Educação Indígena: nossas
primeiras experiências de
como ensinar.
Saulo de Lima Bezerra, MSc.
Capítulo I – Colonização e Educação
A CHEGADA
Em 1549 chagada do primeiro governador geral do Brasil – Tomé de Souza.
Manoel da Nobrega – Funda o primeiro colégio em São Paulo ( Aldeia de
Piratininga)
Quatro padres
Dois Irmãos Jesuítas
Missão:
Converter os gentis
“Porque a principal coisa que me moveu a povoar as ditas terras do Brasil
foi para que a gente dalas se convertesse a nossa santa fé católica”... De
modo que os gentis possam ser doutrinados e ensinados nas coisas de nossa
santa fé.” (Dom João III, 1992, pp. 145 e 148).
A CHEGADA
Em 17 de dezembro de 1548.
D. JoãoIII estabelece as diretrizes básicas constantes no regimento.
Diretriz que refere-se a conversão dos indígenas a fé católica pela catequese
e pela instrução.
Segundo Mattos (1958, p.31) em citação ao trecho do regimento:
“[...]deledependeria [...]o êxito da arrojada empresa colonizadora; pois que,
somente pela aculturação sistemática e intensiva do elemento indígena aos
valores espirituais e morais da civilização ocidental e cristã é que a
colonização portuguesa poderia lançar raízes definitivas[...]
Desembarque de Cabral em Porto Seguro
Obra de Oscar Pereira da Silva, 1922.
Óleo sobre tela 190 X 333 cm
Museu Paulista
A CHEGADA
Financiamento da obra:
Os jesuítas tinham obrigação de formar gratuitamente sacerdotes, pois
recebiam subsídios do Estado para construção de escolas e para a missão.
Os filhos dos colonos também eram incluídos na missão.
“Dentre os de maiores Habilidades” Contavam também em “recrutar as
vocações sacerdotais indígenas”.
A CHEGADA
Em virtude da missão:
Criação de escolas
Instituíram seminários e colégios
Segundo Saviane (2007, pp. 26):
1549 inicia-se a educação brasileira
Inserção do Brasil no mundo ocidental envolve três aspectos:
colonização educação catequese
RAIZ ETIMOLÓGICA COMUM:
• Do romano: eu moro, eu ocupo a terra, eu trabalho eu cultivo.
Colonização • Colônia: espaço que que se ocupa, terra ou povo que se pode trabalhar ou sujeitar.
• Educação é um processo por meio do qual a humanidade elabora a si mesma em todos os
mais variados aspectos.
• Manacorda (1989 p.6) sistematiza em três pontos: na aculturação, na instrução intelectual
Educação formal-instrumental (ler, escrever e contar) e o concreto (conteúdo do conhecimento) e por
fim na aprendizagem do ofício.
• Colo: honrar, venerar.
• Origem do substantivo cultus: sentido básico de cultivo da terra e culto aos mortos ( forma
primeira de religião).
Catequese • “O ser humano preso à terra e nela abrindo covas que alimentam vivo e abrigam morto”.
(Bosi, 1992, p.14)
COLONIZAÇÃO, EDUCAÇÃO, CATEQUESE
A colonização envolve,
De forma articulada
Não homogênea
Não harmônica
A colonização propriamente dita representa os três momento:
Na posse
Na exploração da terra subjugando os seus habitantes (os íncolas)
Educação enquanto aculturação:
Na inculcação nos colonizados das práticas, técnicas, símbolos e valores próprios dos
colonizadores.
Catequese: difusão e conversão dos colonizados à religião dos colonizadores.
A COLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO NO BRASIL
Conquistas Portuguesas:
Conquista de praças marroquinas;
Ocupação e colonização dos arquipélagos atlânticos;
Descobrimento da guiné e estabelecimento de feitorias;
Descobrimento do caminho marítimo para a Índia, estabelecimento de feitorias e
formação do império ocidental;
Descobrimento e colonização do Brasil;
Atraso no desenvolvimento do capitalismo de Portugal:
Controle nas mãos da Coroa;
Parasitismo da nobreza;
A nobreza reforça a ordem feudal e utiliza a inquisição como instrumento politico;
A COLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO NO BRASIL
Segundo PAIVA (1982, p.97):
A catequização cumpriu um papel colonial, não como de fora, como uma
força simplesmente aliada, mas, mais do que isto, como uma força
realmente integrada a todo o processo”.
