Cadima 2000 Manual de Avaliação de Recursos Pesqueiros...
Cadima 2000 Manual de Avaliação de Recursos Pesqueiros...
DOCUMENTO
TÉCNICO
derecursospesqueiros SOBREAS
PESCAS
393
FAO
MANUAL DE DOCUMENTO
AVALIAÇÃO DE TÉCNICO
SOBRE AS
RECURSOS PESQUEIROS PESCAS
393
por
Emygdio L. Cadima
Consultor
FAO – Departamento
de Pesca DANIDA
Organização
das
Nações Unidas
para a
Alimentação
ea
Agricultura
Roma, 2000
PREPARAÇÃO DESTE DOCUMENTO
O autor Emygdio Cadima, foi cientista da FAO no Serviço de Recursos M arinhos até 1974,
ano em que regressou ao Instituto de Investigação das Pescas e do M ar (IPIM AR) em Portugal
tendo sido também Professor da Universidade do Algarve até 1997. Actualmente encontra-se
aposentado. Realizou em finais de 1997 um Curso de Avaliação de Recursos Pesqueiros no
IPIM AR que serviu de base para a preparação deste manual que lhe foi solicitado e que conta
com o apoio do Projecto FAO/DANIDA GCP/INT/575/DEN.
Este manual tem por base notas e apontamentos de cursos de Avaliação de Recursos
Pesqueiros realizados em diversos locais do mundo, em especial na Europa, America Latina e
África. Nestes cursos colaboraram activamente cientistas pesqueiros de todo o mundo, em
especial portugueses, que também são co-responsáveis pela orientação, pelos temas dados e
muito particularmente pela elaboração dos exercícios e pelo trabalho editorial.
Distribuição:
DANIDA
Institutos de Educação Pesqueira
Institutos de Investigação M arinha
Organizações Nacionais e Internacionais
Interessadas
Universidades
Departamento da Pesca da FAO
iii
Cadima, E.L.
M anual de avaliação de recursos pesqueiros
FAO Documento Técnico sobre as Pescas. No. 393. Roma, FAO. 2000. 162p.
RES UMO
O manual é apresentado na ordem em que foi leccionado ao longo do último curso no IPIM AR
(Novembro/Dezembro de 1997). Começa por uma introdução aos modelos matemáticos
aplicados à avaliação dos recursos pesqueiros e por considerações sobre a importância das
pescas. Em seguida evidencia-se a necessidade da gestão racional dos recursos pesqueiros,
indispensável para uma exploração adequada, garantindo-se a sua conservação. As suposições
básicas de um modelo e os conceitos de diferentes taxas de variação de uma característica em
relação ao tempo (ou a outras características) são apresentadas, salientando-se os aspectos
mais importantes dos modelos linear simples e exponencial que serão largamente utilizados nos
capítulos seguintes. Após algumas considerações sobre o conceito de coorte, desenvolvem-se
modelos para a evolução no tempo do número e do peso dos indivíduos que compõem a
coorte, incluindo modelos para o crescimento individual da coorte. No capítulo sobre o estudo
do manancial define-se padrão de pesca e seus componentes, apresentam-se os modelos mais
usados para a relação manancial-recrutamento, bem como as projecções de um manancial a
curto e a longo prazo. No que respeita à gestão dos recursos pesqueiros, discutem-se os
pontos de referência biológica (pontos alvos, pontos limites e pontos de precaução) e medidas
de regulamentação das pescarias. O último capítulo da apresentação e discussão de modelos
teóricos de avaliação de recursos pesqueiros, trata dos modelos de produção (também
designados por modelos de produção geral) e das projecções de capturas e biomassas a longo e
a curto prazo. Finalmente descrevem-se os métodos gerais de estimação de parâmetros e
apresentam-se alguns métodos de estimação dos parâmetros mais importantes, com relevância
para as análises de coortes por idades e por comprimentos. Apresentam-se à continução os
enunciados dos exercícios resolvidos no último curso leccionado no IPIM AR, pelo autor e pela
investigadora M anuela Azevedo, com uma solução possível.
iv
AOS PRIMEIROS MESTRES E SAUDOSOS AMIGOS DE SEMPRE
Ray Beverton
John Gulland
Gunnar Sætersdal
PREFÁCIO
Este trabalho é essencialmente orientado para apresentar uma introdução aos modelos
matemáticos aplicados à avaliação dos recursos pesqueiros.
Há vários tipos de cursos sobre os métodos utilizados na avaliação dos recursos pesqueiros.
Salientam-se os seguintes dois tipos:
Um primeiro tipo considera como aspecto principal do curso a sua aplicação prática, incluindo
o uso de programas de computadores. Os aspectos teóricos são referidos e tratados como
complementares.
Um segundo tipo preocupa-se principalmente com os aspectos teóricos dos modelos que são
mais usados na avaliação. A aplicação prática é considerada como parte complementar que
facilita a compreensão dos assuntos teóricos tratados.
Neste trabalho adoptou-se o segundo tipo de curso para o qual se prepararam fichas de
exercícios que se destinam a ser resolvidas com uma folha de cálculo: a folha de cálculo usada
foi o Excel do Windows. O índice indica as fichas de exercícios correspondentes a cada tema.
Este manual resulta de uma série de cursos de Avaliação de Recursos Pesqueiros realizados em
diversos locais entre os quais se mencionam, em Portugal, o Instituto de Investigação das
Pescas e do M ar - IPIM AR (ex-INIP) de Lisboa, a Faculdade de Ciências de Lisboa, a
Universidade do Algarve e o Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar do Porto.
Destacam-se ainda os cursos realizados no Instituto de Investigação das Pescas de Cabo Verde,
no Centro de Investigação Pesqueira de Angola, no Instituto de Investigação das Pescas de
M oçambique, no Centro de Investigação Pesqueira - CIP de Cuba, no Instituto do M ar e da
Pesca - IM ARPE do Perú, no Instituto Espanhol de Oceanografia - IEO (Vigo e M álaga), e a
colaboração em cursos realizados em vários países e organizados pela FAO, pela SIDA
(Suécia), pela NORAD (Noruega) e ainda pela ICCAT.
Nestes cursos colaboraram activamente outros cientistas pesqueiros portugueses que também
são co-responsáveis pela orientação, pelos temas dados e muito particularmente pela
elaboração das fichas de exercícios e pelo trabalho editorial. Deste modo aqui fica a lista
provisória, estabelecida sem nenhum critério particular, dos colaboradores a quem se expressa
v
o agradecimento e o reconhecimento: Ana M aria Caramelo, M anuel Afonso Dias, Pedro Conte
de Barros, M anuela Azevedo Lebre, Raúl Coyula, Renato Guevara.
vi
ÍNDICE
Pag.
Glossário de termos técnicos usados no manual xi
Referências Bibliográficas xvii
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 Importância das pescas 1
1.2 Gestão dos recursos pesqueiros 1
1.3 Investigação dos recursos pesqueiros 3
1.4 Avaliação dos recursos pesqueiros 3
2. MODELOS E TAXAS 5
2.1 M odelos 5
2.2 Taxas 7
2.3 M odelo linear simples 11
2.4 M odelo exponencial 14
3. COORTE 17
3.1 Coorte – Introdução 17
3.2 Evolução em número de uma coorte, num intervalo de tempo 18
3.3 Captura em número num intervalo de tempo 22
3.4 Crescimento individual 24
3.5 Biomassa e captura em peso, no intervalo T i 31
3.6 Coorte durante toda a vida explorável 32
3.7 Simplificação de Beverton & Holt 34
4. MANANCIAL 37
4.1 M anancial durante um ano 37
4.2 Padrão de pesca durante um ano 40
4.3 Projecções do manancial a curto prazo (CP) 41
4.4 Projecções do manancial a longo prazo (LP) 41
4.5 Relação manancial-recrutamento (S-R) 45
viii
ÍNDICE
Pag.
5.2 Pontos alvo de referência biológica (Fmax, F0.1 e Fmed) 55
5.3 Pontos limite de referência biológica (Bloss, M BAL, Fcrash e Floss) 62
5.4 Pontos de referência de precaução - Fpa, Bpa 63
5.5 M edidas de regulamentação das pescarias 64
6. MODELOS DE PRODUÇÃO 67
6.1 Suposição básica sobre a evolução da biomassa de um manancial não-
explorado 67
6.2 M anancial explorado 67
6.3 Aproximação da taxa instantânea, tir(Bt), pela taxa média, tmr( Bi ) no
intervalo T i 68
6.4 Projecções a longo prazo (LP) – Condições de equilíbrio 69
6.5 Índices de biomassa e de nível de pesca 69
6.6 Pontos-alvos de referência biológica (TRP) 70
6.7 Tipos de modelos de produção 71
6.8 Projecções a curto prazo (CP) 77
7. ES TIMAÇÃO DE PARÂMETROS 83
7.1 Regressão linear simples - M étodo dos mínimos quadrados 83
7.2 M odelo linear generalizado - Regressão linear múltipla - M étodo dos
mínimos quadrados 86
7.3 M odelo não-linear - M étodo de Gauss-Newton - M étodo dos mínimos
quadrados 89
7.4 Estimação de parâmetros de crescimento 93
7.5 Estimação de M - coeficiente de mortalidade natural 94
7.6 Estimação de Z - coeficiente de mortalidade total 97
7.7 Estimação dos parâmetros da relação manancial-recrutamento (S-R) 103
7.8 Estimação da matriz [F] e da matriz [N] – Análise de coortes - AC e LCA 104
8. EXERCÍCIOS 113
8.1 Revisão M atemática 113
8.2 Taxas 115
8.3 M odelo linear simples 116
8.4 M odelo exponencial 117
8.5 Coorte - Evolução em número 118
ix
8.6 Coorte - Captura em número 119
8.7 Crescimento individual em comprimento e peso 121
8.8 Coorte durante toda a vida - biomassa e captura em peso 124
8.9 Coorte durante a vida - Simplificação de Beverton & Holt 126
8.10 M anancial - Projecções a curto prazo 127
ÍNDICE
Pag.
8.11 M anancial - Projecções a longo prazo 129
8.12 Relação manancial-recrutamento 131
8.13 Fmax 132
8.14 F0.1 133
8.15 Fmed 134
8.16 M BAL e Bloss 136
8.17 Floss e Fcrash 137
8.18 M odelos de produção (equilíbrio) - Schaefer 139
8.19 M odelos de produção (equilíbrio) – Indices de abundância e de nivel 140
de pesca
8.20 M odelos de produção – Projecção a curto prazo 142
8.21 Regressão linear simples - Estimação dos parâmetros da relação W-L
e parâmetros de crescimento (Ford-Walford), Gulland e Holt e
Stamatopoulos e Caddy) 143
8.22 M odelo linear múltiplo - Revisão de matrizes - Estimação dos parâmetros
do modelo integrado de Fox (IFOX) 145
8.23 Regressão não linear - Estimação dos parâmetros de crescimento e da
relação S – R (método de Gauss-Newton) 148
8.24 Estimação de M 149
8.25 Estimação de Z 151
8.26 Análise de coortes por idades (AC) 153
8.27 Análise de coortes por comprimentos (LCA) 157
8.28 Exame- Parte escrita (Lisboa, Dez. 1997) 159
x
GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS USADOS NO MANUAL
xii
Modelos de produção - M odelos que consideram a biomassa do manancial na sua globalidade,
i.e., não tomam em consideração a estrutura do manancial por idades ou tamanhos.
Estes modelos só se aplicam a análises que considerem mudanças do nível de pesca e,
portanto, não permitem analisar os efeitos nas capturas e biomassas de mudanças do
padrão relativo de exploração.
Modelos estruturais - M odelos que consideram a estrutura do manancial por idades ou
tamanhos. Estes modelos permitem analisar os efeitos nas capturas e biomassas, de
mudanças do nível de pesca e também do padrão relativo de exploração.
Nível Mínimo Aceitável de Biomassa (MBAL) - Ponto Limite de Referência Biológica
indicando um nível de biomassa desovante abaixo do qual as biomassas observadas
durante um período de anos são reduzidas e os recrutamentos associados são menores
do que o recrutamento médio ou mediano .
Número de indivíduos de uma coorte ou do manancial (N) - Número de indivíduos
sobreviventes num certo instante ou intervalo de tempo.
Número total de mortos (D) - Número total de indivíduos que morrem durante um dado
período de tempo .
Padrão de exploração de uma arte (s) - Fracção de indivíduos de um dado tamanho
disponível à arte que é capturada. Também é designado por Selectividade ou
recrutamento parcial.
Ponto de precaução de Referência Biológica (PaRP) - Pontos de referência biológica,
estabelecido de acordo com o princípio de precaução e indicando níveis de biomassa
(Bpa) e de pesca (Fpa), no que respeita à garantia de reprodução do manancial tendo em
vista a conservação dos recursos e à determinação da captura possível. Salienta-se que a
apresentação das suposições e métodos usados para a determinação dos PaRPs é
indispensável.
Ponto de Referência Biológica (PRB) - É um valor, normalmente de F ou de B, destinado à
gestão de uma pescaria, tomando em consideração a melhor captura possível e/ou
assegurando a conservação do recurso pesqueiro. Há PRB estabelecidos com base nas
projecções a longo prazo (LP), PRBs estabelecidos com base nos valores observados
durante um certo período de anos e PRBs estabelecidos com base nos dois critérios
anteriores. Os PRBs podem ser Pontos-alvos (TRP), Pontos-Limites (LRP), e Pontos-
de precaução (PaRP). Neste manual são referidos os seguintes pontos de referência
biológica: Fmax, F0.1, Falto, Fmed, FMSY, Floss, Fcrash, Bmax, B0.1, Bmed, BMSY, Bloss, MBAL.
Outros pontos de referência biológica que são usados para a gestão, tal como, F30% SPR,
não são mencionados neste manual.
Ponto-Alvo de Referência Biológica (TRP) - Ponto de referência biológica indicando
objectivos ou alvos), a longo prazo, para a gestão de uma pescaria, tomando em
consideração a melhor captura possível e assegurando a conservação do recurso.
xiv
Ponto-Limite de Referência Biológica (LRP) - Ponto de referência biológica indicando
limites para a exploração pesqueira, no que respeita à garantia da auto-reprodução do
manancial, visando assim a conservação do recurso.
xv
Princípio de precaução - Este princípio estabelece que lacunas de informação não justificam a
ausência de medidas de gestão. Pelo contrário, o estabelecimento de medidas de gestão
torna-se mais imperativo tendo em vista a conservação dos recursos. Salienta-se que a
apresentação das suposições e métodos usados para a determinação da base científica
das medidas de gestão é indispensável.
Quota (Q) - Cada uma das fracções em que o TAC foi repartido.
Quota Individual (QI) - Quota atribuída a uma embarcação.
Quotas Individuais Transferíveis (ITQ) - Sistema de gestão de pescarias caracterizado por
se venderem, em leilão, as quotas individuais, i.e., quotas anuais de pesca de cada
embarcação.
Recrutamento à fase explorável (R) - Número de indivíduos de um manancial, que em cada
ano entram pela primeira vez na área da pescaria.
Recrutamento parcial - (vide Padrão relativo de exploração)
S electividade - (vide Padrão relativo de exploração)
S tock - (vide M anancial).
Taxa anual de S obrevivência (S ) - Taxa média anual de sobrevivência dos indivíduos de uma
coorte durante um ano e relativamente ao número inicial.
Taxa de Exploração (E) - Razão entre o número de indivíduos que são capturados e o número
de indivíduos que morrem, num certo período de tempo, i.e., E = C/D.
Taxa instantânea absoluta de variação de y, tia(y) - Velocidade da variação da função y(x),
no instante x.
Taxa instantânea de mortalidade natural (M) ou Coeficiente de mortalidade natural -
Taxa instantânea relativa da variação do número de sobreviventes que morrem devido a
todas as causas excepto as devidas à pesca.
Taxa instantânea de mortalidade por pesca (F) ou Coeficiente de mortalidade por pesca
- Taxa instantânea relativa da variação do número de sobreviventes que morrem devido
à pesca .
Taxa Instantânea de mortalidade total (Z) ou Coeficiente de mortalidade total - Taxa
instantânea relativa da variação do número de sobreviventes que morrem devido a todas
as causas. Z, F e M estão relacionados pela seguinte expressão: Z=F+M .
Taxa instantânea relativa de variação de y, tir(y) - Velocidade da variação da função y(x)
relativa ao valor de y no instante x.
Taxa intrínseca de crescimento da biomassa (r) - Constante dos modelos de Produção que
representa a taxa instantânea de diminuição da função H(K)-H(B), onde B é a biomassa,
H(B) é um função da biomassa total (frequentemente função-potência, incluindo a
função logarítmica que se pode considerar como uma função limite da potência) e k é a
capacidade de sustento do meio ambiente. Alguns modelos introduzem mais um
xvi
parâmetro, p, que serve para obter uma relação geral que inclua as relações mais comuns
.
Taxa média absoluta de variação de y, tma(y) - Velocidade média da variação da função
y(x), durante um certo intervalo de x.
Taxa média relativa de variação de y, tmr(y) - Velocidade média da variação da função y(x)
relativa a um valor de y, durante um certo intervalo de x.
Total Autorizado de Captura (TAC) - M edida de gestão que limita o total de captura anual
de um recurso pesqueiro visando limitar indirectamente a mortalidade por pesca O
TAC pode ser repartido por Quotas (Q) usando critérios diferentes tais como países,
regiões, frotas ou embarcações.
SÍMBOLOS
xvii
S ímbolos Indicativos de:
xviii
S ímbolos Indicativos de:
xix
SUBSCRITOS
As características deste glossário aparecem normalmente com indíces e, por isso, considerou-se
necessário apresentar os significados desses subscritos.
xx
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Walford, L.A. (1946). A new graphic method of describing the growth of animals. Biol. Bull.
Mar. Biol. Lab. Woods Hole, 90: 141-147.
xxiv
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
Um outro aspecto que torna os recursos pesqueiros importantes é o seu carácter auto-
renovável. Isto significa que se um recurso pesqueiro, ou qualquer outro recurso biológico
auto-renovável, for bem gerido a sua duração é praticamente ilimitada, ao contrário do que
sucede com os recursos minerais.
Em particular, no caso de Portugal pode afirmar-se que a contribuição da pesca para o PIB é
inferior 1.5%. No entanto, no âmbito da alimentação, por exemplo, o valor anual de 60 kg
por habitante, de consumo de pescado, é um valor elevado, só ultrapassado pelas capitações de
pescado da Islândia, do Japão e de algumas pequenas nações insulares. Considere-se ainda que
40% das proteinas necessárias provêm da pesca, o que corresponde a 15% das despesas com a
alimentação da população portuguesa.
Do ponto de vista social, estima-se que existam actualmente 34 000 pescadores em Portugal.
Sabendo-se que cada posto de trabalho no mar gera 4 a 5 postos de trabalho em terra (na
indústria de conservas, congelados e farinhas, na comercialização, na administração, na
investigação e formação, etc) pode dizer-se que trabalham nos vários sectores a montante e a
juzante da pesca em Portugal, cerca de 150 000 portugueses. Donde não ser exagerado afirmar
que cerca de meio milhão de portugueses dependem das actividades da pesca, considerando a
unidade familiar com um mínimo de 3 pessoas.
1
• M aior lucro (diferença entre valor da captura e custos da exploração)
• M ais divisas
• M ais emprego, etc.
Comunidade também pode significar:
• A população do mundo
• A Comunidade Europeia (CE)
• Um país
• Uma região
• Grupos de interesses (pescadores, armadores, consumidores,...)
Possível
Lembra que não se deve esquecer o carácter auto-renovável dos recursos pesqueiros e,
portanto, que é indispensável garantir a conservação do recurso pesqueiro de modo a que o
princípio geral se possa aplicar durante um longo período de anos. Esta afirmação significa que
conservar só por conservar os vários elementos de um ecosistema dando igual importância a
todos esses elementos não é uma atitude racional.
2
Artes
INVESTIGAÇÃO DAS PESCAS Transf ormação
Legislação
Aspect os ec onómicos
et c
Fontes de dados :
Bases de Dados
Apoio directo à Pesca comercial
EXPLORAÇÃO
(es tatí sticas comerciais de
captura, rendimento e
Análise de dados e
esforço de pesca) estimaç ão de parâmetros
Amostragem biológica
dos desembarques Modelos de
(e/ou capturas) Avaliaç ão
Amostragem biológica
dos mananciais
Conclusões
Dados ambientai s
Out ros
3
• Estimar efeitos a Curto a a Longo Prazo nas capturas e nos mananciais de diferentes
estratégias de exploração pesqueira.
c) Realizar as análises
4
Recurso com pouca informação
Comentários
1. A ausência de informação pode impedir certas projecções mas não impede outros tipos de
análises.
2. O princípio de precaução obriga a realizar estimações (ainda que grosseiras) como será
referido adiante.
5
CAPÍTULO 2 - MODELOS E TAXAS
2.1 MODELOS
A ciência constrói modelos ou teorias para explicar fenómenos. Observam-se os fenómenos e
procuram-se relações, causas e explicações. As observações são realizadas sobre a evolução de
grandezas (características) com o tempo (ou com outras características) e tomando em
consideração possíveis causas (factores).
Suposições básicas
• simplificam a realidade
• devem ser simples e “tratáveis” matematicamente
• não podem ser contraditórias
• não se demonstram
• estabelecem-se sobre características
As suposições básicas, normalmente, referem-se à evolução das características e, assim, são
estabelecidas sobre as taxas de variação dessas características.
