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"POR VOSSA SANTA CRUZ REMISTES O MUNDO"
(Testamento de São Francisco, 2)
Ave, Crux, spes unica!
Nossa reflexão é motivada pela intenção de aprofundarmos a espiritualidade da cruz na vida
da Igreja e na existência de Francisco de Assis, bem como pelo fato de celebrarmos, no dia 14 de
setembro, a Festa da Exaltação da Santa Cruz, e, três dias depois, a Festa da Impressão das Chagas
do Santo.
Sabemos que, mesmo antes da conversão de Francisco, a cruz está presente em momentos
marcantes de sua vida. Por exemplo, quando ele se preparava para a viagem à Apúlia, pois
desejava ser cavaleiro, teve um sonho no qual via um palácio de armas que lhe apareciam
marcadas com a cruz de Cristo:
"Naquela noite, enquanto dormia, Deus em sua bondade mostrou-lhe em visão
magnífica um grande palácio de armas que levavam a cruz de Cristo marcada nos brasões.
Mostrava-lhe assim que a gentileza que ele praticara com o pobre cavaleiro por amor ao
Grande Rei seria recompensada de modo incomparável. Perguntou Francisco para quem era
tudo aquilo. E uma voz do céu lhe respondeu: 'Para ti e teus soldados'. Ainda não tinha
experiência em interpretar os divinos mistérios e ignorava a arte de ir além das aparências
visíveis até as realidades invisíveis." (Legenda Maior 1, 3)1
Mas, partiremos do Testamento de Francisco de Assis, que é o seu escrito mais
autobiográfico. Em linhas gerais, em um testamento, são deixados para alguém ou para um grupo
os bens mais queridos, sejam eles de natureza material ou espiritual. Os antigos místicos, como o
Pobrezinho, costumavam legar aos seus discípulos um testamento espiritual, no qual ficava
expressa a última vontade deles.
O Santo de Assis ditou seu Testamento, em 1226, durante a sua enfermidade. Ele é, de fato,
sua despedida dos irmãos, os quais lhe pediram que lhes deixasse uma memória sua. Para
aprofundarmos um pouco, vejamos o que afirma o Prof. Pietro Maranesi:
"O Testamento nasceu neste clima. Foram meses, portanto, de uma longa e, de certo
modo, elaborada meditação e elaboração do Testamento, no qual, de fato, o Santo retornou e
ampliou o texto de maio para dar consistência e precisão a uma despedida dirigida às pessoas
mais importantes de sua vida: os seus frades."2
Bem cedo, o Testamento tornou-se um texto escrito. Foi algo meditado, pensado, elaborado
e transformado por causa das tensões e discussões com os frades3 e que não pretendia ser um
programa ideal de vida4.
Não nos esqueçamos de que Francisco era um homem medieval que procurava dar respostas
às questões próprias de seu tempo, ou seja, do contexto em que estava inserido. Ele nasceu em
Assis, na Itália, em 1181, e morreu na mesma cidade, em 3 de outubro de 1226.
1
SILVEIRA, 1996, p. 466.
2
MARANESI, 2009, p. 45, tradução nossa.
3
Ibid., p. 47.
4
PAOLAZZI, 2004, p. 386.
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Nos inícios de sua conversão, por volta de 1205, o jovem teve um encontro decisivo com os
leprosos. A memória desse evento ficou registrada em seu Testamento 1-2:
"O Senhor deu a mim, frei Francisco, começar a fazer penitência assim: porque, como
estivesse em pecados, parecia-me demais amargo ver os leprosos. E o próprio Senhor me
conduziu entre eles, e fiz misericórdia com eles."5
Para Francisco, a palavra penitência adquiriu um novo sentido, ou seja, ela passou do
significado comum de "mortificação" para o de "mudança de mentalidade e atitude". Essa
transformação, na verdade, exigiu muito dele.
O fato de colocar-se "entre" os leprosos, partilhar da vida deles, fez com que o amargo do
choque inicial que sofreu em contato com da vida deles, gradualmente, se tornasse a doçura do
fazer misericórdia com eles. Em poucas palavras, a penitência, compreendida a partir da
espiritualidade franciscana, significava inserir-se na realidade do irmão e amá-lo como ele é!
Naquele mesmo ano, ainda no processo de conversão e enquanto frequentava a igrejinha
abandonada de São Damião, que estava nos arredores de Assis, o Cristo Crucificado falou com ele.
