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DPA - Parte Teórica

O documento aborda a definição e regulamentação dos documentos particulares autenticados, destacando a competência de advogados, notários e outras entidades para sua elaboração e autenticação. Também discute os requisitos legais para a elaboração desses documentos, a importância da assinatura e rubrica dos intervenientes, e o processo de depósito eletrônico dos mesmos. Conclui que a autenticidade e a força probatória dos documentos particulares autenticados são equivalentes aos documentos autênticos, mas com algumas limitações legais.

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DPA - Parte Teórica

O documento aborda a definição e regulamentação dos documentos particulares autenticados, destacando a competência de advogados, notários e outras entidades para sua elaboração e autenticação. Também discute os requisitos legais para a elaboração desses documentos, a importância da assinatura e rubrica dos intervenientes, e o processo de depósito eletrônico dos mesmos. Conclui que a autenticidade e a força probatória dos documentos particulares autenticados são equivalentes aos documentos autênticos, mas com algumas limitações legais.

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Secção I – Enquadramento Teórico

Parte I - Documento Particular Autenticado

Entende-se por documento particular autenticado como um documento particular


que tanto pode ser realizado pelas entidades competentes ou então levado pelas
pessoas a estas entidades, ficando neles figurados como autores das declarações
documentadas, as quais afirmam que o documento traduz a(s) sua(s) vontade(s) 1.

São competentes para a realização e autenticação deste documento particular, bem


como o depósito do mesmo, os advogados, solicitadores, conservadores e notários, e
ainda as câmaras de comércio e indústria, estando estas últimas habilitadas para,
segundo o Decreto-lei n.º 244/92, de 29 de outubro 2, somente fazerem o depósito
eletrónico dos documentos particulares autenticados, conforme o art. 38.º, n.º 1 do
Decreto-lei n.º 76-A/2006, de 29 de março3.

O n.º2 do mesmo artigo confere aos reconhecimentos simples e com menções


especiais, presenciais e por semelhança, às autenticações dos documentos particulares
e certificações efetuadas pelas entidades, a mesma força probatória que teria se tais
atos fossem realizados por entidades notariais.

Modalidades dos documentos escritos

Quanto a este tema, o Código Civil (CC) 4 expõe claramente este assunto. Nos termos
do art. 363.º do CC, os documentos escritos podem ser autênticos ou particulares. Os
documentos autênticos são os documentos exarados, com as formalidades legais,
pelas autoridades públicas no limite da sua competência, pelo notário ou outro oficial
público provido de fé pública, confirmado pelas partes. Todos os outros documentos
1
FRANCO, João Melo; MARTINS, Herlander Antunes – Conceitos e Princípios Jurídicos. Coimbra:
Almedina, 1983, p. 280.
2
DECRETO-LEI n.º 244/92. D.R I Série A. 250 (1992-10-29), estabelece as normas para o
reconhecimento de associações empresariais como câmaras de comércio e indústria.
3
DECRETO-LEI n.º 76-A/2006. D.R. I Série A. 63 (2006-03-29), adota medidas de simplificação e
eliminação de atos e procedimentos notariais.
4
DECRETO-LEI n.º 47344. D.R. I Série 274 (1966-11-25), na redação introduzida pela Lei n.º 65/2020 de 4
de novembro, que aprova o Código Civil.
são considerados particulares. Estes últimos “são havidos como autenticados, quando
confirmados pelas partes, perante notário, nos termos prescritos nas leis notariais” 5.

No âmbito da competência da autoridade ou oficial público, o n.º 1 do art. 369.º do


CC menciona que o documento só se considera autêntico quando um destes
elementos, que o exara, é competente para o poder fazer, em razão da matéria e do
lugar, não estando este legalmente impedido para o lavrar.

Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como
praticados pela autoridade ou oficial público respetivo, assim como dos factos que
neles são atestados com base nas perceções da entidade documentadora, como
disposto no art. 371.º, n.º1 do mesmo diploma legal. A força probatória só pode ser
ilidida com base na falsidade do mesmo, conforme o art. 372.º, n.º 1.

O art. 373.º do CC refere que os documentos particulares devem ser assinados pelo
seu autor, ou por outrem a seu rogo, se o rogante não souber ou não poder assinar,
sendo certo que o rogo deve ser dado e confirmado perante notário, ou outra
entidade com competência notarial, depois de lido o documento ao rogante.

Tanto os documentos particulares autenticados como os documentos autênticos têm


a mesma força probatória, mas os primeiros não os substituem quando a lei exija
documento desta natureza para a validade do ato, conforme o art. 377.º do mesmo
diploma.

Conclui-se que um documento particular autenticado que é lavrado pelas partes, não
sendo só autenticados por notários, mas também são providos desta competência
outros profissionais como, por exemplo, os solicitadores e os advogados.

Requisitos para a elaboração do DPA

A execução dos atos notariais deve obedecer ao estipulado no Código do Notariado


(CN)6, tal como refere o art 3.º, n.º 3 do referido diploma legal, e a um conjunto de

5
Art. 363.º, n.º 3 do CC.
6
DECRETO-LEI n.º 207/95. D.R. I Série A. 187 (1995-08-14), aprova o Código do Notariado.
requisitos determinados no art. 45.º e seguintes que garantem a sua certeza e a
autenticidade.

Nos documentos particulares autenticados, por norma, são as partes que redigem o
documento e apresentam-no à entidade competente, escolhida por estas, para exarar
o termo de autenticação7.

Quando as partes têm um solicitador, este geralmente elabora a minuta do ato, de


acordo com a sua vontade, mas tendo em conta as exigências de diversos requisitos a
ter quanta à elaboração do DPA, apesar de ser facultativo, é sempre aconselhável que
seja este, ou outra entidade com legitimidade a redigir o documento particular,
principalmente quando o mesmo ato é obrigatoriamente sujeito a registo e as partes
não têm conhecimentos suficientes, nem jurídicos nem técnicos, para o elaborar 8.

Perante a redação do Decreto-lei n.º 116/2008, de 4 de julho 9, só podem conter a


forma de escritura pública ou documento particular autenticado, todos os atos
presentes nas alíneas do art. 22.º.

O solicitador, de acordo com a declaração consensual e manifestação de vontade das


partes, adequa essa mesma vontade às exigências e formalidades legais comuns e
especiais dos atos notariais, aplicando-se, com as necessárias adaptações, o Código do
Notariado, nos termos do mesmo Decreto-Lei, no seu art. 24.º.

A escrita a dar ao documento particular deverá ser o mais semelhante possível à de


um contrato, com uma terminologia clara e precisa, insuscetível de interpretações
dúbias, devendo o texto ser tratado no presente do indicativo e na terceira pessoa.
Não deve haver abreviaturas e deverá ter-se em atenção as emendas, rasuras e
entrelinhas, conforme disposto no art. 40.º do CN. Nestes atos, se alguma linha não for
inteiramente ocupada pelo texto ou entre o texto dos atos e as assinaturas, devem ser
inutilizados por meio de um traço horizontal, isto é, não devem existir espaços em
branco, como consta no n.º 4 do art. 40.º do CN.

7
Queiroz, Diana Silva – O Documento Particular na Evolução dos Registos e Notariado. Lisboa: FDL, 2017.
Dissertação Mestrado, p. 49.
8
Queiroz, Diana Silva – O Documento Particular..., ob. cit., p. 49.
9
DECRETO-LEI n.º 116/2008. D.R I Série 128 (2008-07-04), adota medidas de simplificação,
desmaterialização e eliminação de atos e procedimentos no âmbito do registo predial e atos conexos.
Quanto às palavras emendadas, escritas sobre rasura ou entrelinhadas, estas devem
ser expressamente ressalvadas, sendo estas feitas antes das assinaturas dos atos de
cujo texto constem. Caso estas palavras não sejam ressalvadas, consideram-se não
escritas, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do art. 371.º do CC, como determina o art.
41.º do referente diploma legal. Quanto à eliminação de palavras escritas deve ser
feita por meio de traços que as cortem, mas que permaneçam legíveis, devendo ser,
também, ressalvadas. Caso não o sejam, consideram-se não eliminadas.

As essencialidades a constar no documento particular prendem-se à identificação


completa das partes e de seus representantes, se os houver; às cláusulas que
determinam o negócio jurídico, que deverão ter forma articulada, sendo feitas, quando
aplicável, as menções exigíveis relativas ao registo, a ter em conta a referência à
descrição e inscrição do imóvel e o valor dos bens; fazer menção a documentos que
façam parte integrante do contrato; referência quanto ao local, data e hora, antes das
assinaturas.

O documento particular, quando autenticado, é lavrado num só exemplar e assinado


pelos intervenientes, e só não são entregues aos interessados no ato os documentos
que titulem o ato sujeito a registo predial, bem como os que tiverem de ficar
arquivados10.

Desse modo, a entidade autenticadora deverá no momento da autenticação apreciar


os requisitos da legalidade do ato, devendo, conforme art. 173.º, n.º 1, alínea a) do
CN11, recusar a autenticação do documento se o ato for nulo, ou se tiver sido violada
norma imperativa. Se o ato for nulo, a entidade autenticadora deverá advertir as
partes da existência do vício e consignar no instrumento a advertência que tenha feito,
nos termos do art. 174.º do CN.

Deverá também explicar às partes intervenientes, em simultâneo, tanto o conteúdo


do documento que será por elas assinado, como também o conteúdo do respetivo
termo de autenticação, ou seja, “a referência ao juramento ou compromisso de honra
dos intérpretes, peritos ou leitores, quando os houver, com a indicação dos motivos
10
Queiroz, Diana Silva – O Documento Particular..., ob. cit., p. 50.
11
DECRETO-LEI n. º 207/95. D.R. I Série A. 187 (1995-08-14), na redação introduzida pela Lei n.º 58/2020
de 31 de agosto.
que determinaram a sua intervenção”, como está explicito na alínea i), do n.º 1, do art.
46.º, do mesmo diploma legal.

Após a impressão do documento, este é assinado pelas partes e apresentado à


entidade autenticadora para a autenticação, não havendo prazo a cumprir a partir do
dia em que ocorreu a assinatura do documento até à sua autenticação.