Relações (propriedades)
• são deduzidas das suposições básicas, ou de relações deduzidas anteriormente pelas
leis da lógica (matemática). As propriedades também são designadas por:
Verificação
• os resultados do modelo devem ser coerentes (concordar) com a realidade
5
Aperfeiçoamento
• se os resultados não concordam com a realidade há que alterar as suposições básicas
• se a concordância é aproximada há que ver se a aproximação é suficiente ou não
• a alteração das suposições básicas pode ser apenas “alargar o âmbito” da realidade que
serviu de base às suposições para as adaptar à nova realidade sobre a qual se pretende
aplicar o modelo.
Vantagens
• é mais simples analisar as propriedades do modelo do que a realidade
• resultados úteis na prática
• possibilidade de analisar situações ou cenários diferentes
• fazer salientar o essencial dos fenómenos e suas causas
• possibilidade de aperfeiçoamento
Modelos de Produção
Os modelos de produção também são designados por modelos de Produção Geral, modelos
Globais, modelos Sintéticos ou ainda modelos do tipo Lotka-Volterra. Estes modelos
consideram o manancial na sua globalidade, em particular a abundância total (em peso ou em
número) e estudam a sua evolução, os efeitos do esforço de pesca, etc. Não consideram a
estrutura por idades ou por tamanhos do manancial.
Modelos Estruturais
Estes modelos consideram a estrutura do manancial por idades e a evolução dessa estrutura
com o tempo. M as, principalmente, reconhecem que o manancial num determinado período de
tempo é composto por indivíduos de diferentes coortes, e portanto de diferentes idades e
tamanhos. Deste modo permitem análises e previsões do que pode acontecer ao manancial e às
capturas, acompanhando a evolução das diferentes coortes que o compõem.
Neste manual não se seguirá o caminho histórico na construção dos modelos. Julgou-se mais
conveniente discutir primeiramente os Modelos Estruturais e posteriormente analisar os
Modelos de Produção.
6
2.2 TAXAS
Figura 2.1 Evolução do comprimento (L) de um indivíduo com o tempo (ou idade) (t)
Sejam:
yi = valor de y quando x = xi
7
A taxa média absoluta, tma(y), da variação de y no intervalo ∆xi será:
∆y i
tma(y ) =
∆x i
Graficamente:
∆y i
declive da secante = = tma(y) durante ∆xi
∆ xi
Nota: tma(y) é conhecida na física como velocidade média de variação de y com x, no
intervalo ∆xi .
dy
tia(y )x= x i =
dx x = xi
Graficamente:
8
Figura 2.4 Taxa instantânea absoluta de y no ponto xi
Propriedades
1. Dada tia(y) o cálculo da função y obtém-se, por integração, sendo
y = f(x) + Constante, onde f(x) = Primitiva de tia(y) e Constante é a constante de
integração.
2. O ângulo que a tangente à curva y faz com o eixo dos xx’s é designado por inclinação.
y = Constante+ const . x ou
y = y* + const.(x-x*) e vice-versa
9
2.2.3 TAXA MÉDIA RELATIVA - TMR(Y)
Considere y uma função de x e o intervalo (xi , xi+1)
Sejam:
∆xi = xi+1- xi = tamanho do intervalo
yi = valor de y quando x = xi
yi+1 = valor de y quando x = xi+1
tmr (y ) =
1 yi
⋅ ou
yi * xi
1
tmr( y ) = ⋅ tma( y )
yi *
Comentários
1. tmr(y) está associada com a taxa média de variação percentual de y em relação à média
y*, isto é,
y
∆ i
y *
i
∆x i
3. Convém, então, designar por y central i no intervalo (xi , xi+1) o valor de y quando
x = x centrali
10
4. É frequente calcular tmr(y) relativamente a y central do intervalo.
i
11
2.2.4 TAXA INSTANTÂNEA RELATIVA - TIR(Y)
1 dy tia(y ) x = x
tir(y ) = ⋅ ou i
y i dx x= x yi
i
Propriedades
1. Dado tir(y), o cálculo da função y obtém-se por integração, sendo y = f(x) + Constante,
onde f(x) = Primitiva de tir(y) e Constante é a constante de integração.
*
y = y * .e const .(x − x ) e vice-versa.
Seja y = f (x )
12
Suposição básica do modelo
tia(y ) = Constante = b no intervalo (x i , x i+1 ) com ∆xi = xi+1 – xi
Condição inicial
x = xi ⇒ y = yi
Propriedades
1. Expressão geral y = y i + b ⋅ (x − x i ) ; y = a + bx
y cum i = ∆x i ⋅ [y i + b ⋅ (x i − x i )]
y cum
yi = i = y i + b ⋅ (x i − x i )
∆x i
13
Outras expressões úteis
7. Valor acumulado, y cum i y cum i = ∆ x i ⋅ y i
∆y i
tma(y i ) = = b = tia (y )
11. Relação entre tma(y) e tia(y)
∆x i
∆x ∆x
Valor central y centrali = yi + b.(xcentrali − xi ) = yi + b (x i + i ) − xi = yi + b. i
Propriedade 4 2 2
2 2
= a(xi+1 − x i) + b x i+1 − x i
2 2
14
e portanto será:
y i e ycentrali ( ) ∆x
yi = yi + b. xi - xi = y i + b x i +1 - xi = yi + b. i = y centrali
Propriedade 9 2 2 2
Seja y = f (x )
Condição inicial
x = xi ⇒ y = yi
Propriedades
Atendendo a que tir(y) = tia(lny) pode-se dizer que o modelo exponencial de y contra x é
equivalente ao modelo linear de lny contra x. Assim, as suas propriedades mais importantes
podem ser deduzidas antilogaritmizando as propriedades do modelo linear de lny contra x.
15
Figura 2.7 Representação gráfica do modelo linear de lny contra x
y = y i ⋅ e ⋅( − i )
1. Expressão geral c x x lny = lnyi+c(x-xi)
y i +1 = y i ⋅ e ⋅ ∆ i
2. Valor de yi+1 no final do c x lnyi+1= lnyi+c∆xi
intervalo, ∆xi
c∆xi/2
c.∆ x i − 1
yi = yi . e (∆yi substituido pela
c .∆ x i Propriedade 3)
y i +1 − y i
yi =
lny i +1 − ln y i
y i ≈ y centrali
16
∆ y i = c.y i.∆ xi
8. Expressão de tma(y) ∆y i
tma(y ) = = c.y i
∆x i
11. y decresce
c <0
tma(y ) < 0
S e ∆y i < 0 então tmr (y ) < 0 e vice-versa
y cumi > 0
y >0
i
Demonstrações
Valor acumulado
Propriedade 5
y i +1 1
x
y cum = ∫ x i +1 y ⋅ dx = ∫ x i +1 y i ⋅ e c (x x i ) ⋅ dx = ⋅
⋅ −
= ⋅ ∆y i
i xi xi c xi c
Relação entre y i e
y central
i
Propriedade 6 –
17
h
Usando a aproximação e − 1 ≈ e h / 2
4ª expressão
com h = c.∆xi virá da
h
propriedade 6-2ª expressão, que:
y i ≈ y i . ec∆xi / 2
y i ≈ y central
i
18
CAPÍTULO 3 - COORTE
t empo
novas coortes
Comece-se, por exemplo, pela fase de ovo. As fases seguintes serão larva, juvenil e adulto.
O número de indivíduos de uma coorte que entram pela primeira vez na área de pesca designa-
se por recrutamento à pesca ou à fase explorável. Estes indivíduos crescem, desovam (uma
ou várias vezes) e morrem.
As fases da vida de cada coorte que antecedem o recrutamento à área de pesca (ovo, larva, pré-
recrutas), são fases importantes do seu ciclo de vida mas, geralmente, não são sujeitas à
exploração, sendo as variações da sua abundância devidas fundamentalmente a factores
ambientais (ventos, correntes, temperatura, salinidade, …). A mortalidade nestas fases não
exploráveis costuma ser muito elevada particularmente na última parte da fase larvar
(Cushing, 1996) resultando assim, numa sobrevivência muito reduzida até ao recrutamento,
mortalidade essa que como se disse atrás não é causada pela pesca.
O recrutamento à fase explorável de uma coorte (o número de indivíduos que entram pela
primeira vez na fase explorável num determinado ano), pode ocorrer durante vários meses das
seguintes formas esquemáticas:
17
Figura 3.2 Recrutamento à fase explorável
Com excepção de alguns casos, as formas de recrutamento podem simplificar-se admitindo que
todos os indivíduos recrutam num instante, tr , designado por idade de recrutamento à fase
explorável. Por convenção considera-se que o recrutamento ocorre no dia 1 de Janeiro
(início do ano civil em muitos países). A simplificação e a convenção mencionadas
anteriormente não alteram grandemente os resultados das análises, mas simplificam as mesmas
e estão de acordo com os períodos a que se referem as estatísticas comerciais.
Poder-se-á mencionar, desde já, que a 1ª desova não ocorre na mesma idade para todos os
indivíduos da coorte. As proporções dos indivíduos que desovam pela 1ª vez aumentam com a
idade, desde zero até 100%. A partir da idade em que 100% desovaram pela 1ª vez todos os
indivíduos serão adultos. O histograma ou a curva que representa essas proporções designa-se
por ogiva de maturação.
Nalguns casos, também se pode simplificar a ogiva de maturação supondo que a 1ª desova
ocorre à idade tmat designada por idade de 1ª maturação. Esta simplificação significa que os
indivíduos de idade inferior a tmat são considerados juvenis e os de idade igual ou superior são
considerados adultos.
100
80
Proporção
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7
t mat Idade
Seja o intervalo (ti, ti+1) de tamanho Ti = ti+1 - ti da evolução de uma coorte com o tempo
18
A informação existente sugere que as taxas médias de variação percentual de Nt podem
considerar-se aproximadamente constantes, i.e., tm (Nt) ≈ constante.
19
Suposição básica
A taxa instantânea relativa de variação de Nt , no intervalo Ti é:
tir (Nt) = constante negativa = - Zi
Ni = no de sobreviventes ao INÍCIO do
intervalo (t i, t i +1)
Ni+1 = no de sobreviventes ao FIM do
intervalo (t i, t i +1)
Ti
Propriedades
1. Expressão geral. Da suposição básica
tir(Nt) = -Zi
Nt = Ni ⋅ e − Z⋅ ( t − t i )
− Z⋅ T
N i+ 1 = N i ⋅ e i
D i = N i − N i+ 1
Di = N i (1 − e − Z⋅Ti )
(note que Di é positivo mas a variação ∆Ni = Ni+1- Ni é negativa)
20
4. Número acumulado de sobreviventes, Ncumi , durante o intervalo Ti
Di
N cumi =
Zi
− Z ⋅T
1 −e i i
Ncumi = N i ⋅
Zi
−Zi ⋅Ti
Ncentrali = N i ⋅ e 2
N cumi
Ni =
Ti
1 − e − Zi ⋅ Ti
Ni = N i ⋅
Zi ⋅ Ti
Di
Ni =
Z i ⋅ Ti
N i − Ni + 1
Ni = (Ricker)
lnN i − lnNi + 1
−Zi ⋅Ti
Ni ≈ Ni ⋅ e 2
⋅
Ni ≈ N centrali quando Z i T i é pequeno (Zi.Ti < 1)
2
Comentários
1. A suposição básica é, por vezes, apresentada em termos de taxas instantâneas
absolutas, ou seja,
Note que:
21
–Zi = tir de variação de Nt
2. Unidade de Zi
[1] ⋅ [d N t ] = [− ]
[N t] [dt ] Zi
= + [ Z i] [Z i] = tempo −1
1 nº
⋅ donde
nº tempo
Ncumi = N i = Di e também
Zi
Ni + 1 = Ni ⋅ e − i
Z
N i +1
Si =
Ni
Si = e−Zi
ou seja a taxa média relativa tmr (Nt) de mortalidade de Nt , durante um ano, relativo ao
número inicial, Ni
22
Di N +1
1 − Si = =1− i
Ni Ni
1 − S i = 1 − e −Z i
4. tma(Nt ) = − Z i .Ni
5. tmr (N t ) = − Z i relativa a Ni
Ti = ∞
Ni+1 = 0
Di = Ni
Ni
Ncumi = e
Zi
Ni = 0 !!!
As causas de morte devido à pesca serão separadas das restantes causas de morte dos
indivíduos da coorte. Estas últimas são agrupadas numa única causa designada por
mortalidade natural. Assim, das propriedades do modelo exponencial, virá
23
Zi = Fi + Mi
De modo semelhante será Fi .N cumi o número de indivíduos mortos devido à pesca, ou seja, a
Captura, Ci, em número e, portanto,
C i = Fi .Ncumi
Note que também, M i .N cumi será o número de indivíduos mortos devido a causas naturais.
A taxa de exploração, Ei , durante o intervalo Ti foi definida por Beverton e Holt (1956)
como:
n º capturas C
Ei = = i
nº mortos Di
F i . Ncumi Fi
e portanto, Ei = = ou ainda
Zi . Ncumi Z i
Fi
Ei =
Fi + M i
A captura em número, Ci, no intervalo Ti, poderá ser expressa nos diferentes modos:
Ci = Fi . Ncumi
Ci = Fi .Ni . Ti
C i = Ei ⋅ D i
Fi
Ci = ⋅ Di
Zi
24
Ci =
Fi
Fi + M i
[
⋅ N i 1 − e −( i + i )⋅ i
F M T
]
Comentários
1. Ricker (1975) define a taxa de exploração, Ei*, como a percentagem do número inicial que
é capturado no intervalo Ti, ou seja, Ei* = Ci / Ni.
(
b) É fácil de verificar que E*i = E i . 1 − e −Z i .Ti )
2. A taxa de exploração, Ei , não tem unidades, é um número abstracto.
ALTERNATIVA 1:
ALTERNATIVA 2:
25
ALTERNATIVA 1
t - idade
Lt - comprimento médio individual à idade t
L∞ - comprimento assintótico
tr - início da fase explorável
Suposição básica
tir (L∞ - Lt) = - K = constante negativa durante toda a vida explorada
As propriedades deste modelo (já que é um modelo exponencial) podem ser obtidas
directamente das propriedades gerais do modelo exponencial com a condição inicial:
26
t = ta ⇒ Lt = La
1. Expressão geral
(L ∞ − L t ) = (L ∞ − L a ) ⋅ e −K⋅(t−ta ) L t = L ∞ − (L ∞ − L a ) ⋅ e − ⋅( − a )
K t t
Parâmetros Parâmetros
L∞ = comprimento assintótico L∞ = comprimento assintótico
K = coeficiente de crescimento K = coeficiente de crescimento
t a t a
= condição inicial = condição inicial
a
L a
L
para para
La = 0 La = 0
t a = t 0 t a = t 0
(L ∞ − L t ) = L ∞ ⋅ e −K ⋅(t−t0 ) L t = L ∞ − L ∞ ⋅ e − ⋅( − 0 )
K t t
[
L t = L∞ . 1 − e −K .(t −t 0 ) ]
2. Valor ao final do intervalo Ti
(L ∞ − L i +1 ) = ( L ∞ − L i ) ⋅ e −K ⋅Ti [ ]
L i+ 1 = L ∞ ⋅ 1 − e − K ⋅ T + L i ⋅ e − K ⋅ T
i i
27
Propriedades do modelo exponencial Modelo de von Bertalanffy
para (L ∞ − L t ) para L t
∆
( L ∞ − L i) cumi = L∞ . Ti − L cumi = L i
K
e Lcentral ≈ L i
(L ∞ − L )centrali ( )
i
≈ L∞ − L i
B) Relação Peso-Comprimento
É comum utilizar-se a função potência para relacionar o peso individual com o comprimento
total (ou qualquer outro). Assim:
Wt = a ⋅ L tb
onde a constante a é designada por factor de condição ou índice ponderal e a constante b por
constante de morfismo. Esta relação pode ser justificada aceitando que de grosso modo “a
percentagem de crescimento em peso” é proporcional “à percentagem de crescimento em
comprimento” (de outro modo o indivíduo tornar-se-ía “desproporcionado”) e, portanto,
adoptando a suposição básica:
tir(W) = b ⋅ tir(L )
C) Combinação de A) e B) e comentários:
28
C) Combinação de A) e B) e comentários:
Como L i ≈ L centrali
4. O modelo de Richards e de von Bertalanffy não são os únicos modelos usados para a
evolução de Wt . Outros modelos que também têm sido usados em avaliação são:
O modelo de Gompertz (1825) e o modelo de Ricker (1969)
Onde Cte1 e Cte2 foram designadas por von Bertalanffy como a constante de anabolismo
e de catabolismo, respectivamente.
ALTERNATIVA 2
29
exponencial, e considerou a relação W=a.Lb para derivar o modelo de crescimento em peso.
Note que pode dizer-se que L foi considerado como uma função de W, isto é, L= (W/a)1/b.
Será, portanto, possível adoptar em vez dessa função de W, uma outra função do peso H(Wt ) ,
de tal modo que se possa formular directamente a suposição básica:
t = t a ⇒ Wt = Wa
Propriedades
As propriedades deste modelo (já que é um modelo exponencial) podem ser obtidas
directamente das propriedades gerais do modelo exponencial. De particular interesse é derivar a
expressão geral para Wt resultante de diferentes escolhas da função H.
1 1 1 1
Wtb = W∞
b b − W b ) ⋅ e − K.( t − t a )
− ( W∞ a
Wa ) ⋅ e −K .(t − t a )
3 3
em peso, virá: Wt3 = W∞ − ( W∞3 −
30
em comprimento
lnL t = lnL ∞ − (lnL ∞ − lnLa ) ⋅ e−K .(t −ta)
5. Equações simplificadas
As equações de crescimento individual, tanto em comprimento como em peso,
simplificam-se quando se selecciona H(Wa) = 0 para ta = t*
Comentários
1. A equação de Gompertz, em peso, é semelhante à equação de Gompertz, em
comprimento, mas nas suas formas simplificadas t* são idades diferentes, pois
corresponderão respectivamente a Wa = 1 e a La = 1.
3. Chama-se novamente à atenção que, na prática, usam-se Lcentrali e Wcentrali em vez dos
valores médios,Li eWi.
31
5. A curva de crescimento em peso de Gompertz inflecte no ponto (tinfl, Winfl) com:
1 b
1 1 Winf = (1 − ) . W∞
t infl = ta − .ln
b
K
b
1
W b
1− a
W∞
7. Alguns autores referem a equação de Gompertz doutras foras, como por exemplo, usando
como parâmetros ta e Wa o ponto de inflexão tinfl e o peso assintótico W∞ .
Portanto será (
w t = w ∞ . exp − e− k(t −t inf ) ou ) (
L t = L ∞ . exp − e− k( t − t inf ) )
Por vezes a expressão é apresentada na forma geral (
L t = a. exp b.ec . t )
Os parametros do modelo serão: W∞ = a; k = -c e tinfl = (1/c).ln(-b)
9. Um modelo, que por vezes pode ser útil, é o modelo de Ricker (1975). Este modelo é
válido para um dado intervalo de tempo Ti e não necessáriamente para toda a vida
explorável do recurso pesqueiro. Com efeito o modelo baseia-se na suposição básica de
que o crescimento individual é exponencial no intervalo Ti.
32
3.5 BIOMASSA E CAPTURA EM PESO, NO INTERVALO Ti
1. Biomassas
Bt = Nt . Wt
Bcumi
Bi =
Ti
Também o peso médio da coorte, Wi , no intervalo Ti seria:
Bcumi
Wi =
Ncum i
2. Captura, em peso
Yi = C i ⋅ W i
Comentários
Na prática considera-se Wi aproximadamente igual a Wcentrali no intervalo Ti .
Yi = Fi ⋅ Ncumi ⋅ Wi
= Fi ⋅ Bcumi
= Fi ⋅ N i ⋅ Wi ⋅ T i
33
= F i ⋅ Bi ⋅ Ti
tr ti T t i+1 te mpo tx
i
A Figura 3.7 simula a evolução da biomassa da coorte, B, e a evolução das capturas em peso,
Y, que se vão obtendo durante os sucessivos intervalos de tempo Ti.
Peso
tr ti t i+1 te mpo tx
Ti
34
Figura 3.7 Evolução da biomassa da coorte, B, e das capturas em peso, Y
35
Valores das características mais importantes da coorte,
durante todo a fase explorável
Captura em número C = Σ CI
Captura em peso Y = Σ YI
Comentários
1. À primeira vista pode parecer que os valores das características de uma coorte durante
toda a fase explorável não tem grande interesse, porque, na prática, a pesca só raramente
se exerce sobre uma coorte isolada. Em cada momento estão presentes e disponíveis à
pesca, simultâneamente, os sobreviventes de várias coortes.
2. Apesar disso e por razões que se verão mais tarde, é importante analisar as características
de uma coorte durante toda a sua vida explorável. O conhecimento sobre a evolução de
uma coorte, em número e em biomassa, particularmente a idade crítica, tem grande
importância para o sucesso das actividades da aquacultura. Como Bt = Nt . Wt a idade
crítica, tcrítica , será a idade t no intervalo Ti onde
tir (Wt) = - tir(Nt)=M pois sendo a idade crítica correspondente à biomassa máxima não
explorada, a derivada de B em ordem a t será igual a zero.
36
3. Note que Ncum pode ser expresso em função do recrutamento como
Ncum = R.{...}
onde {...} representa uma função dos parâmetros biológicos e dos coeficientes de
mortalidade Fi durante os anos da vida da coorte. Também Bcum pode ser expressa como:
Bcum = R .{...}
3. O coeficiente de mortalidade por pesca, F, é constante durante todo a fase explorada, isto
é, a fase da vida da coorte que tem início em t c .
