Universidade Estadual da Paraíba
Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas
Departamento de Biologia
Disciplina: Sociologia da Educação
Professor: Vancarder Brito Sousa
Alunos: Carlos Chrockatt
EMILE DURKHEIM E KARL MARX
INTRODUÇÃO
Neste trabalho iremos abordar dois escritores com grandes contribuições para a
sociologia e a educação, não pretendo com este trabalho falar tudo que podemos, pois
foram muitas contribuições, mas apresentar pontos que aproximam os dois e pontos
onde se distanciam. Durkheim viveu entre o final do século XIX e início do século XX,
na França, teve alguns de seus trabalhos reunidos em Educação e Sociologia, nesta obra
podemos perceber um foco na coesão social e na função de integrar possível com a
educação e isso representava uma necessidade em compreender como manter a ordem e
a estabilidade. Para Durkheim a educação seria essencial para a internalização de
valores sociais e normas essenciais à vida coletiva.
Falaremos agora sobre Durkheim, que junto de Weber e Max é considerado um dos pais
para a sociologia moderna, que via a necessidade de compreender as estruturas sociais e
os indivíduos seriam resultados de uma coerção social, sendo impossível analisar o
indivíduo fora desse contexto. Um pensamento famoso é que Durkheim vê o homem
como um animal que só se diferenciou dos demais por ter se tornado social, e essa
socialização seria a formadora de uma consciência coletiva através de um processo de
aprendizagem, sofreria mudanças de acordo com que o indivíduo cresce e retém
referências do que é valor e regra, seja adquirido na família, escola, na religião, pelas
Leis e etc, ficariam entendidos como fatos sociais, e seriam estres fatos o objeto maior
de estudo da sociologia. Mas nem toda ação individual geraria um fato social por si,
deveria dispor necessariamente de três características, generalidade, exterioridade e
coercitividade. O fato social é visto como geral pois afetaria todas as esferas da
sociedade bem como os indivíduos, é externo pois já nasceria com ele pronto e existe
independente do indivíduo e é coercitivo pois exerce poder sobre o indivíduo, moldando
e limitando ações e suas vontades. Tudo isso ocorreria com uma finalidade, manter a
coesão social e o indivíduo fazer parte do todo. Durkheim pensa sobre a educação de
forma que ela apresenta um duplo caráter, singular e múltiplo, e a educação dependeria
da sociedade, o tempo e os interesses em questão, ou seja, ele indicava uma educação
especializada e diversificada. A educação ocorreria quando uma geração de adultos e
uma de jovens se encontram e os adultos exerçam ação sobre os jovens. Não seria
limitada a família, destacando o papel da sociedade na formação educacional do
cidadão, e que este voltaria para a coletividade em algum momento, entendendo a
educação, ainda, como uma função social pela qual o Estado deve sempre ter interesse,
pois é através dela que podemos ter uma ideia da temporalidade de um povo, sua
evolução, desenvolvimento cultural e econômico, isso quer dizer que a sociedade de
hoje é resultado do equilíbrio de formação das sociedades anteriores. Karl Marx se
conecta com a educação, direta e indiretamente, ao estabelecer reflexões sobre conceitos
tais quais o de mais valia, alienação, trabalho e cultura, balizados pelos aspectos de
materialismo dialético e materialismo histórico. Por estes pontos que Marx se conecta
na educação e sociologia, no que foi chamado de sociologia marxista da educação. É
certo que Marx nunca tenha escrito especificamente para a educação, mas temos em
Teses sobre Feuerbach, Crítica ao Programa Gotha e outros textos, uma vez reunidos na
obra Textos Sobre Educação e Ensino (2006). A ideia é que Marx reflete sobre o tema,
como podemos ver ao comentar que a educação vista como um sistema de ensino, como
um aspecto circunstancial da vida moderna, inserida no contexto do capitalismo e da
sociedade de classes, se tornaria uma preocupação subsequente no pensamento de Marx.
Se olharmos com as lentes marxista, a sociologia da educação admitiria um
posicionamento crítica em que teríamos a naturalização da divisão do trabalho através
do processo educacional, e essa divisão do trabalho, para Marx, a consequência mais
grave que o capitalismo impõe para o homem, manchando a sua emancipação social e
intelectual ao tempo em que o despedaça, e deveria ser superada através do sistema de
ensino que deveria compreender a articulação entre as dimensões intelectual e manual.
Marx traz para a educação a ideia de transformação, e na educação essa transformação
se relaciona com a emancipação do homem, hora submetido à divisão lógica do trabalho
e sua alienação sobre a ideia de integralidade de si mesmo, isso fala sobre a
fragmentação do homem e de sua vida social, familiar etc. em decorrência do trabalho.
Marx enxerga como possível combater essa forma de vida do capitalismo, um mundo
onde a função do homem se limita a ação mecânica exigida por sua função, e o ensino
seria um meio para evitar esse fim, e para um bom educar, os jovens poderiam fazer uso
do sistema produtivo, com o objetivo de experenciar todos os ramos da produção de
acordo com as necessidades da sociedade, bem como suas próprias inclinações
individuais. Logo, a educação seria via para a libertação da rotina unilateral impressa
em cada indivíduo como visto na atual divisão do trabalho. Mas para que isso ocorra,
seria necessário modificar as condições sociais com objetivo de remodelar, recriar um
novo sistema de ensino partindo do atual, evitando atropelos e repetição dos equívocos
implantados na coletividade. E nos leva a um outro ponto de crítica do Marx, que
enxerga o sistema de ensino como uma ferramenta da burguesia e do Estado, pois o
ensino, seus objetivos e fins, são por eles determinados baseado em suprir a própria
necessidade e intenções. Podemos compreender isso quando Marx fala que a burguesia
não tem real intenção de oferecer uma boa educação ao operário, ou mesmo meios para
tal, e que é seu interesse que o operário tenha suficiente uma formação adequada a
realização de sua função ou interesse da indústria. Em Manifesto do Partido Comunista
Marx com a parceria de Engels oferece um modelo de educação pública e gratuita para
todas as crianças que envolveria a eliminação do trabalho das crianças na indústria, e
unificação da educação com a produção material, questionam ainda o acesso gratuito ao
ensino superior por aqueles que já gozam de privilégios por sua posição hegemônica.
Outro ponto seria a superação da relação entre educadores e educandos, afinal
compartilham o mesmo aspecto social e por isso cabe uma nova abordagem estabelecida
através da dialética entre sujeito e objeto, proporcionando um meio transformador da
realidade de si mesmo. Marx crê que o ensino possa ser estatal sem que esteja sobre o
controle do Estado.
Ambos os autores refletem sobre o processo da educação, e ainda que não diretamente
em alguns pontos, podem ser utilizados para reflexões tão abrangentes quanto nem
mesmo eles pensaram em suas épocas. O processo de imaginar mudanças, de provocar
atitudes novas nos leitores, tornam eles capazes de revolucionar o sistema educacional
tanto quanto desejarem a nova geração de educandos e educadores.
REFERÊNCIAS
https://revistaseletronicas.pucrs.br/porescrito/article/view/34614/19750
https://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/1366/1144