2025 - Desafios Metodológicos Nos Estudos Sobre A Relação Família-Escola
2025 - Desafios Metodológicos Nos Estudos Sobre A Relação Família-Escola
ISSN 1984-0411
https://doi.org/10.1590/1984-0411.96126
DOSSIÊ
A sociologia das relações família-escola: reconfigurações sociais e novas perspectivas analíticas e
metodológicas
RESUMO
A maior parte das pesquisas sociológicas a respeito da relação família-escola adota entrevistas como
ferramenta metodológica. As observações, quando realizadas, tendem a ocorrer em instituições educativas
e não em espaços domésticos, por se tratarem do domínio da privacidade. No entanto, as limitações que
se interpõem a essas escolhas têm sido cada vez mais discutidas. Por um lado, as metodologias discursivas
restringem-se a acessar informações que estão disponíveis à consciência e à memória e quase sempre são
centradas em um único informante, desconsiderando as relações de força internas ao grupo familiar. Por
outro, o fato de que as observações são quase que exclusivamente realizadas em ambiente escolar deixa à
sombra dinâmicas familiares que são fundamentais para a compreensão da relação família-escola. Partindo
de uma revisão bibliográfica denominada revisão narrativa acerca dessa discussão metodológica, o presente
artigo analisa em que medida é procedente a desconfiança em relação às entrevistas para investigar as
práticas familiares e apresenta estratégias para mitigar os limites dessa ferramenta. Além disso, identifica
e analisa os desafios e as estratégias ético-metodológicas encontradas por pesquisadores do campo para
empreender observações em espaços domésticos, lócus privilegiado da unidade familiar e da privacidade.
Palavras-chave: Metodologia de Pesquisa. Relação Família-Escola. Socialização Familiar. Pesquisa em Espaço
Doméstico.
ABSTRACT
Most sociological research on the family-school relationship uses interviews as a methodological tool. When
carried out, observations tend to take place in educational institutions and not in domestic spaces, as this
concerns the domain of privacy. However, the limitations that stand in the way of these choices have been
increasingly discussed. On the one hand, discursive methodologies are restricted to accessing the information
available to consciousness and memory. They are almost always centered on a single informant, disregarding
the internal power relations of the family group. On the other hand, the fact that observations are almost
a
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
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Educar em Revista, Curitiba, v. 41, e96126, 2025
CARVALHO, C. N.; CUNHA, M. A. A. Desafios metodológicos nos estudos sobre a relação família-escola...
exclusively held in the school environment hides family dynamics, which are fundamental to understanding
family-school relationships. Based on bibliographical research on this methodological discussion, this article
analyzes the extent to which distrust in relation to interviews to investigate family practices is justified and
presents strategies to mitigate the limits of this tool. Furthermore, it identifies and analyzes the challenges
and ethical-methodological strategies encountered by field researchers to undertake observations in domestic
spaces, a privileged locus of the family unit and privacy.
Keywords: Research Methodology. Family-School Relationship. Family Socialization. Studies in Domestic
Space.
Introdução
Charles Wright Mills (1975) dizia que nem a vida de um indivíduo, nem a história de uma
sociedade podem ser compreendidas sem que entendamos ambos. Dessa forma, os cientistas
sociais, de modo geral, nos alertam sobre a importância de relacionar as questões públicas com
as inquietações privadas, e nos mostram que as novas dinâmicas sociais não deixam de refletir
transformações importantes também nos processos mais particulares da vida de um indivíduo,
como aqueles mediados pela família e pela escola.
Assim, pode-se dizer que a família sempre esteve, de algum modo, dentre os objetos de
inquietação da Sociologia. Entretanto, as pesquisas no campo da Sociologia da Educação, de tradição
europeia, que estudavam as famílias até meados dos anos 1950-1960, o faziam por um viés mais
macroscópico, por aquilo que denominamos hoje como “empirismo metodológico”. Inspirados por
um extraordinário crescimento dos sistemas nacionais de ensino, a primeira tradição desses estudos
esteve orientada por um clima de prosperidade econômica que ficou conhecido como “os 30 anos
gloriosos” que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial. A Sociologia da Educação estudava
a família a partir de fatores posicionais (renda, ocupação, nível de escolaridade, raça) e de suas
características morfológicas (número de filhos, arranjo familiar, lugar da criança na fratria etc.), e
fazia destas suas variáveis “independentes” a serem correlacionadas estatisticamente à variável
“dependente” do desempenho escolar (Forquin, 1995 apud Cunha; Alves, 2018).
