do seu
ambiente. Ocorre diminuição na capacidade de adaptação por cada um dos órgãos que
integram um aparelho o um sistema, desenvolvendo-se consequentemente um desequilíbrio
homeostático. Não é homogêneo para todos os seres humanos, sofrendo influência dos
processos de discriminação e exclusão associados ao gênero, à etnia, ao racismo, às
condições sociais e econômicas, à região geográfica de origem e à localização de moradia.
Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015
mostraram que, no mundo, uma em cada dez pessoas, tem 60 anos de idade ou mais.
Estima-se que em 2050 esta relação será de uma para cinco pessoas com 60 anos de idade
ou mais em todo o mundo, e de uma para três nos países desenvolvidos.
Desta forma, o envelhecimento humano pode ser compreendido como um
processo complexo e composto pelas diferentes idades: cronológica, biológica,
psicológica e social.
Amparado pela maior expectativa de vida, o número de brasileiros acima de 65 anos
deve praticamente quadruplicar até 2060, confirmando a tendência de envelhecimento
acelerado da população já apontada por demógrafos. Segundo o IBGE, a população com
essa faixa etária deve passar de 14,9 milhões (7,4% do total), em 2013, para 58,4 milhões
em 2030 . De acordo com o IBGE, as mulheres continuarão vivendo mais do que os
homens. Em 2060, a expectativa de vida delas será de 84,4 anos, contra 78,03 dos homens.

Fatores causais que interferem no envelhecimento


O envelhecimento se refere a um fenômeno fisiológico; Também sofre a influência
pelo comportamento social ou cronológico; É um processo biopsicossocial de regressão,
observável em todos os seres vivos; Por último ocorre a perda da capacidade ao longo da
vida, devido à influência de diferentes variáveis: a genética, danos acumulados e estilo de
vida, além de alterações psicoemocionais.
Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) analisou os
arranjos domiciliares dos idosos, apresentando dados comparativos de 130 países (United
Nations,2015). Dentre as principais conclusões do informe destacou-se que:
aproximadamente uma em cada sete pessoas idosas (90 milhões) vive sozinha e cerca de
dois terços dessas são mulheres; existe uma tendência a favor de modalidades de vida
independente (sozinho ou sozinho com o cônjuge), mais consolidada em países
desenvolvidos; há uma menor proporção de mulheres idosas casadas, comparativamente
aos homens (cerca de 45% versus 80%).
No caso do Brasil, a co-residência permanece elevada entre os idosos; contudo,
cresce, ao longo dos anos, a proporção de idosos brasileiros morando sozinhos. De acordo
com o IBGE (2017), número de idosos que moram sozinhos no Brasil vem aumentando,
alcançando a proporção de 13,2% em 2006. A população de 60 anos e mais, em 2006, foi
responsável por 40,3% dos domicílios unipessoais brasileiros, sendo que em Minas Gerais
essa proporção era de 39,3% e na Região Metropolitana de Belo Horizonte de 34,2%.
O Brasil, a exemplo de vários países do mundo, nas últimas duas décadas, tem se
defrontado com as questões próprias para o envelhecimento. Nos cuidados com os idosos, a
responsabilidade é não só da família, mas dos profissionais de saúde, e da própria
sociedade, ou comunidade em que está inserido o idoso, são considerados novos desafios.
Apenas recentemente, nos últimos quarenta anos, a exceção da medicina, todas as outras
profissões da área de saúde vem adequando as suas atividades para o estudo do idoso,
visando a prevenção e promoção da saúde, com o propósito de proporcionar qualidade de
vida. Assim foi com a psicologia na década de 60, a enfermagem nos anos 70, e a
odontologia surge como especialidade apenas no ano de 2002.
O interesse tardio pela pesquisa e atenção no que se refere às pessoas idosas é
explicável, em parte, pelo pouco peso que essa população tinha antigamente na estrutura
demográfica das nações. Estamos hoje diante de um mundo que envelhece.
É preciso lembrar que a expectativa de vida da população mundial aumentou à
medida que melhoraram as condições sanitárias, educativas e econômicas. O tempo médio
de vida calculado para alguns povos da antiguidade, como por exemplo, os gregos e os
romanos, era de aproximadamente 30 anos, o que demonstra o quanto era excepcional
nessas sociedades uma pessoa chegasse à idade avançada. Os idosos representavam uma
minoria, o fato de terem podido sobreviver e acumular experiências fazia com que fossem
muito valorizados.