Para Francisco aquele momento foi uma profunda experiência mística e um dos mais importantes
encontros com a cruz:
"Já inteiramente mudado de coração, e quase mudado no corpo, andava um dia pelos
arredores da igreja de São Damião, abandonada e quase em ruínas. Levado pelo Espírito,
entrou para rezar e se ajoelhou devotamente. Tocado por uma sensação que era nova para ele,
sentiu-se diferente do que tinha entrado. Pouco depois, coisa inaudita, a imagem do Crucificado
mexeu os lábios e falou com ele. Chamando-o pelo nome, disse 'Francisco, vai e repara minha
casa que, como vês, está toda destruída'. A tremer, Francisco espantou-se não pouco e ficou
fora de si com o que ouviu." (2Cel 6, 10) 6
É bom dizer que este período de conversão é, na verdade, uma fase de grande crise espiritual
que está repleta de escuridão e incertezas. É desse contexto que nasce a oração diante do Crucifixo
de São Damião: "Altíssimo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração e dai-me uma fé
reta, esperança certa e caridade perfeita, bom senso e conhecimento, Senhor, para que faça vosso
santo e veraz mandamento."7
Frei José Carlos C. Pedroso explica-nos:
"Quando se viu diante do Crucificado em São Damião, Francisco já tinha passado pela
experiência dos sonhos com a voz de Deus, do serviço com misericórdia aos leprosos e da
oração solitária nas cavernas. Já desejava ardentemente saber o que Deus queria dele. E devia
rezar esta oração com frequência. Ao sentir-se interpelado pelo Crucificado, ele repetiu
sentidamente mais de uma vez o que estava em seu coração e percebeu que havia um novo
'mandamento' que estava se tornando concreto. Já nas outras orações suas, ele nunca mais vai
fazer pedidos, apenas louvores. Mas o que ele pede aqui são dons espirituais." 8
5
"Dominus ita dedit mihi fratri Francisco incipere faciendi poenitentiam: quia, cum essem in peccatis, nimis mihi
videbatur amarum videre leprosos. Et ipse Dominus conduxit me inter illos et feci misericordiam cum illis. Et recedente
me ab ipsis, id quod videbatur mihi amarum, conversum fuit mihi in dulcedinem animi et corporis; et postea parum
steti et exivi de saeculo" (MENESTÒ; BRUFANI, 1995, p. 227, trad. nossa).
6
SILVEIRA, op. cit., p. 294.
7
"Summe, gloriose Deus, illumina tenebras cordis mei et da mihi fidem rectam, spem certam et caritatem
perfectam, sensum et cognitionem, Domine, ut faciam tuum sanctum et verax mandatum" (MENESTÒ; BRUFANI, op.
cit., p. 167, trad. nossa)
8
PEDROSO, 2009, p. 3.
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O Crucifixo de São Damião, conservado na Basílica de Santa Clara, em Assis, trata-se de um
ícone, que é: "uma figura que tem especial valor simbólico e religioso. No primeiro milênio, teve
amplo uso na Igreja Ocidental mas, até hoje, é um elemento fundamental da teologia da Igreja
Oriental: a teologia da luz, a teologia da beleza. Nosso crucifixo é um hino à santidade de Deus,
expressa na luz e na beleza"9.
Este ícone está pintado sobre uma tela colada numa tábua de nogueira; tem 2,10m de altura,
1,30m de largura e 2cm de espessura. E dele emana a luz, que foi solicitada pelo Santo em sua
oração, no período de crise.
Na verdade, quando Francisco se colocava na presença deste ícone, ele se punha diante do
profundo mistério da cruz, o qual será iluminado pela experiência da luz que o conduziu à vivência
de Deus a partir de um coração contemplativo: "Contemplai-o e estareis radiantes, vosso rosto não
ficará envergonhado. Provai e vede como Iahweh é bom, feliz o homem que nele se abriga"10 (Sl 34,
6.9).
O Cristo é a figura central da representação, que é feita "como uma experiência da Luz da
santidade, que, depois, é transmitida"11. Ele é uma "palavra de vida que passa de coração para
coração. Do coração de Deus até o nosso"12.
No ícone de São Damião, deseja-se representar que o mesmo Cristo Crucificado é também o
Ressuscitado. Francisco certamente ficou em êxtase nesta experiência contemplativa. Nela ele
compreendeu e deixou-se iluminar pela luz, que é o próprio Cristo: "Ele era a luz verdadeira que
ilumina todo homem" (Jo 1, 9).
Para contemplarmos mais profundamente este grande mistério do Crucificado-Ressuscitado
é preciso que voltemos ao início da história da Salvação; é necessário que retomemos a aliança de
amor entre Deus e o homem, que está relatada no livro do Gênesis, no qual, sobretudo nos
capítulos de 1 a 11, encontramos "uma mensagem sobre o homem e sobre sua existência
concreta"13.
Deus fez toda a sua obra, "viu que isso era bom" (Gn 1, 10) e coroou-a com a criação do
homem "à sua imagem e semelhança, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou"
(Gn 1, 27).