Portanto, a Sociologia da Educação desenvolvida antes da década de 1970 já vinha
reconhecendo a relação das famílias com a escolaridade dos filhos, fruto das mudanças na sociedade
de forma mais ampla. Dentre elas, destacamos o prolongamento da escolarização, as modificações
demográficas vivenciadas pelas famílias, assim como a centralidade da escola no meio familiar. Não
por acaso, o tema central desses estudos dizia respeito à correlação entre o sistema escolar e a
estratificação/mobilidade social (Nogueira, 2005).
Nas décadas de 1960-1970, ganham hegemonia as chamadas teorias da reprodução, as
quais, numa reação às abordagens funcionalistas até então predominantes, que insistiam no papel
de mobilidade social desempenhado pelo sistema de ensino, o tratam como um mecanismo central
de conservação de uma sociedade desigual (Bourdieu, 1989).
Os trabalhos de Bourdieu colocarão sob escrutínio a ideia de democratização do ensino e de
meritocracia escolar. A perspectiva crítica adotada pelo autor contribui para o aprofundamento do
ângulo de análise sobre as práticas de escolarização das famílias e suas estratégias1, ao evidenciar
em relevo o papel das estruturas sociais: quanto mais essas estruturas são diferenciadas, mais
dissimulados são os mecanismos de dominação. Esses mecanismos são responsáveis por favorecer
a mobilização de estratégias de reprodução das pessoas e das instituições, como a família, a escola,
a religião e a política (Ribeiro Valle, 2022).
As análises de Bourdieu e Passeron (2014), segundo as quais a instituição escolar, ao valorizar
a cultura das classes privilegiadas, reproduz e confere legitimidade às desigualdades sociais, assim
como os trabalhos de Boudon (1981), que justificam as desigualdades de êxito pelas estratégias
empregadas pelas famílias – cujos recursos variam segundo a classe social –, são substituídos pouco
a pouco por interpretações mais microssociológicas.
É então que se observa, a partir da década de 1980, uma reorientação teórico-metodológica
que torna mais evidente a dimensão microscópica da realidade social, expressa sobretudo no
interesse pelo que ficou conhecido como a “caixa preta” da escola. O estudo da “caixa-preta”
acompanhou uma certa mudança de paradigma, em que os métodos investigativos da Sociologia
da Educação se deslocam das macroestruturas para as microestruturas e voltam os olhos para “as
pequenas unidades de análise” (Forquin, 1995).
O livro A escola primária no cotidiano, de Régine Sirota (1994), reflete o resultado das
pesquisas empíricas empreendidas pela autora ao longo da década de 1980 para sua tese de
doutorado, sob a orientação de Viviane Isambert-Jamati. Nele, já é possível observar esse tournant
nas pesquisas no campo da Sociologia da Educação. A autora irá se interessar pelo cotidiano escolar
de uma escola primária e, a partir desse objeto (a sala de aula), analisar a produção do fracasso ou
sucesso escolar por meio dos processos de interação social entre todos os sujeitos que compõem
uma situação pedagógica. Essas reflexões mostram como o problema teórico aparece amalgamado
com o problema metodológico (a constituição do cotidiano escolar em um fato observável). “Ou
seja, no interior de um sistema de relações sociais, o cotidiano escolar cristaliza-se na situação
pedagógica, onde se produz uma interação social que cria um certo tipo de rede de comunicação,
na qual cada um se inscreve através do seu modo de intervenção” (Sirota, 1994, p. 12-13).
Assim, tomando como objeto heurístico a sala de aula, Sirota (1994) procura desvelar os
processos ainda velados que se encontram no interior da caixa preta da escola, ao analisar de que
forma esses processos são orientados pelas estratégias de socialização, como a maior ou a menor
adesão às regras do jogo escolar pelos alunos. Além disso, nos processos de interação vivenciados
em uma situação pedagógica, os alunos também são posicionados em função de sua origem social,
o que os faz se situarem uns em relação aos outros de maneira diferenciada, assim como diante das
normas escolares.
