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1º Domingo Do Advento - Ano A

O 1º Domingo do Advento marca o início do tempo de preparação para o Natal, enfatizando a vigilância e a esperança na vinda do Senhor. As leituras de Isaías, Romanos e Mateus convocam os fiéis a se deixarem guiar pela luz de Deus, a estarem atentos aos sinais de sua presença e a viverem com honestidade e fé. Este período é um convite à conversão e à reflexão sobre a vida cristã em meio às mudanças sociais.

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1º Domingo Do Advento - Ano A

O 1º Domingo do Advento marca o início do tempo de preparação para o Natal, enfatizando a vigilância e a esperança na vinda do Senhor. As leituras de Isaías, Romanos e Mateus convocam os fiéis a se deixarem guiar pela luz de Deus, a estarem atentos aos sinais de sua presença e a viverem com honestidade e fé. Este período é um convite à conversão e à reflexão sobre a vida cristã em meio às mudanças sociais.

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1º DOMINGO DO ADVENTO
ANO A
27 de novembro de 2022
Leituras

Isaias 2,1-5: Deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.


Salmo 121/122,1-2.4-9: Vamos à casa do Senhor!
Romanos 13,11-14: Procedamos honestamente.
Mateus 24,37-44: Vós também ficai preparados.

FICAI ATENTOS PORQUE NÃO SABEIS EM QUE DIA VIRÁ O


SENHOR

1- PONTO DE PARTIDA

Domingo da vigilância. Primeira celebração do tempo do Advento, mais


centrada sobre a vinda definitiva do Senhor no fim dos tempos. Vem vindo aquele que
sempre vem, e a atitude fundamental é vigiar, é renovar nossos corações na mesma
esperança que animou, durante tantos séculos, a caminhada do povo de Deus.

Como comunidade cristã, iniciamos hoje nosso tempo de preparação para o


Natal. Chamamos esse tempo de Advento: tempo de espera, de expectativa, de
esperança. “Quando virá, Senhor, o dia?... Expectativa de que, afinal? A Palavra de
Deus proclamada no tempo do Advento vai nos dar a resposta.

Com a celebração do Advento, iniciamos não só um novo tempo litúrgico, mas


também um novo ano litúrgico. Somos convocados a percorrer com Jesus Cristo um
itinerário pascal. Nesse caminho, passamos pela espera ardente do Advento da
definitiva vinda do Senhor, pela divinização, encarnação e manifestação do Filho de
Deus em nossa humanidade, celebrada no Natal e na Epifania.

Hoje acendemos a primeira vela da coroa do Advento. Ela representa a luz que
vem iluminar-nos para percebermos, em nossa vida, os sinais da manifestação de Deus e
também enxergarmos o que nos afasta de seu caminho e, portanto, exige de nós
conversão. Ela é a luz do Senhor pela qual queremos nos deixar guiar.

2- REFLEXÃO BÍBLICA, EXEGÉTICA E LITÚRGICA

Contemplando os textos

Primeira leitura – Isaias 2,1-5. O anúncio profético de Isaías que escutamos na


liturgia de hoje é muito parecido com o que é descrito no livro do profeta Miquéias (Mq
4,1-3). Provavelmente esta dupla edição utiliza um texto escrito precedente – de autor
desconhecido – que já celebrava horizontes universalistas para o monte do Templo do
Senhor. Um tema que se tornará querido dos profetas de uma época de pós-exílio, muito
mais do que os de Isaías ou de Miquéias (Is 60,1-6; Zc 8,20-23).

Por ocasião da festa das Tendas, vendo o povo peregrinando para o Templo de
Jerusalém, o profeta Isaias, usando a imagem de uma romaria de todos os povos à
Jerusalém, anuncia um novo momento na vida das nações.
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Podemos notar temas proféticos importantíssimos. Entre vários temas, Jerusalém


como objeto e centro da esperança messiânica; o fim dos tempos, para que se espera a
vinda do Reino de Deus; neste Reino reunirão todos os povos, aflora aqui, o tema da
universalidade da salvação; este Reino se caracterizará pela paz messiânica; Deus
mesmo ensinará seus caminhos, isto é, o tema da interiorização da aliança com Deus e
da lei divina (cf. Is 11,6-9; 54,13; Jr 31,34; Jo 6,45); Deus será também, o juiz dos
povos e seu Reino um Reino de justiça.

O povo voltando para suas terras, transformarão suas armas de guerra em


instrumentos pacíficos de trabalho. Não mais recorrerão à violência para resolver
litígios, porque Deus será para sempre não somente o mestre dos povos, mas também
seu juiz supremo.

Estamos perante o primeiro de uma longa série de oráculos reunidos a partir de


Isaias, introduzidos pelo versículo inicial do texto de hoje. Nele se distinguem: o
anúncio da grandeza futura do monte, no qual se encontra o Templo do Senhor; depois,
a profissão de fé do povo, a sua peregrinação à procura de orientação da parte de Deus
de Jacó, que reside em Sião.

Note-se o aspecto ético-sapiencial do pedido: não se trata apenas de uma


expressão genérica de religiosidade. Temos aqui a implícita confissão de ter caminhado
por sendas que conduziram – como depois se comenta – às divisões, às opressões e à
guerra.

Salmo responsorial – Salmo 121/122,1-2.4-9. O Salmo 121/122 é um cântico


de peregrinação. É um cântico de Sião. Ou seja, este salmo celebra a cidade de
Jerusalém, centro de romarias e sede do poder judiciário. Trata-se de uma das
peregrinações anuais, quando Israel converge para o Templo de Jerusalém. Os dois
primeiros versículos reúnem os dois momentos capitais: quando o peregrino se põe a
caminho – “vamos” – e quando ele pisa os umbrais da cidade santa.