Nas origens, Deus caminhava com o homem no Paraíso: "Eles ouviram o passo de Iahweh
Deus que passeava no jardim à brisa do dia" (Gn 3, 8). Havia uma harmonia original entre Criador e
criatura, que foi rompida pelo próprio ser humano, que desejou ser igual a Deus e não obedeceu
ao seu mandamento: "Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento
do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer" (Gn 2, 16-
17):
"Esse conhecimento do bem e do mal é o poder de decidir por si mesmo o que é bem e o
que é mal. Poder que só pertence a Deus, soberano mestre de toda criatura. O homem vai
usurpar o privilégio divino por um pecado de orgulho. Colocando-se no lugar de Deus, reivindica
para a sua liberdade criada a autonomia moral absoluta do criador."14
9
PEDROSO, 2009, p. 3.
10
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova ed. rev. e ampl. São Paulo: Paulus, 2004. (É a fonte das citações bíblicas deste texto.)
11
PEDROSO, 2003, p. 11.
12
Ibid.
13
BIANCHI, 2007, p. 11.
14
BUR, 1991, p. 32.
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Essa desobediência, induzida pela serpente astuta, a qual disse ao homem que ele não
morreria (cf. Gn 3, 4), colocou-o diante da realidade da morte. Nesse sentido, a árvore do
conhecimento é uma prefiguração da cruz de Cristo. E, por isso, da árvore do conhecimento deverá
ser construída a cruz do Filho de Deus.
E segundo uma antiga tradição, "a cruz de Cristo foi posta no Monte Gólgota no cepo da
árvore paradisíaca do conhecimento que aí se erguia"15. Desde a antiguidade, a árvore possui uma
riqueza simbólica, que, semelhantemente ao homem, é "uma figura vertical que aponta aos
céus"16.
Por considerar-se autossuficiente, o homem desobedeceu a Deus. Vejamos o que nos diz o
Concílio Vaticano II sobre o tema da autossuficiência:
"Constituído por Deus em estado de justiça, o homem contudo, instigado pelo maligno,
desde o início da história abusou da própria liberdade. Levantou-se contra Deus desejando
atingir seu fim fora dele."17 (Gaudium et Spes, 13)
A cruz de Jesus está inserida no mistério pascal do Filho, e seu papel na história da salvação é
clarificado pela obediência filial ao Pai. Com efeito, à medida que Deus nos criou ele também nos
salvou.
Assim, a criação e a salvação são dois lados de uma única e mesma realidade, porque "o
amor criador de Deus é na realidade o amor salvador de Deus que, criando uma humanidade livre
para que ela fosse divinizada e recapitulada no Cristo, permite e prevê o risco do pecado, e realiza,
na história temporal dessa humanidade pecadora, o eterno desígnio de divinizá-la, por participação
no mistério pascal do Cristo"18.
A vida do homem é, portanto, um chamado à justiça, para que ame a seu irmão como Deus
o amaria. Gostaríamos de, neste momento de nossa reflexão, recordar a figura de São José,
esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, ao qual se atribui um adjetivo fundamental: justo. É uma
palavra usada no Antigo Testamento "aplicada às pessoas de fé (...) que confiaram na realização
da promessa"19, ou também àquelas que verão a salvação se cumprir (cf. Mt 13, 43.49).
Enfim, José é o homem justo, porque obedeceu a Deus; ele é, portanto, o modelo da
obediência perfeita, daquele que soube ouvir a voz de Deus através da vida. Poderíamos estender
o assunto, mas não é o nosso objetivo neste artigo.
"A doutrina da justiça original contém portanto a ideia profunda de que, desde sua
criação, o homem foi chamado por Deus a ser por ele divinizado e nele plenamente
realizado."20
Jesus, o Filho de Deus, é justo e obediente ao Pai até às últimas consequências, ou melhor,
até à morte de cruz (cf. Fl 2, 8), sobre a qual ele "não estende os braços para sequestrar a sua
igualdade com Deus, para se tornar como Deus, mas estende os braços sobre a cruz abandoando-
se completamente a Deus na obediência (...)"21.
15
HEINZ-MOHR, 1994, p. 35.
16
Ibid., p. 34.
17
VIER, 1968, p. 155.
18
BUR, op. cit., p. 57.
19
SILVA, 2010, p. 85.
20
BUR, op. cit., p. 68.
21
BIANCHI, op. cit., p. 16.
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Aliás, quanto à morte humana, ela "aparece assim, independentemente do pecado, como a
passagem obrigatória de nossa condição terrestre histórica e finita para nossa condição celeste
trans-histórica e eterna (…)"22. Porém,
"a morte de Cristo não foi na realidade apenas uma simples passagem de nosso mundo
para o Reino do Pai. Atravessou os sofrimentos da Paixão e teve a morte da crucifixão. O
próprio fato dessa morte cruciante do Cristo nos leva a descobrir a significação dramática que a
morte humana adquiriu devido ao pecado."23
O sentido tipológico
Como obra de Deus e do homem, os textos bíblicos podem ter várias interpretações. Uma
delas é a tipológica, "que apresenta pessoas, instituições e acontecimentos do AT como tipos de
pessoas, acontecimentos e instituições do NT"24.