É obrigação imposta à entidade autenticadora, a de proceder ao depósito eletrónico


dos documentos particulares autenticados, bem como de todos os documentos que o
instruam, na seguinte plataforma informática:
https://www.predialonline.mj.pt/PredialOnline/. Este ato deverá ser efetuado no
mesmo dia da autenticação, bem como a promoção obrigatória do registo predial, que
deverá ser feito em simultâneo com o depósito eletrónico.

No escritório da entidade acolhedora optou-se, por uma questão de maior


segurança, arquivar e manter em arquivo os originais dos documentos depositados.
Pelo facto referido, conclui-se que se o documento particular autenticado, sendo
elaborado num só exemplar e esse ficar arquivado nos arquivos e posse do solicitador,
este entrega aos outorgantes uma fotocópia certificada do original ou uma certidão,
ainda que possa facultar também o código
de identificação do depósito obrigatório, para que seja possível a consulta e
visualização online do documento.

Subscrição dos Intervenientes

Segundo o art. 46.º, n.º 1, alínea n) do CN, os documentos particulares autenticados


devem conter as assinaturas, dos outorgantes que possam e saibam assinar, bem
como de outros intervenientes, e a assinatura do funcionário, que será a última do
instrumento. “As folhas dos instrumentos lavrados fora dos livros, com exceção das
que contiverem as assinaturas são rubricadas pelos outorgantes que saibam e possam
assinar, pelos demais intervenientes e pelo notário” ou outra das entidades
competentes para a realização do ato, nos termos do art. 52.º do mesmo diploma
legal.
Assim, a assinatura é o ato de apor o nome ou carimbo, individual ou firma,
respetivamente, em qualquer documento12, permitindo comprovar a presença e
intervenção do signatário no ato.

Relativamente à rubrica, esta não é mais do que uma assinatura abreviada, em


princípio tão apta para identificar o seu autor, como uma verdadeira e própria
assinatura13. Esta só é obrigatória nos instrumentos lavrados fora de notas, o que tem
a ver com a natureza avulsa destes. Geralmente estes instrumentos são devolvidos aos
interessados, constituindo a rubrica de todas as folhas um mecanismo de segurança
destinado a defender a integridade do instrumento. Assim, os efeitos com a falta de
rubrica não podem equiparar-se aos da falta de assinatura.

No entanto, conforme o art. 70.º, n.º 1, alíneas d) a f) do mesmo diploma legal, a


falta de assinatura tem como consequência a nulidade do ato por vício de forma. Esta
nulidade, porém, apenas afeta o termo de autenticação e não o documento particular
propriamente dito. Este fica, no entanto, desprovido da natureza de documento
particular autenticado e, consequentemente, fica prejudicada a produção do efeito
jurídico-real a que tende.

Assim, esta nulidade pode ser sanada de duas formas: por sanação, nos termos do
n.º2 do art. 70.º do CN, ou por revalidação, devendo retificar-se o ato titulado no
documento previamente depositado, previsto no art. 73.º do CN.

Caso algum dos intervenientes não saiba ou não possa assinar 14, uma das
possibilidades é a assinatura a rogo 15, como disposto no art. 154.º do CN, na qual é
feita por uma pessoa (rogado) presente no ato, a pedido do autor (rogante) 16, perante
notário ou outra entidade autenticadora competente. Este tipo de assinatura não
exclui o facto de necessitar de que a pessoa que não consegue assinar, se puder, terá
de colocar a sua impressão digital do mesmo modo que as restantes assinaturas.

12
FRANCO, João Melo; MARTINS, Herlander Antunes – Conceitos..., ob. cit.,, p. 79.
13
FRANCO, João Melo; MARTINS, Herlander Antunes – Conceitos…, ob. cit., p. 629.
14
Art. 51.º n.º1 do CN.
15
Art. 373.º, n.º1, in fine do CC.
16
FRANCO, João Melo; MARTINS, Herlander Antunes – Conceitos..., ob. cit., p. 80.
Depósito Eletrónico

Os documentos particulares autenticados podem ser depositados pelas entidades


autenticadoras, como os advogados, os solicitadores, os notários, os conservadores e
as câmaras de comércio e indústria.

O depósito eletrónico deste tipo de documentos e o pedido online de atos de registo


predial fazem-se através do sítio na Internet com o endereço www.predialonline.mj.pt,
mantido pelo Instituto dos Registos e do Notariado, I.P. (IRN, I.P.), nos termos do art.
2.º da Portaria n.º 1535/2008, de 30 de dezembro17.

“As entidades que procederem ao depósito devem autenticar-se mediante


certificado digital que comprove a qualidade de profissional do utilizador”, conforme o
n.º 1 do art. 13.º do mesmo diploma legal. O n.º 2 deste artigo refere que apenas são
admitidos os certificados digitais de advogados, notários e solicitadores cuja utilização
para fins profissionais seja confirmada através de listas eletrónicas de certificados,
disponibilizadas, respetivamente, pelas respetivas ordens.

Conforme disposto no n.º 1 do art. 4.º da Portaria n.º 1535/200, de 30 de dezembro,


estão sujeitos a depósito eletrónico os documentos particulares autenticados que
titulem atos sujeitos a registo predial, conforme o art. 24.º do Decreto-Lei n.º
116/2008.

Compete, assim, às entidades autenticadoras, no caso aos solicitadores, arquivar os


originais dos documentos autenticados referidos, bem como os documentos que
façam parte integrante do mesmo, os quais devem ficar arquivados por não constarem
em arquivo público.

Desta forma, o depósito eletrónico dos documentos particulares autenticados deve


ser efetuado na data da realização da autenticação do documento particular. Nos
termos do art. 7.º do mesmo diploma legal, “se em virtude de dificuldades de carácter
técnico respeitantes ao funcionamento da plataforma eletrónica referida no art. 5.º
não for possível realizar o depósito, este facto deve ser expressamente mencionado
17
PORTARIA n.º 1535/2008. D. R. I Série 251 (2008-12-30), que regulamenta o depósito eletrónico de
documentos particulares autenticados e o pedido online de atos de registo predial.
em documento instrutório a submeter, indicando o motivo da impossibilidade, a data e
a hora do facto e a identificação da entidade autenticadora, devendo o depósito ser
efetuado nas quarenta e oito horas seguintes.”

Conforme explicita o art. 9.º do referido diploma legal, “No formulário de depósito
eletrónico devem ser identificados, designadamente o requerente, os sujeitos, os
factos, os prédios, a data da autenticação e os demais elementos essenciais dos atos
titulados pelo documento particular autenticado a depositar”. Este formulário tem de
mencionar, obrigatoriamente, o endereço eletrónico da entidade credora que presta o
consentimento ao cancelamento de registo de hipoteca. Quando o depósito eletrónico
destes documentos seja efetuado no momento do pedido online de atos de registo
predial, o formulário é o mesmo para ambos efeitos.

Quanto aos formatos dos ficheiros, o art. 10.º refere que estes devem ser de
formatos de jpeg, tiff ou pdf e ter uma dimensão máxima de 5 MB, sendo estes os
ficheiros que contenham os documentos a submeter a depósito na plataforma
eletrónica.

Caso exista um erro no preenchimento de formulário, de digitalização, de


catalogação ou de anexação de ficheiro, durante o procedimento de depósito de DPA,
quando ainda se encontre na fase de carregamento, a entidade autenticadora pode
proceder à respetiva correção até ao momento da sua submissão, conforme o art. 11.º
deste mesmo diploma legal.

Menciona o n.º 1 do art. 12.º desta Portaria, que a plataforma gera um comprovativo
desse mesmo depósito, onde menciona a identificação da entidade autenticadora, a
data e hora da submissão, os documentos submetidos e este refere um código de
identificação que é atribuído ao documento, comprovativo esse que é remetido por
correio eletrónico à entidade que realizou o depósito, mas só após a confirmação do
pagamento da quantia devida. Este código tem um prazo de 6 meses, conforme
disposto no n.º 1 do art. 12.º-A, aditado a esta portaria pela alteração proveniente da
Portaria n.º 286/2012, de 20 de setembro.

Por fim, os documentos depositados nos termos do n.º 1 do art. 15.º da Portaria n.º
1535/2008 podem ser visualizados, com as condições técnicas necessárias, pela
entidade autenticadora e por qualquer pessoa a quem esta tenha disponibilizado o
código de identificação referido anteriormente.

Liquidação e Pagamento dos Impostos

Para se poder autenticar os documentos particulares, têm de se encontrar pagos os


impostos, nomeadamente, o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de
Imóveis (IMT) e o Imposto do Selo (IS).

Liquidação do imposto entende-se como a aplicação da respetiva taxa à matéria


coletável. Por outras palavras, é o apuramento do valor tributável para a determinação
do montante do imposto, sendo este de cumprimento obrigatório18.

Tanto o valor de ambos os impostos, como a data da respetiva liquidação e


pagamento dos mesmos, ou a disposição legal pela qual prevê a sua isenção, devem
constar no termo de autenticação.

Nos termos do art. 25.º do Decreto-lei n.º 116/2008, “as entidades com competência
para a autenticação de documentos particulares devem assegurar, sempre que
procedam à autenticação de um documento que titule atos e contratos previstos no
Código de Imposto do Selo19, com exceção dos previstos na verba 1.2 da tabela geral,
que a liquidação desse imposto seja efetuada nos prazos, nos termos e nas condições
definidas no art. 22.º do Código de Imposto Municipal”20.

Termo de Autenticação

18
FRANCO, João Melo; MARTINS, Herlander Antunes – Conceitos..., ob. cit., pp. 436-437.
19
LEI n.º 150/99. D. R. I Série A 213 (1999-09-11), que aprova o Código do Imposto do Selo.
20
DECRETO-LEI n.º 287/2003. D. R. I Série A 262 (2003-11-12), que aprova o Código do Imposto
Municipal sobre Imóveis e o Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis.
Este ato de autenticar compreende-se como uma ação pela qual se faz autêntico um
ato ou documento, tornando-o certo e positivo para que, posteriormente, faça fé em
juízo21.

Sendo assim, após a realização do documento particular, deve o solicitador elaborar


o termo para efeitos de autenticação.

Neste ato, o solicitador é obrigado a satisfazer as formalidades comuns dos


instrumentos notariais e a fazer as declarações de vontade(s) das partes, advertências,
alusões, menções e referências, juntar e identificar documentos necessários ou
exigidos para o ato. Como, por exemplo, a obrigação de referir o valor dos impostos e
data da liquidação ou da disposição legal que os isenta.