A peregrinação que sobe à cidade santa de Jerusalém, está descrita no salmo com
entusiasmo da profissão de fé e da invocação. O horizonte sobre o qual e pelo qual se
pedem a paz e o bem é expressamente menos universal, se confrontando com a primeira
leitura: no salmo são os orantes do povo de Deus que chegam de longe, dos países da
diáspora e da minoria, e a procurar a paz.

O rosto de Deus. Deus praticamente não age neste salmo. Fala-se da casa dele
(Templo, 1b) que sobem a Jerusalém para celebrar o nome dele (4b), seguindo um
costume de Israel. Deus, portanto, tem casa, nome e tribos. E tudo isso é celebrado em
Jerusalém, cidade que reúne o povo em torno de dois pólos importantes: a fé e a prática
da justiça.

Apesar disso, Deus não deixa de ser o aliado do povo. Escolhe uma cidade para
morar no meio dele, para festejar com Ele e para garantir uma sociedade justa,
característica ausente, por exemplo, no Egito, no tempo do êxodo.

Sentido cristológico. No tempo de Jesus, Jerusalém não era mais cidade da


justiça e da paz, nem o culto que aí celebrava era autêntico. Jesus se tornou o ponto de
encontro de todas as pessoas com Deus (Jo 1,14), e o Templo (ou templos) tem valor
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relativo, pois o corpo dele é o novo Templo. Mateus, por sua vez, o apresenta como
Mestre da Justiça (Mt 3,15), capaz de trazer uma justiça nova, superior à dos doutores
da Lei e fariseus (Mt 5,20). E essa justiça faz o Reino acontecer (Mt 6,33).

Sentido eclesiológico. A Igreja é a nova Jerusalém, baixada do céu e fundada


pelo Senhor (Ap 21); centro de peregrinação de todas as tribos da terra, que se
professam “tribos do Senhor”. O cristão nela busca e para ela invoca a paz. Mas a Igreja
terrestre é imagem e convite para a celeste: na Igreja os cristãos realizam a grande
peregrinação para a casa do Senhor nosso Deus.

Cantando este salmo neste domingo, manifestemos nossa alegria por essa
Palavra de consolação que nos foi anunciada e peçamos que o Senhor nos dê a sua paz.

R: Que alegria quando me disseram: “Vamos à casa do Senhor!”

Segunda leitura – Romanos 13,11-14. Paulo, nos últimos capítulos da Carta


aos Romanos, faz uma série de ensinamentos bem concretos sobre o amor entre os
irmãos e irmãs de uma mesma comunidade. O trecho que vamos escutar e acolher no
coração apresenta a razão fundamental desta atitude cristã.

O trecho da carta de São Paulo aos Romanos, que hoje lemos, nos convida a
quatro ações: despertar, nos desfazermos das trevas, vestir as armas da luz e proceder
honestamente. Esses quatro movimentos conduzem à conversão. A oposição trevas/luz
evidencia uma escolha a fazer. Despertar significa deixar toda sorte de acomodação,
superar a inércia, sacudir a passividade, tornar-se efetivamente discípulo missionário.

Na série exortativa da sua grande Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo traça
alguns itinerários da vida nova em Cristo. O pedido “ineludível” é que haja um
afastamento de uma mentalidade materialista: nas relações mútuas entre os cristãos e
também para com todas as pessoas. O critério fundamental seja, portanto, a
“honestidade de comportamento” da parte dos cristãos, “como em pleno dia!” (v. 13).

Como já no texto de Isaias da primeira leitura, também nesta passagem da Carta


aos Romanos o olhar está voltado para o futuro: para um dia que já está perto. Ele pede-
nos que “despertemos do nosso comodismo” (v. 11), para assumir um estilo de vida
inspirado no Evangelho de Jesus Cristo. Portanto, o cristão deve adaptar-se a uma
reviravolta na sua vida de cada dia.

Paulo prefere aqui uma simbologia muito freqüente na Bíblia: a contraposição


entre a luz e as trevas, entre o dia e a noite. Assim tinha começado a história do
Universo, o seu primeiro dia (Gn 1,3-5). Efetivamente – Paulo observa em outro lugar –
a nova relação com o Senhor, inaugurada por Cristo, constitui em reacender a luz de
Deus nas trevas da existência humana, acaba nas áreas opacas do pecado e da morte: “O
Deus que disse: “Do meio das trevas brilhe a luz!”, foi Ele mesmo que reluziu em
nossos corações para fazer brilhar o conhecimento da glória de Deus, que resplandece
na face de Cristo” (2Cor 4,6).

Evangelho – Mateus 24,37-44. Mateus dedica dois longos capítulos do seu


Evangelho (Mt 24-25) à recordação do discurso de Jesus a respeito dos últimos
acontecimentos da História, quer de Jerusalém (Mt 24,1-22), quer do mundo, com o
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regresso final do Filho do Homem (Mt 24,23-36). Derivam daí diversos apelos à
vigilância (Mt 24,37-25,30): antes, de mais nada, a página litúrgica de hoje com três
apelos precisos, sucessivamente com três parábolas. Como conclusão, lemos a
conhecida profecia ou parábola a respeito do juízo final dos “povos” (Mt 25,31-46). Por
conseguinte, mais um olhar sobre o futuro, mas desta vez dirigido para a conclusão do
tempo da Igreja (e de cada ser humano).

Jesus compara a sua geração com a do dilúvio. No Judaísmo os homens do


dilúvio eram vistos como os mais abomináveis de todas as gerações (cf. 1Pd 3,20).
Jesus, porém, não aponta uma lista de pecados e imoralidades para concretizar o
despreparo de uma geração, mas uma mentalidade que se só se preocupa com os
afazeres cotidianos como comer, beber e casar-se (v. 38). Reduziam a vida só a isso,
sem abertura nenhuma para os irmãos e nem para Deus.