Expectativa de vida no Brasil


O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da
maioria das sociedades. O mundo está envelhecendo. Tanto isso é verdade que estima-se
para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais
no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento.
De acordo como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), No Brasil,
estima-se que existam, atualmente, cerca de 24 milhões de idosos, e representam 8,6% da
população total do País, com base no Censo 2010. O instituto considera idosas as pessoas
com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no
Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população. O IBGE, afirma ainda
que o envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida,
devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a
participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram
2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
No Brasil, com o aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de
natalidade, houve um crescimento do número de idosos na população brasileira. Em 1970 o
país tinha 4,7 milhões de pessoas com mais de 60 anos, em 1980 já eram 7,2 milhões, em
1991 passou para 10,7milhões, no ano 2000, eram 13 milhões, e para o ano 2020 deverá
ultrapassar 30 milhões de idosos. A expectativa de vida que era em 1950 em torno de 50
anos, atualmente está em torno de 76.5 anos. Em 2024 espera-se que o Brasil possua a sexta
maior população idosa do mundo, ficando abaixo da China, Índia, Rússia, EUA, e Japão.
Dados estatísticos do IBGE, mostram que atualmente uma em cada dez pessoas tem
60 anos de idade, ou mais e, para 2050, estima-se que a relação será de uma para cinco em
todo o mundo, e de uma para três nos países desenvolvidos. Outro dado estatístico
importante, é a de que no Brasil, os centenários que somavam 13.865 em 1991, no ano
2000 já eram 24.576 idosos, representando um aumento de 77% da população em geral.
Expectativa de vida entre 1940 a 2016, no Brasil
- A expectativa de vida do brasileiro subiu mais de 30 anos entre os anos 40 a 2016.
De acordo com o pesquisador do IBGE, Fernando Albuquerque, a partir de 1940, com a
incorporação dos avanços da medicina às políticas de saúde pública, o país experimentou
uma primeira fase de sua transição demográfica, caracterizada pelo início da queda das
taxas de mortalidade.
Principais fatores que contribuem para o aumento da expectativa de vida no Brasil

Entre estes fatores, estão: campanhas de vacinação em massa, atenção ao pré-natal,


incentivo ao aleitamento materno, contratação de agentes comunitários de saúde e
programas de nutrição infantil.

De 1940 até 2016, o aumento foi de 30,3 anos. Apesar de o crescimento contínuo na
expectativa de vida, o Brasil ainda está abaixo de países como Japão, Itália, Singapura e
Suíça, que em 2015 tinham o indicador na faixa dos 83 anos.
No pós-guerra começou a haver um intercâmbio muito grande entre os países. Os
avanços em termos de programas de saúde pública e programas de saneamento que os
países desenvolvidos já tinham alcançado, foram transferidos para os menos desenvolvidos.
Nesse instante é que começa a diminuir a mortalidade no Brasil. Inicialmente os grandes
beneficiados foram as crianças. No Brasil, em 1940, de cada mil crianças nascidas vivas,
156 não atingiam o primeiro ano de vida. E hoje em dia estamos com uma mortalidade
infantil de 13 por mil. Depois essa diminuição das taxas de mortalidade foi expandida para
a toda a população também.

Expectativa de vida por gênero/estado - Brasil


 As mulheres vivem, em média, 7,2 anos a mais que os homens, com uma
expectativa de 78,8 anos.
 Para a população masculina, a expectativa é de 71.6
 Santa Catarina se apresenta com a maior expectativa de vida: 78,4 anos. (M =75,1 ;
F = 81,8);
 Brasília = 2º lugar com exp. de vida = 77,6
 Espírito Santo = 3º lugar = 77,5
Piores indicadores de expectativa de vida no Brasil
 Em média geral a região Nordeste aparece com a pior expectativa de vida no Brasil.
A única exceção é o estado do Rio Grande do Norte, especialmente sua capital
Natal, em torno de 75,2; Considerando as outras regiões do País, a menor
expectativa de vida está com o estado do Maranhão em torno de 70 anos. O Piauí
tem a segunda menor expectativa de vida, em torno de 70,7 anos. E logo em seguida
o estado de Alagoas com 70,8 anos.