1
Para Pierre Bourdieu, as “estratégias” se referem às ações conscientes ou inconscientes que indivíduos e grupos
realizam para alcançar seus objetivos, considerando as condições e limitações do campo social em que atuam. Assim,
a noção de estratégia não estaria associada apenas à ideia de cálculo intencional, por meio de uma ação consciente
e planejada. Para Bourdieu, as estratégias situam-se, na maioria das vezes, no nível pré-reflexivo ou infraconsciente,
porquanto, fruto do habitus. Bourdieu emprega com frequência a metáfora do jogo para esclarecer sua visão das lógicas
da ação social e, em especial, das estratégias, como produto do domínio prático das formas de conduta nos diferentes
espaços do mundo social. Esse domínio é explicado pelo habitus, que pode ser entendido, ao mesmo tempo, como
sendo jogo e como próprio jogo incorporado individualmente por todo agente ao longo do tempo (Seidl, 2017).
Segundo Sirota (1994), o universo das interações em sala de aula compreende muito mais do
que o espaço físico, ou seja, o local onde ocorrem as interações entre professores, alunos e materiais
didáticos. A sala de aula significa, também, um espaço simbólico, em que os atores representam
normas, valores, expectativas da instituição escolar, dos professores e das próprias famílias dos
alunos e, por isso mesmo, é um espaço de negociação, em que professores e alunos constroem
significados e estabelecem relações de poder, permeado por dinâmicas de autoridade, obediência
e resistência. Assim, é possível dizer que, na sala de aula, são moldadas as estratégias estabelecidas
pelos próprios atores, orientadas também por suas propriedades sociais, em uma clara conexão
entre a perspectiva microssociológica e a macrossociológica.
Torna-se claro, então, que as práticas de socialização são essenciais para se compreender
o universo da relação família-escola e as diferentes estratégias de escolarização adotadas pelas
famílias. Se a teoria da reprodução, como vimos anteriormente, revelou certa zona de interesses
compartilhados entre a escola e as famílias mais favorecidas, na medida em que estas últimas são
capazes de manejar as melhores estratégias para o bom uso da escola, assistimos, no final da década
de 1990, desde a publicação do livro Sucesso Escolar nos Meios Populares, do sociólogo Bernard
Lahire (1997), o argumento de que as famílias populares não são desprovidas de estratégias parentais
em relação à escola, em uma clara crítica a uma espécie de doxa sociológica de que haveria uma
omissão parental entre as famílias de meios sociais desfavorecidos.
Dessa forma, a partir da década de 1990, dando continuidade à perspectiva microssociológica,
observa-se uma tendência nas pesquisas sobre a relação família-escola a destacar a importância que
as famílias populares atribuem à escolarização dos filhos, ressaltando que essa importância não se
expressa, em geral, nos moldes esperados pela escola, os quais seguem os padrões de mobilização
típicos das camadas médias. Entretanto, as famílias populares também participam, a seu modo, da
construção do sucesso escolar de seus filhos, ainda que o façam de um modo heterodoxo, dentro do
universo do possível. Suas estratégias não seriam sempre explícitas e evidentes, mas não estariam
tampouco ausentes do universo das práticas de socialização e mobilização parentais.
Com isso, abre-se uma nova “caixa preta”, a família, projeto teórico-metodológico que
favorece um retorno aos grupos favorecidos, que visa, dessa vez, oferecer subsídios empíricos para
a compreensão da formação do habitus, conceito altamente explicativo, embora pouco explicitado
(Barthez, 1980). Em última instância, trata-se de conhecer empiricamente as práticas, interações e
dinâmicas intrafamiliares que participam da construção precoce e rotineira das disposições, para
ajudar a explicar como ocorre a transmissão intrafamiliar do capital cultural e de um ethos consoante
à cultura escolar.
Ao realizar esta breve restituição do cenário dos estudos sobre a relação família-escola no
domínio da Sociologia da Educação, chamamos a atenção para a necessidade de se investigar as
contribuições e os desafios éticos e metodológicos que se apresentam às pesquisas qualitativas sobre
a relação família-escola realizadas em ambientes domésticos, uma vez que, tal como observamos,
essas pesquisas têm se valido de uma tendência baseada na perspectiva microscópica, ancorada
sobretudo em uma abordagem qualitativa.
