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Apontamentos-Descartes Word

René Descartes, filósofo racionalista do século XVII, propôs que a razão é a fonte principal do conhecimento, utilizando um método que inclui a dúvida metódica para alcançar verdades claras e distintas. Ele argumentou a favor da existência de Deus como garantia da verdade e desenvolveu a ideia de que a dúvida leva à certeza do 'penso, logo existo'. A filosofia cartesiana é estruturada em torno de três substâncias: res cogitans (pensamento), res extensa (corpo) e res divina (Deus), estabelecendo uma base para o conhecimento científico e a moral.

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René Descartes, filósofo racionalista do século XVII, propôs que a razão é a fonte principal do conhecimento, utilizando um método que inclui a dúvida metódica para alcançar verdades claras e distintas. Ele argumentou a favor da existência de Deus como garantia da verdade e desenvolveu a ideia de que a dúvida leva à certeza do 'penso, logo existo'. A filosofia cartesiana é estruturada em torno de três substâncias: res cogitans (pensamento), res extensa (corpo) e res divina (Deus), estabelecendo uma base para o conhecimento científico e a moral.

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APONTAMENTOS DE FILOSOFIA ANO: 11º

René Descartes, filósofo moderno, foi um racionalista francês do século XVII,


considerou a razão como fonte principal do
conhecimento. Devidamente guiada pelo
método, a razão poderá alcançar princípios
evidentes, claros e distintos independentemente
da experiência.
Só encontrando esses fundamentos é que seria
possível superar os argumentos dos céticos
radicais, para os quais o conhecimento não era
possível. Em última instância, Descartes
procurou superar os argumentos dos céticos.
Para Descartes a filosofia seria como uma árvore, na qual a metafísica forma a
raiz, a física o tronco e as diversas ciências os galhos, sendo que o mais alto grau de
sabedoria estaria na moral, que pressupõe conhecimento das diversas ciências, sendo
as principais a ética, a mecânica e a medicina.

Nota: a Metafísica é uma das disciplinas da Filosofia que busca o conhecimento da


essência das coisas. Concretamente, isso significa que a metafísica clássica ocupa-se
das de questões, tais como: há um sentido último para a existência do mundo? A
organização do mundo é necessariamente essa com que deparamos, ou seriam
possíveis outros mundos? Existe um Deus? Se existe, como podemos conhecê-lo?
Existe algo como um "espírito"? Há uma diferença fundamental entre mente e
matéria? Os seres humanos são dotados de almas imortais? São dotados de livre-
arbítrio?
O método- Descartes segue um método inspirado na matemática, dado que as
proposições matemáticas assumem um caráter evidente, universal e necessário.

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Tomando como ponto de partida a universalidade da razão, da qual todos os homens
participam, Descartes identifica no intelecto (entendimento), em sua pureza, duas
faculdades essenciais:
a intuição, ato de apreensão direta e imediata de noções simples, evidentes e
indubitáveis-, e a dedução, pela qual podemos descobrir conjuntos de verdades
ordenadas racionalmente, refere-se ao encadeamento dessas intuições, pelo que
envolve um movimento do pensamento, dos princípios evidentes até às
consequências necessárias.
AS 4 REGRAS DO MÉTODO

1. Regra da evidência: devemos evitar todas as prevenções (conjuntos de


preconceitos) e precipitação, para acolher apenas ideias claras e distintas, de modo a
excluir toda a possibilidade de dúvida (ceticismo metodológico e não radical – recorre
a um método em que a razão é a fonte do conhecimento.

2. Regra da análise: devemos dividir nossos problemas no maior número possível de


partes, para melhor resolvê-los.

3. Regra da síntese: devemos distinguir entre as verdades mais simples,


independentes e absolutas, das verdades mais complexas, condicionadas e relativas.

4. Regra da enumeração/revisão: devemos selecionar exclusivamente o que for


necessário e suficiente para a solução de um problema. Deve-se fazer sempre
enumerações tão completas e revisões tão gerais que tivesse a certeza de nada ter
omitido.