A importância deste ato, podemos dizer que se define pela autenticidade e


legitimidade do conteúdo do documento particular. É no termo de autenticação que se
efetuam todas e quaisquer declarações e advertências, que complementem, eliminem
ou sanem imperfeições, havendo-as22.

A autenticação consiste na confirmação do conteúdo de um documento efetuado


pelas partes, quando assim for, em que o outorgante, na presença de entidade
competente para o efeito, declara expressamente que o leu, que está ciente do seu
conteúdo e que o mesmo exprime, inequivocamente, a sua vontade23.

Feita a apresentação do documento para autenticação, esta é reduzida a termo, no


próprio documento ou em folha anexa, conforme disposto no art. 36.º, n.º 4 do CN.
Quando lavrado em folha anexa, será este anexado ao documento de modo a não
permitir a sua separação, numerando-se e rubricando-se todas as folhas.

Faz parte do dever e obrigação do Solicitador (ou de outras entidades com


competência) fazer a explicação minuciosa do conteúdo do documento particular que
lhe é apresentado, tirando qualquer dúvida até sua total compreensão, advertindo das
consequências do ato.

21
FRANCO, João Melo; MARTINS, Herlander Antunes – Conceitos..., ob. cit., p. 84.
22
Queiroz, Diana Silva – O Documento Particular..., ob. cit., p. 51.
23
Queiroz, Diana Silva – O Documento Particular, ob. cit., p. 51.
A forma do texto é de extrema importância documental, pelo que deverá ser
descritivo e analítico. Os termos a aplicar deverão ser claros e precisos, bem como a
sua linguagem verbal, deverá ser insuscetível de interpretações diversas24.

O termo inicia com a identificação do lugar onde é lavrado ou assinado,


mencionando a data e hora em que se realizou, quando solicitado pelas partes, cfr. art.
46.º do CN.

São descritas as referências da entidade competente e presente no ato, de seguida


procede-se à identificação completa e pormenorizada dos outorgantes 25, depois à
verificação e designação da forma como se identificou a identidade e os seus
poderes26. Em determinados casos, referir procurações e todos os documentos que
comprovem a qualidade dos poderes27.

Algumas menções que têm de ser feitas no termo são: a natureza do negócio
jurídico, de acordo com o constante no documento particular que esteja a ser objeto
de autenticação; as declarações das partes, tendo em conta que leram o documento
ou (na impossibilidade por não saberem ler) ouviram ler e estão de acordo com a
explicação feita do seu conteúdo e que este exprime a sua vontade, pelo que o
assinam; as autorizações e consentimentos, desde que prestados no contrato, ou
identificar, se constarem em documento autónomo 28 e, por fim, as advertências feitas
em relação a omissões ou falsas declarações prestadas por intervenção de mediador
imobiliário29.

Advertir à possibilidade de anulabilidade do ato, se detetados vícios de forma ou a


sua ineficácia, nos termos dos arts. 173.º e 174.º do CN.

Mencionar a verificação de documentos que estejam disponíveis via online, como


certidões permanentes, referenciando o código de acesso; licença de utilização se

24
Art. 42.º do CN.
25
Art. 46 n.º1 c) do CN.
26
Art. 46.º n.º1 d) do CN.
27
Art. 46.º /1 e) do CN.
28
Nomeadamente, em caso de documento que seja consentimento conjugal relativo a casa de morada
de família, consentimento de filhos ou netos, venda de pais e avós a filhos ou netos.
29
Art. 50.º do DL n.º 211/2004, de 20 de agosto, que regula o exercício das atividades de mediação
imobiliária e de angariação mobiliária.
mencionada no registo, cadernetas prediais (acessíveis às entidades competentes),
consulta sobre dados relacionados com a intenção de exercer o direito de preferência.
O registo prova-se por meio de certidões.

Mencionar os documentos que têm de ficar arquivados obrigatoriamente, como


sendo procurações, autorizações ou consentimentos, comprovativos de pagamentos
de impostos, como o Documento Único de Cobrança de IMT e IS30.

Referência de documentos exibidos, tais como certidão predial, caderneta ou


documento matricial que a substitua e qualquer documento comprovativo de alvará,
de autorização de utilização ou da sua dispensa e justificar, da ficha técnica da
habitação e do certificado energético31 entregue ao comprador.

Após a menção de que foi feita a leitura e explicado o seu conteúdo, sem ter ficado
dúvidas, será dito e mencionado que será feito o depósito eletrónico que é obrigatório
e de que o imposto do selo foi liquidado de acordo com o estipulado na verba 15.8 da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS).

Indicação de se algum dos outorgantes não assina e justificar, seguindo-se as


ressalvas ou emendas, rasuras ou traços e inutilização de espaços em branco32.

O termo termina com a assinatura de todos os intervenientes, que saibam assinar,


sendo feita, por último, a da entidade legalmente habilitada presente e responsável
pela feitura do Termo.

Quanto ao Solicitador na elaboração do termo de autenticação e consequente


depósito/registo, de acordo com o consagrado na Portaria n.º 657-B/2006, de 29 de
junho, a promoção do depósito eletrónico obrigatório dispensa o registo em sistema
informático (Plataforma ROAS para solicitadores). No entanto, nada obsta a que o
registo seja feito, em sistema informático, devendo mencionar-se o facto e o número
no termo de autenticação.

30
Art. 46.º, n.º1, f) do CN.
31
Arts. 46.º, n.º1, g) do CN e 9.º do DL n.º 68/2004 de 25 de março e o DL n.º 101-D / 2020 de 7 de
dezembro que estabelece os requisitos aplicáveis a edifícios para a melhoria do seu desempenho
energético e regula o Sistema de Certificação Energética de Edifícios.
32
Art. 40.º, n.º4 do CN.
Contudo, este registo (no ROAS) é sempre obrigatório, desde que o ato não seja
sujeito a registo predial. Logo, não sendo também sujeito a depósito eletrónico.

Parte II – Procedimentos Extrajudiciais Pré-Executivos

O procedimento extrajudicial pré-executivo (PEPEX) é um procedimento de natureza


facultativa, que se destina, nos termos do art. 2.º da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio 33,
“à identificação de bens penhoráveis através da disponibilização de informação e
consulta às bases de dados de acesso direto eletrónico previstas no Código de

33
LEI n.º 32/2014. D. R. I Série 104 de 30 de maio, que aprova o Procedimento Extrajudicial Pré-
Executivo.
Processo Civil34, aprovado pela Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, para os processos de
execução cuja disponibilização ou consulta não dependa de prévio despacho judicial”.
Por outras palavras, PEPEX é o mecanismo extrajudicial que permite ao credor,
estando este munido de título executivo, aferir, antecipadamente, se é viável ou não
interpor uma ação executiva em tribunal judicial, através de pesquisas eletrónicas
sobre o património do devedor, consultas estas feitas pelo agente de execução.

Este procedimento acarreta grande complexidade, pois requer o acesso a várias


bases de dados, que até agora só eram acedidas dentro do âmbito do processo
executivo, daí só terem acesso os profissionais habilitados para a sua utilização, pelo
que surge entender o seu funcionamento, utilidade e viabilidade.

Dos Requisitos

Titulo Executivo

Primeiramente, o título executivo é considerado o ponto de partida da ação


executiva, pois a realização coativa da prestação pressupõe a anterior definição dos
elementos, subjetivos e objetivos, da relação jurídica de que ela é objeto. Por isso diz-
se que o título executivo constitui a base da execução, uma vez que determina o fim e
os limites da ação executiva, ou seja, indica qual o tipo de ação, o seu objeto, assim
como a sua legitimidade35.

Enumera o art. 703.º, n.º1 do CPC que existem quatro espécies de título executivo:
sentença condenatória, documento exarado ou autenticado por notário ou outra
entidade competente para a realização do ato, títulos de crédito, e ainda documentos
a que seja atribuída força executiva.

Resulta do disposto do art. 3.º da Lei n.º 32/2014 os requisitos indispensáveis para a
apresentação do PEPEX.

34
LEI n.º 41/2013. D. R. I Série 121 (2013-06-26), aprova o Código de Processo Civil.
35
LEBRE DE FREITAS, José – A Ação Executiva à Luz do Código de Processo Civil de 2013. 6ª ed. Coimbra
Editora, 2014, p. 43.
Assim sendo, a primeira alínea deste artigo refere que o requerente tem de estar
munido de título executivo36, os quais se encontram taxativamente previstos no art.
703.º do Código de Processo Civil (CPC), de modo a que reúna as condições necessárias
para aplicação da forma sumária do processo comum de execução para o pagamento
de quantia certa37. Pelo que, conseguimos excluir desde logo as obrigações de entrega
de coisa certa e de prestação de facto, ou até mesmo o pagamento de quantia certa
pela tramitação desta, conforme os arts. 867.º e 869.º do CPC.

Para a forma sumária do processo comum são admissíveis como títulos executivos as
decisões arbitrais ou judiciais, quando estas não devam ser executadas no próprio
processo; os requerimentos de injunção aos quais tenham sido apostas a fórmula
executória; os títulos extrajudiciais de onde constem obrigações pecuniárias vencidas,
e que se encontrem garantidos por hipoteca ou penhor; e por fim os títulos
extrajudiciais cujo as obrigações pecuniárias vencidas não seja superior ao dobro do
valor da alçada de primeira instância38, nos termos do art. 550.º, n.º 2 do CPC.

No que respeita à restrição da admissibilidade de títulos executivos para efeitos do


PEPEX, importa relevar que os títulos que o legislador consignou para este
procedimento, são títulos que pela sua natureza e segurança jurídica, permitem no
âmbito do processo executivo a dispensa de citação prévia 39, isto é, permitem que o
agente de execução inicie diligências de penhora de bens, sem prévia citação do
executado e sem a intervenção do juiz. Só desta forma se entende que uma
ferramenta como o PEPEX, que decorre fora das instituições judiciais, tenha
legitimidade para proceder a buscas sobre o património do devedor, sem que este
disso saiba, e sem que haja instrução do juiz para tal.

Esta solução que o legislador encontrou é crucial, não só para a validação legal do
PEPEX, como também para evitar possíveis problemas de inconstitucionalidade que
desta situação jurídica pudessem advir.