Dentre os desafios que se colocam nessa empreitada investigativa, destacamos desde
o exercício de uma atitude reflexiva por parte dos pesquisadores, das pessoas e instituições
As inúmeras mudanças pelas quais passam a sociedade exigem uma revisão profunda dos
princípios e das práticas de investigação. Uma dimensão essencial a esse respeito é o questionamento
da postura relativista, que é indispensável tanto na Antropologia quanto na Sociologia para a
construção da autonomia dos objetos e dos sujeitos de investigação (Van Zanten, 2003, p. 52). A
2
Para configurar nossa equação de busca, concentramos os descritores em “relação família-escola” AND “espaços
domésticos” AND “pesquisas em espaços domésticos” OR “relação família-escola em ambientes/espaços domésticos”,
OR “espaço privado” OR “espaço doméstico” AND/OR “observação” OR “observação intensiva” OR “etnografia”. As bases
consultadas foram o Google Acadêmico e o Scielo.
partir de uma perspectiva compreensiva, o pesquisador deve estar vigilante para não cair na tentação
normativa e etnocêntrica, muitas vezes pretensamente indiferente, para acolher a diferença e, com
ela, o desafio que isso representa nas sociedades atuais.
Assim, outra questão que tem suscitado, já há algum tempo, certa preocupação entre os
pesquisadores que trabalham com a abordagem qualitativa diz respeito ao tipo de relação (mais
próxima) com os sujeitos de estudo e, sobretudo, o problema da dominação. É na confrontação
entre suas próprias classificações a priori e as classificações nativas que pode nascer um instrumento
de conhecimento livre da dominação (Weber, 2009, p. 27). Para Weber (2009), embora o termo
nativo faça referência a uma tradição de exotismo, ele permite igualmente designar uma posição
analítica. Isso porque todo discurso, toda representação analisada é um discurso nativo. Qualquer
pessoa é uma nativa em potencial: basta que a tomemos como objeto de observação e de análise. A
vantagem do seu uso é justamente a de permitir ao pesquisador separar-se dos sujeitos que analisa
e considerar a si próprio como um nativo (Weber, 2009).
É esse go-between que possibilita ao pesquisador evitar o risco da postura de dominação,
muitas vezes etnocêntrica, e levar adiante o desafio da compreensão e da interpretação. Tendo
isso em conta, é mais interessante escutar o que os nativos têm a dizer do que interrogá-los, não
somente para ouvir suas próprias classificações, mas também para evitar receber respostas que não
seriam senão o espelho das questões e das expectativas do pesquisador.
A maior parte das pesquisas sociológicas sobre a relação família-escola tende a adotar a
entrevista como ferramenta metodológica (Nogueira; Resende, 2022). A observação, quando
realizada, raramente ocorre em ambiente doméstico, talvez porque seja muito mais desafiador, para
o pesquisador, adentrar em mundos cujos códigos lhe parecem distantes do seu mundo natal, mas,
principalmente, porque a modernidade instituiu a casa como o lócus privilegiado da privacidade.
Essa dificuldade não é nova. Ao contrário, vem sendo teoricamente reportada por sociólogos
da família desde Gilberto Velho (1981) e empiricamente enfrentada por pesquisadores censitários
que trabalham em grupos urbanos em que unidade familiar e residência são coincidentes. Aqui,
caberia pensar sobre essa premissa que, certamente, traz consequências relevantes para a Sociologia
da Educação. Ao adotar, como modelo, a família nuclear, as pesquisas tendem a considerar apenas o
grupo formado por um ou mais indivíduos que residem no mesmo espaço, sem permitir considerar
laços de parentesco que são estreitos e mesmo de dependência, mas que não implicam em
coabitação. Assim, embora contribuam para traçar perfis, os dados censitários não permitem captar
dinâmicas internas e raramente expressam o fator tempo e a trajetória do grupo familiar.
Por sua vez, as entrevistas realizadas pelas pesquisas acadêmicas sobre a relação família-
escola quase sempre buscam conhecer a família a partir da produção de dados de um único
respondente que fala por todos, muitas vezes uma mulher adulta, quase nunca uma criança. Embora
tenham contribuído fortemente para a compreensão do efeito das dinâmicas familiares na trajetória
escolar dos filhos, tendem a tomar a família como mera soma de indivíduos (Rodrigues, 1978; 1980),
ao escamotear o fato de que, ainda que se comporte como um grupo, cada membro dele é dotado
de individualidade e interesses próprios, nem sempre convergentes. Desse modo, as entrevistas
com um único representante da família tendem a ocultar a distribuição desigual de poderes de
acordo com essas propriedades sociais, ao passo que revelam a cristalização de papéis associados
a características de gênero e idade. Ao construir um retrato estático de uma família sem conflitos,
corremos o risco de repetir o equívoco funcionalista, qual seja, a percepção de uma família nuclear,
harmônica e com papéis claros e bem definidos.