O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está
envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um
período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro
Internacional para o envelhecimento saudável, prevê que, nas próximas décadas, três
quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
Alguns hábitos que estão sendo pesquisados em idosos, são capazes de
restringir a qualidade de vida, provocando graves enfermidades em sistemas como o
cardio-respiratório e o aparelho locomotor. Entre estes destaca-se o uso abusivo do
álcool.
Em geral, o consumo de álcool tende a diminuir com a idade; mas um número
significativo de idosos faz o uso nocivo dessa substância e, consequentemente, podem
apresentar ou desenvolver transtornos relacionados, como o abuso e a dependência
alcoólica. Esse tema é de grande relevância na medida em que, conforme o avançar da
idade, a tolerância do corpo ao álcool diminui e seus efeitos sobre o sistema nervoso
central aumentam, promovendo déficits no funcionamento cognitivo e intelectual e
prejuízos no comportamento geral.
No Brasil, os dados de uma pesquisa de abrangência nacional, com 400 adultos
acima de 60 anos de idade, são preocupantes: 12% dos entrevistados foram classificados
como bebedores pesados (consumo de mais de 7 doses* por semana), 10,4% como
bebedores pesados episódicos (considerado por este estudo como o consumo de mais de
3 doses em uma única ocasião) e quase 3% foram diagnosticados como dependentes
(segundo os critérios da 4ª Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, da American Psyciartric Associaction).
Na literatura, ainda há poucos estudos sobre os fatores pessoais e sociais que
expõem um indivíduo a maiores riscos de beber em padrões prejudiciais e de
desenvolver problemas relacionados à medida que envelhecem, principalmente entre as
faixas etárias de 55-65 anos a 75-85 anos. Assim, um estudo recente, realizado nos
Estados Unidos, avaliou se o histórico do uso de álcool na vida e a procura de ajuda
estariam associados ao uso nocivo de álcool e problemas relacionados na terceira idade.
No estudo, o uso de álcool foi considerado de alto risco quando o indivíduo
relatava beber 3 ou mais doses por dia ou 14 ou mais doses por semana e, para avaliar o
histórico do uso de álcool na vida, os entrevistados eram solicitados a lembrar como
bebiam quando eram adolescentes, adultos jovens (20–35 anos) e quando tinham entre
36 e 50 anos. Já os problemas relacionados ao uso de álcool incluíram problemas de
funcionamento (deixar de comer ou realizar atividades da vida diária, sofrer alguma
queda ou acidente devido ao uso de álcool), problemas interpessoais (se familiares ou
amigos manifestavam preocupação sobre seu hábito de beber, se perdeu algum amigo
devido ao uso dessa substância) e sintomas de abuso/dependência alcoólica (por
exemplo, sintomas de tolerância, abstinência, continuidade do uso a despeito de
problemas, beber mais do que planejava, entre outros). Com relação aos fatores sociais,
os indivíduos eram questionados se participavam de atividades com amigos ou
familiares (ir a piquenique, festa, reunião de clube, jogar cartas, visitar museu, entre
outras) e quantos de seus amigos bebiam e aprovavam o consumo pesado de álcool. Os
entrevistados também responderam sobre o uso de álcool ou outra substância para
aliviar a tensão ou esquecer seus problemas, prática de alguma religião, se suas
condições financeiras eram suficientes para manter suas necessidades diárias, se já
haviam sido alertados a parar de beber ou se já haviam tentado parar de beber e o apoio
recebido quando o fizeram.
Ao longo dos 20 anos do estudo, a grande maioria dos indivíduos reduziu seu
consumo de álcool; entretanto, aos 75-85 anos de idade, até 30% dos participantes ainda
faziam o uso de álcool de alto risco e/ou tinham problemas relacionados. Um histórico
deste tipo de uso e de problemas decorrentes, ter amigos que aprovavam o beber pesado
e ter sido aconselhado a parar de beber até os 50 anos de idade foram associados a uma
maior probabilidade de beber de alto risco e ter problemas aos 75-85 anos. Em paralelo,
ter tentado reduzir o consumo de álcool e receber o apoio de grupos como Alcoólicos
Anônimos (AA) na vida adulta estiveram associados a uma menor chance de beber de
alto risco e ter problemas relacionados na terceira idade.
Interações significativas entre o consumo de álcool de alto risco e as condições
financeiras também foram encontradas neste estudo. Ter mais recursos financeiros não
foi apenas um fator de risco geral para o consumo excessivo de álcool, mas também
potencializou o risco para indivíduos com histórico de problemas com a bebida,
sugerindo que uma condição financeira mais privilegiada estaria relacionada ao uso de
álcool por idosos como um fator independentemente. Isso poderia ser devido ao fato de
os idosos com menor renda tenderem a não comprar bebidas alcoólicas e não participar
de atividades sociais que envolvam o álcool.
O uso de substâncias para diminuir a tensão foi um dos preditores mais consistentes
para o uso de álcool de alto risco e de problemas relacionados na terceira idade. Praticar
alguma religião foi um fator protetor moderado contra o consumo de alto risco de álcool
e problemas com a bebida, possivelmente pela religião oferecer maior contato com
pessoas que desaprovam o beber pesado e modos diferentes de lidar com a angústia.
A partir desses resultados, os autores do estudo sugerem que pessoas que desejam
reduzir o consumo de álcool devem se inserir em uma rede social com indivíduos que
não tenham o hábito de fazer uso pesado dessa substância, seja em grupos como os AA
ou praticando alguma religião. Além disso, reforçam que o histórico uso de alto risco e
de problemas relacionados, o consumo de álcool atual e o contexto social podem ser
úteis para a identificação de idosos sob maior risco de consumo excessivo ou
problemático de álcool.
* Uma dose-padrão de bebida alcoólica (350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 50 ml
de destilado) contém, aproximadamente, 10g de álcool puro.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação
no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias
a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo
2000, 62.4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8.9 milhões
de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e
os sustentam.
O Programa Nacional dos Direitos Humanos hoje em prática em todos os países
do mundo, com algumas exceções, no Brasil, constitui compromisso do governo
brasileiro, em garantir e promover os direitos dos setores vulneráveis à violência e à
discriminação. Todos devem ser protegidos, sejam eles idosos, mulheres, negros,
homossexuais, índios, portadores de necessidades especiais, crianças, e adolescentes.

A Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1948, estabeleceu através da


Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
constitui um marco importante para a historia da humanidade.
No Brasil o idoso está com seus direitos regulamentados pela Lei nº 8.842, de 4 de
janeiro de 1994, através do Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996.
O capítulo IV deste decreto, que fala sobre as ações governamentais, no seu
artigo 10, e inciso II, define que na área da saúde, são adotadas as seguintes medidas para
proteção, e prevenção da saúde do idoso:
a. Garantir a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único
de Saúde;
b. Prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e
medidas profiláticas;
c. Adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares,
com fiscalização pelos gestores do SUS;
d. Elaborar normas de serviços geriátricos ambulatorial, e hospitalar;
e. Incluir a geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos;
f. Criar serviços alternativos de saúde para o idoso.

2.Características básicas da velhice


A velhice é considerada fase natural da vida, e está inserida em ciclo que
compreende: nascimento, crescimento, amadurecimento, envelhecimento e morte. As
circunstâncias que caracterizam o idoso, depende de questões tais como: biológica,
psicológica, social, econômica, histórica, e cultural.
Outra característica importante neste estágio de vida, são as percas significativas,
como: surgimento de doenças crônicas degenerativas, a viuvez, mortes (amigos, parentes),
ausência de papeis sociais valorizados, isolamento crescente, dificuldades financeiras
(aposentadorias). Este quadro afeta de tal forma nossa auto-estima culminando na maioria
das vezes com as crises.
Diferenças básicas entre o desenvolvimento da criança/adulto:
Na criança:
Crescimento leva a independência e autonomia
No idoso:
No envelhecer há uma perda de independência e autonomia (faz parte do próprio
envelhecer). Alguns indivíduos envelhecem com autonomia e independentes para suas
atividades de vida diária, outros comprometidos fisicamente, mas ainda possuem poder de
decidir e outros com grandes comprometimentos físicos e sem nenhum poder de decisão e
muitas vezes com déficit cognitivo.