37
c = L c = 1 − e− K⋅ ( t c −t o )
1. c ( quociente entre o comprimento à
idade t c e o comprimento assintótico) L∞
2. Recrutamento R c = R ⋅ e−M(t c −t r )
3. Número acumulado Rc
Ncum =
Z
4. Captura em número C = E ⋅ Rc
5. Biomassa acumulada
1 (1 − c) + 3 (1 − c) 2 − (1 − c)3
Bcum = R c ⋅ W∞ ⋅ −3
M + F M + F+ K M + F + 2K M + F + 3K
Comentários
1. A simplificação de Beverton e Holt permite calcular qualquer característica da coorte
durante a vida com expressões algébricas não sendo necessário somar os valores de
característica nos sucessivos intervalos Ti. Este facto é útil quando não se dispõe de
computador e, por isso, a simplificação foi bastante usada para cálculos nos anos 60-70´s.
Também é útil quando apenas se dispõe, para efeitos de avaliação, de dados de mortalidade
natural, M, e de parâmetros de crescimento.
38
Por exemplo a Figura 3.9 exemplifica a análise das biomassas e das capturas em peso
obtidas de uma coorte durante a vida explorada, sujeita a diferentes coeficientes de
mortalidade por pesca supondo uma idade tc fixa.
Bcu m
0 F
Figura 3.9 Evolução das biomassas o das capturas em peso de uma coorte sujeita
a diferentes coeficientes de mortalidade por pesca e tc fixo (note que
a Figura 3.9 apenas ilustra a análise e não toma em consideração as escalas
dos eixos).
3. Note-se que as formas das curvas anteriores, Y e Bcum contra F, não dependem do valor de
recrutamento e, por isso, costumam ser designadas por curvas de biomassa e captura por
recruta, B/R e Y/R, respectivamente. Os cálculos por uma questão de facilidade costumam
ser realizados admitindo R=1000.
4. De todas as características da coorte durante a vida, o peso médio na captura (assim como
a idade e comprimento médios na captura) não dependem do valor do recrutamento. Estas
curvas das características de uma coorte durante a vida contra o nível de pesca, F, ou
contra a idade de 1ª captura, tc, merecem um estudo cuidadoso por razões que serão
salientadas no capítulo de projecções do manancial a longo prazo.
39
Para tal pode recorrer-se à função matemática Beta incompleta (Jones,1957).
6. Para o cálculo de L et procede-se de modo idêntico ao cálculo de W , isto é, calcula-se
∞ ∞
Lcum = ∫ Nt . L t .dt e tcum = ∫ Nt .t .dt donde:
tc tc
L = Lcum / Ncum e t = tcum / Ncum
Estas médias são designadas por médias ponderadas, sendo os factores de ponderação o
número de sobreviventes Nt em cada idade t.
40
CAPÍTULO 4 - MANANCIAL
N1 M1 F1 W1
N2 M 2 F2 W 2 N2
Idades i coorte ano a
N3
coorte ano a-1
Ni M i F i Wi
N i+1
coorte ano a-i+1
Sejam:
37
Então será:
N = ∑Ni
i
B = ∑ B i = ∑ (Ni .Wi )
i i
Sejam:
Mi, Fi e Zi coeficientes de mortalidades natural, por pesca
e total na idade i durante o ano
Então:
Ncum = ∑ Ncum i
i
Ncum
N= (onde T=1 ano)
T
C = ∑ Ci
i
Bcum = ∑ Bcum i
i
38
com Ncumi, Ci, Bcumi e Yi calculados para todas as idades i segundo as expressões dadas
anteriormente no Capítulo 3 - Coorte.
Ni + 1 = N i .e − Z i
Seja:
N = R + ∑ N i +1 e B = R. W1 + ∑ B i + 1
i i
Comentários
1. O final do ano coincide com o início do ano seguinte. Deste modo o número de
sobreviventes da idade i ao final do ano será Ni+1.
2. A soma do número total de sobreviventes do manancial ao final do ano não é igual ao
número de indivíduos do manancial ao início do ano seguinte pois faltam os recrutas que
entram nesse ano.
3. O número total de mortos, D, durante o ano, seria D = ∑ Di
i
4. Como o intervalo de tempo é 1 ano, os valores acumulados serão iguais aos valores
médios, isto é:
Ncum i = Ni
Bcum i = Bi
N = ∑ Ni
i
B = ∑ Bi
i
5. A utilização dos mesmos símbolos N, B, D, etc, para o manancial e para a coorte não
deverá provocar confusões.
39
4.2 PADRÃO DE PESCA DURANTE UM ANO
Ao conjunto combinado do nível de pesca (valor único para todas as idades) e do padrão
relativo de exploração (valores diferentes consoante o tamanho ou idade) durante um ano,
atribui-se a designação de padrão de pesca ou regime de pesca. A designação padrão de pesca
pode causar alguma confusão com o padrão relativo de exploração e também a designação de
regime de pesca pode causar confusão com o que os economistas e gestores designam por
regime de pesca.
Pode-se dizer que o padrão de pesca, Fi, durante um ano e correspondente a uma idade i , é
igual ao produto do nível de pesca desse ano, F , pelo padrão relativo de exploração de cada
idade, si. Ou seja:
Fi = F . si
As análises dos efeitos do coeficiente de mortalidade por pesca, Fi, sobre as características do
recurso e das capturas, normalmente incidem sobre o nível de pesca, considerando-se que o
padrão relativo de exploração se mantém estável. Por vezes (como por exemplo quando
ocorrem mudanças no tamanho da malha da rede de pesca) poder-se-ão analisar os efeitos de
mudanças do padrão relativo de exploração mantendo-se fixo o nível de pesca, mas nada
impede que se analisem os efeitos combinados das duas componentes.
Desde que não cause dúvidas, o nível de pesca, F , é representado apenas por F.
40
4.3 PROJECÇÕES DO MANANCIAL A CURTO PRAZO (CP)
Conhecendo a estrutura do manancial ao início de um ano pode-se, como se viu, projectar as
características do manancial durante esse ano e estimar a estrutura do manancial ao início do
próximo ano (com a excepção do recrutamento desse ano), para diferentes valores do nível de
pesca, F , e do padrão relativo de exploração, si, a serem aplicados durante o ano.
Adoptando um valor para o recrutamento do ano seguinte, poder-se-ía repetir a projecção por
mais um ano e assim sucessivamente. O inconveniente maior de projectar o manancial por
vários anos será que essas projecções dependerão cada vez mais dos valores dos recrutamentos
anuais adoptados. Por isso, na prática, procura-se projectar para um, ou quando muito, para
dois anos.
Note-se que para projectar um manancial para o ano seguinte é necessário dispôr de dados
relativos ao ano anterior. Assim, projecta-se primeiro o manancial para o ano em curso
(determinando as suas características ao final do ano) e depois projecta-se a captura e a
biomassa para o ano seguinte.
A Figura 4.2, ilustra com um manancial teórico, as projecções dos números de sobreviventes
das diferentes coortes presentes ao início do ano 1980, durante os anos futuros de 1981-1986
(os valores estão expressos em milhões de indivíduos).
Repare que faltam os recrutamentos, que ainda não ocorreram, mas que entrarão na área de
pesca nos anos 1981 a 1986. Por isso, é claro que, também faltam os respectivos
sobreviventes, durante o mesmo período de anos.
41
Suponha-se agora que os recrutamentos naqueles anos eram iguais ao de 1980, isto é, 440
milhões de indivíduos. A Figura 4.3 mostra as projecções nos anos futuros. Pode-se ver que os
valores correspondentes às mesmas idades, da estrutura do manancial em 1986 e da evolução
da coorte de 1980, são iguais.
Ano
. 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986
Idade
0 440
1 995 326
2 367 680 223
3 68 229 425 139
4 245 41 139 258 85
5 345 149 25 84 156 51
6 76 209 90 15 51 95 31
Ano
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987
Idade
0 440 440 440 440 440 440 440 440
1 995 326 326 326 326 326 326 326
2 367 680 223 223 223 223 223 223
3 68 229 425 139 139 139 139 139
4 245 41 139 258 85 85 85 85
5 345 149 25 84 156 51 51 51
6 76 209 90 15 51 95 31 31
Uma conclusão prática parece ser que para obter a estrutura do manancial em 1986 (a LP)
bastaria seguir a evolução da coorte de 1980 e, portanto, não se necessitava da estrutura
completa do manancial ao início do ano. Basta adoptar um valor para o recrutamento ( R ) de
uma coorte (e, é claro, supôr estáveis os parâmetro biológicos nos anos seguintes). Um
42
conselho será realizar os cálculos adoptando um Recrutamento de 1000 indivíduos (com
programas de computador adopta-se recrutamento igual a 1).
Para efectuar os cálculos das projecções a LP é importante verificar que os valores acumulados,
Ncumi e Bcumi, de uma coorte durante 1 ano são iguais aos valores médios,Ni e B i , durante
esse ano. Assim, as principais características do manancial, durante 1 ano e a LP, podem-se
calcular como:
Nman = ∑ Ncumi = ∑ Ni
Bman = ∑ Bcumi = ∑ Bi ( BDman = ∑ BDi)
Wman = Bman / Nman
C = ∑ Ci
Y = ∑ Yi
Wcapt = Y / C
Várias projecções a LP podem ser realizadas com diferentes valores de Fi, ou melhor dizendo,
com vários níveis de pesca, F , ou vários padrões relativos de exploração, si.
Para as análises sobre a influência do nível de pesca nas capturas e no manancial, é costume
manter fixo o padrão relativo de exploração. Pelo contrário, quando se pretende avaliar as
consequências no manancial e na captura de uma “correcção” do padrão relativo de
exploração (mudança de malha, por exemplo), mantém-se fixo o nível de pesca e ensaiam-se os
diferentes valores de si. M as é claro que também se podem projectar os mananciais variando
simultâneamente as duas componentes do padrão de pesca.
A Figura 4.4 (A-C) ilustra vários tipos de curvas a LP das Produção por Recruta, mantendo
43
Figura 4.4 Exemplos de formas das curvas da Produção por Recruta (Y/R) contra F,
dado um padrão relativo de exploração:
(A - com máximo, B - achatada, C - assintótica)
44
fixo o padrão relativo de exploração. Para outros padrões relativos de exploração as curvas
poderão ser diferentes.
A Figura 4.5 (A-E) ilustra as relações entre as características mais importantes do manancial e
o nível de pesca, mantendo-se estável o padrão relativo de exploração:
(D) (E)
Conclusão
Comentários
1. Para projectar um manancial durante um ano a LP, supondo constantes os
recrutamentos anuais, projecta-se uma coorte durante a vida.
45
Wcapt (vide páginas anteriores deste capítulo para as respectivas expressões de
cálculo)
Figura 4.6 Relações a Longo Prazo entre valor da captura, custo de exploração e
lucro contra o nível de pesca
46
47
Em cada caso concreto importa determinar qual o manancial e qual o recrutamento que estão
em causa. Com efeito, esse manancial pode ser o número total de indivíduos (ao início do ano
ou o valor médio durante o ano), ou o número de indivíduos adultos do manancial, ou apenas o
número de fêmeas adultas, etc. Também podem ser adoptadas, não as abundâncias, em
número, mas as respectivas biomassas. A decisão dependerá do tipo de recurso e dos dados
disponíveis. Também é necessário determinar qual o tipo de recrutamento que se vai adoptar.
Em peso? Em número? O recrutamento à área de pesca? O recrutamento à fase explorada?
Sem preocupação de maior, neste manual manancial (S ) será a biomassa (total ou adulta) e o
recrutamento (R) será expresso em número.
Note-se, em primeiro lugar, que após a desova, os indivíduos da nova geração terão de passar
por diferentes fases do ciclo biológico: ovos, larvas e juvenis (antes de serem recrutas). Estas
fases, que nalgumas espécies chegam a demorar anos, não interessam directamente à exploração
pesqueira. Por isso a pesca não afecta directamente o tamanho do novo recrutamento. É
verdade que a pesca actua sobre o tamanho da biomassa parental que por sua vez influencia o
próximo recrutamento, mas a acção da pesca acontece fora do intervalo de tempo em que
ocorrem as fases pré-recrutas atrás mencionadas, e é precisamente para esse intervalo de
tempo que se pretende a relação S -R.
Nessas fases de pré-recrutamento existe uma grande mortandade devida a factores climáticos e
ambientais (ventos, correntes, temperaturas, etc) bem como devido a factores biológicos
(disponibilidade de alimento, predação e outros).
R . .
. . . . .
. . . .
. . . . .
. . . .
. . .
0
0
S
A Figura 4.7 mostra o tipo de dispersão de valores que se obtém quando se marcam os
recrutamentos (R) contra os mananciais parentais (S ).
48
Apesar das dificuldades, têm sido propostos alguns modelos para a relação S -R. Uma das
razões para isso é que se acredita que deve existir uma relação. Até já se conhece um ponto da
relação (S = 0, R = 0).
α .S
R=
S
1+
K
R = α.S .e -S/K
0
0 S
49
Este modelo apresenta um recrutamento resultante máximo para um valor intermédio do
manancial parental, S .
S 1/ c
R = α .S.(1 − c. )
K
α .S
R= c
S
1+
K
Note-se que em todos os modelos apresentados, para S =0 será R=0, como era de esperar e o
declive da tangente à curva nesse ponto, (0,0), é igual ao parâmetro α. Por vezes, as relações S-
R apresentam-se sob a forma R/S em função de S .
R α
=
S S
1+
K
R
= α .e −S / K
S
50
M atematicamente estas últimas relações podem ser úteis, pela sua simplicidade, mas
estatísticamente podem ter o inconveniente de a variável S poder aparecer tanto na variável
resposta como na variável auxiliar (independente).
51
Comentários
1. Recorde-se que as relações S-R são independentes do nível de pesca.
2. As relações S-R podem ser introduzidas nos cálculos das projecções do manancial. Nesse
caso, as projecções a Curto Prazo terão de se efectuar ano a ano e exigem a estrutura do
manancial ao início do ano.
3. É necessário não esquecer que existe uma grande dispersão dos pontos (S, R) em redor do
modelo.
4. No modelo de Deriso quando c = -1 o modelo é o de Beverton e Holt; quando
c → 0 o modelo tende para o de Ricker (para demonstrar o limite da equação de Deriso
quando c → 0 basta recordar que limite (1+A/n)n = e A quando n→ ∞ ).
5. O modelo de Beverton e Holt matematicamente apresenta uma assíntota, R → α.K
quando S → ∞ . O valor de R dado por este modelo quando S = K toma o valor de
R = α K/2.
A biomassa (ou biomassa desovante) acumulada de uma coorte durante a sua vida, Bcum ou
BDcum é, como se viu, igual a:
Por outro lado, já se referiu que a biomassa acumulada, Bcum , de uma coorte durante a vida é
igual à biomassa média, B , do manancial durante um ano, a Longo Prazo. Por isso é
conveniente referir-se à Bcum como B.
52
Assim, pode-se dizer que: se os parâmetros biológicos forem considerados constantes então,
para um dado padrão de pesca a biomassa média durante um ano de um manancial a LP é
proporcional ao recrutamento. A Figura 4.10 ilustra a proporcionalidade.
LP
B
Note-se que na Figura 4.5-D, apresenta-se a relação com a forma B/R contra F. As duas
curvas 4.5-D e a Figura 4.10 são representações diferentes da mesma situação isto é, para um
dado F a curva da Figura 4.5-D dá o valor de B/R ao passo que a recta da Figura 4.10 para um
dado valor de B/R (declive da recta) dá o valor de F.
Para outros valores de F, a recta terá inclinações diferentes. A Figura 4.11 mostra várias rectas
de acordo com vários valores de F.
F=0 LP
B
F menor do que F1
F1
F maior do que F1
0
0 R
A curva da Figura 4.9 e a recta da Figura 4.10 podem sobrepôr-se num mesmo gráfico. A
Figura 4.12 mostra essa sobreposição, ou seja, a sobreposição da curva S-R de Ricker com a
recta R-S (note que na Figura 4.12 as posições dos eixos correspondentes à Figura 4.10 estão
trocadas e, por isso, quando se mencionar o declive da recta importa referir que se trata do
declive em relação ao eixo R).
53
LP
R S-R
Fdado
R-S
0
0 B
Para evitar confusões entre as duas relações representar-se-á por S -R a relação entre a
biomassa e o recrutamento resultante e por R-S a relação entre orecrutamento e a biomassa
média a LP.
Deste modo pode ilustrar-se a análise combinada entre as duas relações a LP com um dado
nível de pesca. Para uma dada biomassa, a relação S -R determina o recrutamento futuro,
recrutamento este que irá, por sua vez, dar origem a LP a uma biomassa B resultante através
da relação R-S , e assim sucessivamente até se encontrar uma situação de equilíbrio.
LP
R S-R
Fdado
RE
R2
R-S
0
0 B1 B2 BE B
54
Figura 4.13 Ilustração dos sucessivos pontos que, partindo de uma biomassa B1,
conduzem teoricamente ao ponto de equilíbrio (RE, BE)
Note-se que a intersecção das duas relações nem sempre conduz a um ponto de equilíbrio, tal
dependendo do ângulo na intersecção entre as duas relações.
55
CAPÍTULO 5 - PONTOS DE REFERÊNCIA
BIOLÓGICA E MEDIDAS DE REGULAMENTAÇÃO
Os objectivos a Longo Prazo (LP) para a gestão pesqueira deverão tomar em consideração a
investigação científica pesqueira e a dinâmica das populações bem como as alterações
climáticas que possam afectar os mananciais.
Para definir esses objectivos a longo prazo consideram-se, essencialmente, valores de nível de
pesca que permitam as maiores capturas, em peso, mas garantindo a conservação dos
mananciais. Também se consideram os valores extremos de biomassa ou de nível de pesca que
poderão afectar gravemente a auto-renovação dos mananciais. Esses valores de nível de pesca,
de captura e de biomassa são designados por pontos de referência biológica (PRB). Neste
manual destacar-se-ão alguns dos diferentes tipos de PRB (Caddy, & M ahon, 1995; FAO,
1996 e ICES, 1998).
Os Pontos - Alvos de Referência Biológica, TRP (em inglês, Target Reference Points) são
valores do nível de mortalidade por pesca (ou da biomassa do manancial) que procuram uma
exploração sustentável a longo prazo dos mananciais, com a melhor captura possível. Por isso,
estes pontos também são designados como Pontos de Referência para a Gestão. Podem
caracterizar-se os TRP , pelo nível da pesca Falvo (ou da Biomassa, Balvo).
Talvez que o Falvo mais conhecido seja F0.1, mas outros valores, tais como Fmax e Fmed e FMSY
serão também estudados.
Para fins práticos de gestão os TRP são convertidos, directa ou indirectamente, em valores de
esforço de pesca relativos àqueles verificados em anos recentes.
Os Pontos - Limites de Referência Biológica, LRP (em inglês, Limit Reference Points) são
valores máximos da mortalidade por pesca ou valores mínimos da biomassa, que não deverão
ser excedidos. Caso contrário, considera-se que poderá pôr-se em perigo a capacidade de
autorenovação do manancial.
Nos casos em que a pesca seja já demasiada intensa, os LRP poderão ser importantes para
corrigir a situação ou para evitar o seu agravamento.
Os LRP são valores limites, orientados principalmente para a conservação dos mananciais
marinhos e, por isso, são também referidos como pontos de referência para a conservação
(esta designação não significa que os Falvo não se preocupem com a conservação).
53
Existem várias sugestões para LRP, mas todas elas serão referidas, de um modo geral, como
Flim ou Blim. Neste manual serão referidos como Blim os níveis de biomassa Bloss e MBAL e
como Flim os níveis de pesca Floss e Fcrash.
O Princípio de Precaução, proposto pela FAO no Código de Conduta para uma Pesca
Responsável (FAO, 1995), declara que as limitações, as incertezas ou as faltas de dados para a
avaliação ou para a estimação de parâmetros não devem constituir justificação para não aplicar
medidas de regulamentação, especialmente quando há indicações de que os mananciais estão
sobreexplorados.
Nesta perspectiva é importante explicitar as suposições de base que forem necessárias adoptar
para estimar as suas consequências nas capturas e abundâncias dos mananciais.
Assim, as incertezas associadas à estimação dos limites dos níveis de pesca, Flim , e de
biomassa, Blim , levam a que se determinem novos pontos de referência, designados por Pontos
de Referência de Precaução, Fpa ou Bpa.
Fpa (ou Bpa) deverão sempre ser estimados com suposições admissíveis e deverão também
considerar as consequências de adoptar hipóteses alternativas àcerca das características do
manancial e da pesca.
Os novos limites (Fpa ou Bpa) devido à aplicação do Princípio de Precaução, serão mais
restritivos do que os LRP´s. As consequências práticas destes novos limites, traduzem-se em
medidas de regulamentação para controlar o esforço de pesca mais severas do que nos casos em
que existam dados adequados.
Poder-se-à dizer que essa é a penalização por não existirem condições próprias para dispôr de
dados e informações fiáveis.
Para terminar uma chamada de atenção sobre todos os Pontos de Referência Biológicos
mencionados anteriormente: a sua estimação pressupõe um dado padrão relativo de
exploração.
54
5.2 PONTOS ALVO DE REFERÊNCIA BIOLÓGICA (Fmax , F0.1 e
Fmed)
5.2.1 Fmax
Definição
1. Considere a captura por recruta a LP em peso, Y/R, como função de F para um
dado padrão relativo de exploração.
55
Comentários
1. Ao valor de Fmax corresponderão valores de Bmax /R e Ymax/R.
É conveniente analisar também a situação da B /R nos pontos F≠ Fmax.
Para F < Fmax será B > Bmax
Fmax foi adoptado pela maioria das Comissões Internacionais de Pesca como
objectivo a LP da gestão (1950-1970).