Os contemporâneos de Noé não suspeitaram que a desgraça estava próxima;


continuando sua vidinha de sempre, não se incomodaram. Esta ignorância é perigosa:
morreram porque não souberam identificar os sinais. É preciso tomar cuidado com a
ignorância, ela é atrevida e arrogante. Só Noé soube identificar os sinais dos tempos e
agiu com sabedoria. Quando os outros acordaram já era tarde demais. Não
desconfiavam de nada e se acharam seguros na sua vidinha de cada dia, sem maiores
preocupações (cf. 1Tes 5,2-3) e sem procurar algo mais profundo, que vai além das
aparências. No caso dos dois lavradores e das mulheres (vv. 40-41) a sorte desigual.
Somente constata-se o fato da separação inesperada. Inesperada, porém, somente para
aqueles que não se importam com Deus, nem com os seus enviados (cf. Jr 6,9-21; Lucas
16,19-31) nem com os mandamentos de amar a Deus e ao próximo (cf. Mt 25,31-46).

Esta parábola da sorte desigual, isto é, dos dois lavradores e das duas mulheres,
mostra a diferença que existe nos corações de pessoas que aparentemente leva a mesma
vida e fazem o mesmo trabalho, sem que nada os diferencia externamente. Mas um é
salvo e o outro se perde, pois um já estava na luz e o outro vivia nas trevas (cf. Jo 3,19-
21). Para ser excluído não precisa ser grande pecador; basta ser indiferente, seguro de si
mesmo, materialista, prepotente que só cuida de si mesmo e não pensa nos outros (cf.
Lc 12,15-21; 16,19-31).

Não é difícil, no trecho do Evangelho proposto, distinguir os três apelos à


vigilância, fundamentados em acontecimentos da História bíblica e da experiência
humana.

O primeiro é construído mediante um apelo à história longínqua de Noé (que


está em Gn 6-8): os contemporâneos de Noé, diz Jesus, “nada perceberam”, não se
interessaram por nada daquilo que Noé lhes dizia. Por isso, a geração do dilúvio vivia
numa grande inconsciência espiritual.

Jesus relembra, depois, prováveis “provérbios espirituais” a respeito dos


acontecimentos imprevisíveis: porque é que todos são chamados a “vigiar” (o verbo
utilizado é o que se refere às tarefas dos servos de um senhor, ou dono de casa);
efetivamente, “não sabeis em que dia virá o vosso Senhor” (v. 42).

Finalmente, um texto parabólico tomado da vida quotidiana de um dono de casa


(vv. 43-44). Trata-se de uma imagem bíblica frequente: as imprevisíveis irrupções
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noturnas do ladrão, para dizer que “na hora, em que menos pensais virá o Filho do
Homem”. Portanto, estai preparados e na expectativa: não por medo do Senhor que
vem, mas para alimentar um espírito de serviço fiel em todos os momentos da vida.

Nesta celebração, respondemos à Palavra de nosso Deus com o Salmo 121(122).


Dizemos a ele que com alegria vamos a Jerusalém, cidade da paz e da justiça. Com
alegria vamos a Jesus, que hoje é nossa Jerusalém.

2- DA PALAVRA CELEBRADA PARA A VIDA

Neste domingo inicial do Tempo do Advento, a Liturgia da Palavra nos leva a


pensar sobre o que significa, no presente, estar vigilante, acolher o Senhor e seus
caminhos, cumprir seus preceitos, deixar-nos guiar pela luz, despertar.

Estamos inseridos numa sociedade em mudança. Vivemos mesmo uma mudança


de época. Neste contexto, temos a percorrer quatro semanas que nos preparam para
receber o Emanuel, Deus-Conosco, Deus entre nós.

Então vamos refletir sobre o que nos propõe a Liturgia da Palavra no concreto de
nossas vidas. Vejamos isso sob três perspectivas: a vigilância, o despertar e o deixar-se
guiar pela luz.

A vigilância representa estar atento aos sinais de Deus que se manifestam no dia
a dia. É ser comprometido com Jesus e com o Reino que ele veio anunciar. Por isso,
significa permanecer de prontidão e agir para impedir que os falsos valores suplantem
os valores evangélicos. É ter posições firmes e claras diante das sérias questões que
emergem em nossa sociedade, como a liberalização do aborto e da eutanásia a
corrupção desenfreada, o mau uso dos recursos naturais. É ter posições positivas como
defender a vida em todas as suas formas, resistir às grandes e pequenas desonestidades,
sentir-se responsável pela preservação da natureza. Sejamos como Noé, que se
preparou, agiu, e assim o dilúvio não conseguiu arrastá-lo.

O despertar representa acordar para os compromissos que somos chamados


como discípulos missionários. Acordar par seguir mais fielmente Jesus Cristo e
anunciar, sobretudo por nossa forma de vida, o Reino de amor e paz.

