Aula 01
A IDADE MÉDIA NA SALA DE
AULA
O que é a Idade Média e por que Ensinar
História Medieval?
Prof. Bruno Rosa
Breve Introdução Pessoal
● Formação pela
BRUNO
Universidade de São Paulo
(USP)
● Quase 15 anos de sala de
ROSA aula, com experiência tanto
na rede privada quanto
pública
Professor e Podcaster ● Produtor de conteúdo em
história pública desde 2018
● Apresentador e produtor
do podcast Medievalíssimo
Objetivos ➔ Estabelecer um conceito
sobre Idade Média
e Metas
➔ Criar um breve
panorama sobre os
debates historiográfico
Aula 01 sobre o período
O que é a Idade Média e por ➔ Apresentar uma defesa
que Ensinar História sobre o ensino de
Medieval? história medieval no
ensino base
01. O Que é a Idade Média?
O Que É ● Uma divisão do tempo
Idade Média? cronológico
● Uma construção
sócio-cultural e
Conceito histórica
UMA DIVISÃO CRONOLÓGICA
Ao longo do tempo, convencionou-se dividir o tempo
histórico para ficar mais claro o entendimento dos mais
diversos processos históricos. Data do séc. XVIII, através
das obras Christoph Cellarius, a consolidação do termo
Idade Média.
UMA DIVISÃO CRONOLÓGICA
Não há consenso sobre as datas de início e término do período dito
medieval. Sobre seu início há pelo menos quatro marcos temporais, são eles:
● 313, com o Édito de Milão
● 392, com o Édito de Tessalônica
● 410, com o Saque de Roma pelos Visigodos
● 476, com a Queda do Império Romano do Ocidente
UMA DIVISÃO CRONOLÓGICA
Sobre o final do período medieval, há pelo menos cinco datas utilizadas
como balizas temporais:
● 1453, com a Queda do Império Romano do Oriente
● 1485, com o início do governo da Dinastia Tudor
● 1492, com a Descoberta da América
● 1492, com o fim da Guerra dos Cem anos
● 1517, com o início da Reforma Protestante
ROMA E MODERNIDADE
Podemos perceber que as balizas temporais fazem tanto
uma ligação com a civilização romana e o cristianismo, no
início do medievo, e com a formação da modernidade,
com o final do medievo
Precisamos nos lembrar que
essa divisão do tempo histórico
e a denominação do período é
anacrônica aos fatos
Os medievais, principalmente
nos primeiros séculos, se
enxergavam como herdeiros
de Roma, ao ponto de ainda se
utilizarem dos mesmos
aparatos legais, institucionais e
linguísticos, além de ainda
adotarem ou cômputo romano
ou o judaíco
GREGÓRIO DE TOURS
Cronista e historiador franco do séc. VI
UMA DIVISÃO CRONOLÓGICA
Dessa forma percebemos que se trata de uma divisão
artificial, a posteriori do tempo e, mais importante,
ideológica, pois em seu seio há fortes traços para ligar o
período medieval como ou um longo período de decadência
ou de gênese para a modernidade.
Outro ponto relevante, é que a
Idade Média enquanto processo
histórico está circunscrita à
Europa, porém há uma
apropriação do termo por outras
geografias
UMA CONSTRUÇÃO SÓCIO-CULTURAL E HISTÓRICA
A história medieval possui uma história própria dentro da
historiografia, mas ela pode ser dividida em dois grandes campos:
de um lado os detratores, geralmente enxergam o período como
uma ampla decadência, do outro os apologistas, que enxergam no
período o berço da Europa e a gênese da modernidade.
UMA CONSTRUÇÃO SÓCIO-CULTURAL E HISTÓRICA
A história medieval possui uma história própria dentro da
historiografia, mas ela pode ser dividida em dois grandes campos:
de um lado os detratores, geralmente enxergam o período como
uma ampla decadência, do outro os apologistas, que enxergam no
período o berço da Europa e a gênese da modernidade.
Diferentemente do que
Renascimento podemos imaginar, o
Renascimento não possui
uma opinião negativa
Uma Construção
sobre o medievo, mas o vê
Sócio-Cultural e Histórica como uma fonte de acesso
às ruínas greco-romanas
É durante o chamado Iluminismo
Iluminismo que observamos a construção da
ideia de um medievo decadente,
miserável e supersticioso, porém
é durante o período que se
Uma Construção começa a se estudar mais
Sócio-Cultural e Histórica aprofundadamente a Idade Média
Entre os historiadores
iluministas, ou influenciados pelo
iluminismo, um nome se destaca:
Edward Gibbon.
Gibbon é autor do clássico A
Queda do Império Romano, onde
ele faz uma análise dos motivos
da Queda de Roma e do fim da
civilização romana, na obra
também há uma crítica ao
cristianismo como religião
organizada e sua permanência e
influência durante o medievo.