36
É o documento que constitua um mínimo de prova sobre a existência, a titularidade e o objeto da
obrigação e o não cumprimento do devedor, considerado suficiente para servir de base à ação executiva
- FRANCO, João Melo; MARTINS, Herlander Antunes – Conceitos.., ob. cit., p. 686.
37
Cfr. art. 550.º do CPC.
38
Sendo o valor de alçada da primeira instância de cinco mil euros (5.000,00€), o valor destes títulos
executivos não podem exceder os dez mil euros (10.000,00€), cfr. art. 44.º, n.º1 da LOSJ.
39
Cfr. art. 727.º do CPC – Dispensa de Citação Prévia.
Obrigação certa, exigível e líquida

O segundo requisito40 apresentado na lei que aprova o PEPEX é que a dívida que se
visa executar deve de ser certa, exigível e líquida, pelo que importa abordar cada uma
destas exigências, uma vez que a não verificação deste requisito acarreta a
impossibilidade de recurso a este procedimento.

Assim em sede desta matéria importa referir que a obrigação que consta de título
executivo, não leva ao seu incumprimento se esta se revelar incerta, inexigível ou
ilíquida41.

Deste modo, e de forma sumária são estes os três fatores que formam a obrigação
passível de ser imposta à contraparte de forma plena.

Quanto à certeza da obrigação, considera-se certa a obrigação cuja prestação se


encontra qualitativamente determinada, ainda que esteja por liquidar ou
individualizar42. Por outras palavras, é certa quando está concretamente determinada
em relação à sua qualidade e se diferencia de todas as outras obrigações. O objeto da
prestação deve estar perfeitamente delimitado ou individualizado de modo a que se
saiba precisamente o que se deve43.

Relativamente à exigibilidade da obrigação, pode se dizer que é o significado, à


contrario sensu, de quando a obrigação ainda não se encontra exigível. Por sua vez, a
obrigação é exigível quando já se encontra vencida ou quando o seu vencimento
depende da simples interpelação do credor. Na falta de estipulação das partes, de
acordo com o art. 777.º n.º 1 do CC, o credor pode a todo o tempo exigir do devedor o
cumprimento da prestação bem como pode a todo o tempo o devedor exonerar-se
ela44. Nas palavras de José Lebre de Freitas, “ a prestação é exigível quando a obrigação

40
Crf. art. 3.º, al. b) da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio.
41
Crf. arts. 713.º a 716.º do CPC.
42
LEBRE DE FREITAS, José – A Ação Executiva à Luz do Código de Processo Civil de 2013. 6ª ed. Coimbra
Editora, 2014, p. 98.
43
Birra, Helena – Os Títulos Executivos - Elenco do Art. 703º do CPC e a Forma do Processo Aplicável.
Porto: ESTG, 2019, p. 15.
44
Birra, Helena – Os Títulos…, ob. cit., p. 16.
se encontra vencida ou o seu vencimento depende, de acordo com estipulação
expressa ou com a norma geral supletiva do art. 779, n.º1 do CC, de simples
interpelação ao devedor. Não é exigível quando, não tendo ocorrido o vencimento,
este não está dependente de mera interpelação”45.

Por fim, a liquidação da obrigação pode estar ou não dependente de uma operação
denominada de simples cálculo aritmético e, conforme o disposto no n.º 1 do art.
716.º do
CPC, se estiver em questão uma obrigação cuja liquidação dependa de factos jurídicos
que estão bem assentes no título executivo, não sendo necessário averiguar mais
factos, o requerente poderá expor no requerimento executivo detalhadamente os
valores pertencentes à obrigação e deverá apresentar um pedido líquido46.

Indicação do número de identificação fiscal

Ainda em sede dos requisitos do PEPEX, sitos na Lei n.º 31/2014, consta a
obrigatoriedade de indicação do número de identificação fiscal em Portugal, quer do
requerido quer do requerente47.
Com este requisito, o legislador permite-nos assumir que estamos perante um
requisito de atribuição de competências, isto é, o facto desta disposição integrar o
leque de requisitos do PEPEX, poderá querer dizer que para a utilização desta
ferramenta tanto o requerente como o requerido deverão ter número de identificação
fiscal português, devendo estes consequentemente ter nacionalidade portuguesa 48.

Tramitação Inicial

A tramitação inicial deste procedimento inicia-se com a apresentação do


requerimento inicial na plataforma informática do Ministério da Justiça, através do sítio

45
LEBRE DE FREITAS, José – A Ação …., cit., p. 98
46
Birra, Helena – Os Títulos…, ob. cit., pp. 17-18.
47
Art. 3.º, al. c) da Lei n.º 34/2014 de 30 de maio.
48
Arede, Hélder da Silva - Procedimento Extrajudicial Pré-Executivo (PEPEX) – o mecanismo necessário
para a eficácia da ação executiva. Coimbra: ENC, 2016, p. 30.
da internet com endereço www.pepex.mj.pt, à qual as partes e os respetivos
mandatários têm acesso, nos termos do art. 4.º da Lei n.º 32/2014, em conformidade
com o art. 2.º, n.º 4 da Portaria n.º 349/2015, de 13 de outubro49.

Segundo o art. 2.º, n.ºs 2 e 3 desta Portaria, à Ordem dos Solicitadores compete-lhe
garantir através de linha telefónica ou formulário telefónico, o apoio técnico aos
diferentes utilizadores da plataforma, como requerentes, requeridos, mandatários e
agentes de execução, devendo assegurar a integralidade, autenticidade e
inviolabilidade dos procedimentos, bem como a inclusão das funcionalidades
constantes da plataforma com os sistemas informáticos geridos pelo Ministério da
Justiça, através do recurso a web-services.

Por fim, refere o nº 5 deste artigo do mesmo diploma legal, que a plataforma
informática deve disponibilizar aos utilizadores toda a informação global sobre os
prazos e as atividades processuais, contendo o número do procedimento e do ato
processual, bem como a data de termo para a prática do mesmo.

Requerimento Inicial

O requerimento inicial é o meio processual pelo qual é possível dar início à


tramitação do PEPEX, sendo que a lei estabelece as formalidades e os requisitos para
que este possa ser submetido em conformidade, na plataforma eletrónica referida
anteriormente.

Assim sendo, na descrição deste pedido, o requerente terá de cumprir vários


requisitos, nomeadamente, este deve fazer a identificação completa do requerente e
do requerido; indicar o valor total em dívida discriminando o capital em dívida, os juros
vencidos e a respetiva taxa de juro, ainda os juros compulsórios, quando devidos, os
impostos que possam incidir sobre os juros, quais as datas do início de contagem dos
juros, as taxas de justiça pagas no âmbito de procedimento ou processo que deu

49
PORTARIA n.º 349/2015. D.R. I Série 200 (2015-10-13), que regula a plataforma informática de suporte
ao procedimento extrajudicial pré-executivo e altera a Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto, que
regulamenta vários aspetos das ações executivas cíveis e revoga a Portaria n.º 233/2014, de 14 de
novembro.
origem ao título executivo, bem como todos os valores pagos no âmbito do
procedimento em causa, antecipadamente à entrega do requerimento inicial50.

Deve também o requerente expor sucintamente os factos que fundamentem o


pedido quando os mesmos não constem ou resultem do título executivo; pedir os juros
vincendos indicando a taxa de juro aplicável; pedir os valores a pagar ao agente de
execução a título de honorários no âmbito do procedimento em causa; e identificar o
mandatário sempre que se encontre representado por advogado ou solicitador51.

Em caso de existir uma pluralidade de credores ou devedores, pode-se estar perante


uma cumulação, litisconsórcio ou coligação, o que deve ainda constar, para além de
todos os elementos já mencionados anteriormente, uma discriminação das
responsabilidades de cada requerido perante os requerentes, bem como a natureza
solidária, conjunta ou até subsidiária das mesmas, conforme o art. 5.º, n.º 2 da Lei n.º
32/2014 de 30 de maio.

Caso o requerente pretenda a identificação dos bens comuns do casal, este deve
indicar o nome e número de identificação fiscal do conjugue do requerido, bem como
o respetivo regime de casamento, juntando fotocópia não certificada do registo
atualizado de casamento do requerido, nos termos do art. 5.º, n.º3, em conformidade
com a al. b) do n.º5 do mesmo artigo, da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio.

Segundo o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de existir uma cumulação de pedidos,


sendo estes fundados em vários títulos e se todos se destinarem ao pagamento de
quantia certa e ainda as partes serem as mesmas, ocorre uma tramitação do PEPEX, ou
seja, este passa para os trâmites de uma ação executiva.

Assim só é admissível a cumulação de execuções, ainda que fundadas em títulos


diversos, desde que estas não tenham fins diferentes, conforme disposto no art. 709.º
do CPC, designadamente, “quando as execuções se fundem em títulos de formação
judicial diferentes da sentença, a ação executiva corre no tribunal do lugar onde correu
o procedimento de valor mais elevado; quando se cumule execução fundada em título

50
Art. 5.º, n.º1, als. a) a c) da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio.
51
Art. 5.º, n.º1, als. d) a g) da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio.
de formação judicial diferente da sentença com execução fundada em título
extrajudicial, a ação executiva corre no tribunal do lugar onde correu o procedimento
em que o título se formou; quando as execuções se baseiem todas em títulos
extrajudiciais, é aplicável à determinação da competência territorial o disposto nos n.º
2 e 3 do art. 82.º, com as necessárias adaptações; ou quando ocorra cumulação de
execuções que devam seguir forma de processo comum distinta, a execução segue a
forma ordinária”.

Contudo, nos termos da alínea a) do n.º 5 do mesmo artigo, deve ainda ser anexado
ao requerimento inicial, uma cópia digitalizada do título executivo, no formato “pdf.”.

O requerente deve guardar o original do título executivo até prescrição do direito de


crédito que o mesmo titula, pois este pode ser solicitado pelo agente de execução a
qualquer momento, conforme o n.º 6 do mesmo artigo.

Nos termos do n.º 8 do mesmo artigo, na hipótese de falta de algum destes


elementos já mencionados ou não sendo efetuado o pagamento antecipado das
quantias previstas e regulamentas no art. 20.º, alíneas a) e b), do mesmo diploma
legal, isto é, 0,25 UC para remuneração das entidades envolvidas na gestão e
manutenção da plataforma informática e serviços diretos eletrónicos de consultas
sobre os bens ou localização dos requeridos, quando essa remuneração for devida no
âmbito do processo de execução; 0,50 UC para pagamento dos honorários do agente
de execução pela análise do título executivo, pela realização das consultas e
elaboração do relatório, a plataforma informática impede a submissão do
requerimento com sucesso, caso não haja o pagamento das quantias supra
mencionadas.