Assim, no cristianismo antigo, os Padres da Igreja veem, na Antiga Aliança e na literatura
grega, relatos tipológicos da cruz, que era sinal de triunfo sobre o poder da morte e do pecado:
a) Em Gn 6 – 9: feita de madeira, a arca de Noé salva-nos do dilúvio e representa a cruz: "O
madeiro da cruz salva nossa natureza náufraga do afundamento e nos conduz em segurança para
o porto da vida eterna"25.
b) Em Ex 17, 1-7: no fato de Moisés ferir a rocha com uma vara e dali brotar água, viu-se
"outro modelo da cruz que nos abre a fonte da graça"26.
c) Em Nm 21, 4-9, a serpente de bronze:
"Então Iahweh enviou contra o povo serpentes abrasadoras, cuja mordedura fez perecer
muita gente em Israel. Veio o povo dizer a Moisés: 'Pecamos ao falarmos contra Iahweh e
contra ti. Intercede junto de Iahweh para que afaste de nós estas serpentes.' Moisés intercedeu
pelo povo e Iahweh respondeu-lhe: 'Faze uma serpente abrasadora e coloca-a em uma haste.
Todo aquele que for mordido e a contemplar viverá.' Moisés, portanto, fez uma serpente de
bronze e a colocou em uma haste; se alguém era mordido por uma serpente, contemplava a
serpente de bronze e vivia."
Anselm Grün, monge beneditino e grande escritor da atualidade, ensina-nos que:
"Jesus é na cruz o médico ferido. Asclépio, o deus curador dos gregos, era representado
com um bastão ao qual estava afixada uma serpente. Por um lado, a cruz representa a ferida
mais profunda que nos ameaça, a ferida letal, a ferida da morte. Por outro lado, porém, ela é,
ao mesmo tempo, um sinal de salvação e redenção."27
d) Na Odisseia, poema épico da Grécia Antiga, Ulisses pede para ser amarrado ao mastro do
navio para que não fosse seduzido pelo canto das sereias, e nisso "viu-se a cruz representada no
mastro do navio. [...] Quem está amarrado na cruz de Cristo pode navegar com segurança pelas
confusões do mundo"28.
22
BUR, 1991, p. 78.
23
Ibid., p. 78-79.
24
MACKENZIE, 1984, p. 937.
25
GRÜN, 2010, p. 18-19.
26
Ibid., p. 19.
27
Ibid., p. 42.
28
Ibid., p. 17.
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e) De modo semelhante, escreve Máximo de Turim: "A árvore do mastro faz o ser humano
amarrado nela chegar a seu lar em segurança. Sim, e não só isso: até mesmo os companheiros
reunidos em torno do mastro estão protegidos por sua sombra vivificante" 29.
A cruz de Cristo é a nova árvore da vida
"Na cruz de Cristo, o amor triunfa sobre a morte e dá vida ao mundo. O madeiro da cruz
traz em si a imagem da árvore da vida posta no centro do jardim das delícias (Gn 2,8-9), que
Deus fez para o homem como possibilidade para viver e se realizar na comunhão do amor de
Deus. Sonhando a harmonia original na cruz, Deus mostrou até que pode chegar a sua paterna
bondade em favor de suas criaturas."30
1) A árvore da vida na Bíblia:
Gn 2, 9: "Iahweh Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de
comer, e a árvore da vida no meio do jardim (...)".
Gn 3, 24: "Ele baniu o homem e colocou, diante do jardim de Éden, os
querubins e a chama da espada fulgurante para guardar o caminho da árvore da
vida".
Ap 2, 7: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: ao
vencedor, conceder-lhe-ei comer da árvore da vida no paraíso de Deus".
Compreensão tipológica e teológica:
A árvore da vida é a prefiguração da cruz de Cristo, ou seja: "Enquanto a árvore da vida do
paraíso se transformou em maldição, devido ao pecado de Adão, a cruz é a verdadeira árvore da
vida"31.
2) A árvore da vida na arte cristã: "Na arte cristã, cruz da qual brotam folhas e flores, símbolo
da vitória sobre a morte (na arte funerária, em portais); como símbolo do paraíso do fim dos
tempos geralmente representada como palmeira ou oliveira"32.
A cruz nos Evangelhos Sinóticos
A morte na cruz era a pena capital mais cruel que os romanos aplicavam aos condenados.
Geralmente a cruz era formada por dois madeiros cruzados, muitas vezes fincados em forma da
letra grega TAU, parecida com o nosso "T", maiúsculo.
