Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 7 – UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO
3º TRIMESTRE 2025 (At 5.25-32; 12.1-5)
INTRODUÇÃO
Estudaremos, nesta lição, as perseguições sofridas pela Igreja. Pontuaremos o contexto de perseguição no qual a Igreja de
Jerusalém nasceu. Destacaremos as perseguições que ocorreram durante as primeiras viagens missionárias e, por fim, elencaremos
as diversas áreas nas quais a Igreja é perseguida e como devemos agir.
I - OS PRIMÓRDIOS DA PERSEGUIÇÃO À IGREJA
1.1 Definição da palavra “perseguição”. De forma geral, podemos conceituar a perseguição como o “ato de assediar, oprimir,
dificultar ou negar os direitos fundamentais de ir e vir, torturar e/ou executar pessoas com base em diferenças étnicas, políticas
ou religiosas”. De acordo com dados do portal Missão Portas Abertas, a perseguição aos cristãos está aumentando em muitas partes
do mundo. Aproximadamente mais de 360 milhões de cristãos enfrentam algum tipo de oposição por expressar sua fé em Jesus
Cristo.
1.2 A perseguição durante o ministério terreno de Jesus. Podemos afirmar que, desde o Antigo Testamento, os servos de Deus
sofreram perseguições (2Cr 36.16; Sl 7.1,2; 31.14-16; 119.157; 142.6,7; Mt 5.12; 23.34,37; Lc 13.34). A prisão, condenação e morte
de Jesus foram resultado das perseguições por parte das autoridades religiosas de Jerusalém. Portanto, podemos afirmar que as
perseguições à Igreja começaram muito antes do ministério de Paulo: “E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isso,
buscavam ocasião para o matar [...]” (Mc 11.18). Durante seu ministério aqui na terra, o Senhor Jesus advertiu seus discípulos de
que chegaria a hora em que aqueles que os perseguissem, e até os matassem, pensariam estar prestando um serviço a Deus (Jo 16.1,2;
veja também Mt 10.34; 26.3,4; Jo 5.16; 15.18,19; 1Pd 4.14; Ap 1.9; 2.10).
1.3 A perseguição alcançou os discípulos de Jesus. Já em seu primeiro discurso público, o Senhor Jesus mencionou as perseguições
(Mt 5.10-12; 24.9; Mc 10.29,30; Lc 6.22; Jo 15.18-21; 17.14,15). Jesus foi muito claro ao afirmar que as perseguições são uma
realidade na vida de quem abraça o seu evangelho: “Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios,
e vos açoitarão nas suas sinagogas; E sereis até conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim [...]” (Mt
10.17,18,22,23a). Ele fez questão de avisar aos seus discípulos sobre as grandes perseguições que enfrentariam: “[...] se a mim me
perseguiram, também vos perseguirão a vós [...]” (Jo 15.20). A Igreja de Cristo não está imune às perseguições: “E também todos
os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12).
II – A IGREJA DE JERUSALÉM NASCEU EM UM CONTEXTO DE PERSEGUIÇÃO
2.1 A perseguição empreendida contra os apóstolos Pedro e João Após a cura do coxo em frente à Porta Formosa, os apóstolos
Pedro e João foram presos pelos saduceus e pelo sinédrio. Lucas destaca o motivo dessa prisão: “Doendo-se muito de que
ensinassem o povo e anunciassem, em Jesus, a ressurreição dos mortos” (At 4.2). Além do encarceramento, os apóstolos foram
ameaçados para que não mais mencionassem o nome de Jesus. O texto lucano revela a ênfase dada pelo sinédrio à proibição: “[...]
disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.” (At 4.18). Essas proibições revelam as
tentativas malignas de silenciar a pregação do evangelho.
2.2 A perseguição empreendida contra o diácono Estêvão. A perseguição contra Estêvão resultou no primeiro martírio cristão. Ele
foi um servo de Deus que se comportou com muita sabedoria diante do levante promovido contra ele na sinagoga chamada dos
Libertos (At 6.9). O texto de Atos 6 mostra que ele se tornou vítima de mentiras, subornos e falsas testemunhas, o que o levou a
disputar com os judeus sobre as Escrituras (At 7.1–53). O discurso de Estêvão foi tão incisivo que os judeus se enfureceram a ponto
de expulsá-lo da cidade e apedrejá-lo. Assim, esse discípulo de Jesus tornou-se o primeiro mártir da Igreja (At 7.59,60).