Após a submissão do requerimento executivo, menciona o n.º 9 do referente artigo,


já não é possível proceder a qualquer aditamento ou alteração dos elementos
constantes ou até mesmo dos anexos. Por conseguinte, “o formulário do requerimento
inicial pode ser preenchido em suporte de papel pelo próprio credor, ou em formato
eletrónico por advogado ou solicitador que, não sendo constituído mandatário
daquele, digitaliza o mesmo, bem como os demais documentos que o devem
acompanhar, e procede à aposição da respetiva assinatura eletrónica, através da qual
certifica a conformidade dos documentos com os originais”, conforme o n.º 10 do
mesmo artigo.

Por fim, refere o n.º 11 do mesmo artigo que, por consequência, as notificações ao
requerente são efetuadas em suporte papel para o domicílio indicado no
requerimento, salvo nos casos em que é indicado o correio eletrónico, sendo assim
remetidas para este.

Distribuição do requerimento inicial

Uma vez submetido o requerimento inicial através da plataforma eletrónica


anteriormente referida, é atribuído automaticamente um número provisório ao
procedimento, conforme refere o n.º 1 do art. 6.º da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio, e
uma referência que o requerente deverá liquidar cinco dias úteis após a atribuição do
DUC (identificador único de pagamento), sob pena de o procedimento ficar sem efeito,
nos termos do n.º 2 do mesmo artigo.

À semelhança do que acontece no processo executivo, o requerimento executivo só


se considera entregue depois de efetuado o pagamento, nos termos do n.º 3 do
mesmo artigo, sendo este automaticamente distribuído a um dos agentes de execução
que conste da lista dos agentes de execução que participam no procedimento
extrajudicial pré-executivo, através do SISAAE, sendo disponibilizados ao requerente os
elementos de identificação e o contacto do agente de execução designado.

Acontece que o exequente pode pedir a substituição do agente de execução


originalmente designado, decorridos quinze dias após o termo do prazo que este
dispõe para a prática dos atos, conforme dispõe o n.º 4 do mesmo artigo. Caso o
requerente queira esta substituição, o n.º 5 do mesmo artigo, refere que será atribuído
automaticamente um novo agente de execução.

Quanto às regras de distribuição dos procedimentos, esta é feita segundo a presente


lei de forma automática, atendendo ao exposto na Portaria n.º 349/2015 52 que regula
os moldes em que a distribuição deve ser realizada. Os parâmetros que determinam a
52
Cfr. arts. 3.º e 4.º desta portaria.
distribuição automática devem ser imparciais e devem ter em atenção a proximidade
geográfica entre o agente de execução e o requerido, nos termos do n.º 1 do art. 7.º
da Lei 32/2014.

A plataforma informática determina qual a coordenada geográfica aproximada e que


corresponde à morada do requerido, conforme o n.º 1 do art. 4.º da Portaria n.º
349/2015. Em caso de existir mais do que um requerido, é tida em consideração, a
morada do primeiro requerido indicado no requerimento inicial, segundo o n.º 2 do
mesmo artigo.

Assim, tendo por centro a coordenada geográfica e são calculados, pela aplicação
informática de suporte à atividade dos agentes de execução, de forma automática,
cinco círculos, com centro na morada do requerido e com raios de quinze, trinta,
quarenta e cinco, sessenta, e cem quilómetros, nos termos do n.º 3 do mesmo artigo.

A distribuição do requerimento é realizada entre os agentes de execução que, no


momento da distribuição, possam receber requerimentos iniciais, e que tenham
escritório no círculo com raio mais reduzido em que existam agentes de execução
domiciliados. Havendo mais do que um agente de execução com escritório no círculo
referido, prefere aquele a quem tenha sido distribuído há mais tempo um
requerimento no âmbito do procedimento extrajudicial pré-executivo, conforme o n.º
4 e 5 do referente artigo.

Caso não exista agente de execução na área circunscrita é o requerimento distribuído


ao agente de execução que se encontra à menor distância da morada do requerido,
segundo o n.º 6 do mesmo artigo Se, no momento da distribuição, não tenha sido
anteriormente distribuído qualquer requerimento ao agente de execução, é tida em
consideração, a data da sua inscrição ou reinscrição na lista prevista, nos termos do n.º
7 do mesmo artigo.

Por fim, podem ser criados limites aos círculos, com vista a colmatar a existência de
acidentes geográficos relevantes que possam implicar uma diferença significativa entre
a distância linear e a distância real, assim disposto no n.º 9 do mesmo artigo.
Recusa do requerimento

Uma vez que o requerimento já submetido e distribuído ao agente de execução pela


forma prevista no ponto anterior, o n.º 1 do art. 8.º da Lei n.º 32/2014 refere que este
tem cinco dias úteis para efetuar as consultas ao património do requerido e elaborar o
relatório com o resultado dessas mesmas pesquisas. Todavia, na existência de
inconformidades com o requerimento inicial o agente de execução deverá proceder à
sua recusa e, se for o caso, devolver ao requerente para o seu aperfeiçoamento, e
consequentemente, quando houver lugar, este deverá sanar as vicissitudes.

Assim sendo, quando estejam em falta algum dos requisitos presentes no art. 3.º
deste diploma legal, nomeadamente, a indicação de título executivo bastante que
preencha a forma sumária do processo comum para o pagamento de quantia certa, ou
quando a dívida não se encontre certa, líquida e exigível, ou até mesmo quando o
requerente não indique o seu número de identificação fiscal, bem como o do
requerido, há lugar à recusa do requerimento, nos termos do art. 8.º, n.º 2, alínea a),
do mesmo diploma legal.

Se no procedimento faltar a menção de algum dos elementos referidos nos n.º 1 e 2


do art. 5.º deste diploma legal, designadamente, a identificação do requerente, do
requerido e, se for o caso, do mandatário representante, o valor em dívida, incluindo
taxas e juros, exposição dos factos que sustentam o pedido, o pedido dos juros
vincendos e taxa aplicável e quais os valores a pagar ao agente de execução a título de
honorários; ou quando haja pluralidade de credores ou devedores, o requerente não
tenha identificado completamente o cônjuge, o regime de bens que vigora entre eles,
ou se por sua vez não tiver anexado ao requerimento inicial fotocopia atualizada
comprovativa do regime de bens, há também lugar à recusa insanável do
requerimento inicial53.

Quando a falta seja passível de sanação como, por exemplo, a falta de algum dos
requisitos no requerimento inicial ou não tenha sido apresentado o título executivo ou

53
Art. 8.º, n.º 2, als. b) a e) da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio.
documento como tal e este não seja idóneo ou ainda, as partes não constem do título
executivo, vai dar lugar a despacho de aperfeiçoamento. Aí o agente de execução deve
notificar o requerente para a suprir a falta, no prazo de cinco dias, sob pena de recusa,
segundo o n.º 3 do mesmo artigo.

Havendo recusa do requerimento, o requerente é notificado desta, podendo no


prazo de trinta dias, requerer a convolação, ou seja, que o PEPEX tramite para
processo de execução, sob pena de o procedimento ser automaticamente extinto,
conforme o n.º 4 do mesmo artigo.

Ocorrendo a convolação do procedimento em processo de execução, o n.º 1 do art.


10.º refere que para existir esta transação têm de se verificar os seguintes requisitos: a
apresentação de um requerimento executivo ou de um requerimento de execução de
decisão judicial condenatória, consoante seja o caso, conforme os termos previstos no
art. 724.º, n.º 1 a 5 do CPC, ou então a junção do relatório 54. O requerimento executivo
é considerado apresentado, segundo o art. 144.º do CPC, de acordo com o n.º 2 do art.
10.º do mesmo diploma legal.

Caso o procedimento convolar em forma de processo executivo, não há lugar ao


pagamento do valor devido a título de honorários e despesas com o agente de
execução pela fase 1 do processo executivo, nem o valor devido a título de consultas
das bases de dados, quando este é exigido em âmbito de processo de execução, nos
termos do n.º 3 do referente diploma legal.

Acrescentando ainda que, caso esta tramitação ocorra, não são repetidas as
diligências para verificar a existência de bens, através da consulta à base de dados,
nem a apresentação do relatório após as mesmas, nos termos do n.º 4 do art. 18.º
desta mesma Lei.

Consultas

Não havendo lugar a recusa do requerimento e mesmo quando o vício seja possível
de sanação, o agente de execução deve prosseguir para as consultas às bases de dados
como, por exemplo, consulta à administração tributária, segurança social, registo civil,
54
Previsto no art. 10.º da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio.
registo nacional de pessoas coletivas, o registo predial, comercial e automóvel, entre
outros, no sentido de obtenção de informação referente à identificação e localização
do requerido, mas também a localização de bens possíveis a penhora de que este seja
titular, nos termos do art. 749.º n.º 1 do CPC, em conformidade com o art. 9.º, n.º 1 da
Lei n.º 32/2014.

Para além destas consultas, o agente de execução deve realizar ainda uma consulta
ao registo informático de execuções, de forma a obter informações referentes a
processos de execução que possam existir, em que o requerido figure como
exequente, segundo o n.º 2 do mesmo artigo.

Toda a atividade de consulta do agente de execução fica, porém, registada pela


plataforma que auxilia o PEPEX, o SISAAE, sendo que é aberto um registo para cada
uma das bases de dados. Neste sentido, ficarão registados, e será possível o acesso aos
registos pelas partes e pela auditoria, além da identificação do agente de execução e
respetivo número de identificação do procedimento, a data e hora da consulta, e a
identificação das bases de dados consultadas, segundo o n.ºs 3 e 4 do mesmo artigo.

O n.º 5 deste artigo refere que “para identificação e localização dos bens penhoráveis
de que o requerido seja titular, o Banco de Portugal disponibiliza por via eletrónica ao
agente de execução informação acerca das instituições legalmente autorizadas a
receber depósitos em que o requerido detém contas ou depósitos bancários”, em
consonância com o previsto no n.º 6 do art. 749.º do CPC.