"Quem está selado com o T, será preservado da aniquilação. Os cristãos primitivos
referem-se a esse versículo para explicar por que marcam a testa com o sinal da cruz. O sinal da
cruz, que os cristãos desenham sobre suas testas, é um selo escatológico, um sinal de
salvamento quando o mundo chega ao seu fim, e um sinal de posse, propriedade, proteção e
consagração. Quem se benze com a cruz pertence inteiramente a Cristo, consagra-se a ele e
experimenta a partir dele proteção em todas as aflições deste tempo." 33
29
GRÜN, 2010, p. 18.
30
FERNANDES, 2002, p. 42.
31
GRÜN, op. cit., p. 19.
32
BECHER, 1999, p. 33.
33
GRÜN, op. cit., p. 12.
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Para os primeiros seguidores do Mestre de Nazaré era muito difícil entender o significado da
cruz. Foi necessário um tempo de amadurecimento na fé para compreender, em profundidade, o
sentido desse mistério tão grande!
Podemos observar, já nos Evangelhos sinóticos, a evolução desse processo:
a) Para Marcos, a cruz simboliza o domínio do mal. Na Paixão, Jesus vive a experiência da
maldade humana, mas também, na agonia, mostra ao mundo a sua vitória: "A cruz é, por um lado,
o auge do poder demoníaco e das intrigas humanas. Por outro lado, justamente na cruz, Jesus com
quista a vitória mais sustentável e duradoura sobre os demônios" 34.
b) Para Mateus, Jesus é o novo Moisés, que "nos anuncia a nova justiça que corresponde à
vontade de Deus"35: a reconciliação e a renúncia à violência (cf. Mt 26, 52-54). Por isso, a morte na
cruz é o testemunho da justiça, da não violência "e do paciente ato de suportar que abarca em si a
promessa da vitória"36 (cf. Mt 5, 3-12.38-47).
c) Para Lucas, Jesus é o sol nascente que nos veio visitar (cf. Lc 1, 78). Ele é aquele que
caminha e está conosco. É, portanto, o nosso companheiro de viagem. É, além disso, o caminheiro
que passa pela Paixão, pela cruz até chegar à glória. Para este evangelista, "a cruz é uma imagem
daquilo que cruza e contraria diariamente nosso caminho e nossa vida para quebrar as ideias
erradas que construímos em relação a nós mesmos" 37. Vemos que Lucas "está na linha da literatura
sapiencial judaica, para a qual o sofrimento era a passagem inevitável para a glória" 38.
A cruz como emblema eloquente
Ao pedido dos judeus, o procurador Pôncio Pilatos condenou Jesus à morte de cruz: "Era o
dia da preparação da Páscoa, perto da sexta hora. Disse Pilatos aos judeus: ‘Eis o vosso rei!’ Eles
gritavam: ‘À morte! À morte! Crucifica-o!’ Disse-lhes Pilatos: ‘Crucificarei o vosso rei?!’ Os chefes
dos sacerdotes responderam: ‘Não temos outro rei a não ser César!’ Então Pilatos o entregou para
ser crucificado'" (Jo 19, 14-16)39.
"No Império Romano, a pena da crucificação estava geralmente reservada para pessoas
escravas e libertas. Na Palestina, porém, a crucificação era a pena típica para as pessoas
revoltosas. Nunca se crucificavam cidadãos romanos. Isso mostra que os romanos
consideravam Jesus um agitador político. Condenar à morte na cruz era direito exclusivo do
governador romano. [...] Primeiro, a pessoa condenada era flagelada. Depois, precisava
carregar o madeiro transversal da cruz até o local da crucificação. As pessoas condenadas eram
afixadas na cruz, pregadas ou amarradas pelas mãos e pelos pés. No caso de Jesus, as fontes
nos dizem que ele foi pregado."40
A partir de então, a cruz passou a ser o maior e mais eloquente emblema do cristianismo.
Mas, acima de tudo, ela é o sinal do máximo do amor de Deus ao entregar seu próprio Filho Jesus
por nós! Após a condenação por Pilatos, Jesus "saiu, carregando sua cruz, e chegou ao lugar
34
GRÜN, 2010, p. 37.
35
Ibid., p. 38.
36
Ibid., loc. cit.
37
Ibid., p. 39.
38
Ibid., loc. cit.
39
"Estes não mataram apenas um homem, mataram ao Deus que se tinha encarnado nele. Deus foi crucificado na cruz
de Jesus" (RODRIGUEZ, 1997, p. 185).
40
GRÜN, op. cit., p. 13.
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chamado ‘Lugar da Caveira’ – em hebraico chamado Gólgota – onde o crucificaram: e, com ele,
dois outros um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos redigiu também um letreiro e o fez colocar
sobre a cruz; nele estava escrito: ‘Jesus Nazareu, o rei dos judeus'" (Jo 19, 17-19).