Ainda hoje Fmax é usado como ponto-alvo tendo sido proposto como Ponto-Limite
de Referência Biológica (LRP) em alguns casos.
As curvas achatadas e assintóticas não permitem determinar Fmax .
Para a definição de Fmax não se considerou um nível de biomassa desovante
adequado. Fmax indica apenas o valor de F que resulta na captura por recruta
máxima possível de extrair de uma coorte durante a sua vida, para um dado
padrão relativo de exploração.
As análises destas curvas, principalmente de B , Y e W capt contra o nível de
pesca, dão informação sobre a "abundância" do recurso ou rendimento de uma
embarcação, sobre a captura total de toda a frota e sobre o peso médio na captura a
LP, para diferentes níveis de pesca.
56
57
5.2.2 F0.1
1. Definição
Considere a captura por recruta, a LP, Y/R, como função do coeficiente de mortalidade por
pesca, F. A cada nível de pesca, F , corresponde um valor de tia(Y/R). A tia(Y/R) é
máxima quando F = 0 e decresce, sendo zero quando F = Fmax.
2. Para F = 0, a biomassa por recruta, B/R será B 0 , também designado por "Biomassa
virgem" ou Biomassa não explorada.
dY dB
Com efeito, de Y = F ⋅ B será: = B+ F
dF dF
dY
então, para F=0 virá tia(Y) = = B0
dF F= 0
Por isso da definição dada no ponto 1 também se pode concluir que F0.1 é o valor de F
onde a tia(Y) = 10% da biomassa virgem.
3. Cálculo de F0.1
Seja a função V = Y − 0.1.B 0 .F
Pode provar-se que a função V é máxima quando F = F0.1
dV
Com efeito V é máximo quando F fôr tal que = 0 , então:
dF
dV dY dY
= − 0.1 ⋅ B0 = 0 ou = 0.1 ⋅ B 0
dF dF dF
portanto o valor de F correspondente a dY/dF anterior é o valor de F0.1.
F0.1 pode, portanto, calcular-se maximizando a função V = Y − 0.1.B .F
0
58
sendo necessário calcular previamente B 0 , por exemplo, da relação deB contra F, a LP,
quando F = 0.
59
Graficamente será:
a LP
A segunda relação indica vantagens de B0. 1 sobre Bmax. A última conclusão mostra
que Y0.1 não é a maior captura possível, mas é aceitável como ponto alvo da gestão. O
facto de B0. 1 ser maior do que B sugere que o nível de pesca F0. 1 dá mais garantias
de se manter uma reprodução aceitável. Note que F0.1 pode ser determinado mesmo
60
quando a curva é achatada ou assintótica.
Nos anos 1960-70 começou a preferir-se F0.1 em vez de Fmax como ponto alvo para a
gestão dos recursos, tendo sido adoptado, nos anos 1980, como objectivo a LP por
muitas Comissões Internacionais de Pesca e pela CEE.
5.2.3 Fmed
1. Definição
Este ponto alvo pretende considerar a relação S-R entre manancial e o recrutamento
resultante o, portanto, não adopta a suposição de recrutamento constante como nos
casos de Fmax e F0.1.
Para esse efeito consideram-se conhecidas, para cada ano de um dado período de tempo,
as biomassas desovantes e os recrutamentos resultantes.
A recta marcada separa o número total de pontos em partes iguais, isto é, 50% dos
pontos estão na parte superior e 50% estão na parte inferior da recta. Designa-se esta
recta por recta mediana, ou recta 50%, interpretando-se do seguinte modo: em 50%
dos anos do período considerado os valores de R foram menores do que os valores de R
estimados pela recta mediana (ou se se quiser, em 50% dos anos do período considerado
os valores de R foram maiores do que os valores de R estimados pela recta mediana).
Como se viu na Secção 4-5 a cada recta marcada no gráfico, o decliveB/R resultante está
associado um valor de nível de pesca, F (a LP). O valor de F associado à recta mediana é,
por definição, o ponto-alvo F mediano, Fmed.
61
Fmed é então definido como sendo o valor de F que a LP produzirá um valor de biomassa
desovante por recruta cujo o inverso é igual ao valor mediano dos quocientes entre
recrutamentos anuais e biomassas desovantes parentais observados durante um período
de anos.
Pode assim dizer-se que, baseado nos dados observados no período de anos considerado,
50% é uma estimação da probabilidade de a uma biomassa parental vir a corresponder
um recrutamento resultante superior ou inferior ao indicado pela recta mediana.
2. Cálculo de Fmed
Para determinar o valor de Fmed é necessário recorrer à relação entre biomassa resultante
por recruta contra o nível de pesca, F, a LP (Secção 4.4, Figura 4-D).
Para calcular Fmed matematicamente determina-se, para cada par de valores (B, R) a
razãoB/R. Ordenam-se esses valores e calcula-se o seu valor mediano,B/Rmediano.
A) B)
62
50%. A Figura 5.8 ilustra o cálculo de F10% graficamente. A recta marcada na Figura
5.8A, separa os pontos, de modo a que 10% deles fiquem na parte inferior da recta (ou
90% dos pontos fiquem na parte superior). Designou-se, assim, esta recta por recta
10%.
Note que o declive da recta de 10% com o eixo R é maior do que o declive da recta
mediana, tal como ilustrado na Figura 5.9B. Deste modo, F10%, ou Fbaixo, é menor que
Fmed.
63
A) B)
R B /R
.
. . dec live
. . recta 10%
declive . .
. . .
0 0
0
0 F10 %
B
R recta B/R
.
. .
declives . rect declive
. . . 10%
. . . declive
50%
0
0
0
0
F10% Fmed
Comentários
1. O ponto-alvo Fmed pretende garantir um nível aceitável de biomassa tomando como base a
relação empírica S -R.
2. Também podem ser adoptadas outras percentagens, que correspondam a rectas que
estimem diferentes probabilidades de obter recrutamentos inferiores aos indicadas pela
recta mediana. Assim, Falto corresponderia a usar, em vez da recta 50%, a recta 90%, para
a qual os recrutamentos em 90% dos anos observados seriam inferiores aos estimados
pela recta.
3. F90%, como se verá na Secção seguinte, também pode ser considerado como um Ponto-
Limite (LRP).
4. Note que o declive da recta de 10% com o eixo R é maior do que o declive da recta
mediana e, portanto, F10% (ou Fbaixo) é menor que Fmed (Figura 5.9B).
5. Fmed foi utilizado na gestão, nos últimos anos, particularmente na sardinha Ibérica.
64
6. A biomassa utilizada pode ser a biomassa total,B, mas frequentemente é a biomassa
desovante,BD.
7. Se o valor mediano não passar exactamente por um ponto marcado no gráfico de dispersão
(caso que sucede quando se tem um número par de valores) adopte o valor central. De
qualquer modo Fmed é sempre um valor aproximado.
5.2.4 FMSY
Definição
FMSY é definido como sendo o valor de F que produz a longo prazo a captura máxima.
Existem várias propostas de Flim e de Blim. Para cada manancial os valores de Flim e Blim
adoptados dependem das características do manancial e da sua exploração. O ponto importante
é que o LRP adoptado seja um valor que permita a exploração de modo a evitar situações
perigosas para a renovação do manancial.
Alguns destes pontos são derivados a partir dos valores observados de Biomassa e do
Recrutamento resultante. Algumas propostas de LRP deste tipo são Bloss e MBAL. Estes LRP
também costumam ser classificados por alguns autores como não-paramétricos, pois a sua
determinação não depende de nenhum modelo particular da relação S -R.
Outra categoria de pontos LRP, classificados como paramétricos, são derivados dos modelos
S -R. M encionar-se-á Fcrash .
Cite-se ainda a categoria de pontos LRP cuja determinação envolve valores observados e
valores obtidos pela aplicação de modelos S -R, como, por exemplo, Floss.
5.3.1 Bloss
Bloss é a menor biomassa desovante observada na série de valores anuais da biomassa
desovante (em inglês Lowest Observed S pawning S tock).
5.3.2 MBAL
M ais satisfatório é o LRP designado por M ínimo Nível Biológico Aceitável, MBAL, (em
inglês, Minimum Biological Acceptable Level). Com efeito este LRP é um nível de biomassa
desovante abaixo do qual as biomassas desovantes observadas, durante um período de anos,
são reduzidas e os recrutamentos associados são menores do que o recrutamento médio ou
mediano.
65
5.3.3 Fcrash
Como o nome indica é um limite que corresponde a um valor de F bastante alto, indicando uma
elevada probabilidade da pescaria colapsar.
Fcrash é o nível de pesca F que a LP produzirá um nível de biomassa desovante por recruta
(S /R) igual ao inverso da taxa instantânea da variação de R com a biomassa, no ponto inicial
(S = 0, R = 0). Com os modelos S -R apresentados anteriormente esse valor ou, graficamente o
declive de S /R na origem, é o parâmetro 1/α dos modelos S -R.
Para a determinação gráfica deste LRP começa-se por obter o declive do ângulo que a tangente
à curva S -R resultante, na origem, faz com o eixo dos R. Seguidamente e a partir da
relaçãoB/R contra F, a LP, procura-se o valor de F que corresponde ao valorB/R indicado
por aquele declive.
5.3.4 FLOSS
É costume definir Floss como o nível de pesca F que a LP produzirá um nível de biomassa
desovante por recruta (S /R) associado a Bloss .
Para determinar este ponto-limite começa-se por obter, a partir da curva S -R ajustada, o valor
de R correspondente a Bloss. Calcula-se então Bloss/R e procura-se na relaçãoB/R contra F, a
LP e o valor de F correspondente.
Os Pontos Limites apresentados, assim como outros pontos limites propostos, têm sido
criticados por dependerem dos valores observados ou do ajuste da relação S -R.
Uma sugestão para a determinação de Fpa e Bpa será estimar Flim ou Blim e a partir destes
aplicar as seguintes regras empíricas:
66
Convém esclarecer que os pontos alvo referidos anteriormente podem, em certos casos, ser
considerados como pontos limite ou de precaução dependendo da análise conjunta do estado
de exploração do manancial e dos pontos de referência biológicos obtidos.
O TAC é uma medida que controla a captura e, indirectamente, controla também o nível de
pesca. No entanto, é costume acompanhar o TAC com um sistema de repartição desse total
por quotas atribuidas a cada componente ou embarcação da frota. Deste modo também se
evita a pesca desenfreada e a competição entre as embarcações para capturar ao início do ano o
máximo possível até que o TAC seja alcançado.
O sistema de quotas atribuidas a cada embarcação é designada por Quotas Individuais (IQ).
Compete aos responsáveis da Administração pela gestão das pescas promover a legislação e a
aplicação das medidas de regulamentação. (No caso particular da EU, e para os mananciais das
Zonas Económicas Exclusivas (ZEE´s) dos estados membros, a decisão sobre as medidas a
aplicar compete à Comissão). De qualquer modo a gestão necessita da análise sobre o estado
do manancial e da sua exploração e sobre os efeitos das medidas recomendadas. Esse estudo
67
compete aos cientistas pesqueiros de cada país ou região e seus Institutos de Investigação
Pesqueira, que terão que proceder às projecções a Curto e Longo Prazo dos mananciais. O
Conselho Internacional para a Exploração do M ar (ICES ou CIEM ) analisa os estudos
preparados e recomenda à Comissão as medidas de regulamentação e os efeitos esperados da
aplicação dessas medidas, assim como as consequências da sua não-aplicação.
Comentários
1. A gestão necessita de objectivos que são definidos a partir das projecções a LP. Em
princípio, esses objectivos são válidos para um período de anos, ainda que possam ser
ajustados anualmente.
2. As medidas de regulamentação, pelo contrário, deverão ser estabelecidas anualmente,
se bem que algumas possam ser válidas para mais do que um ano. Algumas medidas
técnicas, como por exemplo os tamanhos mínimos das malhas das redes de pesca ou dos
indivíduos desembarcados, são válidas para vários anos.
3. Todas as medidas usadas têm vantagens, dificuldades e inconvenientes em relação aos fins
que pretendem alcançar.
Em quase todas as pescarias se exige uma licença de pesca e o seu número total é
limitado.
Os TACs e quotas, porque controlam a captura, têm ocasionado declarações falsas sobre
as capturas.
A limitação directa do esforço total de pesca (f), baseia-se na suposição de que essa
medida causa limitação semelhante no coeficiente de mortalidade por pesca (F). No
entanto, essa correspondência pode não ser correcta. Em primeiro lugar é difícil de medir o
esforço de pesca das diferentes artes de pesca e de todas as frotas envolvidas e expressá-lo
em unidades que respeitem a proporcionalidade entre F e f. Em segundo lugar a
“capturabilidade” de várias artes pode aumentar (e por consequência aumentar F) sem
aumentos do esforço de pesca. Finalmente, a esperada proporcionalidade entre F e f pode
não ser verdadeira. De qualquer modo, importa não esquecer que existe uma relação entre
F e f.
4. A protecção dos juvenis deverá ser feita durante todo o ano e de preferência controlando
a mortalidade por pesca durante todo o ano. As medidas ocasionais, como áreas e épocas
de proibição da pesca para protecção de juvenis requerem conhecer, em cada ano, essas
áreas e épocas, conhecer se existem concentrações exclusivas de juvenis, avaliar os efeitos
dessa interdição ocasional, conhecer as implicações da interdição sobre outras espécies,
etc. O tamanho mínimo dos indivíduos desembarcados, não significa que não se
68
capturem indivíduos pequenos mas apenas que não sejam desembarcados. A diferença
entre a captura e o desembarque constitui as chamadas rejeições ao mar. É claro que se
os indivíduos são capturados e rejeitados ao mar, a mortalidade por pesca é maior do que
a sugerida pelos desembarques. De qualquer maneira aquela medida poderá ter um efeito
dissuasor junto dos pescadores, para não pescarem indivíduos pequenos. Alguns países
estão, actualmente, obrigando a desembarque de todos os exemplares capturados.
5. A protecção da desova, com a justificação de se proteger a biomassa desovante para
indirectamente proteger o recrutamento, está longe de ser efectiva no último objectivo.
Com efeito, a biomassas desovantes maiores correspondem maiores postura, isto é, maior
número de ovos, mas isso não implica necessariamente recrutamentos maiores, como se
viu no Secção 4.5. Também não é sempre verdade que, proibindo a pesca durante a
desova, e não proibindo antes (ou depois) da desova, se proteja a biomassa desovante. A
única maneira de proteger a biomassa desovante será controlar o nível de pesca durante
todo o ano. Para terminar acrescente-se que, de qualquer maneira, a interdição da pesca na
época e área de desova, ou em qualquer outra ocasião, representa sempre uma redução do
esforço de pesca que em muitas situações pode não constituir inconveniente de maior e,
nalguns casos, poderá inclusivé ser benéfica.
6. Recorde-se que nenhuma medida de regulamentação cumprirá os seus objectivos sem duas
condições:
Consciência de todos os pescadores (no sentido latum) de que a medida é benéfica. Por
isso, importa promover a discussão das conclusões dos cientistas, os seus objectivos,
razões e efeitos esperados.
Fiscalização eficiente nos portos e mares! A área das 200 milhas pode ser muito extensa e
a fiscalização muito cara, mas talvez não seja necessário fiscalizar toda essa área. Basta
controlar intensamente as áreas mais pescadas e, com menor intensidade, as restantes
áreas.
De qualquer modo nos últimos anos procuram-se caminhos diferentes sobre o acesso aos
recursos pesqueiros, à fiscalização da exploração, etc. Alguns exemplos são o
estabelecimento do sistema de quotas individuais transferíveis (ITQ), o sistema de
co-gestão ou ainda o sistema da gestão autárquica, onde algumas responsabilidades de
gestão são atribuidas aos próprios utilizadores dos recursos.
7. O sistema de gestão ITQ baseia-se na suposição de que apenas as embarcações
eficientes ou rendíveis economicamente estarão interessadas em pescar. Assim os TAC's
são repartidos por quotas individuais, as quais serão vendidas em leilão a quem propuser
a maior oferta.
O sistema de co-gestão atribui grande parte da responsabilidade da gestão aos que
exploram directamente os recursos pesqueiros - armadores, pescadores e suas
organizações profissionais ou sindicais. Neste sistema as quotas não são vendáveis em
leilão, nem se perde a titularidade da licença de pesca.
Estes são os sistemas mais conhecidos.
69
O sistema ITQ apresenta os seguintes inconvenientes: perda definitiva dos títulos das
quotas e das licenças de pesca; promover a concentração de quotas nas mãos de um grupo
reduzido de empresários (que podem inclusivé não ser do sector das pescas nem sequer
nacionais); e de menosprezar os apectos sociais, humanos e culturais em favor de critérios
de eficiência económica.
O sistema de co-gestão, pelo contrário, preocupa-se com os apectos sociais dos
interessados; procura a sua comparticipação directa e consciente com as autoridades
governamentais nas responsabilidades da gestão, incluindo a fiscalização.
70
CAPÍTULO 6 - MODELOS DE PRODUÇÃO
A biomassa total de um manancial não-explorado, não pode crescer para além de um certo
limite. O valor desse limite depende, para cada recurso, do espaço disponível, da acessibilidade
de alimentos, da competição com outras espécies, etc, em resumo, depende das capacidades do
ecosistema para manter o manancial que nele habita. Designar-se-á aquele limite por
Capacidade de Sustento, k.
A biomassa total de um recurso pesqueiro não-explorado tem tendência a crescer para a sua
capacidade de sustento, k, com uma taxa, tia(Bt), que diga-se desde já não é constante. A taxa,
tia(Bt), é reduzida quando a biomassa é pequena, cresce quando a biomassa cresce e é outra
vez reduzida quando a biomassa se aproxima da capacidade de sustento. Convém referir que a
biomassa pode sofrer alterações, incluindo diminuições, devido a flutuações nos factores
naturais, mas, em qualquer caso, a tendência será sempre crescente até à sua capacidade de
sustento.
Assim, pode-se sugerir que nem tia(Bt) nem tir(Bt) são constantes.
À semelhança do que se fez com a suposição básica do crescimento individual, definir-se-á uma
função H de Bt, para a evolução de um recurso pesqueiro não explorado (“natural”), de tal
modo que se possa adoptar a seguinte suposição básica:
r costuma ser designada por taxa intrínseca de crescimento de Bt . Desta expressão pode
deduzir-se, matematicamente, tir(Bt), que é a taxa que interessa para o desenvolvimento dos
modelos
r [H (k ) − H (B t )]
tir(B t ) =
natural dH
B.
dB t
67
Quando o manancial é explorado, convém separar tir(Bt) devido a todas as causas em dois
componentes, ou seja, tir(Bt) devido à pesca e tir(Bt) devido a todas as outras causas,
designada por tir(Bt) natural. Assim a suposição básica tomará a forma de:
tir(B t )total = tir(Bt )natural + tir(Bt )pesca
Para já, pode-se dizer que, num intervalo de tempo Ti onde o nível de pesca seja constante,
será:
É costume designar a tir(Bt) devido apenas a causas naturais por f(Bt) , que conforme a
suposição básica da evolução natural da biomassa, é suposta ser uma função da biomassa, Bt.
Comentários
1. Historicamente os modelos de produção foram os primeiros modelos a serem utilizados
nas análises sobre evolução de populações biológicas, Lotka-Volterra (1925-1928).
2. Schaefer (1954) aplicou pela primeira vez um modelo de produção a um manancial
pesqueiro sujeito à pesca.
3. A capacidade de sustento, k , tem sido designada na biologia pesqueira por B∞ e também
por Bo. Actualmente é costume usar o símbolo k (é necessário não confundir com o
símbolo, K, dos modelos de crescimento individual ou da relação S -R).
4. A suposição básica sobre tir(Bt) devido apenas a causas naturais, apresentada
anteriormente pode ser formulada matematicamente de maneiras diferentes.
5. Os modelos de produção, por considerarem a biomassa na sua globalidade e por não
tomarem em consideração a estrutura por idades ou tamanhos, só podem ser usados na
pesca para analisar efeitos de alterações do nível de pesca e não do padrão relativo de
exploração.
68
Assim, tomando as taxas médias como aproximação das taxas instantâneas na seguinte
expressão geral:
ou ( )
B i + 1 = B i + B i .f Bi .Ti − Yi
Então, aproximando as taxas instantâneas por taxas médias, quando o manancial estiver em
equilíbrio durante Ti, será ∆Bi=0 e também tmr(Bt)=0. Assim, uma condição de equilíbrio será:
( )
f . B i = Fi
As condições de equilíbrio costumam ser referidas com o subíndice E. Deste modo será:
( )
f B E = FE
YE = FE .B E .T
69
Na prática nem sempre se dispõe deBi e Fi e, por isso, procuram-se quantidades que estejam
associadas à biomassa, B, e ao nível de pesca, F, mais concretamente, que sejam indicadores da
biomassa e do nível de pesca. De preferência interessa considerar quantidades proporcionais
àqueles parâmetros (que se designam por índices).
U = q.B
e designando por f o índice da mortalidade por pesca, durante o intervalo de tempo T será:
f = const.F.T
de Y = F.B.T e U = q.B
Deverá ser
1
f = .FT
q
Um índice deB, bastante comum, é a captura por unidade de esforço (cpue). Para índice de F
utiliza-se o esforço de pesca em unidade apropriada de modo a ser proporcional ao nível de
pesca.
FMSY é diferente de Fmax . Com efeito, FMSY maximiza a Captura em peso, ao passo que Fmax,
maximiza a Captura em peso por Recruta. Note que num modelo de produção não se pode
calcular Fmax, pois considera-se desconhecida - por estar implícita nas suposições básicas do
modelo - a estrutura por tamanhos do manancial (e portanto o recrutamento, R).