Importa realçar que quanto aos resultados das buscas e informação, o agente de
execução não pode divulgar ou utilizar qualquer informação disponibilizada, para
qualquer outro fim, salvo se estiver previsto na lei, conforme o n.º 6 do mesmo artigo,
reforçando desta forma a manutenção da confidencialidade que os dados em causa
merecem devido à sensibilidade e prejuízo que podem importar para a esfera jurídica
do requerido.

Caso o agente de execução não consiga realizar estas consultas eletrónicas no prazo
de cinco dias, conforme o previsto no art. 8.º, n.º 1 do mesmo diploma legal, o agente
de execução vai elaborar o relatório a que tem em vista o art. 10.º do mesmo diploma
legal, expressando os serviços de consulta que não se encontravam disponíveis para
realizar tais buscas, nos termos do art. 9.º da Portaria n.º 349/2015.

Relatório

Uma vez realizadas as consultas às bases de dados para identificação e localização de


bens penhoráveis, ainda no prazo de cinco dias úteis após a aceitação do
procedimento, o agente de execução deve elaborar um relatório descritivo dos
resultados, em modelo próprio e com indicações previstas na lei, conforme disposto
no n.º 1 do art. 10.º da Lei n.º 32/2014.

Desta forma, o relatório deve conter expressamente alguma das indicações, como: se
não existem bens identificados, se há bens aparentemente onerados ou com encargos,
ou bens aparentemente livres de ónus ou encargos, conforme o n.º 2 do mesmo
artigo.

Segundo o n.º 3 do mesmo artigo, deve ainda ser destacada a informação sobre a
circunstância do requerido constar da lista pública de devedores, deste ter sido
declarado insolvente ou ter falecido. No caso de estarmos perante uma pessoa
coletiva, ter sido esta dissolvida e liquidada, bem como o facto de o requerido ser
executado ou exequente em processos de execução pendentes.

Por fim, o requerente é notificado do relatório, com a indicação de no prazo de 30


dias, convolar o procedimento em processo de execução, ou então a notificação de
não terem sido identificados bens suscetíveis de penhora, nos termos do n.º 4 do
mesmo artigo.

Tramitação Subsequente

Após ter sido notificado o requerente do relatório elaborado pelo agente de


execução, este tem um prazo de trinta dias para requerer a convolação, ou seja,
tramitação deste procedimento em processo executivo ou, no caso de não terem sido
identificados bens suscetíveis de penhora, pode pedir a notificação do requerido, nos
termos do art. 11.º, n.º 1 da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio, para no prazo de trinta
dias, pagar o valor em dívida, acrescido dos juros vencidos até à data limite de
pagamento e dos impostos a que possa haver lugar, bem como dos honorários devidos
ao agente de execução; celebrar um acordo de pagamento com o requerente; indicar
bens passíveis de penhora; ou deduzir oposição ao procedimento, conforme o n.º 1 do
art. 12.º do mesmo diploma legal.

O n.º 2 do art. 11.º deste diploma legal indica que a vontade do requerente
manifesta-se mediante o pagamento do montante relativo aos honorários que são
devidos ao agente de execução pelas diligências seguintes, através de identificadores
únicos de pagamento que são disponibilizados ao requerente para cada uma das
opções.

Decorrido o prazo dos trinta dias se o requerente nada disser, nos termos do n.º 3 do
mesmo artigo, o procedimento é automaticamente extinto.

Notificação do requerido

Quando não haja identificação de bens penhoráveis, querendo o requerente


enveredar pela notificação do requerido para que este pague o valor em dívida,
celebre acordo de pagamento, indique bens penhoráveis ou para que este se oponha
ao procedimento, segundo o n.º 1 do art. 12.º da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio, sendo
importante perceber o modo de operar e as consequências decorrentes de cada uma
das modalidades, e até mesmo o contexto legal para a inobservância de nenhuma das
opções anteriores.

Assim sendo, se o requerido puder e quiser efetuar o pagamento integral do valor


em dívida, o agente de execução vai discriminar os vários montantes correspondentes
a cada uma das componentes que integram o valor em dívida, os juros vencidos até à
data limite de pagamento e os impostos a que possa haver lugar, e ainda os honorários
devidos ao agente de execução, conforme o n.º 2 do mesmo artigo.
Segundo o n.º 3 do mesmo artigo, a notificação deve ser acompanhada do título
executivo e dos elementos e documentos que instruem o procedimento (requerimento
PEPEX), devendo da mesma constar a advertência de que, nada fazendo, o requerido
passa a constar na lista pública dos devedores.

Esta notificação é realizada através de contacto pessoal por parte do agente de


execução, o qual pode delegar a prática do ato noutro agente de execução, sendo,
neste caso, responsabilidade pelo pagamento da remuneração deste último, nos
termos do n.º 4 do mesmo artigo.

Notificação de pessoas singulares

Quando a notificação do requerido seja em pessoa singular, esta é, normalmente,


realizada através de contacto pessoal por agente de execução, na morada da sua
residência ou do local de trabalho, presumindo-se que seja a mais atualizada,
conforme o art. 13.º, n.º 1 da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio. Esta notificação pode ser
realizada em qualquer dia ou a qualquer hora, incluindo fins-de-semana, feriados, ou
até férias judiciais, nos termos do n.º 2 do art. 137.º do CPC.

Caso não seja possível descobrir a morada mais atualizada, o n.º 2 do mesmo artigo
explícita que a notificação é realizada por contacto pessoal do agente de execução na
morada fiscal do requerido.

Havendo a possibilidade de existir uma terceira pessoa com capacidade para receber
a notificação, o agente de execução identifica a pessoa que a recebe, expedindo no
prazo de cinco dias, uma notificação por carta registada simples onde informa o
requerido da data que este se considera notificado, juntando uma cópia da notificação
realizada em pessoa diversa do notificando, sem necessidade de juntar os documentos
que a instruem, e ainda, comunica o requerido que quaisquer documentos podem ser
consultados junto do escritório do agente de execução ou através de plataforma
informática disponível para o efeito, conforme o n.º 3 do mesmo artigo.

Todavia, conhecendo-se que o requerido reside no local, o n.º 4 do mesmo artigo


refere que o agente de execução tem de depositar a nota de notificação na caixa de
correio àquele pertencente, ou até um depósito similar, onde faz constar da certidão
de notificação as informações recolhidas que lhe permitem concluir que o notificando
reside na morada e o nome das pessoas que apresentaram informações e expede, no
prazo de cinco dias, notificação por carta registada simples, nos termos previstos no
n.º 3 deste artigo.

Caso haja recusa por parte do notificando em receber a notificação ou em assinar a


certidão desta, o agente de execução faz constar tal informação na mesma, passando
esta a considerar-se como cumprida, de acordo com o n.º 5 do mesmo artigo.

Na eventualidade de o agente de execução verificar que o requerido se encontra


ausente, não se realiza a notificação edital, sendo o requerente notificado de tal facto
e de que, querendo, pode no prazo de trinta dias, requerer a convolação, isto é, a
tramitação deste procedimento passar para processo executivo, com a explicação de
que não há lugar à citação edital quando se verifique a situação prevista no n.º 3 do
art. 750.º do CPC, estando em conformidade com o n.º 6 do mesmo artigo da
referente lei. Desta notificação descende um identificador único de pagamento,
referente à totalidade dos custos iniciais do processo em execução, os quais devem ser
expressamente discriminados na notificação, conforme o n.º 7 do mesmo artigo.

Nos termos do n.º 8 do mesmo artigo, caso não seja solicitada a transição para
processo executivo, o procedimento considera-se automaticamente extinto.

Relativamente às regiões autónomas, caso não exista agente de execução, o n.º 9 do


mesmo artigo soluciona que a notificação do requerido pode ser realizada por via
postal, mediante entrega com carta registada sob aviso de receção.

Por fim, importa salientar que todas as diligências efetuadas pelo agente de
execução ficam automaticamente registadas pelo SISAAE, garantindo assim a
integridade dos elementos recolhidos na deslocação até ao local, nomeadamente, a
hora, a data e as coordenadas geográficas, utilizando o agente de execução para os
devidos efeitos, o dispositivo eletrónico aprovado pela associação pública profissional
representativa dos agentes de execução para integração da informação com o SISAAE,
conforme disposto no n.º 10 do mesmo artigo.

Notificação de pessoas coletivas

A notificação do requerido, quer esta seja pessoa coletiva ou equiparada, está


presente no n.º 1 do art. 14.º da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio, é realizada por
contacto pessoal do agente de execução na respetiva sede, pressupondo que a mesma
se encontra inscrita no ficheiro central de pessoas coletivas do Registo Nacional de
Pessoas Coletivas55.

Nos termos do n.º 2 do art. 14.º do mesmo diploma legal, caso a sede da pessoa
coletiva se encontrar encerrada, não havendo quem aceite receber a notificação ou
caso haja recusa em assinar a certidão da notificação, então o agente de execução
prossegue com a afixação da notificação no local, fazendo constar, na certidão de
notificação, os motivos da sua afixação, aplicando-se o n.º 3 do art. 13.º do mesmo
diploma legal.

Refere o n.º 3 do art. 14.º do mesmo diploma legal que havendo a hipótese de não
ser possível determinar a localização da morada que consta como sede no ficheiro
central de pessoas coletivas é aplicado da seguinte forma: “não há lugar a notificação
por edital, sendo o requerente notificado de tal facto e de que, querendo, no prazo de
30 dias, pode requerer a convolação do procedimento em processo de execução, com
a advertência de que não há lugar a citação edital quando se verifique a situação
prevista no n.º 3 do art. 750.º do Código de Processo Civil”, isto conforme o n.º 6 do
art. 13.º do mesmo diploma legal. Caso não seja requerida a transição para processo
executivo, o procedimento é automaticamente extinto, como refere o n.º 8 do art. 13.º
da mesma lei.

Por último, segundo o n.º 4 do art. 14.º, às notificações relativas às ilhas das regiões
autónomas, é aplicável o disposto no n.º 9 do art. 13.º, sendo que todas as diligências
efetuadas pelo agente de execução ficam automaticamente registadas pelo SISAAE,

55
Decreto-Lei n.º 129/98. D.R. I Série 110 (1998-05-13), que estabelece o regime jurídico do Registo
Nacional de Pessoas Coletivas, na redação introduzida pela Lei n.º 145/2019, de 23/09 (última versão).
garantindo assim a integridade dos elementos recolhidos na deslocação até ao local,
nomeadamente, a hora, a data e as coordenadas geográficas, utilizando o agente de
execução para os devidos efeitos, o dispositivo eletrónico aprovado pela associação
pública profissional representativa dos agentes de execução para integração da
informação com o SISAAE, conforme disposto no n.º 10 do art. 13.º do mesmo diploma
legal.