3. Conceito de Gerontologia
A palavra gerontologia, vem do grego, e significa “géron” ou velho”, e “logos”
ou estudo, sendo introduzida na área de saúde a partir de 1903.
É responsável pelo estudo científico do processo de envelhecimento nos aspectos
biológico, sociológico, psicológico entre outros.
Outros termos usados para identificar o processo de envelhecimento são:
Senescência: envelhecimento natural, provocado pela diminuição progressiva da reserva
funcional dos indivíduos; já com a senilidade, que é um envelhecimento patológico, é
provocado por sobrecargas como, por exemplo, doenças, acidentes e estresse emocional,
pode ocasionar uma condição patológica que requeira assistência. Cabe ressaltar que certas
alterações decorrentes do processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados pela
assimilação de um estilo de vida mais ativo.
Dois grandes erros devem ser continuamente evitados. O primeiro é considerar que
todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes de seu
envelhecimento natural,o que pode impedir a detecção precoce e o tratamento de certas
doenças e o segundo é tratar o envelhecimento natural como doença a partir da realização
de exames e tratamentos desnecessários,originários de sinais e sintomas que podem ser
facilmente explicados pela senescência.

O envelhecimento pode ser explicado por dois conceitos distintos:


1. Conceito Simplista: é o processo pelo qual o jovem se transforma em idoso.
2. Conceito Biológico: são fenômenos que levam à redução da capacidade de
adaptação a sobrecargas funcionais.
Com o envelhecimento, ocorre a homeostenose – declínio estimado em algumas
funções – e há uma maior vulnerabilidade à doenças como: infecções, doenças
cardiovasculares, neoplasias malignas, dentre outras.
De acordo com a cronologia, nos países em desenvolvimento o idoso é o indivíduo
que tem 60 anos de idade ou mais. E em países desenvolvidos, o indivíduo que tem 65 anos
de idade ou mais. Os indivíduos considerados muito idosos são aqueles que possuem 80/85
anos de idade ou mais. No entanto, com o intuito de permitir comparações mais diretas
entre países, a Organização Mundial da Saúde tem normatizado a idade de 65 anos para
pessoas provenientes tanto de países desenvolvidos como em países em desenvolvimento.
A capacidade funcional ao longo da vida vai reduzindo, na terceira idade é
importante manter independência e prevenir incapacidade, por isso, reabilitar e garantir
qualidade de vida. O processo natural de envelhecimento associado às doenças crônicas é o
responsável pela limitação do idoso.
Nesta fase da vida é importante focar sempre na prevenção, pois nem sempre o
indivíduo irá manifestar sintomas de doença, até o idoso aparentemente saudável requer
cuidados, pois as manifestações de doenças nos idosos são: atípicas, sub-clínicas, os
sintomas são inespecíficos e geralmente não relatados, o início é insidioso e é muito fácil
“perder” um diagnóstico. As principais ocorrências no idoso são: instabilidade,
incontinência, perca de dentes, alterações nos tecidos periodontais, imobilidade e
insuficiência cognitiva, instabilidade e quedas, delírio, demência e depressão.
Com relação a medicina geriátrica ou Geriatria, responsável por introduzir a
gerontologia como estudo técnico e científico, é entendida como ramo da medicina que
foca o estudo, na prevenção e o tratamento de doenças e da incapacidade em idades
avançadas. O termo deve ser distinto de gerontologia, que é o estudo do envelhecimento em
si. No que se refere a geriatria, é também formada do elemento grego géron, que significa
velho, e yatreia, que significa tratamento, sendo muito recente seu estudo na medicina,
ocorrendo pela primeira vez, em 1909, através do médico vienense, naturalizado
americano, Ignaz L. Nascher, sendo ao mesmo creditado o título de “pai da geriatria
moderna”. Fundou em 1912, a Sociedade de Geriatria de Nova York, e publicou o primeiro
livro sobre este tema, em 1917, com o título: “Geriatras”.
A diferença básica entre Gerontologia e geriatria, está com a primeira estudar o
idoso de uma forma geral, enquanto a geriatria se dedicar estritamente dos problemas
médicos do paciente. Ou seja, é definida como especialidade da medicina geral relacionada
com os aspectos clínicos, preventivos, terapêutico e social do paciente idoso.