Independentemente do desenho metodológico, a obtenção do consentimento dos sujeitos
participantes se apresenta como particularmente delicada quando o lócus da pesquisa é o espaço
doméstico. Por uma questão de conforto e até mesmo de segurança, os pesquisadores têm relatado
a frequente necessidade de que o contato seja abonado por uma pessoa ou instituição de confiança.
No caso das pesquisas em Educação, a mediação das instituições de ensino dos filhos é um
recurso bastante utilizado. Mais do que isso, a realização de uma etapa precedente de produção de
dados na escola tem se mostrado propícia para a formação de um primeiro vínculo com as crianças,
o que facilita a seleção e a aproximação com os pais. Dessa forma, os pesquisadores podem se abster
da técnica de composição amostral por bola de neve, o que reduz as chances de compartilhamento
involuntário de informações entre as famílias.
Essa estratégia foi adotada, por exemplo, no célebre trabalho de Annette Lareau (2018),
cujo objetivo consistia em, por meio de observações intensivas, investigar os mecanismos a partir
dos quais os pais transmitem e produzem vantagens que tendem a se converter em oportunidades
educacionais e econômicas para os seus filhos. Lareau (2018) descreve que, apesar de considerar
os primeiros encontros com as famílias assustadores, buscava parecer confortável e tranquilizar os
participantes, ao afirmar que compreendia que a vida familiar e o cuidado com as crianças são
bastante desafiadores. Ponderava que a equipe da pesquisa estava acostumada a gritos, choros de
criança, quartos bagunçados e cozinhas por arrumar, e que a intenção do trabalho era justamente
obter uma imagem o mais realista possível da vida familiar.
Inspirada no trabalho de Lareau (2018), Séverine Kakpo (2019) realizou uma observação
de práticas e interações cotidianas em famílias de professores e identificou, nessa experiência, ao
menos três fatores que facilitaram a obtenção do aceite de um número suficiente de participantes:
forma de abordagem; sexo da pesquisadora; e identificação ou empatia dos sujeitos participantes,
adultos e crianças, com os objetivos da pesquisa.
No que diz respeito à abordagem, a pesquisadora relata que tomou o cuidado de entrar em
contato com os candidatos a participantes por meio de redes sociais, e não de canais institucionais
das escolas em que trabalhavam, ainda que essa seja conhecidamente uma estratégia eficaz de
recrutamento. Tal providência teve por objetivo reduzir, nos candidatos, a sensação de que estavam
sendo antecipadamente observados (Kakpo, 2019). Embora o primeiro contato, muitas vezes, se
realize por aplicativos de mensagens instantâneas, redes sociais ou internet, o convite presencial
parece transmitir mais segurança do que o “convite a frio” (Lareau; Rao, 2022).
O segundo facilitador diz respeito ao fato de se tratar de uma pesquisadora do sexo feminino,
já que as mulheres são socialmente percebidas como mais confiáveis no cuidado com as crianças e
raramente recai, sobre nós, suspeitas de crimes de violência, sobretudo de natureza sexual (Kakpo,
2019).
O terceiro e último fator diz respeito à aderência das classes médias intelectualizadas – grupo
social a que pertencem as famílias participantes do estudo de Kakpo (2019) – aos propósitos da
pesquisa. Nessas situações, ela procurou enfatizar que a participação seria uma contribuição para
Somente após a obtenção da concordância das famílias é que o pesquisador deve ir ao local,
conhecê-lo e compreendê-lo, antes mesmo de entrar em suas casas. Esse mundo muito íntimo e
particular requer um exercício cuidadoso de prospecção, de sondagem das dinâmicas internas, de
uma certa habilidade diante da leitura do “não dito”. Para Bruggeman (2011), adentrar no universo
das famílias é estar em um entremeio, já que o lugar nunca existe de uma forma pura. Isso porque,
no cotidiano, os lugares são recompostos, as relações podem ser sempre reconstituídas.
Além dos desafios para se obter o consentimento dos pais, vale a pena mencionar aqueles
relativos à conquista da aderência dos filhos, passo necessário para o bom andamento da pesquisa
e para o cumprimento das normas éticas das pesquisas com crianças no Brasil (Brasil, 2016; 2024).
Em geral, a obtenção do assentimento deste grupo etário exige a mediação de outro adulto, pais
ou professores, que assume a tarefa de favorecer a construção de uma relação de confiança entre a
criança e o pesquisador, e explicar que a contribuição à produção científica é um valor moral. Sobre
isso Kakpo (2019) relata que:
[...] embora eu não visse esse esforço (dos pais), percebia seus efeitos no campo. Na verdade,
nem todas as crianças aprovaram imediatamente a ideia de participar da observação.