O ponto de partida de Descartes é uma crítica radical a todo o saber humano, por
meio do exercício voluntário, metódico e provisório da dúvida, pela qual
suspendemos o juízo acerca de tudo que desperta em nós a menor suspeita de
incerteza.
CARATERÍSTICAS DA DÚVIDA
-A dúvida é: »metódica (faz parte de um método (meio) que procura o conhecimento
verdadeiro);
»provisória (é temporária, isto é, pretende-se ultrapassá-la e chegar à verdade);
»hiperbólica (exagerada propositadamente, para que nada lhe escape);

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»universal (aplica-se a todo o conhecimento em geral);
»radical (incide sobre os fundamentos, as bases de todo o conhecimento).
»uma suspensão do juízo (ao duvidar evitam-se os erros e os enganos);
»catártica (purifica e liberta a mente de falsos conhecimentos);
»um exercício voluntário e autónomo (não é imposta, é uma iniciativa pessoal);
»uma prova rigorosa (nada será aceite como verdadeiro sem ser posto em dúvida);
»um exame rigoroso (que afasta tudo que possa ser minimamente duvidoso).

ASPETOS POSITIVOS DA TEORIA CARTESIANA


- É considerado o Pai da Filosofia Moderna, é um autor rico e fecundo em sugestões
filosóficas que refletem as ânsias daquele tempo.
- Emancipou-se, de certa forma, do pensamento da antiguidade e da idade média.
Durante o período medieval, o poder político era concebido como presente divino e
os teólogos elaboraram as suas teorias políticas baseadas nas escrituras sagradas e no
direito romano.
- Pelo seu radicalismo do conhecimento caraterizou-se no séc. XVII e contribuiu para
disciplinar o próprio pensamento, imprimindo um certo rigor no filosofar.
- O seu Cogito chamou à atenção da importância do papel do sujeito no
conhecimento.
- Cultivou a Filosofia e as coisas naturais - a Física e a Matemática, assim contribuiu
para o saber porque quebrou a barreira entre a Filosofia e Matemática.
NÍVEIS DA DÚVIDA
-Descartes vai aplicar a dúvida a tudo que possa causar incerteza, nomeadamente:
1»as informações dos sentidos:
Descartes rejeita um dos fundamentos do saber tradicional, de inspiração
aristotélica: a convicção de que o conhecimento começará com a experiência, com as
informações dos sentidos. Os sentidos enganam-nos acerca das qualidades ou
propriedades das coisas e nada mais. São incapazes de fornecer um verdadeiro
conhecimento das coisas, pois as qualidades que delas captam não só são erradas,
como não podem, dado o seu caráter sensível, corresponder à natureza ou essência
das coisas.
2»as nossas opiniões, crenças e juízos precipitados: por vezes, os homens
enganam-se a raciocinar.
3»as realidades físicas e corpóreas e, duma maneira geral, tudo que julgamos real:

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dada a impossibilidade de distinguir de forma absolutamente nítida o sonho da
realidade, todas as coisas sensíveis, inclusive o corpo do sujeito que duvida são alvo
de desconfiança e, hiperbolicamente, aquilo de que se suspeita é declarado falso
porque como diz a primeira regra do método só o absoluta e totalmente indubitável
é verdadeiro e real: excessivamente devemos dizer que não são objetos reais, não
existem realmente ou verdadeiramente.
Descartes inventa um argumento engenhoso que se baseia na impossibilidade de
encontrar um critério absolutamente convincente que nos permita distinguir o sonho
da realidade. Há acontecimentos que vividos durante o sonho são vividos com tanta
intensidade como quando estamos acordados. Descartes afirma: «vejo
manifestamente que não há nenhuns indícios certos por onde possamos distinguir a
vigília do sono, que fico estupefacto. E o meu assombro é tal que é quase capaz de me
persuadir que durmo»
Se assim é, não havendo uma maneira clara de diferenciar o sonho da realidade, pode
surgir a suspeita de que aquilo que consideramos real não passe de um sonho.
4»os conhecimentos matemáticos;
5»também Deus é submetido à prova rigorosa da dúvida, uma vez que Descartes
coloca a hipótese de Deus poder ser enganador ou um génio do mal.
O argumento que vai abalar a confiança depositada nas noções e demonstrações
matemáticas baseia-se numa hipótese ou numa suposição: a de que Deus que
supostamente me criou, criando ao mesmo tempo o meu entendimento, sendo um
ser omnipotente (capaz de tudo) pode fazer tudo mesmo aquilo que eu acho incrível.
O facto de Deus (cuja existência é suposta, é uma hipótese) ser omnipotente e me ter
criado leva-me a suspeitar (por pouco que seja e por fantasioso que pareça) de que
Deus ao criar o meu entendimento, ao «depositar» nele as «verdades» matemáticas,
pode tê-lo criado «virado do avesso» sem disso me informar. Ou seja, logo à partida
o meu entendimento pode estar radicalmente pervertido, tomando por verdadeiro o
que é falso e por falso o que é verdadeiro (por isso se diz «virado do avesso»,
pervertido). Deus pode ter posto na minha mente conhecimentos que eu considero
verdadeiros quando no fundo podem ser falsos, porque ele sendo omnipotente
(capaz de tudo) pode ter-me enganado. Podendo fazer tudo, Deus pode ter baralhado
as evidências, levando-me a considerar real e verdadeiro o que pode ser ilusório e
falso. A hipótese de um Deus enganador capaz de tudo porque omnipotente, por mais
«metafísica» e vaga que seja é suficiente para abalar radicalmente a certeza que
sentíamos acerca da validade do nosso entendimento e das suas operações e
produtos.