70
Acrescente-se que FMSY dos modelos estruturais é diferente de FMSY dos modelos de produção
Basta considerar que a relação S -R assim como o coeficiente de mortalidade natural, M, estão
implícitos nos modelos de produção, não podendo ser explicitados.
A comparação ou mistura dos resultados dos dois tipos de modelos deverão tomar em
consideração as diferentes suposições básicas em que se baseiam cada modelo.
Pelas mesmas razões, F0.1 dos modelos de produção é um conceito diferente de F0.1 dos
modelos estruturais.
Para o cálculo de F0.1, B0.1 e Y0.1 poder-se-ía proceder de modo semelhante ao usado no caso
dos modelos estruturais, mas com os modelos de produção é preferível obter essas
características recorrendo às relações, constantes, entre os pontos de referência 0.1 e M SY
(Cadima, 1991).
71
6.7 TIPOS DE MODELOS DE PRODUÇÃO
Os modelos de produção mais usados nas avaliações dos recursos pesqueiros são o modelo de
S chaefer (1954), o modelo de Fox (1970) e o modelo de Pella e Tomlinson (1969), que
também é designado por GENPROD (nome do programa que os autores elaboraram para a
aplicação do seu modelo). Fox menciona que a elaboração do seu modelo foi baseada numa
ideia de Garrod (1969).
A cada um destes modelos corresponderá uma função particular de H(Bt ) na suposição básica.
H (B t ) = B −t 1
[ ]
tirnatural k − 1 − B − 1 = − r
B
tir(B t )natural = r .1 − t
k
Condições de equilíbrio
Aproximando tir(Bt) por tmr(Bt), em relação aB, virá:
tmr (B t ) ( ) B
= f B E = r. 1 − E
relativa a B E k
( )
e, como em equilíbrio f B E = FE , as condições de equilíbrio podem ser expressas como:
BE = k . (1- FE / r)
YE = FE .BE .Ti
Note queBE é linear com FE e que para FE = 0 será BE = k = biomassa virgem.
72
Graficamente, a relação entreBE e FE mostra uma recta em que a ordenada na origem é igual
a k e o declive é igual a -k/r.
Ponto-alvo, FMSY
Durante 1 ano, as condições de equilíbrio poderão ser escritas como:
YE = FE .BE BE = k . (1 - FE / r)
dY/dF = B + F (dB/dF)
Ponto-alvo, F0.1
Demonstra-se que o quociente entre F0.1 e FMSY é constante e igual a 0.90. Assim, pode-se
concluir que:
0.1k = k - 2kF0.1/r
ou 0.90 = 2 F0.1/r
ou 0.90 =F0.1/FMSY
73
Índices de abundância, U, e índices de nível de pesca, f
Como se viu no Secção 6.5 supõe-se que os índicesU e f são proporcionais aB e F. Para este
modelo a condição de equilíbrio poderá ser escrita como:
Demonstra-se que, nos modelos de produção, os quocientes f0.1/fMSY eU0.1/UMSY são iguais
aos quocientes F0.1/FMSY e B0.1/BMSY. No caso do modelo de Schaefer será então:
De U = q.B, de FT=q.f e das expressões anteriores dos pontos-alvo relativos a FMSY e fMSY
podem também obter-se as relações dos parâmetros k e r com os coeficientes a, b e q:
Quando o valor do intervalo T for de um ano, T não aparece naquelas expressões. Estas
expressões permitem calcular os parâmetros do modelo, k e r, desde que se conheça o valor do
coeficiente de capturabilidade, q. Note que o produto k.r não depende de q.
6.7.2 MO DELO DE FO X
H(Bt ) = ln(Bt)
74
tir(B t ) natural = r . ln(k / B t )
Condições de equilíbrio
A condição de equilíbrio da biomassa pode ser expressa como
( )
r . ln k / B E = FE
BE = k.e − FE / r YE = FE .B E .Ti
( )
Note que ln B E é linear com FE e que para FE = 0 será BE = k = biomassa virgem.
A relação entre ln(BE ) e FE é linear, com ordenada na origem = lnk e declive = -1/r.
Ponto-alvo, FMSY
Derivando YE em ordem a F e igualando a derivada a zero, virá:
Ponto-alvo, F0.1
Neste modelo o quociente entre F0.1 e FMSY é constante e igual a 0.7815. Assim, pode-se
concluir que:
o que exige métodos iterativos para encontrar F0.1/r. A solução será F0.1/r = 0.7815 ou igual a
F0.1/FMSY.
75
YE = fE .UE
Ponto-alvo, fMSY
Os quocientes f0.1/fMSY eU0.1 /UMSY são, no caso do modelo de Fox iguais a F0.1/FMSY e
B0.1 /BMSY e, portanto:
Ponto-alvo, f0.1
Quando o valor do intervalo T for de um ano, T não aparece naquelas expressões. A última
expressão permite calcular o produto k.r. Para calcular k e r separadamente é necessário
conhecer o valor do coeficiente de capturabilidade, q , e utilizar as outras duas expressões.
H (B t ) = B −t p
( )
tirnatural k − p − B −p = − r
donde
[
tir(B t )natural = (r / p). 1 − (B t / k )p ]
Condições de equilíbrio
Em equilíbrio será FE = f(BE) = (r / p) .[ 1 - (k /B)-p]
76
e, portanto, as condições de equilíbrio podem ser expressas como:
BE = k . [1 - p . FE / r] 1/p
YE = FE .BE . Ti
Note que a relação entre (BE )p e FE é linear com a ordenada na origem igual a k e o declive
igual a -pk/r . Portanto para FE = 0 será BE = k = biomassa virgem
Ponto-alvo, FMSY
Derivando YE em ordem a F e igualando a derivada a zero, virá:
Ponto-alvo, F0.1
O quociente entre F0.1 e FMSY é constante para cada valor de p e pode-se obter de modo
semelhante aos casos anteriores. A equação a resolver por iteações seria:
77
1.6 0.927165 1.071323 0.993293
1.8 0.933457 1.064867 0.994008
2.0 0.938835 1.059401 0.994602
Note que (F0.1/FMSY) + (B0.1/BMSY) ≅ 2. Deste resultado pode afirmar-se que quando F0.1 é
menor de que FMSY de uma certa percentagem, a relação equivalente das biomassas será maior e
aproximadamente na mesma percentagem.
YE = fE .UE
Ponto-alvo, fMSY
Quando o tamanho do intervalo for um ano, T não aparece naquelas expressões. A última
expressão do quadro anterior permite calcular o produto k.r.Os valores separados de k e r
podem calcular-se desde que se conheça o valor do coeficiente de capturabilidade, q.
78
Comentários
1. O modelo de Pella e Tomlinson tem sido criticado na sua aplicação prática por produzir,
por vezes, melhores ajustes com valores não credíveis do parâmetro p, resultando em
valores extremamente elevados de FMSY.
2. É também conveniente ter em atenção que p, parâmetro adicional daquele modelo, é
denotado por símbolos diferentes consoante os autores.
3. Os valores dos pontos de referência biológica relativos a F, estimados pelo modelo de
Schaefer, são mais restritivos do que os correspondentes valores estimados pelos
restantes modelos de produção.
Como se referiu na Secção 6.3 a variação da biomassa durante 1 ano pode ser expressa, de um
modo geral, como:
f(Bi) é a aproximação da taxa média de variação "natural" da biomassa, relativa a Bi , durante
o ano i.
A expressão da variação da biomassa serve de base à maioria dos métodos de projecção a CP.
Foram preparados programas de computador para a aplicação destes métodos, que determinam
também projecções a LP, pontos de referência biológica, etc. São exemplos CEDA e BYODIN,
da responsabilidade respectivamente de Rosenberg et al. (1990), de Punt e Hilborn (1996)
79
Teoricamente esses métodos supõem conhecidas Bi e Yi durante um período de anos. A
função f(Bi ) pode ser a de Schaefer, Fox, ou de Pella e Tomlinson.
Para determinar os parâmetros r e k seria necessário adoptar uma das expressões f(Bi) e o
valor B1 do primeiro intervalo do período de tempo.
Na prática não se dispõem das biomassas médias anuais, mas apenas de quantidades
associadas, normalmente supostas serem proporcionais às biomassas médias ou sejam os
índices Ui =q.Bi. Deste modo serão 3 os parâmetros a estimar, r, k e q
A função objecto a minimizar pode ser Φ = Σ (Uobs - Uest) 2 , ou seja, a soma dos quadrados
dos erros entre os valores observados e estimados (designado por êrro do processo). No
entanto, quando se utilizam os valores de U observados e se supõe que a relação U=q.Bi não
é determinista, mas contém um erro, designado por erro de observação, então prefere-se
adoptar a função objecto Φ = Σ (lnUobs - lnUest)2 (Punt e Hilborn, 1996).
Prager (1994) não utilizou a expressão básica inicial como sendo a taxa média mas sim a taxa
instantânea relativa da variação da biomassa no ano i e adoptou o modelo de Schaefer.ou seja,
Por outro lado calculou a biomassa média,Bi , durante o ano i integrando Bt entre ti e ti+1.
Finalmente calculou a captura em peso como:
Yi= FiBi .
A estimação dos parâmetros pode então ser realizada de modo semelhante aos métodos
anteriores. O programa de computador preparado para o efeito denomina-se ASPIC (Prager,
1995).
80
Assim, integrando esta expressão para o intervalo de tempo Ti atendendo a que
ti+1
∫ tia(ln Bt )dt =
ti
Para o intervalo Ti+1 seguinte (que é o intervalo onde se pretende projectar o manancial e a
captura) seria:
Tendo em vista calcular a média aritmética simples das expressões anteriores para os intervalos
Ti e Ti+1, será para o primeiro membro:
ln(B*i+1) - ln(B*i) = (1/2) {f(Bi) Ti + f(Bi+1) Ti+1 } - (1/2) {Fi Ti + Fi+1 Ti+1}
No caso do modelo de Fox, é como vimos f(Bt) = r (lnk - lnBt) e, portanto, f(Bi) pode
escrever-se como
r(lnk- ln(B*i))
ln (B*i+1) - ln (B*i) =
= (1/2) { r(lnk- ln(B*i)) Ti + r(lnk- ln(B*i+1)) Ti+1 } - (1/2) {Fi Ti + Fi+1 Ti+1}
ln(B*i+1) - ln (B*i) = (rT/2) { lnk- ln(B*i) + lnk- ln(B*i+1) }- (1/2) {Fi T + Fi+1 T}
81
ou reorganizando os termos desta expressão, virá:
Como se viu nas projecções a LP (ou em equilíbrio) é mais comum estarem disponíveis índices
de biomassa,U, e de nível de pesca f , do que valores deB e F.
2 − rT
ln U i + 1 =
2rT
. ln(qk ) + . ln Ui −
q
(f + f i + 1 )
2 + rT 2 + rT 2 + rT i
onde:
2rT
b1 = ln(qk )
2 + rT
2 − rT
b2 =
2 + rT
q
b3 = −
2 + rT
q = -4b3/(1+b2)
r = 2(1-b2) / T(1+b2)
k = ((1+b2)/(-4b3)).e b1 /(1-b2 )
82
Comentários
1. Deve esclarecer-se que o facto de se ter desenvolvido neste manual o modelo de
Yoshimoto e Clarke para as projecções a CP não significa preferência especial sobre
outros modelos nas projecções a CP.
2. Yoshimoto e Clarke designaram a sua expressão por expressão integrada de Fox, em
virtude de ter como base a integração directa da suposição básica.
3. Note que f (Bi) e f (Bi+1) são, de um modo geral, diferentes de f (Bi) e f (Bi+1).
No entanto, as médias de f( ) podem considerar-se iguais a f(médias de B) se se utilizar
outro tipo de média de B.
• Definição deBi* segundo uma função
Considere n valores Bi e a média aritmética simples de f(Bi), isto é,
EXEMPLOS
4. Se f(B) = ln(B) será ln(B*) = (1/n).Σ ln(Bi) e assimB* é a média dos valores Bi
segundo a função logaritmo neperiano, também designada por média geométrica dos
valores Bi
5. No caso de ser f(B) = B-1 então será (B*)-1 = (1/n).Σ (Bi)-1 e B* é designada por média
harmónica dos valores Bi
6. Se f(B) = B-p então será (B*)-p =(1/n).Σ (Bi)-p e B* é designada por média de ordem (-
p) dos valores Bi .
7. Uma outra aproximação (Cadima & Pinho, 1995) da equação integrada de Fox pode ser:
83
tir(B t )total = r.(ln k − ln B t )naturalFox − Fipesca
ou, utilizando mais uma vez a expressão de tir(Bt) da suposição básica transformada virá:
Dividindo ambos os membros da equação pela expressão dentro de parêntesis recto virá:
tia[ r.(ln k - ln B t ) - Fi ]
= −r
[ r.(ln k - ln B t ) - Fi ]
Portanto, o valor final de (r.ln k - r.ln Bt - Fi) pode ser expresso como:
ou
84
onde Bi* = média geométrica de Bi e Bi+1 e Bi+1* = média geométrica de Bi+1 e Bi+2.
lnUi+1 = (1- e -r.T).ln (qk) + e -r.T. lnUi - ((1- e -r.T )/2rT) .q(fi+fi+1)
85
CAPÍTULO 7 - ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS
Nos capítulos anteriores analisaram-se vários modelos usados na avaliação de mananciais,
tendo-se definido os respectivos parâmetros. Nas correspondentes fichas de exercícios os
valores dos parâmetros foram dados, não sendo necessário estimá-los. Neste capítulo analisar-
se-ão diversos métodos para estimar os parâmetros. Convém recordar que a estimação de
parâmetros implica conhecimentos sobre a teoria de amostragem e sobre inferência estatística.
Neste manual referir-se-á um dos métodos gerais mais usados na estimação de parâmetros - o
método dos mínimos quadrados. Este método utiliza, em muitos casos, processos iterativos
de estimação que requerem valores iniciais próximos dos verdadeiros parâmetros. Assim,
apresentam-se também alguns métodos particulares, que permitem obter, facilmente,
estimativas próximas dos verdadeiros valores dos parâmetros. De qualquer modo, estas
estimações aproximadas também têm, por si só, interesse prático. Estes métodos serão
ilustrados com a estimação dos parâmetros de crescimento e da relação, S -R, manancial-
recrutamento.
O método dos mínimos quadrados é apresentado sob as formas de Regressão linear simples,
de modelo linear generalizado e de modelos não lineares (método de Gauss-Newton).
Modelo
Considere as seguintes variáveis e parâmetros:
Y = A+BX
83
Objectivo
Observados n pares de valores (cada par é constituído por um valor seleccionado da variável
auxiliar e o valor observado correspondente da variável resposta) estimar os parâmetros do
modelo ou seja:
∧ ∧ ∧ ∧ ∧ ∧
(Valores estimados A e B (ou a e b) e Y1 , Y 2 ,..., , Y i .., Yn )
2
n
Φ = ∑ (y i − Yi )
i= 1
Critério de estimação
Os estimadores serão os valores de A e B que tornam mínima a função objecto. Este critério
denomina-se o método dos mínimos quadrados. Para proceder à minimização há que igualar a
zero as derivadas ∂Φ /∂A e ∂Φ /∂B e resolver o sistema de equações obtido em ordem a A e a
B.
x = (1/n).∑ x y = (1/n).∑ y
b = Sxy/Sxx a = y - b. x
y = A + BX + ε
onde ε é uma variável aleatória com valor esperado igual a zero e variância igual a σ2.
Assim, o valor esperado de y será Y ou A+BX e a variância de y será igual à variância de ε.
84
Desvio é a diferença de yobservado e ymédio ( y ), isto é desvio = (y- y )
enquanto que
∧ ∧
Resíduo é a diferença entre yobservado e Yestimado ( Y ), isto é resíduo = (yi - Y i ).
85
Soma dos quadrados dos resíduos =
(
SQresidual = ∑ y − Ŷ )2
Esta quantidade indica a variação residual dos valores observados em relação aos valores
estimados do modelo, isto é, a variação dos valores observados não explicada pelo modelo.
Soma dos quadrados dos desvios dos valores estimados do modelo é igual a:
SQmod elo = ∑ Ŷ − y( )2
Esta quantidade indica a variação dos valores estimados da variável resposta do modelo em
relação à sua média, isto é, a variação dos valores estimados da variável resposta explicada
pelo modelo.
Soma total dos quadrados dos desvios dos valores oservados é igual a:
(
SQtotal = ∑ y − y )2
Esta quantidade indica a variação total dos valores observados em relação à média
ou
ou 1 = r2 + (1 - r2)
onde
86
7.2 MODELO LINEAR GENERALIZADO – REGRESSÃO LINEAR
MÚLTIPLA – MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS
Modelo
Considere as seguintes variáveis e parâmetros:
Objectivo
Observados n conjuntos de valores (cada conjunto é constituído por um valor observado de
cada variável auxiliar e o valor observado correspondente da variável resposta) estimar os
parâmetros do modelo, ou seja:
Observados x1,i x2,i ,..., xj,i,.., xk,i e yi para cada conjunto i , com i=1,2,...,i,...n
n
Φ = ∑ ( y i − Yi ) 2
i =1
Critério de estimação
Os estimadores serão os valores de Bj que tornam mínima a função objecto. Este critério
denomina-se o método dos mínimos quadrados.
87
Versão matricial
M atriz X(n , k ) = M atriz dos valores observados das variáveis auxiliares
Vector y( n , l) = Vector dos valores observados da variável resposta
Modelo
Y(n,1) = X(n,k) . B(k,1) ou Y=X.B+ε
Função objecto
Para calcular os estimadores dos mínimos quadrados basta igualar a zero a derivada de Φ em
ordem ao vector B. Recorde-se que dΦ /dB é um vector com componentes ∂Φ /∂B1, ∂Φ /∂B2,
..., ∂Φ /∂Bk. Assim, virá:
dΦ /dB(k,1) = -2.XT.(y-X.B) = 0
ou XTy - (XT.X). B = 0
∧
e b = B = (XT.X)-1 . XTy
b(k,1) = (XT.X)-1.XTy
∧ ∧
Y (n,1) = X.b ou Y (n,1) = X (XT.X)-1.XT y
∧
resíduos(n,1) = (y- Y )
Comentários
Para a análise estatística tem vantagem expressar os estimadores e as somas dos quadrados
utilizando matrizes idempotentes. Em seguida utilizam-se as matrizes idempotentes L, (I - L) e
88
(I - M) com L(n,n) = X (XT . X)-1 . XT, I = matriz unitária e M(n,n) = matriz média(n,1) = 1/n
[1] onde [1] é uma matriz com todos os elementos iguais à unidade.
∧
3– Estimador do vector parâmetro B B = (XT.X)-1.XT.y
∧ ∧
Valor esperado de B E[ B ] = B
∧ ∧
Variância de B igual a V[ B ](k.k) = (XT.X)-1.σ2
∧ ∧
4– Estimador de Y do modelo Y = X. B = L.y
∧ ∧
Valor esperado de Y E[ Y ] = Y.
∧ ∧
Variância de Y V[ Y ] = L.σ2
∧
5– Resíduo e e = y- Y = (I-L).y
Valor esperado de e E[e] = 0
Variância de e V[e] = (I-L).σ2
6– Soma de quadrados
∧ ∧
6.1 - Soma residual dos quadrados = SQ residual (1.1) = (y- Y )T(y- Y ) = yT (I-L)y
Esta quantidade indica a variação residual dos valores observados em relação aos valores do
modelo, isto é, a variação não explicada pelo modelo.
∧ ∧
6.2 - Soma dos quadrados do modelo = SQ modelo(1.1) = ( Y - y )T( Y - y ) = yT (L-M)y
89
Esta quantidade indica a variação dos valores do modelo em relação à média, isto é, a variação
explicada pelo modelo.
6.3 - Soma total dos quadrados dos desvios = SQ total (1.1) = (y- y )T(y- y ) = yT (I-M) y
Esta quantidade indica a variação total dos valores observados em relação à média.
É fácil de verificar a seguinte relação:
ou 1 = R2 + (1 - R2)
onde:
R2 é a percentagem da variação total que é explicada pelo modelo. Em termos matriciais será:
Os valores característicos das matrizes (I-L), (I-M) e (L-M) respectivamente iguais a (n-k), (n-
1) e (k-1), são os graus de liberdade associados às respectivas somas dos quadrados.
Modelo
Considere as seguintes variáveis e parâmetros:
Parâmetros = B1,B2,...,Bj,...,Bk
90
Y = f(X;B) onde B é um vector de componentes B1,B2,...,Bj,...,Bk
Objectivo
Observados n pares de valores ( cada par é constituído por um valor seleccionado da variável
auxiliar e o valor observado correspondente da variável resposta) estimar os parâmetros do
modelo
ou seja:
n
Φ = ∑ ( y i .Yi )2
i =1
Critério de estimação
Os estimadores serão os valores de Bj que tornam mínima a função objecto.
(Este critério denomina-se o método dos mínimos quadrados).
Versão matricial
É conveniente apresentar o problema utilizando matrizes e aplicando o cálculo matricial.
Assim:
Vector X(n,1) = Vector dos valores observados da variável auxiliar
Vector Y(n,1) = Vector dos valores da variável resposta dados pelo modelo
Modelo
Y(n,1) = f(X; B)
91
Função objecto
Φ (1,1) = (y-Y)T.(y-Y)
No caso do modelo não linear o sistema de equações resultantes de igualar a zero a derivada da
função Φ em ordem ao vector B geralmente não é simples de resolver. A estimação pelo
método dos mínimos quadrados poderá, no entanto, ser efectuada recorrendo a algumas
modificações que têm por base o desenvolvimento da função Y em série de Taylor, como uma
aproximação ao modelo.