4. Objetivos da Geriatria
O objetivo principal da geriatria, é buscar e manter a independência funcional do
paciente idoso. Tem também como objetivos específicos: Manutenção da Saúde em idades
avançadas, manutenção da funcionalidade de doenças, detecção e tratamento precoce,
máximo grau de independência, cuidado e apoio durante doenças terminais, tratamentos
seguros.

5. Prevenção de doenças nos idosos:


O seu planejamento para a prevenção de doenças nos idosos consiste em:
• Corrigir os hábitos deletérios (alimentação não balanceada, inatividade física,
tabagismo, obesidade, abuso de drogas);
• Induzir o idoso na prática da higienização, conservação e manutenção da saúde
bucal;
• Postergar diagnósticos e tratamento adequado das doenças;
• Usar medicamentos racionalmente (prescrição consciente, início e término, respeito
à orientação, uso x abuso, evitar auto-medicação, efeitos “mágicos”);
• Equilibrar os ambientes emocionais;
• Ampliar a rede de suporte social(rede de apoio);
• Não deixar que o idoso crie expectativas. Rejeitar a fantasia do “rejuvenescimento
ou da eterna juventude”;
• Estimular a prática de atividade física aeróbica, para o aumento de resistência, força
e flexibilidade, bem como unir os benefícios físicos aos sociais;
• Adequar o ambiente doméstico, diminuindo assim o risco de acidentes como quedas
e suas conseqüências, muitas vezes de prognóstico sombrio;
• Educar os cuidadores dos idosos dependentes, bem como reconhecer o seu
adoecimento;
• Estar atento aos sinais de maus tratos e denunciá-los;

6. Mudanças anatômicas, morfológicas e fisiológicas no idoso

O envelhecimento desfavorece o indivíduo provocando mudanças anatômicas,


fisiológicas e morfológicas. As principais destas características são: perda da cor natural da
pele, com hipertrofia das glândulas sudoríparas e dos folículos pilosos, diminuindo a
produção do suor. Quando o idoso pratica exercícios físicos geralmente tem dificuldades
para manter a temperatura corporal. Com relação a pele, esta, perde a elasticidade, com a
diminuição de colágeno, e perdas de fibras elásticas, provocando também desnutrição. Os
cabelos perdem a pigmentação, favorecendo ao aparecimento dos fios brancos.
Com a perda da massa muscular ocorre declínio progressivo da força e resistência
aeróbia. Com o aumento da idade, desenvolve também para o idoso, o aumento da massa
corporal, refletindo no acumulo de gordura. Os ossos mostram perda progressiva de
minerais, tornando-se vulneráveis a faturas, levando ainda o idoso, a enfermidades graves
como, osteoporose, e artrite.

7. A equipe multi e interdiscipinar em gerontologia


Apesar destas duas palavras serem frequentemente usadas como sinônimos, pelos
profissionais da área de saúde, existem diferenças consideradas básicas entre as duas.
Considerando apenas a equipe multidisciplinar, esta é formada por aqueles profissionais
que trabalham independentemente e interagem informalmente. São aqueles que fazem
avaliações de um mesmo paciente, mas necessariamente não se comunicam, ou possuem
quase ou nenhum contato. Com relação á aqueles profissionais que são considerados como
equipe interdisciplinar, está é formada por profissionais que trabalham interdependentes,
porem no mesmo local, além de interagir entre si, de forma formal ou informalmente.
As avaliações feitas por cada profissional de uma equipe interdisciplinar são
discutidas, de maneira sistemática, pela equipe, cuja composição vai depender da
necessidade do serviço, e pelos recursos disponíveis. Nesta equipe devem fazer parte para o
acompanhamento do paciente idoso, no mínimo, um médico, dentista, enfermeiro,
nutricionista, e um fisioterapeuta.

8. Referências Bibliográficas:
GUEDES, R. M. L. Motivação de idosos praticantes de atividades físicas. In: GUEDES, O.
C. (org.). Idoso, Esporte e Atividades Físicas. João Pessoa: Idéia; 2001.
-
PASCHOAL, S. M. P. Qualidade de vida do idoso: elaboração de um instrumento que
privilegia sua opinião. Dissertação de mestrado. Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, 2000.

RIKLI; R. E.; JONES, C. J. Teste de Aptidão Física para Idosos. São Paulo: Manole,
2008 .Cap 05, pág 100 – 182.

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