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O COGITO (PENSO, LOGO, EXISTO)
-A dúvida irá conduzir a razão a uma primeira verdade incontestável.
-Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da existência daquele que
duvida.
-A dúvida é um acto do pensamento e não pode acontecer sem um autor.
-Chegamos então à primeira verdade: «penso, logo, existo» (cogito ergo sum).
-Toda a mente humana sabe de forma clara e distinta que, para duvidar, tem que
existir.
-A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da clareza e distinção.
-A verdade «eu penso, logo, existo» é uma evidência. Trata-se de um conhecimento
claro e distinto que irá servir de modelo para todas as verdades que a razão possa
alcançar.
-Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exercício da razão e não dos
sentidos.
-Descartes mostrou que a razão, só por si, é capaz de produzir conhecimentos
verdadeiros, pois ela alcançou uma verdade inquestionável.
-Mas apesar da razão ter chegado ao conhecimento verdadeiro, ainda não está
excluída a hipótese do Deus enganador.
-Descartes considera fundamental demonstrar a existência de Deus, um Deus que
traga segurança e seja garantia das verdades.

-Descartes considera que termos a perceção que existimos não chega para a
fundamentação do conhecimento.
-Para Descartes, é essencial descobrir a causa de o nosso pensamento funcionar como
funciona e explicar a causa da existência do sujeito pensante.
-Descartes parte das ideias que estão presentes no sujeito para provar a existência de
Deus.
-As ideias que qualquer indivíduo possui são de três tipos: adventícias, factícias e
inatas.
-Uma das ideias inatas que todos nós temos na mente é a ideia de perfeição. É esta
ideia que Descartes vai usar como ponto de partida para as provas da existência de
Deus.

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TIPOS DE IDEIAS

Adventícias são aquelas que nos chegam a partir dos sentidos. Ex: ideias de
barco, copo, cão…
Factícias são provenientes da nossa imaginação, uma combinação de
imagens fornecidas pelos sentidos e retidas na memória cuja
combinação nos permite representar (imaginar) coisas que
nunca vimos, por exemplo: sereias, duendes, centauro,
dragão…

Inatas os homens possuem ideias inatas, ideias que, nascidas


connosco, são como que a marca do criador no ser criado à sua
imagem e semelhança. Estas ideias inatas, claras e distintas,
não são inventadas por nós mas produzidas pelo entendimento
sem recurso à experiência. Elas subsistem no nosso ser, em
algum lugar profundo da nossa mente, e somos nós que temos
liberdade de as pensar ou não. Representam as essências
verdadeiras, imutáveis e
eternas, razão pela qual servem de fundamento a todo o saber
científico.

Ex: ideias de pensamento, existência, ideias matemáticas…

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS- Argumento ontológico


-Descartes apresenta três provas:
»1ª prova: o ser humano tem a ideia inata de Deus perfeito, logo tem de existir. Não
é possível conceber Deus como perfeição e não existente. (Argumento Ontológico)
»2ª prova: a causa da ideia de perfeição não pode ser o ser pensante porque este é
imperfeito. A ideia de perfeição só pode ter sido criada por algo perfeito, Deus.
(Argumento da marca impressa).
»3ª prova: o ser pensante não pode ter sido o criador de si próprio, pois se tivesse
sido ter-se-ia criado perfeito. Só a perfeição divina pode ter sido a criadora do ser
imperfeito e finito que é o homem e de toda a realidade.