Notificação do requerente e notificações subsequentes do requerido

Nos termos do n.º 1 do art. 24.º da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio, o requerente é
exclusivamente notificado por via eletrónica.

Deste modo, após a primeira notificação, segundo o n.º 2 do mesmo artigo, o


requerido é notificado por via postal, mediante entrega de carta registada simples ou,
caso indique o endereço de correio eletrónico, é notificado por via eletrónica, ou
declare pretender ser notificado através da plataforma informática de notificações
eletrónicas protocolada entre o membro do governo responsável pela área da justiça e
a associação pública profissional representativa dos agentes de execução.

Isto posto, as notificações eletrónicas presumem-se efetuadas no dia útil seguinte ao


da sua expedição, consoante o n.º 3 do referente artigo.

Pagamento voluntário da dívida

A extinção do procedimento pode ser feita através do pagamento voluntário da


quantia em dívida, como acontece nos termos do art. 846.º, n.º 1 do CPC, sendo que se
existir este pagamento, o n.º 5 do art. 20.º da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio refere
que o agente de execução tem direito a uma remuneração adicional calculada nos
termos previstos para situações de pagamento em prestação nos processos de
execução.
Inclusão do devedor na lista pública de devedores

Após os trinta dias da notificação do requerido e não sendo verificadas nenhumas


das situações previstas no art. 12.º, n.º 1 da Lei n.º 32/2014, ou seja, se o requerido
não proceder ao pagamento voluntário do valor da dívida, celebrar um acordo de
pagamento, indicar bens à penhora ou deduzir oposição ao procedimento, o agente de
execução deve prosseguir para a inclusão do devedor na lista pública de devedores, no
prazo de trinta dias, conforme o art. 15.º, n.º 1 do mesmo diploma legal.

Perante os casos em que o requerido proceda à indicação de bens à penhora, nos


termos da alínea c), do n.º 1, do art. 12.º do mesmo diploma legal, o requerente é
notificado para no prazo de trinta dias requerer a modificação do procedimento PEPEX
para processo de execução, sob a pena de o procedimento ser automaticamente
extinto, nos termos do n.º 2 do mesmo artigo.

Com isto, a lista pública de devedores encontra-se regulada em diploma próprio, nos
termos do n.º 3 do referente artigo. Por conseguinte, esta é regulada pela Portaria n.º
313/2009, de 30 de março56.

Para que o requerido seja excluído da lista pública de devedores, este tem de pagar
para o efeito 0,25 UC a título de honorários ao agente de execução, segundo a alínea f)
no n.º 1 do art. 20.º da Lei n.º 32/2014.

Certidão de incobrabilidade da divida

Sendo o requerido inserido na lista pública de devedores, o requerente pode obter


uma certidão eletrónica da incobrabilidade da dívida a emitir pelo agente de execução,
segundo o art. 25.º, n.º 1 da mesma lei. Esta certidão tem um custo devido ao agente
de execução de 0,25 UC a que acresce o IVA, à taxa legal aplicável, conforme o art.

56
PORTARIA n.º 313/2009. D. R. I Série 62 (2009-03-30), que regula a criação de uma lista pública de
execuções, disponibilizada na Internet, com dados sobre execuções frustradas por inexistência de bens
penhoráveis, alterada pela Portaria n.º 267/2018, de 20 de setembro.
20.º, n.º 1, alínea d), do mesmo diploma legal.

Posto isto, o n.º 2 do mesmo artigo refere que a dívida referente à certidão é
considerada incobrável para fins fiscais e é comunicada à administração fiscal por via
eletrónica, para os devidos efeitos no n.º 7 do art. 78.º, e ainda art. 78.º-A, n.º 4 do
Código do IVA, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 394.º- B/84, de 26 de dezembro 57, na
redação atual, e no art. 41.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Coletivas (CIRC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30 de dezembro 58.

Por fim, se após a emissão da certidão de incobrabilidade da dívida, o requerido vier


a ser excluído da lista pública de devedores por pagamento integral da dívida, o agente
de execução notifica, via eletrónica, a administração fiscal de tal facto, nos termos do
n.º 3 do mesmo artigo.

Oposição

O art. 16.º, n.ºs 1 e 2 da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio enuncia que o requerido pode
apresentar oposição a este procedimento pré-executivo, do mesmo modo que poderia
invocar se estivesse perante um processo de execução, em função do título executivo.
O que equivale dizer que estaríamos perante uma oposição à execução, segundo os
arts. 728.º a 731.º e o art. 857.º do CPC.

A oposição é expressa de preferência por meio de via eletrónica, através do sistema


informático de apoio à atividade dos tribunais, denominada por CITIUS, sendo esta
tramitada de forma autónoma, como processo especial de oposição ao procedimento
extrajudicial pré-executivo, segundo n.º 3 do art. 16.º, do referente diploma legal.

Deste modo, pela apresentação da oposição é devido o pagamento de taxa de justiça


no montante de 1,5 a 3 UC59 consoante seja o valor do procedimento, se este for de
valor inferior ou igual à alçada do tribunal da Relação, ou até superior a este,

57
DECRETO-LEI n.º 394-B/84. D. R. I Série 297 1.º Suplemento (1984-12-26), que aprova o Código do
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).
58
DECRETO-LEI n.º 442-B/88. D. R. I Série 277 2.º Suplemento (1988-11-30), que aprova o Código do
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC).
59
O valor da UC é de 102,00€, conforme o n.º2 do art. 5.º do Regulamento da Custas Processuais.
respetivamente, isto é, 153,00€ para os casos em que o valor do procedimento não
ultrapasse os 30.000€ e 306€ quando é superior, nos termos do n.º 4 do mesmo
diploma legal. O não pagamento da taxa de justiça devida, ou então a falta de
comprovativo do pedido de apoio judiciário, originam um motivo de recusa da
oposição, de acordo com o n.º 5 do respetivo diploma legal.

Enquanto o processo de oposição não for julgado, o requerente não pode instaurar
um processo de execução com base no mesmo título, mas caso este instaure um
processo de execução, o mesmo deve ser imediatamente extinto pelo agente de
execução logo que verifique os factos, conforme os n.ºs 7 e 8 do mesmo artigo.

Nos casos em que a oposição seja julgada procedente, o requerente do


procedimento não pode instaurar uma ação executiva com base no mesmo título, nos
termos do n.º 9 deste artigo.

Por fim, o n.º 10 deste artigo refere que nas oposições em que o valor seja superior à
alçada do tribunal da 1.º instância, ou seja, superior a 5 000,00€, é obrigatória a
constituição de advogado.

Celebração de acordo de pagamento

O requerente e o requerido podem celebrar um acordo de pagamento, por escrito,


do pagamento do valor em dívida, acrescido dos juros vencidos até à data limite de
pagamento e dos impostos a que possa haver lugar, bem como os honorários devidos
ao agente de execução, em prestações mensais e sucessivas, devendo este acordo e
plano de pagamento ser comunicados ao agente de execução para efeitos de registo
no procedimento, nos termos do disposto no art. 17.º, n.º 1 da Lei n.º 32/2014 de 30
de maio.

Importa realçar que para a celebração do acordo e para a elaboração do plano de


pagamento da dívida, pode ser necessário o auxílio das entidades reconhecidas que
prestam apoio às situações de sobre-endividamento, conforme o n.º 2 do mesmo
artigo.
Sendo o acordo junto ao processo, este é extinto, com expressa indicação do
fundamento, sendo que se alguma das prestações devidas não for paga
atempadamente, isto provoca o vencimento das demais, devendo o requerente, no
prazo de trinta dias contados do incumprimento, requerer ao agente de execução a
convolação ou tramitação em processo de execução, sob a pena de o procedimento
estar automaticamente extinto, nos termos dos n.ºs 3 e 4 do referente artigo.

Convolação do PEPEX em processo de execução

Para que haja a convolação do procedimento extrajudicial pré-executivo em processo


de execução, é fundamental que se verifiquem dois requisitos explícitos n.º 1 do art.
18.º da Lei n.º 32/2014, nomeadamente, a apresentação do requerimento executivo
ou de requerimento de execução de decisão judicial condenatória, consoante o caso,
nos termos do art. 724.º, n.º 1 a 5 do CPC e dos seus respetivos diplomas legais, e
ainda a junção do relatório previsto perante o art. 10.º deste diploma legal.

O requerimento executivo encontra-se apresentado perante nos termos do art. 144.º


do CPC, segundo o n.º 2 do mesmo art. 18.º.

Nos termos do n.º 3 deste artigo, ocorrendo a tramitação do procedimento


extrajudicial pré executivo em processo de execução, não há lugar ao pagamento do
valor devido a título de honorários e despesas do agente de execução pela fase 1 do
processo executivo, previsto na portaria do membro do Governo responsável pela área
de justiça que regula a matéria da remuneração dos agentes de execução, nem há
lugar ao pagamento do valor devido a título de consultas das bases de dados, quando
exigido no âmbito do processo de execução.

Por último, o n.º 4 do mesmo artigo, menciona que em caso da tramitação para
processo de execução, não se repetem as diligências para a localização de bens
penhoráveis, através das consultas às bases de dados, e a apresentação de relatório
elaborado pelas consultas das mesmas.
Consultas após extinção do procedimento

Todavia, os procedimentos que tenham terminado sem a identificação de quaisquer


bens penhoráveis e que não tenham sido convolados em processos de execução, o
requerente pode, no prazo de três anos, após o seu termo do procedimento, solicitar a
realização de novas consultas, conforme explica o n.º 1 do art. 19.º da Lei n.º 32/2014.

A realização destas novas consultas efetuadas pelo agente de execução fica


condicionada ao pagamento por parte do requerente, no valor de 0,15 UC (pagamento
de honorários do agente de execução pela renovação de consultas, segundo o art.
20.º, n.º 1, alínea e) do mesmo diploma legal), através de identificador único de
pagamento, nos termos do n.º 2 do mesmo artigo.