Luís Felipe Baeta Neves entende que:
A catequese é “um esforço racionalmente feito para conquistar homens; é
um esforço feito para acentuar a semelhança e apagar as diferenças”.
Trabalho catequético como eixo pedagógico.
Jesuítas: consideravam que a primeira alternativa de conversão ocorre pelo
conhecimento, que implica em práticas pedagógicas institucionais (escolas)
e não-institucionais (exemplos).
ETAPAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Primeira etapa – Período Heróico
De 1549 - chegada dos primeiros jesuítas
Até 1570 segundo Mattos (1958) – morte do padre Manoel da Nobrega
Até 1597 segundo Saviane (2007) – Morte de Anchieta e promulgação do Ratio
Studiorum, em 1599.
Segunda etapa – Ratio Studiorum
De 1599 até 1759
Organização e consolidação da educação jesuítica.
Terceira etapa – Fase Pombalina
De 1759 até 1808
Segundo período das ideias pedagógicas no Brasil.
Tela de Benedito Calixto (1853-1927), Anchieta e Nóbrega na cabana
de Pindobuçu, retrato de um momento da catequização dos índios
A Educação Indígena
O POVO DE PINDORAMA
Não se sabe com exatidão o número
de indígenas que habitavam o Brasil
antes da chegada dos colonizadores
(1500), porém, estima-se que
houvesse entre 4 e 5 milhões de
índios em terras brasileiras. Esse
número foi drasticamente reduzido
em consequência dos massacres
realizados pelos colonizadores e,
posteriormente, os conflitos com
fazendeiros e garimpeiros que
invadiram terras indígenas.
Conforme dados da Fundação
Nacional do Índio (Funai) existem,
atualmente, 460 mil índios residindo
em aldeias no Brasil,
correspondendo a 0,25% da
população brasileira.
Fonte:https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geograf
ia/a-populacao-indigena-no-brasil.htm
A EDUCAÇÃO NA ALDEIA
Até os 7-8 anos de idade, tanto meninos
como meninas dependiam
estritamente da mãe. Os meninos
não podiam ainda, acompanhar os
pais; mas recebiam deles arcos e
flechas e formavam, com outras
crianças da mesma idade, grupos
infantis nos quais, informalmente,
se adestravam no uso do arco e
flecha, além de muitos outros tipos
de folguedos e jogos, entre os quais
se destacava a imitação dos
pássaros. As meninas dessa mesma
idade também residiam com a mãe
e, assim como os meninos
formavam grupos da mesma idade,
adestrando-se nos jogos infantis em
tarefas como a fiação de algodão e
amassando barro no fabrico de
utensílios de cerâmica como potes e
panelas.
Na fase entre 7 e 15 anos os meninos já não ficavam em
casa, deixavam de depender da mãe e passavam a
acompanhar o pai, que se torna seu modelo e com o qual se
prepara para a vida de adulto tomando parte em seu
trabalho. As meninas passam a depender mais
estreitamente da mãe, sua mestra e modelo, com quem
aprendem a semear e plantar, a fiar e tecer, a fazer farinhas
e vinhos, cozinhar e preparar alimentos.
A partir dos 40 anos os homens entravam na fase mais
bela, podendo tornar-se chefes e lideres guerreiros e
chegar a condição de pajés. Nas “casas grandes” cabia-
lhes fazer preleções, transmitindo as tradições e
orientando os mais jovens, para os quais sua conduta
tinha o carater exemplar. Eram admirados e respeitados
por todos os membros da tribo. Destaca Florestan que “
a qualidade da influencia que exerciam no decorrer de
suas pregações era de tal ordem, que que Thevet os
comparou com s professores europeus” (FERNANDES,
1964,p.183).
As mulheres nessa faixa a
partir dos 40 anos também
assumiam papel de destaque
presidindo o conjunto dos
trabalhos domésticos, carpindo
os mortos e exercendo a função
de mestras para a iniciação das
moças na vida feminina.
As idéias educacionais coincidiam, portanto, com a
própria pratica educativa, não havendo lugar para a
mediação das idéias pedagógicas que supõem a
necessidade de elaborar em pensamento as formas de
intervenção na prática educativa.