Deixar guiar-se pela luz representa que temos um caminho a percorrer; porém,
não estamos sós. Confiantes no Espírito que nos ilumina, urge nos desacomodarmos e
partirmos, pois se não partimos não chegamos a lugar algum. Nós sabemos, onde,
queremos chegar, mas por nossa fraqueza e imperfeição precisamos de um guia. A luz
que clareia o caminho é a Palavra de Deus. Deixar guiar-se pela luz é abandonar as
trevas. As trevas envolvem a atual sociedade sob a forma de guerras e violências (entre
nações e entre pessoas), de individualismo (cada um se fecha em si mesmo), de
incoerências (deixamos de praticar o que pregamos) e de muitos outros modos. Ao nos
deixarmos guiar pela luz, mostramos o desejo de construir uma sociedade em que
refulge a luminosidade sob a forma de paz (harmonia entre pessoas e nações), de
solidariedade (nos voltamos aos irmãos que de nós necessitam), de coerência (ter
atitudes que concordem com o que falamos) e de tantos outros modos possíveis.
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Relembramos as palavras da Mensagem da Conferência de Aparecida: “Diante


dos desafios que nos propõe esta nova época em que estamos imersos, renovamos nossa
fé, proclamando com alegria a todos os homens e mulheres do nosso continente: Somos
amados e remidos em Jesus, Filho de Deus, o Ressuscitado vivo no meio de nós; por ele
podemos ser livres do pecado, de toda escravidão, e viver em justiça e fraternidade”.

Pela encarnação de Jesus, recebemos “o chamado a ser discípulos missionários”


e isso “exige de nós uma decisão clara por Jesus e seu Evangelho, coerência entre a fé e
a vida, encarnação dos valores do Reino, inserção na comunidade, e ser sinal de
contradição e novidade em um mundo que promove o consumismo e desfigura os
valores que dignificam o ser humano” (Mensagem da Conferência de Aparecida).

Ser vigilante é também ser fiel: “a fidelidade a Jesus exige de nós combater os
males que causam dano ou destroem a vida” (Mensagem da Conferência de Aparecida).

3- A PALAVRA SE FEZ CARNE E SE FAZ CELEBRAÇÃO

As três vindas do Senhor

Estamos acostumados a falar na segunda vinda de Jesus, esquecemos de


considerar, em nossa espiritualidade e existência, uma outra vinda, a que São Bernardo
de Claraval chama de “intermediária” e que nos liga à primeira e à última, quando Deus
for tudo em todos, isto é, a terceira vinda.

A Oração do Dia deste primeiro domingo do Advento fala do encontro que


acontece entre o “Cristo que vem” e os fiéis que a Ele acorrem, portanto, consigo uma
vida justa, segundo seus preceitos: “acorrendo com nossas boas obras.” Falando desse
encontro no presente, seu fruto também se dá no “hoje” de nossa existência: tomar parte
na comunidade dos justos. Toda esta linguagem nos remete não para o cumprimento da
promessa de comunhão com Deus num futuro desconhecido, mas no “hoje” da nossa
existência, mediante o sinal eclesial: a Igreja.

Este encontro com o Senhor no “hoje” da nossa vida é o que se chama “vinda
intermediária”. Matias Auge fala das “vindas de Cristo” com muita clareza: “A liturgia
celebra a vinda epifânica do Senhor colocando em evidência as diversas fases em que
ela se desenvolve entre memória, presença e expectativa: a preparação profética do
Antigo Testamento; a vinda histórica do Senhor no seu nascimento e manifestação sobre
a terra; a realização mística desta vinda no presente da Igreja; e, finalmente, a última
vinda do Senhor, no fim dos tempos, chamada de escatológica”

Vem, Senhor Jesus!

No coração da Oração Eucarística, que a reforma litúrgica explicitou na


aclamação anamnética, a comunidade dos fiéis de pé entoa: “Anunciamos Senhor, a
vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.” Esta súplica
vem na linha de compreensão do pensamento patrístico a respeito do Advento do
Senhor, que afirma as duas vindas de Cristo e que associam cruz-presépio (primeira
vinda) a glória-fim dos tempos (segunda vinda). A aclamação memorial recorda este
acontecimento, ápice e fonte da vida cristã. Mas tal memória não nos remete a um
evento perdido no passado ou refém das nossas esperanças para o além-túmulo. Ela
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realiza sacramentalmente no seio da Igreja a vinda intermediária, na linguagem de São


Bernardo de Claraval. Vinda esta que precisa ser buscada, percebida, acolhida e
anunciada no “hoje” da nossa vida.

4- LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO EUCARÍSTICA

A Liturgia do 1º Domingo do Advento volta-se para a preparação da vinda de


Jesus: a celebração da vinda histórica (encarnação); a preparação para a vinda ao final
dos tempos (escatológica); a vivência da vinda de Jesus a nós no cotidiano de nossa
vida. Assim, na Oração da Coleta, rezamos “acorrendo com nossas boas obras ao
encontro de Cristo que vem, sejamos reunidos na comunidade dos justos”.

No Prefácio, lembramos que Jesus “veio realizar seu eterno plano de amor e
abrir-nos o caminho da salvação”, por isso pedimos após a comunhão: “Aproveite-nos,
ó Deus, a participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem a amar desde
agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não
passam”.

Na celebração eucarística, celebramos este mistério. Por isso dizemos:


“Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição”. “Vinde,
Senhor Jesus!”. Em outras palavras: “Apressai a realização do vosso Reino, Senhor!”. O
Cristo que vem... Na verdade Ele já veio, mas continua vindo.

Por isso, agradecidos entoamos no prefácio (Advento I) que o Senhor “revestido


da nossa fragilidade veio realizar seu eterno plano de amor, e abrir-nos o caminho da
salvação”. Vivendo as tensões do mundo ainda não totalmente redimido, Ele nos dá o
dom do seu Espírito para manter-nos vigilantes, capazes de levantar nossa cabeça.
Somos chamados a transformar um mundo que causa tanta insegurança nas pessoas.

Que nossa participação na Páscoa de Jesus, neste primeiro domingo de


preparação para o Natal, ajude-nos a andar por este mundo transitório de tal maneira
que, como peregrinos, abracemos o Reino que de fato nunca se acaba, eterno, e pelo
qual vale a pena investir tudo que temos. Como rezamos depois da comunhão:
“Aproveite-nos, ó Deus, a participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem
a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as
que não passam”.