Na verdade, Jesus já havia anunciado sua glorificação por meio da morte 41: "É chegada a
hora em que será glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de
trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto" (Jo 12,
23-24).
O Evangelho de João constrói uma teologia da cruz diferente dos sinóticos. Para João, a
perspectiva da cruz coloca Jesus diante da realização da sua hora, "manifestando o tempo de Deus
aos homens e, num gesto de entrega, vence a morte para ser luz e vida para a humanidade"42.
Portanto, o resultado da coerência dele ao projeto do Pai levou-o à morte de cruz, que "é
uma ação dos seres humanos que se se fecham contra Deus"43 e, a partir da ressurreição, "torna-se
sinal da vontade salvífica inquebrantável de Deus"44.
Mesmo no fracasso da morte cruenta de cruz45, que "era uma pena para as pessoas mais
desprezadas; (…) uma pena para a ralé da humanidade"46, entregou-se nas mãos do Pai: "Quando
Jesus tomou o vinagre, disse: 'Está consumado!' E inclinando a cabeça, entregou o espírito" (Jo 19,
30).
Para João, Cristo é o Senhor que conduz e penetra a história toda (cf. Jo 10, 18). A hora da
cruz foi, simultaneamente, o instante de sua exaltação e do envio do Espírito Santo:
"A cruz é o trono ao qual Jesus sobe para reinar, visível a todos, situado acima deste
mundo, e para convidar todos a participar de sua vida eterna. E é a imagem de um amor que se
abre inteiramente. Jesus, que abre na cruz seus braços, renuncia a qualquer proteção que
colocamos muitas vezes diante de nós." 47
Na realidade, são dimensões de um único evento: o evento pascal, que "é Cristo no momento
mais alto da revelação do imperscrutável mistério de Deus"48 (DM 8).
"Os cristãos não se envergonhavam de adorar o Crucifixo e cantar-lhe hinos como ao seu
Deus. Os pagãos ridicularizavam, mas nós compreendíamos bem qual a força que jorrava para
eles."49
A ressurreição é um fato histórico porque atingiu um homem concreto: Jesus de Nazaré. É
também sobrenatural e escatológico, porque escapa às categorias temporais; e subjetivo, porque
"a experiência de Cristo ressuscitado é uma experiência de Deus, que apenas se conhece pela fé"50.
Ela é um conhecimento não apenas racional, mas também do coração que "viu e creu" (Jo
20, 8). Mais do que a afirmação da vida eterna, ela ratifica tudo o que o Mestre disse e fez, além de
41
"Antes de morrer, Jesus não suspeitou que o levariam a uma cruz. Evidentemente se dava conta de que o queriam
matar e que terminariam matando-o, mas não na cruz. Somente os romanos podiam crucificar. Pensava que terminaria
sendo morto a pedradas como foi Estêvão" (RODRIGUEZ, 1997, p. 180).
42
FERNANDES, 2002, p. 19.
43
SCHNEIDER, 2002, p. 371.
44
Ibid., p. 372.
45
"Morrer na cruz era um escândalo para quem sofria e para o seu ambiente familiar" (RODRIGUEZ, op. cit., p. 180).
46
Ibid., loc. cit.
47
GRÜN, 2010, p. 42.
48
JOÃO PAULO II, 2011, p. 48.
49
COSTANTE; PERDIA; ORLANDO, 1983, p. 18.
50
RODRIGUEZ, op. cit., p. 216.
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nos conduzir para a plenitude de uma nova vida, de uma nova realidade. O evento pascal é o
elemento fundante da fé das comunidades cristãs, após a ressurreição de Jesus, o primeiro a
ressuscitar dos mortos e a dar início a uma nova criação.
Na Igreja primitiva, o Apóstolo Paulo foi também um dos grandes teólogos da cruz, pois ela
"mostra a imagem de um Deus que ousa humilhar-se em seu Filho Jesus Cristo e abrir-se aos
fracos"51.
Através da cruz, podemos contemplar a sabedoria de Deus, "que consiste justamente em seu
amor que não exclui ninguém, mas que se volta especialmente às pessoas fracas e fracassadas" 52:
"Com efeito, a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se
salvam, para nós, é poder de Deus" (1Cor 1, 18).
Tomar a própria cruz
O Mestre nos deixa bem claro que o caminho de salvação e a proposta de segui-lo exigem
que cada um de nós assuma a sua própria cruz: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si
mesmo, tome sua cruz cada diz e siga-me" (Lc 9, 23):
"[...] aqui não se trata de disposição para o martírio, mas do Sim para as tribulações
diárias que a vida traz consigo. Quem quer ser discípulo de Jesus deve distanciar-se do
constante girar em torno do seu próprio ego, oferecer-se a Deus, entregar a ele a própria vida e
existência, dizendo Sim à quantia de tribulação e aperto que o Pai permite acontecer, dizendo
Sim a uma vida que contraria as próprias ideias e projetos." 53
Tomar a própria cruz e seguir o Mestre requer de nós a integração (= aceitação) das
realidades do nosso próprio ser:
"A cruz é uma imagem para a união dos opostos e, juntamente assim, uma imagem para
o ser humano que, dentro de si, não é uniforme, inequívoco e coerente, mas cheio de
contradições, porque reúne dentro de si espírito e matéria, anjo e animal, ser humano e Deus.