O n.º 3 do mesmo artigo menciona que as consultas efetuadas realizam-se nos


artigos desta lei, referentes à realização de consultas e elaboração do relatório. Com
isto, não há lugar à notificação do requerido quando este já se encontra inserido na
lista pública de devedores, nos termos do n.º 4 deste artigo. Caso se verifique que o
agente de execução que originalmente realizou os atos não se encontra em pleno
exercício de funções no momento em que são requeridas as novas consultas, é assim
automaticamente designado um novo agente de execução, conforme disposto n.º 5 do
mesmo art. 19.º.

Valores devidos no âmbito do PEPEX

Em matéria de PEPEX, segundo as alíneas a) a f) do n.º 1 do art. 20.º, é devido ao


agente de execução o pagamento de valores, na qual lhes acresce o valor do IVA, à
taxa legal aplicável, designadamente: 0,25 UC para remuneração das entidades
envolvidas na gestão e manutenção da plataforma informática e serviços diretos
eletrónicos de consultas sobre os bens ou localização dos requeridos, quando essa
remuneração for devida no âmbito do processo de execução.

Pagamento no valor de 0,50 UC referente aos honorários do agente de execução pela


análise do título executivo, pela realização das consultas e elaboração do relatório.
O valor de 0,25 UC para pagamento dos honorários do agente de execução pela
notificação de cada requerido, a que se refere o art. 12.º do mesmo diploma legal.

A quantia de 0,25 UC para pagamento dos honorários do agente de execução pela


emissão de certidão de incobrabilidade da dívida, após inclusão na lista pública de
devedores, e remessa eletrónica da mesma à administração fiscal.

O montante de 0,15 UC para pagamento dos honorários do agente de execução pela


renovação de consultas.

Por último o valor de 0,25 UC para pagamento dos honorários do agente de


execução pela exclusão do requerido da lista pública de devedores.

Segundo o n.º 2 do mesmo artigo, os valores previstos nas alíneas a) e b) do número


anterior, são pagos pelo requerente, em simultâneo e antecipadamente face à entrega
do requerimento. Os valores descritos nas alíneas c) a e), nos termos do n.º 3 do
referente artigo, também são pagos da mesma forma pelo requerente, sendo neste
caso, dispensado o envio do requerimento autónomo para a prática dos respetivos
atos, ao agente de execução. O valor mencionado na alínea f) do número anterior, é
pago pelo requerido, antecipadamente, conforme o n.º 4 do mesmo artigo.

De acordo com o n.º 5 do mesmo artigo, caso haja o pagamento voluntário ao agente
de execução, este tem o direito de remuneração adicional calculada nos termos
previstos para o pagamento em prestações, no âmbito do processo de execução,
constante de portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça que
regula a matéria dos honorários e despesas do agente de execução.

Por fim, nos casos em que não ocorra a convolação do procedimento executivo em
processo de execução, em casos que é admissível, não há lugar há restituição pelo
agente de execução dos valores pagos pelo requerente, conforme o n.º 6 do mesmo
artigo.

Registo dos atos


De acordo com o n.º 1 do art. 22.º da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio, os atos do
agente de execução são praticados, exclusivamente, através do SISAAE, em
conformidade com os requisitos técnicos da plataforma, ficando a constar do sistema
um registo dos mesmos.

O n.º 2 do mesmo artigo refere que os atos externos realizados pelo agente de
execução, nomeadamente a notificação do requerido por contacto pessoal, devem ser
documentados e constar do respetivo processo, no prazo máximo de dois dias úteis
contados a partir da data da sua realização, sob pena de o agente de execução ter de
restituir os honorários pagos relativos ao ato realizado, podendo ficar sujeito à
utilização da plataforma eletrónica móvel integrada no SISAAE que registe a data, hora
e local da realização dos atos, nos termos do n.º 4 do respetivo artigo.

É admitida a assinatura autógrafa de documentos com recurso a equipamentos


eletrónicos, conforme o n.º 3 do mesmo artigo.

Acesso ao processo

Qualquer uma das partes intervenientes no procedimento pode aceder por via
eletrónica mediante autenticação na plataforma informática, com base em certificado
de assinatura digital qualificada, integrado no cartão do cidadão, no certificado digital
de assinatura e autenticação emitido pela Ordem dos Advogados, no certificado digital
de assinatura e autenticação emitido pela associação pública profissional
representativa dos agentes de execução, podendo ainda as partes aceder, através da
plataforma de autenticação da administração fiscal, de acordo com o disposto nos n.ºs
1 e 2 do art. 23.º da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio.

O processo fica disponível para consulta pelo requerido, nos casos em que seja após
a primeira notificação efetuada no âmbito do PEPEX; após a sua citação no âmbito de
processo de execução em que este figure como executado e que se tenha iniciado em
decorrência de procedimento contra si instaurado; ou, no caso de não se verificar
nenhuma das situações previstas anteriormente, no prazo de trinta dias após a
extinção do procedimento, segundo o n.º 3 do referente artigo.
Por fim, o n.º 4 do mesmo artigo refere que o requerido dispõe do prazo de trinta
dias, após a primeira consulta ao procedimento contra si instaurado, para reclamar da
atuação do agente de execução que repute como violadora dos seus direitos junto dos
órgãos de fiscalização e disciplina da atividade dos agentes de execução.

Fiscalização e disciplina

A ação fiscalizadora e disciplinar nos agentes de execução, perante os procedimentos


cabe aos órgãos de fiscalização e disciplina dos agentes de execução, conforme o n.º 1
do art. 26.º da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio.

O órgão de fiscalização destes profissionais, segundo o n.º 1 do art. 179.º do EOSAE 60,
é a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça (CAAJ).

A CAAJ pode determinar, a título cautelar ou como sanção acessória, a exclusão


temporária do agente de execução da lista dos agentes de execução que participam no
procedimento extrajudicial pré-executivo quando não observe as regras previstas na
referente lei, ou seja, defeituoso o cumprimento das suas funções, de acordo com o
disposto no n.º 2 do art. 26.º do mesmo diploma legal.

Reclamações e impugnação jurisdicional

Segundo o n.º 1 do art. 27.º da Lei n.º 32/2014 de 30 de maio, dos atos praticados
pelo agente de execução, no âmbito deste procedimento, qualquer interessado pode
reclamar para os órgãos de fiscalização e disciplina da atividade dos agentes de
execução, no prazo de trinta dias a contar da data em que teve conhecimento da
prática dos atos praticados pelo agente de execução, perante o procedimento.

Todavia, caso o interessado pretenda reclamar quanto à legalidade dos atos, deverá
impugnar para os tribunais judiciais com competência para exercer, no âmbito dos
processos de execução de natureza cível, as diligências previstas no CPC.
60
LEI n.º 154/2015. D.R. I Série 179 (2015-09-14), transforma a Câmara dos Solicitadores em Ordem
dos Solicitadores e dos Agentes de Execução e aprova o respetivo Estatuto da Ordem dos Solicitadores
e dos Agentes de Execução.
Por fim, o n.º 2 do mesmo artigo refere que os atos dos órgãos de fiscalização e
disciplina da atividade dos agentes de execução podem ser impugnados, no prazo de
trinta dias contados da data da sua notificação aos interessados, junto dos tribunais
administrativos.

Direito Subsidiário

O que não estiver expressamente regulamentado pela Lei n.º 32/2014, aplica-se
subsidariamente o CPC, conforme o art. 31.º do mesmo diploma.

Apoio Judiciário

Ao procedimento extrajudicial pré-executivo é aplicável com as devidas adaptações,


o regime jurídico de apoio judiciário, conforme o art. 32.º, n.º 1 da Lei n.º 32/2014 de
30 de maio. Isto é, a dispensa da taxa de justiça e os demais encargos com o processo
abrangem o pagamento de honorários que sejam devidos ao agente de execução,
nomeadamente a designação de agente de execução, a qual é efetuada nos termos do
n.º 3 do art. 6.º, ou seja, aleatória e automaticamente pela plataforma do SISAAE,
sendo regulados por portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça
o regime de pagamento dos honorários devidos, bem como a responsabilidade pelos
mesmos, nos termos do n.º 2 do mesmo artigo.

Tratamento e conservação de dados pessoais e Sigilo

A manutenção e o tratamento dos dados pessoais constantes da plataforma


informática, www.pepex.mj.pt , são da responsabilidade do Ministério da Justiça,
segundo o n.º 1 do art. 28.º da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio.

Com isto, a associação pública profissional representativa dos agentes de execução é


responsável pela manutenção do SISAAE e pelo tratamento dos dados pessoais nele
contidos ao abrigo do PEPEX, nos termos do n.º 2 do mesmo artigo.
Quanto às entidades responsáveis pelo tratamento dos dados, o n.º 3 do mesmo
artigo menciona que estas garantem aos titulares dos dados o exercício dos direitos de
acesso, retificação e eliminação que lhes assistem, nos termos da Lei n.º 67/98, de 26
de outubro, e asseguram a colocação em prática das medidas de segurança adequadas
à proteção de dados pessoais.

Os dados constantes da plataforma informática utilizada, neste procedimento, e dos


registos de consulta e de disponibilização de informação constantes do SISAAE, são
conservados apenas durante o período necessário para o prosseguimento dos fins a
que se destinam, sendo obrigatoriamente destruídos de forma automática decorrido o
prazo de dez anos após a sua recolha, conforme disposto no n.º 4 do mesmo artigo.

Relativamente ao sigilo, de acordo com o art. 29.º do mesmo diploma legal, as


entidades responsáveis para o tratamento de dados, bem como as pessoas que no
exercício das suas funções tenham o conhecimento de dados pessoais ao abrigo da
presente lei, estes ficam obrigados aos deveres de sigilo e confidencialidade, mesmo
após a cessação de funções.

Proteção de dados pessoais

Os agentes de execução devem cumprir o previsto na Lei n.º 67/98, de 26 de


outubro61, designadamente, respeitar a finalidade de consulta, limitando o acesso ao
estreitamento necessário e não utilizando a informação para fim diferente do
permitido e ainda não transmitir a informação a terceiros, nos termos do art. 30.º da
Lei n.º 32/2014.

61
LEI n.º 67/98. D.R. I Série A 247 (1998-10-26), que aprova a proteção de dados pessoais (transpõe para
a ordem jurídica portuguesa a Diretiva n.º 95/46/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de
Outubro de 1995, relativa à proteção das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento dos
dados pessoais e à livre circulação desses dados).

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