Quando fiz essa proposta, Diego se mostrou muito relutante (por exemplo, ele se contorceu
na cadeira, escondeu seu rosto e pediu que eu acompanhasse sua irmã mais nova, etc.).
Contudo, na segunda-feira seguinte ele estava totalmente convencido de sua participação na
investigação, depois que sua mãe explicou “tudo de novo” para ele durante o fim de semana
(Kakpo, 2019, p. 175, tradução nossa).
As entrevistas
disposicionais destacados pelos informantes em suas falas, ao negligenciar outros traços que, por
diversas razões, não foram por ele enfatizados.
Segundo a autora, conviria captar as disposições por meio de comparações entre diferentes
momentos ou processos. Dito de outro modo, a perspectiva comparativa poderia ser adotada para
compreender as transformações que ocorrem em diferentes momentos do processo socializador
de um mesmo sujeito, o que inclui o trabalho íntimo de autotransformação das disposições e seus
inevitáveis conflitos internos. Foi o que Darmon (2019) observou em uma pesquisa realizada com
meninas que atravessavam uma trajetória anoréxica e buscavam abandonar antigas disposições,
assim como em uma investigação com estudantes de cursos preparatórios que empreendiam o
esforço de se auto socializar de forma a abandonar comportamentos que os distanciavam de seus
objetivos acadêmicos, ao substituí-los por hábitos mais ascéticos. A perspectiva comparativa também
poderia ser empregada na compreensão de diferentes processos vivenciados simultaneamente
pelo(s) mesmo(s) sujeito(s) ou, ainda, para analisar os efeitos de um mesmo processo socializador
em diferentes sujeitos.
No caso das pesquisas sobre a relação família-escola, as entrevistas poderiam ser realizadas
em uma mesma família e em momentos diferentes; poderiam se centrar em um estudante a fim
de perceber a influência da escola, da família e de outras instâncias de socialização; ou ainda ser
aplicadas em diferentes estudantes para compreender singularidades e recorrências na forma como
cada família se relaciona com a socialização de uma mesma instituição escolar.
As observações intensivas
cachorro da casa a fim de evitar contaminações na produção de dados. Não tendo chegado tão
longe, Kakpo (2019) menciona acordos explícitos, como a concentração da observação em apenas
um dos filhos, e acordos implícitos, como a suspensão da observação em determinados momentos
para preservar a privacidade da criança.
Esses acordos traduzem a adoção de um modelo de pesquisa mais inclinado à retração
do pesquisador ou, ao contrário, à sua interação com os participantes. Deles também decorre a
escolha do lugar de onde se observará as rotinas familiares, uma escolha que nunca é prévia e
definitivamente fixada, mas que, ao contrário, é constantemente renegociada e redefinida em
razão dos deslocamentos dos sujeitos ou mesmo de todo grupo. Vivenciando o dinamismo de
uma família com filhos, com frequência, os pesquisadores precisam “acompanhar” as famílias em
seus deslocamentos intra e extra residenciais (Czarniawska-Joerges, 2007; Mikats, 2020), tomando
consecutivas decisões que ora resultam em uma posição mais próxima de um observador passivo,
ora os aproximavam de um observador participante. Sentar-se à mesa com a família durante o café da
manhã ou observar de pé? Ir com a família ao supermercado ou esperar no carro? Sentar-se na cama
infantil ou no chão? Continuar observando passivamente ou ajudar a mãe que está sobrecarregada
com o jantar e o bebê chorando? Vale dizer que, nos espaços domésticos, a passividade nem sempre
produz neutralidade, já que aproxima o observador de uma visita. Por outro lado, uma participação
comedida pode tornar o pesquisador mais familiar e, por isso mesmo, mais neutro.
Em todo caso, a observação do espaço doméstico demanda um forte “tato social” (Goffman,
1988), na medida em que se concretiza em uma espécie de “estar lá” (Geertz, 2004; Robind; Tillard,
2010) que exige do pesquisador o equilíbrio entre ser espontâneo e ocultar sua própria identidade.
Lareau (2018) relata que isso foi especialmente penoso diante da necessidade de fazer refeições
com as famílias quando se tratava de um alimento que desgostava, ou da necessidade de conter
sua indignação em relação a estilos de educação autoritários ou opiniões políticas antidemocráticas.