2.3 A perseguição geral empreendida contra a Igreja em Jerusalém. A Igreja foi dispersa. Como consequência do episódio
envolvendo Estêvão, uma grande perseguição eclodiu em Jerusalém, resultando na dispersão dos primeiros cristãos para a Judeia e
Samaria (At 8.1). Todavia, à medida que os cristãos dispersos iam por todos os lugares, anunciavam a Palavra de Deus (At 8.4).
Podemos perceber, portanto, que a perseguição está entrelaçada com a origem da Igreja de Cristo. Os primeiros cristãos viveram uma
realidade que, infelizmente, ainda é semelhante à de muitos outros em pleno século XXI.
2.4 A perseguição empreendida por Saulo de Tarso. Paulo, no auge de sua ignorância espiritual, tornou-se um símbolo da
perseguição contra a Igreja (1Tm 1.12–14). Como fariseu fanático, acreditava que sua missão era acabar com a fé cristã (At 7.58),
perseguindo, prendendo e até matando os crentes (Gl 1.13,14). Sua postura autoritária e arrogante o tornava violento, empregando
grande força contra homens e mulheres, sem qualquer compaixão, acreditando que estava agindo corretamente: “Segundo o zelo,
perseguidor da igreja [...]” (Fp 3.6a). Ele imaginava sinceramente que, com esse comportamento, agradava a Deus (At 26.9–11) e,
por isso, não via problema algum em praticar tais atos em nome de Deus (At 9.2).
III – A PERSEGUIÇÃO EMPREENDIDA CONTRA A OBRA MISSIONÁRIA NA IGREJA PRIMITIVA
3.1 As perseguições durante a primeira viagem missionária. No capítulo 13 de Atos dos Apóstolos, é descrito o início da primeira
viagem missionária. Nessa ocasião, Barnabé e Saulo foram separados pelo Espírito Santo para a obra missionária. Logo após serem
enviados pela igreja, as perseguições começaram. As primeiras oposições aconteceram em Antioquia da Pisídia (At 13.14). O texto
bíblico destaca: “Então, os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo dizia” (At
13.45). Na cidade de Icônio, houve um motim promovido pelos judeus e uma tentativa de apedrejamento que obrigou os missionários
a fugirem para a cidade de Listra (At 14.5–6). Em Listra, a perseguição se intensificou tanto que o apóstolo Paulo foi apedrejado:
“Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram
para fora da cidade, cuidando que estava morto” (At 14.19). Essa primeira viagem foi marcada por muitas lutas e tribulações.
3.2 As perseguições durante a segunda viagem missionária. A segunda viagem missionária também foi marcada por perseguições
ferozes. Na cidade de Filipos, o apóstolo Paulo foi preso e açoitado: “E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão,
mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança” (At 16.23). Em Tessalônica, houve uma agitação popular que forçou a
fuga dos missionários (At 17.1–10). Em Bereia, judeus vindos de Tessalônica foram até a cidade para causar problemas (At 17.13–
14). Em Corinto, Paulo foi conduzido perante Gálio, procônsul da Acaia; a intenção dos judeus era condená-lo em um tribunal
romano, mas o plano foi frustrado (At 18.16). Essa segunda viagem foi marcada por prisões e açoites, porém o Deus que deu a ordem
para evangelizar também protegeu os missionários.
3.3 As perseguições durante a terceira viagem missionária. Sob diversos aspectos, esse foi o período mais importante da vida de
Paulo. O objetivo da terceira viagem era visitar as igrejas para confirmar e fortalecer o ânimo dos discípulos (At 18.22,23). Durante
essa viagem, um grande tumulto foi causado por ourives que se sentiam economicamente ameaçados, isso aconteceu na cidade de
Éfeso. Milagres extraordinários ocorreram ali: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias” (At 19.11). No
entanto, essa viagem terminou com a prisão de Paulo (At 21.27–36). Além disso, houve uma conspiração para matá-lo (At 23.12–
22) e, por fim, Paulo foi enviado a Roma para aguardar julgamento (At 24–28).