Somente quando aceita a estrutura da cruz, o ser humano torna-se inteiramente ele mesmo."54
A cruz é, por excelência e ao mesmo tempo, o símbolo eloquente e silencioso do seguimento
de Cristo, bem como de sua vitória sobre a morte, através da qual Ele passou à glória da
ressurreição:
"A cruz é o lugar em que Deus fala no silêncio, revelando o seu amor. O mistério oculto
nas trevas da cruz é o mistério da dor e do amor de Deus. Deus é compassivo, sofre porque
ama. A cruz não é um acontecimento isolado, mas o acontecimento para o qual converge toda
a história da vida de Jesus e por meio do qual os demais acontecimentos recebem seu sentido
como obra salvadora. Sobre a cruz, Jesus experimenta o preço necessário para testemunhar a
gratuidade de Deus."55
Tomar a própria cruz é uma arte. É a arte de saber obedecer a Deus na liberdade que ele
próprio nos concedeu como dom, como vocação: "Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.
51
GRÜN, 2010, p. 33.
52
Ibid., loc. cit.
53
Ibid., p. 40, grifo do autor.
54
Ibid., p. 16.
55
FERNANDES, 2002, p. 40.
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Entretanto, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a
serviço uns dos outros" (Gl 5, 13).
O seguimento de Jesus só tem sentido se ele nos conduzir em direção à pessoa do irmão. Ser
irmão é a nossa identidade primeira, pois, o próprio Jesus é o primogênito de uma multidão de
irmãos (cf. Rm 8, 29) e o Santificador deles (cf. Hb 2, 10-12). É um irmão que se ofereceu na cruz
por nós:
"A morte de Jesus na cruz representa, enfim, a vitória de Deus e do Amor que triunfa
sobre todo pecado, que afastava dolorosamente o homem de Deus. Assim se restabelecem as
condições de comunhão com Deus para a vida da humanidade querida pelo Pai."56
Somos irmãos e estamos sobre a Terra como seres finitos, e ao mesmo tempo, voltados para
o Absoluto. A dor e a morte (cf. Gn 3, 17-19) convivem conosco, mas temos a incumbência de nos
realizar como homens e mulheres com liberdade plena, de estarmos na história, cuja direção só é
conhecida pela revelação de Deus, a qual não é marcada pelo determinismo. Por isso, a revelação
é expressão da liberdade de Deus, e a história é expressão da liberdade humana. Nesse sentido, o
"Cristo é a porta para chegar ao Pai. A sua pessoa, a sua Cruz, a sua eucaristia, o seu
coração nos colocam face a face com Deus. Com efeito, mediante a sua Encarnação, Paixão e
Morte, Ele revela o amor do Pai pelos homens, o seu próprio amor tanto ao Pai como à
humanidade."57 (Guilherme de Saint-Thierry)
"Jesus não viveu em função da cruz, como certos discursos no cristianismo nos dão a
entender, reduzindo sua existência a este momento de forma aflitiva e angustiante. A cruz
nasce de sua vida plena e transbordante, de sua liberdade, de suas opções, e sua morte passa a
ser enfrentada como valor, coerência e plenitude de sua própria existência em favor dos
irmãos."58
São Francisco e os estigmas
Dois anos antes de sua páscoa, Francisco recebeu, no monte Alverne, em setembro de 1224,
os estigmas59 da Paixão de Cristo, que, por muito tempo, permaneceram ocultos para muitas
pessoas. Apenas mais tarde, praticamente no momento da morte é que "mais de quinhentos
irmãos e incontáveis fieis puderam venerá-los"60 (Tratado dos Milagres, 5).
Frei Elias, vigário-geral da Ordem, na carta, que é o primeiro documento oficial sobre o
acontecido, dirigida a todas as províncias da Ordem sobre a morte de Francisco, relata:
"E agora, 'anuncio-vos uma grande alegria' (Lc 2,10-11) e um milagre extraordinário.
Não se ouviu no mundo falar de tal portento, exceto quanto ao Filho de Deus, 'que é o Cristo
Senhor'. algum tempo antes de sua morte, nosso irmão e pai apareceu crucificado, 'trazendo
56
FERNANDES, 2002, p. 43.
57
COSTANTE; PERDIA; ORLANDO, 1983, p. 38.