Que Deus nos ajude na preparação para a vinda do Senhor! Amém!

5- ORIENTAÇÕES GERAIS

1. No ciclo do Natal, fazemos memória da manifestação do Senhor Jesus em sua


encarnação e em nossa história atual, enquanto aguardamos a sua nova vinda. O ciclo do
Natal engloba o tempo do Advento, as festas do Natal e o tempo do Natal.

2. A comunidade reunida é sinal da espera do Advento do Senhor. Dar atenção


especial aos ritos iniciais, cuja finalidade é de constituir a assembleia, formando o
Corpo vivo do Senhor. Fazer uma acolhida afetuosa às pessoas, reconhecendo em cada
uma delas a presença do Senhor que chega entre nós.
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3. Como tempo especial de escuta e atenção à Palavra de Deus, dar destaque


especial a todo o rito da Palavra. Cuidar de preparar bem a proclamação dos vários
textos bíblicos, da homilia, do canto do salmo.

4. Escolher com cuidado os cantos de modo que a assembleia cante o mistério de


Cristo, celebrado neste tempo de espera vigilante. As equipes de canto não devem
colocar o seu gosto pessoal, é um direito da assembleia cantar o mistério celebrado. O
Hinário Litúrgico I, da CNBB, oferece ótimas sugestões, assim como o Ofício Divino
das Comunidades, onde encontramos salmo, hinos e refrões. Existe um CD publicado
pela Paulus com as músicas do Hinário adequadas para este Ano C: o volume “Liturgia
VII”.

5. Os instrumentos musicais (órgãos, violão, teclado e outros) sejam usados com


moderação, conveniente ao caráter próprio deste tempo, de modo a não antecipar a
plena alegria do Natal do Senhor. O mesmo vale para as ornamentações com flores:
discrição, comedimento, expressando o tempo de espera por algo bom que vai chegar.

6- MÚSICA RITUAL

O canto é parte necessária e integrante da liturgia. Não é algo que vem de fora
para animar ou enfeitar a liturgia. Por isso devemos cantar a liturgia e não cantar na
liturgia. Os cantos e músicas, executados com atitude espiritual e, condizentes com
cada domingo do Advento, ajudam a comunidade a penetrar no mistério celebrado.
Portanto, não basta só saber que os cantos são do Tempo do Advento, é preciso executá-
los com atitude espiritual. A escolha dos cantos deve ser cuidadosa, para que a
comunidade tenha o direito de cantar o mistério celebrado. Jamais os cantos devem ser
escolhidos para satisfazer o ego de um grupo ou de um movimento ou de uma pastoral.
Não devemos esquecer que toda liturgia é uma celebração da Igreja corpo de Cristo e
não de um grupo, de uma pastoral ou de um movimento.

1- Canto de abertura. (Sl 25/24,1-3) Vem, Senhor, nos salvar... a ti Senhor,


elevo a minha alma”. “Eis que de longe vem o Senhor”, CD Liturgia IV, faixa 6.

A Igreja oferece também outras opões: “A justiça de Deus vem em nós ter
morada”, CD: O Mistério em Canto, faixa 1; “Ouve-se na terra um grito..., CD: Liturgia
IV, faixa 1; “Vem, Senhor nos salvar..., Salmo 145/156, CD: Liturgia IV, Advento –
Ano A, faixa 9 ou Hinário Litúrgico I, página 10; “O Senhor virá libertar o seu povo...”
Ofício Divino das Comunidades, página 295.

A função do canto de abertura, inserido nos ritos iniciais, cumpre antes de tudo o
papel de criar comunhão. Seu mérito é de convocar a assembleia e, pela fusão das
vozes, juntar os corações no encontro com o Ressuscitado, na certeza de que onde dois
ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles (Mt 18,20). Este
canto tem que deixar a assembleia num estado de ânimo apropriado para a escuta da
Palavra de Deus.

2- Canto para o acendimento das velas da Coroa do Advento

- Acendimento Solene da Coroa do Advento:


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Alguém se aproxima da coroa, trazendo uma pequenina chama ou uma vela


pequena acesa (evitem-se os fósforos que criam ruído, apagam-se facilmente,
enfraquecendo a ação simbólica, do ponto de vista exterior, o que acarreta na
assembleia dispersão e impaciência). Depois de acesa a primeira vela, cantar este refrão
que está no CD: Cristo Clarão do Pai, melodia da faixa 2, Paulus. Se a equipe de canto
não tiver o CD, é só entrar no Google que, encontra-se a música e também a partitura.

Acendamos a lamparina, acendamos a lamparina (Ascendamos a primeira vela)


Sentinela a vigiar:
logo o Senhor virá, logo o Senhor virá.
Deus-Conosco: luz a brilhar. Deus-Conosco: luz a brilhar!

Sugestão: pode-se substituir lamparina por vela: “Acendamos a primeira vela”.

Outra opção é o refrão: A luz virá. A luz vira, e resplandecerá um novo dia (bis)

4. Terminada esta ação ritual, dirige-se para a Mesa do Altar e do Ambão para
acender as velas que ladeiam tais peças.

Ver CD: Cristo Clarão do Pai, faixa 2, Paulus

3. Ato Penitencial. Ver e fórmula própria do Missal para o Tempo do Advento.

4. Salmo responsorial 121/122. A alegria de subir à casa do Senhor. “Que


alegria, quando ouvi que me disseram: ‘Vamos à casa do Senhor.’ CD: Liturgia IV,
faixa 2 ou CD: Cantando os Salmos – Ano A, Volume 1, faixa 1 – Paulus.