Y = f(x0) + (x-x0).f’(x0)
O desenvolvimento de Taylor pode aplicar-se a funções de mais de uma variável. Por exemplo,
para uma função Y = f(x1,x2), o desenvolvimento linear seria:
Y = Y(0)+A(0).(x-x(0))
onde Y(0) é o valor da função no ponto x(0) de componentes (x1-x1(0)) e (x2-x2(0)) e A(0) é a
matriz de derivadas com componentes iguais à derivada parcial de f(x1,x2) em ordem a x1,x2 no
ponto (x1(0), x2(0)).
Por exemplo, o desenvolvimento linear de Y = f(x,B) em ordem a B1, B2, ..., Bk , seria:
92
Y = f(x;B) = f(x; B(0)) + (B1-B1(0)) ∂ f / ∂ B1 (x;B(0)) +..... +
(B2-B2(0)) ∂ f / ∂ B2 (x;B(0)) +...... + ..........+ (Bk-Bk(0)) ∂ f / ∂ Bk (x;B(0))
onde
A = matriz de ordem (n,k) das derivadas parciais da matriz f(x;B) em ordem ao vector B no
ponto B(0) e
Para obter o mínimo desta função é mais conveniente derivar Φ em ordem ao vector ∆ B do
que em relação ao vector B e igualar a zero. Assim virá:
e portanto será:
−1
∆B (0 )(k , l) = AT
(0 )
.A (0)
(0 ) .(y − Y(0 ) )
. AT
(convém esclarecer que na prática quando se diz “igual a zero” neste processo, quer dizer-se
“menor do que aprox” onde aprox é o vector aproximação que se queira definir).
e o processo repetir-se-á, isto é, proceder-se-à a nova iteração com B(0) substituido por B(1) (e
A(0) substituido por A(1) ). O processo iterativo continuará até que se verifique a convergência
desejada.
93
Comentários
1. Não é dito que o processo convirja sempre. Às vezes não converge, outras vezes é lento
demais (até para computadores!) e outras vezes converge mas para outro limite!!
2. O método que se descreveu acima é o método de Gauss-Newton que é a base de muitos
outros métodos. Alguns desses métodos introduzem modificações para obter uma
convergência mais rápida como o caso do método de M arquardt (1963), bastante usado
em investigação pesqueira. Outros métodos usam o desenvolvimento de Taylor de
segunda ordem (método de Newton-Raphson), procurando assim uma melhor
aproximação. Outros ainda, combinam as duas modificações.
3. Estes métodos necessitam que se calculem derivadas das funções. Alguns programas de
computador requerem a introdução das expressões matemáticas das derivadas, outros
utilizam sub-rotinas com aproximações numéricas das derivadas.
4. Convém também salientar que os métodos existentes na investigação pesqueira e
estudados neste curso para calcular valores de vários parâmetros, como por exemplo,
crescimento, mortalidades, curvas de selectividade e de maturação, podem dar valores
iniciais para os parâmetros caso se pretenda usar métodos iterativos em modelos não-
lineares.
5. De qualquer modo é importante salientar um aspecto comum aos métodos iterativos: o
valor inicial do vector B(0) usado no processo deve ser seleccionado o mais próximo
possível do verdadeiro valor. Deste modo, não só a convergência é mais rápida como
também é mais seguro que terminará no limite desejado.
94
7.4 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS DE CRESCIMENTO
O método dos mínimos quadrados (regressão não-linear) permite estimar os parâmetros K, L∞
e to das equações de crescimento individual.
Os valores iniciais de K, L∞ e t0 podem ser obtidos por meio da regressão linear simples
usando os métodos seguintes.
∆ L/TI = K .L∞ - K. L
Como se pode ver a equação anterior é da forma linear simples, y = a + bx, onde:
x = e -Kt
95
Assim os autores propõem adoptar um valor de K, isto é, K(0), e por regressão linear simples
entre y (= Lt) e x(=e -Kt) estimar a(0), b(0) e r2(0). O procedimento pode ser repetido para vários
valores de K, isto é, K(1) K(2),.... Poder-se-à então adoptar a regressão que resulte no maior
valor de r2, ao qual corresponderá Kmax e amax e bmax. Estes valores de amax, bmax e Kmax
permitirão obter os valores dos restantes parâmetros.
(i). Seleccionar dois valores extremos de K que incluam o valor pretendido, por exemplo
K= 0 e K=2 (por dificuldades práticas use K = 0.00001 em vez de K = 0).
(iv). As etapas (ii) e (iii) podem-se repetir até obter um intervalo de valores de K com a
aproximação desejada. De um modo geral esta etapa não necessita de muitas repetições.
Nr = R
tr tλ
96
Tanaka (1960) propõe Curvas de Sobrevivência "NATURAL" (Figura 7.2) para obter valores
de M a partir de longevidade.
Na prática pode considerar-se que uma coorte se extingue quando só sobrevive uma fracção, p,
dos indivíduos recrutados. Nesse caso, partindo de N λ = R ⋅ e − M ⋅λ , pode escrever-se:
Nλ
p= = e − M .λ e portanto M = -(1/λ ).ln p
R
2 p=1%
M 1.5
1
p=5%
0.5
0
0 10 20 30
λ (anos)
A escolha do valor de p é arbitrária, mas adopte p = 5% (i.e. um cada vinte recrutas sobrevive
até à idade tλ ) como um valor variável.
a) recursos com uma taxa de mortalidade elevada não podem ter um tamanho máximo muito
grande;
97
b) em águas mais quentes, o metabolismo é mais acelerado, de modo que é possível crescer até
um tamanho maior e atingir o tamanho máximo mais rapidamente do que em águas mais
frias.
Pauly recolheu, na literatura, dados sobre estes parâmetros, para 175 espécies e ajustou
regressões múltiplas de valores transformados de M contra os correspondentes valores
transformados de K , L ∞ e de temperatura, de modo a encontrar uma relação linear e
seleccionou aquela que considerou com o melhor ajuste, ou seja, a seguinte relação empírica:
M = ano-1
L ∞ = cm de comprimento total
K = ano-1
To = temperatura à superfície das águas em o C
Pauly chama a atenção para os cuidados a ter na aplicação desta expressão a pequenos
pelágicos e crustáceos. A relação de Pauly usando logaritmos decimais apresenta o primeiro
coeficiente diferente do valor -0.0152 dado na expressão anterior, escrita com logaritmos
neperianos.
M=
1 .521
− 0. 155 t mat50% → ano
(t mat 50% ) 0. 720
−1
M → ano
98
Método de Gundersson (1980)
Baseado na suposição de que a taxa de mortalidade natural deverá estar relacionada com o
investimento dos peixes na reprodução, além da influência de outros factores, Gundersson
estabeleceu várias relações entre M e aqueles factores.
Podem calcular-se os coeficientes de mortalidade natural Mi para cada idade i e durante o ano,
como:
Ci
calcule Ei =
N i − N i +1
calcule Z i = ln N i − ln N i +1
calcule Mi = Z i ⋅ (1 − E i )
Os vários valores de M obtidos em cada idade poderão ser comparados e possivelmente
combinados para calcular um valor constante, M, para todas as idades.
f
Fi = q ⋅ i para Ti = 1 ano, Fi = q ⋅ f i ,
Ti
então: Zi = q ⋅ fi + M
Assim, a regressão linear entre Zi e f i tem declive b = q e intersecção a = M .
99
Existem vários métodos para estimar o coeficiente de mortalidade total, Z, suposto constante
durante um certo intervalo de idades ou de anos.
Nt = Na .e −Z( t − t a )
Esta expressão mostra que o logaritmo do número de sobreviventes é linear com a idade ,
sendo o declive igual a -Z.
(a Cte não tem interesse especial para a determinação de Z. Acrescente-se que as expressões
constantes em qualquer expressão que não interessem para a determinação de Z serão indicadas
por Cte ).
Se, dentro do intervalo (ta,tb), Z pode ser considerado constante e, dispondo de dados de
abundância, Ni , ou índices de abundância em número,Ui , para várias idades, i , então a
aplicação da técnica de regressão linear simples permite estimar o coeficiente de mortalidade
total Z.
Com efeito
1 − e −ZTi
Ni = N i . portantoNi = Ni. Constante
ZTi
e, como
Ni = N a .e − Z(t i −t a )
100
e, portanto, também será
ln N i = Cte − Zt i
e a regressão linear simples entre ln N i e ti permite estimar Z (note que a constante, Cte , é
diferente da anterior mas para o efeito só o declive interessa para estimar Z).
Caso as idades não sejam a intervalos constantes, a expressão poderá ser expressa usando
os valores de tcentrali , de forma aproximada.
Ni ≈ Ni . e -ZTi/2
e, como Ni = Na . e -Z.(ti-ta)
No caso dos índicesUi a situação é semelhante pois Ui = q. Ni, com q constante, e,
portanto, também será:
ln U i = Cte − Zt i
Caso as idades não sejam a intervalos constantes a expressão deverá ser modificada para:
Com dados de capturas, Ci , e de idades, ti , também continua a ser possível aplicar a regressão
linear simples para obter Z, mas neste caso, será necessário supôr que Fi é constante. Recorde-
se que Ci = Fi Ni Ti e assim, lnCi = Cte + ln Ni quando Ti é constante. Portanto:
lnCi = Cte - Z. ti
Caso as idades não sejam separadas com intervalos constantes a expressão deverá ser
modificada para:
101
Designe-se por Vi a captura acumulada desde ti até ao final da vida, (forma conveniente para
os cálculos das várias capturas acumuladas) isto é:
Vi = ∑ Ck = ∑ FkNkcum,
Portanto:
ln Vi = Cte - Z. ti
1
Z=
t − ta
L − Lt
. ln(1 − ∞
1
t = ta − )
K L ∞ −L a
(Esta equação é referida por alguns autores como equação inversa de von Bertalanffy).
102
para t = ta seria La = 0 e:
1
t* = − . ln(1 − L t )
K L∞
Com efeito, esta idade é relativa porque difere da idade absoluta por uma quantidade constante,
ta.
Assim, por exemplo, a duração do intervalo Ti tanto pode ser calculada pela diferença das idade
absolutas dos extremos do intervalo, como pela diferença das idades relativas:
e este intervalo corresponde ao tempo que o indivíduo demora a crescer entre Li e Li+1, isto é,
Ti é o tamanho do intervalo i . Também:
t* = t + Cte
ln Vi = Cte - Z. t*i
ln Ci/Ti = Cte - Z. t*centrali
Z = 1/E*
L −L
Z = K⋅ ∞
L − La
(Recorde-se que L deve ser calculado como a média dos valores de Li ponderados com as
abundâncias (ou índices) ou com as capturas).
103
Comentários
1. A aplicação de qualquer destes métodos deve ser precedida pela representação gráfica dos
dados correspondentes, a fim de se verificar se são aceitáveis ou não, as suposições dos
métodos e, também, para determinar o intervalo de interesse, (ta , tb).
2. As demonstrações destas fórmulas são imediatas (com as indicações que se
apresentaram), mas é vantajoso desenvolver as demonstrações porque inclusivé permite
explicitar as suposições que tornam os métodos aplicáveis.
3. A estimação de Z constante deve ser sempre tentada. M esmo quando não for aceitável
porque serve de orientação geral sobre a grandeza dos valores que se podem esperar.
4. Os métodos são referidos na literatura por vezes com nomes dos autores que os aplicaram
pela primeira vez. Por exemplo, a expressão ln Vi = Cte - Z.t*i é designada por método de
Jones e van Zalinge (1981).
5. A idade média bem como o comprimento médio na captura podem obter-se através das
seguintes expressões:
∑ (t centrali. Ci)
t= com Ci = captura em número na idade i
∑ Ci
∑ ( Lcentrali . Ci)
L=
∑ Ci
∑ (t * centrali . Ci)
t* =
∑ Ci
104
FORMULÁRIO - Estimação do Coeficiente de Mortalidade Total, Z
Suposição: Z constante no intervalo de idades, (ta, tb)
T Constante
ln N i = Cte − Z ⋅ t i
ln U i = Cte − Z ⋅ t i
ln Ci = Cte − Z ⋅ t i
ln Vi = Cte − Z ⋅ t i i
Vi = ∑ Ck
k =ult
Ti variável
ln Ni = Cte − Z ⋅ t centrali
ln Ui = Cte − Z ⋅ t centrali T
tcentrali = ti + i
2
C
ln i = Cte − Z ⋅ t centrali
Ti
ln Vi = Cte − Z ⋅ t i
Z=
1 (t b = ∞ ) (equação de Z de Beverton e Holt)
t − ta
1 L
Idade relativa t *i = − ⋅ ln 1 − t
K L∞
ln N i = Cte − Z.t *i
ln Ni = Cte − Z ⋅ t *centrali t * + t *i +1
t*centrali = i
2
ln Ui = Cte − Z ⋅ t*centrali
C
ln i = Cte − Z ⋅ t*central Ti = t *i + 1 − t *i (equação de Gulland e Holt)
Ti i
L −L
Z = K⋅ ∞ (t *b = ∞ ) (equação de Z de Beverton e Holt)
L − La
105
106
7.7 ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS DA RELAÇÃO MANANCIAL-
RECRUTAMENTO (S-R)
O método dos mínimos quadrados (modelo não-linear) pode ser usado para estimar os
parâmetros, α e K, de qualquer dos modelos S-R.
Os valores iniciais do modelo de Beverton e Holt (1957) podem ser obtidos re-escrevendo a
equação na forma:
S 1 1
(R/S)-1 ou = + .S
R α αK
e estimando a regressão linear simples entre y (= S/R) e x (=S) que dará as estimações de 1/α e
de 1/αK. A partir destes valores poder-se-á então estimar os parâmetros (a e K) do modelo de
Beverton e Holt, que poderão ser considerados como valores iniciais na aplicação do modelo
não-linear de Beverton e Holt.
R 1
ln = ln α − .S
S K
e estimando a regressão linear simples entre y (= ln R/S) e x (=S) que dará as estimações de
lnα e de (-1/K). A partir destes valores poder-se-ão estimar também os parâmetros (α e K)
do modelo, que poderão ser considerados como valores iniciais na aplicação do modelo não-
linear de Ricker.
Nos modelos com o parâmetro flexível, c, como por exemplo o modelo de Deriso (1980), a
equação poderá ser re-escrita como:
c
R S
= αc − c.α c .
S K
Vários valores de c podem ser experimentados para verificar com qual deles a recta y contra x
se ajustará melhor, sugerindo-se por exemplo valores de c entre -1 e 1.
107
A partir dos valores assim obtidos para α, K e c, que poderão ser considerados como valores
iniciais na aplicação do modelo não-linear de Deriso, poder-se-ão estimar os parâmetros α , K
e c do modelo.
Dados
idade, i , com i = 1,2,...,k
ano, j, com j = 1,2,...,n
Objectivo
estimar
matriz [F]
e
matriz [N].
PARTE 1 (INTERVALO Ti )
Considerem-se conhecidas as seguintes características de uma coorte, num intervalo Ti:
Ci = Captura em número
108
Mi = Coeficiente de mortalidade natural
Ti = Tamanho do intervalo
Da expressão:
Admitindo um dado valor, Fult , para a última classe de idades, é possível, como se referiu na
parte 1, estimar todos os parâmetros (relacionados com números) nessa última idade. Deste
modo fica-se a conhecer o número de sobreviventes ao início e ao final da última idade .
Recorde-se que o número ao início dessa última classe de idade, calculado como no parágrafo
anterior, é também o número ao final da classe anterior. Seja então Nfinal esse número de
sobreviventes ao final da penúltima classe.
Fi . +( F + M i ).Ti
Ci = Nfinal .( e i − 1)
+
Fi Mi
Ni = N final .e (Fi + M i ). Ti
109
Repetindo este processo para todas as classes anteriores, obter-se-ão sucessivamente, os
parâmetros em todas as idades, até à primeira idade. Recorde-se que Ni é também o número de
sobreviventes da classe (i-1) anterior. Quando a coorte é completamente pescada, o número ao
final da última classe é zero e a captura C tem que ser calculada por :
Cult =Fult/(Fult+Mi).Nult
110
Método de Pope
Pope (1972) apresentou um método simples que permite estimar o número de sobreviventes
ao início de cada idade da vida da coorte a partir da última idade.
É suficiente aplicar sucessivamente e de trás para diante a expressão:
A expressão pode derivar-se, segundo Pope, supondo que a captura se efectua exactamente no
ponto central do intervalo Ti (Figura 7.3).
Nt
Ni
N´
Ci
N´´ Ni+1
0
0 ti tcen trali ti+1
N’=N’’ + Ci
Ni=N’.e +MT/2
111
Parte 3 (período de anos)
Suponha-se, finalmente, que são conhecidas durante um período de anos a matriz Captura [C],
a matriz mortalidade natural [M] e o vector tamanho dos intervalos [T], em que as linhas, i ,
são idades e as colunas, j, são anos.
Admita-se também que se adoptaram valores de F nas últimas idades de todos os anos
representados nas matrizes e os valores de F de todas as idades no último ano.
Designar-se-ão estes valores por Fterminais (Figura 7.4)
Anos
Idades 2000 2001 2002 2003
1 C C C C Fterminal
2 C C C C Fterminal
3 C C C C Fterminal
Fterminal Fterminal Fterminal Fterminal
Figura 7.4 Matriz captura, [C], com Fterminais na última linha e na última coluna da
matriz C. O sombreado exemplifica as capturas de uma coorte
Note que nestas matrizes os elementos em diagonal correspondem a valores de uma mesma
coorte, pois que a um elemento de uma idade e de um ano seguir-se-á, em diagonal, o elemento
com mais 1 ano de idade e do ano seguinte, e, portanto, o elemento seguinte da coorte.
Pelo que se disse nas partes 1 e 2 será então possível estimar Fs e Ns sucessivamente para
todas as coortes presentes na matriz captura, ou seja, em todas as células.
Comentários
1. M uitas vezes, na prática, é comum adoptarem-se valores Mi,j constantes e iguais a M.
2. Quando os dados se referem a idades, os valores Ti costumam ser todos iguais a 1 ano.
3. Os últimos grupos de cada ano são por vezes idades(+). As capturas correspondentes são
constituídas por indivíduos pescados durante esses anos, com aquela idade ou superior.
Assim, os valores acumulados não pertencem à mesma coorte, mas são sobreviventes de
várias coortes anteriores. Não seria legítimo usar a captura de um grupo (+) para analisar a
coorte em referência, porque essas outras coortes resultam de diferentes tamanhos de
recrutamentos. Apesar disso, o grupo (+) tem importância no cálculo dos totais anuais de
captura em peso, Y, e biomassas, totais, B, e desovantes, BD. Assim, é costume realizar a
análise de coortes a partir da idade imediatamente anterior ao grupo (+) e utilizar o grupo
(+) só para os cálculos de Y, B e BD. O valor de F nesse grupo (+) em cada ano pode
estimar-se como sendo o mesmo coeficiente de mortalidade por pesca da idade anterior
ou, em alguns casos, um valor razoável em relação aos valores de Fi no ano em causa.
4. Uma dificuldade na aplicação da técnica AC surge quando o número de idades é pequeno
ou quando os anos são poucos. Com efeito nesses casos as coortes têm poucas classes de
112
idade representadas na M atriz [C] e as estimações serão muito dependentes dos valores
adoptados de Fterminal.
5. A análise de coortes (AC) tem também sido designada por outros nomes: VPA (Virtual
Population Analysis), método de Derzhavin, método de M urphy, método de Gulland,
método de Pope, Análise Sequencial, etc. Por vezes refere-se a AC quando se usa a
fórmula de Pope e VPA noutros casos. M egrey (1989) apresenta uma revisão muito
completa sobre a análise de coortes.
6. Também é possível estimar os restantes parâmetros numa idade i, relacionados com
números, ou seja, Ncumi,Ni, Di, Zi e Ei. Com informação sobre pesos individuais iniciais
ou médios, matriz [w] ou matriz [w], também se podem calcular as capturas anuais em
peso [Y], as biomassas ao início dos anos, [B] e as biomassas médias durante os anos
[B]. Com informação sobre ogivas de maturação em cada ano, por exemplo, ao início do
ano, podem-se também calcular as biomassas desovantes, [BD]. Normalmente estimam-se
apenas as capturas totais Y, as biomassas do manancial (totais e desovantes) ao início e as
biomassas médias do manancial (totais e desovantes) em cada ano.
7. Os elementos da primeira linha da matriz [N] podem considerar-se estimações de
recrutamento à pesca em cada ano.
8. O facto de se adoptarem Fterminais e de estes valores influenciarem os resultados - matriz
[F] e matriz [N] - obriga a seleccionar valores de Fterminais próximos dos verdadeiros. A
coerência entre as estimações dos parâmetros mencionados nos pontos 6. e 7. e outros
dados ou índices independentes (por exemplo, estimações por métodos acústicos de
recrutamento ou biomassas, estimações de índices de abundância ou cpue´s, de esforços
de pesca, etc) deve ser analisada. Estas verificações são obrigatórias para validar a
análise de coortes ( por vezes usam-se incorrectamente as designações calibração ou
sintonização, expressões que pretendem traduzir o termo inglês " tuning", em vez de
validação).
9. Um outro aspecto sobre as matrizes resultantes da AC é a possibilidade de verificar e
estimar a hipótese de separar o nível de pesca de cada ano e o padrão relativo de
exploração de cada idade , isto é, transformar os Fij calculados em cada célula no produto
Fj.si, ou seja, Fi,j = Fj.si, com i = idade e j = ano.
Costuma designar-se esta separação como VPA-Separável (SPVA).