58
GOMES, 2007, p. 100.
59
"Hoje, discorrer sobre os estigmas significa aludir a um fenômeno conhecido, ainda que incomum; na época de
Francisco, porém, tratava-se de um fato inacreditável. Elias sustentava basicamente, que um ser humano se tornara
semelhante a Deus, que sua carne destinada ao pecado se tornara a de Cristo. Não há nenhum santo estigmatizado
antes de Francisco; as raras pessoas localizáveis nas atas processuais do século XII e início do século XIII que, sem
alegar qualquer intervenção sobrenatural, tinham se autoinfligido as feridas da cruz foram punidas com extremo rigor
pela Igreja, que considerou como culpa gravíssima a simples ousadia de tentarem se equiparar a Cristo dessa maneira"
(FRUGONI, 2011, p. 127).
60
SILVEIRA, 1996, p. 452.
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gravadas em seu corpo' (Gl 6,17) as cinco chagas que são verdadeiramente 'os estigmas de
Cristo'. Suas mãos e pés estavam traspassados, apresentando um ferimento como que de um
prego em ambos os lados e havia cicatrizes da cor escura dos pregos. O seu lado parecia
traspassado por uma lança e muitas vezes saíam gostas de sangue." 61
Os biógrafos esforçaram-se para relacionar os acontecimentos da vida de Francisco com a
Paixão de Cristo62: "Brilhava nele uma representação da cruz e da paixão do Cordeiro imaculado,
que lavou os crimes do mundo, parecendo que tinha sido tirado havia pouco da cruz, tendo as
mãos e os pés atravessados pelos cravos e o lado como que ferido por uma lança"63 (1Cel IX, 112).
Para eles havia sinais concretos de que, desde o encontro do Santo com o crucifixo de São
Damião, ele estava destinado à estigmatização, embora tal crucifixo represente apenas o Cristo
triunfante64. Mas Tomás de Celano não hesita em afirmar que desde "essa época, domina-o
enorme compaixão pelo Crucificado"65 (2Cel VI, 10).
"Muitas vezes se tem dito que Francisco era cristocêntrico. Isso é verdade até certo
ponto; não é uma verdade absoluta. Tal afirmação requer esclarecimentos. Francisco não vê
Cristo em si mesmo, isoladamente; vê-o como mediador, ou seja, por um lado em relação com o
Pai e por outro comprometido com os homens. Esquecemos por vezes que a sua espiritualidade
tem como ponto de partida o Espírito Santo e orienta-se para o Pai por mediação de Cristo."66
A cruz que ficou "impressa" na corporeidade de Francisco através dos estigmas recorda-nos
a esperança na qual devemos crer, porque todo sofrimento adquiriu novo significado com a morte
de Jesus na cruz. Mas não podemos ignorá-lo, porque o "sofrimento é algo mais amplo e mais
complexo do que a doença e, ao mesmo tempo, algo mais profundamente enraizado na própria
humanidade"67.
Francisco assimilou-se em um grau tão alto a Cristo que "os estigmas selam sua semelhança
a Cristo"68. Outros futuros discípulos de Francisco encontraram um sentido profundo na
meditação sobre o mistério da cruz.
E muitos homens e mulheres, ao longo da história, experimentaram a mística da cruz e sobre
ela refletiram. Uma das grandes místicas foi Santa Edith Stein, para a qual "a cruz é um convite
para a solidariedade com as pessoas que sofrem e para o sofrimento vicário por seu povo
sofrido"69.
Em conclusão, Francisco de Assis convida-nos a meditarmos sobre o profundo mistério do
amor que Deus Pai tem por nós, porque entregou seu Filho Unigênito à morte de cruz para nos
salvar e abrir-nos o acesso à vida eterna. A cruz abraça todos os homens e pelo seu sinal somos
enviados a evangelizar toda a Terra.
61
SILVEIRA, 1996, p. 1042.
62
"Tomás de Celano, na Primeira Vida, certamente conhecia a versão de frei Leão e obviamente também a carta de frei
Elias. O biógrafo não podia se permitir negligenciar o confessor e amigo mais dileto do santo, nem o poderoso chefe da
Ordem" (FRUGONI, 2011, p. 134, grifo do autor).
63
SILVEIRA, op. cit., p. 260.
64
FONSECA, 1993, p. 45-46.
65
SILVEIRA, op. cit., p. 294.
66
FONSECA, op. cit., p. 49.
67
JOÃO PAULO II, 2009, p. 9.
68
GRÜN, op. cit., p. 100.
69
Ibid., p. 101.
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"Sobre o madeiro, levou os nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que,
mortos para os nossos pecados, vivêssemos para a justiça." (1Pd 2, 24)
Fr. Marcos Roberto Rocha de Carvalho, OFMCap.
Festa da Exaltação da Santa Cruz, 14 de setembro
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