Para a Liturgia da Palavra ser mais rica e proveitosa, há séculos um salmo tem
sido cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada. Ele
reaviva o diálogo da Aliança entre Deus e seu povo, estreita os laços de amor e
fidelidade. A tradicional execução do Salmo responsorial é dialogal: o povo responde
com um refrão aos versos do Salmo, cantados um ou uma salmista. Deve ser cantado da
mesa da Palavra.

5. O canto ritual do Aleluia. “Mostra tua misericórdia e dá a tua salvação” (Sl


84/85, 8. “Aleluia, aleluia... Vem mostrar-nos, ó Senhor...”, CD: Liturgia IV, faixa 2.

Esta forma responsorial só é completa, quando o versículo bíblico é cantado,


pois, caso contrário, a resposta não tem seu verdadeiro efeito somente com o refrão. Por
ser diferente do Salmo Responsorial, o verso é uma citação do Evangelho que se segue.

Esta aclamação é quase sempre “ALELUIA” (menos nas missas da Quaresma


por seu um tempo penitencial). É uma aclamação pascal a Cristo que é o Verbo de
Deus. É um vibrante viva Deus. Os versos que acompanham o refrão devem ser tirados
do Lecionário.

6- Canto para a resposta das preces

R: Vem, vem, Senhor Jesus, vem,/ Vem, bem-amado Senhor! (bis); Hinário
Litúrgico I, página 88-89.
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7. Apresentação dos dons. Devemos tornar oferenda com as nossas oferendas


do pão e do vinho. É importante lembrar às comunidades a Coleta para a Evangelização
que nos chama a ser solidários. Esta Campanha é, na Igreja do Brasil, uma resposta
firme e significativa de todos aqueles que acreditam e assumem a responsabilidade
evangelizadora. “A nossa oferta apresentamos no altar e te pedimos: vem, Senhor, nos
libertar”, CD: Liturgia IV, faixa 4. Outra opção é o canto “Pão e vinho apresentamos
com louvor..., do Pe. José Weber.

8. Canto de comunhão. Deus dá a bênção, nós os frutos (Sl 84/85,13). “Vigiai,


vigiai, eu vos digo”, CD: Liturgia IV, faixa 5, articulado com o Salmo 84/85. Este canto
retoma o Evangelho na comunhão de maneira autêntica.

O Missal Romano oferece a seguinte explicação: “...entoa-se o cântico de


comunhão, que deve exprimir, através da unidade das vozes, a união espiritual dos
comungantes, manifestar a alegria do coração e dar um sentido mais fraterno à procissão
daqueles que vão receber o Corpo de Cristo. O cântico inicia-se no momento da
comunhão do sacerdote e prolonga-se o tempo que for oportuno, enquanto os fiéis
comungam o Corpo de Cristo” (IGMR, 74). O Missal oferece muita flexibilidade na
organização da comunhão, não diz que se deve cansar a assembleia com muitos cantos.
Também não tem sentido depois que os fiéis comungarem, continuar executando o
canto até a última estrofe cansando a assembleia. É uma regra de bom senso.

9. Canto de louvor a Deus após a comunhão: Durante o Tempo do Advento


omite-se este canto.

7- ESPAÇO CELEBRATIVO

1. Durante o tempo do Advento, como já é costume, tem destaque a Coroa do


Advento. Evite-se utilizar flores e materiais artificiais e espalhafatosos, muitas vezes
típicos da linguagem comercial: pisca-pisca, festões, Papai Noel, etc. Fiel à sua origem,
a Coroa do Advento é confeccionada apenas com galhos verdes em forma circular,
símbolo do eterno que mergulha e se deixa entrever no tempo. A nossa exagerada
criatividade fez a coroa tomar outras formas e, consequentemente, perder seu sentido.
As quatro velas acesas uma a cada domingo, de forma crescente, anunciam que a Luz
vence as Trevas. Proclamam o porvir da Páscoa do Natal. A Coroa pode ser colocada
próximo ao altar ou da mesa da Palavra. Era um costume judaico celebrar a vinda da luz
na Humanidade. As quatro velas simbolizam a Humanidade dispersa pelos “quatro
pontos cardeais e os quatro domingos do Advento.

2. A respeito do uso do data-show nas celebrações, a CNBB orienta que deve ser
colocado somente os cantos, produções de imagens para a homilia e avisos. Não se deve
colocar as leituras bíblicas e nem a Oração Eucarística para que não seja ofuscado as
duas peças principais do espaço celebrativo que é o altar da ceia e a mesa da Palavra.

8. AÇÃO RITUAL

Neste tempo em que se celebra a manifestação do Verbo na história humana, é


interessante que se dê importância ao Evangeliário e também à imagem ou ícone de
Nossa Senhora, Mãe do Senhor e imagem da Igreja fiel á Palavra de Deus.
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Ritos Iniciais

1. A celebração tem início com a reunião da comunidade cristã (IGMR 25.27). O


canto de abertura começa tendo em conta essa realidade eclesial, e vai introduzir a
assembleia no Mistério celebrado.

2. É importante não exagerar nos elementos dos Ritos Iniciais, para que
transpareça seu caráter preparatório, introdutório e de exórdio, conforme indica o IRMR
n. 46. Em se tratando, ainda, de um tempo preparatório, em que é própria a reserva
simbólica (omitem-se o Glória e o uso de flores é bem moderado), aproveite-se para
“despojar” os Ritos Iniciais, deixando-os mais simples. Pode-se escolher como elemento
a ser valorizado a “saudação inicial” que progressivamente, forneça à assembleia aquela
frutuosa compreensão do que se celebra neste tempo. Para o Primeiro Domingo, poderia
ser usada a seguinte fórmula, inspirada na saudação apostólica de Paulo e em sua ação
de graças a Deus, 2Coríntios 1,2-3:

“A vós, irmãos e irmãs, que esperais vigilantes a manifestação do Deus da Vida,


graça e Paz da parte de Deus, o Pai das misericórdias e Senhor de toda
consolação, esteja convosco”.

