Nome do Curso: Segunda Graduação: Bacharelado em Letras-Libras p/
Licenciados, Bacharéis e Tecnólogos
Disciplina: Língua Brasileira de Sinais V
Tutor: Cristiane Dias Souza Campos
Aluno: Fabiana Gonçalves Nunes Froes
A EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS: AVANÇOS E DESAFIOS NA
INCLUSÃO EDUCACIONAL
A inclusão da pessoa surda no ambiente escolar e em demais espaços sociais
é um direito garantido por legislações específicas, como a Lei nº 10.436/2002, que
reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e
expressão das comunidades surdas no Brasil. Além disso, o Decreto nº 5.626/2005
estabelece diretrizes para a implementação da educação bilíngue, promovendo a
inclusão efetiva dos surdos. Contudo, a realidade educacional ainda apresenta
desafios na efetivação dessas políticas.
O cenário atual da educação para surdos no Brasil revela que muitas das
medidas estabelecidas pelas legislações não são plenamente cumpridas. Conforme
Kendrick e Cruz (2018), a inclusão escolar do surdo tem ocorrido de maneira frágil,
comprometendo o sucesso da educação bilíngue. A falta de escolas bilíngues e de
professores fluentes em Libras dificulta o acesso dos estudantes surdos a uma
educação de qualidade. Ademais, a predominância de escolas inclusivas, sem
adaptações adequadas, limita o aprendizado dos alunos surdos e não atende às suas
necessidades linguísticas e culturais.
Para efetivar uma educação bilíngue e bicultural de qualidade, é imprescindível
que o poder público implemente medidas concretas. Primeiramente, é necessário
ampliar o número de escolas bilíngues, garantindo um ambiente educacional
apropriado para os surdos. Além disso, a capacitação de professores em Libras deve
ser uma prioridade, assegurando que todos os profissionais da educação possuam
competência para ensinar e interagir com alunos surdos. Outra medida essencial é a
ampliação do ensino de Libras desde a educação básica, tanto para alunos surdos
quanto ouvintes, promovendo uma sociedade mais inclusiva.
Conforme apontado por Nascimento (2017), o embate histórico entre a
educação especial e a educação inclusiva ainda gera controvérsias. No entanto, o
reconhecimento da especificidade linguística e cultural dos surdos é essencial para
garantir seu pleno desenvolvimento educacional. Assim, faz-se necessária a
materialização das leis em ações concretas que favoreçam a inserção dos surdos em
um sistema de ensino verdadeiramente bilíngue e acessível.
Dessa forma, a educação bilíngue para surdos ainda enfrenta desafios
estruturais e políticos. Embora a legislação brasileira contemple os direitos dos
surdos, a efetivação dessas normas requer maior compromisso do Estado. A criação
de mais escolas bilíngues, a formação de professores especializados e a
disseminação da Libras como segunda língua são ações fundamentais para garantir
um ensino de qualidade e a inclusão real da comunidade surda na sociedade
brasileira.
Referências:
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais - Libras e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: [data de
acesso].
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436,
de 24 de abril de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: [data de acesso].
KENDRICK, D.; CRUZ, G.C. Oficialização da Libras: movimento surdo e política
linguística de resistência. Revista Trama, v.14, n.32, 2018.
NASCIMENTO, M. L. Política linguística e educação de surdos no Brasil. São Paulo:
[Editora], 2017.