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A IMPORTÂNCIA DE DEUS NO SISTEMA CARTESIANO E A QUESTÃO DOS ERROS DO
SER HUMANO

-Deus, sendo perfeito, não pode ser enganador. Enquanto perfeição, Deus é garantia
da verdade das nossas ideias claras e distintas (por exemplo: 2+2=4 ou «penso, logo,
existo»).
-Se Deus é perfeito e criador do homem e da realidade, então é também o criador das
verdades incontestáveis e o fundamento da certeza.
-Segundo Descartes, é Deus que garante a adequação entre o pensamento evidente
(verdadeiro) e a realidade, conferindo assim validade ao conhecimento.

-Deus é a perfeição, ou seja, é o bem, a virtude, a eternidade, logo, não poderá ser o
autor do mal nem responsável pelos nossos erros.

-Se Deus não existisse e não fosse perfeito, não teríamos a garantia da verdade dos
conhecimentos produzidos pela razão, nem teríamos a garantia de que um
pensamento claro e distinto corresponde a uma evidência, isto é, a uma verdade
incontestável. Se Deus não é enganador, então as nossas evidências racionais são
absolutamente verdadeiras.

-Se Deus não existisse, para Descartes, seria «o caos» e nunca poderíamos ter a
garantia do funcionamento coerente da nossa razão nem ter noção de como se tornou
possível a nossa existência.

Teoria do Erro
De acordo com a teoria cartesiana, Deus é importante na construção do edifício do
saber;
Deus não é responsável pela causa dos nossos erros.
Existe precipitação da vontade, um mau uso da liberdade – o sujeito dá o seu
consentimento a juízos (formulados pelo entendimento) que não são evidentes.
-Os erros do ser humano resultam de um uso descontrolado da vontade, quando esta
se sobrepõe à razão.

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AS 3 SUBSTÂNCIAS: RES COGITANS, RES EXTENSA E RES DIVINA
Provada a existência de Deus, Descartes irá provar a existência do corpo e das coisas
exteriores em geral, apoiado na certeza de que Deus não o engana. Afirma ter ideias
claras e distintas de três tipos de substâncias:

Substância Pensamento- Descartes apreende por intuição a certeza do


Pensante "cogito, ergo sum", isto é, do "penso, logo existo". Descartes
(res cogitans) sabe que existe, mas interroga-se no sentido se saber que
coisa é. Dado que a evidência de que existe lhe é garantida
pelo ato de duvidar e de pensar, ele considera ser apenas
uma substância que pensa. Não tendo ainda nada que lhe
garanta a existência do corpo, Descartes define-se
essencialmente como uma substância pensante, um
pensamento, uma razão, uma alma, ou um espírito.

Substância Divina Vários atributos, todos eles numa perfeição infinita


(res divina)
Substância extensa Descartes averigua se não poderão existir outras coisas para
(res extensa) além de si e de Deus. Mais uma vez, Deus é invocado como
garantia da evidência, pois se possuímos a ideia clara e
distinta de extensão (comprimento, largura e altura), ela terá
de corresponder à realidade. Fica provada a existência do
corpo e das coisas em geral.
Deste modo, o ser humano constitui uma unidade de duas
substâncias: a unidade da alma (a substância pensante) e do
corpo (substância extensa).

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CRÍTICAS

1. Crítica ao argumento da ilusão


Apesar de os sentidos serem falíveis e podermos cometer erros no que respeita à
visão de objetos à distância, existem observações das quais não podemos duvidar
seriamente. Quer isto dizer que existem graus de certeza, e não podemos considerar
todas as observações da mesma maneira. Por exemplo, dificilmente poderei duvidar
que estou sentado neste momento a escrever este texto.
2. Distinção entre sonho e realidade
A hipótese de que poderei estar sempre a sonhar é igualmente muito discutível. Não
faz sentido dizer que toda a minha vida é um sonho. Se eu estivesse sempre a sonhar
não teria qualquer noção de sonho.
3. Falácia da circularidade: a existência de Deus
Trata-se de raciocinar em círculo: para saber que as ideias claras e distintas são
verdadeiras tenho de saber primeiro que Deus existe, mas para saber que Deus
existe tenho de ter primeiro a ideia clara e distinta da sua existência.
4. Refere que é possível chegar a um conhecimento certo e verdadeiro.

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