Os Povos Indígenas têm direito a uma educação escolar
específica, diferenciada, intercultural,
bilíngue/multilíngue e comunitária, conforme define a
legislação nacional que fundamenta a Educação Escolar
Indígena. Seguindo o regime de colaboração, posto pela
Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), a coordenação
nacional das politicas de Educação Escolar Indígena é
de competência do Ministério da Educação (MEC),
cabendo aos Estados e Municípios a execução para a
garantia deste direito dos povos indígenas.
fonte:http://www.funai.gov.br/index.php/educacao-escolar-indigena
Franciscanos
Os primeiros evangelizadores do brasil foram os franciscanos.
8 missionários em 1500
1503 ou 1516 chegam mais 2 frades
1534 outro grupo junto com Afonso Pena
1537 cinco frades aportam em São Francisco do sul – SC
Franciscanos
Catequese dos índios carijós
Missões Volantes (catequese + Instrução)
Recolhimento/internato
Ensinavam doutrina, lavra da terra e outros ofícios
Importância decisiva da presença franciscana na formação da nossa
cultura
Não lograram configurar um sistema educacional
Caráter evangelístico missionário
Franciscanos
1585 – três décadas após a chegada dos jesuítas
Criadaa Custódia de Santo Antônio do Brasil, em Olinda,
Pernambuco.
Internato para curumins
Ler, escrever, contar e catecismo
Expansão para RN, AL, PB, Grão-Pará (estado independente do
período) e MA.
Focavam nos cursos das primeiras letras
Fundaram convento de altos estudos de teologia e filosofia
Antecipou a instituição de cursos superiores no século posterior.
Beneditinos
Não tinham planos voltados a instrução.
Contemplativos
Surgimento dos colégios de são bento
Apelo da população ao redor dos mosteiros
Capuchinhos
Operavam de forma dispersa e intermitente
Ausência de apoio e proteção oficial
Pedagogia da imitação e do exemplo edificante
Os índios não raciocinavam, mas conseguiam imitar comportamentos
desejáveis
Capuchinos
1845 e inicio do século XX
o Estado dividia mais uma vez os encargos da administração da questão
indígena com as ordens religiosas católicas.
Decreto n. 426, o Regulamento da catequese e civilização dos índios.
"O que os jesuítas representaram durante os primeiros duzentos anos na
catequese e aldeamento dos índios, vão representar os capuchinhos na segunda
metade do século XIX." (Beozzo, 1983, p. 78).
Capuchinhos
Forte durante o segundo reinado
Pedagogia Capuchinha
a premissa de que os índios não detinham capacidade intelectual para o
aprendizado de valores exteriores a suas culturas originais;
a constatação de que os índios eram irredutíveis, não mudariam nunca,
mesmo vivendo a situação de aldeamento e;
a avaliação de que o estágio de selvageria em que se encontravam não
permitia o aprendizado, somente a imitação.
Capuchinhos
Avaliação dos capuchinhos vinha de uma herança jesuítica
"Como dizia Padre Vieira, jesuíta, [os índios] tão admiráveis naquilo que
é do instinto animal, são de raciocínio reduzido. Com efeito, são de
espírito infantil, não pela juventude de origem, mas pela decrepitude
donde promanam." (Amoroso 1998)
os índios nada tinham a aprender com os brancos
temiam que o exemplo de nossa sociedade fosse por eles imitado.
Jesuítas
1549 – Escola de ler e escrever
Hegemonia
Predominância de sua influencia na história da educação Brasileira
Estratégia dos jesuítas foram mais eficazes
No plano das ideias pedagógicas a visão Jesuítica prevaleceu
Apoio da coroa portuguesa e das autoridades coloniais
Exerceram o monopólio da educação nos dois primeiros séculos da
colonização
Jesuítas
os jesuítas trabalharam em duas frentes.
As escolas e colégios
órfãos portugueses e os filhos da elite colonial.
Depois de concluírem a formação oferecida no Brasil, eram encaminhados a
metrópole para concluir seus estudos.
Jesuítas
os jesuítas trabalharam em duas frentes.
As reduções
Proteger os índios dos bandeirantes, que queriam escravizá-los, e para educá-los e
catequizá-los.