Sejam ∑ Fi , j = Ftot j
i
e
∑ Fi , j = s toti
j
e
∑ Fi, j = Ftot
i, j
113
Deste modo, se Fij = F,.xsi pode provar-se que Fj.si
Se os valores estimados para Fi,j forem iguais aos valores anteriores, que se designarão por
Fsepij = Fj.si, então a hipótese foi verificada. Esta comparação pode ser realizada de várias
maneiras mas, a mais simples e mais rápida, será provavelmente calcular os quocientes
(Fsepij/Fij) que, no caso da hipótese ser verdadeira deverão ser iguais a 1.
Note que se a hipótese não for verificada será sempre possível considerar outras hipóteses tal
como o vector anual [s] ser constante apenas em alguns anos, em especial anos recentes.
10. De qualquer modo é usual considerar-se um intervalo de idades, em que é suposto que os
indivíduos capturados estão “completamente recrutados”. Se o intervalo de idades
corresponder a indivíduos completamente recrutados seria de esperar que o padrão
relativo de exploração calculado se aproximasse de 1 (para as restantes idades não
completamente recrutadas o padrão relativo de exploração deveria ser menor que 1). Para
aquele intervalo de idade, i , calcula-se então a média dos valores de Fi,j em cada ano. Essas
médias,Fj, são consideradas como níveis de pesca nos respectivos anos. O padrão
relativo de exploração em cada célula, seria então o quociente Fi,j /Fj .
Os métodos de proceder à análise de coortes nesses casos denominam-se LCA (Length Cohort
Analysis em inglês). As mesmas técnicas, método de Pope, método iterativo, etc, da AC para
idades, podem ser aplicadas na análise LCA (recorde que os intervalos Ti´s podem ser
calculados a partir de idades relativas).
114
constituídas por elementos que pertençam a dois grupos de idades consecutivos. Nestes casos
será necessário repartir a captura dessas classes extremas em duas partes e atribui-las a cada
uma daquelas idades. No exemplo da Figura 7.5, as capturas da classe de comprimentos (24-
26] pertencem à idade 0 e à idade 1 . Assim, é necessário repartir essa captura pelas duas
idades. Um método simples poderá ser atribuir à idade 0 a fracção (1.00 - 0.98)/(1.06 - 0.98) =
0.25 e à idade 1 a fracção (1.06 - 1.00)/(1.06 - 0.98) = 0.75 da captura anual dessa classe de
comprimentos. O método não será o mais apropriado, pois baseia-se na suposição de que nas
classes de comprimento a distribuição dos exemplares por comprimento é uniforme. Por isso,
será conveniente quando se aplicar esta técnica de repartição, usar o menor intervalo de classes
possível.
Um outro modo de realizar a análise de coortes por comprimentos poderá ser, não agrupar as
capturas nas classes de comprimento compreendidas no mesmo grupo de idade, mas usá-las
separadamente. As coortes poderão ser seguidas na matriz [C], através das classes de
comprimentos pertencentes a uma mesma idade, num determinado ano, com as classes de
comprimento da idade seguinte, no ano seguinte, etc. Deste modo as diferentes coortes
existentes na matriz serão separadas e a evolução de cada uma delas apresentar-se-á, não por
idades, mas por classes de comprimento (ver Figura 7.5).
Grupo Anos
Idade Idade Classes 2000 2001 2002 2003
relativa
1.03 20- 41 30 17 49
0 1.54 22- 400 292 166 472
1.98 24- 952 699 400 1127
2.06 26- 1766 1317 757 2108
1 2.30 28- 2222 1702 985 2688
2.74 30- 2357 1872 1093 2902
2.88 32- 2175 1091 1067 2739
3.00 34- 1817 948 1416 1445
3.42 36- 1529 812 1270 1250
2 3.64 38- 1251 684 980 1053
3.83 40- 1003 560 702 710
3.96 42- 787 290 310 558
3 4.01 44- 595 226 179 834
4.25 46- 168 70 71 112
Coorte do ano 2000
115
Figura 7.5 Exemplo de uma matriz [C] com classes de comprimento, “cortadas em
fatias”, assinalando-se em negrito a evolução de uma coorte
O método LCA de Jones (1961), para analisar uma composição de comprimentos durante a
vida de uma coorte poderá, então, ser aplicado. Este método analisa uma coorte durante a vida,
constítuida pelas capturas em classes de comprimento aplicando os métodos já estudados de
AC com Ti não-constantes. Os valores de Ti são calculados como Ti = ti+1*-ti*, onde ti* e ti+1*
são as idades relativas correspondentes aos extremos do intervalo de comprimento i . O vector
[N] obtido será constituído pelo número de sobreviventes iniciais em cada classe de
comprimento da coorte e não em cada classe de idade.
Comentários
1. Certos modelos, denominados modelos integrados, consideram toda a informação
disponível (capturas, dados de cruzeiros científicos, dados de esforço, de rendimento, etc)
que, juntamente com a matriz [C], são integrados num único modelo para optimizar a
função critério definida previamente.
116
2. Fry (1949) considerou as capturas, por idades, acumuladas do fim para o princípio, de
uma coorte durante a vida como imagem virtual do número de sobreviventes ao início de
cada idade (que o autor designou por “população virtual”):
l
∑ Ck = Vi = N i virtual
k =ult
Na pescaria estudada por Fry, M era praticamente nulo. M as se M for diferente de zero
pode-se dizer que o número Ni de sobreviventes ao início do intervalo i será:
i
Ni = ∑ Dk
k =ult
N i(0) pode ser calculado como os valores acumulados dos mortos totais, isto é:
i
Ni (o ) = ∑ Dk (o )
k = ult
Então virá:
e pode-se calcular:
Fi(1) .Ti = E i(0) .Z i(1) .Ti
Comparando Ei(1) com Ei(0) podem-se estimar, de um modo semelhante ao descrito para os
métodos iterativos, os valores de E com a aproximação desejada.
Recorde-se que, na última classe o número, Nult , é igual ao número de mortos, Dult , e pode
ser calculado como:
117
Nult = Dult = C ult / E ult
118
CAPÍTULO 8 - EXERCÍCIOS
8.1 REVIS ÃO MATEMÁTICA
1. Calcule:
1
A) 104 − 8427 0 0.010 .5
16 2
43
( )
4
B)
3−4 52 + 4 2 22 × 25 2 2 × 52
45
D) ln e ln
1 ln e −5 e ln e
e
E) 0 A 0 ∞ A ∞ 0 ∞
0 0 A ∞ ∞ A ∞ 0
2. Verifique que
a) a = e ln a b) a = 10 log a
ex − 1 e x −1
x
c) ≈1 para − 001
. < x < + 0.01 d) ≈ e2 para 0.5 < x < +0.5
x x
113
5. Calcule as derivadas das expressões seguintes:
f ( x) = 0 1 f ( x ) = e −0.5⋅x
f ( x) =
a) k)
f)
x
f ( x ) = 534 −5 f ( x ) = 3 ⋅ e 2⋅ x+1
b) f ( x) =
. l)
g)
2 − 5⋅ x
f ( x) = x6 1+ 2⋅ x f ( x) = x ⋅ ex
c) h) f ( x) = 2
m)
40 + x + x
d) f ( x) = 1 + 3 ⋅ x i) f ( x) = ex n) f ( x ) = ln x
e) f ( x ) = 4 ⋅ x −3 j) f ( x ) = e 0.2⋅ x o) f ( x ) = x ⋅ln x
a) f ( x ) = 2 + 5 ⋅ x entre x = 1 e x = 4
b) f ( x ) = e 3⋅x entre x = 0 e x = 1
2 1 3
c) f ( x) = entre x = e x =
5+ 2⋅ x 2 2
d) f ( x ) = 1 + 3 ⋅ x entre x = −2 e x = 2
2
b) y = entre x = 1 e x = 2
1+ 2⋅ x
114
c) y = 2 ⋅ x 3 entre x = 0 e x = 1
9. Calcule o Valor M édio de y com
a) y = 3 ⋅ e −7 x entre x = 0 e x = 1
( )
b) y = 4 ⋅ 1 − e − 0.2⋅ x entre x = 1 e x = 3
c) y = 2 − x entre x = 0 e x = 12
.
3
b) f (x ) = com a condição inicial de F (1) = 2
x
dy
c) . ⋅ y com a condição inicial de x = 0 ⇒ y = 10
= 02
dx
dy 3
d) = com a condição inicial de x = 0 ⇒ y = 0
dx 1 + 3x
1. Calcule:
d) As taxas médias absolutas de variação de y, tma(y), nos intervalos (1,7), (2,5), (5,6) e
(8,9)
115
g) Calcule a taxa instantânea relativa de variação de y, t.i.r.(y) no ponto central do
intervalo (8,9)
2. Calcule a tia(y) das seguintes funções:
a) y = 1 + 10 ⋅ x
y = x 3 − 2x + 3
b) y = e x
c) y = ln x
a) y = 4+x
b) y = e x
c) y = 6 ⋅ e 2x
d) y = a ⋅ x com a = constante
Considere um modelo que relaciona a característica y com o tempo t, no qual a suposição básica
é:
116
b) Calcule o valor central de y no intervalo ∆t;
f) Verifique que a média aritmética de y é igual ao valor médio, y , e igual ao valor central,
ycentral, de y nesse intervalo.
g) Pretende-se verificar que no caso do modelo linear a tma(y) = tia(y) = constante. Para
tal calcule para o intervalo ∆t acima referido a tma(y) e a tia(y) e compare os
resultados.
117
e) M ostre que a média geométrica dos valores de y para t = 3 y t = 6 é igual a y central e
aproximadamente igual a y nesse intervalo.
GRUPO I
Do manancial de areeiro, Lepidorhombus whiffiagonis, das Divisões VIIIc e IXa do CIEM foi
estimado pelo respectivo Grupo de Trabalho de Avaliação do CIEM (ICES, 1997a) que os
peixes recrutam à fase explorável ao início da idade 1 ano, e que em 1996 a taxa instantânea de
mortalidade total durante a fase explorável foi 0.7 ano-1.
Considere uma coorte de areeiro, que recrutou à fase explorada com um efectivo de mil
indivíduos. Considere o intervalo entre o início da idade 1 e o final da idade 7 anos como a
fase explorável.
12.
13.
f) Determine a percentagem do número inicial da idade 3 anos que sobrevive até ao início
da idade 6 anos.
118
g) Determine a percentagem do número inicial da idade 3 anos que morre até ao início da
idade 6 anos.
GRUPO II
O Grupo de Trabalho do CIEM onde foi avaliado o stock de sardinha ibérica, Sardina
pilchardus, estimou as taxas de mortalidade em cada idade de 1995 (ICES, 1997b) que são as
apresentadas na seguinte tabela:
Grupo de idade 0 1 2 3 4 5 6
Taxa anual de 0.36 0.43 0.54 0.63 0.66 0.68 0.72
mortalidade
1. As taxas podem, como se viu, serem de vários tipos (ex: tma, tmr, tia e tir e as taxas
relativas foram referidas a vários valores de características). A taxa anual de mortalidade
que tipo de taxa é ?
2. Calcule a taxa de sobrevivência em cada classe de idade
3. Calcule o coeficiente de mortalidade total para cada classe de idade.
4. Calcule a taxa de sobrevivência entre o início da idade 1 e o final da idade 4.
5. Calcule a taxa média anual de sobrevivência no mesmo intervalo de idades.
GRUPO III
Considere uma coorte de uma determinada espécie para a qual o número de sobreviventes ao
início da idade 2 anos é 4325, enquanto que o número de sobreviventes ao final da idade 2 anos
é 2040.
119
durante o período abrangendo as idades 3 e 4 anos e as taxas anuais de sobrevivência das
idades 3 e 4 anos.
GRUPO I
c) A taxa de exploração.
GRUPO II
O grupo de idade 4 anos do manancial (Div. ICES VIIe-h) de badejo, Merlangius merlangus
merlangus, é explorado simultaneamente por frotas de arrasto de crustáceos e de arrasto
demersal para peixes.
O Grupo de Trabalho do CIEM que avalia este manancial estimou (ICES, 1996a) que, em
1995, a taxa instantânea de mortalidade total daquela idade (4 anos) foi Z = 1.3 ano-1. Admita,
para efeitos desta ficha, que a taxa instantânea de mortalidade por pesca causada pela frota de
arrasto de crustáceos foi Fc = 0.5 ano-1, enquanto que o valor correspondente para a frota de
arrasto demersal para peixes foi Fp = 0.6 ano-1. O Grupo considerou também a taxa
instantânea de mortalidade natural, M = 0.2 ano-1.
120
b) Calcule o número médio de sobreviventes durante a idade.
e) Calcule a captura em número efectuada por cada uma das frotas e a captura total em
número.
GRUPO III
Para efeitos deste exercício admita que o número médio de sobreviventes da coorte de 1990
dum manancial de biqueirão, Engraulis encrasicholus, durante a idade 2 anos foi calculado em
50 milhões de indivíduos. Durante o ano de 1992 capturaram-se 70 milhões de indivíduos, dos
quais 40% foram capturados pela frota nacional, e estima-se que 80 milhões morreram de
causas naturais.
c) Calcule as taxas instantâneas de mortalidade por pesca causadas pela frota nacional e
pela frota estrangeira.
GRUPO IV
Idade 2 3 4 5 6 7 8
Fi 0.07 0.22 0.33 0.41 0.45 0.41 0.74
1. Calcule o número de sobreviventes desta coorte ao início de cada uma das idades referidas
acima.
121
2. Calcule o número de mortos em cada uma das idades referidas na tabela.
3. Calcule a taxa de exploração sofrida por esta coorte em cada idade.
4. Calcule o número médio de sobreviventes durante cada uma das idades acima.
5. Calcule a captura em número extraída desta coorte durante cada uma das idades acima,
usando dois métodos diferentes.
GRUPO I
GRUPO II
GRUPO III
Os dados apresentados na tabela seguinte representam o comprimento médio (cm) por idade
(anos) obtido de leituras directas de idade realizadas com exemplares do manancial de tamboril
preto, Lophius budegassa, (Div. VIIIc e IXa).
122
t Lt (cm) t Lt(cm)
1 9.2 7 44.4
2 16.5 8 49.0
3 22.9 9 52.3
4 28.8 10 55.0
5 34.7 11 60.8
6 38.6 12 63.4
GRUPO IV
Tabela de pesos individuais por classe de comprimento das amostras de tamboril preto
Lophius budegassa colhidas pelo IEO e IPIM AR em 1994.
123
26- 265 14 56- 2345 41
28- 320 8 58- 2569 41
30- 397 10 60- 2848 32
32- 486 9 62- 3126 35
34- 545 57 64- 3407 28
36- 664 60 66- 3700 19
38- 773 61 68- 4056 23
40- 890 58 70- 4411 17
42- 1027 64 72- 4764 13
44- 1122 56 74- 5203 8
46- 1334 50 76- 5587 4
48- 1503 37 78- 5982 3
Para cada classe de comprimento está indicada a média dos pesos observados.
Com base nestes dados, foram estimados os parâmetros da relação peso-comprimento para
este manancial como:
a = 0.021
b = 2.88
GRUPO I
124
coorte que recrutou em 1000 indivíduos à fase explorável, que ocorre entre as idades 1 e 10
anos.
L∞ = 34.46 cm
k = 0.225 ano-1
t o = -1.66 ano
Estimou-se igualmente a relação peso- comprimento, usando os pesos médios por idade
adoptados pelo GT para as projecções a Longo Prazo (ICES, 1998a), como sendo:
Idade (ano) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(
Fi ano−1 ) 0.24 0.26 0.10 0.08 0.06 0.09 0.12 0.14 0.18 0.24
1. Organize os cálculos numa folha de cálculo, de modo a calcular, para cada idade da vida da
coorte (da idade 1 a 10):
125
i) A Captura em peso durante a idade
2. Determine:
c) A captura total em número extraída da coorte durante toda a sua vida explorável;
d) A captura total em peso extraída da coorte durante toda a sua vida explorável
GRUPO II
GRUPO III
Suponha agora que se pretendia analisar o caso em que todos os coeficientes de mortalidade
por pesca fossem 30% maiores daqueles que foram indicados na tabela do Grupo I.
1. Calcule as características do Grupo I-2 que se poderiam obter da mesma coorte durante
toda a sua vida, nesta situação alternativa.
2. Compare os valores das características obtidos nestas condições com os obtidos no
Grupo I-2, calculando a percentagem de variação dessas características em relação aos
valores respectivos na situação anterior.
GRUPO I
126
O recrutamento à fase explorada foi simplificado adoptando-se a idade t c =2 ano.
Os parâmetros da equação de von Bertalanffy estimados para este recurso são os seguintes:
L∞ = 34.46 cm
k = 0.225 ano-1
t o = -1.66 ano
GRUPO II
Apesar de os dados apresentados na Ficha 7 mostrarem uma grande variabilidade nos valores
de F, preparou-se a Secção 8.9 com um F constante, F = 0.14 ano-1. Pretende-se agora
comparar os resultados da Secção 8.8 com os que se obtém nesta Ficha, usando a
simplificação de Beverton e Holt.
1.
127
a) Determine o número acumulado, a biomassa acumulada, a captura total em número, a
captura total em peso e o peso médio na captura.
idade 0 1 2 3 4 5 6 7 8
si 0.00 0.09 0.29 1.31 1.25 1.12 1.32 1.55 1.55
Ao início de 1996 o manancial considerado tinha a seguinte estrutura em número por idade,
representando i a idade e Ni o número de sobreviventes ao início da idade i, expresso em
milhões de indivíduos:
128
idade 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Ni 83 27 41 30 22 11 6 3 5
GRUPO I
GRUPO II
Os cientistas tinham chamado a atenção de que o nível de pesca em 1996 era muito elevado
devendo, por isso, ser reduzido, e sugeriram uma redução da ordem de 40% para que no futuro
se pudessem obter capturas em peso e biomassas mais adequadas.
Como alternativa também sugeriram para melhorar a exploração deste manancial, o aumento do
tamanho da malha das redes de pesca.
1. Os gestores da pesca solicitaram assim aos cientistas que avaliassem a biomassa média do
manancial, a captura em número, a captura em peso e o peso médio na captura durante o
ano de 1997 nos casos:
129
c) Realize os cálculos necessários para estimar a) e b), apresente os resultados e faça
comentários sobre as alterações da captura em peso e da biomassa média relativamente
ao ano de 1996.
2. Os gestores da pesca solicitaram ainda aos cientistas que avaliassem a captura em peso e a
biomassa média resultante de manter, em 1997, o nível de pesca de 1996 mas introduzir
um novo tamanho de malha da rede de pesca. Para efeitos deste exercício admita que os
cientistas propuseram o seguinte novo padrão relativo de exploração:
idade 0 1 2 3 4 5 6 7 8
si 0.00 0.00 0.03 1.50 1.65 1.75 1.80 1.80 1.80
so s1 s2 s3 s4 s5 s6
0.21 0.41 0.79 1.18 1.34 1.43 1.68
130
Parâmetros de crescimento de Relação peso comprimento
von Bertalanffy W = a. Lb
com L em cm e W em g
L∞ = 22.3 cm a = 0.0044
K = 0.40 ano-1 b = 3.185
t o = -1.6 ano
GRUPO I
1. Calcule a evolução em número e biomassa ao início de cada idade de uma coorte durante a
sua vida, supondo que os parâmetros de crescimento, de mortalidade natural e por pesca
são os valores dados.
2. O recrutamento à idade 0 em 1996 foi estimado como sendo 4300 milhões de indivíduos.
Calcule o número acumulado, a biomassa acumulada, a captura em número e em peso
durante toda a vida da coorte.
GRUPO II
Foi estimado que ao início de 1996 o manancial considerado tinha a seguinte estrutura em
número por idades, representando i a idade e Ni o número de sobreviventes ao início da idade i,
expresso em milhões de indivíduos:
i 0 1 2 3 4 5 6
Ni 4300 279 591 233 561 384 180
Pretende-se projectar o manancial a Longo Prazo. Para esse efeito consideram-se estáveis
todos os parâmetros de mortalidade e de crescimento durante os sucessivos anos. Considere
também que o recrutamento nesses futuros anos é igual ao recrutamento de 1996.
1. Com base nestas suposições, calcule até ao ano 2006 e ao início de cada ano e idade, os
números de sobreviventes do manancial existente em 1996.
2. Compare as estruturas do manancial nos anos 2003 e 2006.
3. Compare a evolução da coorte de 1996 com a estrutura do manancial ao início de 2003.
131
8.12 RELAÇÃO MANANCIAL RECRUTAMENTO (4.5)
O recrutamento anual à fase explorável é considerado como sendo o número de indivíduos com
a idade 0 anos.
132
k 64.94 78.13 45.39 106.27
C 3.52 0.896
r2 0.71 0.68 0.66 0.75
c) Desenhe, no gráfico de dispersão obtido anteriormente (nº 1), as curvas S-R de cada
modelo. Comente.
Considere o manancial de bacalhau, Gadus morhua, do mar Irlandês (Div. VIIa). Os seguintes
parâmetros de mortalidade e biológicos foram estimados pelo Grupo de Trabalho do CIEM
(ICES, 1998c):
Idade 0 1 2 3 4 5 6 7
GRUPO I
Admita, para efeitos deste exercício, que o manancial era constituido pelos grupos etários 0 a 7
anos e que era explorado com o seguinte padrão relativo de exploração:
133
Idade 0 1 2 3 4 5 6 7
si 0.80 0.90 0.96 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00
1. Calcule para 1000 recrutas a captura anual em peso e a biomassa média anual, a Longo
Prazo, correspondente ao nível de pesca de 1996.
2. Adoptando o factor Ffactor entre 0 e 2.5 ano-1 com intervalos de 0.1 ano-1 desenhe a curva
da captura anual em peso contra Ffactor. No mesmo gráfico represente a curva da biomassa
média contra Ffactor.