V – AS DIVERSAS ÁREAS DA PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA NA ATUALIDADE
5.1 A perseguição jurídica e institucional. Autoridades, jornalistas, intelectuais, professores e artistas, muitas vezes, exigem que os
cristãos não tenham o direito de expressar seus valores, opiniões, princípios e doutrinas em qualquer espaço da sociedade.
Frequentemente, ocorre a violação de direitos humanos básicos, como o direito à liberdade de expressão. Na esfera institucional, têm
sido criadas leis e adotados métodos para impedir o avanço da Igreja, restringindo, em vários aspectos, a liberdade de expressão dos
cristãos (At 4.18).
5.2 A perseguição ideológica e moral. A perseguição moral se caracteriza principalmente pela rejeição dos princípios cristãos (Rm
1.18–32; Ef 5.8,15); pela legalização de comportamentos imorais (2Tm 3.1–7; 1Co 6.9–10); e pela desconstrução dos valores
absolutos (Rm 1.18–32; 1Tm 4.1–4).
5.3 A perseguição cultural e acadêmica. Além da perseguição tradicional, há uma forma mais sutil e sofisticada que ocorre no
campo cultural, como: a) Na música: incentivo ao consumo de drogas, ao amor livre, à prostituição e ao escárnio do cristianismo;
b) Na literatura: obras que tentam minar o cristianismo e desacreditar seu avanço; c) Na teledramaturgia: novelas, filmes e
desenhos animados que buscam desconstruir os valores e doutrinas cristãs; d) Na cultura popular: festas como carnaval, folclore,
crendices populares; e) Na ciência: defesa da teoria da evolução, ateísmo, racionalismo, humanismo; e f) Na arte: manifestações
religiosas sincréticas e o culto ao corpo, promovidos sob a justificativa de liberdade artística e subjetividade.
5.4 A perseguição física. Há inúmeros relatos de perseguições violentas à Igreja em diversos países. Cristãos são martirizados,
igrejas são destruídas e missionários são forçados ao trabalho escravo. Apesar da violência, como açoites, prisões, tortura psicológica,
apedrejamentos e mortes, muitos discípulos fiéis a Cristo não negaram o nome de Jesus. Nenhuma perseguição será capaz de calar a
Igreja: “...edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18; ver também At 4.19,20; 26.10).
VI - COMO A IGREJA ENFRENTA A PERSEGUIÇÃO
Assim devemos, portanto, enfrentar a perseguição:
• Evangelizando e fazendo missões. A Igreja só começou a evangelizar e a fazer missões depois da perseguição que lhe
moveram as autoridades judaicas após a morte de Estêvão (At 8.4,5; 13.1-3).
• Defendendo a sua fé. Contra a perseguição cultural e institucional, a recomendação de Pedro é clara e urgente: “Antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir
razão da esperança que há em vós” (1Pd 3.15).
• Conservando sua identidade de povo de Deus. Somos perseguidos, porque somos um povo especial, zeloso e de boas
obras (Tt 2.14). Enfim, representamos tudo o que o mundo odeia. Nós, luz; eles, ainda em trevas.
CONCLUSÃO
Concluímos que caso a Igreja fosse uma mera organização humana, já teria se destruído pelas grandes perseguições. Mas,
por ser uma instituição divina, edificada pelo próprio Cristo é, por isso, que a Igreja subsiste ao longo dos séculos e continuará a
subsistir até a vinda gloriosa de Jesus.
REFERÊNCIAS
• CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios. CPAD.
• BALL, Charles Ferguson. A vida e os tempos do apóstolo Paulo. CPAD.
• BRUCE, F. F. Paulo, o apóstolo da graça. VIDA NOVA.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• REILLY, A. J. Os Mártires do Coliseu. O Sofrimento dos Cristãos no Grande Anfiteatro Romano. CPAD.