Chegaram a abrigar 70000 indigenas
Criar uma sociedade de acordo com os ideais cristãos
Utilização da música como primeiro expediente metodológico
Musicas na língua indígena falando do Deus cristão
Dança
Datas comemorativas cristãs
Inculturação e aculturação
Jesuítas
Primeiro plano educacional – Manuel de Nobrega
Educação de mamelucos, órfãos e filhos de caciques, além dos filhos dos colonos
Lingua portuguesa > doutrina cristã > escola de ler e escrever >
Canto orfeônico ou música instrumental
Aprendizado profissional e agrícola
Gramatica latina > Viagem à Europa
Mantinham um contexto de idéias e princípios como guia de atuação mesmo antes da
Ratio Studorium
Foi considerado como um esboço de um sistema educacional
Período Heroico
Jesuítas
Ratio Studorium
não era um tratado sistematizado de pedagogia;
Coletânea de regras e prescrições práticas e minuciosas a serem seguidas pelos
padres jesuítas em suas aulas
Curso Secundário (humanidades) > Cursos Superiores de filosofia, de teologia,
de letras > Viagem à Europa
Proibição dos cursos de medicina, direito canônico e leis
Em 1556 foi promulgada no Brasil a nova constituição da Companhia de Jesus
proibida a manutenção de internatos para educandos leigos, que não fossem
candidatos da Companhia de Jesus.
Jesuítas
Pano real era diferente do plano legal
Catequizar e instruir os índios
Distanciar-se
Índios catequizados, colonos instruídos – formação da elite colonial
A expulsão dos jesuítas provocou a destruição de todo sistema colonial de
ensino Jesuítico
Depois da expulsão dos jesuítas houve a aplicação do ensino secundário
(século XVIII)
Jesuítas
O motivo de um conhecimento maior apenas das missões Jesuíticas deve-se a
abundante documentação deixada por este grupo
Documentos criados para prestação de contas à Companhia de Jesus
Atuavam inicialmente nos engenhos para educação da elite da época
Em 1570 a obra jesuítica já era composta por
cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente,
Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e
três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
Depois de 21 anos da presença dos jesuítas, eles já haviam se instalado do norte ao
sul principalmente nas regiões litorâneas.
Ao deixarem o brasil os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios
e seminários
Uma Pedagogia Brasilica
Plano de instrução Nobrega;
A principal estratégia utilizada para atrair os “gentios”, foi
a agir sobre as crianças;
Colegio dos Meninos de Jesus na Bahia, colégio menino
jesus de são Vicente;
Pedagogia e ética missionaria;
Uma Pedagogia Brasilica
Civilização pelo palavra (Anchieta);
“A civilização pela palavra corresponde, no caso, à divulgação
católica da Retórica antiga em duas frentes, de um lado, o ensino
especifico das técnicas e ainda das artes e das letras em geral,
segundo, o modelo generalizado da retórica aristotélica e das suas
versões latinas, nos colégios jesuíticos; de outro, o uso particular de
seus preceitos, estilos e erudição pelos pregadores nas variadíssimas
circunstancias do magistério da fé”
Uma Pedagogia Brasilica
Selo comemorativo de 400 anos do nascimento do Padre Anchieta:
fonte sociedade de jesus
Uma Pedagogia Brasilica
Religião católica obra de Deus x religião dos índios e
negros obra do demônio.
Aculturação dos Costumes e Tradições.
Uma Pedagogia Brasilica
Pedagogia Brasílica
Formulada e praticada sob medida para as
condições encontradas pelos Jesuítas nas ocidentais
terras descobertas pelos portugueses.
Uma Pedagogia Brasilica
Capa de edição de 1582 da
constituições da ordem dos jesuítas
instituidos por santo Inacio de Loyola
em 1552.
Uma Pedagogia Brasilica
Pedagogia Brasílica
Formulada e praticada sob medida para as
condições encontradas pelos Jesuítas nas ocidentais
terras descobertas pelos portugueses.
Referencias
AMOROZO, Marta Rosa. MUDANÇA DE HÁBITO, Catequese e educação para índios
nos aldeamentos capuchinhos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Vol 13. Nº37,
São Paulo. 1998
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e
Brasil. 3ª Edição. São Paulo: Moderna, 2006.
BEOZZO, José Oscar. (1983), Leis e regimentos das missões. Política indigenista no
Brasil. São Paulo, Loyola.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira: a organização
escolar. 21.ed. – Campinas, SP. 2010
SAVIANI, D. Historia das Ideias Pedagógicas no Brasil. Campinas, SP: Autores
Associados, 2010.
VILLALTA, Luiz Carlos. A Educação na Colônia e os Jesuítas: discutindo alguns
mitos. Instituto dos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo (IANTT). Real Mesa
Censória, “Gazeta de Lisboa”, 28 de julho de 1787, no. 30