Também a forma de registro em diário de campo decorre da decisão por um desenho de
pesquisa mais ou menos participativo. Isso porque, quanto mais o pesquisador interage com a
família, mais dificuldades encontra para registrar imediatamente suas anotações descritivas, teóricas
e metodológicas (Hammersley; Atkinson, 2002; Jaccoud; Mayer, 2008). Evidentemente, há sempre a
possibilidade de utilização de vídeos ou gravadores de áudio durante as visitas domiciliares, recurso
que possibilita captar ações simultâneas de uma mesma cena doméstica, além de permitir uma
transcrição menos impressionista. No entanto, há que se avaliar que o recurso pode gerar tensões e
comprometer ainda mais a espontaneidade das práticas e interações que se dão no espaço privado.
Além da escolha, situada e reflexiva, por uma postura mais participativa ou mais restritiva,
outro artifício para o manejo do acesso à rotina familiar é a ritualização da entrada e da saída e
o tempo prolongado da observação. Mesmo realizando entrevistas exploratórias, é certo que
o pesquisador pouco conhece das dinâmicas familiares antes de iniciar a sua observação, assim
como os membros do grupo familiar desconhecem o pesquisador. Por isso, a ritualização da entrada
tornaria esse momento menos imprevisível e desconfortável, pois marcaria o início de uma “fase de
domesticação recíproca”, que favorece os vínculos de confiança mútua (Kohn, 1989).
Consenso entre pesquisadores adeptos da Etnografia (Jaccoud; Mayer, 2008), a permanência
por um tempo mais alargado em campo oportuniza a crescente “familiarização” do pesquisador e a
consequente mitigação das resistências. A esse respeito, Lareau (2018) relata que, nas observações
intensivas coordenadas por ela, os membros familiares iam paulatinamente se acostumando com a
equipe da pesquisa e a tensão ia se dissipando, geralmente no terceiro e no décimo dia. Sobretudo
para as crianças, argumenta, é difícil sustentar “um padrão de qualidade empresarial” por muito
tempo.
Ainda que a observação em espaços domésticos exija algum esforço de supressão de si
para que sobressaiam as práticas familiares, esse trabalho inequivocamente convoca a biografia do
pesquisador. Lareau (2018) admite que parte de sua motivação para realizar esse projeto derivou
da vontade de entender melhor o funcionamento interno das famílias, já que, quando criança,
desejava possuir uma família que considerasse “normal”. Por outro lado, o temperamento difícil
de seus pais teria permitido que ela se mantivesse precavida quanto às variações nos estilos de
parentalidade, pois conseguia se sentir razoavelmente estável mesmo em residências onde havia
gritos ou disciplinamento físico. Também para os assistentes de sua pesquisa, a história pessoal
pareceu interferir ao determinar, inclusive, o que cada um deles considerou digno de nota em
seu diário de campo. Na medida em que não é possível, e talvez nem mesmo desejável, subtrair
totalmente a subjetividade dos pesquisadores, uma medida cabível para definir quais dados devem
ser registrados seria a adoção do processo de observação “em funil”. Nesse processo, são realizadas
anotações meramente descritivas cujas interpretações podem subsidiar as observações seguintes
(Deslauriers, 1991; Jaccoud; Mayer, 2008).
No caso dos trabalhos em Educação, a observação quase sempre é centrada em um único
filho e opera um recorte que obedece a critérios estabelecidos pelo pesquisador. Ainda assim, em
relação às pesquisas que tomam um grupo familiar a partir da fala de um único entrevistado, as
observações oferecem a vantagem de permitir captar as relações de dominação entre os familiares,
sobretudo aquelas relacionadas ao gênero e à geração de seus membros, mas também as associadas
às propriedades étnico-raciais em famílias multirraciais. Possibilita ainda a reconstituição de
sequências espaço-temporais e o acesso a conteúdos que poderiam ser esquecidos ou censurados
pelos sujeitos em uma situação de entrevista.
A combinação de ferramentas
Cabe dizer que, sobretudo em pesquisas etnográficas, mas não apenas nelas, não é rara a
combinação de diversas ferramentas de produção de dados. Em diversos de seus trabalhos, Lahire
(1997; 2004) assume as entrevistas como ferramenta principal, mas acrescenta a observação, termo
que, muitas vezes, utiliza entre aspas, como recurso para confirmar as impressões do pesquisador
sobre os relatos dos entrevistados.