3. Calcule o ponto de referência Biológica Fmax.
GRUPO II
Idade 0 1 2 3 4 5 6 7
si 0.00 0.20 0.96 1.30 1.12 0.67 0.58 0.58
134
Os seguintes parâmetros de mortalidade e biológicos foram estimados pelo Grupo de Trabalho
do CIEM (ICES, 1998b):
Idade 1 2 3 4 5 6 7+
si 0.06 0.43 0.89 1.65 1.66 1.22 1.22
Idade 1 2 3 4 5 6 7+
1. Adoptando o valor 1000 para o recrutamento à área de pesca, calcule a captura anual em
peso, a biomassa média anual, e o peso médio anual na captura, a Longo Prazo,
correspondente ao nível de mortalidade por pesca de 1996.
2. Adoptando o factor Ffactor entre 0 e 2.5 ano-1 com intervalos de 0.1 ano-1 desenhe a curva
da captura anual em peso contra Ffactor. No mesmo gráfico represente a curva da biomassa
média contra Ffactor.
3. Calcule o ponto de referência Biológica F0.1
4. Calcule o ponto de referência Biológica Fmax
5. No gráfico onde representou a curva da captura anual em peso e da biomassa média contra
Ffactor marque os pontos de referência Biológica F0.1 e Fmax que determinou anteriormente.
Comente.
6. Calcule a biomassa média, a captura em peso e o peso médio na captura a Longo Prazo
para F0.1. Compare com os valores obtidos na questão 1 para aquelas caracaterísticas e
comente.
135
Durante a reunião do Grupo de Trabalho de Avaliação (ICES, 1998b) do manancial Ibérico
(Div. VIIIc e IXa) de pescada, Merluccius merluccius, estimaram-se os seguintes parâmetros
da população:
Idade (ano) 0 1 2 3 4 5 6 7 8+
Idade (ano) 0 1 2 3 4 5 6 7 8+
% madurosi 0 0 1 6 20 49 76 91 100
O Grupo de Trabalho adoptou, para as projecções a LP, o padrão relativo de exploração médio
do período 1994-1996, que se indica a seguir:
Idade (ano) 0 1 2 3 4 5 6 7 8+
si 0.001 0.11 0.398 1.3 1.261 1.019 1.473 1.874 1.874
1. Calcule a biomassa média anual, a biomassa desovante, a captura anual em peso e o peso
médio na captura, a Longo Prazo.
2. Desenhe a curva da captura anual em peso e da biomassa média contra F, para valores de
Ffactor entre 0 e 2.5 ano-1, com intervalos de 0.1 ano-1. Calcule os TRP´s Fmax e F0.1.
3. Calcule o ponto de referência biológica Fmed sabendo que os recrutamento (milhões de
indivíduos à idade 0) e as biomassas desovantes (mil toneladas) entre 1982 e 1996,
estimadas pelo Grupo de Trabalho, são as apresentadas na tabela seguinte:
136
1984 136 58.8
1985 97 44.1
1986 104 26.4
1987 97 24.2
1988 84 22.8
1989 56 18.9
1990 59 19.4
1991 69 20.5
1992 86 21.5
1993 70 21.0
1994 63 16.5
1995 32 15.2
1996 83 18.0
137
1984 136 58.8
1985 97 44.1
1986 104 26.4
1987 97 24.2
1988 84 22.8
1989 56 18.9
1990 59 19.4
1991 69 20.5
1992 86 21.5
1993 70 21.0
1994 63 16.5
1995 32 15.2
1996 83 18.0
138
8.17 Floss e Fcrash (5.3.5 & 5.3.6)
GRUPO I
A relação S-R de Shepherd foi ajustada aos pares de valores da tabela (r2=0.71), sendo os
parâmetros da relação os seguintes:
α = 3.5
K = 64.94
c = 3.52
139
1. Desenhe o gráfico de dispersão dos recrutamentos resultantes, contra a biomassa
desovante parental.
2. Calcule os recrutamentos esperados em cada ano do período 1982-1996 de acordo com o
modelo S-R de Shepherd e desenhe, no gráfico de dispersão anterior, a respectiva curva.
GRUPO II
1. Calcule a captura anual em peso e a biomassa desovante por recruta para o manancial de
pescada usando os parâmetros de mortalidade e biológicos estimados pelo Grupo de
Trabalho para as projecções a Longo Prazo (dados na Secção 8.15), nomeadamente:
Idade (ano) 0 1 2 3 4 5 6 7 8+
Idade (ano) 0 1 2 3 4 5 6 7 8+
% madurosi 0 0 1 6 20 49 76 91 100
Idade (ano) 0 1 2 3 4 5 6 7 8+
si 0.001 0.11 0.398 1.3 1.261 1.019 1.473 1.874 1.874
GRUPO III
140
8.18 MODELOS DE PRODUÇÃO (EQUILÍBRIO) – S CHAEFER (6.7.1)
A tabela seguinte apresenta a captura total (Y, t) e a biomassa média (B, t) anuais para a
pescaria do manancial Ibérico (Div. VIIIc e IXa) de sardinha, Sardina pilchardus, entre 1977 e
1996, utilizadas pelo Grupo de Trabalho do CIEM (ICES, 1998a).
GRUPO I
141
2. Calcule as biomassas, Bi, ao início de cada ano. (Use o procedimento proposto por
Schaefer, isto é, a biomassa ao início de um ano é aproximada pela média aritmética das
biomassas médias do ano anterior e do ano seguinte).
3. Calcule as capturas de equilíbrio, YE, que corresponderiam aos valores de F observados.
4. 5. Calcule as biomassas médias de equilíbrio, BE, que corresponderiam aos valores de F
observados.
5. Desenhe o gráfico deBE contra Fi.
GRUPO II
A tabela seguinte apresenta as capturas totais anuais e os respectivos esforços totais de pesca
de um manancial de camarões do M ar da Arábia durante o período 1969 a 1978 (Sparre e
Venema, 1992).
142
1978 5984.0 30.172
GRUPO I
1. Faça um gráfico do índice de abundância anual contra o índice da mortalidade por pesca
respectiva.
GRUPO II
Sabendo que o ajuste do modelo de Schaefer ao mesmo conjunto de dados originou as seguintes
valores dos parâmetros:
a = 444.454
b = - 8.055
(r2 = 0.77)
143
8.20 MODELOS DE PRODUÇÃO – PROJECÇÃO A CURTO PRAZO (6.8)
A tabela seguinte apresenta as capturas totais anuais (em toneladas) e as respectivas capturas
por unidade de esforço de pesca (kg/dia de pesca da empresa PESCRUL) do manancial de
gamba, Parapenaeus longirostris, do Algarve durante o período 1983 a 1994 (M attos Silva,
1995).
1. Projecte a cpue e a captura em peso para o ano de 1995, supondo que o esforço de pesca
se mantém igual ao de 1994 (situação status quo).
2. Determine os pontos-alvos de referência, YMSY, BMSY e FMSY e os índices UMSY e fMSY.
3. Determine os pontos-alvos de referência, Y0.1, B0.1 e F0.1 e os índices U0.1 e f0.1.
4. Determine as percentagens da capacidade de sustento correspondentes aos pontos alvos
FMSY e F0.1
5. Com base nos resultados obtidos nas questões anteriores comente o estado do manancial e
da sua exploração.
144
6. Suponha que se pretende reduzir o esforço de pesca em 1995 em cerca de 20%
relativamente ao esforço de 1994. Projecte a captura em peso para 1995 e apresente as
variações resultantes daquela redução de esforço sobre a captura em peso e a biomassa.
GRUPO I
xi 2 6 7 8 11 15 16 18 19 21
yi 13 40 52 56 78 105 111 130 132 149
GRUPO II
145
38- 773 68- 4056
40- 890 70- 4411
42- 1027 72- 4764
44- 1122 74- 5203
46- 1334 76- 5587
48- 1503 78- 5982
GRUPO III
T Lt t Lt
1 9.2 7 44.4
2 16.5 8 49.0
3 22.9 9 52.3
4 28.8 10 55.0
5 34.7 11 60.8
6 38.6 12 63.4
A partir destes dados e usando o modelo de regressão linear simples estime os parâmetros de
crescimento K e L∞ com as expressões:
1. De Ford-Walford (1933-1946)
2. De Gulland e Holt (1959)
3. De Stamatopoulos e Caddy (1989). (As expressões para 1), 2) e 3), foram estudados no
Capítulo do Crescimento Individual).
4. Comente os resultados obtidos nas alíneas anteriores com os valores dos parâmetros
dados na Secção 8.7.
146
8.22 MODELO LINEAR MÚLTIPLO - REVIS ÃO DE MATRIZES (7.3)
ES TIMAÇÃO DOS PARÂMETROS DO MODELO
INTEGRADO DE FOX (IFOX)
REVISÃO DE MATRIZES
GRUPO I
Considere as matrizes A e B :
A= 2301 B= 1103
1141 1325
0422 2160
1033 2210
GRUPO II
Sejam as M atrizes:
GRUPO III
147
1. Verifique que o produto M x, onde x é o vector dado por x T = ( 3 4 8 1 ) é o vector de
dimensões ( 4,1 ) em que todos os elementos são iguais à média aritmética, x , dos 4
elementos do vector x.
2. Verifique que ( I-M )x é o vector desvio.
3. Verifique que a soma dos quadrados de xi , ∑( xi2 ) se pode escrever na forma matricial :
x T. x
4. Verifique que a soma dos quadrados dos desvios, ∑( xi - x ) 2 , também se pode escrever
na forma matricial como: x T ( I-M )x
GRUPO IV
dx
a) Escreva o vector derivada
dθ
b) Calcule x T x
d
c) Calcule ( x Tx )
dθ
d dx T
d) M ostre que ( x Tx ) = 2 ( ) x
dθ dθ
θ1 2 +4θ2
∂x .
b) Calcule x T x
∂
c) Calcule transposta de ( xT x)
∂θ
∂ ∂x T
d) M ostre que transposta ( xT x) = 2 ( ) x
∂θ ∂θ
148
GRUPO V
5=2A+3B 4=A-2B
Ano Y CPUE
(t) (kg/dia)
1983 538 235
1984 638 131
1985 431 63
1986 99 22
1987 37 8
1988 62 21
1989 437 77
1990 146 28
1991 126 26
1992 53 25
1993 91 41
1994 232 66
149
e que representam as capturas totais anuais (em toneladas) e as respectivas capturas por
unidade de esforço de pesca (kg/dia de pesca da empresa PESCRUL) do manancial de gamba
Parapenaeus longirostris do Algarve durante o período 1983 a 1994 (M attos Silva, 1995).
t Lt t Lt
1 9.2 7 44.4
2 16.5 8 49.0
3 22.9 9 52.3
4 28.8 10 55.0
5 34.7 11 60.8
6 38.6 12 63.4
GRUPO I
GRUPO II
150
1. Comente os valores obtidos com os apresentados naquela Secção 8.12.
151
8.24 ES TIMAÇÃO DE M (7.6)
GRUPO I
GRUPO II
L∞ = 34.46 cm, CT
K = 0.225 ano-1
1. Estime o valor de M para este recurso, sabendo que a temperatura média da água do mar à
superfície na área de ocorrência deste recurso na Península Ibérica, no período 1985-95,
foi: T = 13o C
GRUPO III
Considere um determinado manancial pesqueiro para o qual foi estimado que a idade média de
primeira maturação é de cerca de 2.3 ano.
GRUPO IV
GRUPO V
152
A tabela seguinte apresenta as estimações de abundância do manancial, por classes de idade,
obtidas nos cruzeiros de 1993 e 1994, bem como a estrutura das capturas durante 1993.
Embora dispondo de toda esta informação, os cientistas responsáveis por este manancial têm
dificuldades na aplicação dos modelos de avaliação de recursos porque não dispõem de uma
estimação de M .
1. Assim, estime o coeficiente de mortalidade natural para este recurso em 1993, e ajude o
grupo de cientistas responsáveis pelo recurso.
GRUPO VI
153
1995 6.06 3.74
GRUPO I
Idade (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
GRUPO II
Idade (anos) 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C/f 1950-58 98 959 1919 1670 951 548 316 180 105
154
o coeficiente de capturabilidade q e o coeficiente de mortalidade por pesca F em cada
período.
GRUPO III
Apresenta-se em seguida, para um determinado recurso, a composição anual das capturas por
idades de 1988 a 1994, em milhões de indivíduos.
155
CAPTURAS (milhões de indivíduos)
GRUPO IV
Classe de comp. (cm) 35- 40- 45- 50- 55- 60- 65- 70- 75- 80- 85- 90- 95-
Captura (Ci) em 7 10 20 51 46 44 41 36 33 28 23 17 8
milhões
4. Determine Z utilizando:
156
a) As capturas em cada classe.
b) As capturas acumuladas.
GRUPO V
Para um determinado recurso pesqueiro são conhecidas as composições por comprimento das
capturas em três períodos de tempo distintos.
Pe ríod Classe s de 45- 50- 55- 60- 65- 70- 75- 80- 85- 90- ≥95
o comp. (cm)
GRUPO I
M i = 0.4 ano-1
157
T i = 2.3 ano
Ci = 230 milhões de indivíduos
a) Adopte o valor 0.5 ano-1 para o coeficiente de mortalidade por pesca durante o
intervalo i e calcule o número de sobreviventes ao final do intervalo e o número de
sobreviventes ao início do intervalo.
2. Considere o intervalo de tempo i, ( ti , ti +1 ) . Sabendo que neste intervalo de tempo:
M i = 0.6 ano-1
T i = 0.9 ano
Ci = 98 milhões de indivíduos
Calcule o valor do coeficiente de mortalidade por pesca Fi durante o intervalo i sabendo que o
número Ni de sobreviventes ao início do intervalo, i, é igual a 172 milhões de indivíduos.
GRUPO II
Idade (anos) 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Ci (milhões) 712 3941 8191 10311 5515 4149 3081 1185 549
Adopte um valor de 0.2 ano-1 para o coeficiente de mortalidade natural, constante para todas
as idades.
1. Suponha que o valor do coeficiente de mortalidade por pesca na última idade (8 anos) foi
de 1.0 ano-1. Calcule, pelo método iterativo e pelo método de Pope e para cada idade da
coorte:
158
b) O número de sobreviventes ao início da idade.
GRUPO III
GRUPO IV
As capturas anuais por classe de idade de um determinado recurso, para os anos de 1985 a
1994, são apresentadas na tabela seguinte.
159
7 25 8 73 136 126 243 73 101 54 35
8 5 7 5 33 52 47 85 25 33 16
O modo de operar da frota de pesca manteve-se constante durante o período, mas o número de
embarcações aumentou significativamente. Considera-se que actualmente o recurso se encontra
intensamente explorado.
Para além da informação sobre a pescaria, dispõe-se também de estimações dos parâmetros de
crescimento em peso deste recurso e do coeficiente de mortalidade natural como:
a) No primeiro ensaio seleccione Fterminal = 0.5 para a última idade em todos os anos e,
para todas as idades no último ano da matriz.
Anos 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994
Índice de
biomassa 1270 1613 1629 1424 1300 1209 1000 718 476 326
desovante
A informação biológica recolhida durante aqueles cruzeiros foi também usada para estimar a
ogiva de maturação do manancial na época de postura:
Idade (anos) 0 1 2 3 4 5 6 7 8
% Maduros 0 1 20 50 80 100 100 100 100
160
b) Utilize a informação dos cruzeiros acústicos para validar (ou não) a Análise de
Coortes.
c) Comente a validação.
161
8.27 ANÁLIS E DE COORTES POR COMPRIMENTOS (LCA) (7.9.2)
GRUPO I
Classes de Captura, Ci
comprimento (milhões)
(cm)
6- 1823
12- 14463
18- 25227
24- 8134
30- 3889
36- 2959
42- 1871
48- 653
54- 322
60- 228
66- 181
72- 96
78- 16
84- 0
GRUPO II
162
2. Usando essa informação estime as matrizes [F] e [N] por classes de comprimentos e anos.
3. Calcule também a matriz [Fsep] e comente sobre a hipótese de que o padrão relativo de
exploração se manteve constante durante esses anos.
Tabela 2. Matriz de captura em mil indivíduos, obtidos pela simulação por classes de
comprimento e anos no período de 1985-94
163
36- 262 168 122 178 294 152 207 191 72 154
3 37- 165 168 66 71 175 214 93 128 75 46
38- 86 84 40 45 96 107 44 55 39 23
Considere La = 20 cm e t a =0
(Extraído de: Cadima, E. & Palma, C.,1997. Cohort Analysis from annual length catch
compositions. Documento de Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho de Avaliação dos
Stocks Demersais da Plataforma Sul, realizado em Copenhagen de 1-10 September, 1997.)
164
8.28 EXAME – PARTE ES CRITA
QUESTÃO 1
Considere um determinado manancial com os seguintes parâmetros:
Idade 1 2 3 4 5 6 7+
si 0.07 0.23 0.33 0.49 0.97 1.00 1.00
Idade 1 2 3 4 5 6 7+
Wi 0.053 0.076 0.111 0.125 0.158 0.204 0.337
Idade (ano) 1 2 3 4 5 6 7+
% madurosi 34 90 100 100 100 100 100
165
Os recrutamentos e biomassas desovante estimadas entre 1986 e 1996 são as apresentadas na
tabela seguinte:
Tabela 1
1. Calcule o ponto de Referência Biológica F0.1. Indique o valor da biomassa virgem que
estimou e calcule a percentagem B0.1/Bvirgem ..
2. Calcule o ponto de Referência Biológica Fmax.
3. Calcule o ponto de Referência Biológica Fmed
4. Estime os parâmetros do modelo S-R de Ricker e indique qual o valor da biomassa
desovante/recruta correspondente a Fcrash.
5. Comente sobre o actual estado do manancial e da sua exploração.
166
QUESTÃO 2
Considere um manancial do qual se conhecem as composições por comprimento das capturas
durante 1986-1995 (Tabela 2).
Classes de Ano
comp. (cm)
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
14- 10 9 8 9 7 18 13 12 15 8
15- 20 17 15 18 13 35 26 23 29 16
16- 29 25 23 26 19 52 39 34 42 24
17- 47 41 37 43 31 84 63 56 69 39
18- 92 80 72 83 60 164 122 108 134 76
19- 224 194 175 202 146 398 297 263 325 185
20- 261 226 203 234 169 461 343 305 376 214
21- 420 363 326 376 271 736 547 488 601 342
22- 335 525 603 506 511 365 983 571 657 741
23- 345 540 618 516 520 370 995 581 666 752
24- 422 661 751 622 625 444 1189 699 799 902
25- 442 693 781 642 643 454 1212 718 818 923
26- 415 650 726 592 590 415 1102 659 747 843
27- 388 607 672 542 537 376 995 601 677 765
28- 360 564 617 493 486 339 890 543 609 688
29- 332 520 563 444 435 301 788 487 543 613
30- 304 475 508 396 386 265 689 431 478 539
31- 275 430 453 348 337 230 594 377 414 468
32- 272 246 509 494 330 314 212 428 351 353
33- 239 216 439 419 277 261 174 359 292 294
34- 206 186 369 345 226 211 139 293 235 237
35- 171 155 300 273 176 162 106 228 181 182
36- 136 123 230 202 129 117 75 167 130 131
37- 82 99 116 196 147 91 80 40 117 83
167
38- 49 60 66 103 75 45 38 21 58 41
39- 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1. Estime os valores do coeficiente de mortalidade por pesca em cada classe de comprimento
da coorte de 1987 (por simplicidade adopte Fterminal = 0.5 ano-1).
2. Estime os correspondentes valores do número de sobreviventes ao início de cada classe.
3. Diga qual o recrutamento desta coorte.
QUESTÃO 3
168
O manual é apresentado na ordem em que foi leccionado ao longo do último curso no IPIMAR
(Novembro/Dezembro de 1997). Começa por uma introdução aos modelos matemáticos aplicados à
avaliação dos recursos pesqueiros e por considerações sobre a importância das pescas em
Portugal. Em seguida evidencia-se a necessidade da gestão racional dos recursos pesqueiros,
indispensável para uma exploração adequada, garantindo-se a sua conservação. As suposições
básicas de um modelo e os conceitos de diferentes taxas de variação de uma característica em
relação ao tempo (ou a outras características) são apresentadas, salientando-se os aspectos mais
importantes dos modelos linear simples e exponencial que serão largamente utilizados nos
capítulos seguintes. Após algumas considerações sobre o conceito de coorte, desenvolvem-se
modelos para a evolução no tempo do número e do peso dos indivíduos que compõem a coorte,
incluindo modelos para o crescimento individual da coorte. No capítulo sobre o estudo do
manancial define-se padrão de pesca e seus componentes, apresentam-se os modelos mais
usados para a relação manancial-recrutamento, bem como as projecções de um manancial a curto
e a longo prazo. No que respeita à gestão dos recursos pesqueiros, discutem-se os pontos de
referência biológica (pontos alvos, pontos limites e pontos de precaução) e medidas de
regulamentação das pescarias. O último capítulo da apresentação e discussão de modelos
teóricos de avaliação de recursos pesqueiros, trata dos modelos de produção (também designados
por modelos de produção geral) e das projecções de capturas e biomassas a longo e a curto prazo.
Finalmente descrevem-se os métodos gerais de estimação de parâmetros e apresentam-se alguns
métodos de estimação dos parâmetros mais importantes, com relevância para as análises de
coortes por idades e por comprimentos. Na segunda parte apresentam-se os enunciados dos
exercícios resolvidos no último curso leccionado no IPIMAR, pelo autor e pela investigadora
Manuela Azevedo, com uma solução possível.
TC/M/X8498P/1/11.00/1100