3. Com a intenção de exprimir o sentido da Coroa do Advento e de recuperar o


seu sentido original e litúrgico, sugerimos que, a cada Domingo, nos ritos iniciais,
depois do sinal da cruz, da saudação do presidente e da recordação da vida, antes de dar
o sentido litúrgico, acende-se solenemente cada vela da coroa com a seguinte oração de
benção, dentro do rito proposto. Lembre-se que as velas não são símbolo, mas a luz que
elas irradiam, sim. Portanto, a cor das velas não interfere no significado da Coroa do
Advento, podendo, pois, utilizar quatro velas brancas.

- Acendimento Solene da Coroa do Advento:


Alguém se aproxima da coroa, trazendo uma pequenina chama ou uma vela
pequena acesa (evitem-se os fósforos que criam ruído, apagam-se facilmente,
enfraquecendo a ação simbólica, do ponto de vista exterior, o que acarreta na
assembleia dispersão e impaciência). Depois de acesa a primeira vela, cantar este refrão
que está no CD: Cristo Clarão do Pai, melodia da faixa 2, Paulus. Se a equipe de canto
não tiver o CD, é só entrar no Google que encontra-se a música e também a partitura.

Acendamos a lamparina, acendamos a lamparina (Ascendamos a primeira vela)


Sentinela a vigiar:
logo o Senhor virá, logo o Senhor virá.
Deus-Conosco: luz a brilhar. Deus-Conosco: luz a brilhar!

Sugestão: pode-se substituir lamparina por vela: “Acendamos a primeira vela”.

4. Terminada esta ação ritual, dirige-se para a Mesa do Altar e do Ambão para
acender as velas que ladeiam tais peças.

5. Essa ação ritual pode ser usada nos quatro domingos do Advento.

6. Em seguida, dar o sentido litúrgico da celebração. O Missal deixa claro que o


sentido litúrgico da celebração pode ser feito pelo presidente, pelo diácono um leigo/a
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devidamente preparado (Missal Romano página 390). O sentido litúrgico pode ser
proposto, através das seguintes palavras, ou outras semelhantes:

Domingo da vigilância. Neste Primeiro Domingo do Advento contemplamos


sobre a vinda definitiva do Senhor no fim dos tempos. Vem vindo aquele que
sempre vem, e a atitude fundamental é vigiar, é renovar nossos corações para
não ser pego de surpresa.

7. Ato penitencial. Não se trata de Rito penitencial, mas Ato penitencial. O Ato
penitencial é concluído pela absolvição do presidente, absolvição que, contudo, não
possui a eficácia do Sacramento da Penitência. Por confissão geral, se entende não a
descrição de pecados, mas da condição pecadora do fiel, no sentido de evidenciar aquela
humildade de que fala o Evangelho. Não é para pedir perdão dos pecados, mas para
reconhecer-se pecador e dignos da Mesa do Senhor. É para tornar a assembleia atenta ao
apelo de Jesus que diz: “Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1,15) e para obedecer
à ordem de reconciliar os irmãos antes de apresentar a oferenda (Mt 5,24), que a Igreja
celebra a penitência ao iniciar sua celebração. Seria interessante que seja cantado.

8. Neste tempo preparatório, em que a conversão é uma dimensão muito


enfatizada, pode-se realizar o Ato Penitencial sob a segunda formula, diálogo com os
versículos sálmicos:

Tende compaixão de nós, Senhor.


Todos: Porque somos pecadores.
Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia.
Todos: E dai-nos a vossa salvação.

Deus Todo-Poderoso tenha compaixão de nós...

9. Outra opção para o Ato penitencial neste Primeiro Domingo do Advento é a


fórmula n. 1 do Missal Romano página 395 que destaca o Advento escatológico.

10. Na Oração do Dia, suplicamos a Deus “o ardente desejo de possuir o reino


celeste, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro de Cristo que vem...”. Mais
uma vez, consideramos a oração do dia, na qual se suplica a Deus que os fiéis acorram a
Cristo como portadores de boas obras. Segundo essa breve, suave e profunda prece a
qual nos introduzimos na oração litúrgica neste Primeiro Domingo do Advento, as boas
obras são fruto do ardente desejo de possuir o Reinado de Deus. O que a Igreja tem por
intenção com essa oração é alimentar, em nós, a vontade pelo Reino de Deus, que se
exprime em obras de justiça.

Rito da Palavra

1. Antes da Primeira Leitura, cante-se o refrão meditativo preparando o coração da


assembleia para acolher a Palavra:

Refrão meditativo. “Atentos ficai”, CD: A Palavra se fez carne, melodia da faixa 1.

ATENTOS FICAI, ATENTOS FICAI,


POIS O FILHO DO HOMEM VIRÁ!
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ATENTOS FICAI, ATENTOS FICAI,


ELE VEM PARA VOS SALVAR.
(cf. Mt 24,37-44)

2. Destacar a procissão com o Evangeliário do Altar para a Mesa da Palavra.

3. Deixar sempre uns instantes de silêncio após cada leitura e também após a
homilia, para um diálogo orante de amor e compromisso da comunidade com o Senhor.

4. Se a celebração for à tardinha ou à noite, durante a aclamação e proclamação


do Evangelho, além das duas lanternas que acompanha a procissão do Evangeliário,
onde for possível toda a assembleia ou um grupo de pessoas pode ter velas acesas nas
mãos, expressando a atitude de vigilância que o Advento nos pede. A leitura do
Evangelho pode ser feita num tom solene de grande proclamação. A frase mais
importante é: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.”