Para o autor, o trabalho sociológico consiste justamente em reconstituir esta teia de
interdependências “presente tanto na observação direta das práticas quanto nas relações sociais
que perpassam as informações produzidas por meio do discurso, no âmbito de uma relação social
específica: a entrevista” (Lahire, 1997, p. 75).
No que diz respeito à análise propriamente dita, mesmo nos trabalhos mencionados
neste artigo, são escassas as reflexões sobre o problema da interpretação dos dados. No entanto,
cabe notar que, em pesquisas com adoção de múltiplas ferramentas, os dados produzidos por
observação tendem a ser secundarizados, ao passo que são priorizados os depoimentos dos sujeitos
participantes de entrevistas. Mais do que saber se os entrevistados disseram ou não a verdade, cabe
ao pesquisador tentar reconstruir as relações de interdependência e disposições sociais prováveis
por meio das convergências e contradições internas ao discurso de uma mesma pessoa, e analisar
também as informações verbais, paraverbais, contextuais ou estilísticas, conjugadas aos dados
produzidos pelas observações das práticas.
Considerações finais
Dada a importância dos processos socializadores primários e das dinâmicas familiares nas
trajetórias escolares, é fundamental, para as pesquisas em Educação, compreender as dinâmicas e
práticas das famílias. A maior parte dos trabalhos sociológicos sobre a relação família-escola tende
a adotar, como ferramenta metodológica, entrevistas ou observação em espaço escolar, e é rara a
adoção de observações centradas nos espaços domésticos.
No entanto, frequentemente recai sobre as ferramentas discursivas a desconfiança de que
não sejam as mais adequadas para investigar as práticas familiares, uma vez que os sujeitos podem
gerir, de forma consciente ou não, o discurso sobre si. Por outro lado, os desafios da observação
em espaço doméstico, que decorrem principalmente das dificuldades de acesso ao espaço privado,
podem parecer intransponíveis.
Diante desse impasse, este artigo aponta para estratégias que podem reduzir as limitações
do uso de entrevistas, como uma postura cautelosa ao deduzir uma disposição a partir de uma
única prática relatada ou observada, e a adoção de uma perspectiva comparativa. Essas providências
não dispensam a consideração sobre o uso das observações complementares às entrevistas ou
mesmo a realização de observações intensivas, já que elas podem revelar dimensões que não
estão conscientes ou disponíveis à memória, e se mostram especialmente adequadas para capturar
sequências espaço-temporais das interações sociais, os papéis hierarquizados e as negociações
internas ao grupo familiar.
Utilizando pesquisa bibliográfica, buscamos reduzir a desconfiança em relação ao uso de
entrevistas em pesquisas sobre práticas familiares e apresentar alguns parâmetros que permitam
que elas sejam realizadas de forma mais consciente. Além disso, discutimos desafios e estratégias
ético-metodológicas que possam encorajar futuras observações em espaços domésticos. Os desafios
desta empreitada são numerosos e não se restringem à conquista do aceite das famílias. Antes,
envolvem a escolha consciente por uma postura mais participativa ou mais recolhida, decisões a
respeito da posicionalidade espacial e da forma de registro dos dados produzidos, uma atitude
reflexiva sobre as tensões entre a subjetividade e a objetividade e as implicações éticas de uma
tarefa delicada como esta.
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3
Em seu livro A invenção do cotidiano, Michel de Certeau (2014) narra práticas comuns, de uma “multidão de
desconhecidos”, pessoas ordinárias. Ao analisar essas práticas, o autor reflete sobre as frequentações, as solidariedades
e as lutas que organizam o espaço onde essas narrações vão abrindo um caminho. Para observar, é preciso pensar “em
maneiras de caminhar” (ou de observar?), que pertencem às “maneiras de fazer” dessas pessoas. Conclui o autor que,
“para ler e escrever a cultura ordinária, o investigador precisa reaprender operações comuns e fazer da análise uma
variante do seu objeto” (Certeau, 2014, p. 35).
4
As táticas podem ser compreendidas, segundo o autor, como uma ação criativa e adaptativa, diferente da noção de
estratégia, que demanda um planejamento a longo prazo, com objetivos claros e recursos definidos (Certeau, 2014).
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APOIO/FINANCIAMENTO
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Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES - Brasil.
O presente artigo foi revisado por Elodia Honde Lebourg. Após ter sido diagramado foi submetido para
validação do(s) autor(es) antes da publicação.
Recebido: 12/07/2024
Aprovado: 16/01/2025
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