EDWARD GIBBON
historiador inglês do séc. XVIII
A obra marxiana não versa muito
sobre a Idade Média, Marx parece se
Karl Marx interessar muito mais pela
modernidade e pela sociedade
industrial, porém é dele a associação
entre o feudalismo e o período, afinal o
primeiro, em Formações Econômicas
Uma Construção Pré-Capitalistas entende o feudalismo
Sócio-Cultural e Histórica como uma outro modo de produção
diferente do modo escravista
Os historiadores ditos positivistas
Positivismo estabeleceram como escopo dos
historiadores a erudição e a
crítica documental, e data deles a
consolidação do Medievalismo,
Uma Construção que irá se consolidar
Sócio-Cultural e Histórica principalmente com o
Romantismo
Durante o século XVIII,
principalmente, entre os
Romantismo historiadores românticos, há uma
ligação entre as raízes nacionais e o
medievo, visão que dará fôlego aos
nacionalismos. É durante o período
que serão resgatados nomes como
Uma Construção
Joana d’Arc e Arthur, porém
Sócio-Cultural e Histórica
enxergados mais com os valores
vitorianos do que medievais.
Não se pode falar de
medievalística, historiografia e
França do XIX sem se evocar a
figura de Jules Michelet.
Michelet se dedica à Idade Média
em duas fases: nos primeiros
capítulos de Histoire de France,
escritos em sua juventude, quando
ele se vê apaixonado pelo medievo,
e depois no prefácio do segundo
volume, escrito posteriormente,
onde ele tece uma crítica forte ao
clericalismo e atraso da Idade
Média
JULES MICHELET
historiador francês do séc. XIX
Monumenta
Data do início do XVIII, porém
Germaniae ganhando fôlego com o
Historica romantismo, a edição e
publicação da Monumenta
Germaniae Historica, a compilação
Uma Construção de fontes primárias sobre os
Sócio-Cultural e Histórica germânicos entre os séc. V e XIV
É com a Nova História francesa
dos anos 1970, capitaneada por
Nova História Jacques Le Goff e Georges Duby,
é que a história medieval ganha
novos objetos, métodos e fontes,
inclusive Le Goff propõe a
Uma Construção chamada Longa Idade Média, que
Sócio-Cultural e Histórica se estenderia até a Revolução
Francesa de 1789, tese logo
abonada
E PARA ALÉM DA EUROPA?
É ao longo do séc. XX que percebemos a afiliação de historiadores
das Américas, África e Ásia para os estudos medievais, lançando
novos problemas e temas sobre o período, principalmente através
da chave da descolonização, do Sul Global e da história global.
O Brasil tem uma longa tradição nos
estudos medievais, que tem sua origem
traçada principalmente para Eurípedes
Simões de Paula, que estudou, entre
outros objetos, os povos eslavos e
escandinavos durante o medievo
02. Por Que Ensinar Idade
Média?
POR QUE ENSINAR HISTÓRIA MEDIEVAL?
Entender os processos e especificidades da história
medieval pode ser benéfico para alguns pontos no
desenvolvimento sócio-cognitivo dos educandos.
Temporalidades O estudo de temporalidades
Afastadas afastadas, ou recuadas, incluindo a
chamada Pré-História e a Antiguidade,
possibilitam a dilatação do
entendimento da dimensão do tempo
Ensino de História histórico, aperfeiçoando a chamada
Medieval consciência histórica
Por conta de se tratar de um período
Alteridade
singular em relação à vivência dos
estudantes, o estudo de Idade Média
pode criar uma imaginação histórica e
assim possibilitar o entendimento que
formas diversas de pensamento,
mentalidades, valores, entre outros,
Ensino de História podem existir e que não estamos
Medieval condenados a viver em um presente
eterno
Pertencimento Como período ou objeto, a Idade
Média é patrimônio da humanidade,
entender o período gera aos
educandos um sentimento de posse e
Ensino de História pertencimento desse conhecimento
Medieval
Pertencimento Como período ou objeto, a Idade
Média é patrimônio da humanidade,
entender o período gera aos
educandos um sentimento de posse e
Ensino de História pertencimento desse conhecimento
Medieval
Identidade A história do Brasil e Portugal estão
Luso-Brasileira ligadas em seu âmago, por isso
entender a formação territorial,
nacional, linguística e ideológica de
Portugal nos permite entender um
Ensino de História pouco mais aprofundadamente os
Medieval mesmos aspectos no Brasil
Eurocentrismo e Entender a Idade Média para além dos
padrões geográficos europeus,
Decolonização notoriamente incluindo o Oriente
Médio, o Norte da África, a África
Subsaariana, o Subcontinente Indiano
e o Extremo Oriente, possibilita ao
Ensino de História educando se inserir nos processos
Medieval globais da história
Lugar da Mulher Desafiar os padrões de gênero e
e Outras sexualidade normatizados foi um dos
aspectos mais interessantes ao longo
Minorias do Milênio Medieval, entender o papel
e lugar da mulher, ou de outras formas
de cristianismo, de outras religiões,
Ensino de História permite aos estudantes a formação de
Medieval um pensamento crítico sobre esses
mesmos padrões no tempo presente
PORQUE É
LEGAL
DÚVIDAS?
Agora é o espaço para solucionar eventuais dúvidas
HISTÓRIA
MEDIEVAL
Breve manual introdutório
escrito pelo professor
Marcelo Cândido
(LEME-USP) onde são
debatidos diversos pontos
dos estudos medievais
Sugestão de Leitura
A HISTÓRIA MEDIEVAL ➔ Entender o que é a BNCC
➔ Listar os objetos e
E A BNCC:
habilidades da base
O que se ensina sobre
acerca do período
história medieval
➔ Crítica às habilidades da
BNCC
Tema da nossa
➔ Problematizar o
próxima aula eurocentrismo das
habilidades