5. A resposta das preces poderá ser cantada e expressar desejo e expectativa,


retomando o clamor das comunidades do Apocalipse: “Vem, Senhor Jesus!” Por
exemplo: “Vem, vem, Senhor Jesus, vem,/ Vem, bem-amado Senhor!” Hinário
Litúrgico I, página 88-89. Se a equipe de canto não conhecer a música, pode-se
simplesmente responder: Vem, Senhor Jesus.

6. Outra opção, é no momento das preces, cantar ou recitar a Ladainha do


Advento, substituindo-se as fórmulas convencionais, de todos os domingos. Esta
sugestão vale para todos os domingos do Advento.

Oh, Senhor... Aleluia! Sabedoria... Aleluia!


Vem, Messias... Vem, Senhor Jesus! Vem, nos renova... Vem, Senhor Jesus!
Oh, Justiça... Aleluia! Nosso desejo... Aleluia!
Mora entre nós... Vem, Senhor Jesus! Nosso anseio... Vem, Senhor Jesus!
Misericórdia... Aleluia! Oh prometido... Aleluia!
Vive entre nós... Vem, Senhor Jesus! Nosso Messias... Vem, Senhor Jesus!
Nossa força... Aleluia! Oh Esperado... Aleluia!
Dentro de nós... Vem, Senhor Jesus! Luz das nações... Vem, Senhor Jesus!
Liberdade... Aleluia! Luz das trevas... Aleluia!
Salva teu povo... Vem, Senhor Jesus! Ressuscitado... Vem, Senhor Jesus!
Nossa cura... Aleluia! Senhor da Glória... Aleluia!
Tira a dor... Vem, Senhor Jesus! Oh Desejado... Vem, Senhor Jesus!
Oh conforto... Aleluia! Oh Amado... Aleluia!
Dá esperança... Vem, Senhor Jesus! Entre nós... Vem, Senhor Jesus!
Nossa alegria... Aleluia! Dentro de nós... Aleluia!
Nos preencha... Vem, Senhor Jesus!

Rito da Eucaristia

1. A preparação dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão com
que o pão e o vinho são trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas,
bendiz-se a Deus pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa, o vinho.
Evitar chamar este momento de “ofertório”, pois ele acontece após a narrativa da ceia
(consagração).
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2. Na Oração sobre o pão e o vinho suplicamos a Deus que receba nossas


oferendas escolhidas torne-se prêmio da redenção eterna. É preciso saber receber para
oferecer: transformação dos dons em redenção.

3. Escolher o Prefácio Advento I, que contempla as duas vindas de Cristo.


Seguindo esta lógica, cujo embolismo reza: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a
primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação.
Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os
bens prometidos que hoje, vigilantes esperamos”. O grifo no texto identifica aqueles
elementos em maior consonância com o Mistério celebrado neste Domingo e que pode
ser aproveitado na celebração, ao modo de mistagogia. Nas missas do Advento e em
todas as outras, desde o primeiro domingo até 16 de dezembro, exceto nas Missas com
prefácio próprio.

4. No momento do convite à comunhão, quando se apresenta o Pão consagrado e


o cálice com o sangue de Cristo, é muito oportuno o texto bíblico de João 8,12, que é a
fórmula “b” do Missal Romano:

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz
da vida”.

5. Fazer o sagrado silêncio após a comunhão. Reservar à comunidade celebrante


instantes de silêncio.

Ritos finais

1. Na oração depois da comunhão suplicamos ao Senhor que a participação nos


mistérios divinos, nos ajudem a amar na terra as realidades celestes.

2. Na página 519, o Missal Romano propõe o formulário da bênção solene do Advento.

3. As palavras do rito de envio podem estar em consonância com o mistério


celebrado: “Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor”. Ide em paz e
que o Senhor vos acompanhe.

4. O Tempo do Advento é muito oportuno para aprofundar e exercitar a piedade


mariana, dando-lhes os contornos da espiritualidade do Advento que é da memória e
expectativa a respeito da manifestação do Verbo de Deus no seio do mundo.

5. É comum além, de entrar em procissão no início da celebração guiados pela


cruz, também retirar-se do espaço sagrado em procissão, igualmente guiados pela cruz.

9- REDESCOBRINDO O MISSAL ROMANO

1. Até o dia 16, inclusive, não se permitem as Missas para diversas


circunstâncias, votivas ou cotidianas pelos defuntos, a não ser que a utilidade pastoral o
exija (IGMR nº 333). Mas podem celebrar as Missas das memórias que ocorrem, ou dos
Santos inscritos no Martiriológio nos respectivos dias (IGMR, nº 316b).

10- CONSIDERAÇÕES FINAIS


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A expectativa da vinda do Senhor é um motivo para viver na alegria. Alegria,


porque ela nos liberta por uma libertação interior. Esta nos faz sair do nosso comodismo
e nos põe de prontidão para enfrentarmos corajosamente as grandes lutas por um mundo
melhor. Agindo assim, caminharemos juntos para uma Vida Futura, onde o nosso
encontro com Cristo não será de surpresa e de espanto, mas de alegre expectativa de
podermos chegar à Casa do Pai e de ouvir dos lábios de Jesus o convite final: “Venham
vocês que são abençoados por meu Pai! Venham e recebam o Reino que foi preparado
por meu Pai, desde a criação do mundo” (Mt 25,34).

O objetivo da Igreja é ajudar os padres e as comunidades de nossa diocese e


todas aquelas outras comunidades fora de nossa diocese que acessar nosso site celebrar
melhor o mistério pascal de Cristo.

Um abraço fraterno a todos


Pe. Benedito Mazeti

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